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SUMÁRIO
1. Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado
6
1.1. Demanda
6
1.2. Oferta
9
1.3. SITUAÇÕES DE MERCADO
11
1.4. Teorias do Valor de um Bem
11
1.5. Equilíbrio de Mercado
12
2. Estruturas de Mercado
15
2.1. Monopólio
15
2.2. Concorrência Perfeita
16
2.3 OUTRAS ESTRUTURAS CLÁSSICAS
16
2.3.1 Concorrência Monopolista
16
2.3.2. Oligopólio
16
2.3.3. MONOPSÔNIO
17
2.3.4. OLIGOPSÔNIO
18
2.3.5. MONOPÓLIO BILATERAL
18
2.3.6. MODELOS MARGINALISTAS DE OLIGOPÓLIOS
18
2.3.6.1. Cartel Perfeito
18
2.3.6.2. Cartel Imperfeito
18
3. Mercado de Trabalho
20
3.1. Teoria do Valor-Trabalho
20
3.2. Definição de Mercado de Trabalho
21
3.3 Emprego e Trabalho
21
3.3.1. TRABALHO
21
3.3.2. EMPREGO
21
3.3.3. DESEMPREGO
22
3.4. A formação do Mercado de Trabalho no Brasil
4. A Distribuição de Renda no Brasil
22
27
4.1. Gastos sociais no Brasil
28
4.2. Modelo Concentrador
29
2
4.3. Um retrato de renda
29
4.4. Coeficiente de Gini
29
4.5. Índice de Desenvolvimento Humano
30
4.5.1. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
31
4.5.2. CLASSIFICAÇÃO
31
4.6. SITUAÇÃO DO BRASIL
5. Bibliografia
32
35
3
1. Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado
1.1 Demanda
Define-se procura, ou demanda, como a quantidade de um determinado bem ou serviço que o
consumidor estaria disposto a consumir.
A demanda é o desejo de consumir, e não necessariamente a compra. Demanda é o desejo de
comprar.
A Teoria da Demanda é derivada da hipótese sobre a escolha do consumidor entre diversos bens
que seu orçamento permite adquirir. Essa procura individual seria determinada pelo preço do
bem; o preço de outros bens; a renda do consumidor e seu gosto ou preferência.
O estuda da Demanda nos mostra que os consumidores geralmente estão mais dispostos a
comprar bens ou serviços quando os preços estão mais baixos; concluímos, portanto, que a
quantidade
procurada
cai
se
o
preço
aumentar.
Como mostra o exemplo abaixo:
Relação de demanda para maçãs:
Consumidores
Preço ($ por unidade)
Quantidade demandada (milhões/semana)
A
10,00
50
B
08,00
100
C
06,00
200
D
04,00
400
A demanda descreve o comportamento dos compradores, a relação da oferta descreve o
comportamento dos vendedores.
Os vendedores possuem uma atitude diferente dos compradores, frente aos preços altos. Se os
preços assustam os consumidores, estimulam os vendedores a produzirem e venderem mais.
Portanto
quanto
maior
o
preço
maior
a
quantidade
ofertada.
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Exemplo abaixo:
Relação de oferta de maçãs:
Fornecedor Preço ($ por unidade) Quantidade ofertada (milhões por semana)
A
10,00
260
B
08,00
240
C
06,00
200
D
04,00
150
Notamos que as quantidades ofertadas aumentam à medida que os preços aumentam. São diretas
as
relações
preço
x
quantidade.
O equilíbrio entre oferta e procura no mercado é atingido com um preço que faz igualar a oferta e
a procura.
Como se disse, a quantidade de um produto que os compradores desejam adquirir depende do
preço. Porém a quantidade que as pessoas desejam comprar depende também de outros fatores.
Relação entre as quantidades demandadas e o preço dos bens: levando-se em conta apenas o
preço do bem observa-se que quando a demanda aumenta ocorreu uma diminuição no preço;
quando ele diminui é um resultado de um aumento do preço.
Relação
entre
a
procura
de
um
bem
e
o
preço
de
outros
bens:
1 - Aumento no preço do bem Y acarreta em aumento na demanda do bem X: isso significa que
os bens X e Y são substitutos ou concorrentes. Um exemplo é a relação entre o chá e o café.
2 - Aumento do bem Y ocasiona a queda da demanda do bem X: os bens em questão, nesse caso,
são complementares. São bens consumidos conjuntamente, como o café e o açúcar.
Relação entre a procura de um bem e a renda do consumidor:
A ) Bem Normal: são aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta-se a renda.
5
B ) Bem de luxo: ao se aumentar a renda a quantidade demandada aumenta em maior proporção.
C ) Bem de primeira necessidade: ao se aumentar a renda a quantidade demanda se mantém
inalterada pois, ao se tratar de algo de primeira necessidade já fazia parte das antigas aquisições
do indivíduo.
D ) Bem inferior: são aqueles cuja quantidade demandada diminui quando a renda aumenta.
Geralmente são bens para os quais há alternativas de melhor qualidade.
Até agora se viu como os deslocamentos da demanda e oferta afetam os preços. O conceito de
elasticidade - preço nos permite uma maior compreensão do sistema de preços e das reações
observadas no mercado.
A elasticidade é a relação entre as diferentes quantidades de oferta e procura de certas
mercadorias em função das alterações verificadas em seus respectivos preços.
Seguindo-se esse conceito as mercadorias podem ser classificadas em bens de demanda elástica
ou inelástica.
Os bens de demanda inelástica são os de primeira necessidade, indispensáveis à subsistência do
consumidor.
Os bens de demanda elástica são aqueles que não são indispensáveis à subsistência do
consumidor. Assim são, geralmente, os bens de luxo.
Alguns fatores que influenciam a elasticidade da demanda seriam a existência de substitutos ao
bem, a variedade de usos desse bem, o seu preço em relação ao uso dos consumidores e o preço
do bem em relação à renda dos consumidores.
Para um vendedor faz realmente muita diferença o fato de ser elástica ou não a demanda com a
qual ele se defronta. Se a demanda for elástica e ele reduzir o preço, obterá mais receita. Por
outro lado se a demanda for inelástica e ele reduzir o preço obterá menos receita.
A demanda pode ser influenciada por vários fatores, como:
- O gosto do consumidor;
- A relação entre o preço do bem - quanto maior, menor será a procura pelo mesmo;
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- A relação de seu preço com o preço de bens substitutos. Ex.: o preço da manteiga e da
margarina;
- A relação de seu preço e o poder de compra do consumidor.
