Sociologia Professor LUCIANO DE PAULA “O HOMEM É UM ANIMAL SOCIAL” Aristóteles em 1259 aC, fundamenta a tese que “o homem é um animal social” dizendo que a união entre os homens é natural, porque o homem é um ser naturalmente carente, que necessita de coisas e de outras pessoas para alcançar a sua plenitude. O QUE É SOCIOLOGIA? • A sociologia é a ciência que explica a vida em sociedade, as relações entre o indivíduo e a sociedade, bem como as relações entre sociedade e estado. • Nasceu de uma mudança radical da sociedade, fruto de duas revoluções: a francesa e a industrial. • No período da Idade Média o que permeava o pensamento do homem era a dicotomia teocentrismo X antropocentrismo,ou seja, Deus ou homem, quem é o centro do universo? • O século XVIII marca consideráveis transformações na relação indivíduo e Estado fazendo o homem analisar a sociedade por um outro prisma, um novo "objeto" de estudo. Essa situação foi gerada pelas revoluções Industrial e Francesa. • A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. • A mão de obra da indústria era formada por ex camponeses, ou seja, homens e mulheres que deixavam o meio rural para trabalhar na cidade, no meio urbano. • Essa migração do meio rural para o meio urbano gerou uma profunda mudança nas relações sociais. • Durante a Revolução Francesa, surgem filósofos, chamados de iluministas, que objetivavam transformar a sociedade, como também, demonstrar a irracionalidade e as injustiças de algumas instituições, pregando a liberdade e a igualdade dos indivíduos. Esse cenário leva à constituição de um estudo científico da sociedade. • A Revolução Francesa instituiu um movimento chamado "física social", criado pelo positivista Augusto Comte, "pai da sociologia“. • Assim como Comte, Émile Durkheim, tornou-se um grande teórico desta nova ciência, a Sociologia. • Um grande esforço dos positivistas foi feito para emancipar a sociologia e entendê-la como uma disciplina científica. • Foi dentro desse contexto que surgiu a Sociologia, ciência que, mesmo antes de ser considerada como tal, estimulou a reflexão da sociedade moderna colocando como "objeto de estudo" a própria sociedade, tendo como principais articuladores Auguste Comte e Émile Durkheim. RELAÇÕES ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE. “O HOMEM NASCE LIVRE, A SOCIEDADE EM QUE ELE VIVE É QUE O TRANSFORMA” J. J. ROUSSEAU. • A sociedade é a convivência permanente entre os seres humanos. Dela resultam não só os modos de organizar as relações humanas, como também, os modos de pensar, agir,viver, sentir, vestir-se, etc. • Os indivíduos, conforme suas vivências são integrantes e constituintes da sociedade, modelando-a e modelando-se ao relacionaremse uns com os outros, pois essa interação dinâmica e mútua entre os indivíduos, não é a mesma entre todas as sociedades. • Cada sociedade em cada momento histórico tem modos e ritmos próprios que determinam formas também particulares de configuração e de inter-relação entre indivíduo e sociedade. • Um fator expressivo que leva uma sociedade a ter suas características peculiares é a cultura nela inserida. • A sociedade brasileira é multifacetária, em virtude do histórico da nossa colonização, tivemos influências de três tipos de povos de diferentes continentes, o povo branco europeu , o negro africano e os índios que aqui viviam. Com o passar do tempo outros povos migraram para o nosso país contribuindo para o enrrequecimento da nossa cultura tão diversificada. • A cultura no que tange aos valores e visões de mundo é fundamental para nossa constituição enquanto indivíduos, pois limitar-se a sua própria cultura desconhecendo ou depreciando as demais culturas existentes, de povos ou grupos dos quais não fazemos parte, pode nos levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana. • O etnocentrismo é uma visão que toma a cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem valor, errado, primitivo. A visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outras culturas. A herança cultural que recebemos de nossos pais, antepassados, escola e do meio em que vivemos, contribui para a nossa compreensão de mundo, pois nos condiciona ao mesmo tempo em que nos educa. • O etnocentrismo é uma avaliação pautada em juízos de valor daquilo que é considerado diferente. Por exemplo, enquanto alguns animais como escorpiões e cães não fazem parte da cultura alimentar do brasileiro, em alguns países asiáticos estes animais são preparados como alimentos, sendo vendidos na rua, da mesma forma como estamos habituados aqui a comer um pastel ou pipocas. Assim, o que aqui é exótico lá não necessariamente o é. Outro exemplo, para além da comida, é a vestimenta, pois, tomando como base o costume do homem urbano de qualquer grande centro brasileiro, certamente a pouca vestimenta dos índios e as roupas típicas dos escoceses são vistas com estranheza. Da mesma forma, um estrangeiro, ao chegar ao Brasil, vindo de um país qualquer com muita formalidade e impessoalidade no trato, pode, ao ser recepcionado, estranhar a cordialidade e a simpatia com que possivelmente será tratado, mesmo sem ser conhecido. • Por outro lado quando se aceita ou compreende as diversidades culturais de determinados grupos sociais ficamos de frente ao Relativismo Cultural, que é a visão de que os sistemas morais ou éticos, que variam de cultura para cultura, são todos igualmente válidos e que nenhuma cultura é realmente "melhor" do que qualquer outra. Isto é baseado na idéia de que não existe um padrão definitivo do bem ou do mal, então cada decisão sobre certo e errado é um produto da sociedade. • Portanto, qualquer opinião sobre a moralidade ou ética de uma sociedade está subordinada à perspectiva cultural de cada pessoa. Em última análise, isso significa que nenhum sistema ético ou moral pode ser considerado o "melhor" ou "pior", e nenhuma posição moral ou ética em particular pode realmente ser considerada "certa" ou "errada". Quanto à visão do indivíduo frente a cultuaras diferentes temos: Etnocentrismo Relativismo Cultural Não aceita ou desconsidera outras culturas Aceita e compreende as diferenças culturais SOCIOLOGIA PROF. LUCIANO DE PAULA COMUNIDADE CIDADANIA MINORIAS COMUNIDADE, CIDADANIA e MINORIAS • COMUNIDADE: Sentimento de solidariedade entre os seus membros • CIDADANIA: Para de ser um CIDADÃO basta viver em sociedade? • MINORIAS: O processo de globalização tem influência no surgimento grupos que identificam-se como MINORIAS? COMUNIDADE • A proximidade física entre as pessoas, que a vida em comunidade proporciona, permite vínculos mais significativos entre elas e, portanto,um sentimento de solidariedade • Assim, os LIMITES TERRITORIAIS são um dos fatores importantes levados em conta pelo SOCIÓLOGO ao descrever e analisar uma comunidade. Ele examinam, também, os vários grupos que se formam dentro de uma COMUNIDADE. COMUNIDADE • As comunidades se estabelecem pela associação entre seus membros. Portanto, quando descrevermos COMUNIDADE HUMANA estamos falando num tipo de sociedade COMUNIDADE • Para identificar, descrever e analisar uma comunidade é preciso estar diante de grupos sociais unidos por laços afetivos. A proximidade física entre as pessoas, que a vida em pequenas comunidades proporciona, permite vínculos mais afetivos entre elas e, portanto, um maior sentimento de solidariedade. COMUNIDADE CARACTERÍSTICAS DA COMUNIDADE • NITIDEZ – É o limite territorial claro da comunidade, ou seja, onde ela começa e onde ela acaba. • PEQUENEZ – A comunidade é, em si a unidade de observação pessoal ou, então, sendo um pouco maior, porém homogênea, proporciona uma unidade de observação pessoal plenamente representativa do todo. COMUNIDADE • HOMOGENEIDADE – As atividades e o estado de espírito são muito semelhantes para todas as pessoas de sexo e idade correspondentes; o curso de uma geração é semelhante ao da precedente. • AUTO-SUFICIÊNCIA – É o que proporciona todas ou a maioria das atividades que atendem às necessidades de seus membros. Ao mesmo tempo, a pequena comunidade cultiva uma forma de vida que acompanha seus membros do berço ao túmulo. COMUNIDADE AS COMUNIDADES VIRTUAIS • Nas grandes cidades em todo o mundo assiste-se hoje a formação de micro grupos, de tribos urbanas como os panks, os surfistas, os rappers, as gangues de periferia cujos membros não têm outro objetivo senão o de estarem juntos. • A lado dos micro grupos, surgem também as COMUNIDADES VIRTUAIS formadas por contato virtual proporcionado por redes de computadores como a internet. Nessas novas COMUNIDADES