EMANUELLE BEATRIZ CRUZ E SANTOS PRODUTIVIDADE DE MILHO PARA SILAGEM EM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA Cuiabá – MT Fevereiro/2014 EMANUELLE BEATRIZ CRUZ E SANTOS PRODUTIVIDADE DE MILHO PARA SILAGEM EM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal. Área de Concentração: Forragicultura e Pastagem Orientador: Dr. Joadil Gonçalves de Abreu Co-Orientadora: Drª. Roberta Aparecida Carnevalli Cuiabá – MT Fevereiro/2014 2 AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Dados Internacionais de Catalogação na Fonte C837p Santos, Emanuelle Beatriz Cruz e. Produtividade de milho para silagem em integração lavoura-pecuária-floresta / Emanuelle Beatriz Cruz e Santos. –2014 61f. 30 cm. Orientador: Joadil Gonçalves de Abreu Co-orientadora: Roberta Aparecida Carnevalli Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Cuiabá, 2014. Inclui bibliografia. 1. Integração lavoura-pecuária-floresta. 2. Luminosidade. 3. Produção de forragem Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pela autora. Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte. 3 4 AGRADECIMENTOS A Deus por todas as bênçãos em minha vida. Agradeço à minha família pelo apoio incondicional. Vocês são a minha essência, a motivação para que eu busque ser uma pessoa melhor a cada dia. Meu porto seguro. A todos os professores, funcionários e colegas da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT pelos ensinamentos, apoio e por terem contribuído para conclusão desse trabalho. O crescimento pessoal e profissional foi imenso durante essa caminhada. A todos os pesquisadores, funcionários e colegas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, pela colaboração nos trabalhos e oportunidade de participação nesse projeto. A todos que fazem parte da minha vida e torcem pelas minhas conquistas. 5 RESUMO SANTOS, Emanuelle Beatriz Cruz. Produtividade de milho para silagem em integração lavoura-pecuária-floresta. 2014. 61f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT, 2014. A produção de alimento é oriunda de monocultivos que tem apresentado baixa sustentabilidade. A cultura do milho destaca-se pela alta produtividade e flexibilidade de utilização. Os sistemas integrados são meios de produção que envolvem a agricultura, a pecuária e a floresta, sendo necessário definir um ponto de equilíbrio ótimo, no qual todas as culturas se desenvolvam adequadamente. Objetivou-se avaliar a produtividade de milho para silagem consorciado com capim-piatã e capim-ruziziensis e taxas da semeadura do capim sob sombra e a pleno sol. O experimento foi implantado na Embrapa Agrossilvipastoril (SinopMT) no delineamento em blocos casualizados com 4 repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 2x2x4, sendo: dois ambientes luminosos (sombra e pleno sol); dois espaçamentos de milho (45 e 90 cm) em consórcio com capim-piatã e com capimruzizienses; quatro taxas de semeadura de capim-piatã e ruziziensis (0; 2; 4 e 6 kg de SPV/ha). O milho foi colhido em ponto de silagem, sendo avaliados: produção de matéria seca total, do milho e do capim; altura de planta e de inserção da espiga; estande final de plantas, diâmetro do colmo (cm), stay-green e composição morfológica da planta de milho. Para o consórcio de milho com capim-piatã, a produção de MS total em pleno sol foi 41% maior do que na sombra, sendo que a luminosidade foi reduzida de 100 para em torno de 70%. A restrição de luz promoveu uma queda de 30% na produção de milho. O espaçamento de milho de 90 cm favoreceu a produção de MS de capim-piatã. No consórcio de milho com capim-ruziziensis, o espaçamento de 45 cm propiciou aumento de 27% na produção de MS total de silagem. A produção de MS de capim-ruziziensis foi 50% maior na condição de pleno 6 sol. O cultivo de milho consorciado com capim-ruziziensis e árvores não acarretou queda significativa da produção de silagem, sendo que o espaçamento mais adensado propiciou aumento em produtividade. Palavras-chave: capim-piatã, capim-ruziziensis, consórcio, eucalipto, espaçamento, sombreamento 7 ABSTRACT SANTOS, Emanuelle Beatriz Cruz. Productivity of silage corn in crop-livestock-forest. 2014. 57f. Dissertation (Master of Animal Science), Faculty of Agronomy, Veterinary Medicine and Animal Science, Federal University of Mato Grosso, Cuiabá-MT, 2014. Food production is derived from monocultures that have shown low sustainability. Corn crops present high dry matter production with flexible use. Integrated systems are the means of production involving agriculture, livestock and forest, being necessary to define a point of optimal balance in which all cultures develop properly. Two independent experiments were performed, maize intercropped with Piata grass maize intercroped with ruziziensis. Thus, the aim was evaluate the corn to silage intercropped to piatã and ruziziensis grass in different seeding rates of grass under sun and shadow conditions. This experiment was carried out at Embrapa, Sinop/Mato Grosso, Brazil. Two corn row spacings was tested (45 and 90 cm), intercropped with piatã and ruziziensis grass under four seeding rates (0, 2, 4 and 6 kg PSV/ha). The treatments had distribution in randomized complete blocks in factorial arrangement with four replications at two light environments. The evaluations were: corn dry matter production, piatã grass production and total production; plant height and ear insertion height; plant end stand; stem diameter; stay-green and composition of corn plant was carried out with the separation in dry leaves, green leaves, stems, bracts, cobs and grains. For intercropping maize with grass Piata, the total production of dry matter in the sun was 41% greater than in the shadow, whereas the lightness was reduced 100 to 70%. The restricted light promoted descent of 30% in corn production. The row spacing of 90 cm increased the grass dry matter production when compared to 45cm. The shading affected corn productivity whereas row spacings that promoted better plant distribution favoured intercropped in these conditions. By intercropping maize with ruziziensis, the row spacing of 45 cm resulted in an increase of 7% of total DM yield of maize and MS compared to 90 cm. The DM yield of grass 8 ruziziensis was 50% bigger at full sun than under shade. The row spacing of 45 cm between rows of corn resulted in higher productivity of grass ruziziensis. Corn grown for silage ruziziensis intercropped with grass and trees did not cause a significant drop in production, being denser than the spacing between rows of maize resulted in an increase in productivity. Keywords: intercropped, row spacings, crop livestock forest integration, shadowing 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO GERAL..........................................................................................................13 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................15 2.1 Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta ................................................15 2.2 Produção de Milho .........................................................................................................16 2.3 Produção de Forragem ....................................................................................................18 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................19 CAPÍTULO I – “Produtividade de milho para silagem consorciado com capim-piatã em integração lavoura-pecuária-floresta”.......................................................................................22 Resumo ...........................................................................................................................................22 Abstract ....................................................................................................................................23 1. Introdução ...................................................................................................................................24 2. Materiais e Métodos ...................................................................................................................25 3. Resultados e Discussão ...............................................................................................................27 4. Conclusão ...................................................................................................................................35 Agradecimentos ..............................................................................................................................35 Referências Bibliográficas .............................................................................................................35 CAPÍTULO II – “Produtividade de milho para silagem consorciado com capim ruziziensis em integração lavoura-pecuária-floresta” ...............................................................................42 Resumo ...........................................................................................................................................42 Abstract ..........................................................................................................................................43 1. Introdução ...................................................................................................................................44 2. Materiais e Métodos ...................................................................................................................46 3. Resultados e Discussão ...............................................................................................................49 4. Conclusão ...................................................................................................................................56 Agradecimentos ..............................................................................................................................56 Referências Bibliográficas .............................................................................................................56 10 LISTA DE TABELAS Página CAPÍTULO I Tabela 1 – Análise de solo da Base Experimental de Sistemas Integrados de Produção de Leite da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop/MT .......................................................................37 Tabela 2 – Produção total (milho + capim) de matéria seca (kg MS/ha) para as condições de pleno sol e sombra, espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho e taxas de semeadura de capim-piatã 0, 2, 4 e 6 kg SPV/ha em sistema de iLPF .......................................................38 Tabela 3 – Produção de MS de milho, em kg/ha, para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF...........................................................................................................................................38 Tabela 4 – Produção de MS de capim-piatã em kgMS/ha para as taxas de semeadura de 0, 2, 4 e 6 kg SPV/ha e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF...........................................................................................................................................39 