abacaxi: manejo cultural e mercado

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MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO, PÓSCOLHEITA E MERCADO
SÉRGIO LUCIO DAVID MARIN
11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA
13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções
Fortaleza – Ceará – Brasil
Copyright © FRUTAL 2004
Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:
Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal
Av. Barão de Studart, 2360 / sl: 1305 – Dionísio Torres
Fortaleza – CE
CEP: 60120-002
E-mail: [email protected]
Site: www.frutal.org.br
Tiragem: 150 exemplares
EDITOR
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULTURA E AGROINDÚSTRIA –
FRUTAL
DIAGRAMAÇÃO E MONTAGEM
PEDRO MOTA
RUA HENRIQUE CALS, 85 – BOM SUCESSO – FONE: 484.4328/9105.5093
Os conteúdos dos artigos científicos publicados nestes anais são de autorização e
responsabilidade dos respectivos autores.
Ficha Catalográfica
Marin, Sérgio Lúcio David.
Mamão Papaya: produção, pós-colheita e mercado /
Sérgio Lúcio David Marin – Fortaleza:
Instituto Frutal, 2004.
82 p.
1.Mamão papaya - Produção. 2.Mamão papaya –
Pós-Colheita. 3.Mamão papaya – Mercado – Brasil. I. Título.
CDD 634.651
11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA
13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções
Fortaleza – Ceará – Brasil
APRESENTAÇÃO
O crescimento atual do Agronegócio brasileiro se deve ao fato do alto grau de
desenvolvimento tecnológico que o Brasil atravessa no campo e que o tem destacado, em
nível mundial, com as maiores áreas plantadas e maiores produtividades para vários
produtos agrícolas, além do significativo aumento das exportações o que tem contribuído
para o saldo positivo da nossa balança comercial.
Considerando estes fatos, o INSTITUTO FRUTAL tem procurado caminhar em
paralelo na sua função de Entidade de fomento tecnológico aos produtores e realizado, a
cada ano no EVENTO FRUTAL, cursos técnicos com temas de interesse da classe rural
destacando as mais recentes informações de cada tema escolhido.
Esta APOSTILA é fruto desta preocupação. Ela traz as informações mais recentes
deste tema e corresponde ao conteúdo abordado no curso promovido por ocasião da
FRUTAL 2004. Esperamos que as informações aqui contidas possam contribuir com o
desenvolvimento de cada pessoa que tenha participado do curso ou que tenha adquirido
estas informações para uso na melhoria de sua atividade rural.
A seleção dos temas é fruto de avaliações que realizamos durante cada evento e que
serve de parâmetro para a construção da programação da Frutal seguinte. Com isto
estamos procurando atender os interesses da maioria dos participantes do evento o que nos
deixa convicto do acerto tendo em vista, o aumento anual de visitantes ao Frutal. Toda a
Programação Técnica da Frutal é referendada por uma Comissão Técnica Cientifica,
formada por membros das diversas Instituições/Órgãos/Entidades federais e Estaduais
ligadas ao setor, que tem sido decisivo na qualidade deste produto oferecido aos produtores
rurais de todo o país.
Vale destacar que a FRUTAL 2004 trouxe para reforçar seu aspecto tecnológico e
sedimentá-lo como evento internacional e maior evento da fruticultura brasileira, dois
eventos importantes internacionais: a AGRIFLOR BRASIL, que acontece pela primeira vez
no Brasil e que vem acontecendo há 16 anos em 8 países e que é maior evento de Flores
do mundo, promovido pela empresa holandesa HPP Worldwide que é o maior promotor de
feiras de flores do mundo e o III Simpósio Internacional de Frutas Tropicais e
Subtropicais com inscrição de mais de 240 trabalhos de pesquisas de pesquisadores de
mais de 20 países e palestras de especialistas de 10 países.
Desejamos então, que com a publicação desta APOSTILA estejamos contribuindo
com a disseminação dos mais recentes avanços tecnológicos do Agronegócio brasileiro e
que sirva de instrumento para a melhoria da qualidade de vida do homem do campo.
Antonio Erildo Lemos Pontes
Coordenador Técnico do Evento Frutal
Diretor Técnico do Instituto Frutal
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Fortaleza – Ceará – Brasil
COMISSÃO EXECUTIVA DA FRUTAL 2004
Euvaldo Bringel Olinda
PRESIDENTE DA FRUTAL 2004
Idealizador da Frutal, e do SINDIFRUTA, produtor, Engenheiro Pós-Graduado em
Administração e Negócios. Presidente do Instituto Frutal, Ex-diretor da PROFRUTAS –
Associação dos Produtores e Exportadores de Frutas do Nordeste e do IBRAF – Instituto
Brasileiro de Fruticultura e das Federações FAEC e FACIC.
Afonso Batista de Aquino
COORDENADOR GERAL DA FRUTAL 2004
Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado em Nutrição de Plantas pela Universidade
Complutense de Madrid-Espanha, com especialização em Fertilidade do Solo, Extensão
Rural e Marketing em Israel e Espanha. Diretor Geral do Instituto Frutal em duas gestões
Coordenador Geral da Frutal desde 1998.
Antonio Erildo Lemos Pontes
COORDENADOR TÉCNICO DA FRUTAL 2004
Engenheiro Agrônomo com vasta experiência de trabalho voltado para Fruticultura
Irrigada, com especialização em Agricultura Irrigada por Sistema Pressurizado em Israel
e Especialização em Gestão Ambiental pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR,
Membro Efetivo do IBGE/GCEA do Ceará, Consultor do SEBRAE-CE na Área de
Agronegócio da Fruticultura, Coordenador Titular do Nordeste no Fórum Nacional de
Conselhos de Consumidores de Energia Elétrica e Coordenador Técnico da Frutal desde
sua primeira edição em 1994.
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COMISSÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA DA FRUTAL 2004
Afonso Batista de Aquino
Almiro Tavares Medeiros
Anísio de Carvalho Júnior
Antonio Erildo Lemos Pontes
Antonio Vieira de Moura
Aristides Braga Mendes
César Augusto Monteiro Sobral
César Bezerra de Sena
Cézar Wilson Martins da Rocha
Daniele Souza Veras
Egberto Targino Bonfim
Eleonora Silva Guazzelli
Enid Câmara
Euvaldo Bringel Olinda
Francisco Antônio Souza de Aragão
Francisco de Assis Bezerra Leite
Francisco Eduardo Costa Magalhães
Francisco Ferrer Bezerra
Francisco José Menezes Batista
Francisco Marcus Lima Bezerra
Francisco Zuza de Oliveira
Gerardo Newton de Oliveira
Gilson Antônio de Souza Lima
Glória Ribeiro
Guido Colares Filho
Jane Alves de Moraes
João Nicédio Alves Nogueira
José de Souza Paz
José dos Santos Sobrinho
José Ferreira da Silva – Murilo
José Ismar Girão Parente
José Luciano Sales
José Maria Freire
José Maria Marques de Carvalho
Josimar Landim
Joviniano Silva
Marcelo Neiva Pereira
Marcílio Freitas
Raimundo Reginaldo Braga Lobo
Ronaldo Lima Moreira Borges
Viviane de Avelar Cordeiro
INSTITUTO FRUTAL
UFC/CCA
SENAR
INSTITUTO FRUTAL
SEBRAE/CE
INCRA
AEAC
AGRIPEC
MAPA
AGRIPEC
EMATERCE
DNOCS
PRÁTICA EVENTOS
INSTITUTO FRUTAL
EMBRAPA
CREA-CE
BANCO DO BRASIL
FIEC/INDI
SRH
UFC/CCA
SEAGRI/CE
INSTITUTO CENTEC
CONAB-CE
PRÁTICA EVENTOS
INSTITUTO AGROPÓLOS DO CEARÁ
SETUR
OCEC/SESCOOP
SEAGRI/CE
FAEC/SENAR
CREA-CE
SECITECE
COOPANEI
CHAVES S/A MINERAÇÃO E INDÚSTRIA
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A
INCRA-CE
DFA/CE
DFA-CE
CEASA
SEBRAE-CE
AEAC
INSTITUTO CENTEC
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................7
2. CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA ............................................................................8
3. TIPOS FLORAIS......................................................................................................9
4. CRUZAMENTOS ...................................................................................................18
5. GRUPOS DE MAMOEIROS QUANTO AO SEXO.................................................19
6. CONSTRUÇÃO DO VIVEIRO ...............................................................................20
7. FORMAÇÃO DE MUDAS ......................................................................................25
8. SELEÇÃO DE CULTIVAR .....................................................................................30
9. PLANTIO E PRÁTICAS CULTURAIS....................................................................33
10. PRAGAS..............................................................................................................45
11. DOENÇAS ...........................................................................................................51
12. TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO .....................................................................56
13. FITOTOXICIDADE...............................................................................................63
14. COLHEITA...........................................................................................................64
15. TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO PÓS-COLHEITA..........................................70
16. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................71
17. ETIQUETAGEM DO FRUTO ...............................................................................71
18. EMBALAGEM ......................................................................................................74
19. COMERCIALIZAÇÃO ..........................................................................................75
20. COEFICIENTES TÉCNICOS E CUSTO X RECEITA ..........................................76
21. LITERATURA CONSULTADA .............................................................................79
22. CURRÍCULO DO INSTRUTOR ...........................................................................82
11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA
13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções
Fortaleza – Ceará – Brasil
1. INTRODUÇÃO
Até fins da década de 70, predominavam no Brasil cultivos de mamoeiros dióicos
ou "comum" e o Estado de São Paulo destacava-se como o principal produtor,
participando, em 1977, com cerca de 52 % das 200.00 toneladas produzidas anualmente
no país. Porém, a ocorrência do vírus do mosaico do mamoeiro, na região de Monte Alto
- SP, praticamente dizimou a cultura, que migrou para outras regiões do país, com
conseqüente redução da produção paulista e brasileira.
A partir de 1976/77, a cultura do mamoeiro retomou sua importância econômica
para o Brasil, principalmente devido à introdução de cultivares ginóico-andromonóicas
dos grupos 'Solo' e 'Formosa', notadamente nos Estados do Pará, Bahia e Espírito
Santo. Ressalta-se que a simples introdução da cultivar ‘Sunrise Solo’ provocou uma
significativa expansão na comercialização do fruto, devido à sua grande aceitação, tanto
no mercado nacional quanto internacional. Por conseguinte, observou-se, no período de
apenas quatro anos após o início das primeiras introduções dos mamoeiros dos grupos
Solo e Formosa, o deslocamento da produção para a região sudeste do país aliado à
duplicação da oferta, que com cerca de 400.000 toneladas, em 1980, tornou o Brasil o
maior produtor mundial.
Atualmente com uma área colhida de cerca de 42.000 ha e produção de cerca de
1.450.000 toneladas, em 2001, o Brasil é considerado, ainda, o maior produtor mundial
sendo 98% da produção direcionada para o mercado interno nacional.
O principal importador mundial de mamão, em 2000, foram os Estados Unidos, com
cerca de 70 mil toneladas, seguido de Singapura, Hong Kong, Japão e Canadá. A
abertura do mercado americano, a partir de 1997, ocasionou o aumento da exportação
brasileira, que passou de 9,8 para 34,2 mil toneladas no período 1998/2003, colocando o
Brasil como o segundo exportador mundial, sendo no entanto ainda superado pelo
México, que exportou cerca de 60.00 toneladas em 2000.
As regiões do extremo Sul da Bahia e Norte Litorânea do Espírito Santo com,
respectivamente, 823 e 425 mil toneladas destacam-se como as principais regiões
produtoras do país sendo responsáveis por cerca de 86,7 % da produção, em 2000.
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
7
Ultimamente, tem se verificado um incremento da área cultivada com mamoeiros,
tanto do grupo ‘Solo’ quanto ‘Formosa’, nas regiões litorâneas do Nordeste brasileiro,
principalmente devido à existência de áreas com condições edafoclimáticas semelhantes
às das principais regiões produtoras do país, além da maior proximidade dos grandes
centros importadores como a Europa e os Estados Unidos, da grande oferta de mão-deobra, bem como da disponibilidade imediata de infra-estrutura para exportação.
2. CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA
O mamoeiro cultivado comercialmente (Carica papaya L.) é planta nativa da
América Tropical, pertencente à seguinte classificação botânica:
Reino: Vegetal
Divisão: Embryophita siphonogama
Sub-divisão: Angiospermae
Classe: Dicotyledoneae
Sub-classe: Archiclamydeae
Ordem: Violales
Sub-ordem: Caricaceae
Família: Caricaeae
Gênero: Carica
Espécie: (Carica papaya L.).
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
3. TIPOS FLORAIS
O mamoeiro apresenta basicamente três tipos de flores que se distribuem,
separadamente, em plantas do sexo masculino, feminino e hermafrodita.
3.1. Flor Masculina
Caracteriza-se por ocorrer em pedicelos ou pedúnculos longos, originários das
axilas das folhas da parte superior do mamoeiro masculino (Figura 1), sendo que grande
quantidade destas flores localiza-se bem distantes da junção do pecíolo com o caule.
As flores são geralmente de coloração branco-cremosa, verde amarelada ou
amarelada e medem 2,0 a 5,0 cm de comprimento e 0,5 a 1,0 cm de espessura.
Apresentam o tubo da corola estreito e muito longo, que termina em cinco pétalas livres,
em sua extremidade (Figuras 2 A e B), em cujo interior encontram-se os órgãos
masculinos e femininos (Figura 2 C). O primeiro é constituído de 10 estames funcionais,
soldados às pétalas e dispostos em duas séries, sendo 5 superiores e 5 inferiores. O
segundo possui ovário muito rudimentar e geralmente estéril, impedindo essas flores de
produzirem frutos.
As plantas que apresentam flores masculinas são popularmente conhecidas como
“mamoeiros machos” e em certas épocas do ano, podem produzir algumas flores
hermafroditas, que possibilitam o desenvolvimento de frutos, denominados de “mamãode-corda”, “mamão-macho” ou “mamão-de-cabo”.
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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Figura 1 – Planta masculina com flores distribuídas em pedúnculos longos
originários das axilas das folhas da parte superior da planta
Figura 2 – A - Flor masculina fechada; B - Flor masculina aberta, com tubo da corola
terminando em 5 pétalas livres; C - Corte longitudinal de uma flor masculina, mostrandose: a - órgão masculino com 5 pares de estames dispostos em duas séries e b - órgão
feminino com ovário muito rudimentar.
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
3.2. Flor Feminina
Apresenta-se isolada ou em número de duas a três, agrupadas em pedicelos ou
pedúnculos curtos inseridos nas axilas das folhas de mamoeiros femininos, localizandose, portanto, bem próximas da junção do pecíolo com o caule (Figura 3). São flores
geralmente de coloração branco-cremosa ou amarelada, que medem cerca de 3,0 a 7,0
cm de comprimento e 1,5 a 2,5 cm de espessura. Antes ou após a abertura, as flores
apresentam, respectivamente, formato semelhante ao de uma “chama de vela” ou
pétalas totalmente livres até a base ou parte inferior da corola (Figuras 4 A e B).
