esquema do autoconceito em mulheres praticantes de voleibol e

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ESQUEMA DO AUTOCONCEITO EM MULHERES PRATICANTES DE
VOLEIBOL E FUTSAL
Aline Martins Machado
Graduada em Educação Física pelo Unileste-MG
[email protected]
Edilene Oliveira Santos
Graduada em Educação Física pelo Unileste-MG
[email protected]
Flávia Costa P. e Santos
Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília – UCB
Docente do Curso de Educação Física do Unileste-MG
[email protected]
RESUMO
O autoconceito é uma construção teórica que o indivíduo realiza sobre si, a partir de
sua interação com o meio social relacionado à formação de uma identidade. A partir
do autoconceito são formados os auto-esquemas que relacionados com a
masculinidade e a feminilidade formam esquemas de gêneros masculino, feminino e
os andrógenos. Através do questionário IFEGA o presente estudo avaliou os
esquemas de gênero presentes no autoconceito nas mulheres que jogam Futsal, um
esporte de contato físico onde predomina a força, velocidade, combate e
movimentos bruscos em comparação a praticante de Voleibol, um esporte onde não
há o contato físico e os movimentos exprimem leveza e a suavidade. Participaram
do estudo de forma voluntária 146 atletas de Futsal e 123 atletas de Voleibol com
idade mínima de 15 anos presentes na fase Nordeste do JIMI (Jogos do Interior de
Minas). Com análise das médias de três fatores de escala feminina e três fatores de
escala masculina, as jogadoras de Futsal apresentaram tendência a se
autoconceituarem com maior predomínio de androginia enquanto as jogadoras
de voleibol ao de feminilidade.
Palavras-chave: Autoconceito. Gênero. Feminilidade. Masculinidade. Androginia.
ABSTRACT
The auto concept is a theoretical construction that the individual carries through on
itself, from its interaction with the related social environment for the formation of an
identity. From the auto concept the auto-schemes that relates with the male gender
and the female gender, form male, female and androgynous behaviours. By using
IFEGA questionnaire, the present study evaluated the gender behaviour as related to
the auto concept of women who play Futsal, a sport of physical contact where the
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predominates force, speed, combat and abrupt movements, in comparison with
Volleyball players, which is a sport that does not have physical contact and the
movements are more light and soft. 146 athletes of Futsal and 123 athletes of
Volleyball of the northeast phase of JIMI (Jogos do Interior de Minas Gerais) and with
a minimum age of 15 years, participated of the search. Data were analyzed
considering the average values of three factors of female scale and three factors of
male scale. The Futsal players presented a tendency to auto consider themselves
with bigger predominance of androgyny while the volleyball players to consider
themselves more female.
Key-words: Auto concept. Gender. Female. Male. Androgynous.
INTRODUÇÃO
A paixão e a tendência natural do brasileiro pelo futebol transfundiram-se para
o Futsal, devido ao grande crescimento urbano, trazido pela industrialização,
fazendo com que ocorressem valorizações imobiliárias e outros fatores sócioeconômicos que implicaram então na quase extinção dos antigos campos de várzea.
Esse contexto fez com que o Futebol passasse a ser praticado em espaços cada
vez menores, principalmente em áreas urbanas, geralmente em quadras
originalmente destinadas a jogos de basquete e vôlei, explicando hoje a "febre" do
Futsal.
O Futsal é um esporte relativamente novo com surgimento em meados dos
anos cinqüenta. Tornou-se hoje sem nenhuma contestação o segundo esporte no
Brasil, ficando somente atrás do Futebol (CBFS, s.d). É atualmente o esporte em
maior crescimento em todo mundo, principalmente no Brasil por ser o único esporte
genuinamente brasileiro e que não impõe o biótipo geralmente requerido para certas
modalidades "importadas", podendo praticá-lo o alto, o baixo, o gordo, o magro, o
jovem ou o mais idoso. Tendo assim, grande relevância não só na manifestação
esporte-performance, como também em outras manifestações como esporteeducação e esporte-lazer (FMFS, s.d).
O Futsal é um esporte organizado pela FIFA (Federação Internacional de
Futebol) com departamento próprio, e tem na Confederação Brasileira de Futsal
(CBFS) seu representante nacional (CBFS, s.d).
