UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA Modelo de Análise Preliminar de Desempenho do Projeto Arquitetônico e sua Influência na Viabilidade Econômica do Empreendimento Augusto César Rangel Ramos Arquiteto Bruno Nagem Cardoso Engenheiro Civil Salvador 2003 Augusto César Rangel Ramos Arquiteto Bruno Nagem Cardoso Engenheiro Civil Modelo de Análise Preliminar de Desempenho do Projeto Arquitetônico e sua Influência na Viabilidade Econômica do Empreendimento Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gerenciamento de Obras da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. ORIENTADOR: PROFESSOR DR. EMERSON FERREIRA Salvador 2003 Sumário Resumo................................................................................................. 1 Abstract................................................................................................ 2 1.0 Introdução....................................................................................... 3 2.0 Proposição.......................................................................................4 3.0 Discussão........................................................................................5 3.1. Indicadores de Desempenho do Projeto Arquitetônico...........5 3.2. Apresentação das Tabelas do Modelo Desenvolvido.............13 3.3. Estudo de Caso: Empresarial Antoni Gaudi ..........................14 3.4. Estudo de Caso: Residencial Pontal Pituba ...........................16 4.0 Conclusão......................................................................................36 5.0 Referências Bibliográficas............................................................37 A todos aqueles, que direta ou indiretamente, contribuíram de alguma maneira para o sucesso desta empreitada. Muito Obrigado. “Não é triste mudar de idéias; triste é não ter idéias para mudar.” Barão de Itararé Resumo Dentro de um segmento tão importante e relevante para qualquer economia como é a construção civil, e tratando-se de uma atividade que envolve altíssimos investimentos e resulta na produção de bens de alto valor agregado, em um mercado altamente competitivo e dinâmico, não é difícil avaliar a importância de termos uma ferramenta prática, ágil e eficiente para auxiliar na tomada de decisões, possibilitando fazermos uma análise prévia da viabilidade e rentabilidade provável de um empreendimento, ainda nas fases iniciais do estudo, quando, normalmente, só dispusemos de um esboço do projeto arquitetônico. Tão importante quanto um profundo conhecimento do mercado para definir-se as características de um novo produto, para procedermos de forma eficaz a análise econômico-financeira de sua viabilidade, é necessário estabelecer critérios e parâmetros para avaliar quão eficiente é o projeto arquitetônico deste novo empreendimento. Não apenas identificarmos virtudes e oportunidades de melhoria, mas termos parâmetros para mensurar objetivamente a qualidade do projeto quanto ao seu desempenho econométrico, podendo fazer análises comparativas, estabelecendo parâmetros mínimos e ou desejáveis a serem alcançados e até estabelecermos os “benchmarks” para cada tipologia. Dispor destas ferramentas já na fase de análise preliminar é fundamental por dois aspectos principais. Em primeiro lugar por se tratar da fase inicial onde há total margem para atuação, realizando ajustes e modificações ou até mesmo a adoção de um novo modelo completamente diferente. Em segundo lugar, porque todas as melhorias possíveis de serem obtidas no decorrer do processo, nas diversas fases seguintes, tais como concepção, coordenação e gerenciamento dos projetos complementares e gestão da obra, estão diretamente relacionadas, e principalmente, condicionadas pelo projeto arquitetônico. Abstract Inside of a so important segment for any economy as it is the civil construction, and talking about an activity that involves highest investments and results in the production of goods of high added value, in a competitive and highly dynamic market, it is not difficult to evaluate the importance of having a practical, agile tool and efficient to assist in the taking of decisions, being made possible to make a previous analysis of the viability and probable yield of an enterprise, still in the initial phases of the study, when, normally, we only have available an sketch of the architectural project. As important as a deep knowledge of the market to define the characteristics of a new product, to proceed of the efficient way the economic and financial analysis of its viability, is necessary to establish criteria and parameters to evaluate how efficient is the architectural project of this new enterprise. In addition to identify virtues and chances of improvement, we will have parameters to evaluate right the way the quality of this project, how much to its econometrical performance, being able to make comparative analyses, establishing minimum and or desirable parameters to be reached and until establishing benchmarks for each kind of project. Making use of these tools already in the preliminary phase of the analysis, It is basic for two main aspects. First of all for dealing with the initial phase, where it is totally possible carrying through adjustments and modifications or in the other hand, the adoption of a new completely different model. After that, comes in the second place in our point of view, all the possible improvements to be gotten in elapsing of the process, in the diverse following phases, such as conception, coordination and management of the complementary projects and management of the workmanship, directly are related and mainly conditioned for the architectural project. 