Internamente, só apresentam o órgão feminino, que é constituído de um ovário grande e
arredondado, afunilando-se para o ápice, onde se inserem cinco estigmas em forma de
leque (Figura 4 C). Por essa razão, necessitam de pólen de flores masculinas ou
hermafroditas
para
se
fecundarem
e
produzirem.
Os
frutos
produzidos
são
arredondados, oblongos ou obovados apresentando cavidade interna grande.
As plantas que apresentam flores femininas são denominadas de “mamoeiros
femininos” e apesar de serem mais produtivas do que as plantas do sexo masculino e
hermafrodita produzem frutos de menor valor comercial devido à menor espessura de
sua polpa.
Figura 3 – Planta feminina com flores formadas em pedúnculos curtos
nas axilas das folhas
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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Figura 4 – A - Flor feminina fechada; B - Flor feminina aberta com as
pétalas totalmente livres até a base; C - Corte longitudinal de uma flor
feminina mostrando-se: a - ovário grande e arredondado e b - estigma
em forma de leque.
Figura 5 – Planta hermafrodita com flores formadas em
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
pedúnculos curtos nas axilas foliares
Figura 6 – A - Flor hermafrodita fechada; B - Flor hermafrodita aberta
com as pétalas soldadas até quase a metade do seu comprimento; C Corte longitudinal de uma flor hermafrodita mostrando-se: a - órgão
masculino constituído de estames e b - órgão feminino constituído de
ovário alongado.
Devido à capacidade de se autofecundarem as flores hermafroditas não
necessitam de pólen de outras flores para a produção de frutos. Por conseguinte, após
sua fecundação, produzem frutos cujos formatos variam de acordo com os seguintes
sub-tipos florais hermafroditas produzidos e descritos a seguir:
3.3.1. Flor hermafrodita elongata
É a típica flor perfeita ou completa, e ocorre somente em plantas hermafroditas. O
órgão masculino apresenta dez estames funcionais e o feminino um ovário alongado,
geralmente composto de cinco estigmas em forma de leque. Origina frutos alongados,
periforme-alongados ou oblongo-alargados. Todos os frutos apresentam cavidade
interna menor, maior espessura de polpa e, portanto, maior valor comercial (Figura 7).
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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Eventualmente, as flores elongatas ou "hermafroditas perfeitas", podem
apresentar ovário reduzido, em decorrência da atrofia de um ou dois carpelos, originando
frutos dos tipos alongados ou cilíndricos, geralmente de menor tamanho e recurvados na
base, vulgarmente denominados de “banana" ou "pepino".
3.3.2. Flor hermafrodita pentândrica
Caracteriza-se pela sua ocorrência em mamoeiros hermafroditas, podendo
ocorrer, ocasionalmente, em mamoeiros masculinos. Muito semelhante à flor feminina
em tamanho e aspecto externo. Difere dessa, por apresentar, internamente, o órgão
masculino com cinco estames curtos, cujos filamentos se inserem em sulcos profundos
na parede do ovário. Os frutos são arredondados ou obovados, muito semelhantes
àqueles formados de flores femininas (Figura 8).
Apresentam cinco sulcos longitudinais bem profundos, caracterizando-os de modo
inconfundível. A grande cavidade interna e os sulcos longitudinais bastante visíveis na
casca depreciam bastante o valor comercial destes frutos.
Não são muitos conhecidos os fatores que levam a formação de flor pentândrica
em mamoeiro hermafrodita, sabe-se, contudo, tratar-se de uma anomalia genética muito
influenciada pelo ambiente.
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
Figura 7 – fruto oriundo de flor hermafrodita elongata ou perfeita.
Figura 8 – frutos oriundos de flores hermafroditas pentândricas.
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MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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3.3.3. Flor hermafrodita carpelóide
Também conhecida como hermafrodita intermédia, é, provavelmente, uma
transição entre a flor pentândrica e a hermafrodita perfeita. Constitui-se de um grupo de
flores que originam numerosas formas anormais, resultantes da transformação dos
estames em estruturas semelhantes a carpelos e da fusão destes ao ovário, logo no
início do desenvolvimento da flor. Os estames apresentam-se em números de dois a
dez, com variados graus de fusão às pétalas, ao ovário ou a ambos. Os carpelos variam
de cinco a dez, e apresentando também vários graus de fusão.
As flores carpelóides apresentam, antes da abertura floral, formato semelhante ao
de uma flor feminina (“chama de vela”). Diferem dessa, porque se formam nas axilas
foliares das plantas hermafroditas. Após a abertura, as flores tornam-se distorcidas
originando frutos deformados, denominados vulgarmente de “cara-de-gato”, “cat face”,
“frutos carpelóides” ou “carpeloidia” (Figura 9).
Embora seja um fator de origem genética, que pode ser propagado por sementes,
a formação de flores carpelóides em plantas hermafroditas também pode ser ocasionada
por outros fatores, como baixas temperaturas, elevada umidade no solo e excesso de
adubação nitrogenada.
3.3.4. Flor estéril
É uma flor hermafrodita que apresenta um ovário muito rudimentar, sob
determinadas condições climáticas, impedindo-a de desenvolver frutos e tornando-a
semelhante sexualmente a uma flor masculina. Difere dessa, porque as flores são
formadas em pedúnculos ou pedicelos curtos, inseridos nas axilas foliares de mamoeiros
hermafroditas (Figura 10).
As flores estéreis predominam durante os meses quentes, e são indesejáveis
porque não se desenvolvem em frutos. Muito embora seja uma característica de origem
genética, que pode ser propagada por sementes, a esterilidade também pode ser
ocasionada por temperaturas altas e/ou déficit hídrico no solo.
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
Figura 9 – flor e fruto hermafrodita carpelóide.
Figura 10 – planta hermafrodita com grande quantidade de flores estéreis
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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4. CRUZAMENTOS
A polinização nas flores do mamoeiro pode ocorrer de forma natural através da
ação do vento e dos insetos ou artificialmente, através do homem. Devido a isso, a
manifestação do sexo nas plantas, depende das seguintes combinações de
cruzamentos:
4.1. Flor Feminina x Flor Masculina
Quando os grãos de pólen de flores de mamoeiros de o sexo masculino
fecundarem flores de mamoeiros do sexo feminino, serão gerados frutos cujas sementes
poderão originar 50% de plantas masculinas e 50% de plantas
femininas,
aproximadamente.
A manutenção desse elevado percentual de plantas masculinas em um pomar
comercial acarretará prejuízos ao produtor, tanto maior quanto for à área cultivada e o
tempo que eles permanecerem competindo com os demais, por água, luz e nutrientes.
4.2. Flor Feminina x Flor Hermafrodita
Quando os grãos de pólen de flores de mamoeiros hermafroditas fecundarem
flores de mamoeiros do sexo feminino, serão gerados frutos cujas sementes obtidas
deverão dar origem a 50% de plantas hermafroditas e 50% femininas.
Esse tipo de cruzamento é também indesejável nos plantios comerciais, devido à
grande população de plantas femininas, geralmente de menor valor comercial.
4.3. Flor Hermafrodita x Flor Masculina
Quando os grãos de pólen de flores de mamoeiros do sexo masculino fecundarem
flores de mamoeiros hermafroditas, as sementes obtidas dos frutos, normalmente,
produzirão cerca de 33,3 % de plantas masculinas, 33,3% de hermafroditas e 33,3% de
femininas.
Esse cruzamento é indesejável em cultivos comerciais, porque origina plantas
masculinas improdutivas e plantas femininas com frutos de baixo valor comercial,
conforme já comentado anteriormente.
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
4.4. Flor Hermafrodita x Flor Hermafrodita
Flores de mamoeiros de mamoeiro hermafrodita ao serem fecundadas pelo seu
próprio pólen (autofecundação), ou pelo pólen de outros mamoeiros hermafroditas,
produzirão frutos cujas sementes devem originar em torno de 66,6% de plantas
hermafroditas e 33,3% de plantas femininas.
A grande vantagem desse cruzamento é que possibilita uma maior população de
mamoeiros produtivos e com frutos de maior valor comercial.
5. GRUPOS DE MAMOEIROS QUANTO AO SEXO
As cultivares de mamão podem ser divididas quanto à sua raça sexual em
populações dióicas e ginóica-andromonóicas
5.1. Dióica
Originária do cruzamento entre plantas do sexo masculino com plantas do sexo
feminino. As sementes deverão dar origem a plantas dos dois sexos em igual proporção,
caso o pólen da flor masculina renove a fecundação da feminina, conforme descrito no
item 4.1. Estão incluídos nessa raça, as cultivares’ ou tipos conhecidos como ‘Comun’,
‘Paulista’, ‘Monte Alto’, ‘Caiano', ‘De-derrubada, ‘Caipira', ‘De-quintal’, ‘De-veado’,
‘Macho’, ‘De-cabo’, entre outros.
5.2. Ginóica-andromonóica
Também conhecida como “raça hermafrodita”, é originária do cruzamento entre
plantas hermafroditas, que também são autofecundáveis, ou seja, não necessitam do
pólen de outras plantas ou flores para produzir frutos e sementes.
As sementes oriundas do cruzamento desses mamoeiros normalmente dão
origem a duas plantas hermafroditas e uma feminina conforme citado no item 4.4.
Quando esses mamoeiros são cultivados, suas plantas hermafroditas também polinizam
as plantas femininas não sendo necessário a presença de plantas masculinas na
lavoura.
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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Nesse tipo de mamoeiro estão as variedades do grupo ‘Solo’, ou mamão
havaiano, os híbridos do grupo ‘Formosa’ ou ‘Tainung’, além de outras cultivares como
‘Tailândia’, ‘Costa Rica’, ‘JS 11’, JS 12’ e ‘Maradol’, alguns de maior valor comercial e de
importância relevante para o mercado nacional e/ou internacional.
Atualmente, a quase totalidade da produção brasileira de mamão é oriunda de
cultivos da raça ginóica-andromonóica, notadamente das cultivares dos grupos ‘Solo’ e
‘Formosa’.
6. CONSTRUÇÃO DO VIVEIRO
A construção do viveiro é muito importante para quem pretende obter sucesso
com esta cultura.
Em função dos investimentos necessários para sua instalação, devem ser
tomados alguns cuidados na implantação do mesmo, a fim de evitar despesas
desnecessárias.
Principais cuidados a serem observados na construção e condução de um viveiro
de mudas de mamoeiro:
6.1. Localização
Selecionar local de fácil acesso, relevo plano, livre de encharcamento, com água
para irrigação e longe de estradas e de lavouras de mamoeiro infestadas de pragas e/ou
doenças.
6.2. Tipos de viveiro
Os viveiros mais utilizados para a produção de mudas de mamoeiro são os do tipo
cobertos com sombrite, ripado, ou folhas de imdaiá e os do tipo sem cobertura ou a
pleno sol. Deve-se construir o viveiro utilizando-se matérias de baixo custo e de fácil
obtenção, podendo-se optar pelos seguintes tipos:
6.2.1. Com cobertura alta - na altura aproximada de 2,00m, para permitir que se
trabalhe livremente debaixo do viveiro. A planta baixa consta da Figura 7. Os materiais
necessários para sua construção, são os seguintes:
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
a) Esteios - podem ser de eucalipto ou outra madeira resistente, com 2,60m de
comprimento por 15 a 20 cm de diâmetro. Devem ser enterrados a 60 cm de
profundidade e colocados a uma distância de 3,60m uns dos outros, tanto no sentido do
comprimento quanto no da largura.
b) Varões - podem ser de eucalipto ou de outra madeira resistente, com 3,70m de
comprimento e 5 a 10 cm de diâmetro. Devem ser colocados sobre os esteios, no
sentido do comprimento e da largura do viveiro.
c) Materiais de cobertura – podem ser utilizadas ripas de madeira ou bambu (inteiro ou
rachado ao meio), com 3,70m de comprimento cm de largura. Estas devem ser
colocadas sobre os varões, distanciadas cerca de 5 cm uma das outras, para formar a
cobertura definitiva do viveiro. É essencial que as ripas fiquem no sentido Norte-Sul, para
permitir que as mudas recebam 50% de sombra.
Caso não se disponha de ripas ou bambus em quantidades suficientes, pode-se
optar pela cobertura com folhas de indaiá, coqueiro ou palmito, bastando colocar apenas
cinco a seis ripas sobre os varões e estender as folhas sobre elas. Esta cobertura
também deve permitir que as mudas recebam a mesma proporção de sol e sombra.
Ultimamente tem-se utilizado com muito sucesso a cobertura com sombrite 50%
tanto na parte superior quanto nas laterais do viveiro.
6.2.2. Com cobertura baixa - pode-se optar por este tipo quando não for possível
construir um viveiro com cobertura alta. Neste caso, basta semear os canteiros e
protegê-los, individualmente, com uma cobertura construída a uma altura de 70 a 80 cm
do solo. Para tanto, utilizam-se pedaços de madeira ou bambu com 1m de comprimento
e 5 cm de diâmetro, em substituição aos esteios, enterrando-os a 20 ou 30 cm de
profundidade.
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O material para cobertura poderá ser folhas de indaiá, coqueiro, palmito, colmos
de capim colonião ou napier, sombrite 50% ou mesmo qualquer outro que possa
proteger as mudas do sol. Sua largura deverá ser pouco maior que a dos canteiros para
evitar uma insolação demasiada nas laterais dos mesmos.
Figura 7 - Planta baixa de um viveiro com capacidade para produção de 6.000 mudas de
mamoeiro utilizando-se recipientes com dimensões de 9,0 x 11,5 cm.
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6.2.3. Sem cobertura - tem sido muito utilizado pela maior parte fruticultores da
região Norte do Espírito Santo. Cobrem-se as sacolas apenas com uma leve
camada de terriço, pó de serra, palha de arroz ou sol. Apresenta a vantagem de
ser o mais prático, de menor custo e o que permite uma melhor adaptação da
muda por ocasião do transplantio. Uma de suas desvantagens é a de exigir maior
número
de
irrigações
podendo
ocorrer
falhas
na
germinação
e
no
desenvolvimento das mudas, quando houver demasiado insolação.
6.2.4. Com cobertura total de sombrite - ultimamente tem aumentado
consideravelmente o uso de viveiros utilizando-se de sombrites com 50% de
luminosidade e cobertura total, ou seja, tanto na parte superior quanto nas laterais do
viveiro. Neste caso as mudas podem ser obtidas através de semeios em bandejas de
isopor ou tubetes. Deve se atentar para o uso de sombrites que permitam até o máximo
de 50 % de sombreamento afim de se evitar estiolamento das mudas no viveiro.
