ESQUEMA DO AUTOCONCEITO EM MULHERES PRATICANTES DE VOLEIBOL E FUTSAL Aline Martins Machado Graduada em Educação Física pelo Unileste-MG [email protected] Edilene Oliveira Santos Graduada em Educação Física pelo Unileste-MG [email protected] Flávia Costa P. e Santos Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília – UCB Docente do Curso de Educação Física do Unileste-MG [email protected] RESUMO O autoconceito é uma construção teórica que o indivíduo realiza sobre si, a partir de sua interação com o meio social relacionado à formação de uma identidade. A partir do autoconceito são formados os auto-esquemas que relacionados com a masculinidade e a feminilidade formam esquemas de gêneros masculino, feminino e os andrógenos. Através do questionário IFEGA o presente estudo avaliou os esquemas de gênero presentes no autoconceito nas mulheres que jogam Futsal, um esporte de contato físico onde predomina a força, velocidade, combate e movimentos bruscos em comparação a praticante de Voleibol, um esporte onde não há o contato físico e os movimentos exprimem leveza e a suavidade. Participaram do estudo de forma voluntária 146 atletas de Futsal e 123 atletas de Voleibol com idade mínima de 15 anos presentes na fase Nordeste do JIMI (Jogos do Interior de Minas). Com análise das médias de três fatores de escala feminina e três fatores de escala masculina, as jogadoras de Futsal apresentaram tendência a se autoconceituarem com maior predomínio de androginia enquanto as jogadoras de voleibol ao de feminilidade. Palavras-chave: Autoconceito. Gênero. Feminilidade. Masculinidade. Androginia. ABSTRACT The auto concept is a theoretical construction that the individual carries through on itself, from its interaction with the related social environment for the formation of an identity. From the auto concept the auto-schemes that relates with the male gender and the female gender, form male, female and androgynous behaviours. By using IFEGA questionnaire, the present study evaluated the gender behaviour as related to the auto concept of women who play Futsal, a sport of physical contact where the 1 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. predominates force, speed, combat and abrupt movements, in comparison with Volleyball players, which is a sport that does not have physical contact and the movements are more light and soft. 146 athletes of Futsal and 123 athletes of Volleyball of the northeast phase of JIMI (Jogos do Interior de Minas Gerais) and with a minimum age of 15 years, participated of the search. Data were analyzed considering the average values of three factors of female scale and three factors of male scale. The Futsal players presented a tendency to auto consider themselves with bigger predominance of androgyny while the volleyball players to consider themselves more female. Key-words: Auto concept. Gender. Female. Male. Androgynous. INTRODUÇÃO A paixão e a tendência natural do brasileiro pelo futebol transfundiram-se para o Futsal, devido ao grande crescimento urbano, trazido pela industrialização, fazendo com que ocorressem valorizações imobiliárias e outros fatores sócioeconômicos que implicaram então na quase extinção dos antigos campos de várzea. Esse contexto fez com que o Futebol passasse a ser praticado em espaços cada vez menores, principalmente em áreas urbanas, geralmente em quadras originalmente destinadas a jogos de basquete e vôlei, explicando hoje a "febre" do Futsal. O Futsal é um esporte relativamente novo com surgimento em meados dos anos cinqüenta. Tornou-se hoje sem nenhuma contestação o segundo esporte no Brasil, ficando somente atrás do Futebol (CBFS, s.d). É atualmente o esporte em maior crescimento em todo mundo, principalmente no Brasil por ser o único esporte genuinamente brasileiro e que não impõe o biótipo geralmente requerido para certas modalidades "importadas", podendo praticá-lo o alto, o baixo, o gordo, o magro, o jovem ou o mais idoso. Tendo assim, grande relevância não só na manifestação esporte-performance, como também em outras manifestações como esporteeducação e esporte-lazer (FMFS, s.d). O Futsal é um esporte organizado pela FIFA (Federação Internacional de Futebol) com departamento