1.0 INTRODUÇÃO: A atividade de empreender em construção civil pode ser, ao nosso ver, basicamente resumida em três principais fases que se completam e interagem: 1ª Fase: Análise da Viabilidade Estática do Empreendimento – que é altamente induzida pela concepção do Projeto Arquitetônico; 2ª Fase: Análise de Viabilidade Dinâmica e Riscos – que depende da projeção de cenários e da utilização de técnicas para análises econômicas e financeiras tais como TIR, VPL, Fluxo de Caixa, Pay Back, entre outras ferramentas; 3ª Fase: Gestão de Processos – Seria a fase referente a construção, tanto no que se refere a execução, compatibilização e coordenação dos projetos complementares, quanto aos processos administrativos e gerenciais da obra em si. O enfoque deste trabalho será dado à fase de Análise da Viabilidade Estática, devido a fatores de ordem cronológica. Isso porque é, obrigatoriamente, onde o processo se inicia, com a análise da concepção do projeto arquitetônico e do seu desempenho econométrico e devido a grande oportunidade de intervenção que é inerente a esta fase de concepção do produto. Além disto esta etapa é totalmente objetiva e monitorável, o que não ocorre com a etapa seguinte, a Análise da Viabilidade Dinâmica, que possui várias componentes subjetivas ou não monitoráveis, como a situação macroeconômica do país, condições de mercado, velocidade de vendas, etc... Assim, fica salientado que apesar da importância da utilização de novas técnicas de gestão e acompanhamento de obra, e do uso e desenvolvimento de ferramentas para análises financeiras é na etapa inicial do processo, ou seja, a concepção e análise do projeto arquitetônico, que se define a qualidade de ganhos potenciais que podem vir a se concretizar. 2.0 PROPOSIÇÃO: Este trabalho tem por objetivo a apresentação de um modelo prático para avaliação do desempenho de um Projeto Arquitetônico e discutir o impacto deste na rentabilidade global do empreendimento, bem como aplicar o modelo ora apresentado em dois estudos de caso. Com este propósito foram elencados e discutidos os principais indicadores de desempenho de um projeto arquitetônico. 3.0 DISCUSSÃO: Para a efetiva análise de um projeto arquitetônico são utilizados índices indicadores do seu desempenho. A apresentação destes índices, seus valores referenciais e sua interpretação será discutida adiante. Alguns destes indicadores isoladamente não agregam informações relevantes, e sua interpretação isolada pode levar a conclusões equivocadas, entretanto, quando vistos em conjunto com outros índices retratam bem aspectos relevantes do projeto arquitetônico. A análise dos indicadores de desempenho deve ser contextualizada com o conceito adotado para cada empreendimento, quando para atingir determinado objetivo, podemos assumir variações que a princípio não se encaixam nas metas de desempenho especificadas. Um exemplo disto será visto no estudo de caso denominado Residencial Pontal Pituba. 3.1 Indicadores de Desempenho do Projeto Arquitetônico Para uma utilização correta dos indicadores de qualidade do projeto é importante salientar que sua definição está envolvida na conceituação e medição. A medição é um termo normalmente utilizado, em construção civil, para designar a leitura das quantidades de serviço realizadas para efeito de remuneração destes serviços. Para fins orçamentários, a medição tem como objetivo quantificar os serviços a serem executados (Formoso et al, 1986). Para tal, ela se baseia no levantamento de quantitativos no projeto. Alguns coeficientes de consumo, no entanto, como os relacionados a grandezas como área construída, volume e comprimento de material empregado, são de difícil leitura em planta, e requerem que a empresa armazene dados provenientes de vários serviços em obras de mesma característica (Heineck et al). 3.1.1 Relação entre a Área Privativa Total e a Área Equivalente de Construção: Este é o principal indicador para o empreendedor, uma vez que reflete percentualmente a relação entre a área comercializável e a área que reflete o custo de construção. Ou seja a rentabilidade potencial do empreendimento depende primariamente desta relação. Juntamente com outros indicadores que relacionam áreas, citados a seguir, formam o arcabouço da análise do desempenho do projeto arquitetônico. É expresso em valor percentual e tem como valor referencial 78,00% para tipologias residenciais com uma vaga de garagem, 79,00% com duas vagas e 74,00% com três vagas de garagem (Heineck et al) e 53,00% para tipologias comerciais. Para alguns dos principais empreendimentos comerciais realizados no mercado de Salvador entre o ano de 1998 a 2003, foram encontrados valores mínimos de até 49,20% e máximos de 60,03%. Para entendermos esta variação, é necessário avaliar a legislação urbanística pertinente, que conforme a tipologia comercial (Centro Médico ou Empresarial), localização e o porte do empreendimento exige uma relação de área privativa útil por número de vagas de garagem variando de 18,00 a 25,00m2/vaga. Isto implica em um aumento de área construída de garagens de até 39% que pode resultar em uma variação do indicador principal (Área Privativa Total / Área Equivalente de Construção) em mais de 40%, uma vez que a relação entre área de garagem por área privativa chega a até 1,05 (105%). Alguns autores preferem utilizar este índice com a relação inversa, ou seja, o coeficiente entre a Área Equivalente de Construção e a Área Privativa Total. As fichas de Análise de Projeto dos empreendimentos comerciais e residenciais que pautaram a amostragem encontram-se em anexo (ANEXO 01). 3.1.2 Percentagem da Área do Pavimento Tipo Ocupada pela Área de Circulação: Com este indicador é possível verificar a otimização das áreas destinadas ao acesso de pessoas e bens (áreas de circulação), relacionando-as com a área do pavimento tipo. Estas áreas de circulação agregam pouco valor ao imóvel e são caras. Quanto mais eficiente for o projeto arquitetônico menor será o valor obtido para este índice. É complementar ao primeiro indicador, ressaltando aspectos que influenciam potencialmente neste. Expresso na forma percentual tem um valor referencial de 7,00 a 8,50%. Segundo Oliveira, M. et al, 1995, no estudo denominado Sistema de Indicadores de Qualidade e Produtividade para a construção civil o valor ideal para este indicador é de 9,00%. 