Sinopse

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© Susana Pomba
“O CÃO QUE CORRE ATRÁS DE MIM
(E O AVÔ ELÍSIO À JANELA) ”
de Filipe Caldeira
espectáculo infantil | 04 aos 09 anos (pré-escolar e 1º ciclo)
Na antiga Grécia
um símbolo era um caco de barro,
um caco quebrado a meio.
Se acaso duas pessoas
entre si celebravam um contrato
cada uma guardava uma metade
cada uma era parte do bocado
sono beijado de barro.
CADERNO DO ECLIPSE | Regina Guimarães | 2008
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Imagine-se uma casa não totalmente colada ao chão, uma rua cujas pedras foram calcetadas por passos de dança.
Imaginem-se esquinas guardadoras de cheiros, janelas guardiãs de crianças. Imagine-se que é possível bailar com a luz e
caminhar de olhos fechados graças ao mapa dos perfumes. Imaginem-se pés inteligentemente descalços, meias que
conquistam vida própria, sapatos atracados à sombra como barcos. Imagine-se um pedaço de África, uma banda paralela
ao poleiro do Avô e ao Mar mais antigo ainda. Imagine-se o cinema da infância a projectar imagens no ecrã do futuro e a
ser reenquadrado pelo presente a três dimensões. Ou antes: não se imagine, permita-se que o imaginário colectivo reimagine as imagens remotas de cada um tão-só através das memórias reais e imaginadas de um ser outro.
O espectáculo do Caco não é o «encontro fortuito, sobre uma mesa de operações, de uma máquina de costura e de
um guarda-chuva» que serviu a Lautréamont para marcar um grau qualitativo na escala do belo, mas bem poderia ser o
duelo entre um cão e uma bicicleta arbitrada por um avô pedagogo e encenada por um menino que cresceu graças à vitória
da e sobre a bicicleta.
Todo o espaço de acções e emoções cénicas, acima descrito por palavras, parece muito denso e impenetrável – como por
vezes as vias de Deus quando Ele encena – mas, na verdade, o lugar de Caco proporciona aos visitantes experiências
simples e úteis como reconciliar o corpo com a cabeça, abrir uma porta torta, observar os êxitos da cabeça de vento e os
truques da cabeça no ar, sentir o chão que se deixa pisar, dar o corpo à festa e ao manifesto, amar a forma que se deixa
arredondar, habitar a figura multiusos tão bicuda, fazer do corpo um todo o terreno e do quotidiano uma linha de risco
ininterrupta.
Dizem o Filipe, o Caco e o Caldeira que é na rua que a jaula da aula se abre e a lição de vida se aprende com a fera
esfomeada. E os três em um conseguem convencer-nos. Pois se a montanha vem lamber os pés do artista em vez de
cumprir a ameaça de o fazer cacos, pois se a praia derrama a maresia nos paus para toda a obra, há que reconhecer que o
camarada saltimbanco nos levou até muito perto dele e muito longe dentro de nós, conseguindo uma pura mistura entre o
carnal e o conceptual.
Regina Guimarães
Novembro de 2015
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Este espetáculo é um retrato-memória da infância escrito a quatro mãos (duas mãos que não param quietas;
outras duas que as acompanham e observam), em que há espaço para o medo, o risco, a rua, um cão que ladra
(e talvez morda) e um avô à janela capaz de nos proteger pelo canto do olho.
“Caco, porque é que estás a trepar?”, perguntava o meu avô Elísio.
“Porque me chamo Caco, Caco, Caco…”, dizia eu a imitar o eco.
O meu nome atirado contra uma montanha partir-se-ia em mil bocados. Quero dizer, em cacos. Talvez não seja
o nome mais respeitável do mundo. Um nome que é um pedaço de uma coisa partida. Mas é o meu.