próprio, e tem na Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) seu representante nacional (CBFS, s.d). Com toda essa evolução do Futsal vem crescendo o numero de mulheres adeptas a essa modalidade, as quais na década de 40 chegaram a serem proibidas de jogarem por um decreto de lei da CND (Conselho Nacional do Desporto), pois julgavam ser um esporte incompatível com as condições da natureza feminina e colocava em risco sua principal função de reprodutora. Só 38 anos após sua proibição essa lei foi revogada pelo CND e somente então a partir dessa data foi liberada a pratica do Futsal pelas mulheres, começando então os surgimentos de campeonatos regularizados e a criação de departamentos de Futsal feminino em todo país. Mas apesar de todo o crescimento o número de mulheres praticantes dessa modalidade ainda é muito pequeno, se comparado aos homens (SILVEIRA, 2007). No mundo esportivo de uma forma geral os esportes são avaliados em termo de gêneros, incluindo os taxados pela sociedade como femininos, masculinos e unisex. Isso faz então que a mulher que praticar um esporte socialmente taxado como masculino por exigir, força física e velocidade seja considerada masculina, colocando em dúvida a sua sexualidade (ALDEMAN, 2003). 2 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. A discussão em torno do gênero e esporte nos últimos anos tem conquistado espaços em diferentes áreas, em especial às vinculadas a ciências sociais e humanas (GOELLNER; ADELMAN, 2006). É muito comum encontrar na literatura autores usando os termos sexo e gênero como sinônimos, mas trata-se de termos bem distintos e é de fundamental importância, para entendimento deste estudo, saber a diferença entre estes dois termos. Sexo não é gênero. [...] Sexo diz respeito às características fisiológicas relativas à procriação, à reprodução biológica (STREY, 2005). Segundo Barreto (s.d.) gênero indica a criação itinerante social das idéias sobre os papeis próprios a homens e mulheres, referindo-se às origens sociais das identidades subjetivas: masculina e feminina. Segundo Giavoni (2000) apud Soares, Assis e Sousa (2007) a masculinidade e a feminilidade são formadas a partir do momento em que a criança reconhece a diferença anatômica dos sexos, ou seja, com o reconhecimento das genitais que os diferenciam quanto ao sexo, gerando a partir daí um desenvolvimento diferencial entre meninos e meninas. Uma pessoa também pode desenvolver em equilíbrio características femininas e masculinas sendo caracterizado como andrógeno. Assim o autoconceito relacionado ao gênero de masculinidade e feminilidade é um aspecto social independente de sexo. O autoconceito é uma construção teórica que o individuo realiza sobre si, a partir de sua interação com o meio social, formado por um conjunto variado de autorepresentações. Em um processo de interação social, a criança quando nova atua como um espectador sofrendo influências de valores estipulados pela sociedade. Assimilando e organizando com o tempo informações, estruturando-as em um esquema cognitivo (GIAVONI, 2000). Em conceito estipulado pela psicologia, o esquema é definido como agrupamento estruturado de conceitos, normalmente ele envolve conhecimentos genéricos que poderá ser utilizado para representar eventos, seqüências de eventos preceitos, situações relações e até mesmo objetos (EYSENCK; KEANE, 1994 apud GIAVONI, 2000). Esse esquema associado a conceitos e definições culturais de masculinidade e feminilidade evidencia a presença do esquema de gêneros, onde indivíduos assimilam e organizam informações de acordo com definições culturais se categorizando em gênero feminino e masculino. De acordo com a teoria do esquema de gêneros com base no autoconceito e de acordo com valores e experiência que os indivíduos obtêm ao longo de sua vida eles são agrupados em quatro grupos tipológicos de gêneros: Esquemáticos masculinos, esquemáticos feminino, esquemáticos masculinos e femininos e aesquemáticos (MARKUS e COLABORADORES, 1982 apud GIAVONI; TAMAYO, 2005). Para Gómez (2002) apud Soares, Assis e Sousa (2007) a feminilidade tem atributos como a passividade, receptividade, habilidade para a vida, discussão em público, poder e decisão sobre