VIRTUAIS ocorre a inversão do processo de formação dos laços de afinidade social, cuja comunicação é eletrônica. A presença física deixa de ser uma das precondições para a realização do contato. COMUNIDADES VIRTUAIS • As TRIBOS ELETRÔNICAS, que se formam no coração do ciberespaço, são expoentes da era tecnológica, que está promovendo o casamento entre a informática e as novas formas de sociabilidade. • A CIBERCULTURA é um fenômeno recente, que continua em expansão, e como tal, sem regras e limites ainda definidos, funciona basicamente a partir de uma comunicação espontânea, sem que se saiba quem é onde está o outro. COMUNIDADES VIRTUAIS • Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano, desempregado, ateou fogo no próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato desesperado, que terminou com a própria morte, seria o pontapé inicial do que viria a ser chamado mais tarde de Primavera Árabe. Protestos se espalharam pela Tunísia, levando o presidente Zine el-Abdine Ben Ali a fugir para a Arábia Saudita apenas dez dias depois. Ben Ali estava no poder desde novembro de 1987. • Inspirados no "sucesso" dos protestos na Tunísia, os egípcios foram às ruas. A saída do presidente Hosni Mubarak, que estava no poder havia 30 anos, demoraria um pouco mais. Enfraquecido, ele renunciou dezoito dias depois do início das manifestações populares, concentradas na praça Tahrir (ou praça da Libertação, em árabe), no Cairo, a capital do Egito. Mais tarde, Mubarak seria internado e, mesmo em uma cama hospitalar, seria levado a julgamento. COMUNIDADE • A MOBILIDADE GEOGRÁFICA e ocupacional de hoje, geralmente, retira as pessoas do lugar e da classe social a quem pertencem, ou da cultura em que nasceram, em que estiveram presentes seus pais, irmãos e outros familiares, desta forma a mobilidade geográfica atua no sentido de desagregar a unidade familiar. Ocorrendo assim, o desaparecimento das formas tradicionais e de um modo de vida comunitário que obriga as pessoas a criar novas formas de relacionamento, novas associações, um outro tipo de organização pessoal. COMUNIDADES VIRTUAIS • A Tunísia e o Egito foram às urnas já no primeiro ano da Primavera Árabe. Nos dois países, partidos islâmicos saíram na frente. A Tunísia elegeu, em eleições muito disputadas, o Ennahda. No Egito, a Irmandade Muçulmana despontou como favorito nas apurações iniciais do pleito parlamentar. • A Líbia demorou bem mais até derrubar o coronel Muamar Kadafi, o ditador que estava havia mais tempo no poder na região: 42 anos, desde 1969. O país se envolveu em uma violenta guerra civil, com rebeldes avançando lentamente sobre as cidades ainda dominadas pelo regime de Kadafi. Trípoli, a capital, caiu em agosto. Dois meses depois, o caricato ditador seria capturado e morto em um buraco de esgoto em Sirte, sua cidade natal. COMUNIDADES VIRTUAIS • O último ditador a cair foi Ali Abdullah Saleh, presidente do Íêmem. Meses depois de ficar gravemente ferido em um atentado contra a mesquita do palácio presidencial em Sanaa, Saleh assinou um acordo para deixar o poder. O vice-presidente, Abd Rabbuh Mansur al-Radi, anunciou então um governo de reconciliação nacional. A saída negociada de Saleh foi também fruto de pressão popular. TIPOS DE SOCIEDADE • • • • • • SOCIEDADE COMUNITÁRIA É tipicamente pequena, com divisão simples do trabalho; As relações sociais são duradouras; Os contatos sociais predominantes são primários; Compartilha as experiências individuais; O comportamento é largamente regulado pelos costumes ; Há pouca necessidade de lei formal . TIPOS DE SOCIEDADE • • • • • • SOCIEDADE SOCIETÁRIA Acentuada divisão do trabalho; Proliferação de papéis; Estrutura complexa; Divergências de crenças, costumes e valores; Frouxamente articulada; Dificuldade de consenso. TIPOS DE SOCIEDADE SOCIEDADE SOCIETÁRIA: • As grandes metrópoles contemporâneas são caracterizas pela acentuada divisão do trabalho e pela proliferação de papéis sociais. As relações sociais tendem a ser transitórias, superficiais e impessoais. Os indivíduos associam-se uns aos outros em função de determinados propósitos limitados. A vida perde a coesão unitária que mantinha estável a antiga comunidade. O trabalho fica distanciado da família e do lazer. A religião tende a continuar-se a determinadas ocasiões e lugares, em vez de fazer parte do convívio cotidiano das pessoas. Nessa estrutura social, a família deixa de ser o centro de união do grupo. TIPOS DE SOCIEDADE • Na sociedade societária, os interesses comuns muitas vezes entram em conflito, e perde-se em grande parte a força de tradição. A relativa uniformidade de pensamentos da comunidade é substituída por uma enorme variedade de interesses e idéias divergentes. São relativamente poucas as crenças, os valores e padrões de comportamentos universalmente aceitos. A integração é frouxa e o grau de consenso tende a diminuir e isso pode provocar uma freqüência maior de situações de conflito. TIPOS DE SOCIEDADE • A distinção entre comunidade (sociedade comunitária) e sociedade societária proporciona instrumentos para a interpretação de sociedade contemporânea. Com o avanço da industrialização e da globalização, as sociedades comunitárias tendem a se transformar rapidamente em sociedades societárias. Manifestações desse processo são o crescimento sistemático das cidades, o declínio da importância da família, a ampliação do poder da burocracia, o enfraquecimento das tradições e a diminuição do papel da religião na vida cotidiana (Uma das reações a essa diminuição é o crescimento de certas igrejas, como a evangélica, nas quais os crentes desenvolvem aspectos importantes de vida comunitária). • Essas mudanças conduzem, de um lado, ao conflito, à instabilidade e as tensões psicológicas; de outro, à liberação dos sistemas de controle e de coerção, e as novas oportunidades para o desenvolvimento humano. A CULTURA DO INDIVIDUALISMO • A Sociologia contemporânea atualizou certos conceitos de comunidade e sociedade, de acordo com as novas relações sociais que vêm se estabelecendo entre os indivíduos. Um novo tipo de vida, que se baseia em relações sociais acentuadamente indiretas, são os chamados singles (pessoas que preferem viver sozinhas). A CULTURA DO INDIVIDUALISMO • No Brasil, há quase 4 milhões de pessoas que vivem sozinhas em seus domicílios. As explicações são razões demográficas, econômicas ou particulares: as pessoas se casam menos e com mais idade (o número de solteiros é cada vez maior), o grupo dos descasados também aumenta (cerca de 150 mil pessoas se divorciam anualmente no Brasil), os casais tendem a ter menos filhos do que antigamente, é comum que, na separação, cada um arrume seu próprio canto, e há também o aumento de expectativa de vida do brasileiro (o número de idosos também aumenta). São exigentes, têm estilo próprio e colecionam manias: a tribo dos singles não para de crescer. Essa tendência é mundial. Nos Estados Unidos há 26 milhões de adultos que moram sozinhos por opção. COMUNIDADE INDAGAÇÕES, MUDANÇAS E DESAFIOS • Como será a sociedade no futuro? Qual será a base do consenso e da estabilidade na sociedade pós-industrial urbana? Será necessário, para resolver nossos problemas econômicos e sociais, retomar os valores tradicionais e os modos mais antigos de organização? Serão as formas sociais alternativas (como a dos singles) apropriadas a uma sociedade complexa como a nossa, com valores muitas vezes conflitantes, como o da liberdade, da oportunidade e da individualidade? Será possível conciliar, de alguma forma, os diferentes e, muitas vezes, conflitantes tipos de vida que se estabelecem no centro e nos bairros das grandes metrópoles e em suas periferias? COMUNIDADE INDAGAÇÕES, MUDANÇAS E DESAFIOS • Embora as metrópoles contribuam para o surgimento de novos estilos de vida, as mudanças não são muito freqüentes nos bairros pobres da periferia, onde o código moral se baseia, em geral, na ajuda mútua e podem-se encontrar relações intensas de vizinhança, nas quais os indivíduos estabeleçam contatos sociais diretos, com ações de solidariedade. Mesmo numa sociedade igualitária, preservam-se certos valores, a vida gira em torno da família, do local de moradia, das relações de vizinhança. O vizinho passa a ser quase um membro da família, um companheiro nas horas de apuro. COMUNIDADE INDAGAÇÕES, MUDANÇAS E DESAFIOS • Entretanto, a velocidade com que estão se dando as mudanças na sociedade societária traz novos desafios: o assustador aumento da criminalidade e as dificuldades para combatê-la. Embora, em alguns lugares a