FICHA TÉCNICA:
Criação e interpretação: Filipe Caldeira| Texto original: Isabel Minhós Martins | Apoio à dramaturgia: Joclécio
Azevedo | Assistência artística: Catarina Gonçalves | Cenografia: Ana Guedes | Apoio à cenografia: Emanuel
Santos | Sonoplastia: Rodrigo Malvar | Voz: Catarina Gonçalves | Figurinos: Jordann Santos | Desenho e
operação de luz: Miguel Carneiro | Vídeo: Teresa Pinto | Apoio à residência: Teatro do Frio; Companhia Instável
| Agradecimentos: Seteventos; Escola Viva | Produção Executiva e Difusão: Circular Associação Cultural |
Co-produção: Maria Matos Teatro Municipal e Teatro Municipal do Porto Rivoli Campo Alegre
Duração do espectáculo: 45 minutos aprox.
Classificação etária: M3
Links para visualização
sessão de escolas:
https://vimeo.com/150825385
(pass: ocaoescolas)
sessão de famílias:
https://vimeo.com/149926210
(pass: ocao)
Encomenda do Programa para Crianças e Jovens do Maria Matos Teatro Municipal
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De cima para baixo, da esquerda para a direita: © Susana Pomba | © José Caldeira | © José Caldeira | © Susana Pomba | © José Caldeira | © José Caldeira
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BIOGRAFIAS
Filipe Caldeira (Criação e Interpretação)
Vila do Conde, 1982. Inicia em 2000 o seu estudo em manipulação de objetos, de uma forma empírica e focada na técnica
que serve uma crueza fortemente influenciada pelo circo finlandês. Desenvolve um particular interesse na sinergia entre o
corpo e o objecto, reposicionando-se na relação hierárquica entre estes dois elementos.
Ao longo dos anos de prática o seu interesse vai-se desviando do virtuosismo técnico, dando primazia ao imaterial, ao
corpo e à voz como gatilhos autónomos. Assim o seu posicionamento face ao circo, dança e teatro tornou-se alvo de auto
questionamento. Resultando numa linguagem híbrida e num virtuosismo distorcido, de um corpo que se forma e deforma
com a experiência.
Em 2005 inicia-se profissionalmente como autor e intérprete e desde então tem participado em projectos nomeadamente
com Joana Providência (Catabrisa, 2012); Luciano Amarelo (Malacorpo, 2010); Anna Stistgaard (Meu Coração
Viagem,2009; Feliz Idade, 2010); Teatro do Frio (Utópolis, 2010); Radar 360º (Histórias Suspensas, 2011;Baile dos
Candeeiros,2008); Companhia Erva Daninha (Fio Prumo, 2008;50 ou Nada, 2010; Aduela, 2013); Casa da Música
(Abracadabra 2012); Comédias do Minho (Chuva, 2014; Uivo, 2014).
Em 2015 cria o espetáculo Abutre, encomenda da Fundação Lapa do Lobo.
Atualmente é artista residente 2015/2016 para a Circular – Associação Cultural. A última criação conta com a coprodução
do Teatro Maria Matos e do Teatro Municipal Rivoli.
Isabel Minhós Martins (Texto Original)
Nasceu em Lisboa em 1974.
Licenciatura em Design Gráfico na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa em 1997.
Pós-graduação em “Edição: Livros e novos suportes digitais” pela Universidade Católica de Lisboa em 2007.
Em 1999, junto com a ilustradora Madalena Matoso, fundou a editora Planeta Tangerina.
Profissionalmente, dedica-se à escrita para crianças nomeadamente no género de livros, revistas e cinema de animação. O
seu público-alvo são as crianças que frequentam o ensino básico do 1º ciclo.
Joclécio Azevedo (Apoio à dramaturgia)
Brasil, 1969. Vive no Porto desde 1990. Os seus trabalhos atravessam diferentes disciplinas artísticas, tendo-se dedicado
mais intensamente à criação coreográfica a partir de 1999. Tem participado regularmente em projectos de criação e
investigação, desenvolvendo colaborações e integrando residências artísticas em diversos contextos, dentro e fora do país.
Além do seu trabalho como performer, tem desenvolvido acções de formação ligadas à coreografia, dramaturgia e mais
recentemente à sonoplastia.