Tabela 5 – Valores de diâmetro do colmo (cm) para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF...........................................................................................................................................39 CAPÍTULO II Tabela 1 – Análise de solo da Base Experimental de Sistemas Integrados de Produção de Leite da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop/MT ........................................................................59 Tabela 2 – Estande de plantas de milho para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF...............................................................59 Tabela 3 – Altura de plantas em m para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF .....................................................................59 Tabela 4 – Altura de inserção de espiga (m) para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF.......................................60 Tabela 5 – Diâmetro de colmo (mm) para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF ...................................................................60 11 LISTA DE FIGURAS Página CAPÍTULO I Figura 1 – Produção de matéria seca de milho e capim-piatã em ambientes sombreados e em pleno sol cultivados em dois espaçamentos e em quatro taxas de semeadura do capim .............................40 Figura 2 – Composição dos consórcios de milho com capim-piatã em ambientes sombreados e em pleno sol, em dois espaçamentos relacionados a taxas de semeadura do capim ..............41 CAPÍTULO II Figura 1 – Produção de matéria seca de milho e de capim-ruziziensis em ambientes sombreados e em pleno sol, cultivados em dois espaçamentos e em quatro taxas de semeadura do capim ...................................................................................................................................................61 12 1. Introdução Geral O aumento da população humana no mundo traz consigo um aumento na demanda por alimentos e energia renovável. Por outro lado, essa produção de alimento e energia é oriunda de monocultivos que, muitas vezes, tem apresentado queda em produtividade, baixa sustentabilidade, ou ainda, apresentam aumentos nos custos de produção ao longo do tempo para manutenção da produtividade. Esse fato deve-se principalmente ao uso ineficiente de fertilizantes, aumento de resistência de insetos, fungos e outros patógenos, aumento de erosão e deterioração do solo, dificuldade de manutenção de matéria orgânica no solo, entre outros fatores. Práticas associando diversas atividades agrícolas e pecuárias vem trazendo avanços consideráveis para a eficiência dos sistemas de produção. É o caso de sistemas de integração lavoura-pecuária, onde se pode produzir grãos e carne no mesmo espaço com eficiência. Contudo, o grande diferencial, obtido nesta última década, em sistemas integrados tem sido a introdução de árvores no sistema (integração lavoura-pecuária-floresta). Além da eficiência de uso da terra, há um incremento em conservação e qualidade do solo, aumento e diversificação da renda para o produtor, conservação de água, aumento do rendimento animal pelo conforto térmico, além da fixação de carbono e mitigação dos gases de efeito estufa. As melhorias nos sistemas de produção são fundamentais para que altos índices produtivos sejam alcançados. A atividade pecuária atual passa por um sério problema de degradação das pastagens cultivadas, com baixa taxa de lotação e desempenho produtivo insatisfatório. As áreas estão cada vez mais comprometidas e se alternativas não forem rapidamente empregadas, a atividade vai sucumbir aos poucos, desestruturando a cadeia produtiva animal no país. A consorciação de pastagens com culturas produtoras de grãos está sendo largamente utilizada por proporcionar resultados positivos. A introdução da produção agrícola juntamente com a forrageira, traz uma série de benefícios, como a melhor utilização de adubos, melhor enraizamento e utilização do solo em diferentes profundidades, cobertura do solo, ciclagem de nutrientes, permitindo maior longevidade na utilização do solo. A iLPF integra as atividades de pecuária, agricultura e silvicultura, com o objetivo de maximizar racionalmente o uso da terra, da infraestrutura, de energia e da mão-de-obra, diversificar e verticalizar a produção, minimizar custos, diluir os riscos e agregar valores aos 13 produtos agropecuários, por meio dos recursos e benefícios que uma atividade proporciona à outra. Sendo assim, objetivou-se avaliar a produção de milho consorciado com capim-piatã e capim-ruziziensis em diferentes espaçamentos de milho e taxas da semeadura do capim sob sombra e a pleno sol em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. 2. Revisão de Literatura 2.1 Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta O desenvolvimento de alternativas para o restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens cultivadas e de sistemas de manejo mais eficientes para as culturas de grãos é fundamental para alcançar a sustentabilidade e aumentar a eficiência da agropecuária no Cerrado. Assim, a integração dos sistemas de produção de grãos desponta como sendo uma das opções viáveis. O interesse nesse modelo de exploração da propriedade agrícola apoia-se nos benefícios que podem ser auferidos pelo sinergismo potencial entre pastos e culturas anuais (FALEIRO, 2008). Os sistemas mistos de produção possibilitam, como uma das principais vantagens, que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano ou, pelo menos, na maior parte dele, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de fibras, de lã, de carne, de leite e de agroenergia a custos mais baixo devido ao sinergismo que se cria entre a lavoura e o pasto. Os sistemas integrados possibilitam a recuperação de áreas degradadas por meio da intensificação do uso da terra, potencializando os efeitos complementares ou sinergéticos existentes entre as diversas espécies vegetais e a criação de animais, proporcionando, de forma sustentável uma maior produção por área. Esses sistemas otimizam o uso do solo, com a produção de grãos em áreas de pastagens, e melhora a produtividade, do pasto em decorrência do aproveitamento da adubação residual da lavoura, possibilitando maior ciclagem de nutrientes e o incremento da matéria orgânica do solo (MAPA, 2008). O sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, ou agrossilvipastoril, integra os componentes agrícolas e pecuário em sucessão, consórcio ou rotação, com a inclusão do componente arbóreo na mesma área, onde o componente "lavoura" é utilizado na fase inicial de implantação do componente florestal (BALBINO et al., 2011). Segundo Trecenti et al. (2008), os benefícios da integração lavoura-pecuária-floresta são: 14 • silvicultura para a lavoura: diminui a evapotranspiração das plantas, uma vez que as árvores formam quebra-vento; • silvicultura para a pecuária: aumenta a umidade no solo, mantendo o pasto verde e fornecendo sombra aos animais, favorecendo o bem estar animal; • lavoura e pecuária para a silvicultura: melhoram-se as propriedade biológicas e físicas do solo, deixando um residual para as árvores, além de auxiliar no controle de formigas e cupins. A integração de sistemas é a alternativa que se mostra mais viável para utilização na recuperação de áreas degradadas, diluindo o custo da reforma, amortizando o investimento em curto prazo e ainda, proporcionando inúmeras melhorias no sistema produtivo como um todo. No sistema consorciado, a forrageira pode ser semeada em conjunto com a cultura produtora de grãos, ou a semeadura da forrageira pode ser feita misturando as suas sementes ao fertilizante que será aplicado em cobertura, podendo ser usada até mesmo com formulados (BORGHI & CRUSCIOL, 2007). 2.2 Produção de Milho para Silagem O milho possui um papel de destaque entre as plantas forrageiras, por apresentar alto rendimento de massa verde por hectare, além de elevado valor nutritivo da silagem. O uso de cultivares de milho mais produtivos e adaptados às condições edafoclimáticas tem sido apontado como responsável pelos maiores ganhos obtidos em produtividade. A escolha do híbrido de milho para a produção de silagem tem por objetivo a obtenção de um produto economicamente viável e de alta qualidade. Características como manejo adequado da adubação, época de corte e alta relação grãos/massa verde propiciam maior produção de matéria seca e grãos, implicando em uma silagem nutricionalmente digestível e com menor teor de fibra (ZEOULA et al., 2003). Embora, a seleção de híbridos para produção de silagem de milho tenha sido baseada em produção de grãos e de matéria seca total, outros componentes da planta como: sabugo, colmo, folhas e palhas, não têm sido devidamente avaliados (NUSSIO et al., 2001). Pesquisas feitas nos Estados Unidos mostraram que nem sempre a maior proporção de grãos na forragem confere uma melhor qualidade à silagem. Portanto, a qualidade do grão e da fração vegetativa da planta (caule, folha e palha), combinada com o percentual de cada uma dessas partes na planta, determina o valor nutritivo do material ensilado. A percentagem da produção 15 de MS total representada pelas espigas, folhas e haste foi, respectivamente, de 34,0%, 35,0% e 31,0% para o estágio de grão leitoso, 47,0%, 28,0% e 25,0%, para o estádio de grão pastoso e de 51,5%, 25,0% e 24,0% para o estádio de grão farináceo, respectivamente (JOHNSON et al., 1985; citados por BELEZZE et al., 2003). Para tanto, recomenda-se forrageiras de alta qualidade para os animais e que apresentem elevada produção de massa verde por unidade de área (PIMENTEL et al., 1998). Tradicionalmente, o material mais utilizado para ensilagem é a planta de milho, devido sua composição bromatológica preencher os requisitos para confecção de uma boa silagem como: teor de matéria seca (MS) entre 30% a 35%, e no mínimo de 3% de carboidratos solúveis na matéria original, baixo poder tampão e por proporcionar uma boa fermentação microbiana (NUSSIO et al., 2001). Um fator importante é o teor de carboidratos solúveis (CHOS), amidos e açúcares, que deve conter no material original para garantir uma silagem de qualidade. O teor de CHOS no material original de milho deve ser de 15%, esse componente serve de substrato para as bactérias realizarem o processo fermentativo adequado do material ensilado. Outro fator a ser considerado é o poder tampão, que está relacionado à resistência ao abaixamento do pH, o valor do poder tampão deve ser menor que 20 eq. mg HCl/100g MS, isso permite que o pH seja reduzido até 3,5 a 4,2, ideal para que cessem as atividades bacterianas, e a silagem se conserve, podendo ficar armazenada sem a abertura do silo por até dois anos. Segundo Domingues (2012), o valor nutritivo da silagem é normalmente igual ou inferior ao valor nutritivo da planta antes da ensilagem, podendo sofrer profundas alterações se o processo de ensilagem e de manejo do silo não forem bem conduzidos. Os teores de matéria seca (MS) da silagem estão relacionados a uma adequada fermentação, se houver excesso de umidade, irá favorecer o desenvolvimento de bactérias indesejáveis, que irão causar deterioração no material. A silagem de milho fornece 50 a 100% a mais de energia digestível por hectare que qualquer outra forrageira. Entretanto, o valor nutritivo da silagem de milho pode variar conforme o híbrido, a densidade de cultivo, as condições de crescimento, a maturidade e a umidade no momento da colheita, o tamanho de partícula e as condições de ensilagem (SATTER e REIS, 2005) e desensilagem (VELHO et al., 2007). 