1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO- NÍVEL MESTRADO CORRELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS, TIPO DE CÂNCER E IMC DE PACIENTES ONCOLÓGICOS Celsa Ferreira Lustosa Teresina/2011 2 CELSA FERREIRA LUSTOSA CORRELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS, TIPO DE CÂNCER E IMC DE PACIENTES ONCOLÓGICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, da Universidade Federal do Piauí, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Alimentos e Nutrição. Área de concentração: Alimentos e Nutrição Linha de pesquisa: Nutrição e Saúde Orientadora: Profª Dr ª. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Teresina/2011 3 CELSA FERREIRA LUSTOSA CORRELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS, TIPO DE CÂNCER E IMC DE PACIENTES ONCOLÓGICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, da Universidade Federal do Piauí, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Alimentos e Nutrição. Área de concentração: Alimentos e Nutrição Linha de pesquisa: Nutrição e Saúde Aprovada: BANCA EXAMINADORA Prof ª Dr ª. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Presidente Prof ª PhD Maria Beatriz Abreu Glória 1º Examinador Prof ª Dr ª. Maria Castelo Branco Rocha de Deus 2º Examinador 4 Dedicatória Aos meus pais ANTÔNIO e LUIZA pela formação moral e profissional. Ao meu esposo GLAUSON, principal apoio para a realização deste trabalho, por sua ajuda, carinho e amor sempre presentes. Aos meus filhos ARTUR E BIANCA, razão de tudo. O amor mais puro e verdadeiro. 5 Agradecimentos A Deus, por me permitir terminar mais esta etapa de minha vida, iluminando sempre meu caminho com amor e paciência. À minha orientadora, Profª. Drª. Regilda Saraiva dos Reis Moreira Araújo, um agradecimento especial, pelos exemplos de dedicação com que realiza seus trabalhos, pela grande oportunidade, confiança, orientação, ensinamentos, competência e sabedoria. Obrigada por tudo! Ao estatístico Marcos Antônio Mota Araújo, pela disponibilidade e paciência na analise estatística dos dados desta pesquisa. Aos professores integrantes da banca examinadora de Qualificação, pelas considerações no projeto de pesquisa e as Prof ª PhD Maria Beatriz Abreu Glória e Prof ª Dr ª. Maria Castelo Branco Rocha de Deus pelas sugestões e correções feitas na pré-banca. Ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição Universidade Federal do Piauí (UFPI), por ter me recebido como aluna. da À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Profª. Drª. Regilda Saraiva dos Reis Moreira Araújo pela organização e dedicação com que coordenou este mestrado. Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, pelo apoio, ensino e incentivo. Aos funcionários e bolsistas do Departamento de Nutrição da UFPI e do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, em especial Sr. Osvaldo, Sr. Lima, D. Maisa, Jéssica e Laina, pela disponibilidade em sempre nos ajudar com alegria e paciência. À Oncoclínica, por autorizar a realização desta pesquisa. Aos pacientes, que concordaram em fazer parte desta pesquisa disponibilizando tempo para a coleta de dados e pelo grande aprendizado de força e coragem. A todos os funcionários da Oncoclínica, em especial a nutricionista e amiga Socorrinha Coelho, pela atenção, apoio e colaboração para execução deste trabalho. Ao meu esposo Glauson, pelo apoio e compreensão, principalmente nos momentos que não pude dar a atenção que merecia. Obrigada por fazer parte deste momento da minha vida. 6 Às minhas companheiras de trabalho e amigas do Hospital de Urgências de Teresina (HUT), pelo apoio e colaboração para a execução deste trabalho, pois sem vocês esse sonho não seria possível. Às amigas Heila e Suely, pela amizade e apoio para não me deixar desistir deste trabalho nas horas mais difíceis desta caminhada. Aos meus colegas da turma de Mestrado, em especial a Ana Lina, Marina e Rosana, pelo carinho, companheirismo e pela amizade que construímos. A todos que me incentivaram e contribuíram para que este trabalho fosse realizado e que por ventura não foram mencionados aqui. Muito obrigada! 7 “De tudo, ficaram três coisas: a certeza de estar sempre começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de ser interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança. Do medo, uma escada. Do sonho, uma ponte. Da procura, um encontro.” (Fernando Sabino) 8 RESUMO LUSTOSA, C.F. Correlação entre o consumo de alimentos ricos em poliaminas, tipo de câncer e IMC de pacientes oncológicos. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina – PI, 2010. O objetivo deste estudo foi determinar o consumo de alimentos ricos em poliaminas por pacientes oncológicos e relacionar com o tipo de câncer e IMC. Foi realizado um estudo observacional, descritivo, analítico e transversal, no qual o universo foi constituído de 133 pacientes que realizavam tratamento quimioterápico ou similar em clinica especializada em oncologia, de ambos os sexos, com faixa etária de 21 a 59 anos. Para registro do consumo alimentar foi aplicado um Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFCA), previamente validado. Para verificação do consumo de alimentos fontes de poliaminas, foi feita uma identificação, a partir do QFCA, dos alimentos mais consumidos e ricos em poliaminas. Foi elaborado um banco de dados no software Epi Info versão 6.04b, sendo aplicados os testes estatísticos t de Student e o qui-quadrado e adotado o nível de significância de 5%. Os resultados mostraram uma população predominantemente feminina (77,4%), com uma media de idade em torno de 51 anos. Quanto ao estado civil a maioria da população era casada (73,7%). A escolaridade foi em torno de 8 anos de estudo e a maioria trabalhava (57,1%). A localização do câncer em 54,1% era na mama. Em relação ao IMC, a eutrofia foi a que apresentou a maior porcentagem com 36,8%, seguida de excesso de peso com 33,8% e da obesidade com 21,1%. O grupo de alimentos com o maior consumo diário foi o das frutas e vegetais, apresentando diferença estatisticamente significativa (p<0,05), seguido do de cereais e leguminosas. O consumo médio diário de poliaminas pelos pacientes oncológicos estudados foi considerado baixo, e o consumo semanal e a freqüência de consumo total foram moderados. Verificou-se correlação estatisticamente significativa (p<0,05) entre o câncer de intestino e a obesidade com o consumo de poliaminas. Palavras-Chave: Consumo alimentar; Poliaminas; Câncer; Pacientes oncológicos. 9 ABSTRACT LUSTOSA, C.F. Correlation among consumption of foods rich in polyamines, cancer type and BMI of cancer patients. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina – PI, 2010. The objective of this study was to determine the consumption of foods rich in polyamines by cancer patients and correlate it with the type of cancer and BMI. An observational, descriptive, analytical and cross. Study was conducted with 133 patients of both sexes, 21 to 59 years of age in a clinic specialized in oncology, that performs chemotherapy. Food intake was investigated by means of a previously validated questionnaire was applied to food frequency (FFQ). The consumption of foods rich in polyamines, was identified based on the FFQ applied. A database in Epi Info version 6.04b was constructed and applied statistical tests, Student t test and chi-square were applies at significance level of 5%. The results showed a predominantly female population (77.4%), an average age around 51 years. As to the civil status the majority were married (73.7%). Schooling was around 8 years of study. The majority of the individuals worked (57.1%). The location of the cancer in 54.1% of the patients was breast cancer. Regarding the BMI normal weight individuals were prevalent with 36.8%, followed by excess weight with 33.8% and 21.1% with obesity. The food group with the highest daily consumption was fruits and vegetables, significant statistically correlation (p<0,05), followed by cereals and legumes. The estimated average daily intake of polyamines for cancer patients studied was considered low, and the weekly consumption and frequency of total consumption were seen as moderates. There was significant statistically correlation (p<0,05) among the obesity and the bowel cancer with the consumption of polyamines. Keywords: Food consumption; Polyamines; Cancer; Oncology patients. 10 LISTA DE TABELAS 1. Teores de poliaminas obtidos em estudos com alimentos realizados no Brasil ................................................................................................................................... 24 2. Teores de poliaminas obtidos em estudos realizados com alimentos em outros países ....................................................................................................................... 25 3. Características sócio-demográficas nos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 .................................................................................................................................. 41 4. Localização do câncer dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010.....................46 5. Tempo em anos de diagnóstico de câncer dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 ......................................................................................................................... 47 6. Tipo de tratamento para o câncer dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 ................................................................................................................................... 48 7. Média e desvio-padrão do peso e altura dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 .......................................................................................................................... 49 8. Índice de Massa Corporal segundo o sexo dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 .......................................................................................................................... 50 9. Alimentos ricos em poliaminas mais consumidos pelos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 .......................................................................................................... 62 10. Correlação entre o consumo de alimentos ricos em poliaminas, o tipo de câncer e índice de massa corporal. Teresina, 2010 ........................................................... 63 11 LISTA DE FIGURAS 1. Estrutura química das poliaminas ........................................................................ 19 2. Vias para síntese de poliaminas........................................................................... 20 3. Mudança alimentar após diagnóstico a doença instalada. Teresina, 2010........................................................................................................................... 52 4. Consumo alimentar dos grupos das carnes, ovos e leguminosas dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 ................................................................................... 57 5. Consumo alimentar do grupo de cereais e massas dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 ......................................................................................................... 58 6. Consumo alimentar dos grupos das frutas e vegetais dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010 .......................................................................................................... 59 12 LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACS American Cancer Society ADC Arginina descarboxilase ADOMETDC S-adenosilmetionina descarboxilase AGM Agmatina DFMO Alfa-difluoro-metil-ornitina DNA Ácido desoxirribonucleico DRI Ingestão dietética de referência EPD Espermidina EPM Espermina FDA Food and Drug Administration IMC Índice de Massa Corpórea INCA Instituto Nacional do Câncer ODC Ornitina descarboxilase OMS Organização Mundial de Saúde PA Poliaminas PUT Putrescina QFCA Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar R24 Recordatório de 24 horas RNA Ácido ribonucleico UFPI Universidade Federal do Piauí VET Valor Energético total WCRF World Cancer Research Fund WHO World Health Organization 13 SUMÁRIO 1.0 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 16 2.0 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 18 2.1 Aminas biotivas................................................................................................ 18 2.2 Poliaminas........................................................................................................ 19 2.2.1 Definição e classificação .............................................................................. 19 2.2.2 Síntese.......................................................................................................... 20 2.2.3 Funções......................................................................................................... 21 2.2.4 Ocorrência nos alimentos.............................................................................. 21 2.3 Câncer............................................................................................................. 26 2.3.1 Definição e etiologia...................................................................................... 26 2.3.2 Processo de formação do câncer.................................................................. 27 2.3.3 Dados epidemiológicos................................................................................. 28 2.3.4 Estado nutricional no câncer ........................................................................ 29 2.4 Consumo alimentar e condições de saúde...................................................... 30 2.5 Consumo de poliaminas e câncer.................................................................... 32 3.0 OBJETIVOS .................................................................................................... 36 3.1 Objetivo geral .................................................................................................. 36 3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 36 4.0 METODOLOGIA.............................................................................................. 