solidariedade continue forte em alguns lugares da periferia, ela perde sua força nas grandes cidades; antigas instituições sociais sofrem duros golpes em sua credibilidade e legitimidade. Tudo favorece o comportamento individualista que se manifesta inclusive no desenvolvimento de estratégias de estratégias de autodefesa pessoal ou de procurar “fazer justiça pelas próprias mãos”. Mesmo algumas relações de vizinhança, onde persistem as manifestações de vida comunitária, poderão não sobreviver ao individualismo crescente, que tende a se universalizar. COMUNIDADE INDAGAÇÕES, MUDANÇAS E DESAFIOS • Com seu estimulo ao consumo e à competição desenfreada, a economia capitalista, dinâmica e tecnologicamente inovadora, colabora para reforçar a cultura do individualismo e o isolamento; favorece a formação de uma sociedade egocêntrica, com uma frágil conexão entre seus membros, na qual as pessoas buscam satisfazer apenas suas necessidades e impulsos. Numa sociedade desse tipo, a satisfação individual está acima de qualquer obrigação comunitária. CIDADANIA • A sociedade contemporânea tem algumas características que atuam no sentido de desagregar valores cultivados não só nas antigas comunidades (solidariedade, vida familiar, igualdade de oportunidade, participação política etc.), mas também na própria sociedade societária até meados do século XX. CIDADANIA • No interior da própria sociedade societária moderna existem forças que se opõem fortemente a essas tendências desagregadoras. Isso acontece porque todas as sociedades pósindustriais são sociedades democráticas, que se caracterizam pelo respeito aos direitos humanos, pelo “império da lei” (todos são iguais perante a lei e ninguém está acima dela), pela pluralidade de partidos políticos, pelo voto livre e universal e pela alternância no poder. CIDADANIA • As Ciências Sociais compreendem a CIDADANIA a partir de dois pilares principais. De um lado, ela é entendida como a PARTICIPAÇÃO dos cidadãos na VIDA SOCIAL e PLÍTICA. De outro lado, a cidadania expressa por meio do exercício de seus DIREITOS, ou melhor, do DIREITO DO CIDADÃO de ter direitos. • Tanto a participação quanto o exercício de direitos não são possíveis sem uma contrapartida: OS DEVERES. É o caso do voto, que pode ser compreendido tanto como um DIREITO POLÍTICO como também um dever de participar da escolha dos governantes e, assim, exercer a cidadania. CIDADANIA • DIREIOS CIVIIS: Relativos ao homem enquanto indivíduo, reconhecem A sua autonomia frente ao Estado e os demais membros da sociedade; • DIREITOS POLÍTICOS: Dizem respeito à participação do cidadão no processo políticodecisório do Estado; • DIREITOS SOCIAIS: Tomam as pessoas como SERES SOCIAIS, que, portanto, necessitam de garantias materiais mínimas, como saúde, educação, emprego, aposentadoria, segurança, etc. CIDADANIA • • Um dos fundamentos do regime democrático é o conceito de cidadania, para o sociólogo Herbert de Souza (Betinho), “cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...)”. A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe e pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder. A cidadania está diretamente ligada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Organização da Nações Unidas (ONU) . na época – marcada pela vitoria das nações democráticas contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)-, ela abria a perspectiva de um novo mundo, em que haveria paz, liberdade e prosperidade: uma esperança que acabou não se realizando. CIDADANIA DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA Os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, compare com a realidade da cidadania, tal como ela vem sendo praticada no mundo em geral e no Brasil, em particular: • Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. • Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. • Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa. • Todo ser humano tem direito à alimentação, vestuário, habitação e cuidados médicos. • Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. • Toda ser humano tem direito ao trabalho e à livre escolha de emprego. • Toda pessoa tem direito à segurança social. • Toda pessoa tem direito a tomar parte no governo de seu país. • Toda pessoa tem direito a uma ordem social em que seus direitos e liberdade possam ser plenamente realizados. • Todo individuo tem o direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. • Todo ser humano tem direito à instrução CIDADANIA OS DIREITOS DAS CRIANÇAS • • • • • • • • • • • Uma declaração, com dez itens – aprovados pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1950. 1. Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade. 2. Direito a proteção especial para seu desenvolvimento físico, mental e social. 3. Direito a um nome e a uma nacionalidade 4. Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe. 5. Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente. 6. Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade. 7. Direito à educação gratuita e ao lazer 8. Direito a ser socorrida em primeiro lugar, em caso de catástrofe. 9. Direito de ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho. 10. Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos. CIDADANIA • As condições de vida das crianças podem indicar o nível de desenvolvimento de um país e permitem fazer projeções de como será sua situação no futuro: por trás de cada criança abandonada existe pelo menos um adulto abandonado; essa criança que hoje vive nas ruas provavelmente ira gerar, quando adulta, outras crianças abandonadas. Ao aceitar passivamente enormes contingentes de crianças de rua, a sociedade esta negando a essas pessoas as condições básicas de vida e mostrando ao lado mais cruel da ausência de cidadania. • Outro indicador do grau de cidadania de uma nação é o tratamento que se dá aos idosos. Crianças e idosos são os dois extremos frágeis de uma sociedade. Toda sociedade que não respeita suas crianças e seus idosos é incapaz de atender aos princípios mínimos dos direitos humanos e da cidadania. CIDADANIA • • • • cidadania – afirma o jornalista e escritor Gilberto Dimenstein – é o direito de se ter uma idéia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. É processar um medico que cometa um erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido. Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento esta o respeito à coisa publica”. Uma das principais funções do Estado , hoje, é produzir bens e serviços sociais – como educação, saúde, previdência social – para serem distribuídos gratuitamente aos membros da sociedade. São bens e serviços que não podem ser individualizados. É previsto em lei que o bem público, sendo bem de todos, não pode pertencer a algum grupo social especifico ou a uma entidade particular. Ninguém pode se utilizar de bens públicos para fins particulares e quem o faz esta cometendo um crime contra a sociedade, devendo ser condenado pela Justiça. CIDADANIA • • • • A sociedade contemporânea, constituída em torno da informação, deve proporcionar em maior quantidade o que mais se deve valorizar numa democracia: igualdade e liberdade. A política da igualdade incorpora a igualdade formal, segundo a qual todos são iguais perante a lei, uma conquista do período de constituição dos Estados modernos. Seu ponto de partida é o reconhecimento dos direitos humanos e o exercício dos direitos e deveres da cidadania. A política da igualdade se expressa na busca da equidade. Esta deve: · Promover a igualdade entre desiguais, por meio da educação, da saúde pública, da moradia, do emprego, do meio ambiente saudável e de outros benefícios sociais; · Combater todas as formas de preconceito e discriminação, seja por motivo de raça, sexo, religião, cultura, condição econômica, aparência ou condição física. A distinção entre publico e privado é um dos valores mais importantes da democracia. Além de ilegal é antiético e ilegítimo legislar em causa própria, praticar abuso de poder ou utilizar recursos públicos para favorecer interesses particulares. No Brasil as mudanças na economia e na sociedade têm beneficiado mais os grupos sociais que já eram privilegiados do que as camadas mais pobres da população MINORIAS • O processo de globalização em promovendo em todo o mundo a massificação, a homogeneização e a padronização cultural ao retratar um mundo. Diversos grupos sociais minoritários – as minorias étnicas, religiosas, sexuais, políticas e regionais – buscam seu espaço social e geográfico, sua identidade social e cultural. • Reivindicam