a filosofia antes de sócrates

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a filosofia antes de sócrates
Coleção cátedra
coordenada por gabriele cornelli
• Platão: A construção do conhecimento
José Gabriel Trindade Santos
• Introdução à “filosofia pré-socrática”
André Laks
• A filosofia antes de Sócrates: Uma introdução com textos e comentário
Richard D. McKirahan
Richard D. McKirahan
A Filosofia antes de Sócrates
Uma introdução com textos e comentário
Título original: Philosophy Before Socrates: An Introduction, with Texts and Commentary
© 2010 Hackett Publishing Company, Inc. – Second Edition
Edição brasileira publicada por acordo com a Agência Literária Internacional Eulama, Roma,
Itália.
Tradução: Eduardo Wolf Pereira
Revisão técnico-científica: Gabriele Cornelli
Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos
Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes
Diagramação: Ana Lúcia Perfoncio
Revisão:Caio Pereira
Iranildo Bezerra Lopes
Manoel Gomes da Silva Filho
Capa: Marcelo Campanhã
Impressão e acabamento: PAULUS
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
McKirahan, Richard D.
A filosofia antes de Sócrates: uma introdução com textos e comentário / Richard D. McKirahan;
[tradução Eduardo Wolf Pereira]. – São Paulo: Paulus, 2013. – (Coleção Cátedra)
Título original: Philosophy before Socrates: an introduction with texts and commentary.
ISBN 978-85-349-3691-0
1. Filosofia - História 2. Filosofia grega 3. Pré-socráticos I. Título. II. Série.
13-06886
CDD-182
Índices para catálogo sistemático:
1. Pré-socráticos: Filosofia antiga 182
Coleção com apoio:
1ª edição, 2013
©PAULUS – 2013
Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 • São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627 • Tel. (11) 5087-3700
www.paulus.com.br • [email protected]
ISBN 978-85-349-3691-0
A filosofia antes de Sócrates...
SUMáRIO
APRESENTAÇÃO da coleção............................................................. 7
APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO BRASILEIRA.......................................... 11
Prefácio à primeira edição............................................................ 15
Agradecimentos da primeira edição....................................... 19
Prefácio da segunda edição......................................................... 21
Agradecimentos da segunda edição....................................... 23
Abreviações.......................................................................................... 29
Capítulo 1
As fontes da origem da filosofia grega........................................................ 31
CAPÍTULO 2
Hesíodo e as origens da filosofia e da ciência gregas.................................. 41
CAPÍTULO 3
O cenário cultural para as origens da filosofia............................................ 57
CAPÍTULO 4
Tales de Mileto............................................................................................ 61
CAPÍTULO 5
Anaximandro de Mileto.............................................................................. 79
CAPÍTULO 6
Anaxímenes de Mileto................................................................................ 105
CAPÍTULO 7
Xenófanes de Cólofon................................................................................. 121
CAPÍTULO 8
As primeiras realizações jônicas.................................................................. 139
5
Sumário
CAPÍTULO 9
Pitágoras de Samos e os Pitagóricos...........................................................
CAPÍTULO 10
Heráclito de Éfeso.......................................................................................
Capítulo 11
Parmênides de Eleia....................................................................................
Capítulo 12
Zenão de Eleia............................................................................................
Capítulo 13
Anaxágoras de Clazômenas........................................................................
Capítulo 14
Empédocles de Agrigento...........................................................................
Capítulo 15
Melisso de Samos........................................................................................
Capítulo 16
O atomismo do século V: Leucipo e Demócrito.......................................
Capítulo 17
Diógenes de Apolônia.................................................................................
Capítulo 18
Filolau de Crotona......................................................................................
Capítulo 19
Os primórdios do pensamento moral grego e os sofistas do século V.......
Capítulo 20
O debate nomos-physis.................................................................................
153
205
253
299
329
387
483
499
561
575
595
659
Apêndice
Alguns textos contemporâneos.................................................................. 695
Bibliografia.......................................................................................... 759
Concordância com Diels-Kranz,
os fragmentos dos pré-socráticos................................................. 769
índice de Passagens Traduzidas................................................. 775
índice de assuntos............................................................................ 781
6
A filosofia antes de Sócrates...
APRESENTAÇÃO da coleção
A
Coleção Cátedra deriva seu nome da Cátedra UNESCO
Archai: as origens do pensamento ocidental, que quis emprestar a esta coleção sua filosofia de trabalho e sua sensibilidade
para os estudos das origens do pensamento ocidental.