37 4.1 Tipo de estudo.................................................................................................. 37 4.2 Local e período do estudo................................................................................ 37 4.3 Amostra............................................................................................................ 37 4.4 Critérios éticos ................................................................................................. 37 4.4.1 Consentimento livre e esclarecido ................................................................ 37 4.4.2 Inclusão ......................................................................................................... 37 4.5 Caracterização dos pacientes .......................................................................... 38 4.6 Estudo piloto ..................................................................................................... 38 14 4.7 Dados antropométricos (IMC)........................................................................... 39 4.8 Consumo alimentar.......................................................................................... 39 4.9 Consumo de alimentos ricos em poliaminas.................................................... 40 4.10 Valor energético total....................................................................................... 40 4.11 Analises dos dados ......................................................................................... 40 5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 41 5.1 Caracterização da população............................................................................ 41 5.1.1 Idade e sexo .................................................................................................. 42 5.1.2 Estado civil .................................................................................................... 43 5.1.3 Escolaridade .................................................................................................. 43 5.1.4 Trabalho ......................................................................................................... 44 5.2 Variáveis relacionadas ao diagnostico e tratamento do câncer......................... 45 5.2.1 Localização do câncer .................................................................................... 45 5.2.2 Tempo de diagnóstico do câncer .................................................................. 47 5.2.3 Tipo de tratamento do câncer ......................................................................... 48 5.3 Dados antropométricos ...................................................................................... 48 5.3.1 Índice de massa corpórea (IMC) ..................................................................... 49 5.3.2 Mudanças na alimentação após diagnostico da doença ................................ 51 5.4 Consumo alimentar ............................................................................................ 54 5.5 Consumo alimentar de alimentos ricos em poliaminas ...................................... 60 5.6 Correlação entre consumo de alimentos ricos em poliaminas, o tipo de cancer e o índice de massa corporal ...................................................................................... 63 5.7 Consideraçoes sobre o consumo de poliaminas em pacientes oncológicos ................................................................................................................................... 64 15 6.0 CONLUSÕES..................................................................................................... 62 7.0 SUGESTÕES...................................................................................................... 63 8.0 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 64 ANEXOS .................................................................................................................. 75 APÊNDICES ............................................................................................................. 84 16 1.0 INTRODUÇÃO Poliaminas (PA) são bases orgânicas alifáticas e não aromáticas pertencentes ao grupo das aminas bioativas. Elas compreendem a espermina (EPM) e a espermidina (EPD). A putrescina (PUT) é uma diamina precursora das poliaminas. O fornecimento exógeno de poliaminas é obtido pelo consumo dietético e pela absorção intestinal dos produtos do metabolismo bacteriano. Estas substâncias são encontradas em quase todas as células e apresentam um papel importante na regulação do crescimento e proliferação celular, na estabilização de mutações negativas do ácido desoxirribonucléico (DNA), transcrição do ácido ribonucléico (RNA), síntese de proteínas, apoptose e regulação da resposta imune (LIMA; GLÓRIA, 1999; LARQUÉ et al., 2007). As poliaminas também estão relacionadas à toxidade e a doenças no homem, em particular, o câncer (BARDÓCZ, 1998). Segundo Lindemose et al. (2005), a concentração de poliaminas está aumentada em células cancerosas quando comparadas com células normais, e conseqüentemente, associada com o processo de progressão do tumor. A demanda corporal de poliaminas é suprida principalmente pela dieta e a diminuição da ingestão destas pode vir a reduzir a progressão do tumor (BARDÓCZ et al., 1995). O controle dietético de poliaminas em humanos foi pouco testado, mas bem sucedido (CIPOLLA et al., 2007; CIPOLLA et al., 2010), em animais experimentais esse controle também apresentou bons resultados (BARDÓCZ et al., 1995). A complexidade da dieta humana tem instigado pesquisadores a procurar os meios mais adequados para avaliar qualitativa e quantitativamente o consumo de alimentos, a dimensionar a adequação de nutrientes e estudar a relação entre a dieta e a doença (MATARAZZO, 2006). As pesquisas de consumo alimentar constituem instrumentos eficazes e de baixo custo, que permitem obter informações sobre as características da ingestão dietética de grande parte da população. Estas podem ser realizadas por meio de inquéritos dietéticos, que determinam, de forma indireta, o estado nutricional de grupos e indivíduos (LIMA et al., 2003). O índice de massa corporal (IMC) é obtido a partir do peso e da altura, assim, mudanças nessas medidas, fazem com que este índice também se modifique. O 17 IMC é utilizado principalmente em grupos de pessoas e tem aplicação simples. Sua importância está bem evidenciada em estudos que o relaciona com a mortalidade. O aumento do risco de morte por doenças cardiovasculares, câncer e outras doenças aumentam com o aumento do IMC, enquanto que índices abaixo dos valores referenciados pela Organização Mundial de Saúde (2003) estão relacionados ao aumento da mortalidade por outras doenças, como: respiratórias e infecciosas, tanto em homens quanto em mulheres. Esse índice ignora a composição corporal, mas isso não invalida sua relevância (CALLE et al., 1999). Câncer é o termo comum para todos os tumores malignos. A falha no mecanismo normal de regulação do crescimento, proliferação e morte celular é comum a todas as formas da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) a incidência de câncer tem aumentado consideravelmente em todo o mundo, configurando atualmente como um dos mais importantes problemas de saúde publica mundial (INCA, 2009). A longevidade da população tem aumentado muito. E este aumento foi acompanhado pela mudança no perfil da mortalidade com diminuição de doenças infecciosas e aumento concomitante da taxa de doenças crônico-degenerativas, especialmente as doenças cardiovasculares e o câncer. No Brasil, o câncer constitui a segunda causa de morte por doença (GUERRA et al., 2005; GAROFOLO et al., 2006). Pesquisas sobre o conteúdo de poliaminas em alimentos e acerca da sua relação com a saúde e a doença, em especial, o câncer, vem sendo realizadas e despertam grande interesse da comunidade científica e acadêmica. Entretanto, os dados ainda são escassos. Sabendo-se que não é possível intervir de modo eficaz sem um embasamento consistente, ressalta-se a relevância da presente pesquisa, visto que, mediante o conhecimento sobre o consumo alimentar de poliaminas e sua relação com o câncer, mais facilmente poderão ser definidas estratégias para a intervenção nutricional. É válido destacar, que os dados gerados com o presente estudo poderão subsidiar outros estudos e auxiliar a conduta dietoterápica. Tendo em vista o exposto acima e como uma das fontes de poliaminas é a dieta, o objetivo deste trabalho foi avaliar o consumo de alimentos ricos em poliaminas por pacientes oncológicos em Teresina-PI e correlacionar com o tipo de câncer e o IMC. 18 2.0 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 AMINAS BIOATIVAS As aminas bioativas ou biologicamente ativas são bases orgânicas alifáticas, aromáticas ou heterocíclicas de baixo peso molecular. São também definidas como compostos nitrogenados onde um, dois ou três átomos de hidrogênio da amônia foram substituídos por grupos alquila ou arila. As aminas são formadas por processos bioquímicos e participam de funções metabólicas e fisiológicas importantes nos organismos vivos, desempenhando diversas atividades biológicas. São encontradas em alimentos de origem animal e vegetal, bem como em alimentos fermentados (BRINK et al., 1990; GLÓRIA, 2003). As aminas podem ser classificadas de diferentes formas. Quanto ao número de grupamentos amina na molécula, as aminas são classificadas em monoaminas (tiramina, feniletilamina), diaminas (histamina, triptamina, serotonina, putrescina e cadaverina) e poliaminas (espermina, espermidina e agmatina) (BARDÓCZ et al., 1995). De acordo com a estrutura química, as aminas podem ser classificadas em alifáticas (putrescina, cadaverina, espermina, espermidina e agmatina), aromáticas (tiramina, feniletilamina) e heterocíclicas (histamina, triptamina) (SALAZAR et al., 2000). Quanto a via biosintética, as aminas se classificam em biogênicas e naturais. As principais aminas biogênicas são histamina, serotonina, tiramina, feniletilamina, triptamina, putrescina, cadaverina e agmatina. Estas são formadas pela descarboxilação de aminoácidos por enzimas microbianas. A histamina por estar armazenada nos mastócitos e basófilos, e pode ser classificada como biogênica e natural (BARDÓCZ et al., 1995; SALAZAR et al., 2000). As aminas biogênicas são encontradas em vários alimentos que incluem pescados, carnes, laticínios, vinhos, cervejas, frutas, nozes, chocolates e outros. Podem desempenhar função psicoativa (atuação no sistema nervoso central) ou vasoativa (atuação direta ou indireta no sistema vascular, podendo ser vasoconstritora ou vasodilatadora). Tiramina, triptamina e feniletilamina são vasoativas e têm ação vasoconstritora, causando um aumento da pressão sanguínea por constringir o sistema vascular. A histamina apresenta ação vasoativa, 19 sendo vasodilatadora periférica. Já a cadaverina e a putrescina diminuem a pressão arterial (LIMA; GLÓRIA, 1999). A serotonina desempenha importante papel no controle e ingestão alimentar, no sono, na fadiga e no humor (FLORES; GALSTON, 1984; BARDÓCZ et al., 1995). As aminas biogênicas podem apresentar efeitos fisiológicos relevantes, entretanto, quando estão em concentrações elevadas na dieta, podem causar efeitos nocivos à saúde humana. A intoxicação mais frequente causada por aminas envolve a histamina, como resultado da ingestão de alimentos contendo níveis elevados deste composto (LIMA; GLÓRIA, 1999). Dores de cabeça, vômito, edema, diarréia e hipertensão são os sintomas observados, podendo também ocorrer edema de glote (MOINARD et al., 2005). 2.2 POLIAMINAS 2.2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO As poliaminas são substâncias pertencentes ao grupo das aminas bioativas, presentes em todos os animais e vegetais. Estão em todos os organismos e são formadas durante processos metabólicos normais (FLORES; GALSTON, 1984; BARDÓCZ et al., 1995). As poliaminas mais importantes são a espermina [N-3(3aminopropil)-1,4-butano espermidina diamina ou aminopropil-tetrametileno-diamina] [N,N´-bis(3-aminopropil)-1,4 butano diamina ou e a diaminipropil- tetrametilenadiamina] e se caracterizam por possuírem mais de dois grupamentos amino (FIGURA 1). A diamina putrescina [1,4-butano diamina] e a agmatina são precursoras destas poliaminas (WALLACE; CASLAKE, 2001; MOINARD et al., 2005). H2N - (CH2)4 - NH - (CH2)3 - NH2 H2N - (CH2)3 - NH - (CH2)4 - NH- (CH2)3 - NH2 Espermina Figura 1. Estrutura química das poliaminas. Fonte: LIMA; GLORIA (1999). Espermidina 20 Estas substâncias regulam o crescimento e a diferenciação das células dos eucariotas e procariotas. São componentes indispensáveis de todos os organismos vivos, importantes no crescimento, renovação e metabolismo celular (KAROVIČOVÁ; KOHAJDOVÁ, 2005; SOULET; RIVEST, 2007). As poliaminas podem ser formadas e degradadas como resultado da atividade metabólica normal dos animais, vegetais e microrganismos (SALAZAR et al., 2000). A espermina e espermidina são formadas in situ nas células à medida que são requeridas, sendo a putrescina um intermediário obrigatório. (BARDÓCZ et al., 1995; SHALABY, 1996; LIMA; GLÓRIA, 1999). 2.2.2 SÍNTESE A síntese de poliaminas é um processo complexo e tem seu início em uma reação de descarboxilação. A biossíntese dessas aminas é regulada por duas enzimas chave: ornitina descarboxilase (ODC) e S-adenosilmetionina descarboxilase (AdoMetDC) e são formadas por metionina, agmatina ou arginina. A principal rota para a formação da putrescina em células de mamíferos é a via da ornitina descarboxilase (FIGURA 2). Plantas e microrganismos podem também produzir putrescina através da via arginina descarboxilase (ADC) (FIGURA 2) (KALAC; KRAUSOVÁ, 2005). ARGININA ORNITINA ARGININA DESCARBOXILASE ORNITINA DESCARBOXILASE PUTRESCINA N- CARBAMOIL PUTRESCINA AGMATINA PROPILAMINA ESPERMIDINA S- ADENOSIL- METIONINA DESCARBOXILADO S-ADENOSILMETIONINA ESPERMINA Figura 2. Vias para síntese de poliaminas. Fonte: ADÃO; GLORIA (2005). DESCARBOXILASE METIONINA 21 Os pré-requisitos para a formação das poliaminas em alimentos são a disponibilidade de aminoácidos livres, a presença de microrganismos descarboxilase positivos e condições que permitam o crescimento bacteriano e a atividade descarboxilase (BRINK et al., 1990). 