6.3. Dimensões
Devem ser calculadas com base no número de mudas a ser formadas, no
tamanho dos recipientes e nas áreas de circulação interna de 60cm entre canteiros. Em
recipiente do tipo saquinho plástico de 10 x 15 cm, por exemplo, caberão 225 mudas/m2
de canteiros. Em tubetes de 4 x 12 cm, caberão 96 unidades por cada porta-tubete. Ao
se utilizar o semeio em bandejas de isopor, pode-se optar pela de 72 células muito
utilizada em olericultura.
Nos viveiros muito grandes recomenda-se deixar caminhos com cerca de 3,00 m a
3,60 m de largura, para permitir o movimento de máquinas e implementos.
6.4. Canteiros
Devem apresentar 1,00 a 1,20m de largura e comprimento variável em função do
viveiro. As áreas de circulação interna entre os canteiros devem ser de 50 a 60 cm.
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6.5. Proteção lateral
É necessária, em qualquer dos tipos de viveiro utilizados, principalmente se
houver possibilidade de ocorrerem ventos fortes e/ou ataques de animais, com prejuízos
para as mudas. Pode-se utilizar o mesmo material recomendado para a cobertura.
6.6. Cálculos para instalação de um viveiro
Exemplo: considerar um viveiro com capacidade para suprir o plantio de 1,0 ha de
mamoeiro no espaçamento 3,60 x 2,00 x 2,00 m (1.786 covas), bem como a utilização de
três sementes por recipientes plásticos de 9,0 x 11,5 cm, com capacidade germinativa de
80%. Sugere-se a utilização de três mudas por cova, para permitir a redução da
população de plantas femininas, na lavoura cujo fruto tem menor valor comercial.
6.6.1. Número de mudas - 5.400 mudas (1.786 covas, com três mudas).
6.6.2. Número de recipientes - 6.000 recipientes (10 a 15% de perdas).
6.6.3 Número de sementes - 18.000 sementes (6.000 recipientes, com três
sementes).
6.6.4. Quantidade de sementes - 257 gramas (considerando-se que 1g de
sementes contém 70 sementes viáveis).
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7. FORMAÇÃO DE MUDAS
Para a obtenção de mudas de qualidade, deve-se observar as orientações
descritas a seguir:
7.1. Aquisição de sementes
Cada três sementes de frutos produzidas por plantas hermafroditas dão origem a
uma planta feminina e duas hermafroditas. Sendo assim, no cultivo dos mamoeiros do
grupo ‘Solo’ para se obter colheitas com melhor valor comercial deve-se adquirir
sementes de frutos provenientes de plantas matrizes hermafroditas.
As sementes para plantio comercial dos mamoeiros do grupo ‘Formosa’
(sementes
híbridas
F 1)
devem
ser
adquiridas,
a
cada
plantio,
de
fontes
comprovadamente idôneas. Neste caso, portanto, não devem ser plantadas sementes
provenientes da 2ª geração em diante, pois resultam em plantas pouco produtivas e com
muita variação no formato do fruto.
As sementes do mamoeiro do grupo ‘Solo’ também devem ser adquiridas de
fontes idôneas ou retiradas de frutos matrizes previamente selecionadas.
7.2. Seleção e preparo dos recipientes.
7.2.1. Seleção - deve-se optar pelo uso de tubetes e bandejas de isopor para o
caso de produção de mudas sob sombrite e de sacolas de plástico para o caso de
mudas produzidas em viveiros com cobertura alta ou baixa ou mesmo em viveiros sem
cobertura.
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No caso de se utilizar sacolas de plástico, estas podem ser transparentes ou de
coloração escura e apresentar as seguintes dimensões: 9 a 15 cm de largura por 12 a 18
cm de altura, com a espessura mínima de 0,06 cm. Esses devem ter de 18 a 24 furos na
parte inferior (do meio para baixo), para a drenagem de excesso de água.
Opcionalmente e por ordem de prioridade, pode-se utilizar quaisquer das seguintes
dimensões dos recipientes: 14 x 16 x 0,06 cm, 15 x 20 x 0,06 cm, 12 x 20 x 0,06 cm e 9 x
11,5 x 0,06 cm (largura x altura x espessura). Sacolas com alturas menores não são
recomendáveis porque podem ocorrer deformações ou torcimento de raízes, no fundo
das mesmas. Em sacolas com 11,5 cm de altura é comum observar-se um excesso de
raízes, no fundo, trinta dias após a germinação das sementes.
Caso se utilize tubetes ou bandejas de isopor como recipientes, optar pelos
mesmos usados na produção comercial de mudas de eucalipto ou de olerícolas, ou seja,
que apresentem as seguintes dimensões: 10 a12,5 cm de comprimento por 3,5 a 5,0 cm
de largura.
7.2.2. Preparo – No caso dos recipientes plásticos estes devem ser cheios com
uma mistura de duas a três partes de terra de superfície (terriço) peneirada e uma parte
de esterco de curral curtido e peneirado. Por cada metro cúbico da mistura de terra e
esterco deve-se adicionar de 2 a 4 kg de superfosfato simples e 0,5 a 1 kg de cloreto de
potássio e 1 a 2 kg de calcário dolomítico, dependendo da análise do solo. A terra a ser
peneirada deve-se originar de solos areno-argilosos e orgânicos. Solos muito argilosos
encharcam com rapidez, durante a irrigação dos saquinhos, e, depois, tornam-se
endurecidos e compactados, prejudicando o desenvolvimento do sistema radicular das
mudas. Recomenda-se proceder à análise química do terriço a ser usado para o
enchimento dos recipientes.
Ao se utilizar tubetes ou bandejas de isopor, estes devem ser cheios com
vermiculita previamente adubada. Para isto pode-se adicionar 20 litros de húmus e 365
gramas do formulado 00-20-15 para cada 55 litros de vermiculita.
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7.3. Plantio das sementes
7.3.1. Abertura de covas - nos recipientes, com os dedos indicador e polegar,
abrir três covas distanciadas de 3 a 5 cm e com 0,5 a 1 cm de profundidade. Covas
muito profundas atrasam a emergência das mudas e podem retardar a época de plantio.
Nos tubetes e bandejas de isopor proceder a abertura de uma a duas covas à
profundidade média de 5 cm.
7.3.2. Semeio - colocar uma ou duas sementes por cova (duas a três sementes
por recipiente), e cobri-las com uma leve camada de terriço, pó-de-serra, pó-de-carvão,
palha de arroz ou de café ou com a própria mistura usada para enchimento do recipiente.
7.3.3. Irrigação - os canteiros formados pelos recipientes, devem ser irrigados
com regador manual ou através de aspersores, uma a duas vezes por dia. Nos viveiros
cobertos, após a primeira irrigação, deve-se cobrir os canteiros com uma cobertura que
pode ser de folhas de indaiá, coqueiro, palmito, colmos de capim colonião ou napier,
para permitir uma maior retenção de umidade. As outras irrigações devem ser efetuadas
sobre esta cobertura.
Após o início da germinação, elevar a cobertura, de modo que as mudas recebam
50% de sombra, e continuar irrigando, no mínimo, uma vez por dia.
7.3.4. Germinação - observações de campo comprovam que a temperatura é
muito importante para o tempo de germinação das sementes. Estas germinarão entre 9 e
18 dias, depois de semeadas, quando a temperatura média for de 25,4ºC e entre 12 a 21
dias quando for de 23,3ºC. Nas condições de cultivo da região Norte do Espírito Santo, a
germinação tem ocorrido entre 7 e 12 dias durante os meses mais quentes do ano
(outubro a março) e entre 12 e 17 dias durante os meses mais frios (abril a setembro).
Sementes germinadas 20 dias após o semeio, tem apresentado plântulas de baixo vigor
e menor desenvolvimento.
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7.4. Preparo das mudas
7.4.1. Desbaste - deve ser efetuado quando as mudas apresentarem seu
segundo par de folhas ou estiverem com cerca de 1 a 2 cm de altura. Isso ocorre,
geralmente, cinco a sete dias após a germinação da maioria das sementes. Deixar
apenas a muda mais vigorosa no recipiente. Um homem desbasta 3.000 mudas por dia,
em média.
7.4.2.
Repicagem
- efetua-se
para
aproveitar
as
mudas
desbastadas,
replantando-as nos recipientes onde as sementes não germinaram. Com o auxílio dos
dedos indicador e polegar, retira-se a muda a ser desbastada junto com um pouco de
terra, replantando-a em outro recipiente que contenha uma cova com dimensões
suficientes para recebê-la. Quando efetuada corretamente, esta operação apresenta
elevada taxa de pagamento, sendo fundamental que as mudas tenham altura inferior a 2
cm, para evitar danos ao sistema radicular, que podem provocar o seu murchamento.
Um homem faz a repicagem em 1.500 mudas por dia, em média.
7.4.3. Tratamento Fitossanitário - em caso de aparecimento de doenças,
pulverizar as mudas com produtos cúpricos protetores de parte aérea intercalados com
produtos sistêmicos, em intervalos de 7 a 10 dias. Pode-se utilizar produtos à base de
oxicloreto de cobre (Cuprogarb, Reconil, Recop, Cobox, etc.) na dose de 250 g do
produto comercial, a 84% PM, para 100 litros de água, sete dias após a repicagem.
Como fungicidas sistêmicos pode-se utilizar produtos à base de thiabendazole (Tecto
SC) e tiofanato metílico (Cercobim 700 PM), em pulverização, nas dosagens de 100ml e
150g dos respectivos produtos comerciais à 48,5% SC e 70% PM, para 100 litros de
água.
Caso ocorram pragas, como as lagartas, aplicar produtos à base de bifenthrin
(Talstar 100 CE) e thiamethoxan (Actara 250 WG) em pulverização, nas doses de 40 e
200ml dos respectivos produtos comerciais à 10% CE e 25% GDA para 100 litros de
água.
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7.4.4. Irrigação - realizar, logo após a repicagem, repetindo sempre que
necessário. Em condições de alta temperatura, irrigar, no mínimo, duas vezes ao dia.
7.4.5. Adubação foliar - se ocorrer um amarelecimento geral das folhas mais
velhas, aconselha-se uma adubação foliar com uréia, a 0,5% (50g/10 litros de água),
sete dias após a repicagem, seguida de uma rega com água limpa sobre as folhas.
Quando o problema for grave, pode-se aplicar uréia, a 1,0 % (100g/10 litros de água),
mas somente em mudas com quatro a seis pares de folhas.
7.5. Seleção das mudas
Iniciar 15 a 30 dias após a germinação das sementes, levando ao campo as mais
precoces, para se plantar mudas de tamanho uniforme. A muda ideal deve ter 12 a 15
cm de altura, ser vigorosa e livre de pragas e doenças. Deve-se evitar mudas com altura
superior a 20 cm. Além disso, devem ser selecionadas mudas de mesmo tamanho, as
quais deverão ser colocadas em caixas próprias para o transporte para o campo.
Em caso de semeio em bandejas ou tobetes transplantar mudas com
alturas médias de, respectivamente, 5 a 7 cm e 7 a 12 cm.
7.6. Aclimatação das mudas
Etapa importante na produção de mudas obtidas em viveiros cobertos em regiões
de temperaturas e, ou luminosidade muito elevada. Consiste na eliminação gradual da
cobertura do viveiro. Iniciá-la vinte dias antes de levar as mudas ao campo para que, na
última semana, elas recebam insolação total.
7.7. Transporte
Regar e transportar as mudas selecionadas para o local de plantio, bem
protegidas, a fim de se evitar danos aos recipientes e/ou mudas.
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8. SELEÇÃO DE CULTIVAR
Nas principais regiões produtoras de mamão no Brasil predominam o cultivo de
populações da raça ginóica-andromonóica, notadamente de variedades do grupo ‘Solo’
havaiano e de híbridos do grupo ‘Formosa’ devido à sua grande aceitação tanto no
mercado nacional quanto internacional. Por conseguinte, na seleção de cultivares para
plantio pode-se optar por:
8.1. Cultivares do grupo ‘Solo’
8.1.1. ‘Sunrise Solo’ - variedade precoce e produtiva, selecionada pela Estação
Experimental do Hawaii, EUA e introduzida no Brasil, a partir de 1977, nas regiões
Noroeste do Pará, Norte do Espírito Santo e Sul da Bahia. Os frutos pesam, em média,
490g, tem casca lisa e brilhante, polpa vermelho-alaranjada e de boa qualidade e teor de
sólidos solúveis variando de 11 a 140 Brix. O formato do fruto varia de periforme nas
plantas hermafroditas a arredondado nas femininas. Apresenta, ainda, as seguintes
características: altura de inserção das primeiras flores de 70 a 80 cm, porte de 4,20 m
aos 24 meses após o transplantio, início de produção do nono ao décimo mês após o
plantio, com produção em torno de 75 t/ha .Tem boa aceitação nos mercados de São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, porque produz cerca de 60% de frutos com peso
médio variando de 460 a 690 gramas (tipo 9 a 13). Não é muito recomendada para o
mercado externo, notadamente para exportação via marítima, porque os frutos
apresentam polpa relativamente pouco consistente e casca muito susceptível a “mancha
fisiológica”.
8.1.2. ‘Improved Sunrise Solo Line 72/12’ - cultivar procedente do Hawai, EUA,
introduzida em 1982 e selecionada em 1986, nas Fazendas Experimentais de Linhares e
Viana, da EMCAPA, para as condições de cultivo no Estado do Espírito Santo. Produz,
em média , 40 kg/planta/ano com rendimento de 56 t/ha/ano e frutos pesando, em média,
467 gramas, com formato periforme na planta hermafrodita e arredondado na feminina.
O início de produção dá-se a partir do oitavo mês e a polpa é vermelho-alaranjada,
espessa, de boa qualidade, com teor de sólidos solúveis variando de 11 a 140 Brix e
mais consistente que a ‘Sunrise Solo’. A casca é áspera, sem brilho e muito susceptível
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a “mancha fisiológica” o que tem limitado a sua comercialização para o mercado
internacional. Apresenta ainda as seguintes características: altura de inserção das
primeiras flores de 60 a 70cm e porte de 4,20 m aos 24 meses após o transplantio. Tem
aceitação regular no mercado interno por produzir apenas cerca de 40% do tipo 9 a 13.
Foi na década de 90 muito utilizada para a exportação, por apresentar 40% de frutos
com peso médio de 350 a 450g e polpa bastante consistente.
