O DELINEAMENTO DE SOBRANCELHA CONFORME A FISIONOMIA DA FACE Emili Ana Ramthum 1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Gabriela Pasa da Silva 2 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Tatiana Paganini ³ – Orientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos 1 [email protected] [email protected] 3 [email protected] 2 Resumo: O pelo em nosso corpo tem como função básica a proteção contra atos mecânicos e térmicos e as sobrancelhas em especial oferecem função de proteção do globo ocular. Hoje é notório que essa pequena parte do corpo deixou de ter somente essa característica e passou a dar expressão e embelezamento da face. Em decorrência desse fato, houve uma valorização do embelezamento das sobrancelhas e consequentemente um aumento pela procura por um delineamento adequado das mesmas, fazendo assim com que o profissional de design de sobrancelha ganhe espaço no mercado de trabalho. O profissional que realiza a técnica de retirada dos pelos do supercílio precisa estar atento e se atualizando sempre com os conceitos de visagismo. O conhecimento das técnicas de visagismo torna-se um diferencial nessa área, pois será possível destacar as particularidades de cada pessoa, fazendo com que saiba identificar desde o formato do rosto, até o temperamento e a personalidade de cada cliente. O objetivo desse trabalho é analisar os tipos de rostos existentes, as sobrancelhas adequadas para cada tipo e compreender os conhecimentos do visagismo e da fisiognomonia que são utilizadas para a execução da técnica de delineamento de sobrancelha. Para realização do trabalho, que se caracterizou como bibliográfica do tipo descritivo exploratória, foram utilizados como base de dados, sites, revistas, artigos e livros sobre visagismo e sobrancelha. Com as técnicas mostradas nesse trabalho através do visagismo, possibilita que o profissional de design possa se destacar, adequando cada cliente a um modelo de sobrancelha e destacando a beleza individual de cada pessoa. Palavras chaves: Sobrancelhas. Visagismo. Psicologia. Formato de rosto. 1 1 INTRODUÇÃO As sobrancelhas são responsáveis por dar expressão facial, modelar o rosto e fazer com que a face fique mais harmoniosa, de acordo com o perfil de cada ser humano. Constata-se que as sobrancelhas tiveram em cada época sua característica particular, pois as mulheres moldam a região acima dos olhos de acordo com as tendências de moda de cada década, ou de cada tendência. Nos tempos renascentistas, era comum a raspagem das sobrancelhas, no cinema mudo as atrizes representavam seus papéis de acordo com suas sobrancelhas, às mocinhas deveriam ter sobrancelhas mais curtas, já as vilãs recebiam um olhar de sobrancelhas longas e arqueadas, e hoje, podemos observar que cada tipo de sobrancelha deve ser específico ao tipo de rosto da pessoa. O pelo em nosso corpo tem, como principal função, a proteção, contra atos mecânicos e térmicos, é um tipo de anexo cutâneo que se origina da parte dérmica da nossa pele e são constituídos por queratina. Além dessas funções o pelo tem sua finalidade estética, sendo que hoje as sobrancelhas não são mais vistas somente como proteção ao globo ocular e sim ao embelezamento da face. Consequentemente, nos últimos anos ganhou força o trabalho do design de sobrancelhas, esse profissional é especializado em trabalhar a imagem das mesmas e transformá-las em algo que destaque todo o conjunto da face, suavizando ou modernizando a expressão. O profissional dessa área deve estar atento a alguns aspectos básicos como a fisiologia do pelo e da pele, anatomia facial e ter conhecimento das técnicas de visagismo. O visagismo surgiu no final do século XIX e foi divulgado no Brasil, pelo artista plástico Philip Hallawel, tendo como principal objetivo encontrar a harmonia e destacar as particularidades de cada rosto, fazendo com que a fisionomia facial entre em sintonia com a personalidade de cada pessoa. 2 O objetivo desse trabalho é analisar os tipos de rostos existentes, as sobrancelhas adequadas para cada tipo e compreender as técnicas de visagismo e da fisiognomonia que são utilizadas para a execução da técnica de delineamento de sobrancelha. Este trabalho contribui também com o aumento do número de artigos científicos sobre anexos cutâneos, dando enfoque para o visagismo associado ao delineamento de sobrancelhas e para futuras pesquisas na área, consequentemente valorizar e mostrar a importância dessa técnica, além de divulgar essa profissão que é de suma importância na estética. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Fisiologia da pele A pele é o maior órgão do nosso corpo, têm como funções como proteção, termo regulação, secreção, excreção e metabolização (SOUZA, 2004). Esse órgão não deve ser tratado como um elemento meramente estético, ou um simples revestimento do esqueleto e dos órgãos (MACEDO, 2001), pois consegue sintetizar vitaminas e mantêm também a integridade do corpo (HARRIS, 2003). Obagi (2004, p,1.) observa que “a pele é um órgão de arquitetura complexa, estratificada horizontalmente em três compartimentos: a epiderme, a derme, e a camada subcutânea com penetrações verticais dos apêndices, tais como folículo piloso, glândulas sudoríparas e sebáceas”. No entanto, essa última camada já não faz mais parte da pele segundo (GUIRRO e GUIRRO, 2004). Suas estruturas são descritas abaixo: Epiderme: é a camada mais superficial da pele, é o que vemos quando olhamos no espelho ou quando vemos outra pessoa. As células da epiderme renovam-se constantemente a cada quatro semanas de acordo com Macedo (2001). 3 São constituídas por cinco camadas conforme Carneiro e Junqueira (2004), camada basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. Como possui uma camada protetora, forma uma barreira contra a entrada de microorganismos, radiação UV, corrente elétrica e substancias tóxicas. De acordo com Souza (2004) a pele ainda retém água, eletrólitos, e substâncias solúveis. Derme: Nesta camada é que se originam os folículos pilosos, glândulas apócrinas e glândulas sudoríparas écrinas. Como na sua composição há o colágeno e elastina, tornase um tecido resistente e flexível. É rico também em fibroblastos que sintetizam essas proteínas para sustentar o tecido. Há também a substância amorfa fundamental que contém a matriz extracelular (SOUZA; VARGAS, 2004). Carneiro e Junqueira (2004) afirmam que a derme é constituída por duas camadas, a camada papilar e a camada reticular. Hipoderme: é formada por tecido gorduroso que, por sua disposição, possui propriedades protetoras contra o traumatismo e variações térmicas (SOUZA, 2004). Figura 1 – Estrutura da Pele Fonte: Sistema tegumentar (2009). 2.2 Fisiologia do Pelo Embora os pelos não sejam, uma exigência para existência física no homem, eles são extremamente importantes para o equilíbrio social e psicológico da pessoa, uma interação muito delicada entre a percepção importante dela por si e pelos outros. 4 O pelo tem função de proteção contra radiações, traumas e atritos, além de funcionarem como isolante térmico, de acordo com Hernandez; Mercier-Fresnel (1999). Dawber (1996) relata que os pelos crescem de folículos, que são invaginações, semelhantes a uma meia do epitélio superficial, cada um dos quais envolve na sua base uma pequena área de derme conhecida como a papila dérmica. Carneiro e Junqueira (2004) afirmam que a mesma são estruturas delgadas, e queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação da epiderme. Sua cor, tamanho e disposição variam de acordo com a raça e a região do corpo. A haste do pelo é divido em três partes: cutícula, medula e córtex, segundo Barata (2003). Cutícula: É a última camada, sua composição são células encaixadas e totalmente queratinizadas (BARATA, 2003). Córtex: É a essência do pelo, são responsáveis pela coloração do pelo, já que há a presença de melanina. Sua camada intermediária ocupa a maior parte da área do pelo (LEONARDI, 2008). Medula: Parte central do pelo (PEYREFITTE;CHIVOT MARTINI, 1998). Na grande maioria há a sua ausência, isso explica o fato de não haver uma definição a respeito da sua função (HARRIS, 2003). Figura 2 – Folículo Piloso Fonte: Sistema tegumentar (2009). 5 2.3 Ciclo biológico do pelo O pelo passa por períodos de crescimento cíclico, divido em três fases, a anágena em que ocorre o crescimento ativo do pelo, a fase catágena que é associada à involução ou repouso e a telógena a fase de descanso e desprendimento do pelo. Du Vivier (2004) insta salientar que durante a fase catágena a matriz do pelo está encerrada pela bainha radicular externa retraída enquanto cresce pelo canal folicular, o pelo em clava. Durante a fase telógena o pelo continua a se dirigir para a superfície. Com o início da fase anágena se forma uma nova matriz folicular. Um novo pelo irá se formar e deslocará o pelo antigo, conforme a figura a seguir. Figura 3: Crescimento cíclico do pelo Fonte: Clínica Sandro Salinitri (2009). 