direitos e contestam normas sociais por se sentirem excluídos, os grupos minoritários, políticos, étnicos, raciais e sexuais, que vem dando um novo sentido à noção de cidadania. MINORIAS • A situação de exclusão de muitas minorias geralmente se origina da avaliação negativa que grupos dominantes da maioria fazem delas, da sua discriminação e segregação. • Pode acontecer de uma minoria ser formada pela maior parte da população. São as minorias majoritárias que ocupam na estrutura de poder uma posição de subordinação diante de uma minoria autoritária e poderosa. • Os escravos de qualquer época e lugar são exemplos de minorias majoritárias diante de governos escravistas que formavam o grupo minoritário nesses sistemas. Outro exemplo é o apartheid da África do Sul em que maioria negra foi subjugada pela minoria branca MINORIAS • Democracia representativa e democracia participativa. Em certos casos, a capacidade de mobilização política de algumas minorias tem levado os especialistas a ponderar sobre as noções de democracia representativa – que se baseia na maioria – em contraste com a nova noção de democracia participativa – na qual as minorias excluídas têm uma participação social e política mais efetiva na sociedade. SOCIOLOGIA Professor LUCIANO DE PAULA OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Os grupos sociais A própria natureza humana exige que os homens se agrupem. A vida em sociedade é condição necessária à sobrevivência da espécie humana. Vamos analisar inicialmente os grupos sociais: aqueles que, devido aos contatos sociais mais duradouros, resultam em formas mais estáveis de integração social. Nos grupos sociais há normas, hábitos e costumes próprios, divisão de funções e posições sociais definidas. Como exemplos temos: a família, a escola, a igreja, o clube, o Estado etc. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Grupo Social é a reunião de duas ou mais pessoas, associadas pela interação, e, por isso, capazes de ação conjunta, visando atingir um objetivo comum. O indivíduo, ao longo de sua vida, participa de vários grupos sociais. Os principais são: • • • • • • • Grupo familial – família; Grupo vicinal – vizinhança; Grupo educativo – escola, Grupo religioso – Igreja; Grupo de lazer – clube, associação; Grupo profissional – empresa; Grupo político – Estado, partidos políticos. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS As principais características de um grupo social são: • Pluralidade de indivíduos – há sempre mais de um indivíduo no grupo social; grupo dá ideia de algo coletivo; • Interação social – no grupo, os indivíduos comunicam-se uns com os outros; • Objetividade e exterioridade – os grupos sociais são superiores e exteriores ao indivíduo, isto é, quando uma pessoa entra no grupo, ele já existe; quando sai, ele continua a existir; • Continuidade – as interações passageiras não chegam a formar grupos sociais organizados; para isso, é necessário que elas tenham uma certa duração; como exemplo temos a família, a escola, a Igreja etc.; há, porém, grupos de duração efêmera, que aparecem e desaparecem com facilidade, como exemplo, o mutirão; OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS • Conteúdo intencional ou objetivo comum – os membros de um grupo unem-se em torno de certos princípios ou valores, para atingir um objetivo de todo o grupo; a importância dos valores pode ser percebida pelo fato de que o grupo geralmente se divide quando ocorre um conflito de valores; um partido político, por exemplo, pode dividir-se quando uma parte de seus membros passa a discordar de seus princípios básicos; • Consciência grupal ou sentimento de “nós” – são as maneiras de pensar, sentir e agir próprias do grupo; existe um pensamento mais ou menos forte de compartilhar uma série de ideias, de pensamentos, de modos de agir, um exemplo disso é o torcedor que, quando fala da vitória de seu time, diz: “Nós ganhamos”; • Organização – todo grupo, para funcionar bem, precisa de uma ordem interna. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Tomando por base a classificação dos contatos em primários e secundários, os grupos sociais podem ser classificados em: • Grupos primários – são aqueles em que predominam os contatos primários, isto é, os contatos mais pessoais, diretos, como família, os vizinhos, o grupo de brinquedos etc.; • Grupos secundários – são os grupos sociais mais complexos, como as igrejas e o Estado, em que predominam os contatos secundários; os contatos sociais , neste caso, realizam-se de maneira pessoal e direta – mas sem intimidade –, ou de maneira indireta, através de cartas, telegramas, telefonemas etc.; • Grupos intermediários – são aqueles em que se alternam e se complementam as duas formas de contatos sociais (primários e secundários). Um exemplo deste tipo é a escola. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Outras formas de agrupamentos sociais Existem, além dos grupos sociais organizados, formas diferentes de agrupamentos sociais, chamados em Sociologia de agregados sociais. Agregado social é uma reunião de pessoas frouxamente aglomeradas que, no entanto, mantêm entre si um mínimo de comunicação e de relações sociais. O agregado social não é organizado e as pessoas que dele participam são relativamente anônimas. Podemos destacar como agregados sociais: a multidão, o público e a massa. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Multidão Um grupo de pessoas observando um incêndio ou fugindo de um edifício em chamas, a população de um bairro que se junta para linchar um preso e um grupo que se encontra na rua para brincar o carnaval são exemplos de multidão. As principais características da multidão são as seguintes: • • • • • Falta de organização; Anonimato; Objetivos comuns; Indiferenciação; Proximidades física. A multidão pode assumir forma pacífica ou tumultuosa. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Público O público é o agrupamento de pessoas que seguem os mesmos estímulos. É espontâneo, amorfo, não se baseia em contato físico, mas na comunicação recebida através dos diversos meios de comunicação. Os indivíduos que assistem a um jogo ou uma apresentação teatral formam públicos. Todos os indivíduos que compõem o público recebem o mesmo estímulo (que vem do jogo, da peça de teatro etc.). Não se trata de uma multidão porque a integração dos indivíduos que formam o público é mais ou menos intencional (decidiram ir assistir ao jogo ou à peça), ao passo que a multidão é ocasional. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Massa As pessoas que assistem ao mesmo programa de televisão, veem o mesmo anúncio num cartaz ou leem em casa o mesmo jornal constituem a massa. A massa é, portanto, formada por indivíduos que recebem, de maneira mais ou menos passiva, opiniões formadas, que são veiculadas pelos meios de comunicação de massa. Consiste num agrupamento relativamente grande de pessoas, separadas e desconhecidas umas das outras. Não obedecendo as normas – como todo agregado social – sua formação é espontânea. Numa sociedade de massa, o tipo de comunicação que predomina é aquele transmitido pelos veículos de comunicação de massa. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Mecanismo de sustentação dos grupos sociais Toda sociedade tem uma série de forças que mantêm os grupos sociais. As principais são a liderança, as normas e as sanções sociais, os valores sociais e os símbolos sociais. Liderança A liderança é a ação exercida por um líder, que é aquele que corrige o grupo e consegue transmitir-lhe ideias e valores. Há dois tipos de liderança: • Liderança Institucional – O pai de família e o diretor de uma escola são lideres institucionais; seu poder de mando vem de seu cargo e de sua posição no grupo; • Liderança Pessoal – Podem ser lembrados neste caso Antônio Conselheiro, Padre Cícero, Mao Tse-tung, Getúlio Vargas, Evita Perón, Adolf Hitler. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Normas e Sanções Sociais Toda sociedade e todo grupo social têm uma série de regras de conduta, que orientam e controlam o comportamento das pessoas. Essas regras de ação são chamadas normas sociais. Em função do que está socialmente estabelecido, essas normas indicam o que é “permitido” – e como tal pode ser seguido – e o que é “proibido” – e não pode ser feito. A sanção social é aprovativa quando vem sob a forma de aceitação, aplausos, honras, promoções. A sanção reprovativa corresponde a uma punição imposta ao indivíduo que desobedece a alguma norma social. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Valores Sociais A sociedade estipula o que é bom e o que é ruim, o que é bonito e o que é feio, o que é certo e o que é errado. Assim, na vida em sociedade as ideias, as opiniões, os fatos, os objetos não são avaliados isoladamente, mas dentro de um contexto social que lhes atribui um significado, um valor e uma qualidade determinados. Os valores sociais variam no espaço e no tempo, em função de cada época, cada geração, cada sociedade. Até pouco tempo atrás, por exemplo, o trabalho doméstico e o cuidado dos filhos eram considerados tarefas exclusivamente femininas. Atualmente isso não mais acontece, pelo menos nas grandes cidades. Um pai dando mamadeira a seu filho é olhado com simpatia e aprovação OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Símbolos Quando, na igreja, os cristãos tomam uma atitude de respeito e reverência para com a cruz, demonstram que a cruz – seja ela feita de madeira, metal ou pedra – simboliza para eles sua fé. O símbolo é algo cujo significado é atribuído pelas pessoas que o utilizam. Em nossa sociedade, por exemplo, a aliança é o objeto que simboliza a união e a fidelidade entre os cônjuges. A linguagem é um conjunto de símbolos. As palavras menino, boy, garçon e bambino significam todas “crianças do sexo masculino”, respectivamente em português, inglês, francês e italiano. A linguagem é a mais importante forma de expressão simbólica. Sem a linguagem não haveria organização social humana, em nenhuma de suas manifestações: política, econômica, religiosa, militar etc. Não poderia existir norma de comportamento, nenhuma espécie de lei, nenhuma criação literária ou científica. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Sistema de Status e Papéis Numa empresa, o patrão possui direitos, deveres e privilégios diferentes dos do empregado. Numa escola, o professor possui direitos e deveres diferentes dos do aluno. Todo indivíduo ocupa na sociedade em que vive posições sociais que lhe dão maior ou menor ganho, prestígio social e poder. A posição ocupado pelo indivíduo no grupo social denominase status social. O status social implica direitos, deveres, prestígio e até privilégio, conforme o valor social conferido a cada posição. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS O status atribuído é o que não é escolhido voluntariamente pelo indivíduo e não depende de suas ações ou qualidades. O status adquirido é obtido em função das qualidades pessoais do indivíduo, de sua capacidade e habilidade. Em nossa sociedade, os indivíduos geralmente lutam por mais status mais elevados do que os que já têm. Isso explica a insistência com que se procura um “melhor lugar ao sol”. Quanto mais escassas as “vagas” num status a que se aspira, mais intenso o conflito entre os candidatos a esse status. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS O papel social O professor dando aula e exigindo dos alunos o respeito devido está cumprindo os deveres e usufruindo dos direitos ligados a seu status social. Ou seja, está cumprindo seu papel social. Papéis sociais, portanto, são os comportamentos que o grupo social espera de qualquer pessoa que ocupe determinado status social. Correspondendo mais precisamente às tarefas, às obrigações inerentes ao status. Status e papel são coisas inseparáveis e só os distinguimos para fins de estudo. Todas as pessoas sabem o que esperar ou exigir do indivíduo, de acordo com o status ocupado no grupo ou na sociedade. E a sociedade sempre encontra meios para punir os indivíduos que não cumprem seus papel. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Estrutura e organização social Estrutura social é o conjunto ordenado de partes encadeadas que formam um todo. Dito de outro modo, a estrutura social é a totalidade dos status existentes num determinado grupo social ou numa sociedade. Cada um dos participantes de uma estrutura desempenha o papel correspondente à posição social ocupada. O conjunto de todas as ações que são realizadas quando os membros de um grupo desempenham seus papéis sociais compõe a organização social. Esta corresponde, portanto, ao funcionamento do organismo social. OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS Assim, enquanto estrutura social dá ideia de algo estático, que simplesmente existe, a organização social dá ideia de uma coisa dinâmica, que acontece. A estrutura social se refere a um grupo de partes (reunião de indivíduos, por exemplo), enquanto a organização social se refere às relações que se estabelecem entre essas partes. Fundamentos Econômicos da Sociedade O processo de produção Quando vamos a um supermercado e compramos gêneros alimentícios, bebidas, calçados, material de limpeza etc., estamos comprando bens. Da mesma forma, quando pagamos a passagem de ônibus ou uma consulta médica, estamos pagando um serviço. Portanto, bens são todas as coisas palpáveis, concretas, e que são produzidas para satisfazer as necessidades do homem. Já uma consulta médica, uma aula, a entrega de um jornal, são exemplos de serviços. Podemos dizer, então, que o homem com o seu trabalho pode produzir bens e serviços. Fundamentos Econômicos da Sociedade Ao viverem em sociedade, as pessoas participam diretamente da produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços, ou seja, participam da vida econômica da sociedade. Assim, o conjunto de indivíduos que participa da vida econômica de uma nação é o conjunto de indivíduos que participa da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Tomemos, por exemplo, o processo produtivo que ocorre em uma indústria de móveis: a árvore (matéria bruta) é derrubada; as toras de madeira (matéria-prima) vêm para indústria de móveis. Aí chegando, sofrem a ação transformador das máquinas e equipamentos e do trabalho dos operários, resultando desse processo um novo bem – uma cama, uma mesa, uma cadeira –, que será colocada à venda. Fundamentos Econômicos da Sociedade Produção É a transformação da natureza da qual resultam bens que vão satisfazer as necessidades do homem. Portanto, produzir é dar uma nova combinação aos elementos da natureza. Como vemos, um dos elementos que intervêm no processo de produção é o trabalho. Trabalho é a atividade realizada pela pessoa que, utilizando os instrumentos de produção, transforma a matéria-prima (tecido) num bem (roupas). Fundamentos Econômicos da Sociedade Trabalho É toda atividade desenvolvida pelo homem, seja ela física ou mental, da qual resultam bens e serviços. Isto significa que é trabalho tanto a atividade do operário de uma indústria como a do desenhista que projeta os bens a serem produzidos por essa indústria. Assim, tanto a atividade manual como a atividade intelectual são trabalho, desde que tenham como resultado a obtenção de bens e serviços. Fundamentos Econômicos da Sociedade O trabalho pode ser classificado, quanto à execução, conforme o grau de capacidade exigido das pessoas que o exercem. Assim, temos: • Trabalho qualificado – Não pode ser realizado sem certo grau de aprendizagem: o trabalho de um torneiro mecânico, por exemplo, enquadra-se nesta categoria; • Trabalho não qualificado – pode ser realizado praticamente sem aprendizagem; como exemplo, temos o trabalho de um servente de pedreiro. O trabalho predominantemente intelectual é geralmente qualificado. Fundamentos Econômicos da Sociedade Matéria-prima Os objetos que, no processo de produção, são transformados para constituírem o bem final são chamados de matéria-prima. Recursos naturais – Os homens, visando obter os bens e serviços de que necessitam, utilizam-se de recursos como o solo (para a agricultura e a pecuária), o subsolo (para a mineração) e os rios e quedas-d’água (para a navegação e produção de energia elétrica). Assim, recursos naturais são elementos da natureza acessíveis e que podem ser incorporados à atividade econômica do homem. Fundamentos Econômicos da Sociedade Instrumentos de produção Todas as coisas que direta ou indiretamente nos permitem transformar a matéria-prima num bem final são chamadas de produção. Os instrumentos de produção que nos permitem transformar diretamente a matéria-prima são as ferramentas de trabalho, o equipamento e as máquinas. Os instrumentos de produção que atuam de forma indireta – mas não menos necessária –, são o local de trabalho, a iluminação etc. Assim, Instrumento de produção é todo bem utilizado pelo homem na produção de outros bens e serviços. O homem recorre aos instrumentos da produção na sua atividade produtiva, pois dessa forma obtém maior eficiência no seu trabalho. Fundamentos Econômicos