3.1.3 Índice de Compacidade: Este índice permite a percepção do quanto o projeto está próximo da forma mais econômica possível, o círculo, no que se refere às fachadas da edificação. Neste indicador é comparado o perímetro externo do prédio ao perímetro de um círculo de mesma área. Assim, quanto mais próximo de 100%, mais otimizada está a forma da planta baixa. Quanto maior este indicador maior o custo da edificação, Mascaró, 1975 e Rosso, 1978, já que o custo das fachadas é superior ao das divisórias internas. No estudo de caso apresentado adiante – Edifício Residencial Pontal Pituba este índice será discutido e sua importância colocada em questão, uma vez que às vezes pode ser interessante prejudicar um indicador em benefício de outras qualidades desejáveis ao projeto, como ensolejamento, estética, ventilação e aspectos mercadológicos. Assim apesar do aumento da área de fachada e por conseguinte o aumento de seu custo por apartamento, verificada entre a nova tipologia proposta (02 unidades/pavimento) e a original (04 unidades/pavimento) o índice de compacidade foi melhorado devido a melhor resolução da sua forma geométrica, com menos recortes o que surpreendentemente demonstrou uma aparente incoerência deste indicador. Apresentado em valor percentual, como referência deve-se utilizar o valor de 60,00% como ruim, entre 65,00 e 70,00% como bons e acima de 70,00% como ótimo. Estão indicados na tabela a seguir (TABELA 01) valores referenciais para o Índice de Compacidade em função da área privativa total de uma unidade em m2. TABELA 01: INDÍCE DE COMPACIDADE (%) Fonte: Sistema de Indicadores da Qualidade e Produtividade para a Construção Civil, 100 a 140 m2 140 a 180 m2 180 a 250 m2 250 a 400 m2 70 a 100 m2 Faixa de Áreas Privativas Totais em m2 Sebrae/RS 1995 mínimo 60 referencial 65 máximo 70 mínimo 60 referencial 70 máximo 75 mínimo 60 referencial 70 máximo 75 mínimo 60 referencial 70 máximo 75 mínimo 60 referencial 70 máximo 80 3.1.4 Densidade de Paredes: Da análise deste índice é possível verificar-se se a compartimentação dos pavimentos foi feita de forma racional e eficiente. Quanto menor a densidade de paredes maior a área útil do pavimento. Este indicador é apresentado na forma percentual, assim o valor deste é obtido da relação entre a área do pavimento tipo ocupada pela área de projeção das paredes. Como pode ser observado na TABELA 02 quanto menor o apartamento ou unidade imobiliária em análise, maior será este índice, uma vez que a compartimentação da unidade será maior . TABELA 02: DENSIDADE DE PAREDES(%) Fonte: Sistema de Indicadores da Qualidade e Produtividade para a Construção Civil, 100 a 140 m2 140 a 180 m2 180 a 250 m2 250 a 400 m2 70 a 100 m2 Faixa de Áreas Privativas Totais em m2 Sebrae/RS 1995 mínimo 1,70 referencial 1,90 máximo 2,10 mínimo 1,80 referencial 2,00 máximo 2,20 mínimo 1,90 referencial 2,10 máximo 2,30 mínimo 1,90 referencial 2,10 máximo 2,40 mínimo 1,50 referencial 2,20 máximo 2,50 3.1.5 Relação entre o Comprimento das Tubulações Hidráulicas e o Número de Pontos: Com a análise deste indicador de qualidade do projeto arquitetônico verifica-se a eficiência deste quanto ao grau de concentração de pontos hidráulicos. Esta característica é altamente desejável pois com esta concentração diminui-se gastos com materiais hidráulicos e com futuras intervenções e manutenções. Nesta fase inicial como não existe um projeto de instalações é arbitrado o menor número de prumadas suficientes para atender a todas os pontos de utilização, gerando uma imprecisão para este índice, tendo um caráter meramente referencial nesta etapa. Este índice pode também ser aplicado ao projeto Hidro-Sanitário, à ocasião de sua execução, avaliando-o. Por definição, é a relação entre o somatório do comprimento das tubulações hidráulicas de água quente e fria, independente do diâmetro, dividido pelo número de pontos, como torneiras, válvulas de descarga, chuveiros entre outras. Este índice apresenta como valor referencial para edifícios residenciais o valor de 3,66m/ponto, para edifícios comerciais 3,14m/ponto e para edifícios mistos 3,60m/ponto. 3.1.6 Relação entre o Comprimento dos Eletrodutos e o Número de Pontos: Similar ao indicador anterior relaciona o comprimento dos eletrodutos e os pontos elétricos. Este índice apresenta como valor referencial para edifícios residenciais o valor de 3,39m/ponto, para edifícios comerciais 2,96m/ponto e para edifícios mistos 2,84m/ponto. 3.1.7 Relação entre o Peso de Aço e a Área Construída: Este indicador permite detectar o super dimensionamento de armaduras ou a má distribuição de cargas no projeto arquitetônico através da relação peso de aço com a área construída. Para uma análise eficiente deste índice é necessário uma prévia avaliação quanto a concepção estrutural do projeto, se de estrutura convencional ou não. 3.1.8 Relação entre o Volume de Concreto e a Área Construída: Este indicador tem por objetivo detectar um super dimensionamento da estrutura através da relação do volume de concreto com a área construída. Para uma análise eficiente deste índice é necessário uma prévia avaliação quanto a concepção estrutural do projeto, se de estrutura convencional ou não e também quanto aos valores de fck estabelecidos em projeto. 3.1.9 Relação entre a Área de Formas e a Área Construída: Com este indicador objetiva-se medir a racionalidade do dimensionamento da estrutura quanto à área de formas. Por definição, mede a relação entre a área de forma e a área construída, A TABELA 03, na página seguinte, apresenta um resumo destes principais indicadores, com suas unidades de medida e seus valores referenciais (Oliveira, et al,1995). Neste estudo dar-se-á ênfase apenas aos quatro primeiros indicadores, por serem estes relacionados diretamente ao Projeto Arquitetônico. 