UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE Luiz Eduardo de Castro Moraes EFEITOS DO ENVELHECIMENTO EM CÃES E GATOS CURITIBA 2013 14 Luiz Eduardo de Castro Moraes EFEITOS DO ENVELHECIMENTO EM CÃES E GATOS CURITIBA 2013 15 Luiz Eduardo de Castro Moraes EFEITOS DO ENVELHECIMENTO EM CÃES E GATOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário Orientador: Prof.Dra Maria Aparecida de Alcantara. CURITIBA 16 2013 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Prof. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitoria Acadêmica Profª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Prof. Afonso Celso Rangel Santos Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª.Dra Ana Laura Angeli Campus Prof. Sydnei Lima Santos (Barigui) Rua Sydnei Antonio Rangel Santos CEP 82010-330 – Santo Inácio Curitiba – PR Fone (41) 3331-7700 17 TERMO DE APROVAÇÃO Luiz Eduardo de Castro Moraes EFEITOS DO ENVELHECIMENTO EM CÃES E GATOS Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado e julgado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Curitiba, ______/______________/2013 Orientador: Profa.. Dra Maria Aparecida de Alcantara __________________________________ 18 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que sonharam e acreditaram comigo. Cada um teve seu papel que, por menor que tenha sido, foi essencial no cumprimento desta meta. Agradeço a meus mestres, foram eles, cada um há seu tempo e seu modo, que me inspiraram e inspirarão a sempre querer aprender mais. Aos amigos conquistados durante o caminho do aprendizado... Amigos ontem, amigos hoje e certamente amigos amanhã. Aos profissionais amigos especiais, Médicos Veterinários, estagiários, enfermeiros e demais funcionários do Hospital Veterinário Santa Mônica, em especial ao Dr. Ricardo Canever, orientador profissional, pela paciência e cooperação, só tenho que agradecer neste momento. A professora “ Cida “, amiga, por estar sempre ao meu lado, transmitindo-me todo seu apoio, pelo incentivo e pela amizade que de forma solidária, só posso repetir muito obrigado. Aos meus pais, irmãos, pois sei que sempre que precisar de conforto entre eles eu vou encontrar. A minha maior gratidão a todos que participam dessa caminhada, pois tenho certeza que levo com carinho dentro de mim a semente plantada, aguardando germinar, para minha nova vida profissional, um futuro auspicioso. Aos animais que atendidos, sem os quais não poderíamos realizar esta pesquisa. A estes seres inocentes e dóceis, todo o meu respeito e eterno agradecimento. O término desta etapa é apenas o início de tantas outras que percorrerei na minha vida tendo em vocês meus alicerces. Obrigado por estarem ao meu lado. 19 “Não sei... Se a vida é curta Ou longa demais pra nós, Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.” Cora Coralina 20 RESUMO Os efeitos do envelhecimento sobre da população de pequenos animais é um fato recente, universal e inexorável. Suas causas são multifatoriais e suas consequências são igualmente importantes do ponto de vista da atuação do medico veterinário, pois nos últimos anos, a medicina de pequenos animais vem sofrendo uma grande revolução no que diz respeito a diagnóstico tratamento. A prevalência geral de doenças aumenta com o avançar da idade e cabe ao medico veterinário investir na saúde preventiva objetivando o tratamento das afecções senis bem como uma oferta de qualidade de vida e bem estar ao animal. Estes fatos possuem implicações consideráveis quanto ao treinamento de profissionais envolvidos direta e indiretamente com a geriatria animal. O presente trabalho de conclusão curso descreve os procedimentos realizados para atendimento a pacientes geriátricos e descreve também as atividades desempenhadas durante o período de estágio obrigatório. Palavras chave: geriatria, afecções senis, envelhecimento animal 21 ABSTRACT The effects of aging on the population of small animals is a recent global, universal and inexorable. Its causes are multifactorial and its consequences are also important from the point of view of the performance of vet. In the last few years, small animal medicine is undergoing a major revolution with regard to diagnostic and treatment A overall prevalence of disease increases with advancing age and it is up to the veterinary surgeon invest in preventive health aimed at the treatment of disorders and senile Offer quality of life and well-being to animal. This facts have important implications regarding the training of professionals involved directly and indirectly with the geriatric animal. This paper describes the course completion procedures performed to care for geriatric patients and also describes the activities performed during the period of compulsory internship. Keywords: geriatrics, senile disorders, aging animals 22 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ……………………………………………….. 14 1.2 Apresentação do Hospital Veterinário Santa 15 Mônica...... 1.3 Casuística geral e descrição das atividades de estágio. 18 2 REVISÃO DE LITERATURA................................................ 20 2.1 Pacientes Geriátricos......................................................... 20 2.2 Termos, conceitos e definições ....................................... 21 2.3 Alterações fisiológicas observadas no paciente idoso.. 22 2.4 Alterações do metabolismo............................................... 23 2.5 Afecções cardíacas e respiratórias.................................. 24 2.6 Afecções geniturinárias.................................................... 25 2.7 Afecções do aparelho digestório..................................... 28 2.8 Afecções músculo esquelético ........................................ 30 2.8.1 Caso clinico 1– ................................................................... 32 2.9 Afecções dermatológicas.................................................. 34 2.9.1 Caso Clinico 2 –................................................................... 35 2.10 Afecções endócrinas......................................................... 37 2.10.1 Diabete Melitus.................................................................... 37 2.10.2 Hiperadrenocorticismo.......................................................... 38 2.10.3 Hipotireoidismo.................................................................... 39 2.10.4 Obesidade............................................................................ 40 2.10.5 Caso clinico 3 ...................................................................... 42 2.11 Afecções neurológicas...................................................... 43 2.12 Afecções neoplásicas........................................................ 44 3 Conclusão........................................................................... 42 4 Referências Bibliográficas ............................................... 43 24 LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS DAD - Doença articular degenerativa DMDI – Diabete Mellitus Dependente de Insulina DRC – Doença renal crônica HPB – Hiperplasia Prostática Benigna HVSM – Hospital Veterinário Santa Mônica ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva mm – Milímetros Kg - Quilogramas PR – Paraná TPC – Tempo de preenchimento Capilar TID – Três vezes ao dia UTP – Universidade Tuiuti do Paraná 25 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Hospital veterinário Santa Mônica.................... 