questões sociais em geral, já a masculinidade apresenta atributos como a força de caráter, a atividade produtiva e agressiva. No contexto de nossa cultura até o fim do séc XIX, feminilidade se definia em função da missão da mulher como reprodutora, limitando-se a seus afazeres domésticos. Aos homens era permitida a prática do Futebol, lutas, basquete e demais esportes que exigem força física e velocidade. As Mulheres era permitido a 3 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. ginástica, e o voleibol, que lhes garantiam a suavidade de movimentos e o não contato físico. No início do séc. XX segundo Franzini (2005) houve um declínio da domesticidade feminina colocando em risco a fragilidade feminina, pois ficariam com corpos atléticos, teriam atitudes e habilidades similares as dos homens no esporte, colocando em risco sua feminilidade. É notório que o universo do Futsal caracteriza se por um espaço eminentemente masculino. A prática das mulheres nessa modalidade revolucionou tal ordem que expressam muito bem as relações de gêneros presentes em nossa sociedade, onde preconceitos são impostos as praticantes desta modalidade julgando e colocando em dúvida sua feminilidade. Souto (2006) apud Rosolen (2006) destaca o Futsal que talvez pela sua rigidez ou pela força, a mulher que jogava era logo estigmatizada, como qualquer pessoa que fizesse algo que ia contra a sociedade ou a opinião da maioria. Segundo Elmôr (2002) apud Soares, Assis e Sousa (2007), o futebol, era antes exclusivo do sexo masculino, pois ao longo do seu desenvolvimento, transmite à autoridade, o ataque, a defesa, o combate e a luta como habilidades, competências e valores essenciais ao mundo dos homens. Sendo assim, o futebol tornou-se um esporte essencialmente masculino. De outro lado está o Voleibol, um esporte de grande popularidade praticado em nosso país desde 1916. Em 1941 entrou então na lista do CND como um dos esportes recomendáveis à prática pelas mulheres, por serem julgados compatíveis com a natureza feminina, sem contato físico e por permitir movimentos suaves que expressavam a sensualidade (SILVEIRA, 2007). O Voleibol, antes chamado mintonette, foi criado em 1895, pelo americano William G. Morgan, quando diretor de educação física da Associação Cristã de Moços (ACM) na cidade de Holyoke, em Massachusetts, nos Estados Unidos (CBV, s.d). O voleibol tem como órgão seu órgão máximo a FIVB (Federação Internacional de Voleibol) e tem como representante nacional a CBV (Confederação nacional de Voleibol). O primeiro campeonato mundial foi disputado em Praga, na Tchecoslováquia, em 1949, vencido pela Rússia. Em setembro de 1962, o voleibol foi admitido como esporte olímpico e a sua primeira disputa foi na Olimpíada de Tóquio, em 1964 (CBV,s.d). Desde então o Brasil se tornou uma das grandes potências mundiais tanto no masculino quanto no feminino. Os estudos sobre o gênero nas diversas modalidades esportivas, como os de Giavoni (2000), têm avançado ao longo do tempo, portanto o presente estudo tem como objetivo avaliar os esquemas de gênero presentes no autoconceito nas mulheres que jogam Futsal um esporte de contato físico onde predomina a força, velocidade, combate e movimentos bruscos em comparação a praticante de voleibol um esporte onde não há o contato físico e os movimentos exprimem leveza e a suavidade. JUSTIFICATIVA Esse estudo procura esclarecer aspectos considerados tabus na sociedade, contribuindo para a minimização preconceitos provenientes de pensamentos coletivamente aceitos, mas sem comprovação científica alguma. Assim, quebrando esses paradigmas o presente estudo contribui para esclarecer à sociedade que não é por praticar Futsal que as mulheres deixarão de 4 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. ser mulheres ou deixarão de ter preservadas sua feminilidade, idéia não observada quando a decisão é praticar dança, ginástica ou voleibol, por exemplo. Muitas mulheres deixam de procurar certas modalidades esportivas por puro medo de sofrer preconceito. Se pesquisas como esta conseguirem esclarecer a população, esse preconceito certamente diminuirá e contribuirá para o avanço desta modalidade. MATERIAL E MÉTODOS Desenvolveu-se o presente