Com toda essa evolução do Futsal vem crescendo o numero de mulheres
adeptas a essa modalidade, as quais na década de 40 chegaram a serem proibidas
de jogarem por um decreto de lei da CND (Conselho Nacional do Desporto), pois
julgavam ser um esporte incompatível com as condições da natureza feminina e
colocava em risco sua principal função de reprodutora. Só 38 anos após sua
proibição essa lei foi revogada pelo CND e somente então a partir dessa data foi
liberada a pratica do Futsal pelas mulheres, começando então os surgimentos de
campeonatos regularizados e a criação de departamentos de Futsal feminino em
todo país. Mas apesar de todo o crescimento o número de mulheres praticantes
dessa modalidade ainda é muito pequeno, se comparado aos homens (SILVEIRA,
2007).
No mundo esportivo de uma forma geral os esportes são avaliados em termo
de gêneros, incluindo os taxados pela sociedade como femininos, masculinos e
unisex. Isso faz então que a mulher que praticar um esporte socialmente taxado
como masculino por exigir, força física e velocidade seja considerada masculina,
colocando em dúvida a sua sexualidade (ALDEMAN, 2003).
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A discussão em torno do gênero e esporte nos últimos anos tem conquistado
espaços em diferentes áreas, em especial às vinculadas a ciências sociais e
humanas (GOELLNER; ADELMAN, 2006).
É muito comum encontrar na literatura autores usando os termos sexo e
gênero como sinônimos, mas trata-se de termos bem distintos e é de fundamental
importância, para entendimento deste estudo, saber a diferença entre estes dois
termos.
Sexo não é gênero. [...] Sexo diz respeito às características fisiológicas
relativas à procriação, à reprodução biológica (STREY, 2005). Segundo Barreto
(s.d.) gênero indica a criação itinerante social das idéias sobre os papeis próprios a
homens e mulheres, referindo-se às origens sociais das identidades subjetivas:
masculina e feminina.
Segundo Giavoni (2000) apud Soares, Assis e Sousa (2007) a masculinidade
e a feminilidade são formadas a partir do momento em que a criança reconhece a
diferença anatômica dos sexos, ou seja, com o reconhecimento das genitais que os
diferenciam quanto ao sexo, gerando a partir daí um desenvolvimento diferencial
entre meninos e meninas. Uma pessoa também pode desenvolver em equilíbrio
características femininas e masculinas sendo caracterizado como andrógeno. Assim
o autoconceito relacionado ao gênero de masculinidade e feminilidade é um aspecto
social independente de sexo.
O autoconceito é uma construção teórica que o individuo realiza sobre si, a
partir de sua interação com o meio social, formado por um conjunto variado de autorepresentações.
Em um processo de interação social, a criança quando nova atua como um
espectador sofrendo influências de valores estipulados pela sociedade. Assimilando
e organizando com o tempo informações, estruturando-as em um esquema cognitivo
(GIAVONI, 2000).
Em conceito estipulado pela psicologia, o esquema é definido como
agrupamento estruturado de conceitos, normalmente ele envolve conhecimentos
genéricos que poderá ser utilizado para representar eventos, seqüências de eventos
preceitos, situações relações e até mesmo objetos (EYSENCK; KEANE, 1994 apud
GIAVONI, 2000). Esse esquema associado a conceitos e definições culturais de
masculinidade e feminilidade evidencia a presença do esquema de gêneros, onde
indivíduos assimilam e organizam informações de acordo com definições culturais se
categorizando em gênero feminino e masculino.
De acordo com a teoria do esquema de gêneros com base no autoconceito e
de acordo com valores e experiência que os indivíduos obtêm ao longo de sua vida
eles são agrupados em quatro grupos tipológicos de gêneros: Esquemáticos
masculinos, esquemáticos feminino, esquemáticos masculinos e femininos e
aesquemáticos (MARKUS e COLABORADORES, 1982 apud GIAVONI; TAMAYO,
2005).
Para Gómez (2002) apud Soares, Assis e Sousa (2007) a feminilidade tem
atributos como a passividade, receptividade, habilidade para a vida, discussão em
público, poder e decisão sobre questões sociais em geral, já a masculinidade
apresenta atributos como a força de caráter, a atividade produtiva e agressiva.