15 Figura 2A Estrutura Física, HVSM a) Consultório............. 16 2B B) Centro cirúrgico......................................... 16 2C C) Sala de Emergência................................... 16 Figura 3A A)Laboratório de Patologia Veterinária........... 17 3B B)Sala de Ultrassonografia............................. 17 3C C) Sala de Radiologia...................................... 17 Figura 4 Paciente com ICC, Kika poodle 16anos....... 25 Figura 5 Canino Dougue14 anos, apresentando Hiperplasia Prostática Benigna........................ 28 Figura 6 Canino macho 10anos com severa periodontite 29 Figura 7 Fêmea Lhasa Apso, 13anos; Estudo radiográfico apresentando doença articular degenerativa 31 Figura 8 Paciente felino Himalaio 11 anos com espondilose deformante......................................................... 33 Figura 9 Estudo radiográfico em felino, evidenciando a diminuição de espaços intervertebrais e a formação de pontes de osteófitos.......................................... 33 Figura 10 Paciente Pit Bull portador de Carcinoma de células 36 escamosas........................................................ Figura 11 Beagle macho 8ª5meses. Hipotireoideo e obeso . 41 Figura 12 Fêmea SRD 14 anos. Tumor mamário. 45 26 LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS Gráfico 1 Demonstrativo de pacientes idosos atendidos durante o o período de estágio obrigatório no HVSM , entre felinos e caninos........................ 17 Tabela 01 Correlação entre espécie , peso e idade cronológica...........................;;;;;;;;;;;;...................... 23 Gráfico 2 Numero de pacientes geriátricos e não geriátricos atendidos HVSM no período de 15/02/2013 a 15/05/2013............................. 18 Gráfico3 Distribuição do numero de pacientes idosos relacionados com as principais identificadas no HVSM..................................................... 19 27 1 INTRODUÇÃO Devido ao crescente aumento da expectativa de vida dos animais domésticos bem como exponencial desenvolvimento da medicina veterinária, algumas enfermidades que anteriormente não eram observadas em pacientes geriátricos passaram a ser diagnosticadas. Dentre elas enquadram-se as doenças músculos esqueléticas, as alterações endócrinas e metabólicas, as cardiopatias, as alterações cognitivas e as neoplasias que são afecções comumente observadas em cães idosos. Conforme a população de animais idosos aumenta, evidenciamos uma maior consciência e conhecimento por parte dos responsáveis no que se refere aos cuidados adequados para com esses animais. A relação responsável animal se estreita a cada dia, e esta relação conduz o médico veterinário a uma busca constante por conhecimento, tornando-o assim cada vez mais ativo e sofisticado no monitoramento e manejo destes pacientes. Os efeitos do envelhecimento sobre os sistemas orgânicos senis correspondem a alterações progressiva e irreversível, assim os animais idosos raramente possuem uma única doença, e sim uma combinação particular e múltipla de doenças orgânicas com níveis variados de disfunção, que cabem ao médico veterinário, identificá-las e tratá-las. O presente relatório tem como finalidade abordar os atendimentos prestados a pacientes geriátricos, bem como as atividades realizadas durante o estágio curricular obrigatório, sob orientação da professora Dra Maria Aparecida de Alcântara, docente responsável pelas disciplinas de Anatomia Veterinária e Etologia e Ambiente. O estágio foi realizado durante o período de 14 de Fevereiro até 15 de Maio deste ano, totalizando 360 (trezentas e sessenta) horas divididas em seis horas diárias, de segunda à sexta-feira, pelo período da manhã, das 08 às 14 horas. O local escolhido foi o Hospital Veterinário Santa Mônica (HVSM), localizado na Avenida Brigadeiro Franco, 4029, em Curitiba-PR, um dos centros médico veterinários de referência nesta cidade, que é composto por uma infraestrutura adequada e uma equipe capacitada. 28 O objetivo do estágio foi acompanhar o atendimento clínico e cirúrgico dos pacientes da rotina buscando assim um aprendizado concreto, para a prevenção de doenças senis, detecção e tratamento, além de aprender sobre os cuidados e apoio durante as doenças terminais que acometem os pacientes idosos. Neste relatório está exposta a descrição sintetizada da estrutura física do HVSM, sua casuística no período referido e uma revisão de literatura abordando temas pertinentes a geriatria animal com sua respectiva bibliografia. Os temas abordados neste trabalho de conclusão de curso foram escolhidos por serem temas atuais seja por seu alto índice de incidência ou por seu interesse didático, pois sabemos que algumas doenças senis são incuráveis, mas se detectadas precocemente, e devidamente tratadas, teremos relativo sucesso para com nossos pacientes na prática da medicina veterinária de pequenos animais. 1.2. Apresentação do Hospital Veterinário Santa Mônica O Hospital Veterinário Santa Mônica (HVSM), foi fundado em 2008, entretanto vem atuando no mercado Curitibano desde 1991 como a Clínica Veterinária Santa Mônica (Figura 1). Figura 1- Hospital Veterinário Santa Mônica. Curitiba/PR O HVSM possui atendimento de plantão 24 (vinte e quatro) horas, com médicos veterinários em permanência nas suas instalações, possuindo 29 equipamento médico atualizado destacando-se por possuir uma equipe de profissionais, motivada e pronta a prestar um serviço de qualidade a seus clientes. O espaço físico HVSM oferece a seus clientes uma sala de espera/recepção, quatro consultórios, um internamento geral, um internamento para gatos e também uma ala de isolamento onde são colocados os animais com suspeita ou confirmação de doença infectocontagiosa, uma sala de radiografia e ultrassonografia, além de um centro cirúrgico, preparado e sempre pronto para receber qualquer procedimento cirúrgico (Figura 2 ). Figura 2 - Estrutura Física, HVSM; A) consultório B) centro cirúrgico C) Sala de emergência. O HVSM conta com serviço de patologia clínica e departamento de B A diagnóstico por imagem, composto por sala adequada de radiologia e C ultrassonografia, visando aprimoramento diagnóstico (Figura 3). A B C 30 Figura 3 – Estrutura física HVSM; A) Laboratório de Patologia Veterinária, B) Sala de ultrassonografia C) Sala de Radiologia. Durante o período de estágio foi observado o atendimento de um total de 298 pacientes, desses 68 (22,8%) eram idosos, com idade superior a sete anos. Dos pacientes idosos atendidos tivemos 05 felinos e 63 caninos(gráfico 01). Entre os felinos tivemos uma prevalência de machos 3 (60%) em relação às fêmeas 2 (40%). Já entre os caninos a maioria era composta por fêmeas que totalizaram 33 (52,3%) pacientes em relação aos 30 (47,6%) pacientes machos. Durante este mesmo período tivemos o atendimento a 230 pacientes não geriátricos, ou seja, 77,2% (Gráfico 02); do total dos atendimentos, estes animais foram submetidos a procedimentos e atendimentos diversos, como: tratamento dentária, vacinação, cirurgias ortopédicas e de tecidos moles, internação clinica para tratamento de viroses e outras moléstias, atendimentos emergenciais, encaminhados por outros colegas para realização de exames complementares. Gráfico 01: Demonstrativo de pacientes idosos atendidos durante o período do estágio obrigatório de 15/02/13 a 15/05/13 no HVSM separados entre felinos e caninos. 