8.1.3. ‘Baixinho de Santa Amália’ - cultivar de porte baixo, obtida, em 1983, de
um mutante da cultivar ‘Sunrise Solo’ na Fazenda Santa Amália, município de Linhares,
ES. Foi, posteriormente, selecionada por método massal, de 1983/86, na Estação
Experimental de Linhares, da EMCAPA, e introduzida para cultivo na região Norte do
Estado do Espírito Santo. Apresenta as seguintes características: altura de inserção das
primeiras flores de 35 a 50 cm, porte de 2,30 m aos 24 meses após o transplantio,
produção de 39,2 kg/planta/ano e rendimento de 58,7 t/ha/ano. Os frutos pesam em
média 500 gramas, têm polpa vermelho-alaranjada, espessa e de boa qualidade porém
muito susceptível à mancha fisiológica. Uma importante característica, que desperta
grande interesse, nesta cultivar, é o porte baixo da planta, o que viabiliza o seu cultivo
sob condições de irrigação tipo "Pivot-central". Não é recomendada para o mercado
externo (exportação) por produzir frutos de formato oblongo, com polpa de baixa
consistência. Apresenta algumas restrições quanto à sua aceitação no mercado interno
por produzir uma grande porcentagem de frutos com peso médio superior a 650 gramas
(tipos 6 a 9).
8.1.4. ‘Golden’ - cultivar selecionada em 1996, pela Caliman Agrícola S/A, no
município de Linhares-ES. Apresenta caule, folhas, flores e frutos de coloração verde
claro a amarelado, acentuadamente aclorofilados, o que a distingue, morfologicamente,
das demais cultivares do grupo ‘Solo’. Apresenta porte médio de 2,30 m aos 24 meses
após o plantio e produz seus primeiros frutos entre 70 e 80 cm do solo, com peso médio
de 450 gramas e formato periforme nas plantas hermafroditas. A casca, contudo, varia
de coloração verde claro a amarelado e a polpa é de coloração vermelho-alaranjado,
espessa, e de qualidade um pouco inferior à ‘Sunrise Solo’.
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Por não se constituir em uma variedade totalmente fixada apresenta elevada taxa
de segregação para algumas características agronômicas além de produtividade cerca
de até 30 % inferior às demais variedades do grupo Solo. Contudo sua maior tolerância à
“mancha fisiológica do mamoeiro” a torna, atualmente, a de maior aceitação no mercado
externo.
8.1.5. Gran Golden – cultivar oriunda, provavelmente, de uma mutação natural da
cultivar Golden em condições de cultivo comerciais na região Norte Litorânea do Espírito
Santo. Apresenta as mesmas características da Golden, diferindo apenas por apresentar
plantas mais vigorosas e frutos com peso médio de 500 gramas e formato mais obovado,
muito semelhante ao da cv ‘Baixinho de Santa Amália porém de coloração verde claro
acentuadamente aclorofilado.
8.2. Cultivares do grupo ‘Formosa’
8.2.1. ‘Tainung 01’ - é um híbrido F1, procedente da Estação Experimental de
Fengshan, Formosa, provavelmente resultante do cruzamento de ‘Sunrise Solo’ com um
tipo de mamão da Costa Rica. O fruto é de formato alongado e obovado, pesando em
média de 900 a 1.200 gramas. Apresenta coloração da casca verde-clara e polpa de cor
vermelho-alaranjada e boa qualidade, com produção média de 80 a 120 t/ha/ano.
8.2.2. ‘Tainung 02’ - é um híbrido F1, procedente da Estação experimental de
Fengshan, Formosa, provavelmente resultante do cruzamento de ‘Sunrise Solo’ com
uma seleção da Tailândia. O fruto é de formato alongado a oblongo-obovado, pesando
em média de 1.000 a 1.100 gramas. Apresenta coloração da casca verde-escura, polpa
de cor vermelho-alaranjada, bom sabor e pouco consistente, com produção média de 80
a 120 t/ha/ano.
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8.2.3. ‘Tainung 03’ - é um híbrido F1, procedente da Estação Experimental de
Fengshan, Formosa, provavelmente resultante do cruzamento de ‘Sunrise Solo’ com
uma seleção das Filipinas, de polpa amarela. Os frutos apresentam formato semelhante
ao ‘Tainung 01’, porém, a casca é de coloração verde-clara e a polpa é de cor amarela e
de consistência média, com peso variando entre 1.200 a 1.300 gramas.
9. PLANTIO E PRÁTICAS CULTURAIS
9.1. Seleção do local
Deve-se considerar, neste caso, os itens que se seguem:
9.1.1. Clima - preferir locais com boa luminosidade, temperatura média anual em
torno de 25ºC, com média das mínimas de 21ºC e média das máximas de 33ºC, com
mais de 1.200 mm de chuvas anuais, bem distribuídas durante os meses do ano. Evitar o
plantio em locais onde ocorram temperaturas abaixo de 15ºC, pois o mamoeiro paralisa
seu desenvolvimento vegetativo, reduz o florescimento, atrasa a maturação e produz
frutos de qualidade inferior. Locais de umidade relativa média inferior a 50 % devem ser
evitados porque podem provocar o aumento da quantidade de fores carpelóide durante a
frutificação bem como o da ocorrência da “mancha fisiológica” na casca do fruto.
9.1.2. Solos - preferir solos areno-argilosos, profundos, bem drenados, ricos em
matéria orgânica e de relevo plano. Solos muito arenosos não são recomendáveis devido
à sua baixa capacidade de retenção de umidade e baixa disponibilidade de nutrientes
para as plantas. Evitar solos muito argilosos e pouco profundos porque encharcam com
rapidez na época das águas e tornam-se endurecidos, rachando na estação da seca,
com prejuízos para o sistema radicular. Evitar, também, subsolos adensados e
compactados, porque, além de impedirem a penetração do sistema radicular, tornam
lenta a drenagem interna, provocando encharcamento. O mamoeiro não tolera excesso
de umidade no solo por mais de 24 horas, quando, então, ocorre morte de raízes por
deficiência de oxigênio ou aparecimento de doenças causadas por fungo de solo,
principalmente fitóftora.
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9.2. Preparo do solo
Em áreas ainda não cultivadas, efetua-se a derrubada, o encoivaramento ou
enleiramento, o destocamento, a queima, uma aração e uma ou duas gradagens e, para
terrenos já cultivados, a roçagem manual ou mecânica, uma aração e uma ou duas
gradagens.
9.3. Correção da acidez do solo
A
correção
será
baseada
no
resultado
da
análise
química
de
solo,
fundamentalmente no grau de acidez, correspondente ao maior ou menor predomínio de
bases trocáveis sobre os cátions ácidos nos pontos de troca catiônica.
O mamoeiro desenvolve-se bem em solos com valores de pH entre 5,0 e 7,0,
porém, o melhor desenvolvimento e produção têm sido obtidos em solos com acidez
fraca (pH entre 6,0 e 6,9). Solos com acidez forte, pH abaixo de 5,0, prejudicam o
crescimento das plantas, podendo ocasionar mortes. Por outro lado, em pH acima de
7,0, as condições tornam-se favoráveis ao aparecimento de deficiências nutricionais,
especialmente de micronutrientes como boro, zinco, cobre e manganês.
A quantidade de calcário a ser aplicada deverá elevar a saturação de bases do
solo para 80%. A aplicação do corretivo deve ser feita, antecedendo a implantação da
lavoura, através de uma distribuição uniforme do mesmo em toda a área e incorporação
por ocasião do preparo do solo, no mínimo, dois meses antes do plantio.
A escolha do corretivo deve ser definida com o objetivo de estabelecer no solo um
equilíbrio entre cálcio e magnésio, numa relação próxima a 3 a 4:1. Em complemento à
calagem a lanço, deve-se adicionar 100g de calcário/cova, para cada tonelada aplicada
na área total. Para as lavouras já implantadas, o calcário deverá ser aplicado na área
total, preferencialmente, levando em consideração o resultado da análise do solo das
entrelinhas. Pode-se, ainda, aplicá-lo de forma localizada, sob a projeção da copa, sendo
que a dose deverá ser proporcional à área e à profundidade de incorporação.
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9.4. Plantio
9.4.1. Espaçamento - pode variar principalmente em função do tipo do solo,
sistema de cultivo, clima, cultivar e tratos culturais a utilizar. O mamoeiro pode ser
plantado no sistema de fileiras simples e fileiras duplas.
a) Plantio em fileiras simples: podem ser utilizados os espaçamentos de
3,6 e 3,80 m entre fileiras, respectivamente para mamoeiros dos grupos ‘Solo’ e
‘Formosa’. Recomenda-se, entre plantas (dentro da fileira), de 1,8 a 2,0m para os do
grupo ‘Solo’ e de 2,2 a 2,5m para os do grupo ‘Formosa’.
b) Plantio em fileiras duplas: pode-se utilizar espaçamentos de 3,6 e
3,8m para ‘Solo’ e ‘Formosa’, respectivamente, separando as linhas duplas. Recomendase entre plantas o espaçamento de 1,8 a 2,0m para o mamoeiro "Solo" e de 2,2 a 2,5m
para o ‘Formosa’. Neste sistema, as plantas devem ser dispostas alternadamente, na
forma triangular, nas linhas de plantio.
9.4.2. Número de mudas por cova - Plantar três mudas por cova, distanciadas
20 cm uma das outras para garantir um maior número de plantas hermafroditas no
mamoal, pois produzem frutos de melhor valor comercial. No caso do mamão 'Formosa',
pode-se plantar duas mudas por cova.
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9.4.3. Tipos de Plantio:
a) Na cova - consiste no plantio das mudas provenientes do viveiro, em
covas, com as seguintes dimensões:
a.1) em solos mais profundos e férteis, abrir covas com 30 x 30 x 30 cm (comprimento x
largura x profundidade) para plantio de duas mudas por cova e 50 x 30 x 30 cm para
plantio de três mudas por cova;
a.2) em solos menos profundos, mais secos, compactados e de baixa fertilidade, abrir
covas com 50 x 50 x 50 cm.
b) No sulco - tem a vantagem de ser mais eficiente e de menor custo.
Utilizar, de preferência, um sulcador com boa capacidade de penetração no solo. O
preparo do sulco compreende de duas ou três passagens com o sulcador, até atingir a
profundidade média de 40 a 60 cm. A seguir, adicionam-se os adubos químico e
orgânico, de acordo com o espaçamento que vai ser usado dentro da linha do plantio.
Para evitar que as mudas sejam plantadas abaixo do nível do solo, deve-se fazer
banquetas de 60 cm de comprimento, dentro sulco, ao longo da linha de plantio.
c) Em camalhão - prática recomendada para solos excessivamente
argilosos, pouco profundos e com adensamento no subsolo. O preparo de solo consiste
de uma a duas passagens com o sulcador, à profundidade de 20 a 30 cm, no sentido das
linhas de plantio. Sobre os sulcos formados, mediante o uso de arado de três discos,
terraceadores ou entaipadeiras, constroem-se camalhões com, aproximadamente, 20 a
40 cm de altura. Nestes, pode-se fazer plantio tanto em fileiras duplas quanto simples.
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MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
9.4.4. Época de plantio - deve ser efetuado no início do inverno (abril, maio e
junho), para que a inserção das primeiras flores ocorra a uma altura entre 0,70 a 0,90 m
do nível do solo e para que o início da produção coincida com o próximo período de
inverno. Nesta época, os preços do mamão alcançam as maiores cotações no mercado
interno, devido à baixa oferta de frutos com tamanho e qualidade de polpa mais
desejável para comercialização.
9.5. Irrigação
Deve ser uma prática usual, em locais com deficiência hídrica acentuada, devido à
elevada exigência do mamoeiro em água. Até 60 dias após o plantio pode-se utilizar um
método prático e de resultados satisfatórios que é a irrigação por “gravidade motorizada”.
Neste caso utiliza-se de tanque com capacidade para 2.000 litros, de onde saem duas
mangueiras de duas polegadas que são levadas até às covas por dois homens (um para
cada fileira). Este tanque deve ser movimentado, lentamente, por um trator de modo a
possibilitar a irrigação contínua das plantas ao longo das linhas de plantios.
Após 60 dias do plantio, ou mesmo no início deste, deve-se utilizar conjuntos ou
sistemas de irrigação mecanizados do tipo aspersão convencional, autopropelido ou
pivot central ou, ainda, sistemas localizados como gotejamento e microaspersão.
Recomenda-se
nesses
caso
consultar
um
engenheiro
agrícola
ou
empresas
especializadas para elaboração e acompanhamento do projeto de irrigação.
9.6. Controle de plantas daninhas
9.6.1. Manual - pode ser utilizado durante todo o ciclo da cultura e sua principal
desvantagem é o baixo rendimento, visto que um homem capina 300 plantas por dia, em
média.
9.6.2. Manual e mecanizado - consiste de capinas manuais com enxada, entre as
plantas, associada ao uso da roçadeira entre as fileiras de plantas. Neste caso a capina
deve ser efetuada deixando-se, no mínimo, uma faixa de 1,00 m distante das plantas “no
limpo” e a roçagem, periodicamente, mantendo-se uma faixa de vegetação com altura
máxima de 20 cm entre as fileiras de plantio (“carreadores”).
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9.6.3. Químico - A Tabela 1 registra as recomendações para o controle químico
de plantas daninhas na cultura do mamoeiro. A aplicação de herbicidas, entre fileiras,
pode ser efetuada com pulverizadores tratorizados com barras e, entre plantas, com
costais manuais ou motorizados. Apresenta, como vantagens, redução de mão-de-obra,
maior eficiência e controle mais efetivo na época chuvosa. Sua desvantagem, é que
restringe o plantio de culturas intercalares e, no caso do mamoeiro, só deve ser utilizado
seis meses após o plantio, dependendo do herbicida aplicado.
Utilizam-se herbicidas de ação residual, quando o solo se encontra úmido e livre
de plantas daninhas, ou faz-se à aplicação destes, adicionando-lhes surfactante
(espalhante adesivo), quando as infestantes apresentarem até 5 cm de altura. Deve-se
utilizar herbicidas de pós-emergência ou a mistura destes com os de ação residual,
quando as plantas daninhas atingirem cerca de 20 a 40 cm de altura. Recomenda-se o
uso de bicos de jato plano e deposição descontínua para pulverizadores motorizados.
Para a aplicação de herbicidas de ação sistêmica (glifosate), deve-se utilizar,
preferencialmente, bicos de n
o
s 8002 ou 11002, porque permitem a aplicação do
ingrediente ativo em maiores concentrações. Para a aplicação de produtos de ação de
contato (paraquat, dalapon), utilizar bicos de números 8004 e 11004.
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Tabela 1 - Recomendação de herbicida, doses e época de aplicação para a cultura do
mamoeiro.