2.4 Anatomia Facial Para a execução da técnica de delineamento de sobrancelhas se faz necessário também conhecer a anatomia da face, sua formação óssea como os músculos que a compõe. O sistema esquelético é uma estrutura forte, sustenta o corpo, protege órgãos maiores e permite a realização de movimentos (DI E DIO, 1996). Segundo Hallawell (2006) a cabeça é formada por três camadas básicas: pele, partes moles e partes fixas ou duras (o esqueleto). 6 Di e Dio (1996) complementa dizendo que os ossos são tecidos vivos, irrigados e drenados por vasos sanguíneos e nervos, além de sustentar o corpo, os ossos armazenam cálcio e outros minerais e também produzem células de sangue. Figura 4: Estrutura anatômica do crânio- vista lateral Fonte: Hallawell (2004). De acordo com Alfredo (2007), os músculos constituem metade do peso do nosso corpo. Os músculos faciais têm como finalidade realizar as expressões faciais, representando as emoções do indivíduo. Alguns músculos têm sua origem nos ossos do crânio, enquanto outros se iniciam na fáscia superficial da face (ALFREDO, 2007). Na imagem abaixo podemos visualizar os músculos faciais: Figura 5: Músculos faciais Fonte: Netter (2000). 7 2.5 Histórico da sobrancelha As sobrancelhas, de um modo geral, têm como principal função a proteção do globo ocular. Hoje em dia, observa-se que essa pequena parte do corpo, da expressão ao rosto, realça a beleza natural, como também evidenciam características pessoais. Por força disto Liz (2006) complementa dizendo que as sobrancelhas têm uma importância vital para o equilíbrio dos traços. Em cada época, elas seguiram uma característica, Santos (2007) contribui dizendo que a retirada de pelos foi sendo associada a cada década e seguida por um padrão de moda, sendo assim a partir do século XX a essa técnica foi evidenciada com a finalidade de embelezar a feição do rosto. Na Europa moderna eram distribuídos livros de receita chamados “os segredos de beleza” e nessa época segundo Priore (2001) era comum as raspagens das sobrancelhas como forma de embelezamento. Segundo Morris (2005) o exemplo mais bizarro de sobrancelhas falsas talvez venha da Inglaterra do século XVIII. Na época, a moda ordenava que as sobrancelhas fossem raspadas e substituídas por pele de rato. As sobrancelhas têm como papel, dar expressão e em muitas vezes mostra a personalidade de uma pessoa, isso também se observou na época do cinema mudo. Segundo Duarte (2009) as atrizes contavam com as sobrancelhas para poder se expressar. As mesmas depilavam-nas completamente e depois as pintavam, conforme exigia o papel. Se fosse uma mulher mais ingênua, pintava sobrancelhas curtas, se fosse mais sensual, mais longas e arqueadas. Como ícone dessa época a atriz Theda Bara. Figura 6: Sobrancelhas de Theda Bara Fonte: Duarte (2009). Anos 1920: a moda era ter sobrancelhas retas, depiladas no centro para afastar os olhos, criando um look entre o inocente e andrógino (DUARTE, 2009). 8 Figura 7: Sobrancelhas de Louise Brooks. Fonte: Fata (2005). Na década de 1930, as sobrancelhas eram consideradas em alguns lugares estímulos eróticos, e certas mulheres eram proibidas de desenhá-las, Morris (2005) complementa dizendo que houve um caso polêmico em um hospital Londrino onde uma enfermeira foi proibida de delinear as sobrancelhas, para não provocar estímulos eróticos nos pacientes. Em contrapartida Duarte (2009) relata que nos anos 30 as sobrancelhas são ainda finas, mas ganharam um desenho mais arqueado. O cinema estava na moda e como destaque temos a Greta Garbo. Figura 8: Sobrancelhas de Greta Garbo Fonte: Ella (2009). O ano de 1940 é considerado a década da feminilidade a moda era deixar as sobrancelhas ligeiramente mais grossas no começo e mais finas no final, como ícone Rita Hayworth (DUARTE, 2009). Figura 9: Sobrancelhas de Rita Hayworth Fonte: Araújo (2009). 