31 Gráfico 02: Número de pacientes geriátricos e não geriátricos atendidos no HVSM no período de 15/02/13 a 15/05/13. 1.3. Casuística geral e descrição das atividades de estágio A casuística, incluindo aqui caninos e felinos foi dividida em duas categorias: acompanhamento cirúrgico e clínico, onde vale ressaltar que dentro do acompanhamento dos casos clínicos ficava estipulado o acompanhamento a pacientes internados, auxilio a métodos de diagnóstico, bem como a consulta e discussão de casos clínicos pertinentes ao período em que se cumpria o estágio obrigatório. Durante o período de estágio, todas as metas propostas pelo meu orientador profissional, foram compridas. Com a finalidade de descrever os atendimentos clínicos a pacientes idosos, serão relatados os principais efeitos do envelhecimento encontrados nos pacientes atendidos durante o estágio obrigatório, alem da descrição detalhada de três casos clínicos. O gráfico abaixo demonstra o total de atendimentos realizados separados pelas principais afecções senis observadas. Gráfico 3 – Distribuição do número de pacientes idosos relacionados às principais afecções diagnosticadas no HVSM no período de 15/02/13 a 15/05/13 32 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Pacientes geriátricos Todo cuidado ao animal, em qualquer estágio de sua vida, é focado em sua proteção e na busca constante de maximizar sua qualidade de vida. Esses parâmetros devem ser observados tanto pelos responsáveis, como pelos médicos veterinários, e que por meio da cooperação entre ambos estes objetivos sejam alcançados sempre buscando o bem estar do animal. Os problemas e desafios especiais, também tornam as preocupações com a qualidade de vida dos animais idosos a questão mais importante a ser alcançada nesta fase de vida destes pacientes (HOSKINS, 2008). A geriatria é o ramo da medicina que trata os problemas peculiares da velhice ou senilidade, onde a velhice representa o acúmulo de alterações corporais progressivas associadas à doença ou responsável por ela, a diminuição das funções fisiológicas e a morte. A velhice por si só não é uma doença. A variedade na expectativa de vida e vida média entre as espécies e entre indivíduos de uma mesma espécie sugere que exista um componente genético responsável pelo processo de envelhecimento. Excluindo os fatores genéticos, as variações podem ser atribuídas às doenças adquiridas e às agressões ambientais (FORTNEY, 2008). A velhice, do ponto de vista biológico é percebida como um desgaste natural das estruturas orgânicas que, com isso, passam por transformações com o progredir da idade, prevalecendo os processos degenerativos (CALDAS, 2002). Tentar definir idoso usando apenas a visão biológica é cair num erro de demarcação meramente cronológica. O processo de envelhecimento é composto por uma série de fatores endógenos e exógenos. Os fatores endógenos correspondem ao relógio biológico, ou seja, a programação genética, que são fatores cruciais ligados ao envelhecimento. Os fatores exógenos influenciam o ritmo e a velocidade com que ocorre o processo do envelhecimento, acelerando os processos degenerativos e encurtando a sobrevivência, quando estes fatores são desfavoráveis (FORTNEY, 2008). 33 A alimentação, o clima, características ambientais, a saúde etc., são fatores que apesar de não causarem a doença clínica, podem afetar negativamente acelerando as mudanças nas estruturas e função de diversos tecidos e órgãos, tendo como consequência seu envelhecimento (HOSKINS, 2008). As alterações que ocorrem em pacientes geriátricos são consideradas multissistêmicas, ou seja, alterações morfológicas e funcionais de todo o órgão levando o animal idoso a uma condição corporal diferente da anterior (MORAIS, 2006; HOSKINS, 2008). 2.2 Termos, conceitos e definições O conhecimento e esclarecimento destes termos e definições são imprescindíveis para entender os processos sofridos pelos animais com o passar da idade. A gerontologia é o estudo do idoso e do processo de envelhecimento. É um ramo da ciência que estuda os problemas clínicos envolvidos com a idade e tem como objetivo auxiliar o indivíduo a obter um envelhecimento longevo e saudável. Tendo como foco principal prevenir, retardar ou tratar as doenças do idoso (LAFLAMME, 2010). O envelhecimento é um processo que ocorre naturalmente desde a concepção passando pelo desenvolvimento durante a fase adulta até chegar ao estágio da vida denominado de geriátrico (CASE CAREY e HIRAKAWA, 2011). Gomes e Carciofi, (2010) atestam que as mudanças e alterações envolvendo o idoso, tanto funcionais como metabólicas são inúmeras transformações de caráter progressivo e irreversíveis no organismo do animal (FORTNEY 2008). Essas mudanças podem estar diretamente ligadas a algumas doenças ou mesmo serem responsáveis por desencadear a doença, culminando com a perda gradativa do organismo de se adaptar as novas condições impostas pelo avançar da idade cronológica (FORTNEY 2008). Além disso, esses efeitos criados pelo avançar da idade, podem ser subclínicos, o que preocupa ainda mais, caso os animais não venham sendo acompanhados com programas específicos para animais idosos, pois pelo declínio nas funções de diversos órgãos, o animal idoso se torna mais 34 suscetível e vulnerável as mais diversas doenças (MOONEY, 1995; FORTNEY, 2008). A nomenclatura para definir senilidade é muito extensa existindo termos frequentemente utilizados como sênior, senil, idoso, velho e geriátrico. Estes termos apresentam significados distintos que embora sejam utilizados como sinônimos. Quando utilizamos o termo “sênior” ou “idoso” refere-se a alterações comportamentais ou físicas relacionadas à idade do animal. Já o termo “geriátrico” ou “velho” remete-se a idade cronológica do mesmo (GOMES e CARCIOFI, 2010). Então podemos afirmar que geriatria é uma especialidade da medicina que estuda o diagnóstico das anomalias e doenças relacionadas aos idosos. Quando as mudanças que ocorrem na vida dos animais e estão associadas a doenças e possam afetar de forma prejudicial à saúde e qualidade de vida dos animais, estas mudanças são denominadas como senescência. Já o termo senilidade, refere-se a alterações de envelhecimento patológicas (GOMES e CARCIOFI, 2010). 