VINICIUS RANGEL TEIXEIRA A Acupuntura nos Serviços Públicos de Saúde, uma prática possível: a experiência do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre em Saúde da Família. Orientador Prof. Dr. Carlos Gonçalves Serra. Rio de Janeiro 2007 VINICIUS RANGEL TEIXEIRA A Acupuntura nos Serviços Públicos de Saúde, uma prática possível: a experiência do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre em Saúde da Família. Aprovada em: BANCA EXAMINADORA ____________________________ Prof. Dr. Carlos Gonçalves Serra Universidade Estácio de Sá _____________________________ Prof. Dr. Luis Guilherme Barbosa Universidade Estácio de Sá _____________________________ Prof. Dr. Marcelo da Silva Genestra Centro Universitário de Volta Redonda A minha filha Júlia AGRADECIMENTOS A Deus, pela força, para a continuidade do curso, superando as dificuldades e os tropeços. Ao meu orientador Carlos Serra pela sabedoria e incentivo à pesquisa. Ao professor Luis Guilherme Barbosa pela força desde a graduação até o momento sempre me auxiliando e colaborando na minha formação. Á direção da Clinica da Dor do HUPE, pela força e disponibilidade dos prontuários dos pacientes. Ao Dr. Orlando, chefe da Clinica da dor, pela dedicação e disponibilidade sempre que necessário. A grande amiga Lucia Bastos que me deu força desde o inicio do curso até o fim sempre com apoio técnico com muito carinho. A Maura e Gabriela sempre juntos acumulando conhecimento da forma mais descontraída transformando as dificuldades em facilidades e piadas. A Débora, meu apoio nas horas difíceis superando junto às dificuldades com muita sabedoria e compreensão. Ao professor Marcelo Genestra pela disponibilidade e orientação. “Quando pensei que era impossível, eu tentei e consegui” (autor desconhecido). LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Características dos pacientes estudados cadastrados entre os anos de 1998 e 2007 no Serviço de Acupuntura da Clinica da Dor do HUPE 52 Número de sessões freqüentadas pelos pacientes estudados no universo de 871 atendimentos feitos pelo Serviço de Acupuntura do HU Pedro Ernesto entre 1998 e 2007 53 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Número de internações por doenças osteomioarticulares e por lesões na coluna vertebral no Município do Rio de Janeiro, 2006. Lesões osteoarticulares, em pacientes internados em hospitais da rede Municipal de Saúde do Rio de Janeiro na faixa etária entre 40 a 59 anos no ano de 2006. Número de casos de internações por tipo de doença (CID 10) e por faixa etária (entre 60 e 79 anos) no Município do Rio de Janeiro. Número de casos por tipo de doença (CID 10) e por faixa etária (acima de 80 anos) no Município do Rio de Janeiro, 2006. Número de pacientes portadores de lesões osteomusculares atendidos no HUPE segundo o gênero, entre 1998 e 2007. Número de atendimento por lesão na coluna vertebral e outras lesões no Serviço de Acupuntura do HU Pedro Ernesto, entre 1998 e 2007. Resultados atribuídos aos pacientes tratados no Serviço de Acupuntura do HUPE, segundo as categorias selecionadas para análise, no período entre os anos 1988 e 2007. 49 50 51 52 54 55 56 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Visão parcial da sala de atendimento do Serviço de Acupuntura do HUPE Aspecto radiológico de uma lordose patológica Processos degenerativos osteoarticulares acometendo disco vertebral e tecido cartilaginoso Incidência radiológica de tomografia computadorizada de espondilite ancilosante Compressão discal medular Imagem radiológica de escoliose estrutural Lã verde moxabustão Kit de ventosas Material de auriculoterapia, agulhas em amarelo, sementes e pinças Lancetas para realizar sangria 34 36 36 37 39 40 42 43 44 45 Resumo Este trabalho foi realizado com o objetivo de analisar o acompanhamento de pacientes portadores de patologias osteoarticulares da coluna e outras lesões cadastradas no Serviço de Acupuntura do Hospital Universitário Pedro Ernesto na Cidade do Rio de Janeiro no período entre os anos de 1998 a 2007. Para contemplar os objetivos propostos, esta pesquisa utilizou-se de uma abordagem quantitativa e qualitativa, de caráter documental, e de estudo de caso quanto aos meios, com finalidade exploratória. O período escolhido para o estudo, de 1998 a 2007. O trabalho realizado, a partir de fontes secundárias, foi uma análise dos prontuários dos pacientes cadastrados no Serviço de Acupuntura do Hospital Universitário Pedro Ernesto no período de janeiro de 1998 a julho de 2007. Estes dados estão sendo utilizados pela primeira vez, dando, por este motivo, o caráter de ineditismo ao trabalho. O critério de análise dos resultados do tratamento pela acupuntura utilizados no presente estudo foram os termos: melhora, sem melhora e manutenção do quadro estável, descritos nos prontuários. O resultado positivo do uso desta técnica se apresentou em 133 casos que relataram melhora do quadro, ou seja, a acupuntura se mostrou eficaz no tratamento das doenças osteorticulares da coluna, em um quadro de evolução de 71,89% dos indivíduos tratados de ambos os gêneros; e com um número de sessões relativamente pequeno, como caracterizado. Este estudo constatou a importância do serviço de acupuntura no setor secundário e na atenção básica e primária quando se atrela o resultado à suposição de diminuição dos custos hospitalares de internação e os custos de medicalização para a manutenção do quadro do paciente, com resultado satisfatório apenas durante o efeito medicamentoso, sendo este o relato do paciente enquanto tratado por alopatia. Palavras chaves: Lesão osteoarticular, acupuntura, Programa Saúde da Família. Abstract This paper intends to analyze