9 É possível observar que através desses exemplos, cada época foi responsável por ditar uma tendência para as sobrancelhas, não avaliando o formato de rosto nem a personalidade da pessoa. Hoje a sobrancelha deixou de seguir somente um estilo, com as técnicas do visagismo, ela ganha características em cada rosto. Por força disto Hallawell (2009) complementa dizendo que a grande tendência da atualidade é a personalização, especialmente no que se refere à imagem pessoal. Ou seja, tanto os cabelos, como sobrancelhas, devem estar de acordo com a personalidade e característica de cada indivíduo. Sendo assim, as sobrancelhas deixam de ter papel somente de proteção, e tornam-se responsáveis por dar expressão visual, que é uma das maneiras mais fáceis de valorizar e equilibrar as formas do rosto. 2.6 Visagismo associado ao delineamento da sobrancelha Visagismo é um termo derivado da palavra visage, que em francês significa rosto. O termo foi criado em 1936 pelo francês Fernand Aubry, dizia que o visagista é um escultor do rosto humano e que o visagismo é uma arte, criando uma imagem pessoal personalizada. (HALLAWELL, 2006). Com os conhecimentos do visagismo é possível identificar os formatos (formes) do rosto e dos tons de pele (couleurs), porém o conhecimento da linguagem visual é importante para saber analisar as características físicas (formas de rostos, tons de peles e feições). Hallawell (2009) in Fernand Aubry em uma frase revela basicamente os princípios de um visagista “Não existe mulher sem beleza, somente belezas que não foram reveladas, cada rosto é único”. Sendo assim, Hallawell (2009) complementa que um bom visagista não deve seguir um padrão de regras, nunca falar que tal rosto só combina com tal sobrancelha ou cabelo, e sim colocar a criatividade em prática, para ele o visagismo é na realidade um conceito que exige aprender técnicas novas, adquirir novos saberes e mudar procedimentos além de analisar a personalidade e as características mais pessoais de cada ser humano. 10 Segundo Hallawell (2004) é fundamental o visagista ter conhecimento da estrutura do crânio e dos diversos formatos de rosto, para que possa valorizar o que é belo e o que é característico da sua etnia, levando em conta sua posição na sociedade e sua personalidade. 2.7 Tipos de rosto e suas personalidades segundo o Visagismo Na Grécia antiga, Hipócrates (século IV - V A.C.), o pai da medicina, desenvolveu a teoria dos humores corporais para explicar os estados de saúde e doença. Em sua dissertação intitulada "On the Nature Man", deduz dos quatro elementos primários do universo, terra, ar, fogo e água, quatro qualidades: calor, frio, úmido e seco, as quais foram relacionadas à quatro humores corporais: sangue, fleuma, bile branca e bile negra. (STRELAU, 1998). Após uma análise dos humores corporais, de acordo com o fator predominante houve uma classificação de temperamentos: 1) tipo sangüíneo, caracterizado por indivíduos atléticos e vigorosos, nos quais o humor corporal predominante era o sangue; 2) tipo colérico, indivíduos facilmente irritáveis, nos quais predominava a bile branca; 3) tipo melancólico, indivíduos tristes e melancólicos que exibiam excesso de bile negra; e 4) tipo fleumático, indivíduos cronicamente cansados e lentos em seus movimentos, que possuíam excesso de fleuma (AIKEN, 1991). Hoje o temperamento do indivíduo também é influenciado pelo formato de rosto, a palavra temperamento, de acordo com Volpi (2004), é de origem do latim que significa temperamentum = medida. O Visagismo classifica a face através da análise de linhas, contorno dos olhos, narizes e boca em quatro tipos básicos, conforme as imagens a seguir: Temperamento Colérico: Segundo Silva (2007) esse temperamento possui linhas retas e um formato de rosto normalmente retangular seu nariz é imponente, seus olhos redondos caracterizam uma pessoa passional, objetiva e determinada. Segundo 11 Hallawell (2009) são pessoas que gostam de desafios, embora sejam temperamentais, não guardam rancor. Seu rosto também pode ter formato quadrado, com queixo forte e pronunciado, hexagonal com base reta ou triangular. Figura 10: Temperamento Colérico Fonte: Hallawell (2009). Temperamento Fleumático: O formato de rosto é geralmente redondo, mas também pode ser triangular, quadrado ou oval (HALLAWELL, 2009). Segundo Silva (2007) possuem um olhar caído, um nariz curto e largo, um queixo retraído e “fraco”, sobrancelhas retas e curvas e boca caída exterioriza para o mundo através de seus traços uma personalidade frágil, insegura, retraída