16 2.3. Produção de Forragem em Consórcio com Culturas de Grãos A escolha da forrageira para uso em sistema de Integração Lavoura-PecuáriaFloresta (iLPF) deve considerar a sua tolerância ao sombreamento, observando a sua capacidade de promover ajuste fenotípico que compensem o menor crescimento sob estresse de luz. De acordo com Almeida et al. (2011), as gramíneas Brachiaria brizantha (cvs. Marandu, Xaraés e Piatã), Brachiaria decumbens (cv. Basilisk), Panicum maximum (cvs. Aruana, Mombaça e Tanzânia) e Panicum spp. (cv. Massai) são consideradas tolerantes e com produção de forragem satisfatória em iLPF. Os sistemas de produção mistos ou de rotação de culturas que incluem pastagens perenes, além de culturas anuais para produção de grãos, são os mais eficientes na manutenção da estrutura físico-química do solo favorável às plantas (CARPENEDO & MIELNICZUK, 1990). As pastagens perenes exercem efeitos agronômicos benéficos por períodos prolongados; as gramíneas apresentam sistema radicular extenso e em constante renovação, e os resíduos das leguminosas contribuem com nitrogênio, levando ao aumento na taxa de decomposição dos materiais orgânicos por reduzir a relação C/N (HARRIS et al., 1966). Essas afirmações foram observadas, em parte, por SANTOS et al. (2001), que constataram que leguminosas perenes aumentaram o nível de matéria orgânica do solo, e como conseqüência, o rendimento de algumas espécies produtoras de grãos que foram estabelecidas na seqüência (FONTANELI et al, 2006). Após a colheita da cultura e formação do pasto, as qualidades do solo e a disponibilidade de nutrientes vão garantir uma pastagem mais produtiva, resistente e com maior capacidade de suporte. No sistema integrado, as lavouras são utilizadas com vistas que a produção agrícola pague, pelo menos em parte, os custos da recuperação ou da reforma das pastagens. A correção química do solo e a adubação para cultivo de lavouras recuperam a fertilidade do solo, aumentando a oferta de nutrientes residuais para o pasto e, por conseguinte, o seu potencial de produção. A Integração Lavoura-Pecuária (iLP) possibilita que a pastagem produzida no consórcio seja utilizada pelo menos na maior parte da estação seca. A correção do perfil de solo proporciona melhor desenvolvimento do sistema radicular da forrageira que, assim, aprofunda-se no perfil e absorve água a maiores profundidades, conferindo ao capim maior persistência durante a estação seca (EMBRAPA, 2007). A pastagem recuperada ou reformada passa a contribuir em maior proporção na dieta dos animais e os grãos produzidos na fazenda são usados na produção da própria ração, 17 diminuindo a necessidade de aquisição desses insumos no mercado. Como há ganhos em produtividade tanto das lavouras quanto das pastagens, menor demanda por defensivos agrícolas e melhor aproveitamento da mão-de-obra, dentre outros fatores, os custos de produção são reduzidos. A diversificação de culturas nos sistemas de rotação e o aumento de produtividade conferem maior estabilidade de renda, pois diminuem os riscos inerentes ao cultivo de uma única cultura. KICHEL et al. (2008), avaliando o cultivo simultâneo de milho com gramíneas forrageiras, observaram que o capim-piatã foi o que menos competiu com a cultura anual, permitindo máximo rendimento de grãos, sem a necessidade de supressão do capim. Devido aos grandes investimentos necessários para a formação, recuperação e reforma de pastagens, têm-se buscado diversas técnicas visando a diminuição desses investimentos. Entre estas técnicas, a utilização do consórcio de culturas com forrageiras tem sido preconizada na formação e reforma de pastagens, produção de forragem para confinamento, bem como de cobertura morta para plantio direto. Esta técnica tem como objetivo atenuar os custos relativos à correção e adubação do solo e ao controle de plantas daninhas, pois, além de formação e recuperação das pastagens, permite a produção de grãos (SOUSA NETO, 1993; TOWNSEND et al., 2000; COBUCCI, 2001). A rotação da pastagem com a cultura de interesse traz como melhoria para a lavoura a presença da palhada do pasto na área, aumentando o teor de matéria orgânica no solo, reduzindo a compactação e melhorando a aeração e textura do solo. Além do que, o pasto não serve de alimento e hospedeiro para as pragas e doenças que atacam as lavouras, atuando como um “vazio sanitário”, garantindo uma área limpa para a próxima safra. A palhada serve ainda para proteção do solo contra o movimento de máquinas e controle da erosão (EMBRAPA, 2007). 3. Referências Bibliográficas ALMEIDA, R. G.; BARBOSA, R. A.; ZIMMER, A. H.; KICHEL, A. N. Forrageiras em sistemas de produção de bovinos em integração. In: BUNGENSTAB, D. J. (Ed.). Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta: a produção sustentável. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2011. p. 25-36. BALBINO, L.C.; CORDEIRO, L. A. M.; PORFÍRIO-DA-SILVA, V.; MORAES, A. de; MARTÍNEZ, G.B.; ALVARENGA, R.C.; KICHEL, A. N.; FONTANELI, R. S.; SANTOS, H. 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Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 32, n. 3, p.538-545, 2003. 20 CAPÍTULO I PRODUTIVIDADE DE MILHO PARA SILAGEM CONSORCIADO COM CAPIMPIATÃ EM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA1 Emanuelle Beatriz Cruz e Santos2, Roberta Aparecida Carnevalli3, Joadil Gonçalves de Abreu4, Roberto Giolo de Almeida, Daniel de Paula Souza, Giovani Calzolari Borges5, Juliana da Silva Custódio6 NUMERAR RESUMO: Objetivou-se avaliar a produtividade de milho consorciado com capim-piatã em diferentes espaçamentos de milho e taxas da semeadura do capim em sistema de iLPF. O experimento foi implantado na Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop-MT) no delineamento em blocos casualizados com 4 repetições. Os tratamentos em blocos completos ao acaso em esquema de parcelas subsubdivididas sendo dois ambientes luminosos (sombra e pleno sol); dois espaçamentos de milho (45 e 90 cm) em consórcio com capim-piatã e quatro taxas de semeadura do capim-piatã (0, 2, 4 e 6 kg de SPV/ha). Foram avaliados: produtividade de 1 Parte da Dissertação de Mestrado do Primeiro Autor, financiada pelo CNPq/CAPES/EMBRAPA 2 1 Engenheira Agrônoma, Mestranda no Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, bolsista CAPES, Cuiabá, Brasil. Email: [email protected]. 3 Pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop/MT. 4 Professor da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. 5 Bolsista CAPES - Mestrado 6 Bolsista CNPq – ATP-B 21 matéria seca total, do milho e do capim-piatã; altura de planta e de inserção da espiga; estande final de plantas, diâmetro do colmo (cm), stay-green e composição da planta de milho. A produção de MS total em pleno sol foi 41% maior do que na sombra, sendo que a luminosidade foi reduzida de 100 para em torno de 70%. A restrição de luz promoveu uma queda de 30% na produção de MS de milho. O espaçamento de milho de 90 cm a pleno sol e 45 cm na sombra favoreceu a produção de MS de capim-piatã. Palavras-chave: consórcio, eucalipto, espaçamento, luminosidade, taxa de semeadura CORN PRODUCTION INTERCROPPED PIATÃ GRASS UNDER SHADOW IN INTEGRATED SYSTEM OF PRODUCTION ABSTRACT: Corn crops present high dry matter production with flexible use. Thus, the aim was evaluate the corn to silage intercropped to piatã grass in different seeding rates of grass under sun and shadow conditions. This experiment was carried out at Embrapa, Sinop/Mato Grosso, Brazil. The treatments had distribution in randomized complete blocks in split plot arrangement with four replications at two light environments, two corn row spacings was tested (45 and 90 cm), intercropped with piatã grass under four seeding rates (0, 2, 4 and 6 kg PSV/ha). The evaluations were: corn dry matter production, piatã grass production and total production; plant height and ear insertion height; plant end stand; stem diameter; stay-green and composition of corn plant was carried out with the separation in dry leaves, green leaves, stems, bracts, cobs and grains. Total production of dry matter in the sun was 41% greater than in the shadow, whereas the lightness was reduced 100 to 70%. The restricted light promoted descent of 30% in corn production. The row spacing of 90 cm increased the grass dry matter 22 production when compared to 45cm. The shading affects corn productivity whereas row spacings that promoted better plant distribution favoured intercropped in these conditions. Keywords: intercropped, row spacings, crop livestock forest integration, lightness Introdução A cultura do milho é a mais estudada em sistemas consorciados devido a sua alta relevância no cenário produtivo e múltiplo uso. Normalmente, são encontrados estudos de consórcio com forrageiras, principalmente do gênero Brachiaria para formação de pastagem ou apenas para palhada. Entretanto, tanto o milho como as plantas forrageiras são culturas indicadas para produção em sol pleno, não sendo encontrados muitos relatos sobre o desempenho das mesmas quando o terceiro componente, a árvore, é inserido no consórcio. Embora haja exemplos de utilização da iLPF no Brasil, a diversidade de condições regionais do país indica a necessidade de estudos regionalizados sobre a viabilidade da combinação de diferentes espécies (BALBINO et al., 2011). Os sistemas mistos de produção, como a integração lavoura‑pecuária, são, em geral, mais sustentáveis do que os sistemas especializados (monocultivos) e podem auxiliar no atendimento da demanda crescente por alimentos, fibras e agroenergia, sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas e dos agroecossistemas do Cerrado (VILELA et al., 2011). Dentre os fatores de principal influência na produtividade do milho estão água, temperatura, radiação solar e luminosidade. A luminosidade é, provavelmente, o fator mais importante a ser considerado em sistemas integrados em que as árvores já estão presentes e apresentam um porte já adiantado, pois interceptam parte da radiação incidente, restringindo a luminosidade no sub-bosque, onde o milho será cultivado (PERIN et al., 2011). 