the follow-up of patients who have osteoarticular pathologies in their backs, as well as other bruises registered at the Acupuncture Service of Pedro Ernesto Hospital, in the city of Rio de Janeiro, between 1998 and 2007. In order to contemplate the proposed objectives, this study used quantitative and qualitative approaches, of a documental kind, and case studies relating to methods, with an exploratory purpose. Using secondary sources, this study analyzed the charts of patients registered at the Acupuncture Service of Pedro Ernesto Hospital from January 1998 to july 2007. The data are being used for the first time, which guarantees the innovative nature of this study. The chosen criteria for the analyses of the acupuncture treatment results were the words improvement, without improvement or maintains stable condition, described in their charts. Positive results were found in 133 cases, which showed improvement. That is to say that acupuncture proved to be effective in the treatment of patients suffering from osteoarticular diseases in their backs, with an evolution of 71,89% of the treated patients, and with a rather small number of sessions. This study proved the importance of the acupuncture service in the secondary sector, as well as in the basic and primary attention, especially when the results are linked with the supposition of the reduction of the hospitalization and medical care costs aiming to maintain the patients’ condition, which, according to the testimony of patients being treated only with medicines, are satisfactory just during the effect of the medicine. Key words: osteoarticular pathologies, acupuncture, Program Health Family. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 21 1.1 APRESENTAÇÃO .................................................................................. 21 2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 24 2.1 AS POLÍTICAS DE SAÚDE E A ACUPUNTURA.................................... 24 2.2 O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA ..................................................... 27 2.3 TERAPIAS ALTERNATIVO-COMPLEMENTARES E ACUPUNTURA: A NECESSÁRIA INTERAÇÃO COM O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. .......... 32 2.3.1 Acupuntura Clássica ........................................................................ 34 2.4 A ACUPUNTURA NO BRASIL................................................................ 35 2.4.1 A Acupuntura no Município do Rio de Janeiro ................................. 38 2.4.2 Acupuntura em Serviços Públicos de Saúde.................................... 40 2.4.3 Acupuntura e Legislação.................................................................. 40 2.5 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO E O SERVIÇO DE ACUPUNTURA ............................................................................................. 42 2.5.1 Logística e Custos Apropriados........................................................ 44 2.6 A ACUPUNTURA NAS DOENÇAS OSTEOARTICULARES DA COLUNA VERTEBRAL ................................................................................................ 45 2.6.1 Cifose e Lordose .............................................................................. 46 2.6.2 Osteocondrose e Osteocondrite....................................................... 47 2.6.3 Espondilite Ancilosante .................................................................... 48 2.6.4 Espondilopatias ................................................................................ 49 2.6.4.1 Espondilólise ................................................................................. 49 2.6.4.2 Espondilolistese ............................................................................ 49 2.6.5 Transtornos dos Discos Cervicais.................................................... 49 2.6.5.1 Deformidades da coluna vertebral ............................................. 49 2.7. OUTRAS TÉCNICAS TERAPEUTICAS ................................................ 52 2.7.1 Moxabustão...................................................................................... 52 2.7.2 Ventosa Terapia ............................................................................... 53 2.7.3 Eletroacupuntura .............................................................................. 54 2.7.4 Auriculoterapia ................................................................................. 54 2.7.5 Shiatsu ............................................................................................. 55 2.7.6 Sangria............................................................................................. 56 2.7.7 Terapia Escalpeana ......................................................................... 56 2.8. OBJETIVOS........................................................................................... 57 2.8.1 Geral ................................................................................................ 57 2.8.2 Específicos ....................................................................................... 57 3. METODOLOGIA........................................................................................... 58 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO .................................................................... 60 5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 68 Referências: ..................................................................................................... 