No contexto de nossa cultura até o fim do séc XIX, feminilidade se definia em
função da missão da mulher como reprodutora, limitando-se a seus afazeres
domésticos. Aos homens era permitida a prática do Futebol, lutas, basquete e
demais esportes que exigem força física e velocidade. As Mulheres era permitido a
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ginástica, e o voleibol, que lhes garantiam a suavidade de movimentos e o não
contato físico.
No início do séc. XX segundo Franzini (2005) houve um declínio da
domesticidade feminina colocando em risco a fragilidade feminina, pois ficariam com
corpos atléticos, teriam atitudes e habilidades similares as dos homens no esporte,
colocando em risco sua feminilidade.
É notório que o universo do Futsal caracteriza se por um espaço
eminentemente masculino. A prática das mulheres nessa modalidade revolucionou
tal ordem que expressam muito bem as relações de gêneros presentes em nossa
sociedade, onde preconceitos são impostos as praticantes desta modalidade
julgando e colocando em dúvida sua feminilidade.
Souto (2006) apud Rosolen (2006) destaca o Futsal que talvez pela sua
rigidez ou pela força, a mulher que jogava era logo estigmatizada, como qualquer
pessoa que fizesse algo que ia contra a sociedade ou a opinião da maioria.
Segundo Elmôr (2002) apud Soares, Assis e Sousa (2007), o futebol, era
antes exclusivo do sexo masculino, pois ao longo do seu desenvolvimento, transmite
à autoridade, o ataque, a defesa, o combate e a luta como habilidades,
competências e valores essenciais ao mundo dos homens. Sendo assim, o futebol
tornou-se um esporte essencialmente masculino.
De outro lado está o Voleibol, um esporte de grande popularidade praticado
em nosso país desde 1916. Em 1941 entrou então na lista do CND como um dos
esportes recomendáveis à prática pelas mulheres, por serem julgados compatíveis
com a natureza feminina, sem contato físico e por permitir movimentos suaves que
expressavam a sensualidade (SILVEIRA, 2007).
O Voleibol, antes chamado mintonette, foi criado em 1895, pelo americano
William G. Morgan, quando diretor de educação física da Associação Cristã de
Moços (ACM) na cidade de Holyoke, em Massachusetts, nos Estados Unidos (CBV,
s.d).
O voleibol tem como órgão seu órgão máximo a FIVB (Federação
Internacional de Voleibol) e tem como representante nacional a CBV (Confederação
nacional de Voleibol). O primeiro campeonato mundial foi disputado em Praga, na
Tchecoslováquia, em 1949, vencido pela Rússia. Em setembro de 1962, o voleibol
foi admitido como esporte olímpico e a sua primeira disputa foi na Olimpíada de
Tóquio, em 1964 (CBV,s.d). Desde então o Brasil se tornou uma das grandes
potências mundiais tanto no masculino quanto no feminino.
Os estudos sobre o gênero nas diversas modalidades esportivas, como os de
Giavoni (2000), têm avançado ao longo do tempo, portanto o presente estudo tem
como objetivo avaliar os esquemas de gênero presentes no autoconceito nas
mulheres que jogam Futsal um esporte de contato físico onde predomina a força,
velocidade, combate e movimentos bruscos em comparação a praticante de voleibol
um esporte onde não há o contato físico e os movimentos exprimem leveza e a
suavidade.
JUSTIFICATIVA
Esse estudo procura esclarecer aspectos considerados tabus na sociedade,
contribuindo para a minimização preconceitos provenientes de pensamentos
coletivamente aceitos, mas sem comprovação científica alguma.
Assim, quebrando esses paradigmas o presente estudo contribui para
esclarecer à sociedade que não é por praticar Futsal que as mulheres deixarão de
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ser mulheres ou deixarão de ter preservadas sua feminilidade, idéia não observada
quando a decisão é praticar dança, ginástica ou voleibol, por exemplo.