23 Sistemas integrados de produção armazenam maior quantidade de carbono do que o recorte único de espécies e sistemas de pastoreio, na superfície e em subsuperfície (NAIR et al., 2011). Outra vantagem das árvores é seu sistema radicular mais profundo, que possibilita a recuperação de nutrientes das camadas sub-superficiais para as camadas mais superficiais do solo, tornando-os acessíveis às raízes das plantas associadas (OLIVEIRA et al., 2003). Apesar da comprovada eficiência e dos benefícios advindos com a utilização dos sistemas integrados de produção, a sua consolidação ocorre de forma lenta, sendo necessário maior aprofundamento em pesquisas científicas para fornecer informações detalhadas de arranjos desses sistemas em diferentes regiões. Sendo assim, objetivou-se avaliar a produção de milho consorciado com capim-piatã em diferentes espaçamentos de milho e taxas da semeadura do capim sob sombra e a pleno sol na região de Cerrado. Material e Métodos O projeto foi implantado na Base Experimental de Sistemas Integrados de Produção de Leite da Embrapa Agrossilvipastoril, no município de Sinop-MT: latitude 11º 51’ 43” Sul, longitude 55º 35’ 27” Oeste e 384 m de altitude. A área experimental está situada em um Latossolo Vermelho-amarelo em relevo plano. O clima da região é Aw (clima tropical com estação seca) segundo classificação de Koppen. A base experimental é composta por quadrantes com tratamentos de sombra e pleno sol onde as culturas são rotacionadas. O experimento foi conduzido em área de lavoura de 2º ano no qual o pasto é estabelecido e permanece sob pastejo por mais dois anos consecutivos. Cada parcela media 75,6 m2 no espaçamento de 0,45 m entre linhas do milho e 86,4 m2 no espaçamento de 0,90 m, sendo utilizadas para fins de amostragem as linhas centrais e descontadas as bordaduras. 24 O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados com 4 repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema de parcelas subdivididas, sendo: dois ambientes luminosos (sombra e pleno sol); dois espaçamentos de milho (45 e 90 cm) e quatro taxas de semeadura de capim-piatã (0, 2, 4 e 6 kg de SPV/ha). O sombreamento foi proporcionado pela presença de renques de eucalipto (Eucalyptus grandis x E. urophylla clone H-13), com quatro renques triplos de árvores a cada 15 m em espaçamento 3x2 m para promover rápido sombreamento do entre-renque. As árvores estavam com 23 meses e com aproximadamente 10 m de altura. O monitoramento da luz para determinação do nível de sombreamento foi realizado nos períodos matutino e vespertino, nos diferentes estádios de desenvolvimento do milho, utilizando o aparelho LI-250 da LICOR. A semeadura do milho foi realizada em 17/12/2012, adotando-se um estande de 60.000 plantas/ha para os dois espaçamentos entre linhas testados. O híbrido utilizado foi Herculex I, um material com característica de resistência à lagarta, em função da grande pressão de pragas que ocorre em Mato Grosso em período de safra. A semeadura foi realizada com semeadora e as parcelas foram divididas e estaqueadas após a semeadura do milho. A forrageira utilizada foi capim-piatã (Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã), sementes com 60% de valor cultural (VC). A semeadura foi realizada manualmente na superfície a cada 45 cm independente do espaçamento do milho. A análise química e física do solo da área experimental está apresentada na Tabela 1. Na adubação de plantio do milho foi aplicado 350 kg/ha do formulado 04-30-16. Aos 30 dias pós-emergência do milho, em cobertura, aplicou-se 500 kg/ha de 20-00-20. Foram aplicados os herbicidas atrazine e nicosulfuron em subdose para controle de invasoras. INSERIR TABELA 1 25 A produção de matéria seca (MS) do milho foi obtida pesando-se as plantas colhidas dentro da área útil de cada parcela e extrapolada para hectare. As plantas foram colhidas em todas as linhas semeadas, em 1 m por linha, totalizando 14 m no espaçamento de 45 cm e 8 m de linhas no espaçamento de 90 cm. A área útil nesse formato garantiu que fosse retratado o efeito de sombra ao longo de toda a parcela. O ponto de colheita do milho foi monitorado, sendo iniciado quando apresentava 33 a 35% de matéria seca. Na ocasião da colheita, o estande foi contado, sendo as plantas cortadas rente ao solo, agrupadas e pesadas para determinação da produção de matéria verde (MV) por hectare. Foram avaliadas a altura de planta e altura de inserção da espiga (m); diâmetro do colmo (mm), com paquímetro digital; o número de folhas verdes em relação ao número de folhas totais, calculando o “stay-green” de todas as plantas coletadas para produção. Foram amostradas três plantas para determinação da composição morfológica do milho, sendo separadas em folhas secas, folhas verdes, colmos, brácteas, sabugos e espigas. Após a secagem, foi realizada a separação das espigas em grãos e sabugo com posterior pesagem. As amostras foram secas em estufa de circulação de ar a 65º C por 72 horas. Determinou-se a produção de capim-piatã em kg de MS/ha, coletando-se 2 m de linha em cada parcela. As amostras foram colocadas em estufa de circulação de ar a 65º C por 72 horas. A produção de matéria seca total foi obtida pela soma da produção de matéria seca de milho e de capim-piatã. A produção dos diferentes componentes da planta foi calculada em função da proporção gerada pelas pesagens multiplicada pela produção de matéria seca do milho e expressas em kg MS/ha. Os dados foram analisados utilizando o procedimento MIXED do SAS 9.2, sendo a comparação de médias realizada pelo método PDIFF a 5% de probabilidade após a análise de variância e análise de regressão para a fonte de variação “taxa de semeadura”. 26 Resultados e Discussão Para a produção de matéria seca (MS) total, houve efeito de ambiente luminoso (P<0,0001), taxa de semeadura (P=0,0008), efeito da interação ambiente luminoso x espaçamento (P=0,0010) e da interação ambiente luminoso x espaçamento x taxa de semeadura (P>0,0586). A produção de MS total (milho + capim-piatã) em pleno sol (13.284 kg MS/ha) foi maior que a produção na sombra (8.355 kg MS/ha) independente do espaçamento ou taxa de semeadura (Tabela 2). Essa diferença foi de aproximadamente 41%, quando a luminosidade foi reduzida de 100 para em torno de 30%. INSERIR TABELA 2 Na condição de pleno sol, o espaçamento de 90 cm entre linhas de milho propiciou maior produção de MS total (13.943 kg MS/ha) do que o espaçamento mais adensado de 45 cm entre linhas do milho (12.625 kgMS/ha). A distribuição espacial afetou a produtividade total mesmo quando a população foi mantida. O inverso ocorreu quando houve restrição de luz nos tratamentos com até 30% de sombreamento, onde o menor espaçamento entre linhas apresentou maior produção de MS total (9.054 kg MS/ha) quando comparado com o espaçamento de 90 cm (7.656 kg MS/ha) (Tabela 2). Para o espaçamento de 90 cm entre linhas do milho, na condição de pleno sol, as taxas de semeadura do capim-piatã de 2 e 4 kg proporcionaram maiores produções de MS total (média de 15.599 kg MS/ha) do que nas taxas de semeadura de 0 e 6 kg (média de 12.287 kg MS/ha). Este fato pode estar relacionado ao milho solteiro não ter o incremento de MS 27 promovido pelo capim-piatã. Por outro lado, a utilização de 6 kg/ha de SPV promoveu aumento na produção de capim-piatã que competiu com o milho e reduziu seu crescimento e produção, tanto no espaçamento de 45 como 90 cm. No pleno sol, as taxas de semeadura do capim-piatã de 2 kg (14.626 kg MS/ha) e 4 kg (14.066 kg MS/ha) propiciaram maior produção de MS total, quando comparadas com as taxas de 0 (12.136 kg MS/ha) e 6 kg (12.308 kg MS/ha). Sendo que, as maiores produções foram obtidas nos tratamentos de 2 e 4 kg SPV/ha no espaçamento de 90 cm quando submetidos a cultivo em pleno sol. Em ambiente de sombra, o espaçamento de 45 cm entre linhas do milho apresentou maior produção de MS total para as taxas de semeadura do capim-piatã de 0 (8.526 kg MS/ha), 2 kg (9.722 kg MS/ha) e 4 kg (10.117 kg MS/ha), sendo que a menor produção foi obtida com a taxa de semeadura de 6 kg (7.852 kg MS/ha), devido a alta competitividade. Para a condição de sombra, as taxas de 2 kg (11.771 kg MS/ha), 4 kg (11.561 kg MS/ha) e 6 kg (10.170 kg MS/ha) de capim-piatã propiciaram maiores produções de MS Total em relação ao milho solteiro (9.775 kg MS/ha). Nessa condição, as maiores produções foram obtidas em milho consorciado, independente da taxa de semeadura, no espaçamento menor (45 cm) (Tabela 2). As taxas de semeadura de até 4 kg SPV/ha não interferiram na produtividade do milho, entretanto, o valor encontrado neste trabalho está acima do recomendado por Reis, et al. (2010), que ao avaliarem o manejo de diferentes densidades de Brachiaria brizantha cv. Marandu em consórcio com milho, indicaram para a semeadura 4 kg SPV ha-1 (VC 76%), ou seja, 3,04 kg SPV/ha. Para a produção de MS de milho, houve efeito de ambiente luminoso (P<0,0001), taxa de semeadura (P=0,0033) e interação ambiente luminoso x espaçamento (P=0,0012). 28 A produção de MS de milho foi maior em pleno sol (11.787 kg MS/ha) do que na condição de sombra (6.930 kg MS/ha), independente do espaçamento entre linhas do milho ou taxa de semeadura (Tabela 3). A restrição de luz promoveu uma queda de 30% na produção de milho. Essa menor produção na condição de sombra, evidencia que a presença do eucalipto interfere diretamente na incidência de radiação fotossinteticamente ativa no milho, com consequente redução no acúmulo de biomassa. A menor produtividade em ambiente de sombra foi constatada por Viana et al. (2012) que, ao avaliarem a consorciação com o eucalipto no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, registraram reduções de 61,46% na produtividade de forragem do milho cultivado no espaçamento mais adensado dos entre renques, com eucalipto cultivado com 9 m de espaçamento em linha dupla. Maior espaçamento entre renques de árvores favorece um maior período de ocupação das faixas pelas lavouras (Alvarenga et al., 2010), com as árvores mais distantes, levará maior tempo para que o sombreamento se intensifique dentro da área de produção. A menor produtividade observada para a condição de sombra foi evidenciada por Perin et al. (2011) ao avaliarem o efeito do sombreamento na produtividade de milho em sistemas integrados com a utilização de mogno como componente florestal. Os autores constataram que a produtividade de milho aumentou de maneira linear na medida em que as linhas de milho se distanciaram da linha de árvores, produzindo aproximadamente sete vezes a mais no ponto mais distante das árvores (9,6 m) do que no ponto mais próximo (2,4 m). INSERIR TABELA 3 Para o espaçamento de 45 cm entre linhas, a maior produção de MS do milho ocorreu na condição de pleno sol (11.333 kg MS/ha) do que na sombra (7.911 kg MS/ha). O mesmo foi observado para o espaçamento de 90 cm entre linhas do milho, que na condição de sol 29 apresentou maior produção de MS de milho (12.240 kg MS/ha) (Tabela 3). A menor produção de milho (5.949 kg MS/ha) foi obtida na condição de sombra e espaçamento de 90 cm, onde há menor disponibilidade de luz para as plantas. Neste espaçamento de 90 cm, no qual a disposição das plantas na linha não favorece a melhoria no acesso à luminosidade, esta redução na produção foi mais drástica (105%). Na condição de sombra, onde há restrição da radiação fotossinteticamente ativa, as plantas cultivadas no espaçamento de 45 cm apresentaram maior produção de MS de milho (7.911 kg MS/ha) quando comparadas com o espaçamento de 90 cm (5.949 kg MS/ha). Na avaliação da produção de MS do capim-piatã, houve efeito de espaçamento (P<0,0001), taxa de semeadura (P<0,0001) e interação espaçamento x taxa de semeadura (P=0,0004). O espaçamento de 90 cm entre linhas do milho favoreceu a produção de MS de capimpiatã (1.705 kg MS/ha) quando comparado com o espaçamento de 45 cm entre linhas (1.217 kg MS/ha) (Tabela 4). Quando o milho foi cultivado com 4 kg (1.980 kg/ha) e 6 kg SPV/ha (2.208 kg/ha) de capim-piatã, obteve-se maior produção de MS de capim-piatã em relação a 2 kg SPV/ha (1.657 kg/ha). Assim, quanto maior a taxa de semeadura, maior a produção do capim no consórcio por ocasião da colheita. O espaçamento do milho interferiu diretamente nesta produção sendo que 4 kg (2.337 kg/ha) e 6 kg SPV/ha (2.824 kg/ha) apresentaram maiores produções de MS de capim-piatã em 90 cm entre linhas do milho quando comparadas a 45 cm entre linhas com 4 kg (1.623 kg MS/ha) e 6 kg SPV/ha (1.591 kg/ha). Espaçamentos menores entre linhas de milho inibem o crescimento do capim. Para o espaçamento de 90 cm entre linhas do milho, a taxa de semeadura de 6 kg SPV/ha propiciou maior produção de MS de capim-piatã (2.824 kg MS/ha), seguida pelas de 4 kg (2.337 kg MS/ha) e 2 kg SPV/ha (1.659 kg MS/ha) (Tabela 4). 