Força magnética em contatores Antônio Flavio Licarião Nogueira Universidade do Estado de Santa Catarina [email protected] 1. O contator cc Os contatores CC são formados por um circuito magnético que contém uma parte móvel, conforme ilustração da Fig. 1. Quando uma corrente contínua alimenta a bobina B, a parte móvel P é puxada para cima, fazendo com que contatos elétricos C sejam fechados. Quando a corrente se anula, a mola M faz com que a parte móvel P volte ao seu local de repouso e os contatos abrem. Figura 2 – A força de atração se anula a cada meio ciclo Figura 1 – Diagrama esquemático do contator CC Em termos de construção, o contator CA pouco difere do contator CC. A principal diferença é que na parte móvel do contator CA existem anéis ou espiras de cobre curto-circuitadas, conhecidas como espiras de sombra. Uma ilustração dos principais elementos de um contator CA é apresentada na Fig. 3. Uma ilustração mais detalhada da espira de cobre é apresentada na Fig. 4. 2. O contator ca Na operação em corrente alternada, quando a corrente da bobina passa por zero, o campo magnético H no entreferro é nulo e, como consequência, a força que atrai a parte móvel P também se anula. Devido à existência da mola de restrição, o contator CC alimentado com corrente alternada teria um movimento oscilatório e o contato elétrico C poderia vibrar. Observe que em cada entreferro com seção transversal A, a força entre as faces polares é sempre de atração e expressa por f = µ0 H2 A. 2 Figura 3 – Diagrama esquemático do contator CA (1) Dessa forma, para uma corrente de alimentação na frequência de 60 Hz, a força de atração se anularia a cada semiciclo da corrente na bobina, conforme mostrado no gráfico da Fig. 2. Figura 4 – Detalhe da espira de cobre Se a corrente de alimentação é senoidal, o fluxo que circula no circuito magnético também o é. O anel de cobre é, pois, atravessado por esse fluxo variável no tempo e, em consequência, uma corrente é induzida no mesmo. Essa corrente é defasada de aproximadamente 90º do fluxo que a cria. Assim, quando a corrente da bobina é nula, a corrente no anel é máxima, fazendo com que certa quantidade de fluxo – e também uma força de atração – sejam mantidas no circuito magnético. Como resultado final, a peça móvel P se mantém atraída. quase todas as linhas de campo – e fluxo magnético – atravessam o interior do anel. Essa corrente induzida mantém um fluxo circulando no circuito magnético e uma força de atração entre as duas partes do núcleo. 3. Análise das variáveis eletromagnéticas Os principais elementos do modelo numérico para análise de um contator ca são mostrados na Fig. 5. Nessa primeira análise vamos considerar que o contator está aberto, ou seja, as duas partes que compõem o núcleo magnético estão separadas por uma camada de ar conhecida como entreferro. Figura 7 – Corrente somente no anel Para esse contator, em particular, as variações temporais das correntes são: Ibobina = 350,0 sin(ϖt ) (2) I anel = −4,02 cos(ϖt ). (3) O gráfico que representa a variação temporal dessas correntes ao longo da metade do ciclo CA é apresentado na Fig. 8. A representação fasorial das correntes é mostrada na Fig. 9. Figura 5 – Elementos do modelo numérico Os traçados das equipotenciais do contator em duas situações distintas são apresentados nas figuras 6 e 7. Trata-se dos resultados de duas análises magnetostáticas feitas no simulador de campos FEMM [2]. A ilustração da Fig. 6 corresponde ao instante onde a corrente da bobina é máxima. Nessa situação, o fluxo atravessa a região da espira de cobre sem qualquer reação pois, nessa primeira simulação, a corrente da espira é feita igual a zero. Figura 8 – Variação temporal das correntes Figura 6 – Corrente somente na bobina de campo Na situação da Fig. 7, a corrente na bobina é nula e a corrente nas espiras laterais é máxima. O fluxo que circula no circuito magnético é criado unicamente pela corrente que circula nas espiras. Vale observar no traçado das equipotenciais que Figura 9 – Representação fasorial das correntes. Referências 4. Exercício O circuito magnético de um contator ca é apresentado na Fig. 1. O dispositivo opera na frequência de 60 Hz e os detalhes geométricos da espira de sombra são mostrados na Fig. 2. Figura 1 – Contator ca Figura 2 – Espira; dimensões em milímetros Nessa análise, vamos considerar que o contator está aberto e que o comprimento dos entreferros é 1,5 mm. A corrente da bobina pode ser expressa por I bobina = 350 sin( wt ) A. (a) Determine as expressões para a variação temporal dos campos h e b; (b) A superfície de ferro envolvida pela espira de sombra tem uma área de 4 mm x 10 mm. Calcule a expressão para o fluxo magnético φa que atravessa a espira. (c) Calcule a f.e.m. induzida na espira de cobre empregando a lei de Faraday, e(t ) = − dφ a . dt (d) Calcule a resistência Ra da espira de sombra. Observe que sua geometria é retangular com 2 seção transversal de 1,0 mm . (e) Para calcular a expressão para a corrente induzida Ia, use a lei de Ohm, I a (t ) = e(t ) Ra [1] J.P.A. Bastos, Eletromagnetismo para engenharia: estática e quase-estática, Editora da UFSC, Florianópolis, 2004, 1ª ed, p. 321-325. [2] D. Meeker, FEMM 4.0 Magnetics and Electrostatics Reference Manual, 2008. Disponível em http://foster-miller.net/wiki/HomePage