e reservada. Figura 11: Temperamento Fleumático Fonte: Hallawell (2009). Temperamento Melancólico: Rosto oval retangular estreito, em triangulo invertido ou losangular com sobrancelhas arqueadas, boca pequena e lábios estreitos, as vezes um nariz adunco desenha uma personalidade ciumenta, reticente, cuidadosa e sistemático (SILVA, 2007). Figura 12: Temperamento Melancólico Fonte: Hallawell (2009). Temperamento Sanguíneo: rosto hexagonal com base reta ou não ou triangular invertido forte, um nariz projetado o queixo triangular, boca grande e sobrancelhas arqueadas 12 mostra sua personalidade extrovertida, despojada, agitada e dinâmica (SILVA, 2007). Possui características positivas como: extroversão, comunicabilidade, motivação, alegria de viver e energia (HALLAWELL, 2009). Figura 13: Temperamento Sanguíneo Fonte: Hallawell (2009). 2.8 Formato de rostos e a respectiva sobrancelha As sobrancelhas têm grande importância, pois formam a moldura dos olhos, um dos mais importantes itens do visagismo é o design de sobrancelhas, podendo modificar a expressão de uma pessoa radicalmente (HALLAWELL, 2009). Hallawell (2006) relata que o formato da sobrancelha é definido pelo formato do osso frontal. Elas podem ter os seguintes formatos: retas, curtas, longas, caídas ou levantadas. É importante ressaltar que o profissional visagista deve também analisar o comportamento que revelará a personalidade e as características pessoais de cada indivíduo e consequentemente analisar o formato de rosto. Segundo Hallawell (2006) os formatos de rosto existentes são: oval, redondo, quadrado, retangular, triangular invertido, triangular, hexagonal (tipo I ou II) e em losango. De acordo com Valverde (2002) sobrancelhas é a parte que melhor define a beleza de um rosto e qualificam sua expressão. Sendo assim, existem recomendações para se atingir o ponto desejado de uma sobrancelha perfeita. É muito importante ler conceitos sobre traçados de sobrancelha, fazer um esboço com lápis no cliente, solicitar que o mesmo acompanhe em um espelho todo o trabalho inicial do delineamento, para que o cliente se sinta seguro (SILVA; WANKA 2009). 13 O profissional precisa definir o ponto inicial, intermediário e terminal antes de iniciar o delineamento. Os pontos são encontrados através da medição feita no rosto do cliente com o paquímetro. Conforme a figura abaixo fica exemplificado os pontos que o profissional deve analisar. D C B A B C D Figura 14: Medição dos pontos da sobrancelha Fonte: Makeupalorra (2009). A linha A é feita no centro do rosto e recebe o nome de plano mediano, eixo de simetria da face; a linha B passa pelo canto interno dos olhos, recebendo o nome de extremo medial; a linha C determina o ponto mais alto da sobrancelha e é medido através da parte mais externa da íris de cada olho do cliente; a linha D origina-se do ponto externo do olho, determina o comprimento lateral da sobrancelha, onde deve terminar a cauda (VALVERDE, 2002). Após o reconhecimento de cada ponto o profissional deve delinear a sobrancelha com o formato mais adequado e que entram em harmonia com seus respectivos formatos de rosto. Conforme o anexo I fica exemplificado cada rosto e suas respectivas sobrancelhas. Há também outra arte que têm por finalidade analisar o rosto e consequentemente verificar e analisar as sobrancelhas que é a fisiognomonia. 14 2.9 Fisiognomonia associada a sobrancelha Embora a palavra fisiognomonia – do grego physionomõn: nomõn, aquele que conhece; physis, pelo físico – soe como algo novo, essa arte é tão antiga quanto o ser humano e consiste em conhecer o outro a si mesmo, por meio do rosto. Alguns livros afirmam que a Fisiognomonia, se originou no Oriente, mas encontramos registros anteriores na Era Cristã, tanto no Oriente quanto no Ocidente. (MARTINEZ, 1997). Fisiognomonia segundo Mcneil (1973) é o estudo das cabeças e rostos para determinar as características e personalidades de cada ser. Henry (2000) diz que normalmente, quando as pessoas olham para o rosto de alguém, elas têm uma impressão geral quanto ao formato, o tamanho, a cor e a beleza e complementa dizendo que o fisiognomonista geralmente mede o rosto de uma pessoa instintivamente, dividindo em três partes. De acordo com o conceito das três porções: a porção superior, que vai da linha do cabelo até a sobrancelha, a porção média, começa