A UNESCO, patrocinando o Grupo Archai como sua Cátedra, e tornando-a membro da rede UNITWIN da UNESCO
Chairs, reconheceu o impacto científico de suas diversas atividades. De fato, Archai atua há mais de uma década como centro de
consolidação de pesquisas, organização de cursos e seminários,
e publicação de livros e revistas, com forte atuação no âmbito
nacional e internacional, procurando construir uma abordagem
interdisciplinar que permita fazer compreender a filosofia antiga
em seu contexto político, econômico, religioso e literário.
Em parceria com a Paulus, editora renomada e de grande
alcance no mercado editorial brasileiro, a coleção visa disponibilizar, para um público brasileiro de especialistas e interessados, cada dia mais amplo e exigente, monografias, comentários,
traduções, compêndios e obras temáticas que explorem o vasto
campo do pensamento ocidental em suas origens greco-romanas.
Gabriele Cornelli
Diretor da Coleção Cátedra
Coordenador da Cátedra UNESCO Archai
www.archai.unb.br
7
Para Voula novamente, como sempre.
A filosofia antes de Sócrates...
APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
N
as últimas décadas, falar de filosofia pré-socrática, isto
é, dos primeiros passos da filosofia ocidental, se tornou
uma tarefa não simples. Quiçá seja por isso que há sempre grande dificuldade de encontrar, não somente no Brasil, obras como
esta, que ousam dar uma visão panorâmica e introdutória a um
universo tão extenso e diversificado de temáticas e autores.
Cada autor e cada escola foram submetidos, nos anos recentes, a um profundo reexame e se tornaram objeto de acirradas
disputas acadêmicas, que espaçam desde a revisão das edições
críticas dos fragmentos à reconstrução do sentido mais próprio
dos modos que distinguem a filosofia em seus albores.
A ilusão criada pela coleção dielsiana dos textos sobre a filosofia pré-socrática sugeriu que a sucessão dos sistemas filosóficos ao longo da história pudesse significar – hegelianamente –
algum tipo de progresso do pensamento. O desvelamento dessa
ilusão retrospectiva, em ato nas últimas décadas, não levou ainda
grande parte da crítica a rever esta perspectiva historiográfica e a
compreender a filosofia pré-socrática em geral por meio das características próprias dos primeiros passos, permeáveis e fluidos,
da filosofia em formação. A proposta de Laks, por exemplo, autor da obra que precede esta na coleção Cátedra (Introdução à Filosofia Pré-socrática, 2013) e que, de certa maneira, por sua proposta
metodológica de abordagem da filosofia pré-socrática pode ser
considerada como ideal complementação destas páginas, é de
compreender a heterogeneidade com a qual a filosofia pré-so11
Apresentação da edição brasileira
crática apresenta-se como “uma diversidade não selvagem, e sim
reflexiva”, no sentido de obedecer, weberianamente, a dois tipos
de “consistências”: uma lógica, pela qual uma nova tese implica a
resposta ou a explicitação de uma teoria anterior; e uma prática,
que mobiliza mais diretamente a questão do sujeito, no caso específico do autor de determinada filosofia.
A obra que aqui se apresenta, do renomado estudioso
norte-americano, Richard McKirahan, professor de filosofia do
Ponoma College, na Califórnia, se propõe a revelar a franca inserção das ideias e dos protagonistas do período inaugural da história da filosofia que se convencionou chamar de pré-socrático.
E o faz partindo dos textos destes filósofos, como é costume na
boa apresentação historiográfica da filosofia, mas apresentando
uma seleção não exatamente óbvia das passagens que melhor
venham representar as ideias e as questões mais sugestivas e fecundas de cada escola e personagem. Ao mesmo tempo, porém,
as margens externas desta seleção, por assim dizer, encontram
uma franca expansão, em estreito contato com o amplo mundo
da sabedoria antiga. A prova disso é o próprio Apêndice do livro,
que traz para uma leitura comparada três livros do Corpus hipocrático e o importante Papiro Derveni, textos centrais para uma
história comparada das origens do pensamento ocidental, mas
que são comumente desconsiderados em tanta manualística da
história da filosofia.