Herbicida
Concentraçã
o
e
Dos
es
Época
de
Aplicação
Nome
Técnico
Nome
Comercial
glifosate
Roundup
48 % SA
2,0
Glifosato
48 % SA
a
Formulação
5,0
oxyfluorfe
n
2,0
Goal
24 % SA
a
Plantas
Daninhas
Controlada
s
Aplicação
e
Observação
Pós
anuais
Ação sistêmica:
emergênci
e
aplicar seis meses
perenes
após o plantio
a
pré e pós
emergência
gramíneas e
folhas largas
5,0
diuron
Karmex
80 PM
2,0
Cention
80 PM
a
Staron
60 FW
4,0
Gramoxo
paraquat
ne
Paraquat
paraquat
+
diuron
Gramocil
20 % SA
20 % SA
1,0
a
3,0
20 % SA
2,0
+
a
20 % AS
3,0
Ação de contato:
aplicar seis meses
após o plantio
préemergência
Pósemergência
pósemergência
anuais,
Ação residual:
gramíneas e
aplicar seis meses
folhas largas
após o plantio
gramíneas e
perenes
Anuais,
Ação de contato:
aplicar seis meses
após o plantio
Ação de contato e
perenes,
residual: aplicação
gramíneas e
dirigida seis meses
folhas largas
após o plantio
1
Recomenda-se calibrar (medir a vazão) o pulverizador para se evitar o uso de doses excessivas, que
poderiam causar problemas de fitotoxidez ao mamoeiro ou de sub-dosagens, que tornariam o herbicida
ineficaz.
2
Formulações: SA = solução aquosa concentrada; PS = pó solúvel; PM = pó molhável; FW = flowable
(suspensão concentrada).
9.7. Adubação
O mamoeiro é uma planta de rápido desenvolvimento, frutificação precoce e
quase uniforme durante todo o ano, exigindo, por isso, adubações periódicas para
satisfazer essas condições e produzir frutos de boa qualidade.
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A adubação preconizada a seguir é usada com sucesso em lavouras de mamoeiro
‘Solo’, implantadas em solos de tabuleiros nos estados do Espírito Santo, Bahia, Sergipe,
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Estes solos estão localizados ao
longo da faixa litorânea brasileira, onde se localizam a quase totalidades dos plantios de
mamoeiro do país. Na região dos tabuleiros, a classe de solos predominante é a dos
latossolos, sendo que o Latossolo Vermelho Amarelo coeso, com horizonte A moderado
e com altos teores de areia, relevo plano, textura subsuperficial argilosa e baixa
fertilidade natural, é o que apresenta maior área de ocorrência.
9.7.1. Adubação de plantio - as adubações na cova ou no sulco de plantio, serão
efetuadas adicionando-se os seguintes adubos orgânicos e químicos:
a) Adubação orgânica de cova: deve ser efetuada com base nos
resultados do teor de matéria orgânica do solo dado pela análise química de solo,
utilizando as seguintes quantidades descritas a seguir:
Matéria Orgânica do Solo
Esterco de Galinha
(%)
(kg/cova)
< 1,5
15
1,5 - 3,0
10
> 3,0
5
FONTE: Marin et al. (1995).
O adubo orgânico deve ser curtido e sua aplicação anteceder em pelo menos 60
dias a operação de plantio das mudas no campo. Pode-se também utilizar o esterco de
curral, atentando-se porém para que sua aplicação seja o dobro da dose preconizada
para o esterco de galinha. Deve-se evitar o uso de esterco de curral proveniente de
propriedades rurais que utilizam herbicidas nas pastagens, notadamente aqueles à base
de 2,4-D, porque são extremamente fitotóxicos ao mamoeiro.
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
b) Adubação mineral de cova - deve ser efetuada com base nos resultados dos teores de
fósforo (P2O5) e potássio (K2O) do solo dado pela análise química de solo, utilizando as
seguintes quantidades descritas a seguir:
Quantidade de P2O5
Fósforo do Solo
Potássio do Solo
Quantidade de K2O
(g/cova)
(g/cova)
< 10
60
< 30
30
11 - 30
40
31 - 60
20
> 3,0
20
> 60
10
FONTE: Marin et al. (1995).
Os adubos deverão ser misturados ao solo de enchimento da cova. Normalmente,
são utilizados o superfosfato simples e o cloreto de potássio como fontes de fósforo e
potássio, respectivamente.
Caso o solo apresente nível de cálcio muito elevado em relação ao magnésio, o
superfosfato simples poderá ser substituído por outra fonte que contenha menor
quantidade de cálcio (superfosfato triplo, por exemplo), evitando-se assim, um
desequilíbrio ainda maior na relação Ca:Mg.
Apesar da análise dos micronutrientes não estar incluída na rotina de muitos
laboratórios de solos, sugere-se adicioná-los no plantio, junto ao fósforo e potássio,
antes de se tornarem limitantes às plantas. Assim, têm-se empregado 20 a 30g/cova de
FTE BR-8 ou BR-10, os quais fornecem boro, cobre, manganês, molibdênio e zinco, de
uma só vez.
9.7.2. Adubação de cobertura - a Tabela 2 registra a recomendação de
adubação, utilizada com sucesso para a cultura do mamoeiro, em solos de tabuleiros,
nas condições de cultivo das regiões litorâneas dos estados do Espírito Santo, Bahia,
Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Na adubação de
cobertura, a manutenção do equilíbrio nitrogênio/potássio é fundamental para a obtenção
de frutos com boa qualidade comercial, além de elevar a produtividade.
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Adubação com excesso de nitrogênio pode provocar grande incidência de frutos
deformados (carpelóides) e/ou polpa pouco consistente e sabor alterado.
Tabela 2 - Recomendação da adubação para o mamoeiro, em solos de tabuleiros
(Latossolo Vermelho Amarelo coeso, com horizonte A moderado e com altos teores de
areia, relevo plano, textura subsuperficial argilosa e baixa fertilidade natural).
Época
Mistura / Fonte
10
20
Sulfato de Amônio
100 kg de Sulfato de Amônio
50 kg de Cloreto de Potássio
Aplicação
60 gramas
75 gramas
100 kg de Sulfato de Amônio
30 e 40
100 kg de Superfosfato Simples
100 gramas
50 kg de Cloreto de Potássio
50
100 kg de sulfato de amônio,
50 kg de cloreto de potássio
125 gramas
100 kg de Sulfato de Amônio
60 e 70
100 kg de Superfosfato Simples
150 gramas
50 kg de Cloreto de Potássio
80
100 kg de sulfato de amônio,
50 kg de cloreto de potássio
175 gramas
100 kg de Sulfato de Amônio
90 e 100
100 kg de Superfosfato Simples
50 kg de Cloreto de Potássio
110
100 kg de sulfato de amônio,
50 kg de cloreto de potássio
200 gramas
200 gramas
100 kg de Sulfato de Amônio
120 a 240
100 kg de Superfosfato Simples
50 kg de Cloreto de Potássio
200 gramas
FONTE: Marin et al. (1995).
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A deficiência de magnésio (Mg), tem sido constatada, com freqüência, em
mamoeiros cultivados em solos de tabuleiro, notadamente naqueles com teores abaixo
de 0,5 meq/100cm3 ou com relação Ca:Mg acima de 4:1. Nestes casos, tem-se corrigido
a deficiência, com aplicação de 30a 50g de Mg/planta, o que equivale de 100 a 150g de
Nutrimag/planta (30% Mg e 2% de S).
O Boro (B) é o micronutriente que requer maior atenção, pois é o que mais afeta a
produção do mamoeiro, causando deformação dos frutos em desenvolvimento,
inviabilizando-os para consumo. Como medida preventiva, sugere-se duas pulverizações
foliares durante o ano, com produtos à base de B, na proporção de 250g do produto
comercial a 11,3% ou 200 ml do produto comercial a 10%, ambos por 100 litros de água.
Constatando-se deficiência na cultura, aplicar B no solo, em cobertura, na
projeção da copa, nas doses de 5 a 10g do produto comercial/planta, contendo,
respectivamente, 17% e 9% de B, seguido de pulverizações foliares a cada dois meses,
até que os frutos estejam normais.
Outros micronutrientes importantes para o mamoeiro são ferro, manganês, zinco e
cobre. Nos solos em questão tem-se aplicado, em cobertura, duas vezes ao ano, 30g de
FTE BR-8 ou BR-10 por planta.
A partir do terceiro ano após o plantio não se recomenda adubar o mamoeiro, em
virtude do declínio normal da produção, o que torna esta prática inviável
economicamente.
9.7.3. Fertirrigação – a aplicação de fertilizantes via água de irrigação aumenta a
eficiência da adubação, reduz a mão-de-obra e o custo de energia do sistema de
irrigação. Por esta razão ultimamente as empresas agrícolas e, ou produtores de maior
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nível tecnológico tem utilizado com muito sucesso essa tecnologia na cultura do
mamoeiro na região Norte do Espírito Santo.
9.8. Desbrota
Consiste na eliminação de brotos laterais que se inserem nas axilas das folhas,
causando prejuízo ao desenvolvimento do mamoeiro e tornando-se foco de infestação de
ácaros. Deve ser iniciada 30 dias após o transplantio e repetida sempre que necessário.
9.9. Sexagem
Iniciar três a quatro meses após o plantio, quando é possível distinguir com
facilidade, o sexo do mamoeiro, observando-se suas flores. Deve-se eliminar as plantas
femininas, deixando apenas uma planta hermafrodita por cova. Caso ocorra mais de uma
planta hermafrodita ou feminina, eliminar a menos vigorosa.
9.10. Desfrute ou raleio
Deve ser iniciado quatro a cinco meses após o plantio e repetido sempre que
novas frutificações forem surgindo. Devem ser eliminados os frutos defeituosos, quando
estão pequenos e verdes, ou então, aqueles que estiverem na mesma axila foliar e se
apresentarem com tamanhos diferentes. Neste segundo caso, deve-se desbastar os
frutos menores, deixando um a dois por axila. Normalmente, o mamoeiro pode gerar até
três frutos por axila foliar e, quando isto acontece, recomenda-se deixar um fruto por
axila na época do verão e dois na época do inverno.
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10. PRAGAS
A cultura do mamoeiro é atacada por um significativo número de insetos e ácaros,
sendo a maioria de importância secundária. Dentre as espécies de ocorrência mais
freqüente e de maior importância para o mamoeiro, destacam-se os ácaros (rajado e
branco) e a cigarrinha verde do mamoeiro. Entretanto, algumas outras espécies, mesmo
consideradas de importância secundária, em certas condições, podem causar danos
consideráveis à cultura.
Ainda associados ao mamoeiro encontram-se algumas espécies de pulgões e de
mosca branca que são consideradas um fator de risco à cultura por atuarem como
vetores de vírus de doenças importantes do mamoeiro. As moscas-das-frutas, embora
não se constituam como praga do mamão em condições normais de cultivo, apresentam
grande importância quando a produção se destina à exportação, por serem consideradas
por vários países, como pragas de importância quarentenária.
10.1. Ácaro rajado - Tetranychus urticae (Koch, 1836) - Acari :Tetranychidae. Ácaros
dessa espécie vivem nas folhas mais velhas do mamoeiro, geralmente na parte inferior
do limbo, entre as nervuras mais próximas do pecíolo, onde tecem teias e depositam
seus ovos. Ao se alimentar, provocam o amarelecimento da parte superior do limbo,
seguido de necrose e perfurações. As folhas, quando intensamente atacadas, caem
prematuramente, afetando o desenvolvimento do mamoeiro, além de exporem os frutos
à ação dos raios solares, prejudicando sua qualidade.
A ocorrência desses ácaros se verifica durante os meses mais secos do ano,
normalmente de maio a setembro e na ocorrência de veranico, na estação mais quente
do ano.
10.2. Ácaro branco - Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904) - Acari :Tarsonemidae.
Esta praga ocorre no ponteiro da planta, causando deformações nas folhas e nervuras
que, na fase inicial se assemelham bastante aos danos provocados pelo vírus do
mosaico do mamoeiro. As folhas recém-emergidas apresentam-se com o limbo mal
formado e reduzido, com pecíolo curto e, à medida que as folhas mais velhas vão
caindo, o mamoeiro fica sem o capitel de folhas, motivo pelo qual essa praga é
conhecida como “ácaro da queda do chapéu do mamoeiro". A praga, além de reduzir o
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porte da planta e o número de flores, o que, conseqüentemente, ocasiona uma drástica
redução da produção, deprecia, ainda, o valor comercial dos frutos devido à exposição
dos mesmos à insolação em decorrência da queda das folhas do ponteiro das plantas. O
ataque severo desta praga pode causar a morte da planta.
Embora possa infestar as plantas durante todo o ano, o ataque do ácaro branco se dá,
com maior intensidade, nos períodos mais úmidos e de temperatura mais elevada.
10.3. Cigarrinha verde do mamoeiro - Solanasca bordia (Langlitz, 1964) - Hemiptera:
Cicadellidae. A cigarrinha verde tem sido observada, com bastante freqüência e
intensidade, atacando a cultura do mamoeiro nas principais regiões produtoras de
mamão do Brasil. O inseto é de coloração verde-acinzentada, de formato triangular e
mede de 3 a 4 mm de comprimento. As formas jovens (ninfas) são menores, possuem
coloração verde, são ágeis e têm o hábito de se locomoverem lateralmente. Tanto as
formas jovens como as adultas sugam a seiva das folhas do mamoeiro, normalmente na
página inferior do limbo, que apresentam manchas amareladas, assemelhando-se ao
sintoma da virose. As folhas intensamente atacadas tornam-se encarquilhadas, as
margens amarelecidas com posterior secamente e caem prematuramente, afetando o
desenvolvimento da planta.
10.4. Cochonilha - Coccus hesperidum Linnaeus, 1758 - Hemiptera: Coccidae e
Aonidiella comperei McKenzie, 1937 - Hemíptera: Diaspididae. Ao se alimentarem das
diferentes partes da planta, as cochonilhas causam o amarelecimento das folhas,
desfolhamento, redução do vigor da planta, depreciação do fruto atacado e diminuição
da produtividade. Em ataque severo a secreção, oriunda de sua alimentação, serve de
substrato para o desenvolvimento de fungos saprófitas, denominados comumente de
“fumagina”. Na região produtora de Ceará Mirin, RN, esta praga, ocasionou em alguns
pomares, no período de junho/1998 a março/1999, redução da atividade fotossintética da
planta além da depreciação total da casca do fruto, causando prejuízos da ordem de 70
a 100 % na comercialização dos mesmos.
As cochonilhas são insetos fitófagos, de ampla distribuição geográfica, que
possuem grande número de hospedeiros. Das oito espécies já registradas no mamoeiro
no País, as cochonilhas de carapaça Coccus hesperidum e Aonidiella comperei tem sido,
atualmente, as de ocorrência mais comum, onde, nos últimos anos, os seus danos tem
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
atingido níveis preocupantes. A espécie A. comperei possui tamanho menor que C.
hesperidum, e devido o alto potencial biótico que apresenta, se dispersa rapidamente,
causando sérios prejuízos para a cultura. A sua importância se torna ainda maior para o
mamoeiro devida ao fato de ser considerada como praga quarentenária pelos Estados
Unidos.
A cochonilha Morganella longispina (Morgan, 1889), que ocorre no tronco do
mamoeiro, muito citada na literatura como praga comum dessa cultura, não tem sido
constatada nos levantamentos mais recentes, que vem sendo realizados em mamoeiros
da região produtora do Espírito Santo e Rio Grande do Norte.