onde termina a porção superior e vai até a ponta do nariz, e daí pra baixo é a porção inferior do rosto. De acordo com a figura representativa. Intelectualidade Emotividade e sentimentos Instinto Figura 15: Divisão do rosto Fonte: Pellozzo (2008). Martinez (1997) observa que na fisiognomonia as sobrancelhas, é a linha divisória entre a região superior da face (mental) e a região média (afetividade) desta maneira elas 15 acabam pertencendo ás duas regiões, representando, assim, o grau de entendimento que existe entre a cabeça e o coração. As sobrancelhas, com a forma de linhas curvas, denotam um caráter mais feminino, as de linhas retas um caráter mais masculino. O autor cumpre ressaltar ainda alguns formatos de sobrancelhas na Fisiognomonia, conforme o anexo número II. 3 METODOLOGIA A pesquisa se caracterizou como bibliográfica do tipo descritiva exploratória com abordagem qualitativa. Para elaboração do artigo, foi feito levantamento bibliográfico em bases de dados, sites, revistas e livros, sobre fisiologia do pelo, visagismo, e sobrancelhas. Utilizaram-se como palavras chaves para a pesquisa: sobrancelha, visagismo, psicologia e formatos de rosto, possibilitando a recuperação de material para a descrição das técnicas de visagismo para delineamento de sobrancelha. De acordo com Marconi e Lakatos (2001, p.43-44) a pesquisa bibliográfica trata-se do “levantamento de toda bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas, imprensa escrita e internet. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto”. As pesquisas descritivas na visão de Gil (2002, p.42) “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações variáveis”. Rampazzo (2005) complementa que a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos e fenômenos (variáveis), sem manipulá-los. Neste estudo descreveram-se os tipos de sobrancelha, as técnicas de visagismo para o delineamento de sobrancelha, os formatos de rosto existente, e também foi citado sobre fisiognomonia. 16 A pesquisa qualitativa é em si mesma, um campo de investigação. Ela atravessa disciplinas, campos e temas. Em torno do termo pesquisa qualitativa, encontra-se uma família interligada e complexa de termos, conceitos e suposições (DENZIN; LINCOLN, 2003, p.16). Oliveira (2002) complementa observado que a pesquisa qualitativa não emprega dados estatísticos como centro do processo de análise de um problema. O objetivo de uma pesquisa exploratória no entendimento de Costa (2001, p.30), “é a identificação e a construção de hipóteses que possam ser úteis a estudos posteriores”. Este trabalho vem auxiliar como fonte para futuras pesquisas e também para enfatizar o trabalho dos designers de sobrancelhas, já que não são comuns as bibliografias que abordem sobre esse assunto. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo desse trabalho foi avaliar os tipos de rostos existentes, as sobrancelhas adequadas para cada tipo de rosto e compreender melhor as técnicas de visagismo e da fisiognomonia que são utilizados para a execução do delineamento de sobrancelha. Com isso foi feito uma breve introdução sobre a pele, o pelo, história da sobrancelha e anatomia facial, que são de suma importância para o entendimento sobre sobrancelhas. As técnicas de visagismo, quando são praticadas por um designer de sobrancelha, faz com que esse profissional torne-se um diferencial nessa área, pois ele poderá identificar o perfil do cliente, seu temperamento e até sua personalidade, com o intuito de harmonizar a face. Um dos fatores importantes à ser usado no visagismo, são os formatos de rosto, nos quais percebe-se que cada rosto comporta um delineamento específico. É importante ressaltar ainda, que o profissional que trabalha com delineamento de sobrancelha deve respeitar as características pessoais de cada cliente, antes de fazer o desenho da sobrancelha, deve-se observar o formato de rosto, e consequentemente a personalidade de cada indivíduo. Vale relembrar que o profissional deve ter bom senso nesse procedimento, respeitando a vontade de cada cliente, assim faz com que ele sinta17 se satisfeito e o profissional consiga destacar as particularidades faciais de cada indivíduo. É perceptível que a sobrancelha hoje deixou de ter apenas papel de proteção do globo ocular, e não segue mais apenas um desenho para todos os tipos de rosto. Cada