GRUPOS RACIAIS: diferenças étnicas Joaldo Dantas de Medeiros Sociologia – 3º Ano 1º Bimestre Como surgiu e por que existe o racismo? Em nossa sociedade existem racismo, preconceitos e discriminação racial? Por que a maioria dos negros tem renda mais baixa que os brancos? Por que há poucos negros na política, na direção de empresas, no clero católico, nas boas escolas particulares? As ações para reduzir as desigualdades étnicas são eficazes? Por que se fala em raça? Durante milhares de anos, os seres humanos se dividiram em muitos grupos, formando sociedades com características próprias Durante milênios e séculos, persistiu a visão de que sociedade humana é formada por grupos diferentes, cada um com características física e intelectuais próprias, do que resultou a ideia de raça. Até as primeiras décadas do século XX, a sociedade humana ainda era dividida por muitos estudiosos em três raças: caucasoide; negroide; e mongólica. Raça Humana Os critérios principais para separar as pessoas nesses três grupos eram a cor da pele, o formato do nariz, o tipo do cabelo, a estrutura do crânio, entre outros. O que esses estudiosos não percebiam era que nem todas as populações do mundo se enquadram nesses três grupos. Por exemplo: os povos do norte da África e do Oriente Médio apresentam traços europeus, mas muitas pessoas dessas regiões apresentam pele escura e cabelo crespo, o que aproxima dos negroides. Os indianos têm pele escura mas cabelos lisos. Com o início do período das grandes navegações, no final do século XV, inaugurando o processo de globalização, essa mistura foi se tornando cada vez mais ampla e generalizada. Fica praticamente impossível fazer uma clara classificação racial de qualquer ser humano. Veja-se o caso dos negros e brancos no Brasil. Não existe a chamada raça pura, baseada em características científicas definidas. Hoje está firmemente estabelecido que existe uma única raça: a raça humana. Diante disso, para os sociólogos, a expressão grupo racial é a mais adequada para diferenciar grupos humanos distintos por suas características físicas. E isso varia de uma sociedade para outra, pois cada sociedade atribui importância diferente a cada característica física. Nos EUA, por exemplo a cor da pele é uma característica que tem muito mais importância que no Brasil. E a mistura entre o brancos e negros não resulta em um terceiro grupo racial – o dos pardos – como no Brasil. A sociedade moderna trouxe outra importante conquista: a identificação étnica não parte de fora do indivíduo; ou seja; não existe uma classificação que enquadra cada indivíduo em um grupo. Cada pessoa se autodefine e se autoidentifica como pertencente a determinado grupo. É assim que a maioria das sociedades procede nos censos demográficos, o Brasil inclusive. Cada grupo racial geralmente é definido com base nas características físicas. Exemplos de grupos raciais: os afrodescendentes brasileiros; brasileiros descendentes de europeus; os indígenas do Brasil; os brancos americanos. Já o grupo humano que incorpora elementos de sua origem cultural é designado como grupo étnico. Grupo étnico Os judeus constituem um exemplo claro de grupo étnico. Originários da antiga Palestina, durante 2 mil anos se espalharam por muitas regiões: Europa, norte da África, Oriente Médio, América. Embora nem todos pratiquem a religião judaica, a maioria compartilha traços culturais ancestrais, que passam de uma geração para outra. No grupo étnico, a consciência de identidade é muito forte. Os membros de um grupo étnico veem-se como diferentes da maioria da sociedade e são vistos também como diferentes. Muitos grupos étnicos migraram para outro país ou foram conquistados por um povo invasor. Vimos o caso dos judeus. O sentimento de identidade dos membros de um grupo étnico geralmente se forma pela necessidade de superar dificuldades no novo território. Manter a língua, a religião, o tipo de roupa e de comida constitui um meio de reforçar a identidade. Minoria étnica Na França, sobretudo nos arredores de Paris, vivem muitos imigrantes africanos e seus descendentes. Constituem minoria étnica. Muitos imigrantes que se deslocam de países pobres para países desenvolvidos são tratados de modo discriminatório. Desenvolvem com isso um sentimento de que constituem uma minoria. Suas características físicas, sua língua, sua religião e seus costumes fazem com que sejam separados da sociedade principal e tratados de maneira diferente da maioria dos cidadãos. Sempre que um grupo de pessoas nutre um sentimento de constituir uma minoria, significa que existe outro grupo que o domina e exclui. Minoria, por isso, sempre implica subordinação e, muitas vezes, exclusão. OS SOCIÓLOGOS ESTABELECEM CINCO ASPECTOS QUE CARACTERIZAM UMA MINORIA ÉTNICA: 1º - tratamento desigual; 2º - consciência de identidade; 3º - pertencer ao grupo não depende da pessoa; 4º - sentimento de solidariedade grupal; 5º - casamentos endogâmicos – entre membros do grupo. CONFRONTOS DE ETNIAS Genocídio Expulsão Escravização Segregação Assimilação Genocídio As práticas de genocídio