Universidade Federal do ABC BC0506 – Comunicação e Redes Comunicação de informação biológica nas redes biológicas Atividade da aula 9 Grupo 23 Larissa Setsue Tagino Ishikawa 11032109 Patrícia Batista Sakagami 11126609 Sílvia Helena de Barros Alves 11127710 Profa. Sílvia Cristina Dotta Santo André, 26 de Julho de 2011 INTRODUÇÃO As redes complexas descrevem uma grande variedade de sistemas na natureza e na sociedade [1]. O desejo de entender os sistemas reais motivou o estudo das redes complexas por pesquisadores de diversas áreas, como físicos, matemáticos, biólogos, engenheiros e sociólogos. O estudo das redes, através da teoria de grafos, é um dos pilares fundamentais da matemática discreta. Como a área de redes complexas é recente, ainda não existe uma definição precisa para o conceito de redes complexas, mas, de forma geral, pode-se dizer que as redes complexas são redes com propriedades topológicas não triviais ou diferentes do que seria esperado. Redes biológicas são redes que envolvem interação entre entidades biológicas. Os principais exemplos deste tipo de rede são as redes de: metabolismo, interação entre proteínas, neurônios, cadeia alimentar e vasos sanguíneos [2]. No presente trabalho, abordaremos os temas cadeia alimentar e propagação de epidemias como sistemas complexos. OBJETIVOS ― Dar informações basais acerca do que são: sistemas complexos e dois exemplos de redes biológicas: cadeia alimentar e epidemia; ― Abordar estas redes biológicas como sistemas complexos; ― Discutir acerca da modelagem das redes biológicas como sistemas complexos. 1.1. O QUE SÃO SISTEMAS COMPLEXOS As definições precisas do que venha a ser um sistema complexo são raras, praticamente inexistentes. Geralmente, faz-se uso das características típicas que perfazem esse sistema para caracterizá-lo. Suas características principais são [3]. (i) Os sistemas complexos, em sua maioria, são compostos de componentes extremamente simples, mas que em conjunto, geram um comportamento cooperativo extremamente complicado. O comportamento do todo é bastante diferente do comportamento das partes. (ii) A evolução temporal é geralmente controlada por uma dinâmica não linear, eventualmente levando a um comportamento caótico. A isso significa que o sistema responde de uma maneira altamente não linear a qualquer estímulo externo como, por exemplo, o calor específico e a susceptibilidade inerente a um sistema magnético. Outro exemplo é um sistema que apresenta transição de fase a uma dada temperatura. Próximo à transição, o efeito cooperativo gera ordem de longo alcance. Devemos considerar amostras do sistema da ordem de grandeza do comprimento de correlação, que diverge na temperatura de transição. (iii) O sistema como um todo (macroscópico), geralmente apresenta um grande número de configurações metaestáveis (ou de tempo de vida relativamente longo) com propriedades consideravelmente diferentes daquelas de seus elementos isolados; (iv) Eles freqüentemente apresentam padrões espaço-temporais fractais ou multifractais, que, às vezes, se constituem de modo auto-organizados; (v) Aqueles fenômenos que nos sistemas não complexos são regidos por leis exponenciais, nos Sistemas Complexos, costumam apresentar leis de potências, por exemplo, se desejarmos prever o tamanho de uma maré, temos uma noção clara da resposta, no entanto se quisermos saber qual será o tamanho de um terremoto a resposta não é tão clara assim. 1.2. O QUE SÃO CADEIAS ALIMENTARES Dentro de um ecossistema, a matéria está constantemente ciclando, ou seja, o que os seres vivos retiram do ambiente, eles devolvem. Além da matéria, a energia passa por todos os componentes desse ciclo, porém, enquanto a matéria circula a energia flui, assim a energia não retorna ao ecossistema, como a matéria. Essa constante passagem de matéria e energia de um nível para outro, chamamos de cadeia alimentar, que tem como definição uma seqüência de eventos consecutivos de relação de alimentação por um grupo de organismos com necessidades semelhantes, quanto à fonte principal de alimento, formando níveis tróficos que englobam os produtores, consumidores e decompositores [4]. Um verdadeira situação encontrada em um ecossistema é