1.2 Oferta
Oferta é a quantidade de bens ou serviços que os produtores dos mesmos desejam vender em
determinado espaço de tempo. Depende de algumas variáveis:
- A quantidade ofertada de um bem;
- O preço deste bem;
- O preço dos bens concorrentes a este;
- O custo de produção destes bens;
- A tecnologia empregada na fabricação destes produtos.
Assim, podemos ver que quanto há o aumento do preço de um produto, maior é o estimulo para a
fabricação deste bem. Quando a quantidade deste bem se normaliza no mercado, há a redução de
seu preço, estimulando a demanda e desestimulando a vontade dos fabricantes de produzi-lo.
Essas forças de mercado vivem em conflito, fazendo com que o preço dos produtos seja regido
pela oferta, que oferecerá pouco para o mesmo elevar-se, e pela demanda, que almejará muitos
produtos para ele chegar a preços mais acessíveis. E esta lei econômica serve para qualquer
produto. Como exemplo, podemos citar o vídeo-cassete, que no início da década de 80 custava
muito caro. Seu preço foi declinando com a chegada de marcas diferentes, e também de produtos
concorrentes (como o DVD) no mercado – ou significa, sua oferta aumentou para uma demanda
estabilizada.
Um bom exemplo que encontramos em nosso dia-a-dia é o supermercado. Em épocas especificas
como Páscoa, Natal, etc., os produtos de época tendem a ficarem mais caros, pois a demanda
pelos mesmos aumenta em uma proporção muito maior que o aumento de sua oferta.
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A estabilização da relação entre a oferta e a procura leva, em primeira análise, a uma
estabilização do preço. Uma possível concorrência, por exemplo, pode desequilibrar essas
relações, provocando alterações de preço.
Ao contrário do que pode parecer a princípio, o comportamento da sociedade não é influenciado
apenas pelos preços. O valor de um produto pode ser um estímulo positivo ou negativo para que
os consumidores adquiram os serviços que necessitam, mas não é o único.
Existem outros elementos a serem considerados nesta equação, entre eles:

Os desejos e necessidades das pessoas;

O poder de compra;

A disponibilidade dos serviços - concorrência;

A capacidade das empresas de produzirem determinadas mercadorias com o nível
tecnológico desejado.
O preço não reflete apenas o custo de criação de um produto ou serviço. A base desta lei vem
para citar os dois fatores que influem no preço de um produto, fator quantitativo e qualitativo.
'''Valores qualitativos''': valor não expressado diretamente em número, pode ser atribuído a um
crescimento de consumo em algum produto, que por sua vez pode ser devido a monopólio
natural(concessionárias de energia elétrica), necessidades e desejos pessoais(carros,moda, beleza,
alimentos, etc.) ou também por questões de economia individual (por exemplo, a procura do
álcool, que foi ou é mais barato que a gasolina). Embora não possa ser expressado em números
diretamente, institutos de pesquisa demográfica e associações do comércio disponibilizam de
gráficos que ilustram crescimentos de consumo em certos produtos.
'''Valores quantitativos''': valor expressado diretamente em número, existem diversas razões para
o preço se mover influenciado por este fator. Para que seja simples o raciocinio, quebramos este
fator em oferta e demanda.
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1.3 Situações de Mercado
Existe no entanto, situações onde o mercado age de maneira diferente do explicado acima.
Devido a isso, devemos ir mais adentro da lei e nos concentrarmos nas decisões de cada uma das
partes, principalmente a oferta.
A oferta: pode aumentar ou diminuir de preço conforme aumenta a quantidade.
A oferta pode sim agir para os dois lados, e é inevitável que seja analisado junto com a demanda
para um integro entendimento.
A oferta aumenta a quantidade para que seja atendida toda a demanda.
A oferta deve aumentar os preços até se igualar a demanda, pois ela precisa produzir mais, e para
ter uma produção crescente deve-se ter um lucro crescente.
Este fenômeno é a causa número um de inflação.
Ao se igualar com a demanda a oferta reduz seus preços: Deflação.
Quando a demanda fica inferior, a oferta reduz mais os preços para que haja um ponto de
entendimento caracterizado pelo cruzamento das linhas.
1.4 Teorias do Valor de um Bem
Há teorias divergentes, quanto a forma como se chega ao valor de equilíbrio para um bem. Dentre
elas encontram-se:
Teoria do valor-utilidade: visão utilitarista, pra quem o valor de um bem se forma pelo lado da
demanda, pela satisfação que o bem representa para o consumidor.
Teoria do valor-trabalho: o valor de um bem se forma pelo lado da oferta, mediante os custos do
trabalho incorporado ao bem e o tempo gasto na produção.
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1.5 Equilíbrio de Mercado
A interação entre oferta e demanda, determina o equilíbrio de mercado, que é a situação onde os
agentes (produtores e consumidores) encontram-se satisfeitos.
• Não há acesso de oferta ou demanda.
Equilíbrio ocorre quando não há tendência para variação de preço
• Compradores adquirem a quantidade desejada e os vendedores vendem a quantidade desejada
• Preço < Preço de equilíbrio – excesso de demanda Preço > Preço de equilíbrio – excesso de
oferta
Lei do Preço Único – em qualquer mercado, todas as unidades tendem a ser negociadas ao
mesmo preço (isso normalmente não é verdadeiro na vida real...)
Piso de Preço
• Restrição imposta (governo) impedindo que um preço fique abaixo de um determinado nível
• Se estiver acima do preço de equilíbrio, causará um excesso de oferta.
Teto de Preço
• Restrição imposta (governo) impedindo que um preço fique acima de um determinado nível
(“tabelamento”)
• Se o teto estiver abaixo do preço de equilíbrio, haverá excesso de demanda
Efeitos dos Pisos e Tetos de Preço
• Quando a lei obriga os preços a não permanecerem no nível de equilíbrio as quantidades
compradas e vendidas são reduzidas (< quantidades demandadas e ofertadas)
• Consequências:
• Racionamento (sem preço): filas, discriminação
• Alteração da qualidade (teto = pior qualidade; piso = melhor qualidade)
• Mercado negro e violação da lei
Mudanças nas condições de Mercado
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Alterações na oferta ou demanda modificam as condições
iniciais de mercado. Preços e qtdes de equilíbrio ajustam-se as novas situações.