2.3 Alterações fisiológicas observadas no paciente idoso O processo natural do envelhecimento atua sobre a capacidade e funcionalidade dos órgãos. Alguns dados obtidos através da análise química do sangue e células sugerem que vários sistemas fisiológicos são afetados pelo processo normal do envelhecimento. Atualmente vários estudos são realizados na tentativa de mensurar esses danos provocados ao paciente geriátrico. Normalmente, mais de uma doença crônica pode estar instalada em um paciente geriátrico (CASE CAREY e HIRAKAWA 2011). Segundo Morais, (2006) são considerados pacientes geriátricos os cães de raças de pequeno porte, ou seja, com peso inferior a 10 quilogramas (Kg) a partir dos 9 – 13 anos de idade. Os cães de raças de médio porte, aqueles com peso médio entre 11- 25 Kg possuem sua classificação de idoso a partir 9 - 11 anos de idade, já os cães de peso entre 26- 45 Kg, cães de grande porte, são considerados idosos a partir dos 7 anos de idade. Os cães considerados gigantes, ou seja, com peso superior a 45 Kg possuem a classificação de idoso a partir dos 6 anos de idade (Tabela 01). Segundo Mooney (1995), os felinos com idade superior a 6 anos podem ser considerados pacientes geriátricos 35 pois, a partir desta idade que começam a ser observado modificações súbitas nas funções dos órgãos. É importante que a partir desta idade os animais de companhia sejam submetidos a exames de rotina para doenças mais comuns que acometem o animal idoso (HOSKINS, 2008). Tabela 01: Correlação entre espécie animal, peso e idade cronológica. ANIMAL GERIÀTRICO Cães Pequenos (até 10 Kg) 9-13 anos Cães Médios (11 kg – 25 Kg) 9 -11 anos Cães Grandes (26 Kg – 45 Kg) 7 – 10,5 anos Cães Gigantes (mais de 45 Kg) 6 – 9 anos Maioria dos Felinos 6-10 anos 2.4 Alterações do metabolismo Algumas mudanças na composição corporal dos animais idosos são comuns com o avanço da idade, pois nesta fase da vida observamos a perda da massa magra e um aumento do tecido adiposo. Uma vez que o tecido muscular é composto por cerca de 75% de água, enquanto que o tecido adiposo é composto por 15% de água. Portanto ocorre um declínio da massa magra e com consequente diminuição da água corporal total. Essas mudanças da composição corporal associadas à diminuição voluntária da atividade física na maioria dos animais idosos influenciam a taxa metabólica basal, que cai naturalmente com o avanço da idade provocando uma drástica redução calórica resultando, por exemplo, com intolerância ao frio observada em animais idosos (MONNEY, 1995). Com o envelhecimento, as mudanças normais da composição corporal e a redução da atividade física são fatores decisivos para que ocorra o desenvolvimento da obesidade (CASE, CAREY e HIRAKAWA, 2011). 2.5 Afecções cardíacas e respiratórias O sistema cardiovascular não reflete apenas as alterações relacionadas à idade, ou seja, as doenças degenerativas, mas também aquelas que são secundárias ao estilo de vida adotado pelo paciente. Com a idade, as válvulas do coração perdem flexibilidade e o cão pode vir a sofrer de insuficiência 36 cardíaca. Costuma-se manifestar por uma fadiga exagerada após o esforço e tosse seca. Nos animais geriátricos observa-se um grau variável de atrofia miocárdica que resultam em contração e debito cardíaco reduzido, tornando os pacientes propensos a hipotensão, anóxia e as arritmias devido a uma progressiva diminuição na troca de gases. Estes pacientes frequentemente são incapazes de compensar estas alterações súbitas, fato este que torna os processos anestésicos extremamente delicados para serem executados em pacientes geriátricos, tornando muito importante considerar a utilização de doses menores bem como a manutenção reduzida da velocidade da infusão dos fármacos anestésicos para estes pacientes (FANTONI, 2002; HOSKINS, 2008). Na figura 4 observamos o exame ecocardiográfico de uma paciente de 15 anos apresentando ICC (Insuficiência cardíaca congestiva) atendida no HVSM. Figura 4 Paciente com ICC Kika poodle 15 anos. A doença valvular e crônica é comum no cão e representa cerca de 75% a 80% das afecções cardíacas que afetam esta espécie. Tendo uma incidência de ate 75% em cães com mais de 16 anos. Esta doença é diagnosticada em todas as raças, sendo caracterizada por uma progressão lenta, que tem como fatores de risco: a idade, o sexo, a raça e a predisposição familiar. Devido ao seu desenvolvimento lento, é normal que os cães não desenvolvam sinais clínicos da doença durante a sua vida. Os cães mais severamente afetados acabam por necessitar de terapia para a insuficiência cardíaca e ao final acabam por morrer, ou são eutanasiados (ETTINGER, 2004). Alterações respiratórias associadas ao envelhecimento incluem uma diminuição do volume corrente de ar e uma menor eficiência na troca gasosa, ocasionando assim uma diminuição mecânica na capacidade pulmonar, os 37 alvéolos, gradualmente com o avançar da idade, perdem sua elasticidade, com tendência ao desaparecimento do parênquima pulmonar, surgindo assim os quadros de enfisema pulmonar. Podemos acrescentar às transformações pulmonares, uma diminuição da força muscular respiratória, o que prejudica imensamente a qualidade de vida do paciente geriátrico (FANTONI, 2002). A paralisia da laringe é uma doença com desenvolvimento lento e progressivo que afeta cães de meia-idade e cães idosos. Já o colapso traqueal tem sua etiologia desconhecida, é uma doença adquirida que em geral ocorre em cães com idade média a avançada. A síndrome clinica é observada em cães geriátricos, pela perda da capacidade de se manterem firmes os anéis traqueais que subsequentemente, colapsam ( ETTINGER, 2004). 2.6 Afecções geniturinárias Com o processo de envelhecimento, segundo Fantoni (2002) ,também ocorre uma perda da massa renal, principalmente de tecido da cortical, resultando assim em uma diminuição das taxas de filtração glomerular, tornando o paciente mais suscetível a doença renal. A deficiência da taxa de filtração glomerular diminui, chegando essa redução a 45% a 50% de seu volume habitual. Com o avançar da idade a capacidade de concentrar a urina bem como, a de excretar os íons de hidrogênio, ficam comprometidas assim o animal precisa de um maior volume de urina para poder excretar os solutos (PADDLEFORD, 2005). Como resultado destas alterações sofridas pelo rim que perde sua eficácia de funcionamento o paciente geriátrico se torna menos tolerante a desidratação bem como ao excesso de administração de fluidos de reposição (PADDLEFORD, 2005). A doença renal crônica (DRC) é a doença mais comum em caninos e felinos geriátricos, independente das causas que ocasionaram a perda dos néfrons, a injúria provocada por lesões estruturais são irreversíveis e frequentemente são descritas como doenças de caráter progressivo. O comprometimento renal é definido, tanto pela macroscopia como pela microscopia através da biopsia renal. As alterações parenquimatosas podem ser observadas por meio de exames ultrassonográficos ou por meio de exames laboratoriais de sangue e urina (GRAUER, 2010). 38 Nos cães os primeiros sinais da doença renal surgem geralmente em torno dos oito a dez anos de idade. Os principais sinais clínicos observados pelos proprietários incluem halitose, distúrbios digestivos, êmese e principalmente poliúria e polidipsia. Nesta fase da doença é imprescindível um exame clínico completo, que permita administrar um tratamento clínico e dietético para estabilizar os distúrbios provocados pela Insuficiência renal (ELDREDGE et al.,2007). Segundo Couto (2010) as doenças reprodutivas também afetam os animais idosos, nas fêmeas observamos a hiperplasia endometrial cística, a mucometra e a piometra, sendo a piometra uma das afecções mais comuns na rotina clínica de pequenos animais, principalmente em fêmeas caninas, e embora possa se manifestar em qualquer idade, animais mais velhos têm maior incidência sendo esta próxima de 66% em fêmeas com idade acima de 9 anos, considerando ainda que as nulíparas apresentam maior risco de desenvolvimento desta afecção em relação às primíparas e pluríparas. A piometra é um distúrbio grave, potencialmente letal devido a sepsis e endotoxemia que podem se desenvolver rapidamente , levando o paciente a ser tratado como uma emergência. Os sinais clínicos são evidenciados quando a fêmea se encontra no diestro ou mesmo em fase de anestro de seu ciclo estral. Geralmente as fêmeas apresentam letargia, anorexia, vômito, e perda de