da Sociedade Meios de produção Sem matéria-prima e sem instrumentos de produção não se pode produzir nada. Eles são os meios materiais para realizar qualquer tipo de trabalho. Por isso, chamados meios de produção. Portanto, são meios de produção todos os objetos materiais que intervêm no processo produtivo. Ao conjunto dos meios de produção mais o trabalho humano damos o nome de forças produtivas. forças produtivas = meios de produção + homens Portanto, o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de produção serem o centro organizador de todos os aspectos da sociedade. Fundamentos Econômicos da Sociedade Modo de produção primitiva Inicialmente, os homens viviam em tribos nômades e dependiam exclusivamente dos recursos da região em que a tribo se encontrava. Sobreviviam graças à coleta e ao extrativismo: caçavam animais para se alimentar e para usar as peles como roupas, pescavam e colhiam frutos silvestres. A comunidade primitiva foi a primeira forma de organização humana. Ela existiu em diversas partes da Terra há dezenas de milhares de anos. Ainda hoje, na África, na Austrália, na Nova Zelândia e na Amazônia, encontramos tribos com esse tipo de organização: alimentam-se de frutos, da caça e da pesca, e não praticam a agricultura nem o pastoreio. Fundamentos Econômicos da Sociedade Modo de produção escravista É um modo de produção que predominou na antiguidade, mas que também existiu no Brasil durante a Colônia e o Império. Na sociedade escravista os meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram propriedades do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta. Assim, no modo de produção escravista, as relações de produção eram relações de domínio e de sujeição: senhores X escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de escravos, que não tinham nenhum direito. Neste modo de produção já existia o Estado, pois alguns homens começaram a dominar os outros; o Estado surgiu para garantir o interesse dos senhores. Fundamentos Econômicos da Sociedade Modo de produção asiático O modo de produção asiático predominou no Egito antigo, na China, na Índia, entre os astecas do México e os incas do Peru, e também na África do século passado. Modo de produção feudal A sociedade feudal era estruturada basicamente em senhores X servos. As relações de produção no feudalismo (relações servis) baseavam-se na propriedade do senhor sobre a terra e um grande poder sobre o servo. Os servos não eram como os escravos: eles cultivavam um pedaço de terra cedido pelo senhor, sendo obrigados a pagar a ele impostos, rendas, e ainda a trabalhar as terras que o senhor conservava para si. O servo tinha o usufruto da terra, ou seja, uma grande parte do que a terra produzia era para ele. Assim, trabalhava uma parte do tempo para si e outra parte para o senhor. Fundamentos Econômicos da Sociedade Modo de produção capitalista A desagregação do feudalismo e as origens do capitalismo tiveram como principais causas: o crescimento da população na Europa, o desenvolvimento das técnicas agrícolas de produção e o renascimento comercial e urbano. A burguesia possui as fábricas, os meios de transporte, as terras, os bancos etc. O trabalhador não é obrigado a ficar sempre na mesma terra ou na mesma fábrica; ele é livre para se empregar na propriedade do capitalista que o aceitar para trabalhar. Como os trabalhadores não são proprietários dos meios de produção, são obrigados a trabalhar para os proprietários do capital. Fundamentos Econômicos da Sociedade O capitalismo compreende quatro etapas: • Pré-capitalismo (séculos XII a XV) – o modo de produção feudal ainda predomina, mas já se desenvolvem relações capitalistas; • Capitalismo comercial (séculos XV a XVIII) – a maior parte do lucro concentra-se nas mãos dos comerciantes, que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado torna-se o mais comum; • Capitalismo industrial (séculos XVIII a XX) – com a Revolução Industrial, o capitalismo passa a ser investido basicamente nas indústrias, que se tornam a atividade econômica mais importante; o trabalho assalariado firma-se definitivamente; • Capitalismo financeiro (século XX) – os bancos e outras instituições financeiras passaram a controlar as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, à indústria, à pecuária e ao comércio. Fundamentos Econômicos da Sociedade Modo de produção socialista A base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção, isto é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não existem empresas privadas. A finalidade do da sociedade socialista é a satisfação completa das necessidades materiais e culturais da população: emprego, habitação, educação, saúde. Nele não há separação entre proprietários do capital (patrões) e proprietários da força de trabalho (empregados). Isto não quer dizer que não continuem existindo diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários desiguais em função de o trabalho ser manual ou intelectual. Estratificação e mobilidade social Estratificação social A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes. São três os principais tipos de estratificação social: • Estratificação econômica – baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária; • Estratificação política – baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder); • Estratificação profissional – baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de médico do que a profissão de pedreiro. Estratificação e mobilidade social De acordo com o critério de nível de rendimento, teremos: Grupo A – pessoas de renda alta; Grupo B – pessoas de renda média; Grupo C – pessoas de renda baixa. A estratificação social é a divisão da sociedade em estratos ou camadas sociais. Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou camadas podem ser: castas (Índia), estamentos (Europa Ocidental durante o feudalismo); e classes sociais (países capitalistas). Cada uma dessas formas de estratificação tem características próprias, que estudaremos mais adiante. Estratificação e mobilidade social Mobilidade social Mobilidade social é a mudança de posição social de uma pessoa num determinado sistema de estratificação social. Quando as mudanças de posição social ocorrem no sentido de subir ou descer na hierarquia social, estamos diante da mobilidade social vertical. • Ascendente, quando a pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo superior à de seu grupo; • Descendente, quando a pessoa piora de posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo de situação inferior. Estratificação e mobilidade social Castas sociais Existem sociedades em que, mesmo usando toda a sua capacidade e empregando todos os esforços, o indivíduo não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nestes casos, a posição social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, Ele carrega consigo, pelo resto da vida, a posição social herdada. A sociedade indiana é estratificada dessa maneira. As castas sociais são grupos sociais fechados, endógamos (os casamentos se dão entre os membros da mesma casta), cujos membros seguem tradicionalmente uma determinada profissão herdada do pai. Estratificação e mobilidade social Estamentos ou estados A sociedade feudal da Europa na Idade Média foi um exemplo típico de sociedade estratificada em estamentos. Estamento ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na sociedade estamental a mobilidade social vertical ascendente é difícil, mas não impossível, como na sociedade das castas. A sociedade estratificada em estamentos é assim dividida: Camada social dominante – nobreza e alto clero; Camada social intermediária alta – comerciantes; Camada social intermediária baixa – artesãos, camponeses livres e baixo clero; Camada social baixa – servos. A estratificação em estamentos era encontrada na Europa até fins do século XVIII. Estratificação e mobilidade social Classes sociais Podemos dividir a sociedade capitalista em dois grupos, segundo a sua situação em relação aos elementos da produção: Proprietários – São os donos dos meios de produção (terras, indústrias etc.); Não proprietários – São os donos apenas de sua força de trabalho. Como vemos, as relações de produção dão origem a camadas sociais diferentes. A essas camadas – que se diferenciam pelo lugar que ocupam na produção de bens – damos o nome de classes sociais. Na sociedade capitalista existem basicamente duas classes sociais: a burguesia (proprietária dos meios de produção) e o proletariado (proprietária apenas de sua força de trabalho). Instituições sociais O que