• Ex.: Introdução de uma nova tecnologia, gera uma alteração na curva de oferta.
- Troca da fita de vídeo por DVD
- Resultado: altera-se preço e qtde de equilíbrio.
O gráfico acima representa o equilíbrio de mercado. Nesta situação há uma “harmonia” entre oferta e demanda. Teoricamente,
neste ponto, o nível de preço não está nem muito alto nem muito baixo, satisfazendo tanto a consumidores quanto a produtores.
Citando novamente o exemplo da carne bovina, se o quilo do “coxão mole” estiver em R$10,00 o quilo, será um bom negócio
para o produtor, mas muito ruim para o consumidor, o preço é considerado muito alto. Inversamente, se o preço cair para R$3,00
o quilo, é ótimo para o consumidor mas ruim para o produtor. Agora se o preço ficar em R$5,00 o quilo, teoricamente seria
melhor para os dois lados.
Em suma, a lei da oferta e demanda sugere que quem determina o preço são os consumidores.
Eles decidem quanto querem comprar e a que preço, e os fornecedores só podem é concordar
com as exigências e decidem quanto vale a pena produzir para vender ao preço dado pelo
consumidor. Para um entendimento mais profundo, considere as linhas do gráfico como uma
pessoa (demanda) e um cachorro (oferta), a oferta sempre vai se aproximar da demanda a fim de
vender seu produto. A decisão dos donos das industrias é baseada nestes gráficos, nos planos da
concorrência, épocas do ano (ventiladores, ar condicionado, aquecedor), fatores culturais,
geográficos, e ambientais. Estes assuntos não são propriedade deste tópico, mas todos que
querem compreender mais sobre economia devem procurar informações sobre.
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a)
Existência de grande número de compradores e de vendedores atuando isoladamente,
que se comparado ao tamanho do mercado, nenhum deles conseguem influenciar no
preço. Assim, os preços dos produtos são fixados uniformemente no mercado;
b)
Os produtos são homogêneos, isto é, são substitutos perfeitos entre si; dessa forma não
pode haver preços diferentes no mercado. Os compradores são indiferentes em relação as
firmas (vendedores) no momento de adquirir o produto;
c)
Transparência de mercado, ou seja, existe completa informação e conhecimento sobre o
preço do produto. Assim, nenhum vendedor colocará seu produto no mercado por um
preço inferior ao do concorrente; da mesma forma, os consumidores não estariam
dispostos a pagar um preço superior ao vigente.
d)
Livre mobilidade. A entrada e saída de firmas no mercado são totalmente livres, não
havendo barreiras legais e econômicas. Isso permite que firmas menos eficientes saiam do
mercado e que nele ingressem firmas mais eficientes.
Nestas condições, cada uma das empresas concorrentes enfrenta uma curva da procura
horizontal, ou seja, perfeitamente elástica (ver elasticidade procura preço), não existindo, por
isso, qualquer incentivo para praticar um preço diferente do preço de mercado. De facto, se
uma empresa individualmente praticar um preço mais elevado do que o preço de mercado,
perderá imediatamente toda a procura que lhe é dirigida pois os produtos e serviços são
perfeitamente homogéneos e os consumidores têm informação perfeita sobre a oferta
existente; por outro lado, se a empresa decidir praticar um preço mais baixo do que o preço
de mercado também não resistirá muito tempo pois, numa situação de concorrência perfeita,
o preço de mercado corresponde a uma situação de lucro económico nulo, pelo que um preço
mais baixo originará uma acumulação de prejuízos não sustentáveis no longo prazo.
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2. Estruturas de Mercado
São modelos que captam aspectos de como os mercados estão organizados. Cada estrutura de
mercado destaca aspectos essenciais da interação da oferta e da demanda, baseando-se em
características observadas em mercados existentes. Em todas as estruturas clássicas os agentes
são maximizadores de lucro.
Estruturas Clássicas Básicas: Monopólio e Concorrência Perfeita.
2.1. Monopólio
Caso extremo de estrutura clássica básica. Situação de um mercado em que não existe
concorrência na oferta. O setor é constituído de uma única firma, porque existe um único
produtor que realiza toda a produção, ou seja, situação em que uma empresa domina sozinha a
produção ou comércio de uma matéria-prima, produto ou serviço e que, por isso, pode estabelecer
o preço à vontade. Nessa estrutura de mercado existe concorrência entre os consumidores. A
firma produz um produto para o qual não existe substituto próximo. Há presença de barreiras à
entrada de novas firmas, ou seja, é necessário manter os concorrentes em potencial afastados.
Estes obstáculos podem ser administrados pelo monopolista através de:
a) Controle sobre o fornecimento da matéria prima;
b) Barreiras legais como registros de patentes;
c) Licenças e concessões governamentais e outros.
É importante ressaltar que, em muitas circunstâncias, é a estrutura mais apropriada para a
produção de certos bens e serviços como nos monopólios governamentais (Correios, Cesan). A
legislação da maioria dos países proíbe o monopólio, com exceção dos exercidos pelo Estado,
geralmente em produtos e serviços estratégicos. O monopólio “puro” é uma construção teórica,
porque, na prática, ele não existe.
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2.2. Concorrência perfeita (competição pura)
Estrutura que tem por objetivo descrever o funcionamento equilibrado, ou ideal, servindo com
base para o estudo de outras estruturas. Apesar de ser teórico, o estudo da concorrência perfeita é
importante pelas inúmeras conseqüências derivadas de suas hipóteses, que condicionam o
comportamento dos agentes econômicos em diferentes mercados. As hipóteses do modelo são:
2.3 Outras Estruturas Clássicas
2.3.1 Concorrência monopolista ou imperfeita (competição monopolista).
Embora apresente, como na concorrência perfeita, uma estrutura de mercado em que existe um
número elevado de empresas, a concorrência imperfeita caracteriza-se pelo fato de que as
empresas produzem produtos diferenciados, embora substitutos próximos. Por exemplo,
diferentes marcas de sabonete, refrigerante, sabão em pó, etc. Trata-se, assim, de uma estrutura
mais próxima da realidade que a concorrência perfeita.
