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A CARTOGRAFIA COMO VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO DA GEOGRAFIA (1) (2) (3) Manoel Felix de Oliveira Júnior ; Eduarda de Lima Ferreira ; Araci Farias Silva Rosa ; (4) Nadjacleia Vilar Almeida Centro de Ciências Exatas e da Natureza/Departamento de Geociências/MONITORIA Resumo: O artigo a seguir é resultado do Projeto de Ensino: “Projeto Integrado de Monitoria do Curso de Geografia” da Universidade Federal da Paraíba desenvolvido junto à disciplina: Leitura e Interpretação de Cartas no período de vigência do projeto. O presente trabalho explicita a construção da maquete de um espaço delimitado no município de Santa Rita, localizado na Mesorregião da Zona da Mata Paraibana. Fazendo divisa ao norte com os municípios de Capim, Rio Tinto e Lucena, à oeste com Cruz do Espírito Santo e Sapé, ao sul com Pedras de Fogo, Alhandra e Conde, e à leste com Lucena, Cabedelo, Bayeux e João Pessoa. O município possui sua sede localizada na Várzea do Rio Paraíba. A escolha da confecção da maquete como uma forma de comunicação deve­se ao fato dela representar um recurso de forte potencial didático para a análise integrada da paisagem e compreensão do espaço geográfico. Palavras­chave: Cartografia, Comunicação, Maquete, Espaço Geográfico. Introdução O desenvolvimento da cartografia, desde épocas remotas até os dias atuais, tem acompanhado o próprio progresso da civilização. A cartografia apareceu no seu estágio mais elementar sob a forma de mapas itinerários, feitos pelas populações nômades da Antigüidade. Posteriormente, com o advento do comercio entre os países (há mais de 4000 anos atrás) e com o conseqüente aparecimento dos exploradores e navegadores descobriram­se novas terras e novas riquezas ampliando o horizonte geográfico conhecido. A partir de então o homem sentiu a necessidade de se localizar sobre a superfície da Terra. Estabeleceu­se, portanto, o marco inicial da cartografia como ciência (MARINHO; 2003). A evolução da cartografia foi incrementada pelas guerras, pelas descobertas científicas, pelo desenvolvimento das artes e ciências e pelos movimentos históricos que possibilitaram e exigiram maior precisão na representação gráfica da superfície da Terra (MARINHO; 2003). A cartografia é, ao mesmo tempo, arte e ciência. A arte na cartografia inclui o “layout” ou esquema de desenho e o desenho técnico de cada linha e cada ponto que, em conjunto formarão a mensagem para o leitor. É arte quando se subordina às leis estéticas da simplicidade, clareza e harmonia, procurando atingir o ideal artístico da beleza. A cartografia como ciência vem do conhecimento de como comunicar, com quais instrumentos e técnicas para que a realidade representada fique bem mais exata. É o conhecimento de quais símbolos colocar no mapa e quais itens omitir. E o conhecimento da projeção usada no mapa e de como os mapas são produzidos. Também, a ciência cartográfica permite o uso de técnicas avançadas que proporcionam a produção de mapas através de computadores, de imagens de satélites ou de fotografias aéreas. O domínio da ciência e da arte é a marca do cartógrafo completo (ANDERSON et al., 1982). Orientador: Profª Maria Berthilde Moura Filha (3) . A comunicação é um dos grandes objetivos da cartografia; o outro é a análise cartográfica do espaço. Cartografia como “análise” é mais ligada à cartografia Geográfica, que se concentra no estudo espacial dos fenômenos a serem mapeados. Assim, antecede o mapa, ou utiliza cartas para determinar o conteúdo de outras cartas novas. Cartografia como “comunicação” analisa a foram como a carta foi feita e como pode ser lida e interpretada. É uma forma de comunicação especializada que dá ênfase ao visual, por isso a cartografia deve conhecer seu lugar no contexto da doutrina da comunicação. Devemos estar conscientes de que a teoria da comunicação não está restrita à capacidade expressiva dos símbolos gráficos, mas também inclui comunicação através dos sons, linguagem oral e escrita, mímica, figuras (estejam elas em movimento ou não) (ANDERSON et al., 1982). ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ (1) (2) (3) Monit or(a)Bolsista; Monitor(a) Voluntári o(a); Prof(a) Orientador(a)/Coordenador(a); (4) Prof (a) Colaborador(a) UFPB – PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA Uma questão da cartografia é a de que todos os mapas têm distorções; contudo, geralmente elas são controladas, conhecidas e aceitáveis, desde que os usuários as entendam. Não é possível usar mapas sem esforço, pois a informação mapeada alcança um significado somente quando o usuário é capaz e deseja estudar o mapa. Mesmo que o elaborador de mapas prime pela pureza da comunicação, sua meta deve ser a de informar e não a de seduzir. Ambos, o leitor e o autor do mapa exercem papéis ativos