REDE URBANA DE PATO BRANCO SUDOESTE DO PARANÁ

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ESTUDOS DE REDE URBANA: REDE URBANA DE PATO BRANCO SUDOESTE
DO PARANÁ
Karim Borges dos Santos
Aluna do Programa de Mestrado em Geografia da
UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão – Pr
[email protected]
Introdução
Convém ressaltar que esse trabalho é parte de uma pesquisa em andamento, sendo
assim é apenas uma iniciação longe de uma conclusão consistente. Contém discussões a
respeito das pequenas cidades da Rede Urbana de Pato Branco-Pr, cidade com cerca de 70
mil habitantes de centralidade importante junto à rede do sudoeste paranaense; como recorte
espacial, o abjeto de estudo são duas pequenas cidades com semelhanças em sua formação
socioeconômica: Coronel Vivida e Chopinzinho, ambas com cerca de 20 mil habitantes
A formação socioespacial dessa rede de cidades originou uma estrutura territorial de
pequenos centros urbanos com funções ligadas às atividades agropecuárias; após a década
de 1970 mudanças importantes na estrutura econômica a nível nacional e estadual
repercutiram na estagnação destes centros e na diminuição populacional.
O interesse pelas pequenas cidades nos remete a investigação das atividades que dão
suporte a existência desses pequenos centros, bem como as atividades desenvolvidas que
possibilitam sua permanência junto à rede urbana regional, uma vez que todas as cidades
possuem particularidades e atividades que justifiquem sua existência.
Metodologia
O presente trabalho foi realizado a partir de pesquisas bibliográficas referente à formação
histórica da região sudoeste paranaense e das pequenas cidades. Dados disponíveis e IBGE
foram utilizados para a análise da dinâmica populacional das cidades em questão.
A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DA REDE URBANA DE PATO BRANCO
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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As cidades que constituem a rede urbana do sudoeste do Paraná possuem uma
formação histórica particular dentro do contexto estadual. Até a década de 1940 era habitada
por caboclos que ali desenvolviam principalmente atividades extrativistas. Após esse período,
foi ocupada por uma leva de imigrantes gaúchos e catarinenses que desenvolveram na região
atividades agrícolas diversificadas dando a rede de cidades uma nova dinâmica e criando
outros centros como demanda as novas relações de produção que se estabeleceram.
Alguns dos principais núcleos urbanos dessa região tiveram sua gênese em atividades
realizadas anteriormente a colonização. Atividades essas ligadas a extração de erva mate e da
madeira, abundante, onde pequenas cidades foram formadas na intenção de atender
necessidades primárias dos ocupantes deste período. Entretanto, como ressalta Padis (1981)
esses primeiros ocupantes, constituídos de paranaenses provenientes de outras regiões, não
tinham perspectiva de desenvolver economicamente o sudoeste visto que estavam ligados a
centros mais desenvolvidos do estado.
O autor ressalta que os primeiros núcleos, e mais antigos, foram criados, portanto,
por ordem governamental, entretanto eram já em sua formação, destituídos de possibilidades
de integração e desenvolvimento econômico, visto que os primeiros ocupantes, ainda no final
do século XIX, não pretendiam ali instalar-se ou desenvolver outras atividades mais dinâmicas
ligadas à diversificação e comercialização.
Os primeiros núcleos urbanos criados tinham funções limitadas além de pouca
perspectiva de desenvolvimento visto que as atividades realizadas na região contavam com
pouca divisão do trabalho, além de serem extremamente desarticuladas do mercado estadual
e nacional. Estes núcleos, bem como os demais, após a colonização basearam-se em
atividades agropastoris servindo em funções primárias de atendimento a produção regional.
Segundo Padis (1981, p. 167) “surgiram pequenos núcleos urbanos cuja função econômica
principal era a de prestar serviços, especialmente comerciais”. Além disso, os serviços
comerciais referidos eram aqueles de expedição de produtos regionais e abastecimento de
produtos extra-regionais de bens de produção e consumo indispensáveis.