A diferenciação de produtos pode dar-se por características físicas (composição química,
potência etc.), pela embalagem, ou pelo esquema de promoção de vendas (propaganda,
atendimento, brindes, etc.);
Nesta estrutura, cada empresa tem certo poder sobre a fixação de preços, no entanto a existência
de substitutos próximos permite aos consumidores alternativas para fugirem de aumentos de
preços.
Da mesma forma que na concorrência perfeita, prevalece a suposição de que não existem
barreiras para a entrada de novas firmas no mercado.
2.3.2 Oligopólio
Estrutura de mercado caracterizada pela existência de um reduzido número de vendedores,
produzindo produtos que são substitutos próximos entre si. Pode também ser caracterizado como
sendo uma indústria em que há grande número de firmas, mas somente poucas dominam o
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mercado. Um exemplo é a indústria de bebidas. Para acontecer o oligopólio são necessários os
seguintes elementos:
a) Existência de poucas firmas. Pode ter duas, três, doze ou mais firmas, dependendo da natureza
do mercado. Entretanto o número deve ser pequeno, de tal forma que as firmas levem em
consideração e rejam nas decisões quanto ao preço e produção da outras.
A noção fundamental subjacente ao oligopólio é a da interdependência econômica, ou seja, as
decisões sobre o preço e a produção de equilíbrio são interdependentes, porque a decisão de um
vendedor influi no comportamento econômico dos outros vendedores.
b) Produto homogêneo ou diferenciado. Quando o oligopólio oferece produtos homogêneos
(substitutos perfeitos entre si) ele é considerado Oligopólio “Puro” (indústria do cimento, aço
etc). Caso contrário será considerado Oligopólio diferenciado (indústria automobilística e de
fumo).
As firmas oligopolistas concorrem com base na qualidade, design do produto, serviço ao cliente,
propaganda etc.
c) Presença de barreira para entrada de novas firmas. É exercida com o controle de matériasprimas, registro de patentes etc..
O modelo duopólio é caracterizado por apenas duas empresas produtoras ou vendedoras no
mercado.
2.3.3. Monopsônio
Estrutura de mercado caracterizada pela existência de muitos vendedores e um único comprador
que domina o mercado. É um a estrutura que pode prevalecer especialmente no mercado de
trabalho. É o caso, por exemplo, da empresa que se instala em uma determinada cidade do
interior e, por ser única, torna-se demandante exclusiva da mão-de-obra local. Portanto, ou os
trabalhadores empregam-se no monopsônio, ou precisam trabalhar em outra localidade.
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2.3.4. Oligopsônio
Estrutura de mercado caracterizada pela existência de poucos compradores, que dominam o
mercado, para muitos vendedores. Exemplo: O setor automobilístico comprando das inúmeras
firmas de autopeças.
2.3.5. Monopólio bilateral
Nessa estrutura defrontam-se um monopolista e um monopsonista. Tipicamente, o monopolista
deseja vender uma certa quantidade de produto por um preço, e o monopsonista pretende obter a
mesma quantidade por um preço diferente daquele oferecido pelo monopolista.
Como ambas as posições são conflitantes, somente a negociação recíproca permite a definição do
preço.
.
2.3.6. Modelos marginalistas de oligopólio
2.3.6.1. Cartel perfeito
Cartel: Estrutura caracterizada por uma organização formal ou informal de poucos vendedores
dentro de determinado setor, que determina a política de preços para todas as empresas que o
compõem.
O cartel perfeito nada mais é do que oligopolistas, reconhecendo a interdependência que têm
entre si, procuram se unir e maximizar o lucro do cartel. A solução a que se chega é a de
monopólio puro. De maneira geral, os cartéis são instáveis. Considerando que em geral operam
com uma certa capacidade ociosa, o incentivo para que individualmente os membros tentem
burlar os demais é grande.
2.3.6.2. Cartel imperfeito
É uma coalizão imperfeita, onde as empresas de um setor oligopolista decidem tacitamente (isto
é, não é necessário um acordo formal) estabelecer o mesmo preço, aceitando a liderança de uma
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empresa da indústria. A líder (empresa que fixa o preço) pode tanto ser a firma de custo mais
baixo, como também a maior firma do mercado. A firma líder fixa o preço e é seguida pelas
demais. Todas maximizam o lucro reconhecendo a interdependência que têm entre si. Na
hipótese da firma líder será a de custo mais baixo, entra em consideração a regulamentação
antimonopólio (ela é obrigada a descartar a possibilidade de práticas predatórias de preço que
levem seu concorrente à bancarrota).
Concorrência
Perfeita
Número de
Diferenciação
Empresas
produto
Muitos
Concorrência
Imperfeita
Considerável
.Monopolística
.Monopólio
Um
.Oligopólio
Poucas
Produtos
Padronizados
do Condições de
Controle sobre o
preço
Fácil
Nenhum
Bancos
Leve
Hoteis
EDM
Produto
Relativamente
Diferenciado
Fácil
Produto único
Bloqueada
Forte
Difícil
Considerável
Diferenciado
Padronizado
Exemplo
Entrada e saída
Automóveis ( Toyata
e Entreposto )
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia: 14º Edição Ampliada e atualizada. São Paulo. Atlas, 1997.
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3. Mercado de Trabalho
3.1. Teoria do valor-trabalho
A Teoria do valor-trabalho é uma teoria econômica associada maioritariamente a Adam Smith,
David Ricardo e Karl Marx.
Segundo essa teoria, o valor econômico de uma mercadoria (ou, mais exatamente, de uma
mercadoria "reproduzível" - grande parte dos teóricos do valor trabalho deixam de lado
mercadorias não reproduzíveis, como obras de arte, etc.) é determinado pela quantidade de
trabalho que, em média, é necessário para a produzir, incluindo aí todo o trabalho anterior para
produzir suas as matérias primas, máquinas, etc.).
Por esta teoria o preço de uma mercadoria reproduz a quantidade de tempo de trabalho nela
colocado, sendo o trabalho o único elemento que realmente gera valor. Num exemplo clássico
entre os teóricos do valor-trabalho, a razão porque um diamante é mais valioso que um copo de
água (mesmo que o copo de água possa ter mais utilidade) é porque dá, em média, mais trabalho,
encontrar e extrair um diamante do que um copo de água.