2.2.3 FUNCÕES As poliaminas estão envolvidas em diversos processos vitais como síntese de DNA, RNA e proteínas (BARDÓCZ et al., 1995), na proliferação e no crescimento celular e tumoral (BARDÓCZ et al., 1995; SEILER, 2003), estabilidade da membrana (SARHAN et al., 1989), resposta ao estresse e retardamento da senescência (BOUCHERAU et al., 2000; VALERO et al., 2002). Desempenham funções celulares exclusivas, como iniciação e controle da translação de RNAm para síntese protéica (BARDÓCZ et al., 1995; SEILER, 2003). Estudos recentes têm indicado que baixos níveis de poliaminas limitam o crescimento celular. Por outro lado, excesso de poliaminas livres pode induzir toxidade e crescimento anormal, incluindo diferenciação celular, promoção e invasão tumoral, apoptose e necrose (MITCHELL, 2004). As poliaminas são ainda eficientes seqüestradoras de radicais livres, podendo inibir a peroxidação lipídica e retardar a senescência (BARDÓCZ, 1998). O estudo de Bellé et al. (2004) caracteriza o papel antioxidante das poliaminas no cérebro, sendo a espermina mais potente que a espermidina. Segundo Silla-Santos (1996), o efeito antioxidante das poliaminas está diretamente relacionado com grupamentos amino. 2.2.4 OCORRÊNCIA EM ALIMENTOS A ingestão de aminas bioativas está associada com importantes aspectos da saúde e da doença. Os dados sobre o conteúdo de poliaminas em alimentos ainda são limitados e dispersos na literatura. Além disso, os alimentos analisados incluem 22 hábitos específicos de alguns poucos países. Ainda, parte dos dados publicados foi baseada em duas a três amostras individuais de alimentos, não sendo resultados estatisticamente significativos (KALAC; KRAUSOVÁ, 2005). Existem variações nos teores de poliaminas para determinados grupos de alimentos. Alguns autores demonstraram que a carne vermelha contém maior quantidade de espermina, assim como a carne de frango. Já a carne de peixe contém mais putrescina. Em relação ao leite de vaca e ao iogurte, o teor total de poliaminas foi baixo. Os ovos de galinha também apresentaram baixos teores de poliaminas totais. Nas frutas e vegetais foi encontrada alta quantidade de espermidina e putrescina e baixa de espermina. Os pães e cereais não são boas fontes de poliaminas (BARDÓCZ, 1998; ELIASSEN et al., 2002; KALAC; KRAUSOVÁ, 2005). Dentre os estudos brasileiros, segundo Lima et al. (2006), os ovos de galinha, arroz agulhinha tipo longo (Oryza sativa L.), feijão carioca (Phaseolus vulgaris L.), alface lisa (Lactuca sativa L.), laranja pêra (Citrus sinensis L.), batata inglesa (Solanum tuberosum L.), tomate (Licopersicum esculentum Mill.), banana nanica (Musa sp sub-grupo Cavendish), cebola (Allium cepa L.), alho (Allium sativum L.) e azeite extra virgem, contribuem com espermidina e espermina para a dieta, embora os valores possam variar de acordo com a origem e com as formas de armazenamento ou produção. As maiores fontes de putrescina, dentre estes alimentos, são: alface, laranja, tomate, banana e batata frita ou cozida. Segundo Moreira-Araújo (2003), o leite humano tem poliaminas, além das mais descritas na literatura (espermina, espermidina), possui também a agmatina. A precursora putrescina também está presente no leite humano. Este contém também aminas biogênicas em quantidades muito pequenas, que podem ser provenientes da dieta materna, principalmente de cadaverina e serotonina. As fórmulas infantis artificiais possuem aminas biogênicas em teor bem mais elevado que o leite humano. O leite materno é a principal fonte de poliaminas para recém-nascidos. Os componentes nutricionais do leite humano podem influenciar no desenvolvimento e maturação intestinal em recém-nascidos. No entanto, esses componentes ainda não foram totalmente incorporados às fórmulas infantis porque mais estudos são necessários para esclarecer o seu papel durante esta fase inicial da vida (MOREIRA-ARAÚJO, 2003; MOINARD et al., 2005). 23 Os níveis de poliaminas apresentam-se baixos no leite de vaca, iogurtes. No entanto, o conteúdo das poliaminas pode chegar a um nível extremamente elevado nos queijos, principalmente naqueles que são maturados. As principais poliaminas destes produtos são espermidina e espermina (VALE; GLÓRIA, 1997; FARRIOL et al., 2004). Freitas (2006) determinou os teores de poliaminas nas formulas de nutrição enteral utilizadas nos centro de alta complexidade em oncologia de Belo HorizonteMG, no qual avaliou alguns tipos de fórmulas enterais: as nutricionalmente completas, as infantis e aquelas para situações metabólicas especiais, como fórmulas para diabetes, para insuficiência renal, para trato gastrointestinal comprometido e fórmulas para imunossuprimidos. Freitas (2006) verificou que as fórmulas enterais nutricionalmente completa e as infantis apresentavam baixos teores de poliaminas e suas precursoras (putrescina e agmatina), o que favorece a utilização destas em oncologia. Dentre as fórmulas para situações metabólicas especiais, as dietas para diabetes apresentaram valores estatisticamente significativos de poliaminas, já aquelas para insuficiência renal apresentaram valores nulos ou não detectáveis de poliaminas. No estudo de Freitas (2006), as formulações para trato intestinal comprometido destacaram-se com valores significativos maiores de poliaminas totais. Segundo Deloyer et al. (2001), o desenvolvimento do trato gastrintestinal é dependente da atividade da ornitina descarboxilase e do conteúdo de poliaminas na mucosa. Isto poderia justificar a maior presença de espermina e espermidina nas fórmulas para o desenvolvimento do trato gastrintestinal. Os teores de poliaminas nas fórmulas para imunossuprimidos foram baixos, mas a escolha deste tipo de dieta deve ser feita com cautela em câncer, pois algumas formulações são enriquecidas com L-arginina, que pode ser precursora na biossíntese das poliaminas. Batista (2007), analisando dietas enterais artesanais quanto aos teores de poliaminas em centros de alta complexidade oncológica em Belo Horizonte-MG, detectou que a espermina e espermidina foram as poliaminas mais frequentemente encontradas nos alimentos estudados. São fontes significativas de espermina e espermidina as carnes cozidas (músculo bovino e peito de frango) e o maracujá. Dentre os estudos brasileiros, é possível verificar alguns dados sobre os tipos e teores de poliaminas em alguns alimentos. Estes dados estão apresentados na TABELA 1. 24 Tabela 1 - Teores de poliaminas obtidos em estudos com alimentos realizados no Brasil. Alimentos Abacaxi 1 1 Açucar Alcaparras2 Alface7 Arroz cozido1 EPD Total 0,31 - 1,63 0,07 - 0,44 nd - 0,34 nd - 0,25 0,38 - 2,07 nd 0,19 - 0,57 0,42 - 1,03 nd nd nd nd - 0,18 nd nd nd - 0,20 0,03 nd nd 0,13 - 0,24 0,12 - 0,73 nd nd 0,32 - 1,01 0,54 - 1,97 nd nd nd 0,12 - 0,90 0,03 - 0,09 0,02 - 0,03 nd - 0,60 0,31 0,02 - 0,08 0,06 - 0,11 0,38 nd- 1,29 0,06 - 0,19 0,04 - 0,27 0,72 - 2,15 0,03 0,26 - 0,75 nd - 0,01 nd 0,02 - 6,65 0,07 - 0,15 0,02 - 0,04 nd nd - 0,24 0,15 - 0,34 3,02 - 3,54 nd 2,74 - 4,58 0,03 - 0,03 5,93 - 7,97 0,07 - 1,31 nd nd nd nd nd 0,72 0,18 nd nd 0,24 nd - 1,89 0,35 - 1,22 0,05 - 0,07 nd - 0,04 nd nd 0,03 - 0,04 nd 0,01 - 4,56 nd nd nd nd - 0,20 nd 0,11 - 0,13 nd nd nd 0,28 - 1,41 nd - 0,13 nd 0,03 - 0,13 1,24 - 4,04 0,12 - 0,54 nd 0,34 - 3,17 nd 0,13 - 0,27 0,27 - 0,49 0,67 0,13 - 0,89 0,11 - 0,80 nd nd 0,07 0,04 - 0,18 3,35 - 7,05 0,05 - 1,28 0,01 - 0,92 0,04 - 0,08 0,12 - 0,20 nd - 0,24 0,53 - 1,93 nd - 0,27 0,63 - 1,96 0,08 - 0,61 nd - 0,09 nd nd nd - 1,37 nd 1,03 - 1,33 2,02 - 6,09 0,26 - 1,05 0,18 - 0,26 2,32 - 19,69 0.66 0,26 - 0,56 0,59 - 0,97 3,57 0,6 - 8,00 1,27 - 3,82 0,34 - 0,79 0,94 - 2,71 0,17 0,41 - 1,45 3,77 - 7,23 0,07 - 2,66 0,07 - 15,92 0,16 - 0,36 0,19 - 0,33 0,16 - 0,54 0,91 - 3,13 0,35 - 1,37 6,07 - 9,16 0,24 - 0,88 3,00 - 5,12 0,03 - 0,03 6,65 - 10,55 0,07 - 3,87 nd - 0,14 nd 0,19 - 12,20 0,35 - 13,04 Azeite de oliva e.v1 nd 3 Banana 1,0 - 1,2 Berinjela2 0,66 - 1,15 Beterraba in natura1 0,11 - 0,42 1 Beterraba cozida 0,16 - 0,23 2 Brócolis 1,98 - 15,20 Café 5 0,17 1 Cenoura in natura 0,11 - 0,21 1 Cenoura cozida 0,26 - 0,37 8 Couve 2,28 Couve - flor2 0,47 - 3,93 Espinafre2 0,75 - 1,61 1 Extrato de soja 0,25 - 0,45 1 Feijão cozido 0,22 - 0,52 FIASs9 0,07 1 Goiaba 0,11 - 0,52 1 Laranja 0,06 - 0,13 1 Leite em pó integral 0,01 - 1,38 Leite humano 9 0,03 - 3,79 4 Leite UHT 0,05 - 0,13 1 Limão 0,05 - 0,09 1 Maça 0,16 -0,30 Mamão1 0,38 - 0,76 Manga1 0,20 - 0,76 1 Maracujá 2,31 - 3,53 2 Mandioca 0,16 - 0,27 Músculo moído cozido1 0,26 - 0,45 Ovo cozido1 nd 1 Peito de frango cozido 0,44 - 1,17 6 Queijo mussarela nd -1,06 Tomate2 Poliaminas (mg/100g) EPM AGM PUT* 0,16 - 0,70 EPD=espermidina, EPM=espermina, AGM= agmatina, PUT= putrescina. *Diamina precursora de poliaminas. Valores mínimos e máximos; nd: valores não detectados; FIAs: fórmulas infantis artificiais. Referências: 1 - BATISTA (2007); 2- STARLING (1998); 3- ADÃO; GLÓRIA (2005); 4 - ALMEIDA et al., (2003); 5- SILVEIRA (2008); 6- VALE; GLÓRIA (1997); 7- COELHO (2001); 8- VIEIRA (2003). 25 Comparando-se o percentual de contribuição das poliaminas para pacientes oncológicos no estudo de Freitas (2006), os teores médios de poliaminas variou de 0,04 a 3,50 mg/dia e no de Batista (2007), os teores médios de poliaminas variou de 0,86 a 10,05 mg/dia. Diante destes estudos observa-se que as dietas enterais artesanais apresentam maior teor de poliaminas do que as industrializadas. Os teores de poliaminas de alguns alimentos também são verificados em pesquisas realizadas em outros países. Estes dados estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2 - Teores de poliaminas obtidos em estudos realizados com alimentos em outros países. Alimentos Abacate4 Aface 2 Aveia4 Batata doce4 Batata inglesa1 Chá verde2 Chocolate4 Fígado2 Iogurte 1 Kiwi4 Leite semi desnatado2 Melão 4 Pão integral1 Peixe 2 Pepino2 Pêra4 Presunto4 Tangerina3 Tomate 1, 2 Uva4 Poliaminas (nmol/g) EPD EPM AGM 12,7 6,6 nd 51 - 71 0-9 nd 65,4 12,6 nd 12 - 55 1 - 14 nd 57 - 94 4 - 20 nd nd nd nd 15 - 17 4 -11 nd 48,8 130 nd nd - 9 nd - 11 nd 37,3 7,4 nd 0,03 - 0,06 0,02 - 0,04 nd 77,7 4,2 nd 70 - 102 17 - 43 nd 0 - 26 0 - 11 nd 37 - 71 0 -14 nd 18,4 0,2 nd 8,1 63,4 nd 1 - 16 0-1 nd 22 - 37 0-7 nd 15,2 0,01 nd PUT* 3,1 51 - 83 22,1 7 - 76 66 -145 nd 0 - 10 nd - 10 13,3 0,09 - 0,18 22,7 28 - 46 6 - 35 62 - 99 0,4 nd 118 - 468 108 - 375 34,2 Total 22,40 102,0 - 163,0 100,10 20,00 - 145,0 127,0 - 259,0 nd 19,00 - 38,00 178,8 nd - 30,00 58,00 0,14 - 0,19 104,60 115,0 - 191,0 6,00 - 72,00 99,00 - 184,0 19,00 71,50 119,0 - 484,0 130,0 - 419,0 49,41 EPD=espermidina EPM=espermina AGM= agmatina PUT= putrescina. *Diamina precursora de poliaminas. Valores mínimos e máximos; nd: valores não detectados. Referências: 1 - OKAMOTO et al., (1997); 2- BARDÓCZ et al., (1995); 3- NISHIBORI et al. (2007); 4 -CIPOLLA et al., (2007); 5 - KOZOVÁ et al., (2009). As poliaminas espermina e a diamina putrescina são praticamente onipresentes em todos os vegetais frescos (KALAC; KRAUSOVÁ, 2005). 26 Quantidades significativas de PUT podem ser uma característica das frutas citricas, como laranja, assim como sucos de laranja (BARDÓCZ et al., 1995; ELIASSEN et al., 2002). Foi relatado por Shalaby (1996) que a PUT foi a amina predominante na maioria das amostras de suco de fruta incluindo framboesas, limões, tangerinas, morangos e uvas. No estudo de Saaid et al. (2009), foi verificado que pequenas quantidades de EPD foram encontradas na maioria das amostras de peixe, principalmente devido ao fato de que essa amina desempenha um papel importante no metabolismo de peixes vivos e no crescimento celular (SHALABY, 1996). Hernandez-Jover et al. (1997) salientaram que a EPD é detectada em carne e em produtos de carne e pode ocorrer naturalmente na carne bovina “in natura”, acrescentando-se que sua formação não é devida à deterioração de alimentos ou de processos de fermentação. Kozová et al. (2009) pesquisaram os teores de poliaminas em carne de frango, fígado e coração após o abate e suas alterações durante o armazenamento e cozimento. A carne fresca de frango foi classificada como um alimento com altos níveis poliaminas, principalmente espermina, mas os maiores teores foram obtidos nas vísceras, principalmente no fígado. Foi observado também por Kozová et al. (2009) que após 06(seis) meses de congelamento os teores de espermina e espermidina são aumentados. Kozová et al. (2009) pesquisaram ainda as mudanças no conteúdo de espermina e espermidina, na carne de frango, sobre os diferentes tratamento de cozimento, verificando que assar, fritar ou grelhar o peito de frango parece causar perdas maiores destas poliaminas do que cozinhar (fervura). Segundo Eliassen et al., (2002) tal perda não é relevante estatisticamente. 2.3 CÂNCER 2.3.1- DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA O câncer é a designação genérica de qualquer tumor maligno. As células malignas mostram variadas alterações bioquímicas, morfológicas e funcionais. O 27 câncer usualmente tem crescimento rápido uma vez que a taxa de multiplicação das células malignas é elevada. Há, ainda, perda da diferenciação celular resultando em atipias que vão de discretas até muito intensas. As atipias extremas e a perda completa das características morfológicas de uma célula são chamadas de anaplasia (WHO, 2002). De acordo com a American Cancer Society (ACS, 2002), o câncer pode ser causado por fatores externos (tabaco, químicos, radiação e organismos infectantes) e fatores internos (hormônios, condições imunológicas e mutação) que ocorrem no metabolismo. Certos vírus foram também implicados como agentes produtores de câncer (ALMEIDA et al., 2005; RIVOIRE et al., 2006). Segundo MEYENFELDT (2005), cerca de 5% de todos os cânceres são resultados de mutações genéticas herdadas, e 95% definidos como “esporádicos”, o que significa a combinação da genética, de fatores ambientais e oportunistas. 