Muitas mulheres deixam de procurar certas modalidades esportivas por puro
medo de sofrer preconceito. Se pesquisas como esta conseguirem esclarecer a
população, esse preconceito certamente diminuirá e contribuirá para o avanço desta
modalidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Desenvolveu-se o presente estudo através de uma pesquisa descritiva que
segundo Gil (2002) apud Heerdt (s.d), tem como objetivo primordial a descrição das
características de determinadas populações ou fenômenos. O estudo teve como
universo 1.957 atletas de Futsal feminino e 1.456 atletas de voleibol Feminino, com
idade mínima de 15 anos, todas inscritas no JIMI 2007 (Jogos do Interior de Minas
Gerais), jogos estes que acontecem uma vez por ano, divididos em regionais, o
estudo foi direcionado somente para atletas da região Nordeste. Participaram
voluntariamente deste estudo 146 jogadoras, amadoras, de Futsal do sexo feminino
e 123 jogadoras de voleibol, amadoras, do sexo feminino.
A amostra foi escolhida aleatoriamente após a autorização dos técnicos das
equipes participantes. Foi feito então um contato aplicativo direto do questionário
“Inventário Feminino dos Esquemas do Gênero do Autoconceito” (IFEGA),
questionário formulado por Giavoni (2000) que aplica-se exclusivamente a mulheres,
criado em sua tese de doutorado, composto por 75 perguntas dentre elas, 36
agrupadas em três fatores de escala masculina: Arrojamento, Egocentrismo e
Negligência e 39 questões agrupadas em três fatores de escala feminina:
Sensualidade, Inferioridade e Ajustamento. Em uma escala de 0 a 4, na qual 0 não
se aplica e 4 aplica se totalmente, com o objetivo de avaliar a masculinidade,
feminilidade e androginia.
Esclareceram-se os objetivos da pesquisa aos participantes e qualquer dúvida
que elas tivessem. Os questionários respondidos foram separados por fatores,
sendo os dados analisados graficamente pelas médias. Os resultados foram
comparados com o teste t de Student para amostras independentes, o programa
utilizado foi o SPSS 10.0.
Foi oferecido às atletas um termo de consentimento livre e esclarecido. Todos
os cuidados éticos foram tomados com o intuito de preservar o anonimato das
participantes, e das equipes.
RESULTADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Foi realizada uma análise dos dados através de tabela de correção do IFEGA
(GIAVONI, 2000), separando os fatores da escala masculina e os fatores da escala
feminina. Foi obtido o escore de cada fator através da média aritmética e baseandose na relação entre masculinidade e feminilidade defendida por Giavoni (2000)
obtém-se o modelo de equilíbrio entre os três grupos principais: masculinos,
femininos e andrógenos.
Foram definidos como masculino, os indivíduos em que a masculinidade
predomina sobre a feminilidade. Os femininos são aqueles em que a feminilidade
predomina sobre a masculinidade. Andrógenos são caracterizados por indivíduos
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cuja masculinidade e feminilidade apresentou equilíbrio, não havendo diferença
significativa.
Os resultados encontrados revelam a masculinidade, feminilidade e
androginia das atletas de Futsal e Voleibol de acordo com o esquema gráfico
proposto por Giavoni (2000), onde definem se o Esquema Masculino (EM) e o
Esquema Feminino (EF), como duas dimensões independentes do autoconceito,
utilizando dois vetores gerando um espaço bidimensional. A soma vetorial destes
vetores resulta numa bissetriz que divide o plano em duas áreas: área do esquema
masculino e a área do esquema feminino.
EM
4
3
2
1
45
0
EF
1
2
3
4
Figura 1 – Bissetriz que divide ao meio o plano gerado pelos vetores EM e EF.
Fonte: Giavoni (2000).
Para encontrar os resultados foi utilizada a inferência estatística através do
teste t de Student. Estabelecemos um nível de significância de 5% (valor que
especifica a margem de erro indicado pela letra p, ou seja, p = 0,05).
F
EM
4
V
F) Jogadoras de Futsal – 2,99
V) Jogadoras de Voleibol – 2,55
3
2
1
0
EF
1
2
3
4
Figura 2 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator masculino arrojamento, em
escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>.