peso. Raramente ocorre febre, estando presente em 20% dos casos. O corrimento vaginal purulento está presente em 85% das cadelas e gatas com piometra. Polidipsia e poliúria são comumente observadas em cadelas não sendo frequente essa observação em gatas (COUTO, 2010). Nos machos as doenças prostáticas representam um problema comum em cães adultos e idosos não castrados (BARSANTI; FINCO 1992; KRAWIEC; HEFLIN, 1992; KRAWIEC, 1994; MUZZI et al. 1997; VANNUCCHI et al. 1997). As principais afecções prostáticas dos cães incluem a hiperplasia prostática benigna (HPB), prostatite aguda ou crônica, cistos, abscessos e neoplasias prostáticas (KRAWIEC e HEFLIN, 1992: KRAWIEC, 1994; PETER et al., 1995; KAY, 1998; JOHNSTON et al. 2000; SOUZA; 1998). Os sinais clínicos das doenças de próstata são semelhantes e podem evoluir sem nenhum sinal clinico evidente ao proprietário do animal dificultando a detecção precoce, o que nos casos de neoplasia prostática, podem ser fatal 39 (CORNELL et al 2000). Na figura 5 observamos a imagem ultrasonográfica de um paciente canino de 14 anos de idade apresentando hiperplasia prostática benigna atendido no HVSM. Figura 5 Canino Dougue 14 anos apresentando Hiperplasia Prostática Benigna. 2. 7 Afecções do aparelho digestório Sem dúvida a doença periodontal é bastante comum em cães idosos. A periodontia é o ramo da ciência que estuda as doenças que afetam as estruturas de apoio a dentição, incluindo: - O cimento da raiz do dente - O ligamento periodontal - O osso alveolar - A gengiva Cerca de 85% dos cães a partir dos três anos de idade apresentam algum grau de doença periodontal e é sem duvida, a causa mais comum de perda dentária (HARVEY, 1998). Na figura 6 encontramos a imagem de um paciente canino com severa periodontite, que foi atendido no HVSM . 40 Figura 6- Canino Macho 10 anos com severa periodontite. Com o avançar da idade ocorre à organização e mineralização de matéria orgânica sobre os dentes, formando os cálculos dentários, denominados popularmente de tártaro, localizado supra ou sub gengival. Esse desenvolvimento proporciona a proliferação de microrganismos patogênicos que produzem enzimas e toxinas capazes de causar lesão tecidual, resultando em inflamação infecciosa da gengiva e afetando todos os componentes do aparelho de aderência dentária (HARVEY, 1998). Segundo Gioso (2003), além de comprometer os tecidos adjacentes do dente e formar a bolsa periodontal, podem proporcionar o desenvolvimento de moléstias sistêmicas como a glomerulonefrite, hepatite, poliartrite e endocardite bacteriana, pelo fenômeno conhecido como anacorese com deposição de imunocomplexos em endotélios. Esse processo ocorre em função da bacteremia durante a mastigação, pela movimentação do dente no alvéolo, devido à rica vascularização do periodonto. A cavidade bucal deve ser sempre inspecionada para avaliação de gengivites, alveolite, perda dentária, pois as afecções periodontais podem levar a distúrbios gastrointestinais (NEIGER, 2005). É comum no cão geriátrico a hipomotilidade intestinal com retardo de esvaziamento gástrico que favorece a constipação intestinal, alterações da microbiota, favorecendo assim um aumento de Clostridium e uma acentuada diminuição de Lactobacillus (ELDREDGE et. al., 2007). A perda de massa hepática, bem como, a diminuição do fluxo sanguíneo encontra-se diminuídos de 40 para 50% em pacientes geriátricos, tornando o metabolismo menos eficiente (FANTONI, 2002). Algumas das doenças vasculares mais comuns em cães velhos são: os shunts portosistémicos adquiridos, secundários à hipertensão portal, estado avançado de doença hepática e fibrose ou cirrose (HOSKINS, 2008). Com o envelhecimento ocorrem mudanças na composição corporal que incluem a diminuição da massa muscular, aumento da gordura corporal e perda de água intracelular em pacientes geriátricos levando a um retardo na eliminação de drogas lipossolúveis, ou seja, sua meia vida de eliminação é prolongada (FANTONI, 2002). 41 Segundo Hoskins (2008), as gastropatias crônicas geriátricas correspondem a uma forma evolutiva de gastrite crônica superficial, ou seja, é a cronificação de gastrite tratada inadequadamente, evoluindo com o tempo a uma atrofia da mucosa gástrica sendo responsável pela gastropatia crônica. O cão geriátrico pode desenvolver uma insuficiência pancreática exócrina (perda de 90% da produção de enzimas), secundária a situações de demasiado stress das atividades pancreáticas e das exigências do trato gastrointestinal (HOSKINS, 2004). 2.8 Afecções músculo esqueléticas As doenças músculo esqueléticas são afecções comuns ao paciente geriátrico e podem ser classificadas como primárias: associada a distúrbios de envelhecimento orgânico natural, sem causas definidas; ou como secundária, em resposta a anormalidades que causam instabilidade articular, como fraturas ósseas, luxações de patela e ruptura de ligamento cruzado cranial sendo uni ou bilateral e de intensidade variável (CALDEIRA et al., 2002;). A doença articular degenerativa (DAD), também denominada de artrose, osteoartrose ou osteoartrite, é uma enfermidade progressiva, complexa, não infecciosa, que acomete a cartilagem de articulações sinoviais, sendo que uma multiplicidade de alterações bioquímicas, físicas e patológicas podem ser reconhecidas (VASSEUR, 1998;FOSSUM, et al.,2002). É uma doença crônica, de evolução lenta, que pode vir acompanhada por formações ósseas nas margens sinoviais, artrólitos e fibrose de tecidos periarticulares (FOSSUM et al., 2002; CALDEIRA, et al., 2002). Na figura 7 observamos um estudo radiográfico de uma paciente canina da raça Lhasa Apso de 13 anos de idade apresentando (Doença DAD articular degenerativa). 42 Figura 7 Fêmea Lhasa Apso 13 anos. Estudo radiográfico apresentando, Doença articular degenerativa. São resultados de eventos mecânicos e biológicos que desestabilizam a ligação normal da articulação, degradam a síntese de condrócitos da cartilagem articular, da matriz extracelular e do osso subcondral e essa instabilidade leva a uma sobrecarga mecânica sobre uma articulação sadia ou uma carga normal sobre uma articulação alterada (CALDEIRA, et al., 2002) . Os sinais clínicos na fase inicial da doença apresentam-se por marcha rígida e claudicação após exercícios, sendo que em seu período inicial os cães manifestam pouca dor, assim quando encaminhados ao atendimento clínico, a doença já se encontra em fase adiantada de degeneração, com os cães apresentando alterações na postura, dificuldade de locomoção, dores articulares, inchaço local, diminuição da amplitude do movimento articular e em casos mais graves, atrofia muscular (NELSON e COUTO, 2010). 