2.3.2 PROCESSO DE FORMAÇÃO DO CÂNCER Oncogênese ou carcinogênese são termos utilizados para caracterizar todo o processo de desenvolvimento dos tumores. Ao longo do tempo descobriu-se que o organismo humano encontra-se exposto a múltiplos fatores carcinogênicos. Sabe-se hoje também que a predisposição individual tem um papel decisivo na resposta final, porém a relação dose/tempo/efeitos é impossível definir (ALMEIDA et al., 2005; RIVOIRE et al., 2006). A carcinogênese pode iniciar-se de forma espontânea ou ser provocada pela ação de agentes carcinogênicos (químicos, físicos ou biológicos), ocorrendo a modificação genética do DNA, o que caracteriza a fase denominada de iniciação. A segunda fase, conhecida como promoção é o momento em que a exposição repetida aos agentes promotores provoca a expressão de informações genéticas anormais ou mutantes, mesmo após longos períodos de latência. A progressão é a terceira etapa da carcinogênese celular, na qual as alterações celulares já exibem comportamento maligno aumentado. Nesta fase as células apresentam propensão para invadir tecidos adjacentes e gerar metástases (ALMEIDA et al., 2005; RIVOIRE et al., 2006). 28 As células humanas estão equipadas com mecanismos de controle da divisão celular. Mutações no conteúdo genético destas células podem superar este controle e contribuir para a formação do câncer. Um desses mecanismos de ação é a apoptose, que ocorre quando componentes essenciais estão lesados ou o controle do sistema desregulado. O desenvolvimento de células tumorais implica escape a esse mecanismo (ALMEIDA et al., 2005). 2.3.3 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Câncer é um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo responsável por mais de seis milhões de óbitos a cada ano, representando cerca de 12% de todas as causas de morte no mundo. Embora as maiores taxas de incidência de câncer ainda sejam encontradas em países desenvolvidos, dos dez milhões de novos casos anuais de câncer, quase que 50% são diagnosticados nos países em desenvolvimento (WHO, 2004). O número de casos de câncer tem aumentado consideravelmente em todo mundo, principalmente a partir do século XX, configurando-se como um dos mais importantes problemas de saúde pública mundial na atualidade. A frequência de distribuição dos diferentes tipos de câncer apresenta-se variável em função das características de cada região. O processo de reorganização global ou transição epidemiológica determinou grande modificação nos padrões saúde-doença no mundo (WHO, 2004; INCA, 2009). A distribuição dos casos novos de câncer, segundo localização primária, mostra-se heterogênea entre os estados e capitais do Brasil. As taxas brutas de incidência mostram que as regiões Sul e Sudeste, de maneira geral, apresentam as maiores taxas, enquanto que as regiões Norte e Nordeste mostram as menores taxas. As taxas da região Centro-Oeste apresentam um padrão intermediário (INCA, 2009). As estimativas no Brasil para o ano de 2010 serão válidas também para o ano de 2011, apontando para a ocorrência de 489.270 casos novos de câncer, sendo 236.240 casos novos para o sexo masculino e 253.030 para sexo feminino. Estima- 29 se que o câncer de pele do tipo não melanoma (114 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (52 mil), mama feminina (49 mil), cólon e reto (28 mil), pulmão (28 mil), estômago (21 mil) e colo do útero (18 mil) (INCA, 2009). Em 2002, 20 milhões de pessoas conviviam com o câncer e em 2020 provavelmente serão 30 milhões (WHO, 2002). 2.3.4 ESTADO NUTRICIONAL NO CÂNCER A desnutrição é definida como um estado nutricional no qual as deficiências de energia, de proteínas e de outros nutrientes causam efeitos adversos na formação, função e características clínicas nos tecidos corporais. Ela pode ser revertida com aporte de nutrientes. A caquexia, por outro lado, é uma síndrome de origem multifatorial, decorrente de alterações metabólicas, inflamatórias e imunológicas estimuladas pelo tumor. Esta manifesta-se por grau variável de anorexia, alterações de sensibilidade do paladar, saciedade precoce, fraqueza e perda de peso, resultando em atrofia muscular esquelética, miopatia, perda rápida de tecido gorduroso e atrofia de órgãos e vísceras. A caquexia é raramente revertida com oferta isolada de nutrientes (CUSTEM; ARENDS, 2005; SILVA, 2006). As alterações metabólicas desencadeadas pela presença de um tumor são bem conhecidas, porém algumas de suas etapas precisam ser melhor investigadas. Sabe-se que estas alterações afetam o metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos. Este processo inclui aumento no turnover protéico, com redução da síntese muscular de proteínas e aumento da síntese hepática de proteínas na fase aguda. A produção hepática de glicose é também aumentada em pacientes com câncer. Além disso, esses pacientes apresentam resistência insulínica, o que aumenta a intolerância a glicose, tornado-a mal utilizada pelos tecidos periféricos. O aumento na mobilização de gordura periférica e a excessiva oxidação de ácidos graxos são observados. O desarranjo no metabolismo lipídico pode conduzir a depleção dos estoques de gordura e perda de peso (CUSTEM; ARENDS, 2005; UNSAL, 2006). Muitos agentes produzidos diretamente pelo tumor ou pela resposta sistêmica 30 da presença do tumor, como a produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1, IL-6, TNF-α e hormônios, têm sido implicados na patogênese da caquexia. Estas citocinas iniciam a cascata de eventos, incluindo efeitos diretos no metabolismo e supressão do apetite e também efeitos indiretos, associados ao aumento da taxa metabólica basal (TMB) e diminuição do IMC (CUSTEM; ARENDS, 2005). A prevalência de desnutrição e/ou da caquexia acomete de 8% a 84% dos pacientes com câncer, a depender do método usado para avaliação. Acima de 20% dos pacientes com câncer morrem devido aos efeitos da desnutrição, mais do que pela doença propriamente dita (UNSAL, 2006). Tanto a desnutrição como a caquexia podem estar associadas ao aumento de morbidade e mortalidade pósoperatória e menor tolerância à quimioterapia e radioterapia (CUSTEM; ARENDS, 2005; MARTIN et al., 2007). 2.4 CONSUMO ALIMENTAR E CONDIÇÕES DE SAÚDE As sociedades industrializadas, imersas no contexto da “ocidentalização” dos hábitos de vida, caracterizados por práticas alimentares inadequadas associadas à redução na prática de atividades físicas, estão inseridas em um processo de transição nutricional, manifestando crescente prevalência da obesidade e, conseqüentemente, alta da incidência de morbi-mortalidade, por complicações metabólicas e doenças crônicas e degenerativas (BARBOSA 2006; MONTEIRO, 2006). As condições de saúde e nutrição de uma população constituem um reflexo de seu consumo alimentar, principalmente para as crianças, cuja alimentação adequada é condição fundamental para o pleno crescimento e desenvolvimento. O estado nutricional, representado pelo equilíbrio entre o consumo alimentar e as necessidades metabólicas diárias específicas do organismo, indica em que proporção as necessidades fisiológicas de nutrientes estão sendo supridas (SIGULEM, 2000). Uma deficiência quantitativa e/ou qualitativa do consumo de nutrientes e as sucessivas infecções constituem uma das causas imediatas mais significativas dos problemas de saúde e nutrição. 31 Estudos epidemiológicos têm fornecido evidências sobre a importância da dieta na identificação dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, diabetes mellitus e vários tipos de neoplasias malignas. Vários alimentos e nutrientes têm sido relacionados à ocorrência, ou prevenção, de doenças crônicas em diferentes populações (TOMITA, 2002). Conhecer o padrão de consumo alimentar de uma população é essencial para o planejamento de políticas públicas de prevenção e controle de carências nutricionais. Apesar da importância dos estudos de consumo alimentar na identificação dos principais problemas nutricionais, existem grandes lacunas de informações relacionadas às questões de alimentação devido à escassez desses estudos (MENEZES, 2007). É de interesse das pesquisas de caráter populacional o conhecimento da proporção de indivíduos que apresentam ingestão acima ou abaixo das recomendações dietéticas, uma vez que o planejamento de ações de saúde, o seu monitoramento, a intervenção ou a regulamentação de atividades comerciais requerem o conhecimento prévio do consumo de nutrientes pela população (HARRISON, 2004; COSTA et al., 2006). Os dados sobre o consumo alimentar integrados com outros indicadores do estado nutricional, segurança alimentar, morbidade e risco de doenças, são as bases para o monitoramento das tendências dietéticas e a definição de políticas para agricultura, economia e saúde. Paralelamente a isso, esses dados podem auxiliar no desenvolvimento de guias dietéticos e material para educação nutricional, que são fundamentais para o desenvolvimento e a condução de pesquisas científicas, contribuindo para a produção de novos estudos sobre consumo alimentar (SLATER et al., 2003; VOCI et al., 2008). Segundo Harrison (2004), os estudos de consumo alimentar em países em desenvolvimento devem considerar também: a integração do consumo alimentar com outros dados, como saúde, estado nutricional e/ou despesas domésticas; o tamanho e a distribuição geográfica da amostra, a variação sazonal da ingestão alimentar, o desenvolvimento adequado do protocolo de estudo, a utilização dos instrumentos dietéticos adequados, a variação intrapessoal e interpessoal da ingestão dietética, os aspectos culturais específicos e a comparação dos dados com os de outros países ou regiões. 32 Os inquéritos dietéticos são os mais adequados para detectar a deficiência nutricional em seu estágio inicial, sendo, por isso, utilizados em estudos epidemiológicos de associação entre exposição ao fator e desfecho da deficiência (LOPES et al., 2003). O Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFCA) e recordatório de 24 horas (R24h) são métodos de inquérito de consumo alimentar, classificados como retrospectivos, que avaliam o consumo passado (recente e remoto). O QFCA deve ser específico para a população que se deseja estudar, uma vez que a lista dos alimentos deve ser baseada no consumo habitual dessa população. É importante destacar as limitações inerentes às ferramentas de aplicação de um inquérito alimentar, pois é sabido que os perfis socioeconômico, cultural e clínico influenciam fortemente a ingestão alimentar do paciente. Associada a essas variáveis, destacam-se outros fatores, como o sexo, a idade e o nível educacional que afetam o processo cognitivo de lembrar e descrever os alimentos, mesmo aqueles habitualmente consumidos (SILVA et al., 2010). Segundo Queiroz et al. (2007), citado por Campos (2010), o conhecimento da prática alimentar é uma variável indispensável para desenvolver atividade ligada ao estado nutricional de populações, seja de diagnóstico, de intervenção ou de controle. Para a caracterização da dieta habitual de indivíduos são necessários instrumentos que avaliem de forma fácil e com baixos custos o hábito alimentar. Dessa forma, os questionários de freqüência alimentar têm sido particularmente úteis em estudos populacionais sobre dieta e enfermidades crônicas (MATARAZZO, 2006). 2.5 CONSUMO DE POLIAMINAS E CÂNCER A maior parte do conteúdo de poliaminas é proveniente da dieta, principalmente quando essas aminas são digeridas, absorvidas pelo intestino delgado e transportada pela circulação sistêmica aos tecidos e órgãos (BARDÓCZ et al., 1995). Alguns alimentos possuem baixos níveis de poliaminas, assim não são considerados um sério risco para a saúde. No entanto, quando consumidos em quantidades excessivas, como parte de uma dieta base regular, podem causar efeitos tóxicos e doenças como o câncer (SAAID et al., 2009). 33 Segundo Bardócz et al. (1995) e Eliassen et al., (2002), um mecanismo regulador da concentração de poliaminas é a sua captação pelas células intestinais e, essas, quando capturadas, são levadas preferencialmente até os tumores e tecidos em proliferação. As poliaminas podem estar relacionadas a algumas doenças no homem, em particular, o câncer. Concentrações substanciais de poliaminas são também encontradas no lúmen intestinal em condições de jejum, sugerindo que são secretadas endogenamente, e tem sido mostrado que são produzidas a partir de secreções gastrintestinais, descamação dos enterócitos e síntese bacteriana. As poliaminas provenientes dos alimentos são totalmente absorvidas e assim a dieta pode ser uma fonte útil destas substâncias. Além disso, estas poliaminas exógenas são preferencialmente dirigidas e utilizadas pelos tecidos em crescimento (MOINARD et al., 2005; LARQUÈ et al., 2007). No entanto, antes de fazer qualquer recomendação sobre o uso de suplementos ou produtos enriquecidos com essas substâncias, mais estudos sobre sua terapêutica e efeitos nutricionais são necessários (LARQUÈ et al., 2007). Em adultos saudáveis, as poliaminas são necessárias para a renovação celular e mediação da ação de hormônios ou fatores de crescimento. Órgãos que apresentam um alto turnover celular (trato gastrintestinal, pâncreas e baço) são especialmente dependentes de poliaminas dietéticas. A concentração intracelular dessas moléculas é altamente regulada pela via metabólica, a qual é influenciada pela síntese, degradação, ingestão, e excreção dos cátions. Sabe-se que alta atividade da ornitina descarboxilase (ODC) e aumento dos níveis de poliaminas intracelulares ocorrem em células de rápida proliferação e diferenciação. A demanda por poliaminas se encontra significativamente aumentada em casos de cânceres, quando são requeridas para o crescimento e desenvolvimento de tumores. Esta demanda é suprida principalmente pela dieta (BARDÓCZ et al., 1995). A dieta do adulto normal prevê um fornecimento diário de poliaminas. O conteúdo de poliaminas nos alimentos varia muito, vai desde alguns nanomoles a micromoles por grama, além disso, as proporções de poliaminas variam de acordo com diferentes tipos de alimentos (BARDÓCZ et al., 1995; FARRIOL et al., 2004). No entanto, os níveis ótimos de ingestão ainda não foram esclarecidos. De acordo com o estudo de Bardócz et al., (1995), foi possível determinar a ingestão diária média de poliaminas pela alimentação de adultos do Reino Unido e 34 do Sul da Itália. Foi observado que, no Reino Unido, a ingestão diária média de putrescina era em torno de 1.938 mg, 1.450 mg de espermidina e 1.416 mg de espermina. No sul da Itália a dieta continha cerca de duas vezes mais