e de extermínio em massa foram executadas por povos que se consideravam portadores de elevados níveis culturais e civilizatórios. Genocídio é entendido o extermínio explícito e predeterminado, geralmente patrocinado pelo Estado, de uma população considerada etnicamente diferente e capaz de representar algum tipo de ameaça ao grupo dominante. Ex.: O holocausto, onde o governo nazista da Alemanha mandou acabar com todos os judeus. Expulsão É a remoção forçada de uma população de um território reclamado pelo povo expulsor; constitui um evento resultante de conflito étnico e foi muito comum ao longo dos séculos. Ex.: Os hebreus foram expulsos da Palestina e levados como escravos para a Pérsia. No território brasileiro, à medida que a agricultura abria espaço em direção ao interior, os povos indígenas eram expulsos e obrigados a fixar-se em áreas cada vez mais remotas. Escravização Praticamente todos os povos antigos praticavam a escravização. O sistema socioeconômico das cidades-Estado gregas e da Roma antiga baseava-se no trabalho escravo. Povos vencidos em guerras eram sistematicamente escravizados. A pessoa escravizada tornava-se propriedade do escravizado, mercadoria ou bem a ser explorado e comercializado. Na época moderna, a escravidão voltou-se com grande força contra povos da África. A partir do século XVI e até meados do século XIX. Um grande número entrou no Brasil, onde a escravidão só foi abolida em 1888. Segregação Grupos raciais minoritário podem segregar-se voluntariamente ou ser segregados pela força do restante da sociedade. Pela segregação, os membros do grupo segregados ficam separados fisicamente dos outros grupos raciais ou do principal grupo racial. No final da Idade Média, em algumas cidades europeias, formaram-se guetos(fora da cidade), onde viviam segregados os judeus. Nos EUA, os amish mantêm-se segregados voluntariamente em áreas nas quais vivem de maneira totalmente diferente do restante da sociedade em torno. No Brasil nunca houve uma política oficial de segregação de algum grupo étnico. No entanto, na prática existe uma segregação de natureza sobretudo econômica, pela qual famílias pobres acabam tendo de viver em áreas desvalorizadas e afastadas. Assimilação É o processo pelo qual uma pessoa renuncia a sua tradição cultural como primordial e única para incorporar-se a outra cultura. Geralmente é adotada por um grupo pequeno que deseja integrarse aos padrões de um grupo dominante para com isso poder ascender socialmente. É uma tentativa de torna-se indistinguível no meio da outra sociedade. No Brasil, o processo de miscigenação sempre ocorreu, mas no período colonial ele se dava por imposição do dominador branco, que forçava mulheres negras e indígenas ao intercurso sexual. Como vemos o outro? Durante milhares de anos, a humanidade foi se dividindo em numerosos grupos e cada grupo passando a se julgar diferente dos outros. No momento em que um grupo passou a ver o outro não apenas diferente, mas também como inferior, nasceram as mais abomináveis forma de relacionamento que marcaram (e ainda marcam) a humanidade: o racismo, o estereótipo, o preconceito e discriminação. Racismo O racismo consiste em considerar um grupo humano com inferior devido a certas características físicas. Baseia-se na falsa ideia de que existem raças biologicamente superiores e raças biologicamente inferiores. Geralmente é a cor da pele o elemento mais influente na formação da mentalidade racista. Estereótipo Conceito infundado sobre um determinado grupo social, atribuindo a todos os seres desse grupo uma característica, frequentemente depreciativa; modelo irrefletido, imagem preconcebida e sem fundamento; É um tipo de julgamento que as pessoas mantêm sem investigar se é verdadeiro. Em geral, não tem nada a ver com a realidade e pode ter surgido há muito tempo. Preconceito Os sociólogos dizem que é um julgamento antecipado a respeito de uma pessoa, baseado nas características(estereótipos) do grupo do qual pertence. O etnocentrismo é considerado um dos principais fatores que, historicamente, tem gerado preconceito. Discriminação É o ato de tratar de maneira injusta uma pessoa pelo fato de pertencer a determinado grupo racial ou étnico. Na Alemanha nazista, os judeus, por mais honesto e cumpridores da lei que fossem, foram privados de todos os direitos – inclusive direito à vida – pelo simples fato de pertencerem a um grupo étnico diferente do grupo dominante. Ações a favor da inclusão No Brasil, a luta pela inclusão das minorias étnicas começou lentamente, graças à ação de algumas organizações negras e dos povos indígenas, a partir da década de 1970. A luta das minorias ganhou grande impulso com a Constituição de 1988, que definiu claramente os direitos dos povos indígenas e configurou o racismo como crime inafiançável, com pena de prisão Sistema de cotas, defende que vai contribuir para reparar uma injustiça histórica, que é possibilitar a inclusão de grupo tradicionalmente discriminados (índios e negros). Isso tem sido criticado por alguns intelectuais, acadêmicos, advogados, etc.