estudo através de uma pesquisa descritiva que segundo Gil (2002) apud Heerdt (s.d), tem como objetivo primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos. O estudo teve como universo 1.957 atletas de Futsal feminino e 1.456 atletas de voleibol Feminino, com idade mínima de 15 anos, todas inscritas no JIMI 2007 (Jogos do Interior de Minas Gerais), jogos estes que acontecem uma vez por ano, divididos em regionais, o estudo foi direcionado somente para atletas da região Nordeste. Participaram voluntariamente deste estudo 146 jogadoras, amadoras, de Futsal do sexo feminino e 123 jogadoras de voleibol, amadoras, do sexo feminino. A amostra foi escolhida aleatoriamente após a autorização dos técnicos das equipes participantes. Foi feito então um contato aplicativo direto do questionário “Inventário Feminino dos Esquemas do Gênero do Autoconceito” (IFEGA), questionário formulado por Giavoni (2000) que aplica-se exclusivamente a mulheres, criado em sua tese de doutorado, composto por 75 perguntas dentre elas, 36 agrupadas em três fatores de escala masculina: Arrojamento, Egocentrismo e Negligência e 39 questões agrupadas em três fatores de escala feminina: Sensualidade, Inferioridade e Ajustamento. Em uma escala de 0 a 4, na qual 0 não se aplica e 4 aplica se totalmente, com o objetivo de avaliar a masculinidade, feminilidade e androginia. Esclareceram-se os objetivos da pesquisa aos participantes e qualquer dúvida que elas tivessem. Os questionários respondidos foram separados por fatores, sendo os dados analisados graficamente pelas médias. Os resultados foram comparados com o teste t de Student para amostras independentes, o programa utilizado foi o SPSS 10.0. Foi oferecido às atletas um termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os cuidados éticos foram tomados com o intuito de preservar o anonimato das participantes, e das equipes. RESULTADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS Foi realizada uma análise dos dados através de tabela de correção do IFEGA (GIAVONI, 2000), separando os fatores da escala masculina e os fatores da escala feminina. Foi obtido o escore de cada fator através da média aritmética e baseandose na relação entre masculinidade e feminilidade defendida por Giavoni (2000) obtém-se o modelo de equilíbrio entre os três grupos principais: masculinos, femininos e andrógenos. Foram definidos como masculino, os indivíduos em que a masculinidade predomina sobre a feminilidade. Os femininos são aqueles em que a feminilidade predomina sobre a masculinidade. Andrógenos são caracterizados por indivíduos 5 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. cuja masculinidade e feminilidade apresentou equilíbrio, não havendo diferença significativa. Os resultados encontrados revelam a masculinidade, feminilidade e androginia das atletas de Futsal e Voleibol de acordo com o esquema gráfico proposto por Giavoni (2000), onde definem se o Esquema Masculino (EM) e o Esquema Feminino (EF), como duas dimensões independentes do autoconceito, utilizando dois vetores gerando um espaço bidimensional. A soma vetorial destes vetores resulta numa bissetriz que divide o plano em duas áreas: área do esquema masculino e a área do esquema feminino. EM 4 3 2 1 45 0 EF 1 2 3 4 Figura 1 – Bissetriz que divide ao meio o plano gerado pelos vetores EM e EF. Fonte: Giavoni (2000). Para encontrar os resultados foi utilizada a inferência estatística através do teste t de Student. Estabelecemos um nível de significância de 5% (valor que especifica a margem de erro indicado pela letra p, ou seja, p = 0,05). F EM 4 V F) Jogadoras de Futsal – 2,99 V) Jogadoras de Voleibol – 2,55 3 2 1 0 EF 1 2 3 4 Figura 2 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator masculino arrojamento, em escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>. Analisando a figura 2, as atletas de Futsal obtiveram uma média de 2,99 enquanto as atletas de Voleibol obtiveram a média de 2,55. O valor encontrado 6 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. através do teste t foi p = 0,000. Este valor é considerado estatisticamente significativo, pois, para obter significância, o valor de P deve ser menor que 0,05. À nível de