10.5. Mosca-das-frutas - Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824) e Anastrepha fraterculus
(Wiedemann, 1830) Diptera: Tephritidae. As moscas do mediterrâneo, Ceratitis capitata,
e a sul-americana, Anastrepha fraterculus, são as duas espécies de mosca-das-frutas,
até então, constatadas no Brasil infestando mamão. O dano é causado pelas larvas da
mosca, que se alimentam da polpa do mamão, tornando flácida a região atacada do
fruto. A infestação só ocorre nos frutos em estágio mais avançado de maturação, quando
a superfície da casca apresenta-se com mais da metade amarelecida, e os danos só se
evidenciam quando os frutos já se encontram no ponto de consumo.
Para manter essa praga em níveis não prejudiciais à cultura do mamão,
recomenda-se fazer a colheita dos frutos no início de maturação, evitar a presença de
frutos maduros nas plantas e de frutos refugados no interior do pomar, manter a lavoura
livre de plantas com virose e, ainda, não permitir a presença de lavouras abandonadas
na proximidade de pomares comerciais. Em condições normais de cultivo, não se
constituem como problema e não traz nenhum prejuízo para a cultura. Entretanto, pelo
fato do mamão ser hospedeira dessa praga, que é considerada de importância
quarentenária, alguns paises tem imposto restrições às importações de frutos “in natura”.
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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10.6. Mandarová - Erinniys ello (Linné, 1758) - Lepidoptera: Sphingidae. Importante
praga das culturas da mandioca e seringueira pode, ocasionalmente, atacar a cultura do
mamoeiro. O dano é causado pelas lagartas, que se alimentam, inicialmente, das folhas
e brotações mais novas e, depois, do limbo das folhas mais velhas. Em infestações
intensas, podem causar o desfolhamento total do mamoeiro, atrasando seu
desenvolvimento e expondo os frutos à insolação direta. O adulto é uma mariposa de
asas estreitas, medindo 10 cm de envergadura, de coloração cinza, com asas
posteriores alaranjadas, sendo fortemente atraído pela luz.
Deve-se evitar o plantio do mamoeiro em consórcio ou próximos a cultivos de
mandioca ou de seringais para evitar maiores problemas com essa praga.
10.7. Lagarta-rosca - Agrotis ypsilon (Hufnagel, 1776) - Lepidoptera: Noctuidae. Praga
não muito comum à cultura do mamoeiro pode atacar, em certas ocasiões, tanto as
plantinhas no viveiro, seccionando-as rente ao solo, quanto plantas adultas, causando
perfurações (“galerias”) no caule. O dano é causado por uma lagarta de hábito noturno,
que durante o dia se abriga sob o solo.
10.8. Formigas cortadeiras - Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908 e Acromyrmex sp. Hymenoptera: Formicidae. As espécies de formigas cortadeiras que comumente
ocasionam danos ao mamoeiro, são a saúva limão Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908
e a quenquém Acromyrmex sp. A sua ação mais importante verifica-se, basicamente, no
viveiro, durante a formação de mudas e na fase inicial da cultura, principalmente quando
esta é instalada em áreas novas.
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MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
A saúva limão é facilmente identificada, por exalar um cheiro forte de limão,
quando esmagada e difere das formigas quenquéns por ser maior e possuir apenas três
pares de espinhos no dorso do tórax.
Os formigueiros das quenquéns são pequenos e, geralmente, constituídos de uma só
panela, ao contrário dos das saúvas, que são compostos de várias panelas interligadas
por canais. Em áreas onde ocorrem formigas saúvas e quenquéns o controle deve seguir
rigorosamente em esquema de combate inicial, antes da instalação do viveiro e da
cultura no campo. A utilização de formicidas granulados em porta-iscas tem apresentado
bom resultado de controle, com a vantagem de ser de baixo custo.
10.9. Pulgões - Aphis spp., Toxoptera citricidus (Kirkaldy, 1907) e Myzus persicae
(Sulzer, 1776) - Hemiptera: Aphididae. Os afídeos, embora não sejam considerados
pragas do mamoeiro, por não estabelecerem colônias nas plantas, são de grande
importância para a cultura, uma vez que atuam como vetores de doenças viróticas, como
a amarelo-letal e mosaico, sendo esta última uma das mais sérias e importantes doenças
do mamoeiro no Brasil. Vinte e uma espécies de afídeos já foram confirmadas
experimentalmente como vetoras do mosaico do mamoeiro, em diferentes países. No
Brasil, foram confirmadas, com resultados de transmissão positiva, as espécies: Myzus
persicae (Sulzer, 1776), Aphis gossypii Glover, 1876, A. fabae Scopoli, 1763, A.
coreopsidis Thomas, 1878, Aphis sp. e Toxoptera citricidus (Kirkaldy, 1907).
A planta infectada com o vírus do mosaico do mamoeiro apresenta como sintoma
um mosaico clorótico, acompanhado por rugosidade e malformação foliar, que se
assemelha à ocasionada pelo ácaro-branco, estrias com aspecto oleoso nos pecíolos e
caules e manchas anelares nos frutos.
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
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Como o índice da doença na lavoura é altamente influenciado pela população de
pulgões existentes na área, a sua transmissão e disseminação se dá por esses afídeos
ao se alimentarem em mamoeiros infectados e, ainda, porque esse grupo de insetos
apresenta grande número de plantas como hospedeiros, é fundamental tomar algumas
medidas para conter o avanço da doença na lavoura. Entre essas medidas estão a
erradicação das plantas infectadas tão logo os sintomas do mosaico possam ser
reconhecidos, e a eliminação de hospedeiros dos pulgões, como as curcubitáceas
(abóbora, melão, melancia, pepino, maxixe e outras), que são hospedeiras do vírus,
dentro e nas proximidades do pomar.
10.10. Mosca-branca - Trialeurodes variabilis (Quaintance, 1900) e Bemisia tabaci
(Gennadius, 1889) biótipo B - Hemiptera: Aleyrodidae. As duas espécies de moscasbrancas registradas para o mamoeiro no Brasil são Bemisia tabaci biótipo B (Bemisia
argentifollii Bellows & Perring) e Trialeurodes variabilis. Apesar de ser mantida sobre
controle pelos produtores a importância da mosca-branca como praga e vetor de vírus do
mamoeiro não esta bem esclarecida, uma vez que mesmo ocorrendo com certa
freqüência e em casos de altas populações, aparentemente, os seus danos não têm sido
observados no mamoeiro em condições de campo.
As informações disponíveis sobre moscas-brancas como vetores potenciais da
meleira (Papaya meleira virus – PMeV), doença virótica extremamente importantes para
o mamoeiro no Brasil, não permitem afirmar que esse inseto atua na sua disseminação.
Na literatura poucos trabalhos são encontrados, onde no Estado da Bahia foi observada,
em condições experimentais, uma associação entre o vírus da meleira e a espécie B.
tabaci biótipo B e por outro lado, no Espírito Santo, não foi observada nenhuma
evidência de que a meleira seja transmitida por T. variabilis, que é única espécie de
mosca-branca detectada no Estado, em condições de campo e experimentais.
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MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
11. DOENÇAS
11.1. Viroses
Nas principais regiões produtoras do mamoeiro do Brasil, tem-se constatado que,
dentre as doenças de origem virótica que podem afetar essa planta, as mais importantes
são o mosaico ou mancha-anelar do mamoeiro, causada pelo vírus Papaya ringspot
virus biótipo mamão (PRSV-p). Outras viroses que podem ocorrer são a meleira,
caracterizada pela exsudação de látex principalmente nos frutos e o amarelo-letal do
mamoeiro (PLYV) ainda restrito a algumas áreas no nordeste brasileiro.
11.1.1 Mosaico do mamoeiro - os sintomas iniciais são o amarelecimento das
folhas mais novas, que se tornam cloróticas, ocorrendo o clareamento das nervuras.
Posteriormente, o limbo foliar apresenta um aspecto de mosaico (porções amareladas
misturadas com ilhas verdes). As plantas infectadas diminuem visivelmente seu
crescimento e desenvolvimento, com prejuízos para a produção e qualidade dos frutos.
Em alguns casos, os lóbulos das folhas tornam-se reduzidos, estreitos e, às vezes
distorcidos. Nos pecíolos e na região do caule próxima a estes, aparecem manchas
alongadas, de cor verde escura e de aparência “oleosa”, dispostas linearmente, e, no
fruto, manchas com a forma de pequenos anéis concêntricos, bem nítidos.
Os afídeos ou pulgões são responsáveis pela transmissão de uma planta para
outra, e as plantas da família Curcubitaceae como abóbora, melão, melancia e pepino
são hospedeiras tendo papel muito importante na disseminação da virose. Várias
espécies de pulgões como Myzus persicae, Toxoptera citricitrus, Aphis gossypii, A.
fabae, A. citricola, A.craccivora e A. rumicis, são vetoras do vírus transmitindo-o para as
plantas sadias do mamoeiro e, posteriormente, destas para novas plantas. O vírus pode
ser transmitido através de inoculações em folhas, frutos e raízes, porém não é
transmitido pelo látex e nem através das sementes.
Não existem medidas curativas para as plantas infectadas e também não são
conhecidas, até o momento, cultivares comerciais resistentes à doença. Em alguns
países foram desenvolvidas plantas transgênicas resistentes, mas a sua utilização em
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
51
escala comercial tem sido limitada pelas restrições dos consumidores em relação a
alimentos trasngênicos.
Para o manejo da doença recomenda-se realizar vistorias periódicas (uma a duas
vezes por semana) nos pomares e eliminar as plantas doentes através do “roguing”.
Deve-se também evitar a presença de cucurbitáceas hospedeiras do vírus, bem como
outras plantas hospedeiras de pulgões dentro e nas proximidades do pomar e eliminar
sempre os pomares abandonados.
11.1.2 Meleira – doença de origem virótica, já presente nas regiões produtoras
dos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, Sergipe, Ceará e Rio Grande do
Norte, caracteriza-se inicialmente por uma exsudação espontânea do látex através das
folhas e frutos de plantas na fase produtiva. O látex das plantas doentes apresenta-se
com aspecto translúcido e aquoso, com baixa viscosidade e de difícil coagulação, sendo
a forma mais comum para o reconhecimento da doença no campo.
A exsudação do látex também ocorre nas extremidades das folhas mais novas,
provocando a queima das pontas, que ficam com a coloração marrom, o que possibilita a
identificação precoce da doença. No entanto, este sintoma pode não ocorrer em
determinadas épocas do ano, principalmente nos períodos de temperatura mais elevada.
Deve-se ter também o cuidado de não confundir este sintoma, com o da “queima”
causada pelo fungo Phoma caricae-papayae, que, neste caso, apresenta a formação de
anéis concêtricos, onde se formam os picnídios do fungo. Nos frutos de plantas doentes
há mais de três meses, ocorrem manchas zonadas de cor verde mais clara.
Para o manejo da doença devem-se realizar inspeções semanais nos pomares e
eliminar as plantas doentes (roguing), logo que os primeiros sintomas da meleira sejam
detectados. Deve-se também manejar a vegetação no pomar, principalmente de
gramíneas. Todas as plantas no final do ciclo econômico de produção da lavoura, devem
ser eliminadas, para evitar fontes de inoculo.
52
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
11.1.3 Amarelo-letal – è uma doença causada pelo vírus Papaya lethal yellowing
vírus – PLYV, ainda pouco conhecido e que ocorre em vários estados do Nordeste
brasileiro (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte). Os sintomas
característicos são o amarelecimento das folhas jovens (terço superior da copa), que
posteriormente caem. O vírus pode ficar na superfície das sementes e tem a capacidade
de sobreviver no solo da rizosfera de plantas doentes, com capacidade de infectar
mudas sadias quando plantadas nestes solos. O vírus é também disperso pela água de
irrigação.
11.2 Doenças fúngicas
11.2.1 Varíola ou pinta preta - Doença causada pelo fungo Asperisporium
caricae (Speg) Maubl que infecta folhas e frutos. Nas folhas, geralmente as mais velhas,
aparecem, na página superior do limbo, pequenas manchas, mais ou menos circulares,
de cor pardo-claro, circundadas por um halo amarelado. Já na face inferior, aparecem
manchas de cor cinza-escuro a preto, no mesmo local da lesão. Nos frutos estas não
atingem a polpa, mas prejudicam a qualidade e reduzem o valor comercial da fruta. A
ocorrência de varíola é observada com maior intensidade nos meses mais quentes e
úmidos do ano. Para o seu controle é importante a remoção do inoculo, eliminando as
folhas doentes e quando necessário, com base no monitoramento, pulverizar com
fungicidas registrados para a cultura.
11.2.2 Antracnose – Doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides
Penz. Que infecta, principalmente, os frutos desenvolvendo-se as lesões na fase de
maturação,
tornando-os
inadequados
para
a
comercialização.
As
lesões
são
arredondadas e em alguns casos profundas, muitas vezes coberta por uma massa de
coloração rosada, que se desprende facilmente, deixando um buraco no fruto, cercado
por um duro tecido caloso. O patógeno pode, também, infectar folhas e brotações novas.
Nas regiões Norte Litorânea do Espírito Santo e Extremo Sul da Bahia, a elevada
incidência de antracnose nos frutos, nos meses mais quentes e úmidos do ano (outubro
a março), tem limitado a comercialização da fruta, tanto no mercado interno, quanto para
exportação.
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
53
11.2.3 Mancha foliar de Ascochyta ou queima das folhas – Doença causada
pelo fungo Phoma caricae-papayae que infecta folhas e frutos. Nas folhas mais novas
aparecem, inicialmente, lesões de coloração marrom-escuro. Posteriormente, essas
lesões tornam-se necróticas e, em estádio bastante avançado, chegam a provocar a
perda de todas as folhas do ápice do caule. O fungo também infecta os frutos, onde as
lesões geralmente ocorrem na fase de maturação, próximas ao pedúnculo, tornando o
tecido negro e quebradiço, freqüentemente coberto por uma massa esponjosa de cor
acinzentada, que tende a aumentar à medida que as lesões envelhecem, dando origem
a chamada podridão peduncular.
11.2.4 Mancha-de-Corynespora – A doença pode ocorrer nas folhas, pecíolos e
frutos, sendo causada pelo fungo Corynespora cassiicola. Os sintomas variam bastante
com as condições climáticas e o órgão da planta infectado. O patógeno tem uma ampla
distribuição geográfica com mais de uma dezena de plantas hospedeiras, incluindo
algumas plantas daninhas como a trapoeraba (Commelina sp) e o assá-peixe
(Vermonica cinerea L.), que podem-se constituir em importantes fontes de inoculo.
Para o controle da doença deve-se fazer o monitoramento e pulverizar com
fungicidas registrados para a cultura, quando necessário.