ser humano tem suas características faciais e a sobrancelha além de destacá-las e embelezar a face, traz também a valorização da expressão facial. Este trabalho contribui também com o aumento do número de artigos científicos sobre anexos cutâneos, dando enfoque para o visagismo associado ao delineamento de sobrancelhas e para futuras pesquisas na área, consequentemente valorizar e mostrar a importância dessa técnica, além de divulgar essa profissão que é de suma importância na estética. Apesar do constante crescimento do número de profissionais nessa área, a literatura ainda é escassa sobre esse assunto, portanto, torna-se necessário, que se realizem mais estudos sobre essa área, para que consequentemente acabe tornando-se mais conhecida e valorizada. 18 REFERÊNCIAS AIKEN, L.R. Psychological testing and assessment .7.Ed. Massachusetts: Allyn and Bacon, 1991. ALFREDO, C. 2007. Batalanta Spaco. Disponível em: <http://batalanto.multiply.com/journal. Acesso em: 07 mar 2010. ARAUJO, G. Fique linda sempre. São Paulo. 2009. Disponível em: <http://gloss.abril.com.br/fique-linda/conteudo/evolucao-sobrancelha403437.shtml?pagina=2. Acesso em: 08 mar 2010. BARATA, E. A.F. A cosmetologia: princípios básicos. São Paulo: Tecnopress, 1999. CARNEIRO, J; JUNQUEIRA, C. L. Histologia Básica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. CLINICA SANDRO SALANITRI (São Paulo). Cabelos: qual a função do cabelo no ser humano? qual a composição do cabelo? qual a sua anatomia? 2009. Disponível em: < http://www.sandro.com.br/cabelos.html>. Acesso em: 24 mai. 2010. COSTA, S. F. Método cientifico: os caminhos da investigação. São Paulo: Harbra Ltda, 2001. DAWBER, R. Doenças do cabelos e do couro cabeludo: Sinais comuns de apresentação, diagnostico diferencial e tratamento. São Paulo: Manole, 1996. DENZIN, N. K; LINCOLN, Y. S. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2° ed. São Paulo: Artemed, 2003. DI e DIO, A. J. L. Atlas visuais: anatomia humana. São Paulo: Ática, 1996. DUARTE, M. A história da sobrancelha ao longo do tempo. 2009. São Paulo. Disponível em: <http://colunistas.ig.com.br/curioso/tag/theda-bara. Acesso em: 08 mar. 2010 DU, V. A. Atlas de dermatologia clinica. 3. Ed. São Paulo: Elsevier, 2002. ELLA, C. Um mundo em mudança. 2009. Disponível em: http://mundoquemuda.blogspot.com/search/label/Actores%20e%20actrizes. Acesso em: 08 mar. 2010. FATA, M. Fata Morgana... ou claro obscuro. 2005. Disponível em: <http://fatamorgana.romanesca.com/2005_11_01_arquivo.html. Acesso em: 08 mar. 2010. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisas: 4º ed. São Paulo: Atlas S.A, 2002. 19 GUIRRO, E; GUIRRO, R. R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004. HALLAWELL, P. Visagismo: harmonia e estética. São Paulo: Senac, 2006. HALLAWELL, P. Visagismo integrado: personalidade e estilo. São Paulo: Senac, 2009. HARRIS, M. I. N. C. Pele: estruturas, propriedades e envelhecimentos. São Paulo: Senac, 2003. HENRY, L. B. O que o seu rosto revela – Os segredos chineses da literatura do rosto. 1.ed. São Paulo: Pensamento, 2000. HERNANDEZ, M; MERCIER-FRESNEL, M. M. Manual de cosmetologia. Rio de Janeiro: Revinter, 1999. LEONARDI, G.R. Cosmetologia aplicada. São Paulo: Santa Isabel, 2008. LIZ, C. O caminho da passarela. 1.ed. São Paulo: Prestígio, 2006. MACEDO, O. Segredos da boa pele: preservação e correção. 2. Ed. Ver. Ampl. São Paulo: Senac, 2001. MARCONI, M. DE A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do Trabalho Cientifico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 5º ed. São Paulo: Atlas S.A, 2001. MARTINEZ, V. Os mistérios do rosto: manual de fisiognomonia. 4. ed. São Paulo: Madras, 1997. MAKEUPALOORA. O design de sobrancelhas. Disponível em: <http://makeupaloora.blogspot.com. Acesso em: 09 abr. 2010 MCNEIL, B. E. Psicologia experimental: O fato de ser humano. São Paulo: Hemus, 1973. MORRIS, D. A mulher nua. 1ed. São Paulo: Globo, 2005. NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. OBAGI, Z. E. Restauração e Rejuvenescimento da pele: Incluindo classificação básica dos tipos de pele. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter, 2004. OLIVEIRA, S. L. DE. Metodologia cientifica aplicada ao direito. 1. ed. São Paulo: Thomson Pioneira, 2002. PELLOZZO, M. F. Fisiognomonia leitura de rosto e leitura corporal. 