Analisando a figura 2, as atletas de Futsal obtiveram uma média de 2,99
enquanto as atletas de Voleibol obtiveram a média de 2,55. O valor encontrado
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através do teste t foi p = 0,000. Este valor é considerado estatisticamente
significativo, pois, para obter significância, o valor de P deve ser menor que 0,05. À
nível de significância de 5% ( p< 0,05), observa-se que houve diferença
estatisticamente significativa, constatando-se que as atletas de Futsal se
autoconceituaram mais masculinas que as atletas de Voleibol, no fator masculino
Arrojamento.
F
EM
4
V
F) Jogadoras de Futsal – 1,60
V) Jogadoras de Voleibol – 1,06
3
2
1
0
EF
1
2
3
4
Figura 3 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator masculino egocentrismo, em
escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>.
Em análise a figura 3, as atletas de Futsal obtiveram uma média de 1,60
enquanto as atletas de Voleibol obtiveram a média de 1,06, onde p = 0,000.
Observa-se que houve uma diferença significativa com tendência maior à
masculinidade das atletas de Futsal em relação às atletas de Voleibol no fator
masculino egocentrismo.
F
EM
V
4
F) Jogadoras de Futsal – 1,55
V) Jogadoras de Voleibol – 0,95
3
2
1
0
EF
1
2
3
4
Figura 4 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator masculino negligência, em
escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>.
Analisando a figura 4 onde as atletas de Futsal obtiveram uma média de 1,55
enquanto as atletas de Voleibol obtiveram a média de 0,95 e p= 0,000. Observa-se
que houve uma diferença significativa ficando as atletas de Futsal com maior
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tendência a masculinidade em relação às atletas de Voleibol em relação ao fator
negligência.
EM
4
F) Jogadoras de Futsal – 2,13
V) Jogadoras de Voleibol – 1,76
V
3
F
2
1
0
EF
1
2
3
4
Figura 5 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator feminino sensualidade, em
escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,002>.
Em análise a figura 5 as atletas de Futsal obtiveram uma média de 2,13 e as
atletas de Voleibol uma média de 1,76, o valor encontrado foi p= 0,002. Com este
valor a um nível de significância de 5% (p< 0,05) observa-se que houve diferença
significativa ficando as atletas de Voleibol com maior tendência a androginia no fator
Sensualidade.
EM
4
F) Jogadoras de Futsal – 1,44
V) Jogadoras de Voleibol – 1,04
V
3
F
2
1
0
EF
1
2
3
4
Figura 6 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator feminino inferioridade, em
escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>.
Na figura 6 que analisa o fator inferioridade, as atletas de Futsal obtiveram
uma média de 1,44 e as atletas de Voleibol obtiveram uma média de 1,04 e o valor
encontrado foi p = 0,000. Sendo assim, as atletas de Voleibol tiveram maior
tendência à androginia em relação às atletas de Futsal no que se refere ao fator
feminino Inferioridade.
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EM
4
F) Jogadoras de Futsal – 3,01
V) Jogadoras de Voleibol – 2,95
3
V
2
F
1
0
EF
1
2
3
4
Figura 7 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator feminino ajustamento, em
escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,819>.
Na análise da figura 7, resultado da comparação entre as atletas de Futsal e
Voleibol no fator feminino Ajustamento, o valor encontrado foi uma media de 3,01
para as atletas de Futsal, 2,95 para as atletas de Voleibol e p= 0,819, a nível de
significância de 5% ( p< 0,05) nota-se que não houve diferença significativa no fator
ajustamento em relação aos dois grupos.
EM
4
F
F:
V:
V
3
Fator Masc Fator Fem
2,05
2,19
1,52
1,92
2
1
0
EF
1
2
3
4
Figura 8 – Médias geral de escores de auto-conceito de gênero, em escala de 0 a 4, das atletas de
Futsal e Voleibol.
Em análise à figura 8, após feita a média geral dos fatores de escala feminina
e masculina do IFEGA em ambos os grupos, as atletas de Futsal obtiveram uma
média de 2,05 nos fatores masculinos e 2,19 nos fatores femininos enquanto as
atletas de Voleibol obtiveram uma média de 1,52 nos fatores masculinos e 1,92 nos
fatores femininos, observando assim que houve maior tendência a androginia por
parte das atletas de Futsal se comparadas as atletas de Voleibol.