na comunicação cartográfica e devem tentar entender o processo de comunicação. A representação do espaço geográfico pode se dar através de cartas, plantas, croquis, mapas, globos, fotografias, imagens de satélites, gráficos, perfis topográficos, maquetes, textos e outros meios que utilizam à linguagem cartográfica. A função dessa linguagem é a comunicação de informações sobre o espaço, daí a necessidade de haver uma situação comunicativa (exposição e divulgação de trabalhos) para que a atividade seja significativa e ocorram aprendizagem e avaliação do processo, além de contribuir para que mais pessoas tenham acesso ao conhecimento. Um dos objetivos em se trabalhar com as representações cartográficas é o de se estabelecer articulação entre o conteúdo e forma, utilizando a linguagem cartográfica para que se construam conhecimentos, conceitos e valores. No caso da maquete geográfica, os conceitos de semiologia gráfica baseiam­se nas propriedades de percepção visual, nos sistemas onde os sinais acumulam significados, tornando mais acessível à interpretação dos dados nela contidos, possibilitando atingir uma de suas finalidades básica, como meio de comunicação. A maquete geográfica é uma representação cartográfica tridimensional do espaço, pois representa as categorias longitude, latitude e altitude. A representação tridimensional do espaço adquire importância fundamental quando se pensa em aplicações empregadas em projetos interdisciplinares voltados às questões ambientais ou em simulações. O objetivo da maquete geográfica, enquanto representação cartográfica é produzir e transmitir informações e não ser, simplesmente, objeto de reprodução. Portanto o objetivo principal desse trabalho é a construção e divulgação da maquete de relevo do espaço delimitado pelo projeto de monitoria no município de Santa Rita, tendo este grande importância, pois transmite informações sobre o espaço geográfico estudado. A maquete de parte da zona urbana de Santa Rita servirá também como recurso didático que será apresentado ao poder publico local. Na maquete, cria­se a imagem virtual modulando as três dimensões do plano (X, Y e Z), sendo o Z a terceira dimensão virtual que atrai a atenção do observador da maquete, porque é explorada para representar à temática da maquete (o tema escolhido / necessário para o estudo, pesquisa ou ensino). Descrição Metodológica A metodologia adotada pelo trabalho de estudo consiste em técnicas e procedimentos de pesquisa que foram realizadas para a sua realização tais como: levantamento bibliográfico e documental, levantamento de dados primários através de trabalhos de campo e o levantamento de dados secundários da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado da Paraíba cedido pelo INTERPA ­ Instituto de Terras e Planejamento Agrícola do Estado da Paraíba. Para a construção da maquete, utilizamos as cartas topográficas do ano de 1985 do INTERPA, NA ESCALA DE 1:10000, com eqüidistâncias das curvas de nível de 5 metros. Para realização da pesquisa, foram necessários os materiais abaixo destacados:
· Placas de isopor (espessura 0,5 mm e 1,0mm);
· Agulhas de costura e alfinetes de costura;
· Latas de massa corrida;
· Copo plástico grande (para água);
· Prato plástico grande (para preparo de massa corrida);
· Faca de ponta redonda (para mexer massa corrida)
· Pinceis grandes e pequenos.
· Lixas finas;
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Canetas esferográficas;
Folhas de Papel carbono;
Cola de isopor;
Cola branca;
Pó­de –serra;
Cortador de isopor;
Estiletes;
Palitos de picolé. A metodologia da semiótica gráfica (como propriedades de percepção visual, temas onde os sinais acumulam significados e com o objetivo de tornar mais acessível a interpretação de dados nos mapas) transcodifica a linguagem escrita para sua representação gráfica. Na maquete geográfica, a seleção dos signos baseia­se em sistema monossêmico. Os dados do modelo altimétrico do terreno, estão representadas pelas coordenadas X, Y e Z, onde Z é o parâmetro a ser modelado. A aquisição destes dados é realizada através do estudo da carta topográfica, da planta cartográfica e do perfil topográfico, sendo o tema da representação obtido através de trabalho de campo. Na construção da maquete acontecem as ações concretas dos alunos, representando as transformações realizadas pelos indivíduos que habitam, vivem e transformam o espaço geográfico, além de possibilitar o entendimento das relações cotidianas existentes na sociedade. Ignorar a natureza social, histórica e dialógica das representações cartográficas é desconsiderar seu valor comunicativo, sua importância na relação, no processo de evolução do homem e na interpretação do mundo. Temos uma visão parcial do mundo porque nossa percepção da realidade é limitada. O que permite diminuir essa limitação, ou o que nos