Falava-se há pouco da dificuldade da tarefa que o autor
aqui se propôs. O problema do estudo dos pré-socráticos, em
boa parte, reside em Aristóteles e em seus testemunhos sobre
seus predecessores. Um papel central na reavaliação do testemunho aristotélico sobre os pré-socráticos (e depois sobre Platão)
é desempenhado certamente pelos trabalhos de Cherniss (1935;
1944): por meio de um agudo trabalho sobre as fontes, ainda
hoje insuperado, Cherniss chega a concluir, já em 1935, que:
Aristóteles não está, em nenhum dos trabalhos que possuímos,
procurando fornecer um relatório da filosofia mais antiga. Ele
está usando essas teorias como interlocutoras em um debate arti12
A filosofia antes de Sócrates...
ficial que ele prepara para que conduza “inevitavelmente” às suas
próprias conclusões (Cherniss, 1935: xii).
Cherniss, dessa forma, analisa os procedimentos historiográficos de Aristóteles, em busca de uma solução ao problema
central que o corpus constitui para a reconstrução da filosofia
pré-socrática: apesar de pouco confiável em sua reconstrução
das teorias dos primeiros filósofos, suas constantes contradições,
omissões, erros e desentendimentos, Aristóteles é ainda a principal, senão a única, fonte para o estudo dos pré-socráticos (1935,
p. 347-350). Dessa forma, caberá ter aquele que Cherniss chama
de “o maior cuidado” (the greatest care) na análise do material
aristotélico. Dois erros são especialmente importantes por modelar profundamente toda a história da crítica dos pré-socráticos.
O primeiro diz respeito à concepção de Aristóteles de que os
pré-socráticos teriam fundamentalmente um único problema ao
qual dedicaram sua investigação, isto é, o da matéria que constitui todas as coisas que são. Ao contrário, olhando mais atentamente (o próprio Aristóteles não negaria isso), é possível reconhecer
os pré-socráticos empenhados na tentativa de compreensão e
descrição de diversos processos e problemas específicos. O segundo erro depende do primeiro, pois constitui o motivo pelo
qual Aristóteles quis restringir a riqueza e a complexidade dos temas tratados pelos pré-socráticos a uma única grundfrage – como
diria Hegel: no sistema aristotélico, a divisão fundamental da natureza dá-se entre matéria e forma. E se Platão é visto como um
partidário exagerado da causa formal, o é exatamente por opor-se aos pré-socráticos, dos quais constituiria a antítese. Jogando
assim um contra os outros, Aristóteles reserva para si mesmo o
confortável lugar de síntese, resultado filosófico do agôn dos dois
momentos anteriores a ele.
A proposta desta Filosofia antes de Sócrates é de apresentar
manualisticamente, isto é, de maneira abordável para o público
mais geral, os resultados de anos de estudos e confrontações
acadêmicas sobre os autores em questão e com a árdua tarefa
13
Apresentação da edição brasileira
acima descrita, sem todavia renunciar a discutir diretamente os
próprios textos, em sua maioria fragmentários, que deste aceso
debate são ainda o motivo e a base.
Não é certamente fora de lugar notar aqui que não há hoje à
disposição do crescente público de leitores de história da filosofia
no Brasil uma obra de introdução à filosofia pré-socrática que
apresente com o mesmo equilíbrio e precisão os textos, o debate dos principais comentadores e o lugar que cada protagonista
representa na história da filosofia. De fato, com a maturidade e
elegância que o distingue em toda a sua extensa produção editorial, McKirahan consegue nas páginas que aqui se seguem articular com mestria a profundidade da pesquisa de uma temática
complexa como esta das origens do pensamento ocidental com
a clareza de uma exposição consciente do lugar que cada ideia
e cada personagem representam numa história que é a própria
história de nossa cultura, em suas origens.
Gabriele Cornelli
Cátedra UNESCO Archai:
sobre as origens do pensamento ocidental
Brasília, junho de 2013
Referências Bibliográficas da apresentação
CHERNISS, H. Aristotle’s Criticism of Presocratic Philosophy. Baltimore, Johns Hopkins Press, 1935.
————. Aristotle’s Criticism of Plato and the Academy. Baltimore Johns: Hopkins Press, 1944.
CORNELLI, G. O pitagorismo como categoria historiográfica. Coimbra/
São Paulo: Classica Digitalia - Universidade de Coimbra/ Annablume, 2011.
LAKS, A. Introdução à filosofia pré-socrática. Coleção Cátedra. São Paulo: Paulus, 2013.
14
A filosofia antes de Sócrates...