são instituições sociais? Instituição social é o conjunto de regras e procedimentos padronizados, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade e que têm grande valor social. São os modos de pensar, de sentir e de agir que a pessoa encontra preestabelecidos e cuja mudança se faz muito lentamente, com dificuldade. Nos estudos das instituições sociais existem dois aspectos muito importantes. É necessário fazer uma diferença nítida entre grupo social e instituição social. Apesar de os dois dependerem basicamente um do outro, são duas realidades distintas. Instituições sociais Os grupos sociais referem-se a indivíduos com objetivos comuns, envolvidos num processo de interação mais ou menos contínuo. Já as instituições referem-se às regras e procedimentos padronizados dos diversos grupos. Por exemplo: o pai, a mãe, os filhos formam um grupo primário. As regras e os procedimentos que regulamentam essa relação fazem parte da instituição familial. As principais instituições sociais são: a familial, a educativa, a religiosa, a jurídica, a econômica e a política. As instituições sociais servem principalmente como um meio para a satisfação das necessidades da sociedade. Nenhuma instituição surge sem que tenha surgido antes uma necessidade. Mas, além desse papel, as instituições sociais cumprem também o de servir de instrumento de regulação e controle das atividades do homem. Instituições sociais A família A família é o primeiro grupo social a que pertencemos. É um tipo de agrupamento social cuja estrutura em alguns aspectos varia no tempo e no espaço. Essa variação pode ser quanto ao número de casamentos e quanto ao tipo de família e à autoridade. Quanto ao número de casamentos, a família pode ser monogâmica e poligâmica. A família monogâmica é aquela em que cada esposo tem apenas um cônjuge, já na família poligâmica cada esposo pode ter dois ou mais cônjuges. Ao casamento de uma mulher com dois ou mais homens damos o nome de poliandria. Ao casamento de um homem com várias mulheres damos o nome de poliginia. Instituições sociais Quanto à forma de casamento, temos a endogamia e a exogamia. Endogamia quer dizer casamento permitido entre apenas dentro do mesmo grupo, da mesma tribo. Exogamia é o tipo de casamento encontrado na maioria das sociedades modernas; é o casamento com alguém de fora do grupo. A família pode ser classificada em dois tipos básicos: família conjugal ou nuclear e família consanguínea ou extensa. Família conjugal ou nuclear é o grupo que reúne o marido, a esposa e os filhos. Família consanguínea ou extensa é a que reúne, além do casal e seus filhos, outros parentes, como avós, netos, genros e noras. Podemos citar como funções principais da família: função sexual, reprodutiva, econômica e educacional. Instituições sociais A Igreja Todas as sociedades conhecem alguma forma de religião. A religião é um fato social universal, sendo encontrada em toda parte e desde os tempos mais remotos. A religião inclui a crença em poderes sobrenaturais ou misteriosos. Essa crença está associada a sentimentos de respeito, temor e veneração, e se expressa em atitudes públicas destinadas a lidar com esses poderes. Geralmente todos se unem numa comunidade espiritual chamada Igreja. A forma pela qual se expressa a religião varia muito: sociedades diferentes acentuam diferentes elementos ou aspectos da religião. Algumas atribuem importância maior à crença no sobrenatural; outras, mais aos ritos e cerimônias. Instituições sociais O Estado Quando o indivíduo paga impostos ele está sendo tributado. Os tributos representam uma apropriação de recursos dos particulares pelo Estado. Esses recursos servirão para financiar os gastos do Estado com seus funcionários, com as obras que deve realizar etc. O Estado se baseia na ação tributadora para recolher esses recursos, e essa ação se fundamenta numa qualidade que integra a própria essência do Estado: o seu poder de coerção. Esse poder é a possibilidade que tem o Estado de recorrer à violência física para cumprir os seus fins. Instituições sociais Em qualquer sociedade, apenas o Estado tem o direito de recorrer à violência, à coação, para obrigar alguém a fazer alguma coisa. Em suma, o Estado é a instituição social que tem a exclusividade, o monopólio da violência legítima; e assim é porque a lei lhe confere o direito de recorrer à violência, caso isso seja necessário. O poder e a autoridade centralizam-se de maneira mais clara no Estado. Desse modo, o Estado é uma das agências mais importantes de controle social; o Estado executa suas funções por meio da lei, apoiado em última instância no uso da força. O Estado é essencialmente um agente de controle social. Difere de outras instituições – como a família e a Igreja, que também exercem controle – na medida em que tem poder para regular as ações entre todos os membros da sociedade. Instituições sociais O Estado constitui-se de três elementos: • Território – é a base física do Estado, sobre a qual exerce sua jurisdição; • População – é composta pelos habitantes do território; • Governo – é o grupo de pessoas colocadas à frente dos órgãos fundamentais do estado e que em seu nome exercem o poder público. Estado, nação e governo Estado é diferente de nação. A nação é um conjunto de pessoas ligadas entre si por vínculos permanentes de idioma, religião e valores. É anterior ao Estado, podendo existir sem ele; por outro lado, um Estado pode compreender várias nações. Há nações sem Estado, como acontecia com os judeus antes da criação do Estado de Israel, e ainda acontece com os ciganos. E há Estado que têm várias nações, como o Reino Unido (formado pela Escócia, Irlanda do Norte, País de Gales e Inglaterra). Instituições sociais O Estado é, portanto, a nação com um governo. Porém, Estado é diferente de governo. Estado é uma instituição social permanente, e governo é um elemento transitório do Estado. Os Estados modernos possuem três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O Estado pode ter as seguintes formas de governo: • Monarquia – o governo é exercido por uma só pessoa (o rei), que herda o poder e o mantém até a morte ou renúncia; • República – o poder é exercido por representantes eleitos periodicamente pela população; • Ditadura – uma só pessoa – o ditador – impõe a sua vontade de poder ilimitado. Mudança social O que é mudança social Mudança social é qualquer alteração nas forma de vida de uma sociedade. Nenhuma sociedade é perfeitamente igual a si mesma em dois momentos sucessivos de sua história. Com a abolição da escravidão, por exemplo, houve uma mudança social, uma modificação básica na instituição econômica. O trabalho passou a ser realizado por trabalhadores livres, que recebiam salário. Isso provocou uma mudança em toda a estrutura social brasileira. Através da mudança social alteram-se as relações sociais. As modificações por que passou a família, por exemplo, levaram a uma menor distância social entre pais e filhos. As relações que, na família patriarcal, supunham uma estreita obediência dos filhos, foram hoje substituídas, em boa parte, por uma maior amizade entre pais e filhos. Mudança social Causas da mudança social A mudança social se estabelece de duas formas: através de forças endógenas (internas), isto é, por mudanças originadas dentro da própria sociedade (invenções); ou por forças exógenas (externas), quando são provenientes de outras sociedades (difusão cultural). Toda invenção pertence a uma sociedade determinada. Embora não seja a sociedade em conjunto que invente, mas sim os indivíduos, a sociedade fornece as bases, pois todo inventor utiliza o conhecimento acumulado da sua cultura. Cada geração não parte da estaca zero, mas de uma herança social transmitida. O patrimônio cultural e a necessidade social é que geram as invenções. Teria sido praticamente impossível a Einstein elaborar a Teoria da Relatividade se tivesse nascido entre os esquimós, por exemplo. Mudança social Fatores contrários à mudança social Grande parte das mudanças sociais não ocorre sem esbarrar em obstáculos e resistências. Assim foram precisos séculos para que se consolidassem grandes mudanças, como o cristianismo e a democracia. As atitudes individuais e sociais pode favorecer ou não a mudança social. Podemos classificar essas atitudes em três tipos principais: • Atitude conservadora → Nela se enquadram o tradicionalismo e o reacionarismo; • Atitude reformista ou progressista; • Atitude revolucionária. Mudança social Consequências da mudança social As invenções e a difusão social cultural são processos que