putrescina (3.965 mg) e espermidina 2.610 mg, mas a quantidade de espermina não variou (1.416 mg). A ingestão de alimentos ricos em poliaminas pelo japonês foi estimado em 200 mol / dia / pessoa, cerca de metade deste consumo foi de putrescina (NISHIBORI et al., 2007). Este valor é significativamente inferior aos relatados para países europeus. Vários autores têm ressaltado a importância das poliaminas no crescimento de tumores uma vez que estão diretamente envolvidas nas etapas de síntese de RNA, DNA e proteínas (BARDÓCZ et al., 1995; MEDINA et al., 2003; KALAC; KRAUSOVÁ, 2005). A inibição da biossíntese de poliaminas em tecidos cancerosos encontra-se entre os principais objetivos de pesquisas que envolvem estas aminas. Dessa forma, a nova prática que vem sendo adotada para inibir o crescimento de tumores consiste em limitar a ingestão de poliaminas em pacientes com câncer (ELIASSEN et al., 2002). A depleção intracelular de poliaminas, pela inibição direta da biossíntese, está associada com a diminuição da proliferação celular e foi foco de estudos sobre antiproliferação (BARDACÓZ et al., 1995). Muitos inibidores do metabolismo de aminas têm sido identificados recentemente no intuito de inibir os tumores cancerígenos. Alguns são produtos naturais e outros são sintetizados quimicamente. Um bom exemplo de inibidor do metabolismo de poliaminas é o alfadifluorometilornitina (DFMO). O DFMO foi sintetizado em 1970 por Merrell Dow na Alemanha e foi designado como inibidor suicida da primeira enzima da via biossintética de poliaminas, a ornitina descarboxilase. O DFMO, considerado potente agente anticâncer in vitro, foi altamente efetivo, com significativa inibição do crescimento do tumor. No entanto, in vivo, não mostrou resposta positiva, devido a presença de uma mecanismo compensatório na produção de poliaminas, quando a biossíntese é inibida (WALLACE, 2004). Depois do desapontamento com os estudos dos inibidores do metabolismo de aminas, foram desenvolvidos os análogos de poliaminas, como novos e potentes agentes anti-câncer. A teoria seria que os análogos poderiam competir com as poliaminas ingeridas. Dentro das células, eles poderiam prevenir a biossíntese de 35 poliaminas pelo mecanismo feedback negativo e inibir o crescimento de células tumorais. Entretanto, foi observada uma baixa atividade desses análogos, e a sua toxicidade para o organismo. Com isso, os estudos envolvendo estes compostos foram deixados de lado (WALLACE, 2004), mas os estudos para inibição da biossíntese de poliaminas em tecidos cancerosos encontram-se entre os principais objetivos de pesquisas envolvendo poliaminas (BARDÓCZ et al., 1995). Levêque et al. (2000) analisaram poliaminas em eritrócitos, urina e tecido mamários de pacientes com câncer de mama, encontrando um aumento significativo de poliaminas no tecido canceroso. O estudo de Srinath e Mcquarrie (2002) valida futuros planos para uso de poliaminas, principalmente espermina e espermidina, como possíveis marcadores para imagem em tomografia de carcinoma prostático metastático, já que observaram um aumento significativo na concentração dessas poliaminas dentro das células do carcinoma prostático. Cipolla et al. (2010) reduziram o consumo de poliaminas, selecionando alimentos com baixo conteúdo de poliaminas e reduziram também a produção bacteriana intestinal de poliaminas, através da descontaminação parcial do trato gastrintestinal com antibióticos. Observaram que poderiam melhorar o desempenho do tratamento e o controle da dor em pacientes com câncer de próstata, além de ser benéfico também para a sobrevida dos pacientes, especialmente se iniciada nas primeiras fases da doença (CIPOLLA et al., 2010). De acordo com Bardócz (1998), pode-se reduzir a ingestão de poliaminas para diminuir a progressão do tumor. Diante disso, a nova prática que vem sendo adotada para inibir o crescimento de tumores consiste em limitar a ingestão de poliaminas por pacientes com câncer (ELIASSEN et al., 2002). Devido ao importante papel das poliaminas na saúde e aos seus efeitos no crescimento de tumores cancerígenos, esta pesquisa teve por finalidade diagnosticar o consumo de alimentos ricos em poliaminas em pacientes com câncer e correlacionar com o IMC e o tipo de câncer, visando contribuir para futuras ações preventivas. 36 3.0 OBJETIVOS 3.1 GERAL Determinar o consumo de alimentos ricos em poliaminas por pacientes oncológicos e correlacionar com o IMC e o tipo de câncer. 3.2 ESPECÍFICOS Caracterizar os pacientes quanto ao sexo, idade, IMC, tipo de câncer, tempo de diagnóstico e tipo de tratamento. Diagnosticar o consumo alimentar destes pacientes. Calcular o Valor Energético Total (VET) e o conteúdo de macronutrientes da dieta ingerida pelos pacientes. Verificar quais são os alimentos fontes de poliaminas consumidos pelo grupo estudado. Correlacionar o consumo de poliaminas nos pacientes estudados com o IMC e o tipo de câncer. 37 4.0 METODOLOGIA 4.1 TIPO DE ESTUDO Este estudo foi observacional, descritivo, analítico e transversal. 4.2 LOCAL E PERIODO DE ESTUDO A pesquisa foi realizada em uma Clínica Oncológica de Teresina (PI), no período de março a junho de 2010. 4.3 AMOSTRA A amostra foi determinada mediante a estimativa da freqüência de pacientes atendidos nos últimos 03 meses. O numero amostral foi de 133 pacientes calculados utilizando-se o programa Epi-Info versão 6.0 (DEAN, 1996). 4.4 CRITÉRIOS ÉTICOS 4.4.1 CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Os pacientes que aceitaram a inclusão na pesquisa, ou seja, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi assegurada a confidencialidade das informações (ANEXO A). A instituição foi esclarecida sobre o estudo e, uma vez concordando em participar do mesmo, também assinou um Termo de Consentimento Institucional, conforme a Resolução 196/96 (BRASIL, 1996) (ANEXO A). 38 O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), conforme CAAE 0255.0.045.000-10 (ANEXO C). 4.4.2 INCLUSÃO Foram incluídos indivíduos não internados, de ambos os sexos, com faixa etária de 21 a 59 anos, que realizavam tratamento quimioterápico ou outro tipo de tratamento (hormonioterapia e imunoterapia). 4.5 CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES Os pacientes foram caracterizados quanto ao sexo, idade, tipo de câncer, tempo de diagnóstico e tipo de tratamento, mediante preenchimento de questionário pela nutricionista responsável pela pesquisa (APÊNDICE B). 4.6 ESTUDO PILOTO Realizou-se um estudo piloto com 10% da amostra da população, para testar os instrumentos da coleta de dados e validar um Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar (QFCA) adaptado, tendo como base um QFCA validado por Moreira-Araújo (2003), em estudo anterior. Inicialmente foi aplicado um recordatório de 24 horas (R24) em três momentos (duas vezes na semana e uma no fim de semana). A partir daí, validou-se (WILLETT, 1990) o QFCA adaptado, sendo então aplicado à amostra total. 39 4.7 DADOS ANTROPOMÉTRICOS (IMC) O Índice de Massa Corporal (IMC) é obtido pela divisão do peso em quilogramas pela altura em metros elevada ao quadrado. O IMC reflete a proporção do tecido adiposo na massa corporal, independente de localização desta gordura corporal (DAVIES, 2005). Para avaliação do IMC foram tomadas as medidas de peso e altura. A classificação do IMC foi feita segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (2003). O peso atual foi obtido no momento da avaliação, através da medição em balança Welmy®, de capacidade de 150 kg, com divisões de 100 g, com o indivíduo em posição ereta com o mínimo de roupa possível ou com roupas leves, descalço ou com meias. A calibração foi realizada manualmente, antes de cada pesagem. A balança utilizada foi a mesma durante todo o período. A altura foi aferida através do estadiômetro da própria balança Welmy®, com o indivíduo em posição ereta, de costas para a balança, olhando para frente. 4.8 CONSUMO ALIMENTAR Para avaliação do consumo dos pesquisados foi utilizado o QFCA, adaptado e validado no estudo piloto. Para cada item alimentar do QFCA, os participantes referiram a freqüência média habitual de consumo de cada item à respectiva unidade de tempo [diária (5 a 7 vezes/semana), semanal (1 a 3 vezes/semana), quinzenal (1 vez/15 dias), mensal (1 vez/mês) ou não consome]. O QFCA proposto neste estudo incluiu os alimentos mais citados nos registros alimentares, obtidos utilizando-se o R24h. Os resultados do QFCA da população estudada foram alocados por grupo de alimentos para uma melhor compreensão. 40 4.9 CONSUMO DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS O consumo de alimentos ricos em poliaminas foi obtido a partir da frequência de consumo de alimentos da maioria da população pesquisada, isto, associado aos teores de poliaminas dos alimentos na literatura pesquisada, verificando-se assim a estimativa do consumo médio de alimentos ricos em poliaminas mais consumidos pelos pacientes pesquisados. Foi obtida a frequência de consumo como variável contínua e não categórica. 4.10 VALOR ENERGÉTICO TOTAL (VET) O VET e os macronutrientes foram calculados com auxílio do programa NUTWIN®. Com relação aos alimentos inexistentes no banco de dados deste programa, foram então utilizados os alimentos da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos-TACO (UNICAMP, 2006). Foram verificadas ainda informações nutricionais obtidas nos rótulos de alimentos, quando se tratavam de alimentos regionais e de marcas especificas. 4.11 ANÁLISE DOS DADOS Foi elaborado um banco de dados no software Epi Info versão 6.04b (DEAN, 1996). Foram aplicados testes estatísticos, t de Student no caso de comparação de duas médias e o 2 para variáveis categóricas e o teste de correlação de Pearson (EBRAIM, 1995), de acordo com a especificidade dos resultados obtidos. O nível de significância adotado foi de 5%. 41 5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO As variáveis sócio-demográficas que foram abordadas neste estudo foram: sexo, idade, estado civil, escolaridade e ocupação (TABELA 3). Estas variáveis foram escolhidas por serem frequentemente associadas aos fatores de risco para o câncer. Tabela 3. Características sócio-demográficas dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010. Características Numero de pacientes Frequência (%) Sexo Feminino Masculino 103 30 77,4 22,6 Média de idade (anos) Homens Mulheres 53 51 Estado Civil Solteiro Casado Separado 17 98 18 12,8 73,7 13,5 Escolaridade em anos 0-3 4-7 8-10 > 10 5 49 49 30 3,8 36,8 36,8 22,6 Trabalha Sim Não 76 57 57,1 42,9 42 5.1.1 IDADE E SEXO Foi aplicado o teste de Bartlett`s (EBRAIN, 1995) para verificar a homogeneidade dos indivíduos que participaram do estudo, com relação a idade, constatou-se que a população era homogênea, p = 0,118. Das 133 pessoas que participaram do trabalho, a grande maioria 77,4% (103), era composta por mulheres e 22,6% (30) pertenciam ao sexo masculino (TABELA 3). A média geral da idade ficou em torno de 51 anos. A média de idade dos homens foi de 53 anos e das mulheres de 51 anos. No estudo de Marques (2006) com pacientes do ambulatório de quimioterapia de um hospital privado em São Paulo, a maioria dos participantes também era do sexo feminino (63%). Na pesquisa de Tartari et al., (2010), 68% também eram mulheres. A média de idade (51 anos) dos indivíduos foi semelhante à de Tartari et al., (2010), 52,9 anos. Entretanto foi menor do que os valores obtidos por Marques (2006), 54,8 anos e por Batista (2007), 59,3, e maior do que a de Verde (2007), 46 anos. Muitos fatores estão relacionados com a incidência, distribuição geográfica e o comportamento de tipos específicos de cânceres. Alguns desses fatores são: sexo, idade, raça, predisposição genética e a exposição carcinógenos ambientais (ALMEIDA et al., 2005). Em relação ao gênero e faixa etária, o câncer de mama raramente ocorre em mulheres com menos de 35 anos; o câncer de próstata atinge os homens da terceira idade e maior incidência de câncer de colón e reto ocorre na faixa etária de 50 a 70 anos, tais fatos ilustram os resultados deste estudo. No Brasil, o câncer constitui a segunda causa de morte por doença, sendo a primeira causa, as doenças cardiovasculares. A maior prevalência de casos de câncer em homens encontra-se em São Paulo, correspondendo a 391 casos em 100 mil habitantes; e em mulheres no Distrito Federal, 374,9 casos em 100 mil habitantes. Os tumores mais frequentes na população masculina são de próstata, de pulmão, de estômago, de cólon e de reto e de esôfago. Em mulheres, predomina o câncer de mama, seguido do de colo uterino, cólon e reto, pulmão e estômago (INCA, 2006). No mundo, no ano 2000, ocorreram 5,3 milhões de casos novos de câncer em homens e 4,7 milhões em mulheres. Nesse mesmo ano, cerca de 6,2 milhões de 43 pessoas morreram por essa causa. O principal fator que contribui para essa projeção aumentada é o envelhecimento da população, já que o câncer ocorre mais frequentemente na faixa etária mais elevada (WHO, 2002). 5.1.2 ESTADO CIVIL A maioria da população estudada 73,7% (98) respondeu que era casada, enquanto a porcentagem de solteiros correspondeu a 12,8% (17) e separados, 13,5% (18) (TABELA 3). Em relação ao estado civil, a maioria (73,7%) dos pacientes eram casados, fato esperado em função da faixa de idade dos mesmos, em torno da quinta década e que já constituíam família. Estes dados coincidem com os obtidos por Marques (2006). Um estudo americano avaliou a relação entre testes de câncer de mama e câncer cervical em uma variedade de grupos étnicos e verificou que mulheres brancas não hispânicas casadas relataram melhor estado de saúde (SELVIN ;BRETT, 2003). King et al., (2000) analisando a qualidade de vida em mulheres com câncer de mama verificaram que mulheres casadas ou que têm uma relação conjugal estável apresentam melhores escores de qualidade de vida global do que mulheres solteiras. 5.1.3 ESCOLARIDADE A média da escolaridade ficou em torno de 8 anos de estudo. Na Tabela 3, descreve-se a frequência dos estratos da escolaridade. Entre 4 a 10 anos de estudos não houve diferença estatisticamente significativa, enquanto o intervalo de 0 a 3 anos de escola foi o que mostrou a menor porcentagem (TABELA 3). O grau de instrução (em anos de estudo) é provavelmente o critério mais utilizado no Brasil para separar as pessoas por nível sócio-econômico. 