Prefácio à primeira edição
A
filosofia grega vinha florescendo havia mais de um século quando Sócrates nasceu (469 a.C.). O pensamento de Sócrates, assim como o de todos os pensadores posteriores
da filosofia grega, foi fortemente influenciado pela obra dos antigos pioneiros nesse campo, tanto os filósofos-cientistas conhecidos como “pré-socráticos” quanto os sofistas do século V. As teorias, os argumentos e os conceitos dos primeiros filósofos gregos
são também importantes e interessantes em si mesmos. E, ainda
assim, esse período seminal de atividade filosófica e científica é
bem menos familiar do que a obra de Sócrates, Platão e Aristóteles.
Tal estado de coisas é devido, em parte – quiçá, sobretudo –,
à natureza da evidência acerca dos pensadores anteriores à época
de Platão e de Aristóteles. Em contraste com esses dois grandes
filósofos, dos quais muitos trabalhos sobreviveram integralmente, nem uma única obra de qualquer dos filósofos “pré-socráticos” foi preservada da Antiguidade aos dias atuais, e possuímos
apenas uns poucos e breves escritos dos sofistas. Deparamos, em
vez disso, com uma variedade de citações e paráfrases de suas
palavras, sumários de suas teorias, informação biográfica (em
grande parte fictícia), em alguns casos, adaptações e extensões
de suas opiniões, além de paródias e críticas. Esses materiais provêm de uma ampla gama de autores que escrevem com objetivos
e preconceitos diversos e cuja confiabilidade e discernimento filosófico e histórico variam bastante.
15
Prefácio à primeira edição
Essas circunstâncias levaram alguns especialistas a perder as
esperanças no que tange à possibilidade de alcançar a verdade a
respeito dos primeiros filósofos. O presente livro, contudo, está
fundado na crença de que é possível escrutinar a informação e
desenvolver as interpretações que, embora incompletas e não
demonstravelmente corretas, exibem alto grau de coerência interna, mutuamente reforçando umas às outras, possuem alguma
plausibilidade histórica e podem ser aproximações das ideias originais dos pensadores em questão.
Quatro características deste livro merecem comentário e
explicação. Primeiro, uma vez que muito da fascinação no lidar
com os primórdios da filosofia grega vem do fato de se poder
elaborar interpretações próprias da evidência, estabeleci como
princípio apresentar a maior parte – e em muitos casos todos
eles – dos fragmentos dos filósofos discutidos, assim como outras evidências importantes de seu pensamento. À exceção de
alguns poucos casos indicados, as traduções são minhas. Busquei
oferecer traduções o mais literais possível, dadas as diferenças
entre o grego e o inglês. Os leitores encontram-se, assim, em
posição para formular seu próprio entendimento dos primeiros
filósofos e formar seus próprios juízos das interpretações que
apresento em seguida.
Em segundo lugar, já que nosso conhecimento desses filósofos é amplamente baseado em fontes materiais outras que seus
escritos, e uma vez que esses materiais são de valor desigual, estabeleci o critério de identificar a fonte de cada passagem e (no
Capítulo 1) discutir as principais fontes e comentar seus pontos
fortes e fracos. Desse modo, os leitores podem estimar o valor
da evidência e decidir por si próprios quanto ao peso que a elas
podem conferir e com que grau de confiança podem nelas basear
uma interpretação.
Em terceiro lugar, durante o período coberto por este livro,
o conhecimento ainda não havia sido dividido em categorias distintas, tais como a filosofia, a ciência e suas subáreas. A maioria
dos filósofos “pré-socráticos” abordava tópicos que considera16
A filosofia antes de Sócrates...
mos mais científicos do que filosóficos, e nenhum deles estabelecia limites claros entre suas obras filosóficas e científicas. Assim,
buscando ser fiel ao pensamento dos filósofos dos séculos VI e V,
“a filosofia antes de Sócrates” deve incluir, igualmente, questões
científicas; omitir tópicos que nós não consideramos filosóficos
seria amputar porções vitais de seu pensamento, sem as quais
o restante não faria muito sentido. Em virtude disso, dediquei
um tanto mais de espaço a tópicos científicos do que se costuma
fazer em livros dessa espécie, embora, em muitos casos, muito
do interesse das ideias científicas resida no nível da sofisticação
filosófica em que estão fundadas.