2.8.1 Caso clínico 1 Paciente: FIONA / Felina/ 11 anos/ Himalaia/ fêmea /castrada/4,5Kg. Motivo da consulta: O responsável pela paciente relatou que está apresentava déficit postural, ataxia, hipometria dos membros pélvicos, hiperestesia a palpação ao longo da coluna vertebral a mais de uma semana. Há dois dias iniciou quadro de hiporexia, com dificuldade de se manter em estação impedindo a defecação e capacidade de urinar adequadamente. No exame clínico a paciente apresentava-se alerta, pupilas dilatadas, mas responsivas a luz, esboçando resposta a ameaça, temperatura retal de 38,8°C, mucosas normocoradas, TPC de 2 segundos, com visível déficit proprioceptivo, apresentava paraparesia, porém com capacidade de suportar seu peso. Durante a palpação da musculatura ao longo da coluna vertebral bem como 43 das articulações, observa-se perda do tônus muscular e discreta atrofia, Reflexos miotáticos nos membros pélvicos: reflexo patelar, gastrocnêmio, tibial cranial diminuídos e reflexos perianal presente. Devido à cronicidade da doença, notaram-se lesões descamativas na região dorsal bem como áreas de alopecia na inserção da cauda. Foi solicitado estudo radiográfico da coluna vertebral, tóraco lombar e lombo sacral, ficando evidenciado a presença de neoformação óssea em aspecto caudo ventral dos corpos vertebrais, formando pontes de osteófitos, com visível diminuição dos espaços intervertebrais e opacificação dos forames. Caracterizando um quadro de espondilose deformante. Foi prescrito o tratamento conservativo com; Cloridrato de Tramadol 4mg/kg, via oral (TID), Meloxican 0,1mg,(SID) Sulfato de condroetina e suplementação com ômega 3. Foi solicitada realização de Acupuntura semanal e fisioterapia. O responsável foi orientado sobre a necessidade de restrição de espaço do paciente. Figura 8 Paciente Felino Himalaio 11anos com Espondilose deformante. 44 Figura 9 Estudo radiográfico em felino, evidenciado a diminuição de espaços intervertebrais e a formação de pontes de osteofitos. 2.9 Afecções dermatológicas Com o avançar da idade a pele passa por uma série de alterações. Essas modificações são observadas em animais humanos e não humanos onde a pseudoelastina, uma proteína , que passa a ser abundante no tecido conectivo do idoso , com características intermediária entre à elastina e o colágeno, é considerada uma síntese incorreta levando a degradação do colágeno. Desta forma o tecido elástico fica mais desgastado e esta perda de elasticidade, muitas vezes é acompanhada por hiperqueratose (CASTRO, 2007; CASE, CAREY e HIRAKAWA, 2011). O Cálcio tambem passa a ser depositado nas fibras elásticas em decorrencia do envelhecimento. Com a atrofia dos foliculos pilosos, notam-se areas alopecicas. A atividade reduzida da enzima tirosinase e a perda progressiva de melanócitos, tambem resultam no aparecimento de pêlos brancos no focinho e na face dos animais idosos (CASTRO, 2007; CASE, CAREY e HIRAKAWA, 2011). A lubrificação natural da pele também sofre alterações resultando em uma pele escamosa e seca com a pelagem opaca e sem brilho. As unhas tornam-se mais longas, quebradiças e espessas devido à redução do desgaste 45 pelo exercício e pela diminuição da circulação periférica (HOSKINS, 2008; FORTNEY, 2010). A incidência de tumores de pele aumenta devido a uma diminuição gradativa da vigilância imunológica (CASE CAREY E HIRAKAWA, 2011). 2.9.1 Caso clínico 2 Paciente: Yanco/canina/9anos/ American Pit Bull/macho/ castrado/ 22 kg. Motivo da consulta: Paciente foi trazido à consulta por apresentar áreas de lesão abdominal apresentando sangramento ativo. Segundo o responsável as lesões surgiram aproximadamente há um ano e o animal as lambia copiosamente. As feridas possuíam formas e tamanho variados, semelhantes a úlceras rasas com aspecto erosivo, com bordos levantados, que já haviam sido tratadas por outros profissionais, mas sem sucesso. As feridas cutâneas encontravam-se infectadas associadas a um processo inflamatório crônico. No exame clínico: O animal apresentava se prostrado, temperatura retal de 39,2°C, TPC de 2 segundos, mucosas hipocoradas, linfoadenomegalia regional. Tratamento e exames propostos: Foi sugerido ao responsável a realização de exames laboratoriais para verificação de seu estado clinico geral e a solicitação da biopsia cutânea, que foi prontamente autorizada pelo responsável. O paciente foi submetido à exérese cirúrgica da massa inguinal que apresentava sangramento ativo, sendo os fragmentos cutâneos retirados fixados em formalina a 10% e sendo posteriormente enviados para avaliação histopatológica que confirmou o diagnóstico de carcinoma de células escamosas. O responsável foi informado sobre a gravidade da doença, bem como sobre seu prognóstico, reservado. No pós-operatório o paciente recebeu antibioticoterapia a base de cefalosporina medicação anti-inflamatória e 30mg/kg por 14 dias além de analgésica, respectivamente meloxicam 0,1mg/kg e cloridrato de tramadol 4mg/Kg TID por cinco dias, além de instruir ao responsável sobre a necessidade de ofertar alimentação de boa qualidade suplementada com Omega 3, uso do colar elisabetano, restrição de espaço, evitar exposição prolongada do animal ao sol e retorno para a retirada de 46 pontos em 10 dias. Buscando identificar a presença de metástase foi solicitado ao responsável o retorno periódico a cada 4 meses. Figura 10 Paciente Pit Bull portador de Carcinoma de células escamosas. 2.10 Afecções endócrinas As afecções do sistema endócrino em cães e gatos idosos são identificadas e tratadas cada vez com maior frequência na medicina veterinária. Com o avanço da idade ocorre um declínio das secreções hormonais da tireoide, dos testículos e dos ovários além da hipofunção da glândula adrenal. A falência gonadal tem sido relacionada como uma característica geriátrica (MOSIER 1989, HOSKINS, 2008). A glândula tireóide tem uma redução do seu peso total, com a evidencia de hiperplasia nodular, atrofia infiltração linfocítica e proliferação do tecido conjuntivo. A glicose diminui resultando da incapacidade de resposta dos receptores para insulina ou mesmo por decréscimo destes receptores. Assim a Diabetes Mellitus é uma das doenças endócrinas comuns em cães idosos (FIGUEIREDO, 2005; HOSKINS, 2008; MOONEY 1995). Doença primária de desequilíbrio hídrico são frequentemente observadas em paciente geriátrico. Existem muitas causas potenciais para poliúria e polidipsia como por exemplo o diabetes insípido central, diabetes insípido nefrogênico, hiperadrenocorticismo, insuficiência renal crônica, 47 pielonefrite e piometra. Então é necessário que se faça diferenciação diagnostica para poliúria e polidipsia em cães e gatos idosos (MOONEY, 2009). 2.10.1 Diabete Mellitus O diabete mellitus é uma das endocrinopatias mais comuns nos cães podendo ser fatal se não tratada e diagnosticada precoce e corretamente. A deficiência de insulina é resultado da incapacidade das ilhotas pancreáticas em secretar insulina e/ou de ação deficiente da insulina nos tecidos. Tanto em cães, como em humanos, pode ser classificado em três tipos, com base na capacidade secretória dessas células: Grupo I ou dependente de insulina; Grupo II ou não dependente de insulina; Grupo III subclínica (NICHOLS, 1992). Grupo I: também conhecido como Diabetes Mellitus Dependente de Insulina (DMDI), é a forma mais comum em cães, que se apresentam com uma alta concentração basal de glicose sanguínea, incapazes de responder ao aumento da glicemia com a liberação de insulina. É um distúrbio relativamente específico envolvendo as células beta e que resulta na redução dos níveis de insulina, e, portanto numa hiperglicemia sensível à insulina (NICHOLS, 1992). Grupo II: Em cães é observada uma alta concentração basal de glicose sanguínea e uma concentração basal de insulina normal ou elevada, liberação retardada de insulina endógena após estímulo com a glicose, (Diabetes Mellitus não Dependente de Insulina) (NICHOLS, 1992). Diabetes tipo III, subclínico. O diabetes tipo III inclui o diabetes endocrinamente induzido pela concentração aumentada de qualquer um dos hormônios diabetogênicos, isto é, glicocorticóides, adrenalina, glucagon ou hormônio do crescimento, que pode ocorrer devido a secreção excessiva e deficiente degradação ou administração exógena dos mesmos(NICHOLS, 1992). Em pacientes diabéticos a história clinica sempre inclui: polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso. Ocasionalmente, pode aparecer uma cegueira súbita causada por formação de cataratas. A idade de aparecimento da diabetes situa-se, normalmente por volta dos 8-9 anos. As fêmeas intactas e ovariohisterectomisadas apresentam 2 a 4 vezes mais esta enfermidade em relação aos machos. Existe uma tendência para os animais de pequeno porte apresentar uma maior predisposição para desenvolver esta enfermidade (CHASTAIN, 2008). 