Karl Marx, sem dúvida foi o maior teórico do valor-trabalho. Com o valor sendo gerado pelo
trabalho, única e exclusivamente, logo se levou à idéia de que, se todo o valor é gerado no
trabalho, logo os trabalhadores eram quem gerava toda a riqueza existente, sendo que os nãotrabalhadores - os patrões - que acabavam por ficar com grande parte da riqueza gerada pelo
trabalho incorporado, estavam na verdade usurpando a classe trabalhadora deste valor gerado
pelo trabalho, através de um processo conhecido como mais-valia.
Os economistas da Escola Austríaca, como Carl Menger e Ludwig von Mises procuraram refutar
esta teoria, dizendo que o valor seria atribuído conforme a utilidade e raridade do bem ou serviço
em questão.
.
18
3.2. Definição de Mercado de Trabalho
Mercado de trabalho é a relação entre a oferta de trabalho e a procura de trabalhadores, e o
conjunto de pessoas e/ou empresas que em época e lugar determinados, provocam o surgimento e
as condições dessa relação.
Emprego e Trabalho
3.3. Emprego e Trabalho
A maioria das pessoas associa as palavras trabalho e emprego como se fossem a mesma coisa,
não são. Apesar de estarem ligadas, essas palavras possuem significados diferentes. O trabalho é
mais antigo que o emprego, o trabalho existe desde o momento que o homem começou a
transformar a natureza e o ambiente ao seu redor, desde o momento que o homem começou a
fazer utensílios e ferramentas. Por outro lado, o emprego é algo recente na história da
humanidade. O emprego é um conceito que surgiu por volta da Revolução Industrial, é uma
relação entre homens que vendem sua força de trabalho por algum valor, alguma remuneração, e
homens que compram essa força de trabalho pagando algo em troca, algo como um salário.
3.3.1. Trabalho
De acordo com a definição do Dicionário do Pensamento Social do Século XX, trabalho é o
esforço humano dotado de um propósito e envolve a transformação da natureza através do
dispêndio de capacidades físicas e mentais.
3.3.2. Emprego
É a relação, estável, e mais ou menos duradoura, que existe entre quem organiza o trabalho e
quem realiza o trabalho. É uma espécie de contrato no qual o possuidor dos meios de produção
paga pelo trabalho de outros, que não são possuidores do meio de produção.
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3.3.3. Desemprego
Fenômeno social e econômico característico das economias modernas, em conseqüência do
desequilíbrio entre a procura e a oferta de mão de obra . Consideram-se vários tipos de
desemprego: tecnológico, repetitivo e de exclusão. Desemprego de exclusão Tipo de desemprego
derivado de um desequilíbrio no mercado de trabalho em que a procura de mão de obra por parte
dos empregadores é inferior à procura de trabalho por parte dos empregados. Desemprego oculto
ou subemprego Situação em que existe excesso de trabalhadores face à terra ou tarefas
disponíveis. (Ex: Numa exploração agrícola com 10 empregados numa altura que são suficientes
7., sem que a produção seja afetada. Neste caso 3 empregados encontram-se numa situação de
desemprego oculto. Desemprego repetitivo Tipo de desemprego derivado das mudanças
constantes de emprego por parte da mão de obra com baixo nível de qualificação profissional.
Desemprego tecnológico Tipo de desemprego resultante das mutações tecnológicas e das
reestruturações dos processos produtivos. Desemprego voluntário Tipo de desemprego resultante
da recusa em aceitar um emprego por parte do trabalhador, em conseqüência de vários fatores
não motivadores: baixa remuneração, más condições de trabalho, etc. DESEMPREGO(TAXA)
N.º de desempregados por cada 100 habitantes da população ativa. Ou seja, = Nº de
desempregados x 100 / População ativa A taxa de desemprego depende de inúmeros fatores:
instabilidade econômica e política, problemas estruturais, taxa de atividade feminina.
3.4. A formação do mercado de trabalho no Brasil
A formação de um mercado de trabalho regular é condição indispensável para a existência do
modo capitalista de produção.
No Brasil, a formação do mercado de trabalho, na sua forma capitalista, tem como data marcante
o ano de 1850, tanto pela Lei de Terras, como pela lei que decretou, de vez, o fim do tráfico
negreiro de forma eficaz (Lei Eusébio de Queiroz), abrindo espaço para o processo de abolição
da escravatura no Brasil. (CONRAD, 1978) O processo de formação do mercado de trabalho é
complexo e regionalmente diferenciado no Brasil.
20
1
O mercado de trabalho brasileiro se formou com base em três elementos. O primeiro, oriundo do
processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, com o ex-escravo, pós-abolição
de 1888, sendo incorporado ao mercado de trabalho (GEBARA, 1986, p.208). O segundo
elemento é o imigrante, que foi a principal fonte de mão de obra para a cafeicultura que se
expandiu pelo Oeste Novo Paulista nas últimas décadas do século XIX. Estes também foram a
principal fonte de força de trabalho para a indústria nascente paulista. (BEIGUELMAN, 1977). O
terceiro elemento, e talvez o mais complexo foi o “elemento nacional livre”, composto por
homens brancos livres e pobres, negros forros, libertos, “fugidos”, e mestiços. Foram indivíduos
que durante o período colonial e o período da escravatura pós-independência, constituíram parte
acessória da força de trabalho. (KOWARICK, 1987).
O mecanismo que transforma indivíduos expropriados em proletários é a disciplina para o
trabalho regular. Como chamou atenção Marx, no capítulo sobre acumulação primitiva, é esta
“disciplina” que, de fato, garante e consolida a formação do mercado de trabalho. O regime de
escravidão já traz consigo uma forte disciplina para o trabalho regular, em outras palavras, o
escravo é disciplinado para o trabalho regular via coerção, em geral coerção por métodos
violentos (açoite, marcas de ferro em brasa, reclusão, dentre outros), a coerção do cativeiro
garantia a reprodução do modo de produção no escravismo.
O objetivo deste trabalho é, à luz da legislação sobre trabalho no século XIX, procurar entender a
formação do mercado de trabalho no Brasil através dos mecanismos de disciplina para o trabalho
regular.
21
DIEESE LANÇA LIVRO A SITUAÇÃO DO TRABALHO NO BRASIL Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos - elaborou um conjunto de publicações
encabeçado pelo livro A Situação do Trabalho no Brasil, e acompanhada por três livretos com
temas estruturantes da produção.