significância de 5% ( p< 0,05), observa-se que houve diferença estatisticamente significativa, constatando-se que as atletas de Futsal se autoconceituaram mais masculinas que as atletas de Voleibol, no fator masculino Arrojamento. F EM 4 V F) Jogadoras de Futsal – 1,60 V) Jogadoras de Voleibol – 1,06 3 2 1 0 EF 1 2 3 4 Figura 3 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator masculino egocentrismo, em escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>. Em análise a figura 3, as atletas de Futsal obtiveram uma média de 1,60 enquanto as atletas de Voleibol obtiveram a média de 1,06, onde p = 0,000. Observa-se que houve uma diferença significativa com tendência maior à masculinidade das atletas de Futsal em relação às atletas de Voleibol no fator masculino egocentrismo. F EM V 4 F) Jogadoras de Futsal – 1,55 V) Jogadoras de Voleibol – 0,95 3 2 1 0 EF 1 2 3 4 Figura 4 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator masculino negligência, em escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>. Analisando a figura 4 onde as atletas de Futsal obtiveram uma média de 1,55 enquanto as atletas de Voleibol obtiveram a média de 0,95 e p= 0,000. Observa-se que houve uma diferença significativa ficando as atletas de Futsal com maior 7 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. tendência a masculinidade em relação às atletas de Voleibol em relação ao fator negligência. EM 4 F) Jogadoras de Futsal – 2,13 V) Jogadoras de Voleibol – 1,76 V 3 F 2 1 0 EF 1 2 3 4 Figura 5 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator feminino sensualidade, em escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,002>. Em análise a figura 5 as atletas de Futsal obtiveram uma média de 2,13 e as atletas de Voleibol uma média de 1,76, o valor encontrado foi p= 0,002. Com este valor a um nível de significância de 5% (p< 0,05) observa-se que houve diferença significativa ficando as atletas de Voleibol com maior tendência a androginia no fator Sensualidade. EM 4 F) Jogadoras de Futsal – 1,44 V) Jogadoras de Voleibol – 1,04 V 3 F 2 1 0 EF 1 2 3 4 Figura 6 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator feminino inferioridade, em escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,000>. Na figura 6 que analisa o fator inferioridade, as atletas de Futsal obtiveram uma média de 1,44 e as atletas de Voleibol obtiveram uma média de 1,04 e o valor encontrado foi p = 0,000. Sendo assim, as atletas de Voleibol tiveram maior tendência à androginia em relação às atletas de Futsal no que se refere ao fator feminino Inferioridade. 8 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. EM 4 F) Jogadoras de Futsal – 3,01 V) Jogadoras de Voleibol – 2,95 3 V 2 F 1 0 EF 1 2 3 4 Figura 7 – Médias de escores de auto-conceito de gênero para o fator feminino ajustamento, em escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. <p=0,819>. Na análise da figura 7, resultado da comparação entre as atletas de Futsal e Voleibol no fator feminino Ajustamento, o valor encontrado foi uma media de 3,01 para as atletas de Futsal, 2,95 para as atletas de Voleibol e p= 0,819, a nível de significância de 5% ( p< 0,05) nota-se que não houve diferença significativa no fator ajustamento em relação aos dois grupos. EM 4 F F: V: V 3 Fator Masc Fator Fem 2,05 2,19 1,52 1,92 2 1 0 EF 1 2 3 4 Figura 8 – Médias geral de escores de auto-conceito de gênero, em escala de 0 a 4, das atletas de Futsal e Voleibol. Em análise à figura 8, após feita a média geral dos fatores de escala feminina e masculina do IFEGA em ambos os grupos, as atletas de Futsal obtiveram uma média de 2,05 nos fatores masculinos e 2,19 nos fatores femininos enquanto as atletas de Voleibol obtiveram uma média de 1,52 nos fatores masculinos e 1,92 nos fatores femininos, observando assim que houve maior tendência a androginia por parte das atletas de Futsal se comparadas as atletas de Voleibol. 