possibilita obter a percepção é o conhecimento do real e das representações que nos é propiciado pela mediação, aqui entendida como conjunto de ações e elementos que possibilitam a relação entre o real e a representação desse real. No campo da produção do conhecimento específico, a construção da maquete geográfica pertence à prática pela qual o investigador pode planejar e atuar sobre a realidade. Esta prática pode ser compartilhada por diferentes campos do saber, não ser exclusivamente da Cartografia e Geografia. Daí, seu caráter interdisciplinar. Conceituando o processo de construção de maquetes podemos afirmar que através da Cartografia fica bem mais significativo o processo de ensino aprendizagem da Geografia. A representação geocartográfica dos temas na maquete proporciona que o educando passe por várias fases e todas elas significativas cognitivamente: a)Fase da interatividade: formação dos grupos e escolha do tema; b)Fase da significação: discussão dos temas; c)Fase da organização de idéias. d) Fase de definição do tema. e) Fase de apresentação do projeto. f)fase da qualificação (re)formulação do projeto. g) Fase da escala: recorte e escolha da escala geográfica e da cartográfica (horizontal e vertical). h) fase de (re)avaliação dos projetos. i) fase de planejamento da maquete. j) Fase de construção da maquete. k) Apresentação dos resultados. l) Avaliação de todo o processo. m) Reconstituição de um novo processo. Resultados Deste já percebemos que a maquete representa a realidade não vista em outros processos de representação, podendo esta ser compartilhada por diferentes campos do saber, manifestando assim seu caráter interdisciplinar. Reconhecer­se­á a construção e a
UFPB – PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA produção de conhecimento geocartográfico onde se encontra um verdadeiro processo de ensino­aprendizagem. A maquete, além de representar o espaço geográfico e o contexto nela inserido, representa o pensamento de quem a idealiza. Este pensamento manifesta­se na simbologia da representação que é a sua linguagem. Enquanto linguagem, a maquete possibilitou diminuir a distância entre os elementos de comunicação, estabelecendo­se melhor decodificação dos pontos, linhas, áreas, símbolos e signos, principalmente em relação à tridimensionalidade e às perspectivas. A principal característica estrutural da maquete é a função de representar a realidade, com detalhes não vistos em outra forma de representação. Além disso, para se chegar a construção da maquete são necessários conhecimentos geocartográfico. Através da observação e percepção do espaço geográfico e pela sua representação (mapas), Produz­se um croqui e, em seguida, a maquete. Conclusão Com o processo de construção da maquete fica evidente a possibilidade da diminuição da distância entre os elementos de comunicação. A maquete geográfica é um recurso didático que adquiri importância fundamental quando se pensa em aplicações empregadas em projetos interdisciplinares para representar o espaço. Neste sentido, o planejamento da maquete começa pela leitura e interpretação da carta topográfica, pelo entendimento da altimetria e da planimetria nela contidas, indispensáveis para estudar a distribuição dos fenômenos na superfície da terra. A maquete possibilita o acesso à formação de uma rede especializada de informação da cartografia e compõe a síntese do conhecimento geocartográfico. Referências Bibliográficas ALMEIDA, R.D. & PASSINI, E.Y. O espaço geográfico: ensino e representação. Coleção Repensando o Ensino. 2ª ed. Editora Contexto. São Paulo. 1991. ALMEIDA, S. P. & ZACHARIAS, A.A. A leitura da nova proposta do relevo brasileiro através da construção de maquete: o aluno do ensino fundamental e suas dificuldades. Revista Estudos Geográficos, Rio Claro, junho de 2004. In: www.rc.unesp.br Acesso em março de 2007. KOEMAN, C. O princípio da comunicação na cartografia. International Yearbook of Cartography, 11: 169 – 176, 1971. LOMBARDO, M.A. & CASTRO, J.F.M. O uso de maquete como recurso didático. In: Anais do II Colóquio de Cartografia para Crianças, Belo Horizonte, 1996. Revista Geografia e Ensino, UFMG/IGC/Departamento de Geografia, 6(1): 81­83, 1997. MARINHO, R.L.F. O teorema egregium de Gauss e a confecção de mapas cartográficos. Ihéus, Bahia: UESC, 2003. PAIVA, V.R.D. Os modelos tridimensionais e a conservação do patrimônio histórico­ambiental do Parque Zôo Arruda Câmara (João Pessoa ­ PB) ­ Natal, RN, 2005. 156p. SANTOS, M.C.S.R. Manual de Fundamentos Cartográficos e Diretrizes Gerais para Elaboração de mapas Geológicos, geomorfológicos e Geotécnicos. São Paulo: 1989. SIMIELLI, M.E.R.; GIRARDI, G.; BROMBERG, P.; MORONE, R. & RAIMUNDO, S.L. Do plano ao tridimensional: a maquete como recurso didático. Boletim Paulista de Geografia, nº 70, AGB, São Paulo, 1991, pp.5 – 21.