A cidade de Pato Branco, que tem sua gênese ligada à instalação de companhias
colonizadoras pelo Estado, a fim de ocupar as regiões fronteiriças, firmou sua centralidade já
no inicio da formação socioespacial da rede de cidades da região. Primeiramente essa cidade
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teve sua dinâmica ligada a atividades extrativa de madeira abrigando os primeiros ocupantes
da região provenientes de outras áreas do Estado.
Após esse período foi nessa cidade que se instalaram grande parte dos imigrantes
gaúchos e catarinenses que chegaram ao sudoeste, devido à estruturação desenvolvida já na
instalação das madeireiras. Além disso, Pato Branco servia de ponto final de uma estrada
que ligava a região a Porto União e União da Vitória, de onde eram expedidos os produtos
agrícolas da região, sendo assim firmou sua hegemonia como centro coletor e distribuidor de
produtos regionais. Posteriormente tornou-se centro de distribuição de bens de produção,
ferramentas e equipamentos para os produtores regionais, comércio atacadista, além de
oferecer serviços mais raros como os de atendimento médico e odontológico.
À medida que os imigrantes ocuparam a região, foram lentamente estruturando uma
economia de mercado, condição para a formação da rede urbana, comercializando seus
produtos com as demais regiões. As atividades agrícolas baseada em pequenas propriedades
e a densidade populacional ocasionaram a formação de um grande número de centros locais
com pequena distância entre si. As pequenas cidades foram construídas como pontos na com
a função de abastecer a região de produtos manufaturados e bens de produção provenientes
de outras regiões, novos núcleos se desenvolveram a medida que as vias de transporte iam
sendo construídas para viabilizar a comercialização produtiva na região.
Nos anos que se seguiram as pequenas cidades, dentre elas Chopinzinho e Coronel
Vivida, estabeleciam sua centralidade no fornecimento de bens e serviços básicos a
população, especialmente na armazenagem e expedição de produtos agrícolas, sobretudo no
fornecimento de produtos manufaturados provenientes de outras regiões com algumas
atividades industriais principalmente ligadas a atividade madeireira. Ia se estabelecendo uma
hierarquia de centros na região.
1..1As mudanças na Rede Urbana a partir de 1970
Após a década de 1970 importantes mudanças ocorreram na estrutura produtiva do
Estado do Paraná que implicaram em alterações na rede urbana de Pato Branco e na
centralidade das pequenas cidades da região. A incorporação de novos ramos industriais e a
mecanização do campo vinculado a acessibilidade de crédito pelo governo implicou em
mudanças importantes no meio rural. Ao mesmo tempo em que crescia significativamente a
urbanização e a centralização dos novos setores econômicos em nas áreas metropolitanas.
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Por conseguinte as pequenas cidades baseadas na economia agrícola perderam população e
funções. As indústrias estabelecidas em centros maiores passaram a comercializar os
produtos regionais de forma direta, diminuindo a importância dos atravessadores locais,
armazéns e comércio expedidor.
A rede urbana de Pato Branco foi sendo reestruturada junto à rede regional,
observa-se que embora esta cidade mantenha sua centralidade junto aos centros menores
passou diminuir sua influência sobre um grupo de pequenas cidades a oeste da região, estas
interligadas a cidade de Francisco Beltrão. Contudo, observa-se que a cidade de Pato
Branco vem aumentando sua centralidade sobre as cidades a leste da região atraindo um
número crescente de população. De outro lado as cidades de Coronel Vivida e Chopinzinho,
assim como as demais pequenas cidade da rede, vêem sua população diminuir nas últimas
décadas.
Tabe la 1 - População total re side nte por se xo e por idade
Ano Pato Branco
Corone l Vivida
Chopinzinho
1960
51.124
14.500
21.645
1980
45.938
26.947
35.170
1990
55.675
25.140
24.587
2000
62.234
23.306
20.543
2009
70.160
21.830
19.517
Fonte: IBGE, censo demográfico
1.1.2 Qual o papel das pequenas cidades na rede urbana?
Diante dos fatores de concentração urbana na economia capitalista que privilegia os
grandes centros urbanos dotados tanto de infra- estrutura quanto de mão de obra abundante
tem-se o conseqüente esvaziamento das pequenas cidades. São numerosos os estudos que
procuram explicar a dinâmica das grandes metrópoles e sua complexidade funcional.
