REFLETINDO SOBRE O USO DA GRAMÁTICA NO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA BALESTRERY, Andressa da Silva 1 LAGEMANN, Daiane Caroline 2 LINCK, Ieda Márcia Donati 3 PALAVRAS-CHAVE: Nomenclatura. Regramento. Conjunções Introdução Refletir sobre o ensino da gramática normativa da Língua Potuguesa. A partir desta proposta, o presente estudo apresenta uma análise geral sobre algumas especificidades das conjunções. Para ensinar a Língua Materna é necessário considerar questões como: as diferenças regionias e o contexto à que se destina o seu uso social, pois focar a educação em regras rígidas e impor normas é oprimir e desconsiderar o processo de evolução dialetal. De acordo com as idéias de Perini (1976), tal ensino tem que ser contextualizado, com a ponderação sobre as variantes línguisticas para determinar se o uso é apropriado ou não, em substituição ao costumeiro julgamento do “certo ou errado”. Portanto, o uso da gramática normativa como instrumento único é equívocado, elas existem para que o professor as estude e faça uma adequação do conteúdo existente, estes livros são recursos a serem utilizados como embasamento teórico daquilo que o docente julgar relevante, sempre considerando as diversidades existentes. Com base na Nomenclatura Gramatical Brasileira, gramáticas de Cunha (1976), Infante (1997), Luft (1989) e o Livro Didático de Língua Portuguesa de Marilda Prates, objetiva-se a observação nas classificações dos autores para uma investigação sobre as discordâncias e através de Becharra (2002) e Perini (1976), fundamentar a discussão crítica 1 Técnica em Secretariado executivo, acadêmica do Curso de Letras da UNICRUZ e colaboradora da Instituição. [email protected] 2 Professora de Educação infantil e anos iniciais e acadêmica do Curso de Letras da UNICRUZ. [email protected] 3 Professora Especialista, titular da disciplina Língua Portuguesa III do Curso de Letras – Português / Inglês da Universidade de Cruz Alta no 3º Semestre de 2009. [email protected] sobre ensino pautado apenas no uso de nomenclaturas, iniciado na disciplina de Língua Portuguesa III do Curso de Letras da UNICRUZ. Metodologia Para repensar o Ensino da Língua Portuguesa, em especial as conjunções, é necessário ter a clareza de seu conceito e a concepção de sua aplicabilidade. Segundo Infante: “ Conjunção é a palavra invariável que une termos de uma oração ou une orações”(p.325) As conjunções são fundamentais na organização de um texto, servem para ligar as frases, sequenciando as idéias de maneira adequada a proporcionar uma boa compreensão. No entanto, mais do que saber as nomenclaturas dadas, é necessário entender à que propósito elas estão destinadas. O docente precisa deixar claro ao aluno o intento do ensino e a aplicabilidade do conteúdo a ser trabalhado. Segundo Irandé Antunes, Ceará,(2007 apud PAULINA, 2007): É preciso ir além das definições para descobrir, por exemplo, a função deles na introdução e na manutenção do tema ou do enredo" (..)”é necessário ir além da nomenclatura, das classificações, da simples análise sintática de frases soltas para ver como as unidades da língua funcionam na construção dos textos e que efeitos seus usos podem provocar na constituição do discurso.(p.04) As pesquisas realizadas a cerca das conjunções, mostram que as gramáticas no geral prendem-se em nomear e subdividir um assunto ao invés de esclarecer. Essa ênfase ao regramento demasiado acaba levando o aluno a apenas memorizar. Daí a importância de trabalhar a funcionalidade e discutir seu emprego em textos e fazer com que se perceba suas implicações para a escrita de um texto coerente e coeso. Resultados e discussões: No livro didático “Encontro e Reencontro” em estudo, Prates (1998) explica as conjunções de forma superficial. Este apresenta apenas as nomenclaturas, seguidas de exemplos soltos e desconexos, o que configura em uma transmissão isolada das concepções. É importante apresentar uma explicação sobre ela, para que o aprendiz possa identificar e fazer o uso correto das conjunções no contexto de frases e textos. Uma explicação como a oferecida pode acarretar erros sem a análise do restante da oração.