a teia alimentar, que é constituída por várias cadeias alimentares interligadas ocorrendo simultaneamente, onde desempenham vários papeis determinados: Produtores e consumidores: Toda matéria orgânica consumida como alimento pelos heterótrofos é produzida pelos seres autótrofos. Dessa maneira, os primeiros são chamados de produtores, e os segundos de consumidores. Alguns organismos possuem alimentação diferenciada, sendo denomidaos de onívoros (do latim omnis, tudo e vorare, comer, devorar). Existem os organismos que comem carne (carnívoros) ou vegetais (herbívoros). Decompositores: Tanto os produtores como os consumidores, ao morrer, servem de alimento a certos fungos e bactérias, contudo, para obter energia, eles decompõem a matéria orgânica dos cadáveres. FLORA Produtores Formado por todos os componentes fotossintetizantes, os quais produzem seu próprio alimento (autótrofos) tais como gramíneas, ervas rasteiras, liquens, arbustos, trepadeiras e árvores; FAUNA Consumidores primários São todos os herbívoros, que no caso dos ecossistemas terrestres tratam-se de insetos, roedores, aves e ruminantes; Consumidores Secundários Alimentam-se diretamente dos consumidores primários (herbívoros). São formados principalmente por carnívoros de pequeno porte; Consumidores terciários Tratam-se de consumidores de porte maior que alimentam-se dos consumidores secundários; decompositores Esta categoria não pertence nem a fauna e nem a flora, sendo composta por fungos e bactérias. Tabela 1. Ecossistema Terrestre 1.3. O QUE SÃO EPIDEMIAS Uma doença é considerada endêmica quando ocorre em uma dada região específica ou em uma população, com taxas de prevalência e incidência relativamente altas em comparação com as observadas em outras populações ou regiões. São determinadas condições do meio ambiente ou do próprio hospedeiro que se modificam e aí uma doença endêmica pode evoluir para epidêmica. O que caracteriza uma epidemia é a rápida ocorrência da doença contagiosa, em grande número de habitantes, numa comunidade ou região, em um dado momento. As epidemias ocorrem geralmente quando a população de uma determinada região entra em contato, pela primeira vez, com um novo agente patogênico (vírus, bactéria) que provoca um desequilíbrio do sistema, conferindo-lhe vantagem. Uma epidemia pode acontecer também quando ocorre uma mutação do agente patogênico, surpreendendo o sistema imunológico das pessoas [5]. Para se estudar uma epidemia, não basta a pura e simples observação de um único indivíduo ou pequeno grupo, mas sim de um conjunto bem amplo, o que torna a observação muito mais complexa. Esse efeito produzido pela coletividade e cooperação entre as partes é uma das características dos sistemas complexos. As redes complexas são o suporte natural para o estudo da propagação das doenças infecciosas. A transmissão da doença dá-se segundo uma rede de contatos que depende da distribuição espacial da população, dos seus padrões de mobilidade e também do mecanismo de infecção, mas que inclui sempre uma combinação de transmissão local e uma de longa distância [4]. 2.1 MODELAGEM DE CADEIA ALIMENTAR COMO UM SISTEMA COMPLEXO As redes são utilizadas pelos ecologistas para quantificar a interação entre várias espécies. Na figura abaixo está representada uma cadeia alimentar. Os nós (bolinhas) são as espécies, as arestas (linhas), que são dorecionais, representam os relacionamentos predador-presa entre elas e as cores representam os níveis tróficos constituintes. Figura 1. Rede de Cadeia alimentar Dentro de um sistema complexo, cada animal tem sua função dentro da cadeia biológica. Um exemplo é o pássaro denominado tié-sangue (Ramphocelus bresilius). Este carrega sementes de árvores frutíferas, do qual é grande dispersor, e uma vez retirado da natureza, causaria um enorme impacto ambiental, comprometendo de maneira significativa toda a cadeia alimentar que dependesse das árvores frutíferas que ele espalha. No ecossistema terrestre, por exemplo, os mamíferos constituem o grupo mais vulnerável à perturbação ambiental, o que faz com que sejam bons indicadores do grau de conservação de determinadas áreas. A ocupação de novas áreas para muitas espécies é difícil, não apenas pelas barreiras físicas, mas também devido a características comportamentais, assim como o habitat restrito ou grande territorialidade [4]. Os impactos sobre a vegetação e as florestas em geral, acarreta em efeitos diretos na fauna pela redução, aumento ou alteração de variáveis básicas na sobrevivência das espécies: abrigo e alimentação. Qualque ação , por menos que seja, tem efeito relevante na natureza, dentre todas as alterações nas inter-relações que pode causar, o que a torna um sistema complexo. 