Por fim, os pensadores abordados neste livro viveram em –
e, em certo sentido, foram produtos de – tempos e lugares específicos. Onde foi possível e apropriado, busquei dizer algo acerca
de suas vidas e de seu ambiente cultural, pois tais circunstâncias
tiveram importantes efeitos sobre os primeiros filósofos gregos,
assim como as ideias desses homens tiveram importantes efeitos
sobre a civilização grega.
17
A filosofia antes de Sócrates...
Agradecimentos da primeira edição
M
eu interesse nas origens da filosofia e da ciência
gregas começou em um seminário de pós-graduação sobre os pré-socráticos dado em Harvard pelo falecido G.
E. L. Own, e meu trabalho deve profundamente a seus ensinamentos inspiradores, embora eu tenha vindo a divergir de
algumas de suas interpretações. Os cursos de John Murdoch sobre a ciência antiga e medieval aos quais assisti simultaneamente foram modelos de clareza na exposição de história da ciência
em sua melhor forma. Um seminário do National Endowment
for Humanities – “As Ciências Exatas na Antiguidade” – dado em
Yale por Asger Aaboe, abriu meus olhos para a matemática e a
ciência pré-gregas, fornecendo-me um contexto científico mais
amplo no qual situar a ciência grega. Minha educação na interpretação de textos de filosofia antiga progrediu graças aos
encontros da West Coast Aristotelian Society, dos quais tenho
participado pelos últimos vinte anos, e que é dirigida por Julio Moravcsik, assim como aos encontros da Southern California Readers of Ancient Philosophy. Tenho me beneficiado bastante do trabalho revolucionário sobre a Grécia feito por G. E. R.
Lloyd, que estipulou, para mim, um exemplo do que é possível
nesse campo. Gostaria de agradecer-lhe por sua amizade e apoio,
que significaram muito para mim. Agradeço aos professores A.
A. Long, John Malcolm, Henry Mendele, Michael Wedin e Mary
Whitlock Blundell pelos comentários úteis feitos nos rascunhos
do livro e pelo encorajamento. Ademais, sou grato aos alunos
19
Agradecimentos à primeira edição
dos meus cursos no Pomona College por sua disposição para
usar o manuscrito em lugar de um livro-texto e por suas inúmeras e valiosas sugestões. Por fim, tenho uma dívida profunda
com Paul Coppock por sua generosa assistência editorial e com
Patricia Curd, que comentou mais de uma versão do manuscrito enquanto eu o revisava para publicação, e cujas sugestões
em muitos casos levaram a significativas alterações e, creio eu,
melhoramentos.
Claremont, Califórnia
dezembro de 1993
20
A filosofia antes de Sócrates...
Prefácio da segunda edição
O
interesse no campo dos estudos pré-socráticos havia
crescido na geração anterior à publicação da primeira
edição de A filosofia antes de Sócrates, em 1994, mas nos últimos
dezesseis anos tem se expandido radicalmente. Duas séries de
colóquios internacionais sobre tópicos pré-socráticos específicos
tiveram lugar na Europa (começando em 2000). Duas conferências sobre pensadores pré-socráticos individuais ocorreram na
América Latina. Foi fundada a International Society for Presocratic
Studies. Foram publicados livros dedicados aos pensadores pré-socráticos em séries consagradas, tais como a Cambridge Companion e a Oxford Handbook.1 Importantes livros mais antigos foram
reeditados.2 Novas e significativas edições dos textos de muitos
dos pré-socráticos foram publicadas.3 Está em andamento um
projeto que pretende publicar pela primeira vez coleções completas dos testemunhos dos pré-socráticos.4 Projetos ambiciosos
para a internet foram planejados. Mais importante ainda, significativas interpretações foram propostas para muitos dos pré-socráticos, assim como para a trajetória da filosofia pré-socrática
1 Long (1900); Curd e Graham (2008). 2 Por exemplo, Mourelatos (1970/2008), Coxon (1986/2009).
3
Notably Conce (1996), Mouraviev (1999–), Pendrick (2002), Taylor (1999), Curd
(2007).
4 Essa série em múltiplos volumes (Tradition Praesocratica), publicada por De
Gruyter, conterá traduções e textos originais dos testemunhos. O primeiro volume,
sobre Tales, veio à luz recentemente (Wörhrle [2009]).
21
Prefácio da segunda edição
como um todo. Velhos paradigmas e modelos sofreram pesados
ataques e, atualmente, há menos consenso do que uma geração
atrás.
