INFECÇÃO PELO VÍRUS INFLUENZA A H1N1 RECOMENDAÇÕES PARA GRÁVIDAS, PUÉRPERAS (MÃES QUE ACABARAM DE DAR À LUZ) E RECÉMNASCIDOS Analisando os casos notificados em nosso país, tem chamado a atenção e causado preocupação o elevado número de mulheres grávidas infectadas e a evolução grave e fatal de alguns quadros. As mulheres grávidas devem ser incluídas num grupo de risco elevado para desenvolver complicações da doença, pois seu sistema imunológico fica mais vulnerável durante toda a gestação e, em seus três últimos meses, a mecânica respiratória muda devido ao aumento da pressão intra-abdominal. Os riscos são certamente ainda maiores tratando-se de gestantes adolescentes e das portadoras de doenças crônicas, particularmente as associadas com alterações pulmonares e imunodepressão, tais como, asma brônquica, cardiopatias, nefropatias, doença falciforme e doenças autoimunes em geral. Em relação aos recém-nascidos, a conhecida imaturidade da resposta imune anti-infecciosa própria desta faixa etária, em particular das defesas locais respiratórias, além da imaturidade pulmonar nos pré-termos, certamente determinam uma alta probabilidade de infecção de curso grave entre os filhos de gestantes infectadas e não tratadas. Desta forma, os responsáveis pelas áreas de Obstetrícia, Neonatologia e Pediatria Clínica do Hospital das Clínicas da FMUSP discutiram o tema e decidiram propor algumas recomendações dirigidas às mulheres grávidas, às puérperas e seus recém-nascidos. Em relação às grávidas e puérperas, propõem as seguintes recomendações: 1. O diagnóstico clínico deve ser estabelecido o mais cedo possível, as gestantes e puérperas priorizadas em termos do fluxo de atendimento, obrigatoriamente encaminhadas também para o obstetra, lembrando-se que os sinais e sintomas da infecção nas grávidas e puérperas são semelhantes aos apresentados pela população de pacientes adultos em geral. 2. O diagnóstico etiológico laboratorial nas grávidas e puérperas deve ser priorizado. 3. A prescrição de terapêutica anti-viral com Oseltamivir por 5 dias (75mg 2 vezes a dia) para todas as grávidas de 2º e 3º trimestres com suspeita clínica ou infecção confirmada, e de quimioprofilaxia (75 mg 1 vez ao dia), por 10 dias, para as grávidas que tiveram contato com pacientes infectados. As mesmas recomendações aplicam-se às puérperas. Em relação às grávidas de 1º trimestre, só deve ser iniciada a terapêutica anti-viral para os casos comprovados da infecção. O Zanamivir não é recomendado para grávidas. 1 4. As gestantes infectadas ou com suspeita de infecção devem ser mantidas sob observação estrita, internadas ou não, pelos riscos de evolução grave da doença. 5. Vacinação ampla das mulheres grávidas em qualquer período da gestação com a vacina trivalente antivírus da influenza. 6. Afastamento preventivo para as gestantes com atividades relacionados a cuidados profissionais com pacientes com infecção presumível ou infectados. Em relação aos recém-nascidos, recomenda-se que sejam separados em 2 grupos: A) grupo dos nascidos de mães com suspeita de infecção, infectadas e não tratadas com terapêutica anti-viral e B) grupo dos nascidos de mães com suspeita de infecção ou infectadas e tratadas com terapêutica anti-viral. Grupo A (Mães não tratadas) a) Realizar imediatamente após o nascimento a coleta de secreção de nasofaringe para o diagnóstico etiológico laboratorial; b) Em casos positivos, iniciar imediatamente a terapêutica anti-viral com Oseltamivir (12 mg 2 vezes ao dia, independentemente do peso), durante 5 dias, não havendo recomendação do Zanamivir para recémnascidos, mantendo-o sob isolamento respiratório; c) Os casos negativos deverão ser mantidos sob observação clínica, d) Manter o aleitamento materno em todos os recém-nascidos, recomendando-se que a mãe lave cuidadosamente as mãos antes da manipulação do(a) filho(a) e que use máscara cirúrgica nos casos positivos ou aguardando o resultado da pesquisa viral. e) A alta hospitalar pode ocorrer após o término da terapêutica anti-viral ou na dependência da evolução clínica, recomendando-se o acompanhamento ambulatorial subseqüente e freqüente. Grupo B (Mães tratadas) a) Realizar imediatamente após o nascimento a coleta de material de nasofaringe para verificar a presença ou não do vírus no recém-nascido; verificar também a presença do vírus na mãe, mesmo que tratada (incluindo as submetidas a quimioprofilaxia); b) Em casos positivos, iniciar imediatamente a terapêutica anti-viral com Oseltamivir (12 mg 2 vezes ao dia, independentemente do peso), durante 5 dias, não havendo recomendação do Zanamivir para recémnascidos, mantendo-o sob isolamento respiratório. c) Os casos negativos deverão ser mantidos sob observação clínica. d) Manter o aleitamento materno em todos os recém-nascidos, recomendando-se que a mãe lave cuidadosamente as mãos antes da manipulação do(a) filho(a) e que use máscara cirúrgica nos casos positivos ou aguardando o resultado da pesquisa viral. 2 e) A alta hospitalar pode ocorrer na dependência da evolução clínica ou após o término da terapêutica antiviral, recomendando-se o acompanhamento ambulatorial subseqüente e freqüente do recém-nascido. WERTHER BRUNOW DE CARVALHO Professor Titular de Neonatologia e Cuidados Intensivos, Departamento de Pediatria, FMUSP MAGDA CARNEIRO-SAMPAIO Professora Titular de Pediatria Clínica do Departamento de Pediatria da FMUSP, Presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança MARCELO ZUGAIB Professor Titular de Obstetrícia, Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, FMUSP Referências Bell E. Pharmacotherapy of novel influenza A (H1N1). www.pediatricsupersite.com.w10077 Bettes B et al. Influenza vaccination in pregnancy: practices among obstetrician-gynecologists – United States, 2003-4 influenza season. MMWR 2005;54:1050-52 CDC. Novel influenza A (H1N1) virus infections in three pregnant women – United States, April-May 2009. MMWR 2009; 58:1-3 CDC. Pregnant women and novel influenza A (H1N1) virus: considerations for clinicians. www.cdc.gov/h1n1flu/clinician.pregnant.htm Ministério de Saúde. 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