30 INSERIR TABELA 4 Quanto melhor a distribuição espacial do milho, espaçamento menor com menor número de plantas na linha, maior a produtividade do milho e maior o controle de crescimento da braquiária. Houve efeito da taxa de semeadura (kg SPV/ha) sobre a produção de MS de milho e de capim-piatã. Na condição pleno sol (Figura 1A e 1B) e sombreada (Figura 1C e 1D), tanto no espaçamento de 45 cm quanto no de 90 cm, houve queda na produção de milho e aumento na produção de capim-piatã, a medida em que se aumentou a taxa de semeadura do capim. Na condição de pleno sol no espaçamento de 90 cm foi obtida a maior produção de MS de milho, com redução bastante significativa a medida em que se aumentou a taxa de semeadura do capim-piatã. Para o espaçamento de 45 cm nessa mesma condição, foi obtida uma menor produção de MS de milho, porém com queda suave da produção em função do aumento da taxa de semeadura do capim-piatã. Para a condição de sombra ocorreu o inverso, o menor espaçamento de 45 cm propiciou a maior produção de MS de milho, com acentuada redução da produção com o aumento da taxa de semeadura do capim-piatã. No espaçamento de 90 cm a produção de MS de milho foi menor, com pequena redução relacionada ao aumento da taxa de semeadura do capim-piatã. INSERIR FIGURA 1 A produtividade do milho nos ambientes sombreados pode ser explicada pela diferença obtida na altura das plantas, diâmetro do colmo (Tabela 5) e estande final de plantas. Houve efeito de ambiente luminoso (P=0,0204) e interação ambiente luminoso x espaçamento 31 (P=0,0139). Para a avaliação de altura de inserção de espiga, houve efeito de ambiente luminoso (P=0,0167). As maiores alturas de planta foram obtidas na condição de pleno sol. No espaçamento de 90 cm entre linhas, a condição de pleno sol propiciou plantas mais altas (2,01 m), sendo que nos demais tratamentos, as plantas mantiveram alturas de 1,91 a 1,94 m. As alturas médias de inserção da espiga foram de 1,03 m, em pleno sol, e de 0,94, na sombra. De acordo com Santos et al. (2003), a altura de planta aumenta concomitantemente com a altura de inserção da espiga. As alturas de planta e de inserção de espiga encontradas neste trabalho foram menores do que as observadas por Beleze et al. (2003), que avaliaram híbridos de milho em diferentes estágios de maturação e obtiveram valores que variaram entre 2,23 e 2,56 m para altura de planta e entre 1,06 e 1,34 m para altura de inserção de espiga. Considerando que esta variável é altamente afetada pela genética da planta e modificada pelo meio de cultivo. Para o diâmetro do colmo, houve efeito de ambiente luminoso (P<0,0001), espaçamento (P=0,0034), taxa de semeadura (P=0,0371) e da interação ambiente luminoso x espaçamento (P=0,0190) (Tabela 5). A deficiência de luz no cultivo do milho reduziu em 24% o diâmetro do colmo. Apesar do sombreamento proporcionar plantas com colmos mais finos, não houve estímulo ao estiolamento, já que a altura a pleno sol foi superior à observada na sombra. O espaçamento de 90 cm entre linhas do milho apresentou maior diâmetro de colmo (15,49 mm) do que o observado para o espaçamento de 45 cm entre linhas (14,96 mm). Na condição de sol, o diâmetro de colmo foi 5,7% maior para o espaçamento de 90 cm entre linhas (17,56 mm) do que para o espaçamento de 45 cm entre linhas do milho (16,61 mm). Brachtvogel (2008) obteve no espaçamento de 57 cm entre linhas de milho menor diâmetro do colmo, quando comparado ao espaçamento convencionalmente utilizado, de 90 cm entre linhas. 32 A taxa de semeadura de 6 kg SPV/ha proporcionou menor diâmetro de colmo do milho (14,78 mm) que nas demais taxas, devido à maior competição intraespecífica com o capimpiatã. INSERIR TABELA 5 Entretanto, a alta competição pode ter inibido o desenvolvimento das plantas dominadas onde o espaçamento desfavoreceu o ambiente luminoso na linha. Para o estande final de plantas de milho houve efeito de espaçamento (P<0,0001), sendo maior para o espaçamento entre linhas de 0,45 m (50.479 plantas/ha) quando comparado ao espaçamento de 0,90 m (39.700 plantas/ha). A semeadura foi realizada de maneira idêntica tendo oportunidade semelhante de desenvolvimento para todos os tratamentos. Para o teor de MS da forragem na colheita, foi verificado efeito de taxa de semeadura (P>0,0503). No momento do corte, obteve-se 41% de MS nos tratamentos com menor taxa de semeadura (0 e 2 kg SPV/ha) e 39% para os tratamentos com maior taxa de semeadura (4 e 6 kg SPV/ha). Como a produção de MS de braquiária foi maior com o aumento da taxa de semeadura , essa elevação na massa de braquiária na massa calculada promoveu redução do teor de MS, já que o teor de MS do capim é menor do que da planta de milho no momento da ensilagem. Na produção de grãos, houve efeito do ambiente luminoso (P<0,0001), da interação ambiente luminoso x espaçamento (P=0,0035). A produção de grãos foi diretamente afetada pelo ambiente luminoso, com produção de 5.793 kg de grãos/ha (pleno sol) e 2.940 kg/ha (sombra), independente do espaçamento ou taxa de semeadura. Na condição de sombra, o espaçamento de 45 cm entre linhas do milho apresentou maior produção de grãos (3.530 kg/ha) do que a 90 cm (2.351 kg/ha). A redução da radiação incidente e PAR deve ter 33 diminuído significativamente a fotossíntese da planta, com consequente queda no acúmulo de fotoassimilados. O ambiente luminoso afetou o stay green (P=0,0002). Em pleno sol o stay green foi maior (0,64) do que na condição de sombra (0,58). A deficiência de luz nas folhas inferiores do milho pode ter acelerado o processo de senescência das plantas em ambiente sombreado. Essa aceleração da senescência foi pronunciada em espaçamentos entre linhas menores onde as plantas de milho sofreram grande competição por luz na linha de cultivo. O acúmulo de folhas secas foi maior para o espaçamento de 45 cm entre linhas do milho (481 kg MS/ha) do que para o espaçamento de 90 cm entre linhas (408 kg MS/ha). Na condição de sombra, o espaçamento de 45 cm entre linhas do milho apresentou maior produção de folhas secas (505 kg MS/ha) com relação ao de 90 cm (344 kg MS/ha). Estes valores demonstram que o espaçamento entre linhas exerce maior influência na senescência das folhas de milho do que que o ambiente luminoso, e que mais esforços devem ser direcionados ao estudo de diferentes distribuições espaciais em cultivos múltiplos. O inverso ocorre em relação a folhas verdes. Foram verificados efeitos de ambiente luminoso (P<0,0001), espaçamento (P>0,0592), taxa de semeadura (P=0,0125) e da interação ambiente luminoso x espaçamento (P=0,0052). A condição de pleno sol favoreceu a manutenção da quantidade de folhas verdes (1.008 kg MS/ha) em relação ao sombreado (670 kg MS/ha) independente do espaçamento e da taxa de semeadura. O espaçamento de 45 cm entre linhas do milho apresentou maior produção de folhas verdes (882 kg MS/ha) do que o espaçamento de 90 cm entre linhas (797 kg MS/ha), independente do ambiente luminoso. No ambiente sombreado, a produção de folhas verdes foi maior no espaçamento de 45 cm entre linhas (777 kg MS/ha) do que de 90 cm entre linhas (563 kg MS/ha). A maior produção de forragem de capim-piatã na taxa de semeadura de 34 6 kg SPV/ha influenciou o acúmulo e manutenção de folhas verdes de milho (707 kg MS/ha), reduzindo-as em 20% em relação as demais taxas de semeadura (883 kg MS/ha). Para produção de brácteas, a maior produção foi observada em pleno sol (1.227 kg MS/ha) quando comparada com a condição de sombra (738 kg MS/ha) (P<0,0001). Redução essa que acompanhou a produção da planta quando submetida ao déficit de luz. Para produção de colmo houve efeito de ambiente luminoso (P<0,0001), taxa de semeadura (P=0,0237) e da interação ambiente luminoso x espaçamento (P=0,0278). A produção de colmo foi maior na condição de sol (2.574 kg/ha) do que na condição de sombra (1.606 kg/ha) independente do espaçamento e da taxa de semeadura. As taxas de semeadura de 0, 2 e 4 kg SPV/ha apresentaram maiores produções de colmo (2.196 kg/ha), acompanhando o comportamento da produção total de MS do milho. Da mesma forma, a produção de sabugo foi maior na condição de sol (1.066 kg/ha), com menor produção na condição de sombra (667 kg/ha) (P<0,0001). INSERIR FIGURA 2 A produção total estratificada nos diferentes componentes para todos os consórcios pode ser visualizada na Figura 2. Conclusão O sombreamento reduziu a produtividade de milho em sistemas de iLPF. Principalmente em ambientes de maior competição (espaçamento de 90 cm e 6 kg SPV/ha). Elevadas taxas de semeadura de capim-piatã (6 kg de SPV/ha), independente de ambiente (pleno sol ou sombra) e espaçamento entre linhas (45 ou 90 cm) reduzem a 35 produtividade de milho, indicando 4 kg SPV/ha também para ambientes sob influência de sombra. Agradecimentos Ao CNPq e à Capes pelo financiamento do projeto. À Embrapa por fornecer a estrutura para condução do experimento. Referências Bibliográficas ALVARENGA, R. C.; PORFIRIO-DA-SILVA, V.; GONTIJO NETO, M. M.; VIANA, M. C. M.; VILELA, L. Integração lavoura-pecuária-floresta. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.31, n.257, p.59-67. jul./ago. 2010. BALBINO, L. C.; CORDEIRO, L. A. M.; PORFÍRIO-DA-SILVA, V.; MORAES, A; MARTÍNEZ, G. B.; ALVARENGA, R. C.; KICHEL, A. N.; FONTANELI, R. S.; SANTOS, H. P.; FRANCHINI, J. C.; GALERANI, P. R. Evolução tecnológica e arranjos produtivos de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.46, n.10, p. 1-12, 2011. BELEZE, J. R. 