3.2 Apresentação das Tabelas do Modelo Desenvolvido para Análise do Projeto Arquitetônico: As Tabelas apresentadas a seguir formam o modelo para a Análise de Viabilidade Estática de um empreendimento. Nestas tabelas estão agrupados os principais indicadores de desempenho, parâmetros urbanísticos e dados do projetos. Nela são feitas correlações e apresentados alguns resultados que servem de fonte de dados para conclusões. 3.2.1 Tabela de Análise de Projeto: A Tabela proposta é subdividida em quatro itens, além do cabeçalho onde constam o nome do empreendimento, endereço, autor do projeto arquitetônico e data de preenchimento. Os quatro itens são os seguintes: 01. Parâmetros do Uso do Solo ou Parâmetros Urbanísticos; 02. Dados Referentes ao Projeto; 03. Quadro de Áreas (Útil, Privativa, Construída e Equivalente); 04. Indicadores de Desempenho, sendo subdividida em: 04.01 Indicadores Técnicos para Pré Viabilidade (ou Viabilidade Estática) 04.02 Indicadores Econômicos-Financeiros (Pós Viabilidade Dinâmica). 3.2.2 Tabela de Viabilidade Estática: Diferencia-se conforme o modelo desejado para o empreendimento, se em regime de condomínio ou em incorporação. Neste estudo preliminar usa-se fundamentalmente a área equivalente aferida na Tabela de Análise de Projeto preliminarmente preenchida e os demais dados existentes referentes ao empreendimento (percentual ou valores para comercialização, publicidade, impostos, custo do terreno, custo de construção unitário de referência, etc), para juntamente com a manipulação das variáveis margem e valor de venda estabelecer a viabilidade do negócio. 3.3 Estudo de Caso: Comercial Antoni Gaudi: Este estudo de caso compara duas tipologias de edificações, com a finalidade de obterse a melhor solução. O Empreendimento descrito a seguir chama-se Antoni Gaudi, e será construído em Salvador. Entre as diversas opções de tipologia comercial estudadas para este empreendimento, duas destacaram-se e estão a seguir apresentadas. A primeira delas é referente a um edifício empresarial, com o conceito de salas grandes (53,00 a 56,00m2 de área privativa), enquanto a outra alternativa refere-se a um empreendimento misto para salas comerciais e consultórios médicos. Na Análise de Viabilidade Estática a seguir apresentada foram comparadas as duas tipologias acima, para um mesmo terreno. Como a legislação em vigor apresenta normas diferentes para as duas tipologias, assim como suas particularidade de concepção, algumas características ficaram bem ressaltadas, tais como: quantidade de vagas de garagem (no edifício comercial empresarial é exigido 01 vaga para cada 25m2 de área privativa útil e no edifício comercial misto, 01 vaga para cada 25m2 de área privativa útil) e seu conseqüente reflexo nos índices que correlacionam áreas, assim como o impacto da área de circulação no pavimento tipo, que na tipologia do empresarial com salas grandes tem um impacto muito menor na relação de Área de Circulação por Área Privativa do Pavimento Tipo, potencializado pela concepção mercadológica de separação total da circulação vertical (escadas e elevadores) e halls de acesso para as salas e os consultórios, adotada no edifício comercial misto e o dimensionamento dos elevadores (maior tráfego no comercial misto pela demanda dos consultórios médicos e a obrigatoriedade do elevador tipo maca). 3.4 Estudo de Caso: Residencial Pontal Pituba: A seguir será apresentado um estudo real, executado em uma construção, localizada em Salvador, à época do início das obras. Neste estudo o projeto arquitetônico já estava definido, entretanto foi um excelente exemplo de como uma análise do desempenho deste projeto pode ser favorável ao empreendimento. Quando o presente trabalho estava sendo realizado esta obra foi concluída existindo um elevadíssimo percentual de unidades não comercializadas (40,00%). Este fato vem de encontro ao concluído à época da análise do desempenho do projeto como será visto adiante. 3.4.1 Apresentação do Estudo: A finalidade deste estudo é a análise e possibilidade de intervenção e racionalização nos projetos e especificações do Edifício Pontal Pituba objetivando ganhos financeiros, melhorias técnicas e satisfação do usuário final. A opção por este empreendimento deve-se ao fato deste estar em fase inicial de construção e a empresa construtora mostrar-se bastante disposta a colaborar e implantar possíveis sugestões advindas desta análise. Além disso é um empreendimento representativo da média praticada no mercado local Sendo assim e de posse de todos os projetos deu-se início ao preenchimento dos check list das diversas etapas, estes formulários de check list encontram-se ao final deste estudo de caso. Inicialmente foi executada a análise e realização do check list do Projeto Arquitetônico, uma vez que este é o gerador dos demais projetos. Os projetos complementares foram distribuídos pela equipe em grupos de trabalho para análise e posterior discussão. Assim foi realizado este processo com os projetos elétricos, hidráulicos, estruturais, de fundação e de segurança. Em todos os projetos foram observados oportunidades de melhoria ou modificações, dentre as quais destacamos as três seguintes: No projeto arquitetônico – Mudança no partido de quatro apartamentos para dois por andar, mantendo-se a mesma quantidade e tipologia das unidades, e eliminando-se as indesejáveis unidades voltadas para o poente; No projeto elétrico – Eliminação da Sub-estação através da otimização do projeto; No projeto hidro-sanitário – Introdução de shafts e carenagens eliminando-se tubulações embutidas. 