Elias Santana - Blog Gran Cursos Online

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FUNDAMENTAÇÃO DE RECURSO DE ELIAS SANTANA
GRAMÁTICA – TÉCNICO
QUESTÃO 1
GABARITO PRELIMINAR DA BANCA: C
SUGESTÃO: Alteração do gabarito
Comentário: Sugere-se à banca a alteração do gabarito da questão 1, de CERTO para ERRADO, uma vez que
a expressão “mas também” introduz semântica aditiva, e não opositiva, conforme sugere o item. No trecho
“Falamos não só de uma crise ecológica, mas também de uma crise civilizatória de amplas dimensões”,
percebe-se que o objetivo do texto é dizer que “falamos tanto de uma crise ecológica quanto de uma crise
civilizatória de amplas dimensões” ou “falamos de crise civilizatória e de uma crise de amplas dimensões”.
Acerca disso, afirma Bechara (2009)
“A expressão enfática da conjunção aditiva “e” ´pode ser expressa pela série “não só...mas também” e
equivalentes.”
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2009, p. 321.
Almeida (2005) apresenta uma lista de locuções conjuntivas de valor aditivo. Entre elas, aparece, novamente,
“não só...mas também”.
ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. 45ª ed. São Paulo, Saraiva, 2005, p. 350.
No texto, há a ocorrência da série “não só...mas também”, que é, para o gramático supracitado, uma forma
aditiva enfática. Ademais, cabe observar que, pela semântica textual, não há oposição entre as informações
coordenadas.
Questão 25
GABARITO PRELIMINAR DA BANCA: E
SUGESTÃO: Alteração do gabarito
A respeito da questão de número 26 da prova de técnico, discordamos do gabarito preliminar, pois os
compêndios gramaticais abonam o vocábulo "quanta" como pronome interrogativo, mesmo em frases não
interrogativas. Eis as abonações a seguir:
CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da língua portuguesa. 8ª ed. Rio de Janeiro: Fename, 1982, pp. 343 e
346.
Sobre os pronomes interrogativos, o gramático diz: "Os pronomes interrogativos estão estreitamente ligados
aos indefinidos. (...) Estes pronomes são também frequentemente usados nas exclamações...". Eis alguns
exemplos do Celso Cunha sobre o "que" e sobre o "quanto" na página 346: "Que tristeza e que sossego!";
"Quanta coisa vista, vivida e ultrapassada!"; "Oh! quanta graça e formosura adorna/ Teu rosto eloquente e
vivo!".
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2009, p. 170.
Sobre os pronomes interrogativos, o gramático diz: "Estes interrogativos saem normalmente dos pronomes
indefinidos e por isso costumam ser chamados 'indefinidos interrogativos'. Aparecem ainda nas exclamações,
e neste caso o 'que' [por inferência, o 'quanto' também] adquire sentido francamente intensivo: 'Que susto
levei!'...".
ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. 45ª ed. São Paulo, Saraiva, 2005, p. 200.
Sobre os pronomes interrogativos, o gramático diz: "É importante observar que uma palavra que se presta
para interrogações pode prestar-se igualmente para admirações: 'Quantos soldados tem você?'; 'Quantos
soldados tem você!'...".
Tendo em vista as lições acima, concluímos que três pontos devem ser levados em conta: 1) por mais que a
frase do texto da prova não termine em ponto de exclamação ("Quanta inútil retórica se tem desperdiçado
para provar... o conhecimento do abc."), a curva de entoação frasal é ascendente, o que indica a natureza
interrogativa do pronome "quanta"; 2) o pronome interrogativo "quanto", assim como o "que", tem sentido
francamente intensivo, pois intensifica o valor do sintagma nominal "inútil retórica"; 3) o pronome
interrogativo "quanta" é usado num contexto de admiração, indicando uma modalização discursiva no tom
do enunciador, isto é, dizer em tom exclamativo "Quanta inútil retórica se tem desperdiçado para provar...
o conhecimento do abc." poderia prestar-se para um tom interrogativo ("Quanta inútil retórica se tem
desperdiçado para provar... o conhecimento do abc?") suscita a interpretação de que ele (o enunciador) fica
admirado da quantidade de argumento inútil que se usa tentando provar algo do qual ele discorda.
Desse modo, pedimos cordialmente que levem em conta a argumentação acima, ensejada pelas lições de
gramáticos insuspeitos, e revejam o gabarito informado anteriormente.
Elias Santana - Licenciado em Letras - Língua
Portuguesa e Respectiva Literatura - pela Universidade de
Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área
de concentração "Gramática - Teoria e Análise", com
enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da
Secretaria de Educação do DF, além de professor em
vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de
gramática, redação discursiva e interpretação de textos.
Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão,
recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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