Proporção dos ocupados na indústria, serviços e agricultura e
de ocupados segundo posição na ocupação Brasil e Grandes Regiões – 1999
em %
Indicadores
Total
Norte
Nordeste
Brasil
Centro-
Sudeste
Sul
Oeste
Ocupados
Indústria 1
12,7
10,2
7,7
8,6
15,7
16,0
Agricultura
24,2
13,2
40,7
22,8
13,4
26,4
Serviços 2
41,2
49,5
32,1
46,1
47,2
37,6
Assalariados
58,7
59,4
45,0
64,6
68,0
56,3
Conta Própria
23,2
26,6
29,1
19,7
20,1
21,6
9,3
7,2
16,9
5,8
4,2
11,5
Trabalhadores
não remunerados
Fonte: IBGE. PNAD
Elaboração: DIEESE
Nota: (1)Indústria engloba indústria da transformação e outras atividades industriais
(2)Serviços engloba prestação de serviços, serviços auxiliares de atividade econômica, transporte e
comunicação social e administração pública
22
Distribuição de renda na economia é a forma como a renda é distribuída pelos habitantes de um
país ou região.
Um dos temas que mais intriga os economistas é como medir o resultado das atividades
econômicas, ou seja, como avaliar corretamente a riqueza que é produzida.
A forma mais tradicional de se medir o desempenho da economia de um país é pela análise de
seu Produto Interno Bruto - PIB e de seu corolário, a renda per capita - que nada mais é o que o
valor do PIB dividido pelo número de habitantes.
O PIB nos diz qual é a riqueza total de um determinado país. Dividi-la, aritmeticamente, pelo
número de seus habitantes nos dá uma idéia - muito imperfeita - do padrão de vida de sua
população.
Já em 1908 dizia Schumpeter:
''Ninguém dá importância ao pão pela quantidade de pão que existe num país ou no mundo, mas
todos medem sua utilidade de acordo com a quantidade disponível para si, e isso, por sua vez,
depende da quantidade total''. Um país pode ser muito rico e seus habitantes muito pobres
Fonte: http://socserv.mcmaster.ca/econ/ugcm/3ll3/schumpeter/socialval.html
SCHUMPETER, Joseph E. ''On the Concept of Social Value''. in Quarterly Journal of Economics, volume 23, 1908-9. Pp. 213232
http://txt.estado.com.br/editorias/2006/09/27/eco-1.93.4.20060927.21.1.xml
GARDELS, Nathan.
''Globalização produz países ricos com pessoas pobres: Para Stiglitz, a receita para fazer esse
processo funcionar é usar o chamado "modelo escandinavo".
Ou pode não ser tão rico e seus
habitantes desfrutarem de um padrão de vida superior ao de um país que tenha uma renda per
capita maior. O que determina essa diferença é o perfil da distribuição de renda, ou seja, como a
riqueza total que é produzida no país se distribui entre os habitantes.
Fonte: Economia & Negócios, O Estado de S. Paulo, 27/09/2006.
Para analisar estas questões de distribuição de renda na economia foram criados diversos índices
estatísticos. Dentre os mais conhecidos encontra-se o ''P90/P10'' ou ''10% mais ricos a 10% mais
pobres'', que mede quanto o grupo formado pelos 10% mais ricos da população recebe em
comparação ao grupo dos 10% mais pobres. Outro índice muito conhecido é o Coeficiente de
Gini.* (4.4. pág.
)
23
Alguns índices têm sua origem na sociologia e ajudam a compreender como os habitantes de um
país se beneficiam (ou não) com a riqueza ali produzida.
O principal deles é o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH.
Muitos querem relacionar os problemas de distribuição de renda a questões ideológicas.
Na realidade trata-se de uma questão fundamental de macroeconomia e com ela se preocupam as
maiores entidades mundiais, adeptas das mais variadas ideologias, da extrema direita à extrema
esquerda. [http://livrecomercio.embaixadaamericana.org.br/?action=artigo&idartigo=597
''Grupo do Banco Mundial-FMI Pede Mais Esforços para Reduzir Pobreza''.
Programas de Informação Internacional do Departamento de Estado dos EUA.
Escritório de
24
4. A distribuição de renda no Brasil
O Brasil possui grande parcela da população incapaz de atender às suas necessidades básicas e a
distribuição de renda é uma das mais desiguais do mundo.
A concentração de renda permaneceu praticamente inalterada durante as últimas quatro décadas,
com seus índices oscilando dentre as 10 últimas posições do mundo, dando os primeiros sinais de
melhora somente a partir de 2001.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u113347.shtml - BILLI, Marcelo.
''Desde 2001, crescimento favorece pobres''. que, em 2004, ocorreu o primeiro avanço
significativo para a melhora da desigualdade econômica no país: a taxa de crescimento da renda
per capita para os mais pobres foi de 14,1%, enquanto a renda per capita média cresceu 3,6% no
mesmo período.
Fonte: São Paulo: Folha Online, Dinheiro, Folha de S. Paulo, 24/12/2006
Contribuiu para essa melhora no quadro de distribuição de renda no país:
''Elogios, também, do Banco Mundial um programa de transferência direta de renda, chamado, no
governo Lula, de Bolsa família. Apesar disso, ainda não há garantia de que tal melhora será
mantida no longo-prazo caso seja retirado o Bolsa Família , dado que não se sabe em que medida
a transferência de renda implica em incentivos para as famílias pobres de investir na educação
dos filhos, o que afeta de forma mais significativa a renda familiar de longo-prazo.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/consea/static/noticias/entre_Lindert.htm Bolsa Família
No Brasil, a alta concentração de renda no topo da pirâmide dificulta a sua medição através dos
índices mais comuns como o ''P90/P10''. Isso por causa da anormalidade da distribuição: a
metade pobre da população brasileira ganha em soma quase o mesmo valor (12,5% da renda
nacional) que os 1% mais ricos (13.3%).
Fonte: SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel; organizadores. op. cit., p.XXVIII
25
4.1. Gastos sociais no Brasil
Uma característica peculiar do Brasil seria o fato da alta carga tributária não estar associada a
uma baixa desigualdade de renda. Países como Reino Unido e Espanha, que possuem cargas
tributárias semelhantes à brasileira, têm uma desigualdade de renda consideravelmente menor.
Observa-se também, e talvez como fator causal do primeiro problema, que o Brasil não tem sido
eficaz em utilizar o sistema tributário e de gasto social para reduzir substancialmente sua alta
desigualdade de renda, ou seja, não estaria ocorrendo uma efetiva transferência de renda das
camadas mais ricas para as mais pobres
Fonte: Ministério da Fazenda – Gasto Social do Governo Central, 2001-2002, Brasília, 2003.