No entanto a questão que se coloca esta relacionada à funcionalidade das pequenas
cidades e o papel que essas ocupam junto à rede urbana regional. O que nos instiga é
compreender quais funções são desenvolvidas nesses centros menores que possibilitam a
permanência da população ou, principalmente, quais fatores servem de repulsão populacional
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nas últimas décadas. Bem como as atividades desenvolvidas localmente para a reinserção na
rede urbana regional.
Endlich (2006) discute a respeito dos fatores de dispersão e concentração das
atividades econômicas, de acordo com a autora há vários ramos industriais que procuram
pequenas cidades para se estabelecerem, principalmente os tradicionais, atraídos pela mão de
obra abundante e barata, privilégios fiscais, dentre outros benefícios que, muitas vezes estão
relacionados à concorrência entre as pequenas cidades. No entanto há os fatores endógenos
que são a utilização de capitais locais no empreendimento de atividades, muitas vezes
especializadas, na busca de reinserção produtiva na rede urbana regional.
Sobre isso Fresca (2009) discute a redefinição das pequenas cidades na rede urbana
do norte do Paraná. A autora expõe em seu trabalho como algumas cidades ganharam novas
atividades a partir da iniciativa de empreendedores locais com recursos próprios e
reinseriram-se junto à rede urbana regional de forma significativa levando as cidades
estudadas a uma especialização produtiva. Contudo, não deixa de ressaltar que as iniciativas
locais estão sobre a influência macroeconômica de incentivos econômicos e políticos que
viabilizem ou não a realização das atividades industriais locais. (FRESCA, 2009)
Nas cidades estudadas, Coronel Vivida e Chopinzinho, percebe-se uma diminuição
populacional concomitante a uma baixa concentração de atividades industriais.
Nestas
cidades o PIB industrial é aproximadamente duas vezes menor que o PIB agropecuário.
(IBGE, Cidades 2007) De outro lado cresce a centralidade de Pato Branco na oferta de
serviços diversificados e bens de uso menos freqüentes.
Tem-se, portanto, um objeto de estudo que nos remete a análise das atividades que
dão sentido a existência das pequenas localidades, na busca de entender como, diante da
dinâmica global, as pequenas cidades dão suporte a sobrevivência da sua população e quais
fatores contribuem para o desenvolvimento econômico dessas cidades; sobretudo qual o
papel dessas cidades na inserção da rede urbana regional.
REFERÊNCIAS
CORRÊA, R, L. A rede urbana. São Paulo: Ática, 1989
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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__________Cidade e Região no Sudoeste Paranaense. Revista Brasileira de Geografia,
ano XXXII, nº 2, 1970.
__________ Globalização e reestruturação da rede urbana – uma nota sobre as
pequenas cidades. Revista Território, ano IV, nº 6, jan/jun. 1999.
ENDLICH, A.M. Pensando os Papéis e Significados das Pequenas Cidades do Noroeste
do Paraná. Tese de Doutorado. Presidente Prudente, 2006.
FRESCA, T.M. Redefinição dos papéis das pequenas cidades na rede urbana do Norte do
Paraná. In. Endlich, A.M (org) Pequenas Cidades e Desenvolvimento Local. Maringá:
PGE, 2009.
PADIS, P. C. Formação de uma economia periférica: o caso do Paraná. Curitiba:
HUCITEC, 1981.
SANTOS, M. As cidades locais no terceiro mundo: O caso da América Latina. In. Da
Totalidade ao Lugar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual de São Paulo, 2008.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Censo demográfico – 1960-2000.
Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/>. Acesso em: 20 de jun 2010.
IBGE
–
Instituto
Brasileiro
de
Geografia
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 21 jun 2010.
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Estatística.
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