44 Neste estudo, a escolaridade foi utilizada no modelo estatístico como variável de controle, para ajustar os possíveis efeitos de confusão, como a habilidade do entrevistado em informar corretamente o consumo. Também foi utilizada como um termo associado a fatores de risco para o câncer, pois o menor acesso a informação sobre cuidados de saúde está associado ao baixo nível de escolaridade. 80% dos casos novos de câncer de colo do útero ocorrem em países em desenvolvimento (INCA, 2009). De acordo com Filho et al. (2008), vários estudos mostram que os hábitos alimentares saudáveis, tais como a inclusão de frutas e vegetais podem refletir a posição sócio-econômica e nível educacional. De acordo com os resultados do Inquérito Domiciliar do Instituto Nacional do Câncer as pessoas com maior escolaridade consomem mais frutas, vegetais e fazem leitura dos rótulos dos alimentos (INCA, 2005). Um estudo realizado na Espanha com 403 pacientes de câncer colón retal acompanhados no período de 6 anos, mostrou que mulheres reinternaram menos que os homens, e que o nível educacional mais alto foi associado com o maior números de reinternações (GONZALEZ et al., 2005). O nível de escolaridade foi considerado por King et al. (2000) um fator positivo sobre a qualidade de vida, pois mulheres com maior escolaridade apresentaram melhor função física, função emocional, menos dor e poucos sintomas na mama, em relação a mulheres com baixa escolaridade 5.1.4 TRABALHO Dos indivíduos pesquisados 57,1% (76) respondeu que tinham trabalho remunerado e 42,9% (57), não tinha nenhum tipo de trabalho (TABELA 3). Dentre a freqüência das atividades profissionais citadas pela população do estudo, a maior porcentagem foi a de professor (15,2%), apresentada no Apêndice B. Vale ressaltar que 33% dos pesquisados eram inativos (aposentados), a grande maioria destes encontravam-se nesta categoria não pela idade, e sim devido à neoplasia maligna (invalidez). 45 Analisando o estudo de King et al., (2000) percebe-se que estratos sociais mais favorecidos tem maior acesso a qualidade das informações acerca da prevenção secundaria e tratamento eficaz do câncer. Pode se dizer também, um maior acesso aos alimentos, principalmente aqueles ricos em poliaminas, que são alimentos mais dispendiosos financeiramente, como: carnes, queijos, leguminosas, frutas e vegetais. 5.2 VARIAVEIS RELACIONADAS AO DIAGNOSTICO E TRATAMENTO DO CÂNCER 5.2.1 LOCALIZAÇÃO DO CÂNCER Constatou-se que em 54,1% do total, o câncer estava localizado na mama, ficando em segundo lugar o câncer de intestino, com 15,0% e em terceiro o de próstata, 6,8%, os demais tipos de câncer, estão apresentados na Tabela 4. Tartari et al. (2010) relataram resultados semelhantes, nos quais o câncer de intestino (26%) e mama (22%) foram os mais incidentes, diferenciando-se que nesta pesquisa a porcentagem de câncer de mama foi bem maior que o de intestino. Já Marques (2006) obteve os mesmos resultados, sendo o câncer de mama, isoladamente, o mais freqüente (27,8%), porém os pacientes com câncer de cólon, reto, pâncreas e estomago (trato gastrintestinal) foram reunidos por pertencerem ao mesmo sistema, totalizando a maior parte (34,4%). Em termos de prevalência, o câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais comum entre as mulheres. O câncer de intestino configura-se como a terceira causa mais comum de câncer no mundo em ambos os sexos, apesar deste ser de 20% a 50% maior em homens na maioria das populações (INCA, 2009). 46 Tabela 4. Localização do câncer dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010. Localização Número % Mama 72 54,1 Intestino 20 15,0 Próstata 09 6,8 Fígado 06 4,5 Ovário 05 3,8 Pulmão 05 3,8 Faringe 02 1,5 Osso 02 1,5 Tireóide 02 1,5 Bexiga 01 0,8 Cabeça 01 0,8 Estômago 01 0,8 Fêmur 01 0,8 Laringe 01 0,8 Língua 01 0,8 Pâncreas 01 0,8 Pele 01 0,8 Rim 01 0,8 Útero 01 0,8 Total 133 100,0 Considerando que a maioria da população estudada foi do sexo feminino (77,4%), os resultados deste estudo referentes à localização do câncer, mamário (54,1%), foram justificados. Segundo as estimativas do INCA para 2011, o câncer mais prevalente nas mulheres do Brasil, da região Nordeste, do Piauí e de Teresina (capital do Estado do Piauí) será o de mama (INCA, 2009). A segunda maior porcentagem verificada neste estudo, o câncer de intestino (15%), ocupará em 2011 a quarta posição no Brasil, no Nordeste e no Piauí e a terceira em Teresina (PI) (INCA, 2009). 47 5.2.2 TEMPO DE DIAGNÓSTICO DO CÂNCER O tempo médio de diagnóstico do câncer ficou em torno de um ano. Observase na Tabela 5, que o diagnóstico que foi feito em menos de um ano da doença apresentou a maior percentagem, 51,9%, enquanto o estrato de 1 a 2 anos ficou em segundo lugar com 22,6%. Diferentemente dos resultados desta pesquisa, Marques (2006) descreveu em seu estudo que o tempo médio de diagnóstico da doença ficou em torno de 3 anos. As dificuldades psicológicas persistem no período de 15 meses após o tratamento (MARQUES, 2006). Tabela 5. Tempo em anos de diagnóstico de câncer dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010. Tempo em anos Número % <1 69 51,9 1–2 30 22,6 3–4 21 15,7 5–6 07 5,3 >6 06 4,5 133 100,0 Total O diagnóstico do câncer, de maneira geral, é feito mais precocemente nos países desenvolvidos do que naqueles em desenvolvimento, assim também como o acesso aos exames diagnósticos ocorre mais tardiamente nos Estados das regiões menos desenvolvidas (Norte e Nordeste) do que nas demais regiões do Brasil (ARREGI, 2000). 48 5.2.3 TIPO DE TRATAMENTO DO CÂNCER Com relação ao tipo de tratamento, a grande maioria dos indivíduos pesquisados, utilizava a quimioterapia (75,2%) e os outros tipos de tratamentos (hormonioterapia e imunoterapia) representaram 24,8% (TABELA 6). Marques (2006) e Tartari et al. (2010) verificaram valores semelhantes, no qual 72% e 60%, respectivamente, dos pesquisados estavam em tratamento quimioterápico. Tabela 6. Tipo de tratamento para o câncer dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010. Tipo Número % Quimioterapia 100 75,2 Outros 33 24,8 133 100,0 Total Quimioterapia e o tratamento anti-neoplásico sistêmico. Sua inserção no tratamento cancerígeno pode ser feita de varias formas: terapêutica (exclusiva), como neoadjuvante (tratamento pré-operatório) e adjuvante (pós-tratamento cirúrgico) (VERDE, 2007). A maioria dos pesquisados se encontravam em tratamento quimioterápico (75,2%) e com menos de um ano do diagnóstico da doença (51,9%), resultado esperado, pois a quimioterapia é o tratamento inicial do câncer. 5.3 DADOS ANTROPOMÉTRICOS Apresenta-se na Tabela 7 o peso e a altura nos valores médios e os desvios padrão dos pacientes oncológicos. A média de peso foi em torno de 63,7 Kg e da 49 altura foi 1,60 m. Tanto para o peso quanto para a altura, o teste t mostrou diferença estatisticamente significativa. No paciente oncológico a avaliação antropométrica é fundamental, pois constitui ferramenta objetiva para conduta clínica (VERDE, 2007). Tabela 7. Média e desvio-padrão do peso e altura dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010. Variáveis Masculino Média DP Feminino Média DP Peso (Kg) 72,7 15,0 61,1 12,3 Altura(m) 1,64 1,0 1,55 1,0 Estatística t = 4,32 p = 0,001 t = 6,34 p = 0,001 Há uma maior associação entre o excesso de peso e o risco de câncer colorretal em homens quando comparado com as mulheres, sugerindo que a distribuição abdominal ou central de adiposidade corpórea (tipicamente masculina), é o principal componente do aumento desse risco, uma vez que está associada fortemente com a resistência à insulina e à hiperinsulinemia (DAVIES, 2005). 5.3.1 ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) Em relação ao IMC, a eutrofia foi a que apresentou a maior porcentagem com 36,8%, seguida de excesso de peso com 33,8% e da obesidade com 21,1%, respectivamente (TABELA 8). Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre as variáveis IMC e sexo. Segundo DAVIES (2005), o IMC identifica o risco nutricional e se relaciona com algumas doenças e suas complicações. O excesso de peso é classificado como um fator de risco para o aparecimento de diferentes tipos de câncer, como os cânceres de mama, ovário, cólon e reto (intestino) e próstata (DIVISI et al., 2006). Uma ingestão excessiva de alimentos é um dos principais fatores de risco neoplásico. A obesidade está presente em 14% das mortes por câncer nos homens e 20% nas mulheres (DIVISI et al., 2006). 50 Tabela 8. Índice de Massa Corporal segundo o sexo dos pacientes pesquisados. Teresina, 2010. Masculino No % Feminino N % N % Magreza 02 6,7 09 8,7 11 8,3 Eutrófia 11 36,7 38 36,9 49 36,8 Pré-obesidade 09 30,0 36 34,9 45 33,8 Obesidade 08 26,6 20 19,5 28 21,1 Total 30 100,0 103 100,0 133 100,0 IMC o Total o X2 = 1,87 p = 0,832. Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2004), o câncer é a segunda maior causa de morte por doenças na maioria dos países, incluindo o Brasil. Muitos fatores de riscos estão ligados com o surgimento do câncer, tais como exposições a radiação solar, o consumo de álcool, deficiências e distúrbios nutricionais, o tabagismo, o sedentarismo e a má higiene oral. Os pacientes obesos apresentam uma sobrecarga oxidante, e os radicais livres em excesso podem levar ao surgimento do câncer ((DIVISI et al., 2006; KOLLING et al., 2009). Portanto, a avaliação do estado nutricional do paciente com câncer é muito importante, pois ele pode ser considerado como um fator de risco para um aumento do desenvolvimento da doença e também pode ser um indicador de mau prognóstico para pacientes oncológicos (KOLLING et al., 2009). No presente estudo foi observada uma prevalência de excesso de peso, em torno de 54,9% (pré-obesos e obesos), em ambos os sexos. O IMC esteve diminuído só em 7% dos pacientes (TABELA 8). Resultados similares foram verificados por Verde (2007) e Tartari et al. (2010). Apesar da diferença amostral em cada tipo de tumor, pode-se observar que correlacionando o IMC aos tipos de câncer mais incidentes, mama, cólon e reto, os dados na literatura consultada estavam concordantes com os resultados obtidos, uma vez que não é freqüente a desnutrição em pacientes com câncer de cólon e reto e nem em neoplasia mamária. Isto pode ser explicado devido ao menor 51 comprometimento da ingestão alimentar, ausência de distúrbios nutricionais absortivos, alterações metabólicas mínimas e inexistência de fatores obstrutivos ou efeito hormonal para a caquexia por estas neoplasias (CONTINENTE et al., 2002). O excesso de peso é considerado um fator de risco para o câncer de mama. As mulheres em tratamento quimioterápico apresentam tendência progressiva ao ganho de peso (HARVIL, 2004) e, segundo KUTYNEC et al. (1999), a causa desse ganho de peso ainda não é clara, mas pode ser associado com ingestão alimentar, decréscimo da atividade física, alteração da taxa metabólica basal ou menopausa. Deve-se analisar com cautela esse grande percentual de excesso de peso observado nestes pacientes, pois sabe-se que o IMC em pacientes com câncer possui valor limitado. Esses indivíduos podem apresentar aumento de mediadores inflamatórios como as citocinas, o que pode acarretar, além de degradação protéica, expansão de líquido extracelular, ocasionando retenção hídrica e mascarando o real estado nutricional (HARVIL, 2004). Além disso, o tipo de protocolo quimioterápico também pode influenciar na composição corpórea das pacientes. Algumas drogas utilizadas nesse tipo de tratamento ou em conjunto, como os glicocorticóides e a terapia hormonal, promovem retenção hídrica, diminuição da massa magra e aumento da gordura corporal (VERDE, 2007). Outra hipótese relacionada ao ganho ponderal é a de que o câncer é uma doença que freqüentemente leva à desnutrição. Por isso muitos pacientes modificam suas dietas de forma inadequada, forçando uma alta ingestão calórica que os acabam levando a esse ganho ponderal, ou seja, aumentam a ingestão alimentar, na tentativa de evitar a depleção nutricional, supondo que isto poderia ajuda-los, impedindo a perda de peso e consequentemente o agravamento da doença. 5.3.3 MUDANÇAS NA ALIMENTAÇÃO APÓS DIAGNOSTICO DA DOENÇA Foi perguntado aos participantes do estudo se após a doença mudou algo em sua alimentação, a resposta afirmativa representou 70,7% (94), enquanto os que não tiveram mudança foram 29,3% (39). Vale lembrar que, das 94 pessoas que disseram que houve mudanças no hábito alimentar, 80% desses indivíduos referiram 52 que aumentaram o consumo de frutas e hortaliças, outros 10% diminuíram o consumo de carne vermelha e, outros 10% afirmaram a diminuição ou a exclusão na alimentação de qualquer tipo de gordura (FIGURA 3). Figura 3. Mudança alimentar após diagnóstico da doença. Teresina, 2010. O consumo de frutas, legumes e verduras tem sido descrito como fator de proteção na ocorrência de diferentes tipos de câncer (FORTES et al., 2007). 80% dos pesquisados deste estudo referem acreditar nesta proteção. Estudos de casocontrole comprovam que há uma relação inversa entre a diversidade dietética, por meio do aumento da ingestão de hortaliças e frutas, e o risco de desenvolvimento de câncer, demonstrando que esses alimentos exercem um papel crucial na etiologia dessa neoplasia (FORTES et al., 2007). As frutas são fontes de vitaminas, minerais, fibras, fitoterápicos, betacaroteno, ácido linoléico conjugado, genisteína, indóis, isotiocianatos, flavonoides. Apesar de todos esses componentes, o determinante anticarcinogênico das frutas ainda não está totalmente esclarecido. Estas substâncias presentes nas frutas exercem efeito protetor contra o câncer, capazes de estimular enzimas de desintoxicação ou redutoras da atividade de enzimas hepáticas, que convertem compostos químicos ambientais em potentes carcinógenos, aumentando a solubilidade aquosa de toxinas corpóreas e sua consequente eliminação (MICHELS et al., 2007). 