Em 2002, os gastos com aposentadorias e pensões representaram 73% das despesas com
transferências monetárias realizadas pelo governo, havendo um perfil regressivo na distribuição,
pois a maior parte é apropriada pelas camadas mais favorecidas. Já os programas sociais de
transferência simples de renda, com o objetivo de garantir uma renda mínima às famílias mais
pobres, representaram apenas 1,5% do total das transferências governamentais.
Fonte: Ministério da Fazenda – Gasto Social do Governo Central, 2001-2002, Brasília, 2003.
Quanto aos gastos com educação, grande parte do orçamento se direciona ao ensino superior,
havendo poucos recursos para os demais níveis da educação, o que leva a distorções sociais
relevantes. Calcula-se que cerca de 46% dos recursos do Governo Central para o ensino superior
beneficiam apenas indivíduos que se encontram entre os 10% mais ricos da população. De todo
modo, na última década, o acesso ao ensino fundamental no Brasil melhorou e ajudou a reduzir a
desigualdade educacional.
Fonte: Ministério da Fazenda – Gasto Social do Governo Central, 2001-2002, Brasília, 2003.
Um artigo publicado por José Márcio Camargo relata que, pelo fato das famílias pobres se
depararem com essa baixa qualidade do ensino, elas tenderiam a dar pouca atenção à educação
dos filhos. O menor investimento no capital humano dos filhos pelas famílias mais pobres pode
criar um ciclo vicioso, pois como esta decisão implica na permanência da pobreza dos filhos no
futuro, dado a baixa qualidade da mão-de-obra (conseqüentemente dos salários), ao lidarem com
26
o mesmo problema, tenderiam a tomar a mesma decisão sobre seus filhos, perpetuando assim a
pobreza.
Fonte: Almeida, H. e J.M. Camargo, ''Human Capital Investment and Poverty'', Texto para Discussão n. 319, Departamento de
Economia, PUC/Rio, 1994.
4.2. Modelo concentrador
Considera-se que o modelo de distribuição de renda no Brasil seria altamente concentrador. Isso
porque o Estado cobra impostos de todos, inclusive dos muito pobres ("tributação indireta
regressiva", que incide sobre os bens de consumo popular e da classe média, fortemente
tributada.
4.3. Um retrato da distribuição de renda no topo da pirâmide: a cidade de São Paulo.
Dados estatísticos oficiais de distribuição de renda no topo da pirâmide de renda no Brasil como
um todo não estão disponíveis, mas um estudo, com fins mercadológicos, feito pela consultoria
''Escopo Geomarketing'', cruzando dados do IBGE para a cidade de São Paulo, revela que os
paulistanos gastam 4 bilhões de reais por ano em produtos de alto luxo. O cruzamento de dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, constatou que um pequeno grupo de
24.700 paulistanos, que representam 0,24% da população da cidade de São Paulo, residem em
domicílios cujo rendimento familiar médio mensal está acima de 50.000 reais. Desses, 7.880
têm renda disponível de 1 milhão de reais por ano, e, no topo deste grupo, noventa domicílios
paulistanos têm renda de 1 milhão de reais por mês.
Fonte: http://veja.abril.com.br/vejasp/especial_luxo/p_012.shtml Clase AAA, Veja São Paulo, Edição Especial Luxo, Vitrines de
Ouro, maio 2005.
4.4. Coeficiente de Gini*
O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano
Corrado Gini, e publicada no documento "Variabilità e mutabilità" (italiano: "variabilidade e
mutabilidade"), em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de
renda mas pode ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e 1,
onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1
27
corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm).
O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais (é igual ao coeficiente
multiplicado por 100).
Enquanto o coeficiente de Gini é majoritariamente usado para mensurar a desigualdade de renda,
pode ser também usado para mensurar a desigualdade de riqueza. Esse uso requer que ninguém
tenha uma riqueza líquida negativa.
Cálculo
O coeficiente de Gini se calcula como uma razão das áreas no diagrama da curva de Lorenz. Se a área entre a linha
de perfeita igualdade e a curva de Lorenz é A, e a área abaixo da curva de Lorenz é B, então o coeficiente de Gini é
igual a A/(A+B). Esta razão se expressa como percentagem ou como equivalente numérico dessa percentagem, que é
sempre um número entre 0 e 1. O coeficiente de Gini pode ser calculado com a Fórmula de Brown, que é mais
prática:
G = │1 - ∑ (Xk+1
-
Xk) (Y k+1
+
Yk)│
onde:
*G = coeficiente de Gini
*X = proporção acumulada da variável "população"
*Y = proporção acumulada da variável "renda"
4.5. Índice de Desenvolvimento Humano
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de riqueza,
alfabetização, educação, esperança média de vida, natalidade e outros fatores. É uma maneira
padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente o bem-estar
infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, e vem
sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu
relatório anual.
Todo ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. Os países
com uma classificação elevada freqüentemente divulgam a informação, a fim de atrair imigrantes
qualificados ou desencorajar a emigração.
28
4.5.1. Critérios de Avaliação.
Para avaliar a dimensão da educação o cálculo do IDH considera dois indicadores.
O primeiro é a taxa de alfabetização, considerando o percentual de pessoas acima de 15 anos de
idade; esse indicador tem peso dois. O Ministério da Educação indica que, se a criança não se
atrasar na escola, ela termina o principal ciclo de estudos, Ensino Fundamental aos 14 anos de
idade. Por isso a medição do analfabetismo se dá a partir dos 15 anos. O segundo indicador é o
somatório das pessoas, independentemente da idade, que freqüentam algum curso, seja ele ensino
fundamental, ensino médio ou ensino superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da
localidade. Também entram na contagem os alunos educação de jovens e adultos supletivos, de
classes de aceleração e de pós-graduação universitária, nesta área também está incluído o sistema
de equivalências, apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.
O item longevidade é avaliado considerando a esperança de vida ao nascer, que é válida tanto
para o IDH municipal quanto para o IDH de países. Esse indicador mostra a quantidade de anos
que uma pessoa nascida em uma localidade, em um ano de referência, deve viver. Ocultamente,
há uma sintetizão ação das condições de saúde e de salubridade no local, já que a expectativa de
vida é diretamente proporcional e diretamente relacionada ao número de mortes precoces.