ocasionam mudanças sociais, pois suscitam modificações nos costumes, relações sociais e instituições. Mudanças gradativas não destroem as instituições sociais existentes. Geralmente, visam apenas a melhorá-las. Já mudanças profundas e violentas alteram todo o sistema de relações sociais. As mudanças bruscas, profundas ou muito aceleradas, podem ocasionar a desorganização social. É o caso das revoluções. O subdesenvolvimento Os indicadores do subdesenvolvimento O Brasil tem a sétima economia do mundo ocidental. No entanto, do ponto de vista da sua população, encontra-se no mesmo nível de alguns países pobres da África e da Ásia. • População: 200 milhões de habitantes; • 15 milhões vivem em estado de miséria absoluta (renda anual de 30 dólares), segundo a FAO (Organização de Alimentação e Agricultura da ONU); a ideia de país subdesenvolvido traz à mente, por oposição, a de país desenvolvido. Existe uma corrente de estudiosos do assunto que defende a ideia de que os países subdesenvolvidos podem tornar-se desenvolvidos. Para eles, o subdesenvolvimento é – ou pode ser – um estágio anterior ao desenvolvimento. O subdesenvolvimento Outros autores, porém, consideram o subdesenvolvimento não como uma etapa anterior ao desenvolvimento, mas como uma situação que pode ser permanente. Além disso, tais autores defendem a ideia de que o subdesenvolvimento da maioria dos países do mundo é a contrapartida do desenvolvimento de alguns países. Indicadores vitais São quatro os principais indicadores vitais do subdesenvolvimento: • • • • Insuficiência alimentar; Grande incidência de doenças; Intensa natalidade e altas taxas de crescimento demográfico; Composição etária com predominância de jovens. O subdesenvolvimento Indicadores econômicos Os principais indicadores econômicos do subdesenvolvimento são: • Baixa renda per capita; • predominância do setor primário sobre o secundário; • Problemas na agricultura; • Problemas na indústria; • Concentração de renda; • Problemas no setor externo; • Subemprego ou desemprego disfarçado. O subdesenvolvimento Baixa renda per capita → A renda per capita é o resultado da divisão da renda nacional pela população do país (RN/Pop.). Em razão de sua fácil apuração, é um dos indicadores mais comumente usados para indicar a condição de subdesenvolvimento. Predominância do setor primário sobre o secundário → Nas economias subdesenvolvidas, o setor primário (agricultura, pecuária, pesca, extrativismo vegetal) apresenta maior importância que o setor secundário (indústria, atividades extrativistas minerais). O subdesenvolvimento Problemas na agricultura → São basicamente três: baixa produtividade, subemprego e concentração da propriedade. • Agricultura pouco mecanizada – a falta de máquinas e equipamentos impede o aumento da eficiência do trabalho humano, fazendo com que a quantidade de produto gerado por cada trabalhador seja baixa. • Agricultura extensiva – para obter um determinado volume de produto é utilizada uma soma de recursos naturais superior à que é necessária numa economia desenvolvida. Problemas na indústria → O setor secundário tem uma participação reduzida na vida econômica das nações subdesenvolvidas, quer em termos da parcela da população empregada no setor, quer em termos da parcela do Produto Interno Bruto (PIB) gerada pelo setor. O subdesenvolvimento Concentração de renda → A renda é muito mal distribuída nos países subdesenvolvidos, estando concentrada nas mão de pouca pessoas. Problemas no setor externo → O setor externo é aquele que compreende as duas operações básicas do comércio internacional: exportação e importação. Os países subdesenvolvidos, de modo geral, exportam produtos primários agrícolas e minerais; muitas vezes as exportações são representadas por apenas um tipo de matéria-prima, como é o caso dos países árabes exportadores de petróleo. Quanto à importação, os países subdesenvolvidos importam bens de consumo industrializados, além de máquinas e equipamentos. Aqueles que não produzem petróleo também gastam quantias consideráveis na importação desse produto essencial. O subdesenvolvimento Subemprego ou desemprego disfarçado → O subemprego não se verifica apenas na área zona rural, mas também na zona urbana. Encontramos nas cidades um grande número de pessoas que, não estando integradas em atividades realmente produtivas, exercem expedientes vários para sobreviver: jornaleiros, engraxates, camelôs, lavadores de carros etc. Essas ocupações exigem apenas uma parcela mínima de sua capacidade de trabalho. Tais pessoas apresentam um baixo nível de renda e de consumo e vivem aglomeradas em favelas e cortiços, constituindo a camada marginal do sistema econômico. O subdesenvolvimento Indicadores sociais e políticos Indicador social: a tomada de consciência Um fenômeno totalmente novo nos permite caracterizar os países subdesenvolvidos e distingui-los dos países atrasados de outrora: pela primeira vez na História as populações desses países têm consciência de sua miséria ou pobreza, ou de seu atraso em relação aos países industrializados. Essa consciência coletiva deve-se ao progresso e à difusão dos órgãos de comunicação de massa. O subdesenvolvimento Indicador político: projetos de desenvolvimento É possível que toda comunidade estabeleça um consenso em torno de um modo de eliminar o atraso e, portanto, formule um projeto único de desenvolvimento; mas também é possível que os diferentes grupos da população encarem de modo diverso tais deficiências e defendam maneiras diferentes de removê-las, ou seja, possuam projetos específicos de desenvolvimento. Não é suficiente, porém, que existam projetos coletivos de desenvolvimento: é necessário também que os grupos formuladores de tais projetos induzam o Estado à realização de seu programa ou procurem fazer-se representar diretamente no Estado. O subdesenvolvimento Os indicadores não absolutos Os indicadores vitais, econômicos, sociais e políticos de subdesenvolvimento que vimos até agora são os traços mais comumente encontrados nos países subdesenvolvidos. Mas nem todos os países subdesenvolvidos apresentam a totalidade desses traços. São considerados subdesenvolvidos os países que apresentam, senão todas, pelo menos um número considerável dessas características. Por outro lado, é muito provável que certos países que, a rigor, não podem ser considerados subdesenvolvidos apresentem alguns desses sinais. O subdesenvolvimento A origem do subdesenvolvimento • Países periféricos – aqueles que mantiveram ou mantêm uma relação de dependência econômica e/ou política com países centrais; • Países centrais – são os grandes centros industrializados (países da Europa Ocidental, Estados Unidos, Japão). De modo geral, as nações subdesenvolvidas foram colônias de nações desenvolvidas (antigas metrópoles). A origem do subdesenvolvimento dos países periféricos pode ser localizada exatamente nas relações econômicas e políticas desses países com as nações centrais ao longo da História. Como desdobramento da Revolução Comercial por que passou o Europa principalmente a partir do século XII, surgiu o movimento de colonização de novas áreas do globo pelas potências europeias, a partir do século XV. O subdesenvolvimento A colonização foi um processo de ocupação e exploração econômica e política de novas áreas. O movimento colonizador que se afirmou a partir do século XV assumiu o caráter de “europeização do mundo”, pois representou a integração de novas áreas à órbita econômica e política das nações europeias. Desse movimento surgiram dois tipos de colônia: de povoamento e de exploração. As colônias de povoamento foram as áreas ocupadas por levas de desempregados (sobretudo em razão das transformações operadas na agricultura europeia) ou por grupos submetidos a perseguições religiosas. As colônias de exploração foram as áreas ocupadas pelas nações europeias, com a finalidade de delas extrair seus bens comercializáveis na Europa. O subdesenvolvimento Crescimento econômico e desenvolvimento Alguns autores consideram o desenvolvimento como simples sinônimo de crescimento econômico, ou seja, o aumento substancial da produção de um país. Para eles, o desenvolvimento é um processo de expansão quantitativa do produto e da renda. No entanto, entendendo o subdesenvolvimento como o conjunto das características estudadas até agora, podemos perceber que o desenvolvimento é um processo muito mais amplo que o mero crescimento. O verdadeiro processo de desenvolvimento consiste na transformação qualitativa da sociedade , na mudança de suas características.