“Finais- Para que, afim de que, que, porque. Ex.: Afasta-se depressa o homem afim de que não o vissem. (p. 210)”. Na obra de Luft (1989), ele exemplifica conforme a Nomenclatura Gramatical Brasileira, fazendo acréscimos enriquecedores: “Não se encontra na lista das conjunções o termo “correlativas”. Não é que a NGB não as conheça: elas estão incluídas sob outros nomes”. A diferença positiva para o ensino está no “ Gramática Aplicada aos Textos” de Ulisses Infante, que apesar de breve e objetivo, através de uma linguagem mais atual e clara, amplia a definição “aditivas: exprimem adição, soma (p.326).” Nos demais livros analisados não houve evolução quanto as divisões, pois todoss retornam à NGB, estão padronizados. Conclusão Com a análise dos referidos autores, no que diz respeito a classificação das conjunções, percebe-se que a NGB é seguida, devido ao nivelamento existente nas classificações. Independente de como são apresentadas as explicações todos retornam a Nomenclatura Gramatical Brasileira. Contudo, as subdivisões fazem com que o estudo do item em discussão, se torne cansativo e de difícil compreensão, a distinção ao aluno pode ser dada apenas em coordenativas e subordinativas. É pertinente apresentar a forma com que esse assunto é abordado. Bechara (2002) defende o uso do texto para o ensino da Gramática, pois segundo ele, o uso deste artifício pode ser instrumento gerador de motivação e reflexão no leitor, porém as práticas pedagógicas de alguns professores de Língua Portuguesa revelam o contrário, muitos com uma estratágia de ensino defasada, utilizam frases soltas, avaliando com foco em nomenclaturas, simplesmente para “vencer o conteúdo”. Denota-se aí o uso equivocado da Gramática para o ensino de Língua Portuguesa, e o seu emprego normativo em substituição ao formativo que deveria ser prioridade, simplesmente por acomodação ou por repetição de hábitos. A relevância deste estudo, está justamente na tentativa de evitar este ciclo vicioso de continuidade dos atos daqueles que educaram no passado e no reconhecimento da importância da formação continuada para os docentes, cujas conclusões, estão restritas aos autores citados, no que se refere as conjunções, podendo sofrer influência pela subjetividade de cada avaliador, ou apresentar resultados distintos se forem analisados outros livros ou se o assunto em questão for diferente. Uma coisa é certa: o ensino de gramática apenas será eficaz quando os professores perceberem o aluno como um sujeito falante, que ao chegar na escola já traz consigo o domínio da língua de sua comunidade. Além disso, é preciso repensar o distanciamento existente entre a teoria apresentada pelo professor sobre a língua e a aplicabilidade da mesma no cotidiano do aprendente. Referências BECHARA, Evanildo. Ensino de Gramática . Opressão? Liberdade? 11edição. São Paulo: Ática. 2002. CUNHA, Celso Ferreira. Gramática da Língua Portuguesa. MEC/FENAME/RJ. 3ª edição. 1976. INFANTE, Ulisses. Gramática Aplicada aos textos; São Paulo. Editora Scipione Ltda. 5ª edição.1997. LUFT, Celso Pedro.Moderna Gramática Brasileira. São Paulo. Editora Globo. 17ª edição. 1989. NGB, Nomenclatura Gramatical Brasileira; Portaria nº 152, de 24 de abril de 1957: Ministério do estado da educação e cultura. Disponível em <http://www.portaldalinguaportuguesa.org>. Acesso em 04 jun.2010. PAULINA, Iracy.Revista Nova Escola. 2007. Disponivel em <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/ gramatica-decoreba-423568.shtml >. Acesso em 06 jul. 2010. PERINI, Mário Alberto. A gramática gerativa; introdução ao estudo da sintaxe portuguesa. Belo Horizonte. Vigília.1976. PRATES, Marilda. Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa. São Paulo. Editora Moderna. 1998.