Essas circunstâncias tornaram a atualização deste livro a
um só tempo importante e difícil. Minha decisão de propor uma
segunda edição deveu-se inicialmente à descoberta de decisivos
materiais novos sobre Empédocles,5 que, em minha opinião, tornaram obsoleta a quase totalidade das famosas interpretações
anteriores. Do mesmo modo, a sempre crescente quantidade
de novos comentários especializados estava tornando um livro
publicado em 1994 cada vez mais ultrapassado; mesmo onde minhas opiniões não sofreram alterações, era necessário lidar com
a literatura mais recente. E, inevitavelmente, descobri que havia
mudado de ideia em um considerável número de questões desde
que escrevi a primeira edição.
Comecei a trabalhar na primeira edição no verão de 2006,
concluindo-a na primavera de 2009. As maiores mudanças em
relação à edição anterior dão-se nos capítulos consagrados a Pitágoras, Parmênides, Zenão, Anaxágoras e Empédocles, bem
como no novo capítulo dedicado a Filolau, porém quase todos
os capítulos contêm alterações. Incluí fontes adicionais, e modifiquei traduções em algumas passagens. Naqueles tópicos sobre
os quais penso hoje de modo diferente daquele que pensava há
vinte anos, modifiquei conformemente a discussão. Fiz referência, igualmente, a algumas das mais importantes novas interpretações que divergem da minha. (Não almejei aqui algo exaustivo,
e considerações de espaço impediram-me de mencionar mais
opiniões, assim como frequentemente impediram-me de fazer
justiça às opiniões que menciono.) Acrescentei um Apêndice
contendo traduções de três escritos hipocráticos e dos papiros
de Derveni.
5 Martim e Primavesi (1999).
22
A filosofia antes de Sócrates...
Agradecimentos da segunda edição
Q
uero expressar minha gratidão com a Hackett Publishing Company por ter aceito entusiasmadamente
minha proposta para uma segunda edição e, subsequentemente,
concordar em incluir um Apêndice de textos relacionados das
mais variadas formas à tradição pré-socrática. Gostaria de agradecer especialmente a Deborah Wilkes pela ajuda em cada estágio. O livro deve consideravelmente ao Pomona College, onde
tive a oportunidade de desenvolver meu pensamento acerca dos
pré-socráticos e tentar novas ideias em versões preliminares do
novo material a cada ano em meus cursos diante de uma brilhante e engajada audiência de alunos. Meu pensamento beneficiou-se de conferências a que assisti – particularmente, conferências
patrocinadas pelo Institute of Philosophical Research, em Patras,
na Grécia, em 2003, 2005 e 2008, nas quais muito aprendi sobre Empédocles, Heráclito, os Pitagóricos, Filolau e o papiro de
Derveni. Tive ainda o privilégio de ser convidado para participar do workshop sobre o papiro de Derveni na Universidade de
Creta, em 2006, que forneceu minha primeira introdução séria
a esse importante e fascinante texto. Uma viva sessão no B Club
da Universidade de Cambridge, em 2006, e discussões com Carl
Huffman, entre outros, na primeira conferência da International
Association for Presocratic Studies, em 2008, ajudaram-me a esclarecer meus pensamentos sobre Filolau. Os indivíduos cujos comentários auxiliaram meu pensamento são muitos para se listar,
mas gostaria de agradecer aos autores de resenhas sobre a pri23
Agradecimentos da segunda edição
meira edição por indicarem alguns de seus defeitos, assim como
algumas de suas boas características e a Michale Frede, Charles
Khan, Bob Lamberton, Tony Long, Henry Mendell, Alex Mourelatos, Apostolos Pierris, Oliver Primavesi, Malcolm Schofield,
David Sedley, Vassileia Tzaligopoulou e Voula Tsouna por seus
comentários e sugestões. Por fim, quero expressar meu apreço e
minha gratidão para com Pat Curd, que foi a juíza desta edição
(como da anterior), e cujos criteriosos comentários e críticas do
manuscrito até o fim levaram a melhorias em muitos lugares.
Esta segunda edição, completada após vinte anos de casamento, como a primeira, a que dei início a exatos vinte e um
anos durante nosso noivado, é dedicada com profunda gratidão
à minha querida esposa Voula, que me brindou com uma criança
maravilhosa, um lar adorável, uma vida rica em experiências e,
sempre, seu amor irrestrito.
Atenas,
janeiro de 2010
24
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