3.4.2 Apresentação do Empreendimento: Este trabalho refere-se a um empreendimento construído na cidade de Salvador/BA, no período de setembro de 2002 a dezembro de 2003. O empreendimento é constituído de 32 apartamentos tipo dois quartos, oito pavimentos de apartamentos, dois pavimentos de garagem (39 vagas) e um pavimento tipo play ground (piscina, deck, salão de festas, salão de jogos, sauna). Em uma área de terreno de 776,00m2, num bairro residencial, com 4.348,92 m2 de área construída o apartamento está sendo vendido pelo preço médio de R$125.000,00 (R$1.590,00/m2). 3.4.3 Análise do Projeto Arquitetônico Observando-se o partido arquitetônico adotado, verificamos o grande esforço do projetista em otimizar o aproveitamento do terreno, inclusive usando Transcom, o que propiciou atingir um índice de utilização (IU) de 2,95, quando o permitido sem esse recurso seria (IU) de 2,0. Desta forma foi viabilizado a construção de 32 apartamentos de 02 dormitórios, 78,27 m2 de área privativa e uma vaga de garagem, além de 07 vagas excedentes para comercialização opcional. O preço médio das unidades aplicadas segundo a tabela de venda base Outubro de 2002 é de R$125.442,10 variando de R$ 99.504,57 a R$ 143.037,81, portanto uma variação percentual de 43,75% entre a unidade mais cara e a mais barata, sendo o preço máximo 14,03% acima do preço médio e o preço mínimo 20,68% abaixo do preço médio, respectivamente. Esta grande dispersão de preços deve-se aos aspectos mercadológicos de orientação quanto ao ensolejamento e ventilação predominante, uma vez que no partido adotado de quatro unidades por pavimento , invariavelmente pelo menos uma das unidades fica em posição bastante prejudicada o que provoca uma grande renuncia de receita para o empreendimento através da concessão de significativos descontos de venda destas unidades (que variam conforme rápida pesquisa no nosso mercado), de 5,00% a 19,00%, sendo praticado nesse empreendimento um desconto médio de 10,00% nas unidades das prumadas 02 e 03 voltadas para o quadrante oeste/noroeste(poente) com relação as unidades 01 e 04 voltadas para o quadrante leste/sudeste (nascente). Para confrontarmos esta realidade, foi desenvolvido um esboço do partido arquitetônico com apenas duas unidades por pavimento e 16 pavimentos tipo, mantendo a mesma unidade privativa tipo, porém com todas as unidades voltadas para o quadrante leste/sudeste (nascente), valorizando o preço médio das unidades duplamente, uma vez que além de eliminarmos as unidades depreciadas pela orientação poente, tornando o prédio mais verticalizado, criamos maior quantidade de pavimentos altos, contribuindo para elevação do preço médio praticado. A partir desta nova perspectiva, partimos para mensurar pós e contras desta intervenção tanto nos aspectos de custo de construção quanto no de valor geral de vendas. Para avaliação do impacto no custo de construção foi adotada a metodologia de aferição pelo “Custo de Construção Equivalente” do projeto original, seguindo-se os critérios estabelecidos pela NBR 12721, dividindo-se o custo existente do orçamento pela área equivalente de construção. A seguir foi estimado o custo de construção do projeto de intervenção com base neste custo de construção equivalente multiplicado pela área equivalente de construção do novo projeto. Para tornar mais real esta comparação, e contemplarmos as interferências da perda de eficiência geométrica provocada pela modificação do partido do pavimento tipo, foram aferidos os custos mais representativos, que seriam influenciados por esta alteração tais como: aumento da área construída, do custo da fundação, da taxa de aço, dos custos com elevadores e da área de fachada por unidade de apartamento. O acréscimo no custo da fundação não foi representativo em função do aumento das cargas, nos pilares, pois a solução do projeto original já contemplava fundação profunda (tubulão), o que favorece economicamente o aumento da concentração de cargas. Aumento da taxa de aço em função da verticalização do edifício e maior influência das cargas de vento, o que majorou a taxa de aço de 78,83kg/m3 de concreto para 100,00kg/m3 de concreto 3.4.4 Análise da Legislação Urbanística: 1- Recuos: Frontal – R = RU + 0, 40 (N – 2) Lateral – R = 1,5 + 0,20 (N – 4) Área Aberta Principal – L = 1,50 + 0,40 (N – 2) = 7,10m Área Aberta Secundária – L = 1,50 + 0,20 (N – 2) = 4,30m – Pela Via Local, Valle Cabral: Frontal = 4,00 + 0,4 (N – 2) Atual (p/ 8 PAV) = 4,00 + 0,40 (6) ≡ 4,00 + 2,40 = 6,40 Recuo Frontal = 6,40m Proposto (p/ 16 PAV) = 4,00 + 0,40 (14) ≡ 4,00 + 5,60 = 9,60 Recuo Frontal = 9,60m Lateral = 1,50 + 0,2 (N – 4) Atual (p/ 8 PAV) = 1,50 + 0,20 (4) ≡ 1,50 + 0,80 = 2,30 Recuo Lateral = 2,30m Proposto (p/ 16 PAV) = 1,50 + 0,20 (12) ≡ 1,50 + 2,40 = 3,90 Recuo Lateral = 3,90m – Pela Via Coletora II, Rua das Hortências: Frontal = 4,00 + 0,6 (N – 2) Proposto (p/ 16 PAV) = 4,00 + 0,60 (14) ≡ 4,00 + 8,40 = 12,40 Recuo Frontal = 12,40m Lateral = 1,50 + 0,2 (N – 4) Proposto (p/ 16 PAV) = 1,50 + 0,20 (12) ≡ 1,50 + 2,40 = 3,90 Recuo Lateral = 3,90m 3.4.5 Análise do Custo de Construção x Área Construída: Aumento do custo de construção em decorrência do aumento da área construída (vide planilha de desempenho do projeto arquitetônico e viabilidade estatística dos projetos original e intervenção em anexo). Dados: Projeto Original Área Construída: 4.737,53 m2 Área Equivalente Construção: 3.943,90m2 Orçamento (base FEV 02):R$2.174.381,40 Custo Equivalente: R$551,33m2 Para obtermos o custo equivalente dividimos o Orçamento pela Área Equivalente de Construção. Projeto Intervenção Área Construída: 4.957,47 m2 Área Equivalente Construção: 4.113,27m2 Custo Equivalente: R$2.267.769,15m2 Obtivemos o Custo Equivalente ao multiplicarmos a nova área de construção equivalente pelo custo equivalente original por m2. Variação do Custo Equivalente entre o Projeto Original e o Projeto com Intervenção: R$2.267.769,15 – R$2.174.381,40 = R$ 93.387,75 3.4.6 Análise do Custo de Fundações: Foi estabelecido o custo médio por carga em estaca metálica de uma obra similar a tipologia proposta que é uma solução naturalmente mais cara que a solução original em tubulão, sendo portanto, a favor da segurança, quanto a decisão da mudança. Obra São Vicente ( Construtora Sertenge SA) 1- Fundação: H média = 18,50m 1.1 – 9.430 Tf Torre 1.2 – 2.120 Tf Periferia Total – 11.550 Tf Nº Pilares Tipo = 29 un. Nº Pilares Periferia = 32 un. Nº Pilares Total = 61 un. Valor Total = R$ 205.900,00 Custo Estimado Fundação Estaca Metálica/Carga Total = R$ 205.900,00/11.550,00Tf = R$ 17.83/Tf Obra Pontal Pituba 1- Fundação: Carga Total – 4.755 Tf Nº Pilares Tipo = 26 un. Nº Pilares Periferia = 14 un. Nº Pilares Total = 40 un. Valor Total = R$ 4.755 Tf x R$ 17,83/Tf = R$84.781,65 Custo Estimado Fundação Estaca Metálica = R$84.781,65 Como o custo original da fundação era de R$ 60.000,00 temos então um acréscimo de custo de R$ 24.781,65. 