2008. Disponível em:<http://www.leituraderosto.com.br. Acesso em 12. mar.2010. 20 PEYREFITTE, G; CHIVOT, M; MARTINI, M. Estética - cosmética: cosmetologia, biologia geral, biologia da pele. São Paulo: Organização Andrei, 1998. PRIORE, M. D. Corpo a corpo com a mulher - Pequenas historias das transformações do corpo feminino no Brasil. 1.ed. São Paulo: Senac, 2001. RAMPAZZO, L. Metodologia de Pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Loyola, 2005. SANTOS, H. Produtos para área dos olhos. Revista cosmetics e toiletries. out.2007, p. 79. SILVA, A.C; WANKA, A. Micropigmentação de sobrancelha: um estudo da sua evolução e aplicação. 2009. TCC (graduação em Cosmetologia e Estética)-Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2009. SILVA, S.L.M.V. A medicina a luz do visagismo. Belo Horizonte. 2007. Disponível em: http://www.abme.org.br/img/visagismo%20e%20Medicina_web.pdf. Acesso em: 20 fer. 2010. SOUZA, V. M. Ativos dermatológicos: guia de ativos dermatológicos utilizados na farmácia de manipulação para médicos e farmacêuticos. 2. Ed. São Paulo: Técnopress, 2004. SOUZA, M. A. J; VARGAS, T. J. S. Anatomia, fisiologia e histologia da pele. In: KEDE, Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH, Oleg (Orgs.). Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, 2004. SOUZA, T. Dele Dela cabeleireiros. Curitiba, 2007. Disponível em: http://www.deledela.com.br/. Acesso em: 2 mar. 2010. STRELAU, J. Temperament: A Psychological Perspective. New York: Plenum ,1998. VALVERDE, D. Apostila: curso de maquiagem definitiva. São Paulo: Zagonel, 2002. VOLPI, J. H. Particularidades sobre o temperamento, a personalidade e o caráter, segundo a psicologia corporal. Curitiba: Centro Reichiano, 2004. Disponível em: www.centroreichiano.com.br/artigos.htm. Acesso em: 24 mai 2010. 21 ANEXOS Tipo de rosto Características da Figuras sobrancelha Rosto hexagonal tipo I Ela é arqueada, e deve se (lateral reta) acentuar o ponto alto Rosto hexagonal tipo II Suavemente arqueada, (base reta) Rosto em porém não forma ângulo formato triangulo de É mais larga no início e no final é arqueada sutilmente, porém não forma ângulo. Rosto em formato de losango Ela é elevada no ponto alto, tendo um suave arqueamento no final. Rosto retangular O formato deve ser o mais horizontal possível, afinando em sua extensão. Rosto quadrado A largura dela em toda a extensão deve ser proporcional. Deve-se acentuar o ponto mais alto do arco final. A sobrancelha é mais elevada e forma um ângulo no ponto alto. A instrução é para que nunca se faça ela arredondada. A sobrancelha deve ser mais larga no início, estreitando a partir do ponto alto até o final. Rosto redondo Rosto oval Anexo I: Formato de rosto X formato de sobrancelhas Fonte: Informativo Dele e Dela (2007). 22 Formato de sobrancelha Arredondadas Características Arqueadas Aptidão para o dramático, originalidade e sensibilidade excessiva. Retas Espírito artístico, realista, autodomínio e introversão. Acento Impetuosidade, tendência masculina, paixão em excesso, energia e vitalidade. circunflexo (Boomerang) Descendentes Figuras Tendência feminina, caráter modesto, sensualidade, ternura, sensibilidade à estética, inspiração criadora, influenciável e confiável. Melancolia, desânimo e auto-estima deficiente. 23 Ascendentes Energia positiva, tendência a dominar, muita atividade, espírito criativo e frieza. Relativamente Tendência à concentração, espírito analítico, falta de flexibilidade adaptação e humor frequentemente melancólico. juntas Juntas na raiz Tendência à concentração em si mesmo, do nariz impulsividade, timidez e possessividade. Afastadas Calma, emotiva, extroversão e tendência ao exibicionismo. Pouco espessas Sensibilidade, falta de poder de decisão, timidez e caráter fleumático. 24 Espessas Energia, vitalidade, irritabilidade, dinamismo, ação metódica e tendência ao exibicionismo. Curtas Ações rápidas, mas precipitadas, espontaneidade, dificuldade em relacionamento por falta de afetividade. Compridas Tendência à reflexão, mas lentidão nas ações, valentia e inteligência. Baixas próximas Cautela excessiva, calculista, mente insegura, dos olhos receio de correr riscos e persistência. Muito acima dos Caráter móvel e rápido, atitudes descuidadas e olhos irresponsáveis. Anexo II:Tipos de sobrancelhas e suas características Fonte: Martinez (1997). 25