53 Muitas vezes, informações errôneas ou não conclusivas fazem com que a população diminua a ingestão ou mesmo faça restrição total ao consumo de carne vermelha. Conforme A análise de alimentos ou de grupos de alimentos, em detrimento da análise de nutrientes possibilita avaliar o comportamento alimentar e assim propor, mais facilmente, modificações de consumo, em busca de hábitos de vida saudáveis (CARDOSO, 2010). Os requerimentos energéticos dos pacientes com câncer variam de acordo com o grau de desnutrição, estresse metabólico, gasto energético e nível de atividade física. Por isso é recomendável que o cálculo de energia seja individualizado, podendo utilizar fórmulas, como a equação de Harris Benedict, sem deixar de considerar os fatores relacionados à variação de peso e do processo patológico (VAN BOKHORST-DE VAN DER SCHUEREN, 2005). Pode-se observar no presente trabalho, que 10% da população estudada diminui o consumo de carne, presumindo que este alimento seria o desencadeador da doença, só que esta posição pode agravar outras patologias associadas ao câncer, como anemia. Na literatura, não há consenso quanto à relação entre o consumo de carne e seus derivados e o desenvolvimento de câncer. Evidências epidemiológicas sugerem que dietas com alto teor de carne vermelha e de gordura, associada a um baixo teor fibras, aumentam o risco de câncer de cólon (DEMARINI et al., 1998; MARQUES-VIDAL et al., 2006). Um dos mecanismos que pode explicar a associação entre o câncer, mais especificamente o colorretal e a carne vermelha, é o aumento do metabolismo de proteínas no cólon. Pesquisas realizadas em laboratórios têm identificado muitos carcinógenos presentes na carne, como as nitrosaminas, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, aminas heterocíclicas, entre outros. Acredita-se que um dos principais mecanismos que pode estar implicado na gênese do câncer esteja relacionado aos processos de preparo e cocção da carne (WCR, 1997; DEMARINI et al., 1998; FORTES et al., 2007). No estudo de Mattes et al. (1992), 26,4% dos pacientes com câncer em tratamento quimioterápico apresentavam diminuição da ingestão de carne vermelha. Já no estudo de Verde (2007), só 7% fizeram referência a diminuição deste alimento, considerando que neste ultimo estudo foi analisado só pacientes com câncer de mama. 54 Os pesquisados (10%) diminuíram ou excluíram a gordura de sua alimentação supondo que a gordura seria a causadora do câncer. Existe uma relação positiva entre a incidência de câncer e a média percentual de calorias provenientes das gorduras, tanto para homens quanto para mulheres (GARAFÓLO et al., 2004). O World Cancer Research Fund (WCRF) e American Institute for Cancer Research (1997) sugerem haver evidências consistentes de que as dietas ricas em gorduras podem aumentar o risco de câncer. O papel das gorduras na carcinogênese pode variar de acordo com a sua origem e composição (GARAFÓLO et al., 2004; MICHELS et al., 2007). Acredita-se que a elevada ingestão de gordura total promove aumento na produção de ácidos biliares, que são mutagênicos e citotóxicos (GARAFÓLO et al., 2004). 5.4 CONSUMO ALIMENTAR Com os avanços no diagnóstico e nas terapias, o câncer tem sido identificado em estágios iniciais e os tratamentos anti-neoplásicos se tornaram mais específicos. Assim, o número de sobreviventes e o tempo de sobrevida pós-diagnóstico têm aumentado. Diante disso, a atenção ao paciente com neoplasia, visando minimizar o risco de recidiva e promover uma sobrevida livre da doença e com boa qualidade de vida, tem merecido atenção especial (VERDE 2007). De acordo com DeMarini (1998), a dieta é a principal fonte de exposição humana aos carcinógenos/mutágenos e anticarcinógenos/antimutágenos ambientais, sendo que alguns tipos de câncer associados à alimentação, assim como algumas intervenções dietéticas, podem reduzir os biomarcadores ou a incidência das neoplasias. A média do consumo energético foi de 1.520 ± 392 kcal/dia, enquanto que a necessidade foi em torno de 1.716 kcal/dia. No presente estudo, a ingestão calórica foi considerada baixa, quando comparada com as recomendações nutricionais para esta faixa etária. Em estudos recentes, não foi observado aumento significativo no consumo de calorias durante o tratamento quimioterápico (VERDE, 2007). 55 Quanto à proporção de carboidratos ingerida pelos pesquisados, foi observado que era em torno de 55% do valor energético total (VET) da dieta. De acordo com Nitemberg e Raynard (2000), ainda não existem recomendações para a ingestão de carboidratos em câncer, mas por se tratar de uma importante fonte energética, deve corresponder entre 50 a 60% do VET da dieta de indivíduos adultos saudáveis. Com relação às proteínas, os pesquisados relataram utilizar 4,9 g/kg/dia. Nitemberg e Raynard (2000) estimaram requerimentos protéicos em câncer entre 1,2 a 2,0 g/kg/dia. Apesar das necessidades dietéticas de proteínas para estes pacientes serem hiperproteicas, a ingestão dietética se encontra muito acima das recomendações acima citadas. O percentual lipídios ingeridos pelos pacientes estudados ficou em torno de de 21%. De acordo com as DRI, a variação da proporção dos lipídios para adultos saudáveis deve ser entre 20 e 35% do VET dietético (IOM, 2003). No grupo de carnes e ovos (FIGURA 4), a maior porcentagem de consumo verificada foi a semanal, de carne bovina (69,9%), seguida pelo consumo de carne de frango/peixe (59,9%), em contrapartida o consumo diário da carne bovina (12%) e de frango/peixe (11,2%) foi menor que o semanal e não apresentaram diferença estatisticamente significativa entres os tipos de carnes. A frequência diária do consumo de ovos foi baixa (2,3%), a freqüência semanal (35,3%) e a quinzenal (32,4%) foram consideradas estatisticamente iguais. No grupo de carnes e ovos, 10,9% e 10,4%, respectivamente, não consumiam estes alimentos (FIGURA 4). Os grupos de carne, ovos e leguminosas foram os únicos grupos deste estudo que se verificou a presença da categoria não consome (FIGURA 4). Com relação ao grupo das leguminosas a maior frequência foi a do consumo diário, 57,9%, (FIGURA 4) e o alimento mais consumido foi o feijão (APÊNDICE C). A amostra pesquisada (133) neste estudo apresentava um grande consumo do grupo dos cereais e massas (FIGURA 5), sendo que a maior frequência de consumo observado foi a de arroz (88%), diariamente. A segunda maior porcentagem deste grupo foi o consumo semanal de farinha de milho (49,8%), na forma de cuscuz (APÊNDICE C) e de pães, bolos e biscoito (41,8%). O biscoito foi mais consumido do que os pães e bolos (APÊNDICE C). 56 Como pode ser observado na Figura 6, o grupo de frutas e hortaliças foi o que mostrou maior frequência de consumo, dentre os grupos de alimentos. O consumo diário de frutas e vegetais foi de 63,3% e 61,8%, respectivamente, já o consumo semanal deste grupo foi de 32,1% e 31,4%, respectivamente. Dentre as frutas citadas, as mais consumidas diariamente foram banana (51,1%), laranja (46,6%), maçã (25,6%) e mamão (25,1%), e as menos consumidas foram maracujá (6,0%), uva (3,0%) e melancia (2,2%). Os vegetais mais ingeridos diariamente foram: tomate (51,1%), alface (39,1%), cenoura (28,6%), pepino (27,8%) e batata (25,6%) e os menos consumidos pelos pesquisados foram: couve (12,0%) e beterraba (12,8%) (APÊNDICE C). O elevado consumo dos grupos de frutas e vegetais foi relevante, pois estes alimentos são ricos em antioxidantes e fibras, substâncias importantes na prevenção de neoplasias. 57 Figura 4. Consumo alimentar dos grupos das carnes, ovos e leguminosas por pacientes pesquisados. Teresina, 2010. 58 57 Arroz Pães,biscoitos e bolos Farinha de milho 88 11,2 8,2 Diário 12 41,8 39,4 49,8 Semanal 39,5 Quinzenal Mensal 4,2 25 Não consome Figura 5. Consumo alimentar do grupo de cereais e massas por pacientes pesquisados. Teresina, 2010. 57 59 Vegetais 61,8 Frutas 31,4 63,3 Diário Semanal 32,1 Quinzenal Mensal Não consome Figura 6. Consumo alimentar dos grupos das frutas e vegetais por pacientes pesquisados. Teresina, 2010. 6,8 4,6 60 5.5 CONSUMO ALIMENTAR DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS Entre os grupos de alimentos consumidos neste trabalho, o das frutas e vegetais foi consumido por 100% dos pesquisados (FIGURA 6). Este grupo contêm poliaminas, principalmente espermidina. Assim, o consumo de poliaminas por estes pacientes oncológicos em relação ao grupo de frutas e vegetais foi alto. A variação do conteúdo de aminas em amostra do mesmo tipo de hortaliça pode estar associada à variedade, o cultivar, grau de maturidade e condições de cultivo. E ainda a concentração original de aminas em alimentos pode mudar durante o processamento, armazenamento e ser influenciada por condições higiênicas sanitárias (STARLING, 1998). Diante da literatura consultada, a quantidades de poliaminas no grupo de carnes é maior em relação aos outros grupos, principalmente da espermina. A ingestão diária deste grupo pelos indivíduos pesquisados apresentou-se baixa, em torno de 12%, em contrapartida o consumo semanal apresentou se maior, 59,9% para carne de frango e peixe e 69,9% para a carne bovina (FIGURA 4). Em se tratando deste grupo, pode-se dizer que esta população teve um consumo alimentar médio de poliaminas, isto a partir da média da ingestão diária com a ingestão semanal. O consumo diário de ovos pela população foi baixo, e como quantidade de poliaminas nos ovos é proporcionalmente menor, o consumo de poliaminas em relação a este alimento foi pequeno. Os teores totais detectados por Freitas (2007) nos grupos de carnes e ovos variaram de não detectado a 7,85 mg/100 g, sendo os menores teores nos ovos e os maiores nos produtos cárneos. Bardócz (1995) determinou valores similares a Freitas (2006). Oliveira (2006) também encontrou valores baixos de poliaminas no ovo (gema), sendo que na clara de ovo não encontrou nenhuma poliamina. Lima et al. (2006) verificaram no feijão cozido valores menores de espermina (0,23 mg/100g) e espermidina (0,09 mg/100 g) que Batista (2007) 0,34 e 1,26 mg/100 g, respectivamente. No presente estudo foi verificada uma frequência de consumo total de leguminosas em torno de 95% (FIGURA 4), sendo o feijão o alimento mais consumido, 99,3% (APÊNDICE C). O consumo de poliaminas no grupo das leguminosas foi considerado moderado, pois apesar dos teores de 61 poliaminas no alimento mais consumido deste grupo, o feijão, não serem tão altos, conforme demonstrado pelos autores acima citados, a porcentagem de consumo total foi elevada, ou seja, uma alta ingestão diária do feijão como parte de uma dieta base regular, pode ser relevante. A soja é uma importante fonte de poliaminas, principalmente espermidina. Nos estudos de Gloria et al. (2005), os teores de espermidina na soja variaram entre 9,92 e 38,89 mg/100 g. A soja foi pouco consumida, menos de 20%, pelos pesquisados (APÊNDICE C). Em relação ao grupo dos cereais, o arroz foi alimento mais consumido diariamente (88%), e consumo total foi de 100% (FIGURA 5), mas a frequência de consumo de poliaminas foi baixa, pois este grupo, em especial o arroz, apresenta porcentagens pequenas de poliaminas, como mostrado por Lima et al, (2006), em que arroz cozido tem teores baixo de espermidina e espermina, 0,19 e 0,16 mg/100g, respectivamente. Freitas (2007) não detectou nenhuma poliamina no arroz cozido. Comparando-se os percentuais de poliaminas em alimentos verificados na literatura consultada, observou-se que o maior teor de poliaminas está no grupo de carnes, frutas e vegetais, seguido do grupo de leguminosas. O grupo que apresentou menor teor total de poliaminas foi o grupo dos cereais. O grupo de alimentos mais consumidos diariamente pela população deste estudo foi o grupo de frutas e vegetais, seguido do de cereais e leguminosas. E o menos consumido diariamente foi o grupo de carnes e ovos, sendo que o consumo semanal deste grupo (1 a 3 vezes/semana) foi estatisticamente significativo em relação aos outros grupos de alimentos. A estimativa de consumo médio diário de poliaminas por estes pacientes oncológicos diariamente foi considerado baixa. O consumo semanal e o total foram verificados como moderados. No tocante ao consumo de alimentos ricos em poliaminas, a média de consumo para cada individuo, ficou em torno de 3,56 mg/100 g. Todos esses cálculos de estimativas de consumo foram feitos considerando os teores totais médios de poliaminas nos alimentos da literatura pesquisada e o QFCA da população pesquisada. 62 Tabela 9 – Alimentos ricos em poliaminas mais consumidos pelos pacientes pesquisados. Teresina, 2010. Alimentos Abacaxi* Alface* Consumo total de poliaminas (%) 1 88,7 2 98,5 Banana*3 97,7 Batata inglesa**4 Beterraba* Café* 1 93,2 90,3 5 90,9 Carne bovina*1 95,5 Cenoura*1 97,0 Couve* 6 85,0 Couve-flor* 7 85,0 Feijão*1 99,3 Fígado**8 81,2 4 91,7 1 96,3 Iogurte** Laranja* Leite UHT*9 85,7 Leite semi desnatado**10 72,2 Maça* 1 98,5 Mamão* 1 95,5 Mandioca*7 72,2 Maracujá*1 75,9 Melão ** 11 Pão integral** 85,0 1 66,2 Peito de frango*1 95,5 10 91,6 Peixe** Pepino** 10 89,5 Presunto**11 84,2 Queijo*12 93,2 7 93,2 Tomate* *Estudos com alimentos realizados no Brasil ** Estudos com alimentos realizados em outros países Referências: 1 - BATISTA (2007); 2- COELHO (2001); 3- ADÃO; GLÓRIA (2005); 4 - OKAMOTO et al., (1997); 5SILVEIRA (2008); 6 - VIEIRA (2003); 7 - STARLING (1998) ; 8 - KOZOVÁ et al., (2009); 9 - ALMEIDA et al., (2003); 10 - BARDÓCZ et al., (1995); 11 - CIPOLLA et al., (2007); 12- VALE; GLÓRIA (1997). 63 5.6 CORRELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS, O TIPO DE CÂNCER E O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL A análise de correlação demonstrou correlaçao positiva entre o consumo de poliaminas em relação aos tipos de câncer e o IMC. Vale ressaltar que o câncer de intestino foi o que apresentou maior correlação (TABELA 10). Portanto, houve correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) entre o consumo de poliaminas e o câncer de intestino. Tabela 10. Correlação entre consumo de alimentos ricos em poliaminas, o tipo de câncer e índice de massa corporal. Teresina, 2010. N° amostras Pearson’s R Significância Mama 72 0,416 0,234 Intestino 20 0,616 0,037 Próstata 09 0,318 0,189 Fígado 06 0,278 0,451 Ovário 05 0,512 0,278 Pulmão 05 0,512 0,278 Outros tipos 16 0,214 0,631 Geral 133 0,725 0,003 Eutrofia * 60 0,345 0,467 Excesso de Peso 45 0,512 0,219 Obesidade 28 0,734 0,001 Tipo de Câncer IMC *inclui eutrofia e magreza. Linsalata et al. (2008) observaram que as poliaminas e as enzimas do seu metabolismo estão intimamente relacionados com a proliferação neoplásica no trato gastrintestinal. A privação de poliaminas exógenas, modulações da via metabólica de poliaminas, produção endógena insuficiente, por conseguinte uma captação insuficiente das mesmas em células neoplásicas poderia ser uma maneira de prevenir e tratar o câncer de cólon e reto (LINSALATA et al., 2008). 