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VILELA, L.; MARTHA JUNIOR, G. B.; MACEDO, M. C. M.; MARCHÃO, R. L.; GUIMARÃES JÚNIOR, R.; PULROLNIK, K.; MACIEL, G. A. Sistemas de integração lavoura-pecuária na região do Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 46, n. 10, p. 1127-1138, out. 2011. VIANA, M. C. M.; ALVARENGA, R. C.; MASCARENHAS, M. H. T.; MACEDO, G. A. R.; SILVA, E. A.; SILVA, K. T. da; RIBEIRO, P. C. de O. Consorciação de culturas com o eucalipto no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. In: CONGRESSO NACIONAL 37 DE MILHO E SORGO, 29., 2012, Águas de Lindóia. Anais... Águas de Lindóia: CNMS, 2012. p. 2236-2242. Tabelas e Figuras Tabela 1. Análise química e física de solo da área experimental de Sistemas Integrados de Produção de Leite da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop/MT. pH P Água CaCl2 5.7 4.9 K Ca+Mg Ca mg/dm3 6,2 55 Mg Al H MO cmolc/dm3 2,5 2,0 0,50 0,2 Arei Sil g/dm3 3,5 24,8 Arg. g/kg 266 134 601 S CTC V cmolc/dm3 % 2,7 6,3 42,1 Tabela 2. Produção total de matéria seca (kg MS/ha) para as condições de pleno sol e sombra, nos espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho e nas taxas de semeadura de capim-piatã 0, 2, 4 e 6 kg SPV/ha em sistema de integração lavoura-pecuáriafloresta com eucalipto Taxa de semeadura em kg SPV/há 0 2 4 6 Média Sol 45 11.711 Aa 13.199 Aa 12.988 Aa 12.601 Aa 12.625 B Sol 90 12.560 Ab 16.053 Aa 15.145 Aa 12.015 Ab 13.943 A 12.136 b 14.626 a 14.066 a 12.308 b 13.284 A’ Média Sombra 45 8.526 Ba 9.722 Ba 10.117 Ba 7.852 Bb 9.054 A Sombra 90 6.302 Ba 8.112 Ba 7.997 Ba 8.214 Ba 7.656 B 9.775 b 11.771 a 11.561 a 10.170 a 8.355 B’ Média EPMamb.= 272,42, EPMesp.= 272,42, EPMtax.= 385,26, EPMamb.xesp.xtax.= 770,52 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,05). 38 Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05). Tabela 3. Produção de MS de milho em kg/ha para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em consórcio com capim-piatã e eucalipto. Espaçamento (cm) Ambiente Luminoso 45 90 Média Sol 11.333 Aa 12.240 Aa 11.787 A Sombra 7.911 Ba 5.949 Bb 6.930 B Média 9.622 a 9.095 a EPMamb.= 415,35, EPMesp.= 293,69, EPMamb.xesp.= 415,35 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,0050). Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,0050). Tabela 4. Produção de MS de capim-piatã em kgMS/ha para as taxas de semeadura de 0, 2, 4 e 6 kg SPV/ha e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em sistema de iLPF. Taxa de Semeadura em kg SPV/há Espaçamento (cm) 0 2 4 6 Média 45 0 Cb 1.654 Aa 1.623 Ba 1.591 Ba 1.217 B 90 0 Bd 1.659 Ac 2.337 Ab 2.824 Aa 1.705 A 0c 1.657 b 1.980 a 2.208 a Média EPMtax.= 155,06 , EPMesp.= 109,64 , EPMesp.xtax.= 219,28 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,0050). Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,0050). Tabela 5. Valores de diâmetro do colmo (cm) para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em consórcio com capim-piatã e eucalipto. 39 Espaçamento (cm) 45 90 Média Pleno Sol 16,61 Ab 17,56 Aa 17,08 A Sombra 13,31 Ba 13,42 Ba 13,36 B 14,96 b 15,49 a Média EPMesp.= 0,121, EPMesp.= 0,121, EPMesp.xtax.= 0,171 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,0050). Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,0050). 40 (A) (C) (B) (D) Figura 1. Produção de matéria seca de milho e capim-piatã em ambientes sombreados e em pleno sol cultivados em dois espaçamentos e em quatro taxas de semeadura do capim. 41 Figura 2. Composição dos consórcios de milho com capim-piatã em ambientes sombreados e em pleno sol, em dois espaçamentos do milho e em quatro taxas de semeadura do capim. 42 CAPÍTULO II PRODUTIVIDADE DE MILHO PARA SILAGEM COM CAPIMRUZIZIENSIS EM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA7 Emanuelle Beatriz Cruz e Santos8, Roberta Aparecida Carnevalli9, Joadil Gonçalves de Abreu10, Giovani Calzolari Borges11, Admar Junior Coletti6, Rafael Souza Almodóvar7 Roberto Giolo de Almeida; Daniel de Paula Souza NUMERAR RESUMO: Os sistemas integrados são meios de produção que envolvem a agricultura, a pecuária e a floresta, sendo necessário definir um ponto de equilíbrio ótimo, no qual todas as culturas se desenvolvam adequadamente. Objetivou-se avaliar a produção de milho consorciado com capim-ruziziensis em diferentes espaçamentos de milho e taxas da semeadura do capim-ruziziensis sob sombra e a pleno sol. O experimento foi implantado na Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop-MT) no delineamento em blocos casualizados com 4 repetições. Os tratamentos em blocos completos ao acaso em esquema de parcelas subsubdivididas sendo dois ambientes luminosos (sombra e pleno sol); dois espaçamentos de milho (45 e 90 cm) em consórcio com capim-piatã e quatro taxas de semeadura do capim- 7 Parte da Dissertação de Mestrado do Primeiro Autor, financiada pelo CNPq/CAPES/EMBRAPA 8 1 Engenheira Agrônoma, Mestranda no Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, bolsista CAPES, Cuiabá, Brasil. Email: [email protected]. 9 Pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop/MT. 10 Professor da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. 11 Bolsista CAPES – Mestrado 6 Bolsista CAPES – Doutorado 7 Bolsista CNPq – ATP-B 43 piatã (0, 2, 4 e 6 kg de SPV/ha). Foram avaliados: produção de matéria seca total, do milho e do capim-ruziziensis; altura de planta e de inserção da espiga; estande final de plantas, diâmetro do colmo (cm), stay-green e composição morfológica da planta de milho. O espaçamento de 45 cm proporcionou aumento de 27% da produção de MS total. A produção de MS de capim-ruziziensis foi 50% maior na condição de pleno sol. O cultivo de milho consorciado com capim-ruziziensis e árvores com o espaçamento mais adensado entre linhas de milho propiciou aumento em produtividade de MS total. Palavras-chave: consórcio, espaçamento, eucalipto, sombreamento, taxa de semeadura CORN PRODUCTION COMPOSITION INTERCROPPED RUZIZIENSIS GRASS UNDER SHADE IN INTEGRATED SYSTEM OF PRODUCTION ABSTRACT: Integrated systems are ways of production involving agriculture, livestock and forest, being necessary to define a point of optimal balance in which all cultures are developed properly. Aimed to evaluate the intercropping maize silage and grass ruziziensis able to shade and full sun. The experiment was carried out at Embrapa Agrossilvopastoral , Sinop, Mato Grosso, Brazil . The treatments had distribution in randomized complete blocks in split plot arrangement with four replications at two light environments, two corn row spacings was tested (45 and 90 cm), intercropped with piatã grass under four seeding rates (0, 2, 4 and 6 kg PSV/ha). Were evaluated: total dry matter production, corn and Brachiaria plant height and ear height, stand of plants, stem diameter (cm), stay-green and composition of the corn plant. The row spacing of 45 cm resulted in an increase of 7 % of total DM yield of maize and MS compared to 90 cm. The DM yield of grass ruziziensis was 50 % bigger at full sun than under shade. The row spacing of 45 cm between rows of corn resulted in higher productivity of grass ruziziensis. Corn grown for silage ruziziensis intercropped with grass 44 and trees did not cause a significant drop in production, being denser than the spacing between rows of maize resulted in an increase in productivity. Keywords: intercropped, row spacings, crop livestock forest integration, shadowing Introdução Os sistemas integrados são meios de produção que envolvem a agricultura, a pecuária e a floresta em um mesmo ambiente. A associação dos componentes traz uma série de benefícios, como a melhoria da fertilidade do solo, o aprofundamento radicular, a ciclagem de nutrientes, a mitigação de gases de efeito estufa e a diversificação da produção. Apesar da gama de benefícios oriundos desses sistemas, é preciso definir um ponto de equilíbrio ótimo, no qual todas as culturas consigam se desenvolver de forma adequada e se manterem produtivas. Para isso, diferentes arranjos devem ser testados nas diversas regiões, visando identificar parâmetros para a utilização eficiente dos consórcios com obtenção dos benefícios sinérgicos inerentes a esses sistemas de produção. Dentre as culturas mais utilizadas destacase o milho pela sua versatilidade e facilidade de cultivo. A cultura do milho destaca-se pela alta produtividade de matéria seca (MS), elevado valor nutritivo e flexibilidade de utilização. É uma das principais culturas agrícolas cultivadas no país, sendo que em 2013, o Mato Grosso passou a ser o maior produtor nacional, participando com 25% do total produzido (somando as duas safras) (IBGE, 2013). O Brasil é hoje um dos maiores produtores e exportadores de produtos agropecuários. Porém, práticas de manejo inadequadas, como sistemas de monocultivo contínuo e preparo intensivo do solo geram perdas em produtividade e limitam o uso dos recursos naturais (Macedo, 2009). Para os sistemas integrados, elencar os principais pontos da integração é de extrema importância para fortalecer a adoção desses sistemas. Os componentes produtivos 45 devem ser alocados para serem sustentáveis, de modo a usarem com máxima eficácia os recursos de crescimento (radiação solar, água e nutrientes) com menor competição entre si (OLIVEIRA NETO et al., 2010). A área plantada em SPD tem aumentado rapidamente, correspondendo a 50% da área cultivada com culturas produtoras de grãos (MONQUERO et al., 2010). A adoção do SPD tem aumentado a sustentabilidade de atividades agropecuárias, mas os ganhos são limitados pela falta de rotação de culturas e de cobertura do solo. Resíduos vegetais são indispensáveis para aumentar o tamanho e a estabilidade dos agregados, favorecer o controle da erosão e a resistência do solo à compactação. A forrageira Uruchloa ruziziensis, por manter-se em crescimento durante toda a estação seca e pela facilidade de dessecação, pode ser bem aproveitada com o propósito de cobertura do solo (MACHADO & ASSIS, 2010). O sistema de rotação ou sucessão de culturas deve ser adequado para permitir a manutenção de uma cobertura mínima do solo com palha (RICHART et al., 2010). A cobertura do solo proporcionada pelo pasto é, normalmente, muito eficiente no controle do escorrimento superficial de água e, consequentemente, da erosão (VILELA et al, 2011), além de ser importante na supressão de plantas daninhas (MONQUERO et al., 2010). Migrar de sistemas especializados para sistemas mistos, mais complexos, demanda maior capacidade gerencial, equipes especializadas e mais investimentos em infraestrutura (Vilela et al., 2011). A integração, por envolver diferentes culturas em um ciclo produtivo simultâneo, vem sendo introduzida lentamente. A possibilidade de maximizar o uso do solo para as três atividades distintas e com retorno econômico no curto, médio e longo prazo é um dos fatores de motivação para a implantação dos sistemas integrados em diversas propriedades rurais (Viana et al., 2010). No entanto, são poucas as informações em sistemas integrados de produção, principalmente, com relação ao componente florestal. Sendo assim, objetivou-se avaliar a 46 produção de milho para silagem consorciado com capim-ruziziensis em diferentes espaçamentos de milho e taxas da semeadura do capim-ruziziensis sob sombra e a pleno sol em sistema de iLPF, no Cerrado. Material e Métodos O projeto foi implantado na Base Experimental de Sistemas Integrados de Produção de Leite da Embrapa Agrossilvipastoril, no município de Sinop-MT: latitude 11º 51’ 43” Sul, longitude 55º 35’ 27” Oeste e 384 m de altitude. A área experimental está situada em um Latossolo Vermelho-amarelo em relevo plano. O clima da região é Aw (clima tropical com estação seca) segundo classificação de Koppen. A base experimental é composta por quadrantes com tratamentos de sombra e pleno sol onde as culturas são rotacionadas. O experimento foi conduzido em área de lavoura de 1º ano no qual o capim-ruziziensis foi estabelecido junto ao milho para formação de palhada para plantio direto de safrinha de feijão caupi. Cada parcela media 75,6 m2 no espaçamento de 0,45 m entre linhas do milho e 86,4 m2 no espaçamento de 0,90 m, sendo utilizadas para fins de amostragem as linhas centrais e descontadas as bordaduras. O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados com 4 repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema de parcelas subdivididas, sendo: dois ambientes luminosos (sombra e pleno sol); dois espaçamentos de milho (45 e 90 cm) e quatro taxas de semeadura de capim-piatã (0, 2, 4 e 6 kg de SPV/ha). O sombreamento foi proporcionado pela presença de renques de eucalipto (Eucalyptus grandis x E. urophylla clone H-13), com quatro renques triplos de árvores a cada 15 m em espaçamento 3x2 m para promover rápido sombreamento do entre-renque. As árvores estavam com 23 meses e com aproximadamente 10 m de altura. 