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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Ao compararmos os resultados encontrados para o grupo de Futsal e Voleibol
pudemos verificar que houve diferença estatisticamente significativa (p<0,05) nos
fatores: Arrojamento, que segundo Giavoni (2000) comportamentos que condizem
com uso da razão: praticidade, determinação e lógica. [...] onde a participação
feminina pudesse ser efetivada, perfazendo níveis de atuação que incluíssem
determinação e técnica equivalente as dos homens. Independente do gênero, para
prática do futebol de alto nível é necessário o desenvolvimento de numerosas
capacidades motoras, técnicas, táticas e psicológicas (DAUTY et al, 2002 apud
OLIVEIRA et al, 2006). Egocentrismo, para Giavoni (2000) condiz com fator que
focaliza o “eu” como centro de todo interesse, avalia comportamento relacionado à
agressividade autoritarismo e insensibilidade e o fator negligência que está
relacionado a descuido da imagem e aparência física. Segundo Elmôr (2002) apud
Soares, Assis e Sousa (2007), jogos como futebol, antes exclusivo do sexo
masculino, ao longo do seu desenvolvimento, transmite à autoridade, o ataque, a
defesa, o combate e a luta como habilidades, competências e valores essenciais ao
mundo dos homens. Sendo assim, desde cedo o futebol tornou-se um esporte
essencialmente masculino.
Nos fatores de escala feminina (sensualidade, inferioridade e ajustamento),
apenas ajustamento não apresentou diferença significativa. Sensualidade, segundo
Giavoni (2000), focaliza auto imagem e sua influência na interação com os outros,
charme, sedução, expressos na beleza física, vaidade e elegância. Inferioridade
focaliza aspectos de insegurança e o ultimo fator da escala feminina Ajustamento
que avalia princípios e valores, moralidade, lealdade, fidelidade e honestidade.
No estudo de Cox e Liu (1993) apud OLIVEIRA et al (2006) com atletas chineses e
americanos das modalidades atletismo, basquete, vôlei e natação, as únicas
diferenças constatadas, ao se avaliar o grupo de uma maneira geral, foram um maior
nível de confiança e uma maior motivação entre os atletas homens, quando
comparados às mulheres.
O Voleibol foi julgado compatível com a natureza feminina por ser um esporte
sem contato físico e por permitir movimentos suaves que expressavam a
sensualidade (SILVEIRA, 2007).
Poucos estudos foram realizados sobre gêneros em diversas modalidades
esportivas, é uma área que esta em ascensão. O estudo da Giavoni (2000) que
tivemos como base desse trabalho que foi um grande avanço nesta área da
psicologia.
Outro estudo sobre gênero no esporte é o de Soares, Assis e Sousa (2007),
que teve como objetivo avaliar os esquemas de gênero presentes no autoconceito
nos homens que dançam utilizando a sensualidade e movimentos que na sua
maioria são classificados como leves suaves e delicados, em comparação aos
praticantes de Futebol que preconiza a força, a potência e a agressividade. Para
este estudo, o autor com a participação voluntária de 15 bailarinos amadores do
sexo masculino e 15 jogadores de futebol amador do sexo masculino, todos
residentes da região do Vale do Aço. Como conclusão na comparação entre os
grupos pesquisados, através da análise descritiva do questionário IMEGA (Inventário
Masculino dos Esquemas do Gênero do Autoconceito), o grupo de bailarinos
apresentou-se mais andrógeno que os jogadores de Futebol (SOARES; ASSIS;
SOUSA, 2007).
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CONCLUSÃO
Conclui-se, para a média geral entre os fatores masculinos e femininos do
autoconceito, que as jogadoras de Futsal apresentaram tendência a se
autoconceituarem com maior predomínio de androginia enquanto as jogadoras
de voleibol ao de feminilidade, embora não se possa atribuir à prática do esporte
esta característica dos entrevistados, pois ainda resta uma dúvida, que poderá ser
resolvida em futuros estudos: as jogadoras procuram o esporte devido às suas
características, que mais se adaptam às exigências da modalidade ou moldam seu
comportamento após terem aderido à sua prática: uma questão para reflexões sobre
a psicologia social.
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MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009.
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