64 Segundo Linslata et al. (2008) os componentes nutricionais, como flavonóides, resveratrol ou probióticos podem modular o conteúdo de poliaminas, através da inibição de sua síntese, pela redução da atividade da ODC (ornitina descarboxilase) e/ou aumentando seu catabolismo em células de câncer intestinal, inibindo a proliferação do câncer de colón e reto. Paproski et al., (2002) relataram altas concentrações de poliaminas em células de câncer de mama e cólon, dados que respaldam os resultados obtidos. Quanto ao IMC, a obesidade foi a que mostrou correlação mais estatiscamente significativa (p<0,05), ou seja, os pacientes obesos consumiam alimentos com maior teor de poliaminas (TABELA 10). 5.7 CONSIDERAÇOES SOBRE O CONSUMO DE POLIAMINAS EM PACIENTES ONCOLÓGICOS Diante dos resultados obtidos e dos dados disponiveis na literatura consultada verificou-se que as poliaminas possuem efeitos beneficos, no entanto em alguns estados patológicos, esses efeitos podem ser inversos, como no caso do câncer, que é caracterizado pelo crescimento e diferenciação celular. As poliaminas podem contribuir para o crescimento do tumor, pois são fatores tróficos. Como a maioria dos pacientes estavam com menos de um ano de diagnóstico da doença (51,9%) e em tratatamento quimioterápico (75,2%). Frente a isso seria destaca-se a necessidade de diminuição da ingestão de alimentos ricos em poliaminas no câncer, principalmente durante o tratamento quimioterápico, no qual se objetiva diminuir o crescimento do tumor e evitar a sua proliferação. Assim, é relevante o estabelecimento de limites mínimo e máximo de ingestão de poliaminas afim de que se possa fazer uma prescrição dietoterápica adequada, em relação do ponto de vista da ingestão de alimentos ricos em poliaminas, para tratamento do câncer. Na literatura consultada nao foram obtidos dados referentes aos limites de ingestão de espermina e espermidina para o tratamento oncológico. Entretanto, o teor elevado destas poliaminas na dieta consumida diariamente por pacientes em tratamento para o câncer, pode ser relevante, visto que muitos autores têm 65 demonstrado a importância da poliaminas no crescimento de tumores, as quais estão diretamente envolvidas no processo de proliferação celular (KALAC; KRAUSOVÁ, 2005). A nova prática que vem sendo adotada para inibir o crescimento de tumores consiste em limitar a ingestão de poliminas por pacientes oncológicos (ELIASSEN et al., 2002; FREITAS, 2006; BATISTA, 2007; LINSALATA et al., 2008; CIPOLLA et al., 2010). Portanto, recomenda-se um acompanhamento destes pacientes no tocante ao consumo de alimentos ricos em poliaminas, para controlar esta ingestão e verificar seu efeito sobre o câncer. 66 6.0 CONCLUSÕES Nas condições que foi realizado este estudo pode-se concluir que: A população pesquisada era predominantemente do sexo feminino (77,4%), a média de idade foi de 51 anos, o tipo de câncer mais frequente foi o de mama (54,1%), o diagnóstico que foi feito em menos de um ano da doença apresentou a maior percentagem (51,9%), e o tipo de tratamento mais realizado foi a quimioterapia (75,2%). Os pacientes apresentaram uma porcentagem elevada de excesso de peso (33,8%) e obesidade (21,1%), totalizando 54,9%. O valor energético total consumido pelos pesquisados foi de 1520 Kcal/dia, abaixo da necessidade diária adequada para estes pacientes. O consumo de carboidratos foi em torno de 55%, o de lipídeos 21% e o de proteínas 24%. Destacando-se, as proteínas com um valor superior ao recomendado para pacientes com câncer. O consumo total de alimentos ricos em poliaminas por pacientes oncológicos foi considerado moderado, destacando-se a alface, banana, batata inglesa, cenoura, laranja, maça, mamão, tomate, carne bovina, frango, feijão e queijo. Houve correlação estatisticamente significativa (p<0,05) entre o consumo de poliaminas, o câncer de intestino e a obesidade. A limitação do consumo de alimentos ricos em poliaminas durante o tratamento do câncer, principalmente aqueles em tratamento quimioterápico, faz-se necessária, assim como o aprofundamento das pesquisas para se estabelecer os valores mínimos e máximos de sua ingestão para pacientes oncológicos. 67 7.0 SUGESTÕES São necessários mais estudos sobre teores de poliaminas nos alimentos brasileiros, esclarecendo os níveis ótimos da ingestão diária de poliaminas, assim como a obtenção de mais dados sobre a influência das poliaminas no desenvolvimento do câncer, que poderão representar uma abordagem inovadora e interessante para novas estratégias terapêuticas e preventivas no manejo de pacientes com neoplasias. 68 8.0 REFERÊNCIAS ACS (AMERICAN CANCER SOCIETY). Cancer facts and figures. 48p, 2002. ADÃO, R.C.; GLÓRIA, M.B.A. Bioactive amines and carbohydrate changes during ripening of „Prata‟ banana (Musa acuminata x Musa balbisiana). Food Chemistry, v. 90, p. 705-711, 2005. 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ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA: Título do projeto: “CORRELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS, TIPO DE CÂNCER E IMC DE PACIENTES ONCOLÓGICOS”. Pesquisador responsável: Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira Araújo Instituição/Departamento: Campus Universitário Ministro Petrônio Portella – Departamento de Nutrição SG 13. Bairro Ininga.Teresina-PI. Telefone para contato: 3215-5863/ 3237 2062 Pesquisadores participantes: Celsa Ferreira Lustosa Telefone para contato: 9992 3926 OBJETIVO DO ESTUDO Investigar o consumo de alimentos ricos em poliaminas e realizar intervenção por meio de orientação nutricional em pacientes oncológicos de uma clinica particular . PROCEDIMENTOS Será realizada por meio de será aplicação de um Questionário de Freqüência de Consumo de Alimentos ricos em poliaminas (QFCA), na sala de aplicação de quimioterapia da clinica, de janeiro a março de 2010. BENEFÍCIOS Os benefícios estão relacionados à construção de subsídios para orientar a construção de políticas públicas em saúde na área de coletividade enferma. DESPESAS DO VOLUNTÁRIO 82 Todos os sujeitos nesta pesquisa estão isentos de qualquer custo. PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA A sua participação neste estudo é voluntária e você terá plena e total liberdade para desistir do estudo a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer prejuízo ou constrangimento para você. GARANTIA DE SIGILO E PRIVACIDADE As informações relacionadas ao estudo são confidenciais e qualquer informação divulgada em relatório ou publicação será feita sob forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. O pesquisador garante que seu nome não será divulgado sob hipótese alguma. ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS Você pode e deve fazer todas as perguntas que julgar necessária antes de concordar em participar do estudo. COMITÊ DE ÉTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Fui informado (a) que esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí e que no caso de qualquer problema ou reclamação em relação à conduta dos pesquisadores desta pesquisa, poderei procurar o referido Comitê. CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO Eu________________________________________________,RG:______________ _______CPF:___________________ abaixo assinado, concordo em participar do estudo, “CORRELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS RICOS EM POLIAMINAS, TIPO DE CÂNCER E IMC DE PACIENTES ONCOLÓGICOS” como sujeito. Fui suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízos ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. Local e data_____________________________________________________ Nome e assinatura do sujeito ou responsável: ________________________________________________________ Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do sujeito em participar Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores): 83 Nome:__________________________________________________________ RG:_____________________________Assinatura:______________________ Nome:__________________________________________________________ RG:____________________________Assinatura:_______________________ Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste estudo. Teresina, ____ de janeiro de 2010 -------------------------------------------------------------------Assinatura do pesquisador responsável Observações complementares Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato: Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga Centro de Convivência L09 e 10 - CEP: 64.049-550 - Teresina - PI tel.: (86) 3215-5734 - email: [email protected] web: www.ufpi.br/cep 84 ANEXO B - Termo de Consentimento Institucional 85 ANEXO C - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Piauí 86 ANEXO D - Recordatório de 24 Horas REFEIÇÃO DESJEJUM LANCHE MANHA ALMOÇO LANCHE TARDE JANTAR CEIA ALIMENTO OU PREPARACÂO 87 ANEXO E - Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (Adaptado) Frequência Diária Semanal Quinzenal Alimentos Arroz Biscoito Fubá de milho (cuscuz) Goma (beiju) Pão / Torrada Pão integral/Torrada I. Farinha Feijão Leite integral Leite semidesnatado Leite desnatado Leite de soja Iogurte Carne bovina Frango Peixe Ovo Fígado Queijo Presunto Alface Repolho Pepino Tomate Couve (folha) Cenoura Batata Beterraba Abóbora Abacaxi Banana Laranja Maça Mamão Maracujá Melão Café Margarina Legenda: Diária: 5 a 7 vezes/semana Semanal: 1 a 3 vezes/semana Quinzenal: 1 vez/15 dias Mensal: 1 vez/mês Não consome Mensal Não consome 88 APÊNDICES 89 APÊNDICE A – Questionário aplicado 1- NOME:______________________________________________________ 2- IDADE: _______ anos NASC. _____/_____/______ 3- DIAGNOSTICO________________________________________________ 4- SEXO: Masculino ( ) Feminino ( ) 5-ESTADO CIVIL: 1 ( ) solteiro 2 ( ) casado 3 ( ) separado 4 ( ) outros 6- ESCOLARIDADE ( em anos): 1( ) 0- 3 2 ( ) 4 -7 3 ( ) 8-10 4 ( ) 11- + 7- TRABALHA? 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 8- PROFISSÃO: __________________ 9- TEMPO DE DIAGNÓSTICO DO CÂNCER: 1( ) < de 1a ( )1 – 2a 3( ) 3-4a 4( ) 5-6a 5( )6 e+ 10- TIPO DE TRATAMENTO: 1( ) Quimioterapia 2 ( )Zometa 3( )Heparinização do cateter 4 ( )GranuloKine ( ) Outros 11- PESO: _____ kg 12-ALTURA: ______cm. 13 - DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL – IMC: 1 ( ) 17,0-18,4 magreza I 2( ) 18,5-24,9 eutrófia 3( ) 25,0-29,9 pré- obesidade 4 ( ) 30,0-34,9 obes. I 5 ( ) 35,0-39,9 obes.II 6( ) ≥ 40,00 obes. III 14- APÓS A DOENÇA MUDOU ALGO EM SUA ALIMENTAÇÃO? 1( ) Não 2( ) Sim. 15-QUAIS AS PRINCIPAIS MUDANÇAS? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________ 90 APÊNDICE B - Atividades profissionais citadas pela população do estudo. Profissão Advogado(a) Agente Penitenciário Agente de Saúde Agronômo Agropecuário Aposentado(a) Artesão Assistente Social Auditor Fiscal Auxiliar Administrativo Bancário(a) Comerciante Contadora Costureira Dentista Do lar Educadora fisica Enfermeira(o) Estudante Farmacêutico(a) Fisioterapêuta Funcionário Público(a) Geológo Meânico Médico(a) Merendeira Pedagôga Procuradora de Justiça Professora(or) Recepcionista Secretaria Técnica de Enfermagem Veterinário Total Número 03 01 01 01 01 44 01 02 01 01 02 11 01 02 02 11 01 03 02 02 01 11 01 01 02 01 03 01 20 01 01 03 01 133 % 2,3 0,8 0,8 0,8 0,8 33,3 0,8 1,5 0,8 0,8 1,5 8,3 0,8 1,5 1,5 8,3 0,8 2,3 1,5 1,5 0,8 8,3 0,8 0,8 1,5 0,8 2,3 0,8 15,2 0,8 0,8 2,3 0,8 100,0 91 APÊNDICE C - Frequência do Consumo Alimentar. Frequência Alimentos Diária Semanal Quinzenal Mensal Não Consome Arroz 88,0 12,0 - - - Biscoito 8,3 57,9 16,5 12,0 5,3 Fubá de milho (cuscuz) 6,0 31,6 18,8 20,3 23,3 Goma (beiju) 3,8 31,6 27,8 20,3 16,5 Pão/Torrada 27,1 24,1 17,2 18,8 12,8 Pão /Torrada integral 12,8 17,3 17,3 18,8 33,8 Farinha 8,3 10,5 20,3 28,6 32,3 Feijão 57,9 30,1 8,3 3,0 0,7 Leite integral 27,8 26,3 18,1 13,5 14,3 Leite semi desnatado 17,3 21,8 12,0 21,1 27,8 Leite desnatado 43,6 26,3 18,1 7,5 4,5 Leite de soja 3,8 4,5 4,5 7,5 79,7 Iogurte 23,3 36,1 18,0 14,3 8,3 Carne bovina 12,0 69,9 8,3 5,3 4,5 Frango 18,0 62,4 12,8 2,3 4,5 Peixe 4,5 57,1 19,5 10,5 8,4 Ovo 2,3 35,3 32,4 19,5 10,5 Fígado 1,5 16,5 21,8 41,4 18,8 Queijo 11,3 42,1 21,8 18,0 6,8 Presunto 9,0 23,3 29,3 22,6 15,8 Alface 39,1 44,4 13,5 1,5 1,5 Repolho 15,8 45,9 15,0 15,0 8,3 Pepino 27,8 38,8 13,6 9,8 10,5 Tomate 51,1 27,8 7,5 6,8 6,8 Couve 12,0 30,1 21,8 21,1 15,0 Cenoura 28,6 49,6 9,8 9,0 3,0 Batata inglesa 25,6 57,8 6,8 6,0 6,8 Beterraba 12,8 45,1 21,1 11,3 9,7 Abóbora 21,1 48,9 12,8 12,8 4,4 Abacaxi 12,0 21,8 26,3 28,6 11,3 Banana 51,1 38,3 5,3 3,0 2,3 92 APÊNDICE C - Frequência do Consumo Alimentar (continuação). Frequência Alimentos Diária Semanal Quinzenal Mensal Não Consome Laranja 46,6 36,1 8,3 5,3 3,7 Maçã 25,6 51,9 10,5 10,5 1,5 Mamão 21,1 57,1 12,0 5,3 4,5 Maracujá 6,0 30,8 13,5 23,6 24,1 Melão 14,4 30,8 24,8 15,0 15,0 Café 62,4 13,5 7,5 7,5 9,1 Margarina 21,8 18,8 9,8 11,3 38,3 Abacate - - 3,6 0,7 95,7 Água de coco - - - 3,0 97,0 Ameixa - - 1,5 6,0 92,5 Aveia - 6,0 6,0 - 88,0 0,7 5,2 - 94,1 Cajuína Castanha do Pará - - 0,7 1,5 97,8 Chá verde - 2,2 1,5 - 96,3 Goiaba - 0,7 - - 99,3 0,7 0,7 - 98,6 Kiwi Limão doce - - 0,7 0,7 98,6 Linhaça - 3,7 3,7 - 92,6 Manga - - 3,7 1,5 94,8 2,2 19,5 9,7 2,2 66,4 Pêra - 4,5 8,2 - 87,3 Quiabo - 1,5 - - 98,5 Requeijão - 1,5 0,7 - 97,8 Soja - - 0,7 - 99,3 Uva 3,0 19,5 15,7 - 61,8 Batata doce - - 1,5 - 98,5 Caqui - - 1,5 - 98,5 Maxixe - 0,7 - - 99,3 Melancia 93 APÊNDICE C - Frequência do Consumo Alimentar (continuação). Frequência Alimentos Diária Semanal Quinzenal Mensal Não Consome Sapoti - - 0,7 - 99,3 Tangerina - 0,7 0,7 - 98,6 Azeite Oliva - 0,7 - - 99,3 Bolo - 2,2 0,7 - 97,1 Graviola - - - 0,7 99,3 Abacaxi - 0,7 - - 99,3 Acerola - 0,7 - - 99,3 Refrigerante - 0,7 - - 99,3 Sorvete - 0,7 - - 99,3 Chocolate - - 0,7 - 99,3 Coalhada - 0,7 - - 99,3 Barra cereal - 0,7 - - 99,3