47 O monitoramento da luz para determinação do nível de sombreamento foi realizado nos períodos matutino e vespertino, nos diferentes estádios de desenvolvimento do milho, utilizando o aparelho LI-250 da LICOR. A semeadura do milho foi realizada em 17/12/2012, adotando-se um estande de 60.000 plantas/ha para os dois espaçamentos entre linhas testados. O híbrido utilizado foi Herculex I, um material com característica de resistência à lagarta, em função da grande pressão de pragas que ocorre em Mato Grosso em período de safra. A semeadura foi realizada com semeadora e as parcelas foram divididas e estaqueadas após a semeadura do milho. A forrageira utilizada foi capim-ruziziensis (Urochloa ruziziensis), sementes com 50% de valor cultural (VC). A semeadura foi realizada manualmente na superfície a cada 45 cm independente do espaçamento do milho. A análise química e física do solo da área experimental está apresentada na Tabela 1. Na adubação de plantio do milho foi aplicado 350 kg/ha do formulado 04-30-16. Aos 30 dias pós-emergência do milho, em cobertura, aplicou-se 500 kg/ha de 20-00-20. Foram aplicados os herbicidas atrazine e nicosulfuron em subdose para controle de invasoras. INSERIR TABELA 1 Cada parcela media 75,6 m2 no espaçamento de 0,45 m entre linhas do milho e 86,4 m2 no espaçamento de 0,90 m, sendo utilizadas as linhas centrais descontadas as bordaduras. O ponto de colheita do milho foi monitorado, sendo iniciado quando o milho apresentou 33 a 35% de matéria seca. Na ocasião da colheita, o estande foi contado, sendo as plantas cortadas, agrupadas e pesadas para determinação da produção de matéria verde (MV) por hectare. Foram avaliadas a altura de planta e altura de inserção da espiga (m) com régua graduada; diâmetro do colmo (cm) com paquímetro digital; número de folhas verdes em 48 relação ao número de folhas totais, determinando o “stay-green” de todas as plantas coletadas para produção. Foram amostradas três plantas para a determinação da composição morfológica do milho. As plantas foram separadas em folhas secas, folhas verdes, colmos, brácteas, sabugos e espigas. Após a secagem, foi realizada a separação das espigas em grãos e sabugo e posterior pesagem. As amostras foram secas em estufa de circulação de ar a 65º C por 72 horas. A produção de matéria seca (MS) do milho foi obtida pesando-se as plantas colhidas dentro da área útil de cada parcela e extrapolada para hectare. As plantas foram colhidas em todas as linhas semeadas, sendo coletadas as plantas em 1,0 m por linha, totalizando 14 e 8 m de linhas por repetição, nos espaçamento de 45 e 90 cm, respectivamente. A área útil nesse formato garantiu que fosse retratado o efeito de sombra ao longo de toda a parcela. Determinou-se a produção de capim-ruziziensis em kg de MS por hectare, sendo coletados 2 m de linha em cada parcela. As amostras foram colocadas em estufa de circulação de ar a 65º C por 72 horas. A produção de matéria seca total foi obtida pela soma da produção de matéria seca de milho e de capim-ruziziensis. A produção dos diferentes componentes da planta foi calculada em função da proporção gerada pelas pesagens multiplicada pela produção de matéria seca do milho e expressas em kg MS/ha. O monitoramento da luz para determinação do nível de sombreamento foi realizado com o aparelho LI-250 da LICOR. Os dados foram analisados utilizando o procedimento MIXED do SAS 9.2, sendo a comparação de médias realizada pelo método PDIFF a 5% de significância após a análise de variância. 49 Resultados e Discussão Para a produção de MS total (milho + capim-ruziziensis), houve efeito de espaçamento do milho (P<0,0001). O arranjo espacial com 45 cm entre linhas de milho proporcionou um acréscimo de 27% na produção de MS total (11.453 kg MS/ha) em relação ao espaçamento de 90 cm (9.030 kg MS/ha). Esse maior adensamento na linha deve estar associado a uma maior competição entre plantas no espaçamento de 90 cm que o de 45 cm. SANGOI et al. (2001) também observaram que a redução do espaçamento entre linhas propiciou melhor distribuição espacial de plantas de milho, maior cobertura do solo e melhor produção. Para o estande de plantas de milho, houve efeito de espaçamento (P<0,0001), ambiente luminoso (P<0,0001) e da interação espaçamento x ambiente luminoso (P=0,0003). O espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou maior estande final (52.079 plantas/ha) do que o espaçamento de 90 cm entre linhas (44.286 plantas/ha), independente da condição de ambiente luminoso ou sombreado. Esse fato pode estar associado a competição nos tratamentos de 90 cm pois todos os tratamentos tiveram a oportunidade de germinar de maneira semelhante. Entretanto, pode ter ocorrido dominância das plantas mais frágeis. BORGHI E CRUCIOL (2007), avaliando o estande de milho em consórcio com B. brizantha, também constataram que a redução no espaçamento para 45 cm proporcionou maior estande final na modalidade de consorciação na entrelinha. Porém, o inverso ocorreu no consórcio do milho com a forrageira, na linha, no qual o maior espaçamento de 90 cm propiciou maior estande final. O maior estande de plantas de milho foi obtido no ambiente sombreado (49.705 plantas/ha) em relação ao pleno sol (46.661 plantas/ha), entretanto esta não foi tão acentuada. O espaçamento de 90 cm entre linhas de milho apresentou maior estande de plantas na 50 condição de ambiente sombreado (46.930 plantas/ha) do que na condição de ambiente de pleno sol (41.643 plantas/ha). INSERIR TABELA 2 Para a produção de MS de capim-ruziziensis, houve efeito de ambiente luminoso (P=0,0091), taxa de semeadura (P<0,0001) e da interação ambiente luminoso x espaçamento (P=0,0252). A produção de MS de capim-ruziziensis foi maior em pleno sol (1.251 kg MS/ha) quando comparado ao ambiente sombreado (831 kg MS/ha). Como a produção das culturas é influenciada pela disponibilidade de luz, no consórcio além do sombreamento do milho, há o sombreamento do eucalipto, que somados acarretaram a queda em produtividade. Na sombra, o espaçamento de 45 cm entre linhas propiciou maior produção de capim-ruziziensis (1.086 kg MS/ha) do que o espaçamento de 90 cm entre linhas (576 kg MS/ha). Independente da condição de ambiente luminoso, o espaçamento de 45 cm entre linhas do milho propiciou maior produtividade de capim-ruziziensis (1.118 kg MS/ha) quando comparado ao espaçamento de 90 cm (964 kg MS/ha), entretanto essa diferença foi de apenas 16%. Contrariamente, Borghi e Cruciol (2007), avaliando produtividade de MS de B. brizantha no momento do estádio de pendoamento do milho, constataram efeito significativo apenas no primeiro ano agrícola, em que o espaçamento de 90 cm proporcionou maior produção em relação a 45 cm. A taxa de semeadura de 6 kg SPV/ha de capim-ruziziensis apresentou maior produção (1.773 kg MS/ha) do que as taxas de semeadura de 2 kg (1.193 MS/ha) e 4 kg SPV/ha (1.198 kg MS/ha). Contrariamente, Portela (2003) e Alvarenga et al. (2006) verificaram que não houve aumento na produtividade de milho e de forragem de B. brizantha em resposta ao aumento na taxa de semeadura de 1,6 a 6,4 kg SPV/ha. Apesar disso, os resultados obtidos 51 por este experimento demonstraram que esse arranjo de 2 kg de SPV sobre o recomendado de 4 kg de SPV reduziu em 4% a produção do capim. Entretanto, a produtividade do milho deve ser considerada. Os dados de produção de MS de milho e capim-ruziziensis cultivados em pleno sol e em sombreado, em dois espaçamentos entre linhas de milho e diferentes taxas de semeadura do capim, estão demonstrados na Figura 1. Os valores de produtividade e taxa de semeadura apresentaram altas correlações, sendo observados na maioria R2 acima de 90%. Na condição de pleno sol, o espaçamento de 45 cm propiciou maior produção de MS de milho com pequena queda a medida em que se aumentou a taxa de semeadura do capimruziziensis. O espaçamento de 90 cm nessa condição teve uma menor produção de MS de milho, com acentuada queda com o aumento da taxa de semeadura do capim-ruziziensis. No sombreado, a maior produção de MS de milho foi obtida no espaçamento de 45 cm, não havendo influência do aumento da taxa de semeadura na produção. O inverso ocorreu no espaçamento de 90 cm, no qual a produção de MS de milho foi menor e fortemente influenciada pelo aumento da taxa de semeadura do capim-ruziziensis, com queda significativa na produção. À medida que aumentou a taxa de semeadura aumentou a produtividade da braquiária e reduziu a do milho. Apenas no tratamento de 45 cm sombreado é que a produção de milho manteve-se constante e elevada. Essas resposta pode ser um indicativo de que para ambientes de alta competição por luz, seja necessário distribuir espacialmente as plantas de forma a possibilitar um raio livre de desenvolvimento, e não necessariamente ter espaços laterais livres como ocorre em espaçamentos de 90 cm entre linhas. 