3.4.6 Análise do Índice de Compacidade: Esta é a análise do custo de construção em função da alteração do Índice de Compacidade e o aumento da relação de fachada por unidade autônoma, consequentemente gerando aumento de custos. Comparando-se os Índices de Compacidade das duas tipologias em estudo, foi encontrada a seguinte surpresa: O projeto de intervenção mesmo tendo uma maior relação de fachada por unidade residencial, expressa pela maior relação de perímetro externo por unidade, possui um Índice de Compacidade melhor, pela forma geométrica menos recortada. Obra Pontal Pituba Área de fachada = 2.471,37 m2 Custo total de revestimento de fachada = R$ 82.742,19 R$ 33,48/m2 Índice de compacidade = 0,65 = 65,00% Partido proposto (Projeto de Intervenção) Área da fachada = 3.352,06 m2 Adotando custo por m2 = R$ 33,48/m2 Custo total de revestimento de fachada = R$ 112.227,08 Índice de compacidade = 0,72 = 72,00% Diferença do custo da fachada por apartamento = R$ 29.484,89/32= R$ 921,40 Constatamos que o aumento da área da fachada e por conseguinte o aumento do seu custo por apartamento deve-se as paredes externas do fundo do prédio não compartilhadas e que ficam rateadas por dois apartamentos, o que não havia no projeto inicial. Um aumento de 17,70m de parede por pavimento, totalizando 815,62m2. Porém houve uma melhora no índice de compacidade tornando a fachada melhor aproveitada e mais bem resolvida. Análise do Custo dos Elevadores Em função do aumento do número de paradas (de 11 para 19) e do percurso total(de 31,98m para 55,02m) com a mudança do partido arquitetônico houve um aumento no custo dos elevadores. Sendo mantidas as demais características que influenciaram o cálculo de tráfego (capacidade da cabina 06 pessoas e velocidade 1,0m/s) a variação nos orçamentos foi de R$90.000,00 do projeto com intervenção para R$80.000,00 do projeto original. Um aumento de R$10.000,00. Análise do Custo do Aço Com o aumento da altura da edificação e a consideração da carga de vento atuando sobre a estrutura a taxa de aço outrora 78,83kg/m3 passou para 100kg/m3.Com isso temos: 100kg/m3 – 78,83kg/m3=21,17kg/m3 x R$ 0,18m3/m2 = = 3,81kg/m2 x R$1,65/kg = R$ 6,29/m2 Considerando a área estrutural do novo projeto de 4.396,00m2 temos um acréscimo de custo de R$ 27.650,84. 3.4.7 Análise Financeira: Aumento da Receita • 08 vagas extras criadas = R$ 5.000,00 x 08 = R$ 40.000,00 • Valorização dos apartamentos transformados de poente para nascente = 10% de valorização sobre o novo preço médio R$138.000,00x10% x 16unid = R$220.000,00 Total do aumento de receitas: R$ 40.000,00 +R$ 220.800,00 =R$260.800,00 Saldo final (aumento de receitas – aumento de custos): R$260.800,00 –R$175.305,13=R$85.494,87 Aumento da rentabilidade projetada em percentual R$85.494,87 / R$560.000,00 = 15,27% Considerando-se o aumento global do preço médio das unidades, devido tanto a recuperação do preço das unidades voltadas para o poente, quanto ao aumento da altura média das unidades (16 pavimentos residenciais), conforme atestam as planilhas de Viabilidade Estática (Projeto Original e Projeto Intervenção) nas duas páginas seguintes. R$754.325,48 – R$540.575,16 = R$213.750,32 (já incorporando neste cálculo o aumento do custo de construção decorrente do aumento da área construída). Receita da venda das 08 vagas extras criadas = R$40.000,00 Total Receitas = R$213.750,32 + R$40.000,00 = R$253.750,32 Aumentos de Custos além dos decorrentes do aumento da área construída = R$91.914,73 Saldo Final = R$253.750,32 – R$91.914,73 = R$161.835,59 Não foi agregado a este cálculo o ganho financeiro decorrente do aumento da velocidade de vendas do novo projeto, sem as indesejáveis unidades de difícil comercialização voltadas para o poente, e que influenciaria positivamente a Taxa Interna de Retorno (TIR), melhorando a rentabilidade do empreendimento. 3.4.8 Análise de Projeto Complementares: Projeto de Fundações: A fundação escolhida para esta obra foi a de tubulões escavados a céu aberto . A presença de água no subsolo limitou a altura dos tubulões em 4,0 m da cota de implantação, fazendo variar o diâmetro do fuste de alguns e a necessidade de alargamento de base. carga média por pilar = 185 tf área do pavimento tipo = 348 m2 número de pilares = 26 unid número de pavimentos = 11 unid Existem pilares que estão locados no limite do terreno com as construções vizinhas, impossibilitando a execução dos tubulões (estes teriam de invadir terreno vizinho por baixo). Foi afastado a locação dos tubulões e criado vigas de equilíbrio para transferir as cargas. Em função do rebaixamento do terreno para implantação de 02 níveis e garagem, foi necessário o corte do terreno em aproximadamente 5,0 m; antes dos cortes serem feitos, executamos as contenções (tubulões e tubulões seção reduzida) para conter os terrenos limítrofes. Evitando assim danos as construções limítrofes. Em função da dificuldade de retirada de material do terreno posteriormente em função dos desníveis deixou-se o terreno mais baixo que a cota de implantação para todo material ser re-aproveitado no terreno compactando-o. E foi estabelecida planos