48 2.10.2 Hiperadrenocorticismo O hiperadrenocorticismo pode ser diagnosticado em associação com diabetes mellitus canina. Estima-se que até 20% dos cães diabéticos têm hiperadrenocorticismo concorrente (GRAHAM, 1995; HESS et al, 2000). Como fatores de risco para o aparecimento do hiperadrenocorticismo, além da predisposição racial e do gênero, a idade desempenha um papel relevante. O hiperadrenocorticismo pituitário-dependente é geralmente uma doença que afeta cães dos 2 aos 16 anos de idade, mas a média de idades são os 7, 9 anos (FELDMAN,2004). 2.10.3 Hipotireoidismo O hipotireoidismo produz uma baixa do metabolismo basal, pode predispor à obesidade, a determinação dos níveis dos hormônios tireóideos seria importante, mesmo sabendo que essa afecção é responsável por uma pequena porcentagem de casos de obesidade nos animais (CASE et al.,1998 e MENEGHELLO, 2000). O hipotireoidismo é uma doença multissistêmica comum em cães, principalmente os de meia idade e de raças puras. Não apresenta predisposição sexual, sendo incomum em gatos (CHASTAIN, 2008, 1999). O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireóide deixa de produzir a quantidade necessária de hormônios tireoideanos que são necessários para a manutenção da normalidade das funções metabólicas do organismo (PETERSON, 1998; NELSON, 2010). Segundo Graves (1998) a etiologia, pode ser classificado como hipotireoidismo primário quando a glândula da tireóide é destruída devido à tireoidite linfocítica, atrofia glândula idiopática; ou hipotireoidismo secundário pela deficiência de TSH devido a um tumor pituitário ou bolsa cística; ou ainda hipotireoidismo terciário quando há uma produção ou secreção insuficiente do TRH ou devido à neoplasia, sendo a minoria dos casos, apenas 5%. O hipotireoidismo primário, resultante da destruição gradual da tireóide,ocorre em 95% dos casos. Ocorre normalmente devido a tereoidite linfocítica, que é uma destruição imunomediada, caracterizada por infiltração difusa de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no tecido tireóideo, levando a 49 uma destruição progressiva dos folículos e a substituição do parênquima glandular por tecido conjuntivo fibroso (PETERSON, 1998; NELSON e COUTO 2010). O hipotireoidismo gera uma série de sinais que podem ser confundidos com outras doenças. Ocorrem sinais dermatológicos, comportamentais, nervoso e muscular, cardiovascular, reprodutivo e oftalmológico. Para fechar o diagnóstico verifica-se a concentração total de hormônio da tireóide (T3 e T4), quase sempre T4 estará diminuído; a concentração sérica de TSH estará aumentada na maioria dos casos de hipotireoidismo primário; e concentração de tiroxina livre que é o método mais confiável (WHITE, 1997). Sinais de diminuição do metabolismo em conjunto com anormalidades dermatológicas devem aumentar a suspeita de hipotireoidismo. Os hormônios da tireóide são necessários para o início da fase anágena do crescimento de pêlos; portanto, cães com hipotiroidismo podem apresentar alopecia e falha na repilação após arrancamento (DIXON, REID, e MOONEY, 1999). 2.10.4 Obesidade A obesidade trata-se de uma condição patológica caracterizada por um acúmulo de gordura maior que o necessário para otimização das funções do corpo, suficiente para deterioraras e prejudicar a boa saúde e o bem-estar animal (LEWIS et al,1987 e CAMPS, 1992). Pode-se chamar de sobrepeso, quando se tem até 15% acima do peso ótimo, e de obesidade, quando esse excesso ultrapassa esse valor, sendo fácil observar cães com 50%, ou mais, acima do peso ideal. O principal problema desses animais com sobrepeso é que os proprietários não o reconhecem como um peso anormal (LEWIS et al,1987 e CAMPS, 1992). Os animais obesos não necessariamente incidência da obesidade nos cães varia de 15 a 50% (JERICÓ2002; MOONEY, 2009) e, nos gatos varia de 6 a 48% sendo de 16,5% (JERICÓ, 2002). Estudos indicam que existe uma relação direta entre o sobrepeso dos cães e o dos proprietários (LEWIS et al., 1987; CAMPS, 1992). O conceito de obesidade leva implícito um transtorno prejudicial para a saúde do indivíduo, sendo esta, capaz de aumentar a incidência de algumas enfermidades. Este fato unido a elevada frequência com que se observa a 50 afecção faz da obesidade uma das formas mais importantes de má nutrição na prática clínica de pequenos animais (VIGOUREUX, 1992). A obesidade é mais comum em fêmeas do que em machos (LEWIS et al., 1987). Em decorrência da menor concentração de hormônios androgênicos, as fêmeas têm menores taxa metabólica basal, o que as predispõe ao aumento de peso (LEWIS et al.,1987; MOONNEY,1995; JERICÓ, 2002) . A obesidade pode estar associada a distúrbios endócrinos, tais como hipopituitarismo, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo (síndrome de Cushing) e hiperinsulinemia, porém esses distúrbios endócrinos respondem apenas por 5% da população obesa em cães e gatos (BORGES e NUNES, 1998 e MOONEY, 1995). Figura 11: Beagle macho 8ª5meses. Hipotireoideo e obeso . 2.10.5 Caso Clínico 3 Paciente: Bob Marley/canina/8a5m/Beagle/macho/não castrado/26 Kg. Motivo da consulta: O paciente foi levado à consulta por se apresentar muito acima do peso e apresentar comportamento letárgico. O proprietário relata que apesar de oferecer somente ração de baixa caloria ao animal e nas medidas recomendadas pelo fabricante o mesmo não teve redução de peso, além de se apresentar letárgico e intolerante ao exercício, inativo, intolerânte ao frio, alteração do comportamento como um retardo do aprendizado de suas 51 atividades cotidianas. No exame clinico o animal apresentava se alerta, temperatura retal de 38,7°C, mucosas normocoradas, TPC < 2 segundo, ausculta cardíaca e pulmonar normal. No pelame foi observado seborréia multifocal, áreas de alopecia simétrica bilateral com hiperpigmentação, mixedema facial e atrofia testicular. Foi proposto ao proprietário a realização de exames laboratoriais para avaliar seu estado clinico geral, alem dos exames de rotina como hemograma, ureia , creatinina , ALT e FA, também foi proposto a realização de dosagem de colesterol , glicemia e dosagem de T4 total , TSH e T4 Livre por radioimunoensaio. Após o resultado foi confirmado que o paciente era obeso e hipotireoideo. Como tratamento foi instituído o uso de levotiroxina sintética na dose inicial é de 0,022mg/kg a cada 12h por via oral, e solicitado a reavaliação do paciente após duas semanas para ajuste da dose , se necessário. Para a obesidade foi instituído um protocolo alimentar com alimento rico em energia, fibras e proteína de boa qualidade. Foi solicitado que o animal fizesse caminhadas diárias de aproximadamente uma hora. Que fossem abolidos da dieta os petiscos e guloseimas. 