11.2.4 Oídios – Vários fungos estão associados à doença no Brasil, e infectam,
principalmente as folhas mais velhas, destacando-se os gêneros Ovulariopsis, Oidium e
Streptopodium.
Geralmente os sintomas observam-se, na face superior do limbo, onde ocorre leve
descoloração de contornos irregulares (manchas amareladas e tecido verde-pálido),
enquanto na inferior aparece uma massa pulverulenta, de cor esbranquiçada,
característica dos sinais do patógeno.
Nas condições das regiões Norte Litorânea do Espírito Santo e Extremo Sul da
Bahia, a ocorrência de oídio verifica-se nos meses secos e frios do ano, principalmente
de maio a setembro, quando essa doença chega a causar o amarelecimento
generalizado e a senescência das folhas mais velhas das plantas.
54
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11.2.6 Podridão de Phytophthora ou gomose – São doenças causadas
gerlamente pelo fungo Phytophthora palmivora Dast, que infecta o caule, as raízes e os
frutos, tendo uma ampla gama de hospedeiros. É uma doença fúngica muito comum em
condições de solos pesados, excessivamente úmidos e mal drenados. Quando ataca os
caules e as raízes, em estado bastante avançado, ocorre uma exsudação gomosa no
local lesionado além de amarelecimento, murcha e queda prematura das folhas e frutos.
Nos frutos causa a doença conhecida como “papai Noel” por apresentarem uma
cobertura branca, constituída pelo micélio do fungo.
Para o manejo da doença recomendam-se as medidas de exclusão. Deve-se
evitar o plantio em solos excessivamente argilosos com má drenagem e em regiões com
alta pluviosidade. O plantio em camalhões pode reduzir a incidência da doença. Também
deve-se evitar ferimentos nas plantas durante os tratos culturais e remover os frutos e
plantas doentes do pomar.
Quando infecta o caule em estágio inicial, o controle pode ser feito através da
raspagem do tronco, com canivete bem afiado, seguido de um pincelamento com pasta
de cobre (1 kg de Sulfato de cobre + 2 kg de cal + 10 litros de água).
11.2.6 Podridão peduncular - é um complexo de vários fungos responsáveis pelas
podridões da fruta em pós-colheita, destacando-se os gêneros Colletotrichum, Phoma e
Phomopsis. Estes fungos são difíceis de se distinguir nos frutos em estágios iniciais de
pós-colheita, exceto por observações microscópicas.
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55
12. TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO
12.1. Controle de pragas
O controle de pragas no mamoeiro deve ser enfocado sobre dois aspectos
principais. O primeiro refere-se à necessidade de maior número de registro de produtos
para a cultura, e o segundo à extrema sensibilidade que o mamoeiro apresenta aos
agrotóxicos.
A eficiência do controle de pragas requer um planejamento em que se deve
observar o tipo de defensivo a utilizar, a praga a controlar, a época de aplicação e a
incidência de inimigos naturais. A pequena quantidade, ou a inexistência, de produtos
devidamente registrados para importantes pragas ocasionais da cultura tem dificultado, e
muitas vezes impossibilitado, adequado tratamento fitossanitário na cultura. Esse
número de produtos registrados tem aumentado, principalmente com a implantação da
Produção Integrada de Mamão, que é o sistema oficial de certificação da fruta adotado
pelo Brasil, que visa, entre outras uma produção de qualidade, com baixo impacto
ambiental e com justiça social.
Na Tabela 3 são recomendados produtos registrados pra uso na cultura do mamoeiro
para o controle das pragas, com bons resultados, em lavouras comerciais de mamoeiro,
nas condições de cultivo das principais regiões produtoras do Brasil.
56
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57
Recomenda-se calibrar (medir vazão) o equipamento de pulverização a ser utilizado para se evitar o uso de doses excessivas, que poderiam causar
problemas de fitotoxidez ao mamoeiro, ou de subdoses que tornariam a pulverização ineficaz.
2
Produto de uso registrado para a cultura do mamoeiro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.
3
Formulações: CE = concentrado emulsionável; OE = óleo emulsionável; SC = solução concentrada; WG = grãos dispersíveis em água e PM = pó molháve
1
12.2 Controle de doenças
12.2.1 Doenças fúngicas - normalmente, deve-se fazer o monitoramento e se
necessário o controle através de pulverizações com fungicidas registrados (Tabela 4) ou
complementado com o tratamento em pós-colheita.
12.2.2 Viroses - deve-se adotar as seguintes medidas preventivas, visando
reduzir o inoculo no campo e a disseminação das doenças:
a) erradicar todos os mamoeiros infectados por vírus, em beira de estradas,
fundo de quintal e consorciados com outras culturas próximas ao pomar;
b) erradicar, sistematicamente, todos os mamoeiros que apresentem
sintoma típico da doença, eliminando-os do pomar;
c) evitar o plantio de culturas hospedeiras de pulgões (transmissores da
virose) tais como abóbora, melancia, melão, maxixe, quiabo, pepino, couve, pimentão,
repolho e outras, nas proximidades do mamoal. Quando não for possível evitar estas
culturas, pulverizá-las periodicamente para reduzir a população de pulgões;
d) formar mudas em viveiros distantes de lavouras infectadas;
e) implantar novos mamoais, o mais longe possível de lavouras velhas,
principalmente se estiverem infectadas.
58
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12.2.3 Vira-cabeça ou Necrose Apical – é uma doença de etiologia ainda não
determinada cuja incidência tem aumentado nos últimos anos, sendo transmitida por
insetos vetores. Os sintomas são a clorose (amarelecimento) das folhas jovens,
evoluindo para a necrose apical e curvatura do ápice do caule. Com o tempo todas as
folhas do terço superior da planta tornam-se cloróticas, param de crescer e morrem. Nos
estádios mais avançados da doença, as plantas ficam sem folhas com extensa necrose
apical e morrem.
Para o controle da doença recomenda-se erradicar sistematicamente (roguing)
todas as plantas que apresentem os sintomas da doença.
12.2.4. Podridão de fitóftora ou gomose - o controle da doença é preventivo,
efetuando-se o plantio em solos leves e bem drenados. O plantio em camalhões reduz a
incidência da doença.
Quando infecta o caule em estágio inicial, o controle pode ser feito através da
raspagem do tronco, com canivete bem afiado, seguido de um pincelamento com pasta
bordalesa (1 kg de Sulfato de cobre + 2 kg de cal + 10 litros de água).
Quando a infecção for generalisada erradicar sistematicamente todas as plantas
doentes e, para evitar a disseminação da doença, pulverizar as plantas sadias com
produtos à base de famoxadone + manacozeb (Midas) na dosagem de 160 gramas do
produto comercial para cada 100 litros de água.
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Tabela 4 - Recomendações técnicas para o controle químico de doenças da cultura do mamoeiro.
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MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS-COLHEITA E MERCADO
Recomenda-se calibrar (medir vazão) o equipamento de pulverização a ser utilizado para se evitar o uso de doses excessivas, que poderiam causar
problemas de fitotoxidez ao mamoeiro, ou de subdoses que tornariam a pulverização ineficaz.
2
Produto de uso registrado para a cultura do mamoeiro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.
3
Formulações: PM = pó molhável; GrDa = grãos dispersíveis em água; SC = solução concentrada; CE = concentrado emulsionável e WG = grãos dispersí
água.
1
13. FITOTOXICIDADE
O mamoeiro é muito sensível a fitotoxidez dos produtos utilizados no controle
químico de pragas e doenças. Esta sensibilidade varia para diferentes produtos e
também para diferentes formulações do mesmo produto.
Deve-se, portanto, evitar a aplicação de produtos sem o conhecimento prévio de
sua ação sobre a cultura do mamoeiro, a fim de se evitar problemas com fitotoxicidade.
Atentar também para evitar a mistura de produtos que podem potencializar o efeito
fitotóxico sobre as plantas.
Em testes realizados durante vinte e cinco anos em condições de cultivo comercial
e em trabalhos de pesquisa com mamoeiro nas regiões produtoras dos estados do
Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sergipe, Pernambuco,
Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte foram constatados os níveis de fitotoxidez dos
produtos citados na Tabela 5.
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS- COLHEITA E MERCADO
63
14. COLHEITA.
14.1. Época de Colheita
Inicia-se, normalmente, oito a nove meses após o transplantio das mudas,
colhendo-se, semanalmente, dependendo do local e da época de plantio, de um a três
frutos por planta, até o 36º mês. Na região Norte do Estado do Espírito Santo, devido ao
efeito de temperatura sobre o crescimento e maturação do fruto, considera-se a
ocorrência de duas épocas distintas de colheita: de verão e de inverno.
14.1.1. Colheita de verão - compreende um período aproximado de oito meses,
entre setembro e abril. Neste período, a produção de frutos é elevada e se concentra em
novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. O tamanho e o peso dos frutos diminuem,
enquanto que o número de frutos por planta aumenta (Tabela 6). A casca torna-se mais
lisa, brilhante, mais susceptível à ocorrência de manchas fisiológicas e a danos
causados por ácaros e/ou fungos. A polpa apresenta-se menos consistente, porém com
mais sabor.
14.1.2. Colheita de inverno - compreende um período aproximado de quatro
meses, entre maio e agosto, quando a produção de frutos é bastante reduzida. Neste
período, o tamanho e o peso dos frutos aumentam, enquanto que o número de frutos por
planta reduz. A casca apresenta-se mais áspera, sem brilho e com poucas manchas
64
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS- COLHEITA E MERCADO
externas, enquanto que a polpa torna-se mais consistente e com menores teores de
açucares (Tabela 6).
Tabela 5 - Nível de toxidez de inseticidas, acaricidas e fungicidas no mamoeiro dos
grupos Solo e Formosa
Nível de
Fitotoxicidade
Produto Comercial
Afugan CE
Citrothiol 80
Diazinon 600 CE
Severo
Ethion 500
desfolhamento e, ou
Folimat 1000
frutos manchados
Gusathion 400
Hostathion 400
Folicur + Tedion
Acricid 400 EC
Acricid 400 EC
Akar 500 CE
Assist
Afugan CE
Assist
Comet
Cropotex
Decis 2,5 CE
Diazinon 600 CE
Ethion 500
Folicur PM
Folicur PM + Tedion 80
Gramocil
Folhas injuriadas,
amareladas e com Gramocil
bordos e ápices
Gramoxone 200
queimados
Karathane
Karathane
Moresthan BR
Karmex 500 SC
Omite 68 E
Omite 68 E
Óleo mineral
Óleo mineral
Omite 30 PM
Tamaron BR
Plictran 500 BR
Thiobel 500
Thiodan + Tedion
Roundup
Concentração e
Formulação1
Dose do Produto
(em 100l de água)
30% CE
80% PM
60% CE
50% CE
100% SC
40% CE
40% CE
(20% CE + 85 CE)
40% CE
60% CE
50% CE
80% SO
30% CE
80% SO
25% CE
50% PM
25% CE
60% CE
50% CE
25% PM
(25% + 8%) PM
(20% + 10%) CE
(20% + 10%)
20% SC
25% PM
25% PM
25% PM
50% SC
68% CE
68% CE
75,6% OE
75,6% OE
30% PM
60% CE
50% PM
50% PM
(35% CE + 8% CE)
48% SC
100ml
100g
120ml
100ml
120ml
60ml
100ml
150ml + 250ml
200ml
100ml
120ml
3000ml
70ml
1000ml
60ml
120g
70ml
100ml
60ml
150g
100ml + 200ml
250ml
500ml
250ml
100g
200g
240g
50ml
60ml
100ml
3000ml
1000ml
100g
240ml
60g
250g
250 + 250ml
50ml
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS- COLHEITA E MERCADO
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Nível de
Fitotoxicidade
Produto Comercial
Acaristop 500 SC
Actara 250 WG
Aliette
Anthio
Assist
Benlate 500
Captan 50 PM
Bravonil 500
Calipso
Carbax
Cercobin 700 PM
Cerconil SC
Comet
Cuprozeb
Dacobre PM
Daconil BR
Decis 2,5 CE
Derosal 500 SC
Dimetotato CE
Dithane M 45
Manage
Manzate 800
Meothrin
Midas
Moresthan BR
Naturoil
Neoron 500 CE
Orthocide 500
Persist SC
Pirate
Recop
Reconil
Ridomil Gold MZ
Rubigan 120 CE
Saprol BR
Sevin
Score
Sumithion 500 CE
Talstar 100 CE
Tecto SC
Tedion
Thiodan CE
Thiovit Sandoz
Torque 500 SC
Vertimec 18 CE
Concentração e
Formulação1
50% SC
25% WG
80% PM
40% CE
75,6%
50% PM
50% PM
50% SC
48% SC
16% + 6% CE
70% PM
14% + 35%
25% CE
30% + 55% PM
25% e 30 % PM
75% PM
25% CE
50% SC
40 % CE
80% PM
15% PM
80% PM
30% CE
6,2% + 65,2%
25% PM
93% SO
50% CE
50% PM
44,5% SC
24% SC
50% PM
58,8%
(4% + 64%)
12% CE
19% CE
50% PM
25% CE
500 CE
10% CE
48,5% SC
80% CE
35% CE
80% PM
50% SC
18% CE
1
Dose do Produto
(em 100l de água)
50ml
150g
100g
120ml
250 ml
100g
200g
250ml
30ml
240ml
70g
250ml
40ml
200g
250g
200g
30ml
100ml
150ml
200g
75g
200g
50ml
160g
120g
250ml
75ml
240g
360ml
40ml
250g
200g
300g
20ml
100ml
200g
30ml
150ml
40ml
100ml
240ml
200ml
400g
100ml
50ml
Formulação: SC = solução concentrada; CE = concentrado emusionável; PM = pó molhável
FONTE: Marin et al. (1995); MARIN et al (1998); MARIN (1998).
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FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS- COLHEITA E MERCADO
Tabela 6 - Produção, número e peso de frutos do mamoeiro do grupo Solo, entre 12 e 24
meses após o plantio, na região Norte do Espírito Santo.
Frutos
Peso
(kg/planta)
(no/planta)
(g/fruto)
Janeiro
5,2
13
400
Fevereiro
4,5
11
410
Março
3,7
9
410
Abril
3,0
7
430
Maio
1,9
4
480
Junho
1,1
2
550
Julho
1,2
2
600
Agosto
1,7
3
570
Setembro
2,9
6
480
Outubro
3,4
8
430
Novembro
4,6
11
420
Dezembro
4,9
12
410
Meses
Produção
FONTE: Marin et al. (1995).