de corte para facilitar o trabalho das maquinas no corte, mantendo rampa de subida esta retirada por fim . A escavação dos tubulões serão manuais, volume não compensa uso de equipamentos e dificuldade para acesso do mesmo. Cota do lençol freático 10.60, cota de implantação 15.50, cota de assentamento da base dos tubulões 11.50. Projeto de Estrutura A solução proposta para estrutura do Edifício em estudo foi a convencional, ou seja, lajes maciças de concreto, apoiadas em vigas e então nos pilares. Por se tratar de uma estrutura relativamente simples – tanto no aspecto de formas quanto no aspecto de carregamentos, os índices encontrados estão dentro de uma faixa esperada. Os projetos estruturais foram largamente estudados no período de sua concepção o que reduziu largamente possíveis falhas. Foi sugerido um caimento dos níveis da laje de garagens formando uma linha de ralos (não há necessidade de grelha continua). Uma outra sugestão, que também não implica em maiores mudanças é a continuidade da laje no vão perdido anexo a escada, assim poderá ser anexado em algum momento esta área ao apartamento e também melhorar o acesso em possíveis manutenções. 3.4.9 Principais Índices: Alguns dados do empreendimento para cálculo dos índices são: Área total construída: 4.398,42 m2 Volume total de concreto na estrutura: 821,21 m3 Área total de forma na estrutura: 8.421,32 m2 Peso total de aço na estrutura: 64.649 kg m3 de concreto/ m2 de área construída: 0,18 m Espessura média de concreto de 18 cm – Este valor está dentro de uma faixa aceitável para edificações deste porte. O ideal seria 17,0 cm de espessura média. m2 de forma / m3 de concreto: kg de aço / m3 de concreto: 10,25 78,72kg/m3 O valor esperado para este índice seria de até 80kg/m3, tendo em vista as características já explicitadas do edifício. % custo da estrutura no custo total obra: 20,44 % - Fazendo uma análise com outros empreendimentos, constatamos que também este índice atende a média estabelecida. Projeto Hidro-Sanitário e Segurança Tendo como base o check list para projetos de instalações hidro-sanitárias e segurança foi feita a análise e as propostas de modificações e melhorias no projeto estão abaixo discriminadas: Foi criado de um sistema visitável por meio de shaft e carenagem; União das prumadas das varandas vizinhas em uma só; Reposicionamento do ralo de limpeza da G2; Colocação de ralos sob o telhado; Deslocamento e criação de ralos no deck coberto e PG. A seguir apresentam-se os motivos e considerações que se levou a proposição de tais mudanças: Criação de um sistema visitável por meio de shaft e carenagem. Comparou-se os custos entre o sistema de tubulações embutidas e a nova proposta por unidade de apartamento: Redução de 3,65 m2 de revestimento cerâmico R$ 90,81 Redução de 15,0 cm de bancada de granito R$ 20,00 Redução de massa única R$ 55,41 Redução de 4 prumadas x aumento de tubulações horizontais R$ 40,32 Substituição de 4 registros aparentes por brutos R$ 70,52 Redução de equipe de Apoio Civil (pedreiro e ajudante) R$ 108,90 Redução de equipe de Instalações (encanador) R$ 163,35 Acréscimo de forro de gesso (teto e sanca) R$ 99,72 Acréscimo de painéis em fibra (shaft) R$ 400,00 Resultado R$ 62,50/apto(redução de custo) TOTAL = 32 aptº x R$ 62,50 = R$ 2.000,00 Admitindo o período de cinco anos para manutenção e 2% do preço de venda do empreendimento tem-se: R$ 4.000.000,00 x 2%(percentual previsto para manutenção) = R$80.000,00 Admitindo 5% deste valor para manutenção das instalações hidro-sanitárias TOTAL = R$ 4.000,00 Como melhorias oferecidas ao cliente tem-se: Em caso de problemas não necessitar de cerâmicas de mesmo tonalidade; Não danificar tubulações próximas ao tentar consertar vazamentos; Facilidade na localização de vazamentos; Eliminação do risco de perfuração de tubulações ao instalar armários e acessórios ; União das prumadas das varandas vizinhas em uma só; Eliminação de uma prumada de esgoto sem necessidade de redimensionamento: Redução de material e mão de obra: 27m x R$ 6,72 = R$ 181,44 Reposicionamento do ralo de limpeza da G2 Eliminação de possibilidade de danos causados por veículos e maior comodidade ao cliente, além de evitar formação de poça. Colocação de ralos sob o telhado Segurança em caso de danos ao telhado minimizando enormes prejuízos potenciais em função do alagamento sob o telhado a um custo insignificante. Deslocamento e criação de ralos no Deck Coberto e PG O deslocamento possibilitará a diminuição do enchimentos para caimentos no contra-piso e a criação de ralos é necessário na área próxima à piscina. 3.4.10 Análise dos Índices de Desempenho: Prumada total por área construída Antes dos shaft: 0,365 m/m2 Após os shaft: 0,292 m/m2 Projeto Elétrico Após a confecção do check-list e análise de alguns parâmetros buscou-se a orientação de um especialista em instalações elétricas prediais, uma vez que foi vislumbrada a possibilidade de eliminar-se a subestação interna, a partir da comparação com outros empreendimentos com características semelhantes. Assim os custos do empreendimento seriam reduzidos, ganhando em tecnologia,conforto e segurança para os clientes finais. As seguintes modificações e intervenções foram sugeridas, estas sugestões isoladamente podem ser implantadas, entretanto aqui elas tem o objetivo de viabilizar a eliminação da subestação: Substituição dos chuveiros elétricos por aquecedores de passagem à gás tipo Junkers; Redução das cargas em algumas tomadas no pavimento tipo, em função das cargas máximas solicitadas pelos principais aparelhos eletrodomésticos encontrados no mercado; Redução de tomadas e iluminação nas áreas do condomínio (serviço), especificamente nos hall’s de elevadores e garagens, por detectar excessos neste ambientes. Devemos salientar que todo processo para redução das cargas foi estudado de acordo com as normas e tabelas da Coelba ( companhia concessionária local). A