2. 11 Afecções neurológicas O envelhecimento é a redução progressiva da habilidade do organismo em suprir as necessidades geradas pelo meio ambientes. O envelhecimento afeta gradualmente vários órgãos e sistemas, a idade avançada aumenta a susceptibilidade a diversas doenças porem não as causa. O que ocorre com o passar do tempo é um acumulo de danos aos órgãos causando assim perda da função, e de reserva funcional, capacidade de regeneração e adaptabilidade (MORAIS, 2006). A Disfunção Cognitiva Canina (DCC) é uma doença neurodegenerativa que afeta cães idosos, causando alterações na percepção, na memória, na capacidade de aprendizagem e alerta (LANDSBERG, et al., 2003). As alterações neurodegenerativas nos cães são muito semelhantes àquelas observadas nos humanos que sofrem de Alzheimer (SEIBERT e LANDSBERG 2008). Embora não haja cura para a DCC existem suplementos nutricionais e farmacêuticos que se podem administrar aos cães para diminuir e atenuar a velocidade e os sintomas da doença, respectivamente (ARAÚJO, et al., 2008). 52 Os efeitos da idade sobre o cérebro podem ser sutis e lentamente progressivos. Cães e gatos idosos sofrem com frequência de um declínio da capacidade cerebral cognitiva envolvendo a percepção sensorial, a memória, a consciência e o aprendizado. A disfunção cognitiva pode se manifestar como desorientação esquecimento do aprendizado previamente adquirido. A maioria dessas mudanças de comportamento resulta de doenças físicas (como audição diminuída, diminuição do olfato, artrite e fraqueza muscular doenças oftalmológicas), que restringem a atividade do cão e a capacidade de participar na vida familiar (HOSKINS,2008). Segundo Eldredge et al. (2007) os cães mais velhos podem ter uma diminuição da capacidade de lidar com as mudanças de rotina. Em geral, a perda de visão ou de audição pode torná-los mais ansiosos, especialmente quando eles estão separados do proprietário. As alterações neurológicas podem também limitar a capacidade de um cão idoso em se adaptar à mudança, pois a ansiedade da separação é um dos problemas de comportamento comumente observado em pacientes idosos. Um cão que tem a ansiedade de separação ficará muito nervoso, inquieto quando sente que o seu dono está prestes a sair. Quando o proprietário sai de casa, o cão, muitas vezes torna-se destrutivo, ladra ou uiva, pode urinar ou defecar e salivar abundantemente. Um cão com ansiedade da separação, muitas vezes tem comportamentos demasiado exuberantes quando o dono volta a casa. Uma vez que os problemas médicos tenham sido excluídos ou corrigidos, a atenção deve ser dada ao tratamento dos problemas de comportamento (ELDREDGE et al., 2007; ETTINGER, 2005). 2.12 Afecções neoplásicas Uma neoplasia é um crescimento descontrolado de células que proliferam autonomamente, sem controle, se assemelham tanto morfologicamente como funcionalmente às células normais das quais se originou; não possui padrão ordenado de crescimento; não tem qualquer função útil para o seu hospedeiro; e decorre de diversas causas, que alteram os eventos moleculares envolvidos no controle da proliferação e diferenciação celulares normais (JONES et al., 2000). 53 Em cães e em gatos a idade é um fator importante no desenvolvimento do câncer. Apesar de algumas neoplasias malignas serem diagnosticadas em cães jovens é no paciente geriátrico, que se observa uma grande incidência de neoplasias (KITCHELL, 1995;DALECH, 2008). O aumento destas doenças malignas em animais geriátricos está relacionado provavelmente com uma combinação de fatores como: Exposição mais prolongada aos agentes carcinogênicos, debilidade do sistema imunológico ambas associadas com a maior longevidade dos animais As causas de neoplasia são numerosas e diversas, mas o denominador comum que une todos esses tumores é a indução de mutações de um genoma celular que controla a divisão mitótica e a diferenciação (JONES et al., 2000). Com o envelhecimento também ocorre o declínio da secreção dos hormônios produzidos pelas gônadas. Os testículos desenvolvem atrofia flácida e estão propensos à formação de tumores. Os ovários apresentam aumento gradual de peso e posteriormente atrofiam. As glândulas mamárias mostram evidência de doença fibrocística ou neoplásica (MOSIER, 1989). As neoplasias nas glândulas mamárias respondem por cerca de 50% dos tumores na cadela (KNAPP et al., 2004; JOHNSON et al., 2006) e a mortalidade associada ao tumor varia de 18% a 63% (KNAPP et al., 2004). A neoplasia mamária afeta primariamente animais idosos com média de 10 anos de idade, sendo mais acometidas as fêmeas inteiras ou submetidas à ovariectomia mais tardiamente; cerca de metade desses tumores são malignos (JOHNSON, 2010). O risco de desenvolver neoplasia mamária após ovariosalpingohisterectomia precoce é de 0,05% antes do primeiro estro e 8% antes do segundo estro (KNAPP et al., 2004). 54 Figura 12. Fêmea SRD 14 anos. Tumor mamário. Em pequenos animais a predisposição racial também esta associada ao desenvolvimento dos tumores (DE NARDI, 2008). Relativamente à raça, também é reconhecida uma certa predisposição, sendo o Boxer a raça mais susceptível de desenvolver uma grande variedade de neoplasias (Cullen et al.,2002;). Segundo Cullen et al., (2002) o Boxer, o Bulldog e o Labrador Retriever estão mais predispostos às neoplasias de pele e tecido subcutâneo. O Pastor Alemão está mais predisposto ao hemangiosarcoma. O diagnóstico definitivo baseia-se no exame histopatológico de amostra de biópsia excisional O objetivo primário do tratamento é extinguir a neoplasia, para que o animal tenha uma qualidade de vida melhor (JOHNSTON, 1998). Apesar da carcinogênese em cães e gatos ser multifatorial, envolvendo fatores intrínsecos e extrínsecos, o conhecimento da etiologia neoplásica é de fundamental importância na profilaxia dos tumores (RODASKI, 2008). 55 3. CONCLUSÃO A medicina veterinária assim como o medico veterinário, deve procurar cada vez mais a especialização para atender as expectativas dos nossos clientes, bem como a capacitação para diagnosticar e oferecer o tratamento mais adequado ao paciente geriátrico, proporcionando a estes uma maior longevidade e uma boa qualidade de vida. Ao envelhecer o organismo passa por diversas transformações estas podem ser naturais ou não, podem predispor o indivíduo a apresentar uma doença ou ser a causa da doença, ter origem genética ou por fatores ambientais, são tratáveis ou incuráveis. Ao médico veterinário cabe compreender e respeitar a fisiologia do envelhecimento e suas ações sob o organismo, pois este é um processo biológico inevitável. 56 57 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, J.A., LANDSBERG, G.M., MILGRAM, N.W., MIOLO, A. Improvement of short-term memory performance in aged beagles by a nutraceutical supplement containing phosphatidylserine, Ginko biloba, vitamin E, and pyroxine. Canadian Veterinary Journal 49: 379-385. BORGES, F. M. DE O.; NUNES, I. J. Nutrição e manejo alimentar de cães na saúde e na doença. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, Belo Horizonte: Ed. FEP – MVZ, n. 23, p. 5 -103, abril, 1998. CALDAS CP. O idoso em processo de demência: o impacto na família. 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