QUESTÃO 01 Em Sobre a brevidade da vida, Sêneca parte da opinião comum de que “a vida é breve”, e discorda dela. Para demonstrar sua tese, ele propõe uma reflexão sobre a ocupação e o ócio: É muito breve a vida dos ocupados [...] A vida divide-se em três períodos: o que foi, o que é e o que há de ser. Destes, o que vivemos é breve; o que havemos de viver, duvidoso; o que já vivemos, certo. [...] Eis o que escapa aos ocupados, pois eles não têm tempo de reconsiderar o passado e, mesmo se tivessem, serlhes-ia desagradável a recordação de uma coisa da qual se arrependem. [...] É próprio de uma mente segura de si e sossegada poder percorrer todas as épocas de sua vida; mas o espírito dos ocupados, tal como se estivesse subjugado, não pode se voltar sobre si mesmo e se examinar. Portanto sua vida se precipita num abismo [...]. É extremamente breve a vida dos que esquecem o passado, negligenciam o presente e receiam o futuro; quando chegam ao termo de suas existências compreendem tardiamente que estiveram ocupados em nada fazer. .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. ......... Portanto anseiam por uma ocupação qualquer, e todo intervalo de tempo entre duas ocupações lhes é um fardo. [...] A espera de qualquer coisa por que anseiam lhes é penosa, mas aquele instante que lhes é grato corre breve e rápido e torna-se muito mais breve por sua própria culpa, pois passam de um prazer a outro e não podem permanecer fixos num só desejo[...]. Perdem o dia na espera da noite, a noite, de medo da aurora . [...] Em meio a grandes labutas, conseguem o que desejam e ansiosos conservam o que conseguiram; entretanto não têm consciência de que o tempo nunca mais há de voltar. Novas ocupações seguem-se às antigas, a esperança suscita esperança; a ambição, ambição. Não procuram um fim às misérias, mas mudam seu assunto. .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. .......... Tendo aquele obtido os cargos com que tanto sonhava, deseja abandoná-los e repete incessantemente: “Quando este ano passará?”. .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. ........... Dentre todos os homens, somente são ociosos os que estão disponíveis para a sabedoria ... SÊNECA. Sobre a brevidade da vida. São Paulo: Nova Alexandria, 1993. 3 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG v 2002 .Nº de inscrição-dígito Com base na leitura desses trechos e em outros conhecimentos presentes nessa obra de Sêneca, 1- EXPLIQUE por que, segundo o autor, manter-se ocupado é, na verdade, uma perda de tempo. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 2- JUSTIFIQUE por que, segundo o autor, a filosofia representa a verdadeira maneira de viver. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 4 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG QUESTÃO 02 v 2002 Leia estes trechos: TRECHO 1 Considero paradigmas as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, forneceram problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência. .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. .......... Homens cuja pesquisa está baseada em paradigmas compartilhados estão comprometidos com as mesmas regras e padrões para a prática científica. Esse comprometimento e o consenso aparente que produz são pré-requisitos para a ciência normal, isto é, para a gênese e continuação de uma tradição de pesquisa determinada. KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1975. p. 13 e 30. TRECHO 2 De tempos em tempos, teorias aparentemente sólidas e brilhantes como diamantes são destruídas por outras teorias emergentes, que mostram as falhas da anterior e apontam novos caminhos. A situação é absolutamente natural. Os problemas começam quando uma velha lei da ciência é derrubada e não se sabe o que colocar no lugar. Pesquisa FAPESP, nov. 2000. p. 38. A partir das idéias contidas nesses trechos, 1- COMENTE a noção de paradigma neles presente. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 5 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG v 2002 .Nº de inscrição-dígito 2- DÊ dois exemplos dessa mesma noção retirados da história da ciência. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 6 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG QUESTÃO 03 v 2002 Leia este trecho: O homem é, antes de mais nada, um projeto que se vive subjetivamente, em vez de ser um creme, qualquer coisa podre ou uma couve-flor; nada existe anteriomente a este projeto; nada há no céu inteligível, e o homem será antes de mais o que tiver projetado ser. Não o que ele quiser ser. Porque o que entendemos vulgarmente por querer é uma decisão consciente e que, para a maior parte de nós, é posterior àquilo que ele próprio se fez. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me; tudo isso não é mais do que a manifestação duma escolha mais original, mais espontânea do que o que se chama de vontade. Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. ………………………………………………………………………....................................................................................................................................................................................................................…… ………………… Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. ……………………………………………………………………..................................................................................................................................................................................................................………… ……………… …o homem, sem qualquer apoio e sem qualquer auxílio, está condenado a cada instante a inventar o homem. SARTRE, Jean Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 6, 9 e 10. Com base na leitura desse trecho e em outros conhecimentos presentes nessa obra de Sartre, 1. EXPLIQUE com as suas próprias palavras o que o autor quer dizer ao afirmar que a existência “a existência precede a essência. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 7 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG v 2002 .Nº de inscrição-dígito 2. ARGUMENTE a favor de ou contra a idéia do autor de que o “o homem está condenado a ser livre”. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 8 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG QUESTÃO 04 v 2002 Leia estes trechos: TRECHO 1 Não tento, Senhor, penetrar na tua profundeza, porque de modo algum comparo a ela minha inteligência, mas desejo, ao menos, compreender tua verdade, em que meu coração crê e ama. Com efeito, não procuro compreender para crer, mas creio para compreender. SANTO ANSELMO. Proslógion, cap . I . TRECHO 2 Há, com efeito, duas ordens de verdades que afirmamos de Deus. Algumas são verdades referentes a Deus e que excedem toda capacidade da razão humana, como, por exemplo, Deus ser trino e uno. Outras são aquelas as quais a razão pode admitir, como, por exemplo, Deus ser, Deus ser uno, e outras semelhantes. Estas os filósofos, conduzidos pela luz da razão natural, provaram, por via demonstrativa, poderem ser realmente atribuídas a Deus. ................................................................................................................................................... ............................ Embora a supracitada verdade da fé cristã exceda a capacidade da razão humana, os princípios que a razão têm postos em si pela natureza não podem ser contrários àquela verdade. SANTO TOMÁS DE AQUINO. Suma contra os gentios L. I, c. III, 2 e L. I, c. VII, 1. Porto Alegre: Sulina,1990. A partir das idéias contidas nesses trechos, 1. IDENTIFIQUE as duas formas de conhecimento neles referidas. A. ________________________________________________________________________ __________ B. ________________________________________________________________________ __________ 2. EXPLIQUE que tipo de relação os autores medievais citados estabelecem entre essas duas formas de conhecimento. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 9 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG v 2002 .Nº de inscrição-dígito QUESTÃO 05 Leia este trecho: Enquanto os homens se contentaram com suas cabanas rústicas, enquanto se limitaram a costurar com espinhos ou com cerdas suas roupas de peles [...] – em uma palavra: enquanto só se dedicaram a obras que um único homem podia realizar, e a artes que não solicitavam o concurso de várias mãos, viveram tão livres, sadios, bons e felizes quanto o poderiam ser por sua natureza, e continuaram a gozar entre si das doçuras de um comércio independente; mas, desde o instante em que um homem sentiu necessidade da ajuda de outro, desde que se percebeu ser útil a um só contar com provisões para dois, desapareceu a igualdade, introduziu-se a propriedade, o trabalho tornou-se necessário e as vastas florestas transformaram-se em campos aprazíveis que se impôs regar com o suor dos homens e nos quais logo se viu a escravidão e a miséria germinarem e crescerem com as colheitas. ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 264-265. A partir das idéias contidas nesse trecho e em outros conhecimentos presentes nessa obra de ROSSEAU, COMENTE a relação estabelecida pelo autor entre progresso e desigualdade. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 10 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG QUESTÃO 06 v 2002 Leia esta afirmação: “Os homens normais não sabem que tudo é possível.” David Rousset, citado por Arendt, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 337. Observe esta fotografia: REDIJA um texto estabelecendo uma correlação entre a fotografia e a citação. ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ 11 PROVA DE FILOSOFIA ESTIBULAR UFMG v 2002 .Nº de inscrição-dígito ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________ ________________________________________________________________________ ____________