9 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Ao compararmos os resultados encontrados para o grupo de Futsal e Voleibol pudemos verificar que houve diferença estatisticamente significativa (p<0,05) nos fatores: Arrojamento, que segundo Giavoni (2000) comportamentos que condizem com uso da razão: praticidade, determinação e lógica. [...] onde a participação feminina pudesse ser efetivada, perfazendo níveis de atuação que incluíssem determinação e técnica equivalente as dos homens. Independente do gênero, para prática do futebol de alto nível é necessário o desenvolvimento de numerosas capacidades motoras, técnicas, táticas e psicológicas (DAUTY et al, 2002 apud OLIVEIRA et al, 2006). Egocentrismo, para Giavoni (2000) condiz com fator que focaliza o “eu” como centro de todo interesse, avalia comportamento relacionado à agressividade autoritarismo e insensibilidade e o fator negligência que está relacionado a descuido da imagem e aparência física. Segundo Elmôr (2002) apud Soares, Assis e Sousa (2007), jogos como futebol, antes exclusivo do sexo masculino, ao longo do seu desenvolvimento, transmite à autoridade, o ataque, a defesa, o combate e a luta como habilidades, competências e valores essenciais ao mundo dos homens. Sendo assim, desde cedo o futebol tornou-se um esporte essencialmente masculino. Nos fatores de escala feminina (sensualidade, inferioridade e ajustamento), apenas ajustamento não apresentou diferença significativa. Sensualidade, segundo Giavoni (2000), focaliza auto imagem e sua influência na interação com os outros, charme, sedução, expressos na beleza física, vaidade e elegância. Inferioridade focaliza aspectos de insegurança e o ultimo fator da escala feminina Ajustamento que avalia princípios e valores, moralidade, lealdade, fidelidade e honestidade. No estudo de Cox e Liu (1993) apud OLIVEIRA et al (2006) com atletas chineses e americanos das modalidades atletismo, basquete, vôlei e natação, as únicas diferenças constatadas, ao se avaliar o grupo de uma maneira geral, foram um maior nível de confiança e uma maior motivação entre os atletas homens, quando comparados às mulheres. O Voleibol foi julgado compatível com a natureza feminina por ser um esporte sem contato físico e por permitir movimentos suaves que expressavam a sensualidade (SILVEIRA, 2007). Poucos estudos foram realizados sobre gêneros em diversas modalidades esportivas, é uma área que esta em ascensão. O estudo da Giavoni (2000) que tivemos como base desse trabalho que foi um grande avanço nesta área da psicologia. Outro estudo sobre gênero no esporte é o de Soares, Assis e Sousa (2007), que teve como objetivo avaliar os esquemas de gênero presentes no autoconceito nos homens que dançam utilizando a sensualidade e movimentos que na sua maioria são classificados como leves suaves e delicados, em comparação aos praticantes de Futebol que preconiza a força, a potência e a agressividade. Para este estudo, o autor com a participação voluntária de 15 bailarinos amadores do sexo masculino e 15 jogadores de futebol amador do sexo masculino, todos residentes da região do Vale do Aço. Como conclusão na comparação entre os grupos pesquisados, através da análise descritiva do questionário IMEGA (Inventário Masculino dos Esquemas do Gênero do Autoconceito), o grupo de bailarinos apresentou-se mais andrógeno que os jogadores de Futebol (SOARES; ASSIS; SOUSA, 2007). 10 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 – Fev/Jul. 2009. CONCLUSÃO Conclui-se, para a média geral entre os fatores masculinos e femininos do autoconceito, que as jogadoras de Futsal apresentaram tendência a se autoconceituarem com maior predomínio de androginia enquanto as jogadoras de voleibol ao de feminilidade, embora não se possa atribuir à prática do esporte esta característica dos entrevistados, pois ainda resta uma dúvida, que poderá ser resolvida em futuros estudos: as jogadoras procuram o esporte devido às suas características, que mais se adaptam às exigências da modalidade ou moldam seu comportamento após terem aderido à sua prática: uma questão para reflexões sobre a psicologia social. REFERÊNCIAS ALDEMAN, Miriam. Mulheres atletas: re-significações da corporalidade feminina. Revista Estudos Feministas. v.11 n.2 Florianópolis, 2003. Disponível em Internet. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104026X2003000200006&lng=pt&nrm=iso#back1. Acesso em 20 Ago. 2007. ADELMAN, Miriam & GOELLNER, Silvana. 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