Foi director artístico do Núcleo de Experimentação Coreográfica, no Porto, entre 2006 e 2011. A partir de 2010 integra o
conselho de curadores da Fundação GDA. A partir de 2012 começou a colaborar com a Circular Associação Cultural, em Vila
do Conde, como artista residente.
www.contentor.org
Ana Guedes (Cenografia)
Ana Guedes é uma artista multidisciplinar. Estudou música no Conservatório Calouste Gulbenkian, em Braga. Possui uma
licenciatura em Artes Plásticas - Escultura pela Universidade do Porto, e um mestrado em Arte Intermédia pela
Universidade de Évora.
Tem vindo a expor regularmente em mostras nacionais e internacionais, residências artísticas em diversos projectos e
desenvolvido o seu trabalho em áreas como a cenografia, o desenho, a instalação, a performance e arte sonora –
construindo esculturas sonoras e objectos sonoros experimentais - em projectos multidisciplinares e educativos.
Co-fundadora colectivo ar_search, co-dirigiu Voyager # 1- Golden Records Edition - um projecto de pesquisa multidisciplinar
seguido por outros projectos de arte sonora: Peças para Piano e Bicho da Madeira, Entropia , Lamento, Land(e)scapes.
Catarina Gonçalves (Assistência artística e voz)
Foca o seu trabalho em contextos que questionam o corpo social/político e a relação entre público/performer. A
aproximação à comunidade pauta o seu percurso artístico. Inicia os seus estudos na área da comunicação, licencia-se em
educação, pela ESE, Lisboa (2004) e posteriormente em artes do espetáculo - dança contemporânea (2007), na ESD de
Lisboa. Foi artista convidada do Projeto EVA (Lisboa, 2010) nos Bairros 6 de Maio e Armador, criou What the body know’s
that we don’t know (2012 Berlin) e Solo em Artistas à Procura de um Abrigo, para o Festival Todos (Lisboa, 2013). Desde
2011 trabalha como colaboradora artística e performer para a dupla Ana Borralho & João Galante em World of Interiors
(2011), Sub-reptício corpo Clandestino (2011), Atlas (2012), Purgatório (2012), Estalo Novo (2013), Aqui Estamos Nós (2014)
e Só Há uma vida e nela quero ter tempo de Construir me e Destruir-me (2015).
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Rodrigo Malvar (Sonoplastia)
Rodrigo é performer e artista sonoro membro fundador do Teatro do Frio.
É artista associado da companhia de teatro físico sediada em Glasgow, Company of Wolves.
Recentemente dirigiu os espectáculos CONCERTO PARA ESTRELA aka SOUND SPACE SHELTER e THE HYPNOS CLUB vencedor
do prémio inovação no Fatal.
Trabalha regularmente com o Museu do Douro onde sonicamente percebe a relação corpo-som-paisagem-ficção.
Concebe a instalação sonora FUGA GEOGRÁFICA onde expõe em Portugal, Espanha, Itália e Roménia.
Jordann Santos (Figurinos)
Nasceu em Paris, 1983. Em 2002, concluiu o Art Foundation em Suffolk, Reino Unido, tendo posteriormente frequentado os
cursos de Fashion Design na Brighton Fashion School e de Design de Moda no Citex, no Porto. Após a sua formação
curricular, realizou um estágio com o designer Júlio Waterland. De 2008 a 2012, apresentou as suas colecções Autopsy no
Portugal Fashion. Tem vindo a colaborar no design de figurinos e cenografia com criadores ligados às artes performativas
destacando Rogério Nuno Costa e Joclécio Azevedo. Lecciona na Escola de Moda do Porto e no Balleteatro.
Miguel Ângelo Carneiro (Desenho de Luz)
1972. Curso de Design Produção Teatral Luz/ Som, Escola Superior e Artes do Espectáculo – IPP, foi Diretor Técnico do
Festival da Fábrica desde a 6ª edição em 2004 até à sua extinção em 2011, Assistente de Direção Técnica do FITEI desde a
33ª edição em 2010 e Diretor Técnico do Festival Circular desde a 8ª edição em 2012 e do Teatro Expandido em 2015.
Iluminação nos filmes Baal, A Ronda da Noite e Santa Joana dos Matadouros de João S. Cardoso.
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