Entre a escravidão e a abolição: um estudo sobre

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Entre a escravidão e a abolição:
um estudo sobre José de Alencar e Castro Alves
Daniel de Queiroz Nunes e Ricardo Souza de Carvalho
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, SP
Objetivos
Em meados do século XIX, o debate a respeito
do sistema escravista ganhou fôlego. A
escravidão tornou-se um assunto muito
discutido no Brasil, a ponto da literatura
incorporá-la como tema. De acordo com a
proposta exposta no projeto, além dessa
pesquisa ter a intenção de contribuir para os
estudos sobre o Brasil do século XIX, esse
trabalho tem o objetivo principal de analisar a
representação da escravidão nas peças de
teatro Demônio Familiar (1857) e Mãe (1859)
de José de Alencar; e no poema “Navio
Negreiro”, recitado por Castro Alves em 7 de
setembro de 1868. Pretende-se, através
dessas obras, aproximar esses dois autores
que, em geral, são pensados isoladamente.
Sob o pressuposto de que os autores
convergem para um tratamento que culminará
na comoção do leitor em relação à escravidão.
Métodos/Procedimentos
Com o intuito de atender a proposta dessa
pesquisa, primeiramente, escolheu-se o corpus
a ser trabalhado. A partir da seleção das obras
procurou-se demarcar o período histórico.
Centrando, portanto, o estudo entre as décadas
de 1850 e 1860, período que os autores foram
contemporâneos. Na sequência iniciou-se a
leitura da bibliografia registrada no campo
metodologia do projeto apresentado. Após
essas leituras deu-se início ao processo de
análise, a partir do seu contexto histórico, das
obras selecionadas.
Resultados
Através da análise das obras apontadas podese observar uma aproximação entre os autores.
É por meio do palco, ou melhor, do teatro, que
ambos alcançam uma proximidade suficiente
para enternecer os seus expectadores. Nesse
sentindo ao invés da ideia que no poema o
autor pinta imagens, as quais vão formando um
painel marítimo [1], quiçá, seja mais adequado
pensar que Castro Alves a cada canto nos
apresenta cenas, ou até mesmo, atos. A
respeito das peças de Alencar, vale a pena
dizer que ambas são um protesto à instituição
do cativeiro [2], ou seja, não podemos falar de
uma crítica ao sistema escravocrata. Todavia,
cabe a observação que em Demônio Familiar
há a possibilidade de outra leitura, José de
Alencar ao invés de fazer uma crítica ao
cativeiro, na verdade quer ver fora do seio da
família esse elemento estranho que era o
negro. Tanto numa peça quanto na outra é
possível notar a postura dúbia de José de
Alencar em relação à escravidão. Em síntese,
percebe-se que cada autor buscou arquitetar
as suas obras, colocar elementos, trabalhar, a
poesia, o drama e o riso, de forma que estas
pudessem alcançar o público.
Conclusões
Essa pesquisa possibilitou ver claramente a
interferência da literatura na história, pois as
obras estudadas não apenas incorporaram o
tema da escravidão, mas seus autores
buscaram a partir delas intervir na sociedade
daquele período, num debate crucial do século
XIX brasileiro. Assim, apesar da separação em
períodos literários diferentes, realizada pela
história literária; a diferença na escolha do
gênero literário; a diferença de gerações e de
postura política; há fatos comuns que
aproximam os autores. Ambos parecem buscar
interagir com um público mais imediato, e gerar
neste, através de suas obras, um sentimento
humanitário, uma comoção perante a
problemática da escravidão.
Referências Bibliográficas
[1] COUTINHO, Afrânio (Org.). “Castro Alves”
IN: A literatura no Brasil: Volume I, Tomo 2. Rio
de Janeiro: Editorial Sul Americana, 1955.
[2] ASSIS, Machado de. Crítica Teatral (Obras
Completas. Volume XXX). Rio de Janeiro, São
Paulo, Pôrto Alegre, Recife: W. M. Jackson
INC. Editores, 1944.
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