seguir esta exposto um comparativo de cargas e custos (atual e proposta futura) com o objetivo de explicitar os ganhos prováveis. Comparativo: Pavimento Tipo Situação atual: Iluminação + tomada 3,82 kw Geladeira / Frezeer 1,00 kw Forno microondas 1,22 kw Ferro passar 1,00 kw Chuveiro elétrico 8,40 kw Máquina de lavar 1,50 kw Ar condicionado 2,39 kw Total 19,33 kw Total x 32 unid. 618,56 kw Situação proposta: Iluminação ( 60w/100w ) 1,08 kw Tomadas simples (100w) 1,70 kw Tomadas de força (600w) 4,20 kw Tomadas ar cond. (7.500 btu) 2,39 kw Total Total x 32 unid. 9,37 kw 299,84kw ∆ = 318,72 kw Condomínio (Serviço) Situação atual: Iluminação + tomadas 32,33 kw Motores(elev./bombas/portões,etc) 30,23 kw Sauna a vapor 6,00 kw Total 68,56 kw Situação proposta: Iluminação(16w/60w/100w/250w ) 12,66kw Tomadas simples (100w) 2,30kw Tomadas de força (600w) 6,00kw Motores diversos 20,46kw Sauna a vapor 9,00kw Total 50,42 kw ∆ = 18,14 kw Cálculo Pelo cálculo da demanda em função da tabela CODI – Coelba, teremos: Demanda total Dados: Área do apartamento 68,59 m² Demanda por apto (tabela 15/ pg. 50) 1,57 KVA Fator de diversificação (tabela 16/ pg. 51) 24,69 Fator de segurança (tabela A/ pg 35) 1,30 D – Demanda Total D1 – Demanda dos apartamentos D2 – Demanda do condomínio FS – Fator de segurança D1 = 1,57 x 24,69 = 38,76 KVA (Tabela CODI – Coelba) D1 – Carga instalada dos aptos – 38,76 KVA x (FS) = 1,30 = 50,39 KVA D2 – Carga instalada no cond. (serviço)– 50,42 KVA x 1,20 (FS) = 60,50 KVA D = ( D1 + D2 ) x FS D = ( 38,76 + 50,42 ) x 1,30 D = 115,93 KVA ≅ 112,5 KVA Como a demanda total encontrada é muito próxima do limite máximo, a concessionária de energia faculta ao projetista a decisão final, uma vez que na composição da demanda total foi utilizada a carga plena na área do condomínio (sem fator de demanda), alem do fator de segurança de 1,30 , que pode, sob análise do projetista ser reduzida. Neste caso seria reduzido o fator de segurança (Fs) sobre a carga das áreas comuns do condomínio (D1), que neste caso seria reduzida de 1,30 para 1,26 atendendo ao limite maximo da demanda total (D <= 112,5 KVA) Dessa forma é possível a supressão da substação apenas pela otimização das cargas na área comum. Custo com opção de utilização de aquecedor individual à gás Levando em consideração valores de referência de construção similares chegamos ao custo abaixo: Redução dos custos ( MAT. + M.O.): Subestação completa ( Coelba ) ≅ R$ 35.000,00 Cabos, eletrodutos e disjuntores do chuveiro elétrico ≅ R$ 13.504,00 Aumento dos custos ( MAT. + M.O.): Tubulação e conexões tipo aquaterm ≅ R$ 9.439,00 Aquecedores de passagem Junkers ≅ R$ 21.760,00 Resultado com aquecedor individual: ≅ R$ 17.305,00 3.4.11 Conclusão do Estudo de Caso: Após as diversas análises, check-list e propostas de intervenção apresentados no decorrer deste trabalho, percebeu-se o quanto a “Gerência de Projetos” pode potencializar os ganhos de um empreendimento, bem como minimizar e antever as prováveis fontes de problemas. Também é importante ressaltar que nenhum gasto maior é necessário para efetuar esta análise. Munidos de check-list e disposição para dissecar os projetos em reuniões com as partes inter relacionadas esta análise é feita satisfatoriamente. Neste empreendimento computou-se ganhos diretos na ordem de R$ 100.000,00, com base na alteração arquitetônica, proporcionando maior valor agregado por unidade de apartamento e possibilidade de venda de mais 8 vagas, ganhou-se mais R$ 42.000,00 com a eliminação da subestação e criação de mais uma vaga e também mais R$ 6.000 com as mudanças hidro-sanitárias (shaft). Além dos ganhos diretos foi proporcionado também ganhos indiretos, tais como aumento da velocidade de venda, eliminação das unidades de difícil saída (poente), facilidade de manutenção das instalações hidro-sanitárias. Vislumbrou-se e investiu-se na instalação de aquecedores de passagem, proporcionando economia e eliminação do risco de acidentes com chuveiros elétricos. Vale ressaltar que todas as propostas de intervenção foram efetivamente apresentadas à construtora, em tempo hábil para sua implantação à exceção da alteração arquitetônica, uma vez que as fundações estavam iniciadas. 4.0 CONCLUSÃO: O modelo apresentado neste estudo vem a ser uma ferramenta poderosa na análise do desempenho de um Projeto Arquitetônico e consequentemente, da viabilidade e da rentabilidade projetada para um empreendimento imobiliário, uma vez que mune o construtor de parâmetros ágeis e eficientes para avaliar o projeto precocemente, desde o seu esboço inicial. O enfoque na análise do projeto arquitetônico vem a ser de fundamental importância, uma vez que na etapa inicial de desenvolvimento de um empreendimento imobiliário, geralmente, este projeto é ainda a única peça disponível para análise, e sob a qual é possível exercer a maior magnitude de intervenção no processo global, haja visto que uma vez definido o Projeto Arquitetônico, todas as demais etapas encontram-se condicionadas por este. 5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FORMOSO,CT et al. Estimativas de Custos de Obras de Edificação. Porto Alegre, CPGEC/UFRGS, Caderno de Encargos n. 06, 1986. HEINECK, Luiz Fernando et al. Lei de formação para as dimensões de dormitórios, salas, cozinhas e banheiros em edifícios habitacionais. XIV ENEGEP,João Pessoa, 1994. OLIVEIRA, M. et al. Sistema de Indicadores de Qualidade e Produtividade na Construção Civil, Sebrae / RS, Porto Alegre/RS, Set 1995. GONZALEZ, Marco Stunf. et al . Análise de viabilidade econômico-financeiro de Construção Residencial MASCARÓ, JL, Custo das Decisões Arquitetônicas. Editora Nobel. São Paulo 1975. ROSSO, Teodoro. Aspectos geométricos do custo das edificações. Simpósio Sobre Barateamento da Construção Habitacional. Trabalho 83. Salvador/BA, 1978. ANDRADE, Vanessa. Modelagem dos custos para casas de classe média. UFSC, Florianópolis, março 1996.