2.2. MODELAGEM DE EPIDEMIA COMO UM SISTEMA COMPLEXO Com o auxílio de plataformas e outros recursos e teorias computacionais como autômatos celulares, é possível modelar epidemias como sistemas complexos e simular eventos nesses modelos. A simulação de eventos epidêmicos pode ser de grande valor para órgãos de saúde pública. Um exemplo de modelagem de epidemia é o Processo de Contato (PC) [5]. Seja uma rede unidimensional, onde cada sítio pode estar ocupado (ativo, contaminado) ou vazio (inativo, curado) conforme ilustra a rede unidimensional de comprimento L=N onde N é o número de sítios na Figura 1, abaixo. Figura 2: Rede unidimensional de comprimento L= N sítios. As regras para o PC, ilustradas pela Figura 2 abaixo, consiste em visitas aleatórias aos sítios com intuito de contaminar ou curar as partículas. Figura 3: Regras para o processo de contato (PC). As caras escuras correspondem a partículas contaminadas. As caras claras a partículas curadas. A contaminação de uma partícula se dá quando ela é visitada e tem como vizinhos tanto da direita como da esquerda, partículas contaminadas. Caso um dos sítios vizinhos não contenha uma partícula contaminada, ela terá uma chance de 50% de ser contaminada ou não, independente de que lado esteja o sítio contaminado. A cura de uma partícula se dá mediante a probabilidade “p”, chamada probabilidade de cura, gerada aleatoriamente. A cura independe da condição das partículas vizinhas. Caso o sítio visitado já contenha uma partícula curada, nada acontece. O parâmetro de ordem do PC é a densidade de partículas contaminadas que vai a zero no estado absorvente (estado sem atividade). Para o PC, este estado acontece quando todas as partículas foram curadas. Observa-se que este modelo possui as características de um sistema complexo: emergência, imprevisibilidade, auto-referência, retroalimentação, descentralização. CONCLUSÃO A partir dos dados abordados, podemos concluir que sistemas complexos abrangem conceitos dos mais diversos temas auxiliando para um melhor entendimento do assunto, seja ele de qualquer ciência. Dessa maneira, é possível associar estes com sistemas ecológicos, exemplificando a interação que ocorre na natureza entre seres-vivos e o que os mantém em equilíbrio tanto entre eles quanto para com o ambiente. No caso, uma teia alimentar é uma maneira prática de relacionar cada nível de trófico e mostrar a direção desses níveis e seus respectivos participantes. Já no caso da epidemia, além dos fatores que influenciam uma emancipação de doenças, é possível juntar também a direção que a mesma pode ter assim como a probabilidade de acontecer. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Albert, R.; Barabási, A., 2002, Statistical mechanisms of complex networks. Reviews of Modern Physics, Vol. 74, pp. 47-97. [2] Newman, M. E. J., 2003, The structure and function of complex networks. SIAM Review, Vol. 45, pp. 167-224. [3] SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA. Física para o Brasil: pensando o futuro. 2005. ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2005.. [4] Portal EcoDebate: Cidadania & Meio Ambiente; Fauna, Artigo de Roberto Naime; Publicado em 05 de maio de 2011. Último acesso em 26 de julho de 2011.http://www.ecodebate.com.br/2011/05/05/fauna-artigo-de-robertonaime/ [5]dos Santos, Frederico Lemos; Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Centro de Biociências; Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas; Estudo das Propriedades Críticas do Processo Epidêmico por Par com Difusão de Pares; dos Santos; 2009. Último acesso em 26 de julho de 2011 http://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/FredericoLS_DISSERT.pdf