52 INSERIR FIGURA 1 Para a variável altura de planta houve efeito de espaçamento (P<0,0001), ambiente luminoso (P<0,0001) e da interação espaçamento x ambiente luminoso (P<0,0001). A maior altura de plantas ocorreu no ambiente de sombra (2,12 m), condicionada pelo efeito de sombreamento do eucalipto que implica em busca por maior acesso a luz, quando comparado ao ambiente de pleno sol (1,93 m), independente do espaçamento entre linhas de milho. O espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou plantas mais altas (2,09 m) do que o espaçamento entre linhas de 90 cm (1,97 m), independente do ambiente luminoso, o que pode ter sido acarretado pela competição intraespecífica no espaçamento mais adensado. Na condição de pleno sol, o espaçamento de 45 cm entre linhas de milho favoreceu um aumento da altura das plantas na ordem de 12% (2,04 m) em relação ao espaçamento de 90 cm (1,82 m). A altura de plantas no espaçamento de 90 cm em pleno sol foi menor do que a observada por Pariz et al. (2011), que avaliando o consórcio de milho com capim-ruziziensis semeado a lanço em sistema de integração lavoura-pecuária, obtiveram a altura de 2,02 m. INSERIR TABELA 3 Para a altura de inserção de espiga houve efeito de espaçamento (P<0,0001), ambiente luminoso (P<0,0001) e da interação espaçamento x ambiente luminoso (P<0,0001). A altura de inserção de espiga apresentou os mesmos comportamentos encontrados para altura de planta, o que era esperado já que a altura de inserção de espiga está diretamente relacionada à altura de planta. A maior altura de inserção de espiga ocorreu no ambiente sombreado (1,09 m) quando comparada ao ambiente de pleno sol (0,93 m), independente do espaçamento entre 53 linhas de milho. O espaçamento de 45 cm entre linhas de milho propiciou plantas com maior altura de inserção de espiga (1,04 m) do que o espaçamento de 90 cm (0,98 m), independente do ambiente luminoso. Na condição de ambiente de pleno sol, o espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou plantas mais altas (1,01 m) com relação ao espaçamento de 90 cm entre linhas (0,86 m). Os valores encontrados para o espaçamento de 90 cm estão abaixo dos observados por Alvarez et al. (2001), que avaliaram características agronômicas de milho em diferentes densidades de semeadura e espaçamento entre linhas, e observaram média de 1,36 m de altura de inserção de espiga para o espaçamento de 90 cm e densidade populacional de 55 e 75.000 plantas, fato esse que pode ser explicado pela maior densidade de plantas. INSERIR TABELA 4 Na avaliação do diâmetro de colmo houve efeito de ambiente luminoso (P<0,0001) e da interação espaçamento x ambiente (P=0,0065). Os maiores valores de diâmetro de colmo ocorreram na condição de ambiente de pleno sol (16,84 mm), do que na condição de sombra (15,18 mm), independente do espaçamento entre linhas de milho. O espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou plantas com maior diâmetro de colmo na condição de pleno sol (17,35 mm) com relação ao sombreado (14,80 mm). No pleno sol, o maior diâmetro de colmo foi obtido no espaçamento de 45 cm (17,35 mm), sendo que o menor valor ocorreu no espaçamento de 90 cm (16,34 mm). Assim, quanto mais o ambiente restringia a luz por competição inter e intraespecífica, mais altas e finas ficaram as plantas, em decorrência do estiolamento, diferente do observado para o capimpiatã. Os valores de diâmetro de colmo estão abaixo dos encontrados por Sangoi et al. (2001), 54 que ao avaliarem o desempenho de híbridos de milho, encontraram valores entre 20,3 e 22,7 mm. INSERIR TABELA 5 Para os teores de MS da forragem no momento da corte do milho, houve efeito de ambiente luminoso (P=0,0078), espaçamento (P=0,0081), taxa de semeadura (P=0,0155) e da interação espaçamento x ambiente luminoso (P=0,0208). O maior teor de MS da forragem foi obtido na condição de ambiente sombreado (41,99%) do que na condição de ambiente de pleno sol (40,45%), independente do espaçamento entre linhas de milho. Isto indica que o momento de colheita deve ser baseado no desenvolvimento da planta, pois fatores microclimáticos afetam o tempo que as plantas necessitam para atingir o ponto de colheita. Também deve ser considerado o nível de excitação de água do solo diferenciado quando há ou não árvores crescendo no sistema. O espaçamento entre linhas de milho de 45 cm apresentou maior teor de MS (41,98%) quando comparado ao espaçamento de 90 cm entre linhas (40,45%), independente do ambiente luminoso. Na condição de ambiente sombreado, o espaçamento de 90 cm entre linhas de milho apresentou maiores teores de MS da forragem (41,88%), com relação ao observado no ambiente de pleno sol (39,02%). O espaçamento de 45 cm entre linhas de milho na condição de ambiente de pleno sol apresentou maior teor de MS da forragem (41,88%) do que o espaçamento de 90 cm entre linhas (39,02%). O cultivo de milho solteiro apresentou maiores teores de MS da forragem (42,79%) em relação às taxas de semeadura de 2 kg (40,47%), 4 kg (41,10%) e 6 kg SPV/ha (40,50%). Pois, quanto maior a massa de capim-ruziziensis no consórcio, maior a contribuição na redução de matéria seca, já que o teor de matéria seca do capim é menor que o do milho. Pariz 55 et al. (2011), ao avaliar a produtividade de grão de milho e massa seca de Brachiaria sp. em duas modalidades de consórcio em sistema de integração lavoura-pecuária no período de inverno-primavera em região do Cerrado, também encontraram, por ocasião da colheita de milho, baixos teores de MS: 18,9; 18,1 e 14% para B. decumbens, B. brizantha, B. ruziziensis, respectivamente. Para stay green, houve efeito de ambiente luminoso (P=0,0306). O maior valor de stay green, foi na condição de ambiente de pleno sol (0,77) em relação a condição de sombra (0,69). Isso demonstra que as plantas secaram mais lentamente na condição de pleno sol, mantendo as folhas verdes por mais tempo. Contudo, este fato pode estar relacionado não somente à senescência promovida por redução de umidade, mas por reciclagem de nutrientes em função de haver mais de uma cultura e com raízes que exploram diferentes profundidades de solo. Houve efeito de ambiente luminoso para a avaliação do número de folhas secas por planta (P=0,0483) e para o número de folhas verdes por planta (P=0,0087). O maior número de folhas secas por planta foi observado para a condição de ambiente sombreado (3,87), com relação ao ambiente de pleno sol (3,03). Na condição de pleno sol foi observado maior número de folhas verdes por planta (10,31) do que na condição de ambiente de sombra (8,85). O mesmo foi observado para a avaliação de stay green, comprovando que as plantas secaram mais rapidamente na condição de ambiente sombreado. Na avaliação da composição da planta de milho, para produção de folha seca, houve efeito de ambiente luminoso (P=0,0005) e espaçamento (P=0,0004). A maior produção de folha seca foi obtida na condição de ambiente sombreado (587 kg MS/ha) quando comparada com a condição pleno sol (406 kg MS/ha). O espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou maior produção de folha seca (590 kg MS/ha) do que o espaçamento de 90 cm 56 entre linhas (403 kg MS/ha), demonstrando que a distribuição espacial influenciou acelerando o crescimento e também a morte da planta. Para a avaliação de produção de folha verde foi verificado efeito de espaçamento (P=0,0013) e da interação espaçamento entre linhas x ambiente luminoso (P<0,0001). A maior produção de folha verde foi obtida para o espaçamento de 90 cm entre linhas de milho (2.031 kg MS/ha) com relação ao espaçamento de 45 cm entre linhas (1.717 kg MS/ha). O espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou maior produção de folha verde (1.986 kg MS/ha) na condição de pleno sol, do que a observada para a condição de ambiente sombreado (1.448 kg MS/ha). Para o espaçamento de 90 cm entre linhas de milho foi obtida maior produção de folha verde na condição de sombra (2.197 kg MS/ha) quando comparada à condição de pleno sol (1.865 kg MS/ha). Em pleno sol, o espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou maior produção de folha verde (1.986 kg MS/ha), com a menor produção obtida para o espaçamento de 90 cm (1.865 kg MS/ha). Já na condição de ambiente sombreado, o espaçamento de 90 cm entre linhas de milho apresentou maior produção de folha verde (2.197 kg MS/ha) do que o espaçamento de 45 cm entre linhas (1.449 kg MS/ha). Na produção de grãos, houve efeito de espaçamento (P<0,0001) e da interação espaçamento x ambiente luminoso (P=0,0002). Além de maior produção total de matéria seca, o espaçamento de 45 cm entre linhas de milho propiciou maior produção de grãos (2.925 kg MS/ha) do que o espaçamento de 90 cm entre linhas (2.030 kg MS/ha), independente da condição de luminosidade. Na condição de ambiente sombreado, o espaçamento de 45 cm entre linhas de milho apresentou menor produção de grãos (2.646 kg MS/ha) do que na condição de pleno sol (3.205 kg MS/ha). O inverso foi observado para o espaçamento de 90 cm, que na condição de ambiente sombreado foi observada uma maior produção (2.196 kg MS/ha) quando comparada à 57 condição de pleno sol (1.865 kg MS/ha). São necessários maiores estudos para definir se o maior espaçamento entrelinhas proporciona melhor resultado para produção de grãos. Esses resultados demonstram que o espaçamento do milho afetou mais a produção de grãos que o sombreamento, mas quando o fator competição é aumentado com espaçamento entre linha maior aliado a sombra, a perda em produtividade é ainda maior. Conclusão O espaçamento de 45 cm propiciou aumento de 27% da produção de MS total (milho + capim-ruziziensis), fator a ser considerado principalmente quando trata-se de colheita linha a linha para silagem. O cultivo de milho consorciado com capim-ruziziensis e eucalipto em espaçamento mais adensado entre linhas de milho propiciou aumento em produtividade. Agradecimentos Ao CNPq e Capes pelo financiamento do projeto. Referências Bibliográficas ALVARENGA, R. C.; COBUCCI, T.; KLUTHCOUSKI, J.; WRUCK, F. J.; CRUZ, J. C.; GONTIJO NETO, M.M. A cultura do milho na integração lavoura-pecuária. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 2006. 12 p. (EMBRAPA CNPMS. Circular Técnica, 80). ALVAREZ, C. G. D.; PINHO, R. G. V.; BORGES, I. D. 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Estande de plantas de milho para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho em consórcio com capim ruziziensis e eucalipto. Espaçamento (cm) Ambiente Luminoso 45 90 Média Sol 51.679 Aa 41.643 Bb 46.661 B Sombra 52.479 Aa 46.930 Ab 49.705 A Média 52.079 a 44.286 b EPM amb. = 405,75, EPM esp. = 405,75, EPM amb. x esp. = 573,82 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,05). Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05). Tabela 3. Altura de plantas em m para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho cultivados em consórcio com capim ruziziensis e eucalipto. Espaçamento (cm) Ambiente Luminoso 45 90 Média Sol 2,04 Ba 1,82 Bb 1,93 B Sombra 2,13 Aa 2,11 Aa 2,12 A 61 Média 2,09 a 1,97 b EPM amb. = 0,01391, EPM esp. = 0,01391, EPM amb. x esp. = 0,01967 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,05). Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05). Tabela 4. Altura de inserção de espiga (m) para as condições de pleno sol e sombra e espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho e em consórcio com capim ruziziensis e eucalipto. Espaçamento (cm) Ambiente Luminoso 45 90 Média Sol 1,01 Ba 0,86 Bb 0,93 B Sombra 1,08 Aa 1,11 Aa 1,09 A Média 1,04 a 0,98 b EPM amb. = 0,01025, EPM esp. = 0,01025, EPM amb. x esp. = 0,0145 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,05). Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05). Tabela 5. Diâmetro de colmo (mm) para as condições de pleno sol e sombra e, em espaçamentos de 45 e 90 cm entre linhas do milho e em consórcio com capim ruziziensis e eucalipto. Espaçamento (cm) Ambiente Luminoso 45 90 Média Sol 17,35 Aa 16,34 Ab 16,84 A Sombra 14,80 Ba 15,56 Aa 15,18 B Média 16,08 a 15,95 a EPM amb. = 0,2191, EPM amb. x esp. = 0,3098 Letras maiúsculas iguais na linha não diferem estatisticamente (P>0,05). Letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05). 62 Figura 1. Produção de matéria seca de milho e capim-ruziziensis em ambientes sombreados e em pleno sol cultivados em dois espaçamentos relacionados a taxas de semeadura do capim. 63