14.2. Ponto de colheita
O ponto de colheita é indicado pela mudança de coloração da casca do fruto, que
passa de verde a verde clara, com ou sem estrias amareladas, partindo da base para o
pedúnculo. A decisão sobre o melhor ponto de colheita dos frutos depende da distância
do mercado consumidor, da época de colheita (verão ou inverno) e do tipo de mercado
(interno ou de exportação). Atualmente o Programa Brasileiro para a Modernização da
Horticultura estabelece a classificação do mamão pelos seguintes subgrupos que
garantem a homogeneidade da coloração do lote e identifica o grau de maturação do
fruto em cinco estádios:
FRUTAL’2004
MAMÃO PAPAYA – PRODUÇÃO PÓS- COLHEITA E MERCADO
67
14.2.1. Subgrupo 1 - ou “estágio de uma pinta”, em que o fruto apresenta casca
com coloração verde claro com uma a duas estrias amareladas, pouco perceptíveis,
iniciando-se da base para o ápice do fruto. Neste estádio considera-se que as estrias
amareladas não devem ocupar mais do que 15% da superfície da casca. Internamente, a
polpa apresenta uma leve coloração branco próximo à casca e, branco amarelo pálido,
próximo à cavidade ovariana.
Atualmente, é o estágio mais usado na colheita de frutos destinados à exportação
por via marítima ou mesmo para o mercado interno, a distâncias de 2.000 a 2.500 Km da
região produtora.
14.2.2. Subgrupo 2 - ou “estágio de duas pintas”, quando o fruto apresenta
coloração verde claro com duas estrias amareladas bem perceptíveis partindo da base
para o pedúnculo do fruto ocupando cerca de 15 a 25% da superfície. Internamente, a
polpa apresenta coloração branco amarelo pálido na região próxima à casca e róseo
claro próximo à cavidade ovariana.
É o estágio mais utilizado na colheita de frutos para exportação por via aérea ou
mesmo para mercado interno distantes de 1.500 a 2.000 Km da região produtora.
14.2.3. Subgrupo 3 - ou “estágio de três pintas”, em que o fruto apresenta
coloração verde claro, com três estrias amareladas bem perceptíveis partindo da base
para o pedúnculo do fruto. Neste estádio considera-se que as estrias devem ocupar
cerca de 25 a 50% da superfície do fruto. Internamente, a polpa apresenta coloração
branco amarelo pálido próxima à casca e vermelho claro próximo à cavidade ovariana. É
utilizado na colheita de frutos destinados a exportação por via aérea ou para o mercado
interno situado a até 1.000 a 1.500 km da região produtora.
14.2.4. Subgrupo 4 - estágio em que o fruto apresenta três estrias amareladas
bem acentuadas, partindo da base para o pedúnculo do fruto e ocupando cerca de 50 a
70% da superfície da casca. Internamente, a polpa apresenta coloração branco
amarelada próxima à casca e vermelha alaranjada próximo à cavidade ovariana. É
utilizado na colheita de frutos destinados à exportação aérea e ao mercado interno
distantes de 500 a 1.000 km da região produtora.
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14.2.5. Subgrupo 5 – quando o fruto apresenta-se com a casca quase totalmente
amarelada ocupando cerca de 75 a 100% da superfície do fruto. Internamente, a polpa
apresenta coloração amarelo alaranjado próxima à casca e vermelho alaranjado intenso
próximo à cavidade ovariana. É utilizado na colheita de frutos destinados ao mercado
interno situado até 500 km da região produtora.
14.3. Arranquio dos frutos
É efetuado imediatamente após os frutos atingirem o estágio de maturação
desejado, tomando-se os devidos cuidados para não danificá-los e reduzir o seu valor
comercial. Os frutos devem ser retirados manualmente, com uma leve pressão sobre o
pedúnculo e colocados em caixas previamente forradas. Recomenda-se o uso de luvas
plásticas e camisa de mangas compridas, para evitar queimaduras na pele devido à
exsudação de látex ou “leite”.
Nas condições de cultivo do mamoeiro na região Norte do Espírito Santo, a
colheita é facilitada pelo baixo porte que as plantas apresentam 18 a 24 meses após o
plantio, quando os frutos são facilmente alcançados pelas mãos do colhedor. Após esse
período, torna-se necessário o uso de escadas ou colheitadeiras próprias, o que
encarece um pouco mais o custo da colheita. A partir dos 36 meses após o plantio, a
cultura se inviabiliza economicamente devido ao alto porte e à baixa produtividade dos
mamoeiros.
14.4. Sistemas de colheita
Pode-se utilizar os seguintes sistemas:
14.4.1. Colheita manual com uso de balde: os frutos são colhidos com ou sem o
pedúnculo e colocados em baldes plásticos forrados com camadas de “plástico bolha” ou
folhas de jornal. A seguir, são repassados manualmente (um a um) para as caixas de
colheita, que depois de cheias, são recolhidas transportadas em carretas rebocadas com
o auxílio de uma escada ou tripé.
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14.4.2. Colheita manual sobre plataforma mecanizada: é um sistema adaptado
da colhedeira mecânica U.H. desenvolvida pela Universidade do Havaí. Consiste de uma
carreta movida por tração mecânica, onde são adaptadas duas plataformas laterais,
reguláveis de acordo com a altura do mamoeiro, que permitam o trabalho simultâneo de
até quatro colhedores. Os frutos são colhidos manualmente e colocados nas caixas de
colheita, distribuídas sobre plataformas que, depois de cheias, são empilhadas por um
ou dois operadores, dentro da própria carreta.
15. TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO PÓS-COLHEITA
Seu objetivo é limpar e proteger os frutos contra as doenças mais comuns nesta
fase. O tratamento deve ser efetuado na casa de embalagem e pode ser:
15.1. Térmico
Através da imersão dos frutos em água com temperatura variando de 47 a 49ºC,
durante 20 minutos, seguida de outra imersão em água fria, por igual período.
A principal desvantagem deste tratamento é que o mesmo requer o uso de
aquecedores funcionando com precisão para manter a temperatura da água constante
durante os vinte minutos prescritos, pois, temperaturas menores que 47ºC não exercem
um controle desejado e maiores que 49ºC podem causar injúrias nos frutos.
15.2. Químico
Através da imersão dos frutos em uma solução contendo fungicida. O mais
recomendado, atualmente, é o Tecto 40F (tiabendazole), à razão de 100g/100 litros de
água, porque não tem deixado resíduos prejudiciais à saúde humana. Deve-se evitar
doses superiores à recomendada, bem como outros fungicidas de ação sistêmica.
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16. CLASSIFICAÇÃO
Após o tratamento fitossanitário, os frutos devem ser classificados por tamanho,
ou seja, separados em pequenos, médios e grandes ou por tipos, de acordo com o
número de frutos que couberem em uma caixa. A classificação pode ser feita
manualmente ou com máquinas de pequeno porte, construídas especialmente para este
trabalho.
A Tabela 7 apresenta a classificação do fruto do mamoeiro ‘Solo’ havaiano para o
mercado interno e exportação. Recentemente o Programa Brasileiro para a
Modernização da Horticultura estabeleceu a seguinte classificação do mamão dos
grupos Solo e Formosa como garantia de homogeneidade determinado pelo peso do
fruto dado pela Tabela 8.
17. ETIQUETAGEM DO FRUTO
Visa caracterizar o fruto e identificar sua procedência. Comumente, utilizam-se
etiquetas autocolantes, de forma circular ou elíptica, com 2 ou 3 cm de comprimento, de
cores variadas, que devem ser colocadas na base do fruto, nas quais aparece o nome do
produtor e,ou o local da produção.
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Tabela 7 - Classificação do fruto do mamoeiro ‘Solo’ em tipos utilizados para o mercado
interno e exportação.
Peso Médio
(gramas)
Tipo
Mercado Nacional
Mercado Internacional
6
-
560 a 650
7
790 a 860
500 a 559
8
680 a 789
440 a 499
9
610 a 679
390 a 439
10
550 a 609
350 a 389
11
500 a 549
320 a 349
12
460 a 499
290 a 319
13
420 a 459
-
14
390 a 419
-
15
370 a 389
-
16
340 a 369
-
17
320 a 339
-
18
310 a 319
-
19
290 a 309
-
20
280 a 289
-
FONTE: Marin et al. (1995).
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Tabela 8 – Normas de classificação do fruto do mamoeiro dos grupos Solo e Formosa
em função do peso do fruto.
Classe
Peso (gramas)
A ou 0
Menor ou igual a 280
B ou 280
Maior que 280 até 310
C ou 310
Maior que 310 até 340
D ou 340
Maior que 340 até 380
E ou 380
Maior que 380 até 430
F ou 430
Maior que 430 até 500
G ou 500
Maior que 500 até 570
H ou 570
Maior que 570 até 670
I ou 670
Maior que 670 até 800
J ou 800
Maior que 800 até 1000
K ou 1000
Maior que 1000 até 1300
L ou 1300
Maior que 1300 até 1500
M ou 1500
Maior que 1500 até 1800
N ou 1800
Maior que 1800 até 2300
O ou 2300
Maior que 2300
FONTE: CQH/CEAGESP (2003)
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18. EMBALAGEM
É feita manualmente, com os frutos embrulhados um a um em papel tipo seda e
colocados dentro da caixa, em posição vertical ou levemente inclinada, com a base
voltada para cima. Deve-se colocar fitas de madeira (sepilhos), tanto no fundo da caixa,
quanto entre os frutos e sob a tampa, para dar firmeza e proteção aos frutos. A caixa
pode ser:
18.1. De madeira
É usada normalmente para o mercado interno. Deve ter as dimensões externas de
40,5 x 30,0 x 15,0 cm para o mamão ‘Solo’ e 50,0 x 47,0 x 35,0 cm para o mamão
‘Formosa’ (comprimento x largura x altura), devendo apresentar, respectivamente 6,0 e
32,0 kg de peso líquido. Na parte lateral da caixa (“testeira”), colam-se etiquetas de papel
de formato retangular, com dimensões, desenhos e cores variadas. Nestas devem
também aparecer o nome, o peso, a classificação, o estágio de maturação e a
procedência do produto.
18.2. De plástico
Utiliza-se normalmente a mesma caixa usada para a colheita, cujas dimensões
externas devem ser de 55,5 x 35,5 x 30,5 cm (comprimento x largura x altura), seu peso
líquido está em torno de 21,0 kg e é usada somente para o mercado interno.
18.3. De papelão
Usada quase que exclusivamente para o mamão “Solo” de exportação, deve ter
as dimensões externas de 35,0 x 26,5 x 13,0 cm (comprimento x largura x altura), com
peso líquido de 3,5 kg, em média. O número de frutos por caixa pode variar de seis a
doze, o que permite sua classificação em tipos.
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19. COMERCIALIZAÇÃO
Pode ser efetuada através de cooperativas, intermediários, exportadores ou pelo
próprio produtor, mediante entrega direta nas Centrais de Abastecimento de São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Cerca de 85% da safra brasileira de mamão é produzido de setembro a abril, ou
seja, na colheita de verão na região sudeste. Neste período, os preços alcançam as
melhores cotações no mercado interno, a despeito do aumento de consumo de mamão
no país, devido ao excesso de oferta e à produção de frutos com tamanho e aparência
pouco desejáveis para a comercialização. Na colheita de inverno (abril a maio), a baixa
oferta de frutos com tamanho e aparência externa mais desejável para o mercado
interno, contribuem para a obtenção de melhores preços.
Os frutos do mamoeiro ‘Solo’ que no mercado interno, alcançam a maior cotação
de preços são os do tipo 9 a 13 (420 a 680 gramas). Com relação à exportação os de
maiores cotações são os do tipo 8 a 10 (390 a 450 gramas). No caso do mamoeiro
‘Formosa’, a preferência recai nos frutos com peso médio de 1.100kg
Até 1996 estimava-se que apenas 20% do mamão produzido nas regiões Sul da
Bahia e Norte do Espírito Santo, apresentavam condições ideais para exportação, devido
à grande exigência do mercado internacional por qualidade e ao fato do fruto apresentar
uma casca muito sensível á “mancha fisiológica”. Mesmo assim, cerca de 65% das 8 mil
toneladas de mamão ‘Solo’ exportadas para a Europa, em 1999, eram oriundas destas
regiões.
A abertura do mercado americano para a papaya brasileira, a partir de 1997,
aliado à introdução da cultivar ‘Golden’ que permitiu um melhor rendimento de
exportação, contribuiu para o aumento da exportação brasileira, que passou de 9,8 para
34,2 mil toneladas no período 1998/2003, colocando o Brasil como o segundo exportador
mundial.
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20. COEFICIENTES TÉCNICOS E CUSTO X RECEITA
19.1. Custo de Implantação e manutenção
A Tabela 9 apresenta os coeficientes técnicos e os custos para implantação e
manutenção de 1,0 ha de mamoeiro ‘Solo’ (1.786 covas)
19.2. Custo e Receita por planta
19.2.1. Custeio – considerando-se os gastos com insumos, mão-de-obra,
mecanização, combustíveis e lubrificantes descritos na Tabela 9 para cada planta:
10 ano (implantação) = R$ 6,01 / planta
20 ano (manutenção) = R$ 7,93 / planta
30 ano (manutenção) = R$ 5,24 / planta
Total ciclo
=
R$ 19,18 / planta
19.2.2. Receita - considerando-se a produtividade e o preço médio pago aos
produtores da região Norte do Estado do Espírito Santo, no período 1990/99.
10 ano (implantação) = 00
20 ano (manutenção) = 50 kg x 0,25 R$ = R$ 12,50 / planta
30 ano (manutenção) = 40 kg x 0,25 R$ = R$ 10,00 / planta
Total ciclo
=
R$ 22,50 /planta
19.2.3. Receita liquida
Total = 22,50 – 19,18 = R$ 3,32/planta ou
R$ 4.980,00/ha (considerando-se uma densidade populacional final de 1.500 plantas/ha).
19.2.4. Custo de produção por kg de mamão:
Custo de Produção por planta/Produção por planta = R$ 19,18 / 90 kg = 0,213 R$/kg
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Tabela 9 – Coeficientes técnicos e custos para implantação e manutenção de 1,0 ha de mamoeiro ‘Solo’ (1.786
covas) referente a julho/2004.
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CURRÍCULO DO INSTRUTOR
Nome:
Sérgio Lúcio David Marin
Formação:
Doutorado em Melhoramento Genético Vegetal
Empresa/Instituição:
Hera Sementes Ltda
Cargo:
Sócio-Diretor
Endereço Com.:
Av. Augusto Caimon, 1486 - Centro
Cidade:
Linhares
UF
ES
Telefone
(27) 3371-6161
Fax
(27) 9963-6455
E-mail
[email protected]
CEP
89.900-060
CURRICULUM VITAE
ƒ
Graduado em Agronomia, pela Universidade Federal de Viçosa – UFV – Minas
Gerais, 1976;
ƒ
Mestrado em Agronomia, pela UNESP – Jaboticabal – SP – 1986;
ƒ
Doutorado em Genética, pela Universidade Estadual Norte Fluminense - UENF
– Rio de Janeiro – 2001.
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