Esquematicidade, produtividade e composicionalidade construções verbo-nominais com “deixar” no português do Brasil das José Roberto Prezotto Júnior; Orientador: Prof. Dr. Edson Rosa Francisco de Souza, Campus de São José do Rio Preto, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Licenciatura em Letras, [email protected], Bolsa Fapesp (Processo 2015/21622-5) Palavras Chave: construcionalização, construções verbo-nominais; verbo “deixar” Introdução De acordo com Traugott e Trousdale (2013), podemos distinguir dois tipos de mudança linguística: a construcionalização e a mudança construcional. A última se refere a uma mudança que afeta a dimensão interna de uma construção de maneira gradual, não envolvendo a criação de um novo nó na gramática da língua. Esta mudança pode acarretar à construcionalização, a qual é concebida como a criação de um novo pareamento de formasignificado. Em suma, o processo de construcionalização envolve a neoanálise da forma morfossintática e do significado semânticopragmático de uma construção, acompanhada por mudanças nos seus graus de esquematicidade, produtividade e composicionalidade. As CVNs podem ser agrupadas da seguinte forma: a) Não-lexicalizadas: frutos da construcionalização gramatical, apresentam um grau maior de esquematicidade, maior produtividade e um grau razoável de composicionalidade. Ex.: “deixar claro”: b) Semilexicalizadas: derivadas do processo de lexicalização, apresentam um grau relativo de esquematicidade, maior produtividade e certo grau de opacidade semântica entre forma e função. Como exemplo, temos: “deixar uma imagem”: c) Lexicalizadas: oriundas da construcionalização lexical, são substantivas, menos produtivas e têm um grau maior de opacidade. Ex.: “deixar de fita”. Objetivos O objetivo é investigar e mostrar que as construções verbo-nominais (CVNs), com o verbo “deixar” exibem diferentes graus de esquematicidade, produtividade e composicionalidade no Português do Brasil (PB). Mais especificamente, o objetivo é mostrar que essas construções verbo-nominais podem ser agrupadas em tipos distintos de construções, a saber: não-lexicalizadas, semilexicalizadas e lexicalizadas (ou idiomáticas). Material e Métodos A pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa. O levantamento de dados conta com quatrocentas e vinte seis ocorrências coletadas no Córpus do Português (DAVIES e FERREIRA, 2006). Esses dados foram analisados a partir de um conjunto de sete grupos de fatores, quais sejam: a) anteposição do elemento não-verbal; b) possibilidade de a construção VN ser flexionada; c) possibilidade de a construção VN ser derivada; d) combinação da construção VN com modificadores (advérbios intensificadores e adjetivos); e) Tipo de sentido veiculado pela construção VN; f) possibilidade de substituição da construção VN por um verbo simples; e, g) possibilidade de substituição do componente verbal ou do não-verbal por algum outro elemento. Para a análise estatística, utilizamos o programa sociolinguístico GoldVarbX. Conclusões Em suma, podemos dizer que as CVNs com funções gramaticais, as quais funcionam como predicados complexos, originam-se de um processo de construcionalização gramatical, uma vez que essas construções são esquemáticas, produtivas em termos de frequência e menos composicionais, ao passo que as construções lexicalizadas, classificadas como construções referenciais, originam-se de processo de construcionalização lexical, uma vez que são substantivas, menos frequentes e menos composicionais. Esta descoberta é importante, pois mostra que, mesmo apresentando um padrão similar, tais CVNs apresentam diferentes graus de esquematicidade, produtividade e composicionalidade. Resultados e Discussão A análise mostra que as CVNs com “deixar” apresentam diferentes graus de esquematicidade, produtividade e composicionalidade no PB. Encontramos três tipos diferentes de CVNs: nãolexicalizadas, semilexicalizadas e lexicalizadas, que resultam de dois processos: construcionalização gramatical e construcionalização lexical. XXVIII Congresso de Iniciação Científica Agradecimentos FAPESP (Proc. n. 2015/21622-5). _______________ 1 DAVIES, M. . FERREIRA, M. . Corpus do Português: 1300s-1900s, 2006. Disponível online em http://www.corpusdoportugues.org. ² TRAUGOTT, E. C. & TROUSDALE, G. Constructionalization and Constructional changes. Oxford, 2013. ³ VIEIRA, M. S. M. Idiomaticidade em construções com verbo suporte do Português. Soletras, Rio de Janeiro, n. 28, p. 99- 125. jul-dez, 2014.