Ministério da Fazenda – Gasto Social do Governo Central, 2001-2002, Brasília, 2003.
A renda é calculada tendo como base o PIB per capita do país ou município. Como existem
diferenças entre o custo de vida de um país para o outro, a renda medida pelo IDH é em dólar.
PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenças.
4.5.2. Classificação
O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total),
sendo os países classificados deste modo:

Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo.

Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado médio.

Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto.
29
4.6. Situação do Brasil
Segundo o ''Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008' do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD) o Brasil entrou pela primeira vez para o grupo de países com
elevado desenvolvimento humano, com um índice medido em 0.800 no ano de 2005. Mesmo com
uma evolução de 0.008 no índice ante os 0.792 de 2004, o país perdeu uma posição devido ao
grande salto dado pela Arábia Saudita, figurando na 70ª colocação mundial, logo abaixo da
Macedônia (0.801) e acima de Dominica (0.798), entre 177 países-membro das Nações Unidas.
Ainda segundo o relatório, doze países da América Latina e do Caribe têm desempenho superior
ao brasileiro: Panamá (62ª colocação com 0.812), Trindade e Tobago (59ª colocação com 0.814),
Antígua e Barbuda (57ª colocação com 0.815), São Cristóvão e Névis (54ª colocação com 0.821),
México (52ª colocação com 0.829), Cuba (51ª colocação com 0.838), Bahamas (49ª colocação
com 0.845), Costa Rica (48ª colocação com 0.846), Uruguai (46ª colocação com 0.852), Chile
(40ª colocação com 0.867), Argentina (38ª colocação com 0.869) e Barbados (31ª colocação com
0.892).
Há muitas controvérsias quanto ao relatório de 2007 divulgado pelas Nações Unidas. Muitas
instituições afirmam que o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil possa estar errado e
que o correto seria de 0.802 a 0.808. O motivo é não atualização de vários dados por parte da
organização relativos ao Brasil. O primeiro dado seria o PIB per capita, que atualizando as
revisões do IBGE seria de US$ 9.318 e o índice saltaria para algo entorno de 0.806. Outro dado é
a taxa de alfabetização, que evoluiu 88.6% para 89.0%, isso significaria uma elevação de 0.003
no índice final. E há ainda um problema estatístico, a renda per capita de 2005 foi calculada com
base em uma projeção de população de 184 milhões de brasileiros. Mas a Contagem Nacional da
População, feita recentemente pelo instituto, revelou que apenas em 2007 chegamos a esse
número. Se isso for levado em conta, com menos gente para repartir o PIB, a renda per capita
subirá, e o índice ganhará um acréscimo de 0.002.
Mesmo assim, o Brasil continua a ser internacionalmente conhecido por ser uma das sociedades
mais desiguais do planeta, onde a diferença na qualidade de vida de ricos e pobres é imensa. Mas
dados estatísticos recentes, contidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad),
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o quadro começa a se alterar.
Entre 2001 e 2004 a renda dos 20% mais pobres cresceu cerca de 5% ao ano enquanto os 20%
30
mais ricos perderam 1%. Nesse mesmo período houve queda de 1% na renda per capita e o
Produto Interno Bruto (PIB) não cresceu significativamente. A explicação dos economistas
brasileiros e também de técnicos do Banco Mundial para a redução das desigualdades está nos
programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família. No entanto, como mais de dois terços
dos rendimentos das famílias brasileiras provém do trabalho assalariado, há necessidade de
crescimento da economia e do mercado de trabalho.
Na área de educação, o Brasil tem melhor desempenho que a média mundial e regional. No
relatório 2007, o país ficou com um índice de alfabetização adulta de 88.6% (64ª colocação
mundial, logo abaixo dos Emirados Árabes Unidos e logo acima de São Vicente e Granadinas),
índice igual ao encontrado em 2004, por conta das Nações Unidas não ter atualizado os dados.
Segundo o IBGE, a taxa de alfabetização adulta evoluiu de 88.6% para 89.0% no período. O
relatório captou, porém, um aumento no percentual de pessoas em idade escolar dentro das
escolas e universidades, de 86.0% em 2004 para 87.5% em 2005 (36ª colocação mundial, logo
abaixo da Alemanha e acima de Singapura).
Na área de longevidade, o Brasil vem conquistando grandes avanços nos últimos anos. A
expectativa de vida em 2005 foi estimada em 71.7 anos ao nascer (79ª colocação mundial, logo
abaixo da Jordânia e acima da Armênia) segundo o relatório. Em 2004, o índice era estimado em
70.8 anos ao nascer, e, em 2000, 67.7 anos. A esperança de vida brasileira supera a média global.
Esse aumento da longevidade é um indicativo de melhoras no acesso a alimentação, saúde e
saneamento.
Por fim, também a renda influi no cálculo do desenvolvimento humano, sendo no que o Brasil
mais precisa melhorar. O último relatório das nações unidas apresenta um PIB per capita
(Paridade de Poder de Compra - PPC) de Dólar americano US$ 8.402 (67ª colocação mundial,
logo abaixo da Turquia e acima da Tunísia). Com isso, a renda dos brasileiros aumentou, entre
2004 e 2005, de US$ 8.195 PPC para US$ 8.402 PPC. O que causa controvérsia pois as Nações
Unidas não atualizou as revisões do IBGE e continua usando os métodos do chamado "''Velho
PIB''". Com uma revisão de cálculos em Março de 2007, o IBGE descobriu que o país era 10,9%
mais rico do que se imaginava, mudando assim uma série de dados, entre eles o PIB per capita
que deveria ser de US$ 9.318.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) é a mais importante fonte anual de
informações sobre a realidade social brasileira. Trata-se da única pesquisa com abrangência
31
nacional e periodicidade anual contendo informações sobre o bem-estar da população brasileira.
A pesquisa coleta informações de cerca de quatrocentos mil indivíduos em cem mil domicílios,
cobrindo as áreas de população, fecundidade, migração, educação, trabalho e rendimento. Podese pensar na Pnad como o equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) para a realidade
socioeconômica do país.
32
5. Bibliografia
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 1995
WESSELS, Walter W. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998
IBGE
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Ministério da Fazenda
http://www.elianacardoso.com/artigos_de_jornais.php
Pobreza Relativa. Valor Econômico, 8/05/2008
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