61 1. INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO A acupuntura vem crescendo gradativamente como terapia complementar em várias áreas da saúde, promovendo atendimento em todos os níveis de atenção, especificamente nos níveis primário e secundário. Dessa maneira, a importância da utilização da sua técnica, especialmente no Programa Saúde da Família (PFS), que tem entre suas propostas, a concretização dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) como acesso universal e o atendimento integral, além do impacto sobre a saúde da população adscrita no território, representaria uma ação alternativa dentro dos objetivos do Programa, que visa à melhoria das condições de saúde da população. Os benefícios da acupuntura são muitos, já suficientemente reconhecidos, comprovados e divulgados na literatura científica (PALMEIRA, 1997 ; NASCIMENTO, 1990), inclusive no tratamento de lesões osteoarticulares da coluna, minimizando o quadro que o paciente apresenta e diminuindo significativamente a sintomatologia, com maior resolutividade. A acupuntura é uma técnica da medicina tradicional chinesa que vem se desenvolvendo há pelo menos 3000 anos, sendo exercida no Brasil por profissionais de saúde, reconhecidos pelo Conselho Regional e Federal de cada profissão, e pelos Conselhos de Fisioterapia, Medicina, Enfermagem, Psicologia, Fonoaudiologia e Biomedicina, dentre outros. De acordo com Connor e Bensky (1996) tentar exercer um aspecto isolado desta medicina, como a acupuntura, sem a compreensão de sua base filosófica e teórica, levará o profissional a resultados aquém do esperado. No sentido de estudar na prática ambulatorial os benefícios da técnica da acupuntura, foi escolhido o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) por oferecer a oportunidade de desenvolver uma pesquisa inédita. Este hospital, inaugurado no ano de 1950, oferece desde 1980 o Serviço de Acupuntura na Clínica da Dor para pacientes portadores das mais diversas patologias. Foi também abordada a história da implantação do Programa Saúde da Família, visto que este passou a ser considerado fundamental tanto para a reorganização da atenção primária, através de mudanças das práticas tradicionais de atenção à saúde, consolidando, assim, um novo modelo de atenção com base na vigilância em saúde, como para a reorientação do sistema de saúde municipal, através de sua articulação e interação com os demais níveis de complexidade. (BRASIL, 1997) A acupuntura, foco central desta pesquisa, tem seu histórico revisto, de forma sucinta, no Brasil e nos serviços públicos, demonstrando seus benefícios, da mesma forma que a Legislação, que reconhece e legitima esta terapêutica, e as políticas de saúde relacionadas a ela. O trabalho pretendeu recuperar e explicitar o histórico do Serviço de Acupuntura, os seus aspectos epidemiológicos e demográficos, assim como o referencial teórico da técnica que é utilizada em pacientes cadastrados no HUPE escolhido para o estudo. A pesquisa buscou contemplar os objetivos desse trabalho, identificando os pacientes portadores de patologias osteoarticulares do Hospital Universitário Pedro Ernesto, na Cidade do Rio de Janeiro, referenciados pelo PSF ou não; analisando a aplicação das técnicas de acupuntura, especificamente, em idosos com problemas osteoarticulares da coluna vertebral, identificando os prováveis benefícios da acupuntura nessa população selecionada para o estudo e observando as possíveis alterações da demanda para as referências dos indivíduos portadores destas patologias. É importante ressaltar que a relevância deste estudo está na contribuição que poderá dar, através dos resultados, esclarecendo as possibilidades de oferta da acupuntura em serviços públicos, considerando suas vantagens como resolubilidade, custo de espaço físico, custo de equipamento e materiais. 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 AS POLÍTICAS DE SAÚDE E A ACUPUNTURA A intervenção da acupuntura junto ao SUS, atuando em nível primário e secundário de assistência à saúde, contribuirá para que a população tenha acesso às terapêuticas convencionais e alternativas, atendendo, assim, aos princípios de integralidade e universalidade, além de melhor qualidade de vida e diminuição dos custos e dos efeitos colaterais que os medicamentos podem trazer aos indivíduos. A terapêutica pela acupuntura se relaciona com a universalidade quando oportuniza o atendimento a todos os cidadãos, sem distinções, de acordo com suas necessidades, sem levar em conta o poder aquisitivo ou a contribuição com a Previdência Social, visto que, atualmente, poucos setores públicos, em poucas regiões do Brasil, apresentam esta técnica inserida como terapêutica, (BRASIL, 1988). A integralidade encontra-se inserida na Medicina Tradicional Chinesa porque a saúde do indivíduo não pode ser dividida, pois reconhece que a noção chinesa do corpo como um sistema indivisível de componentes intercalados está, obviamente, muito mais próxima da abordagem sistêmica do que o modelo cartesiano clássico (Palmeira, 1990), devendo ser tratada como um todo. Filosoficamente este princípio é intrínseco à terapêutica da acupuntura quando a técnica estabelece modelos diferentes de avaliação como, por exemplo, associando órgãos e sistemas a alterações musculoesqueléticas. Desta maneira, as ações de saúde devem estar voltadas, ao mesmo tempo, para o próprio indivíduo, a comunidade em que vive a prevenção e o tratamento, sempre respeitando a dignidade humana. Este é um princípio fundamental da acupuntura, que é análogo aos objetivos e princípios do SUS e perpassa as diretrizes da Política Nacional de Saúde do Idoso promulgada em 2003. (MS, 2003; SES, 2005) Silvestre e Costa Neto (2003) afirmam que todas as ações em saúde do idoso, previstas na referida Política, devem objetivar ao máximo manter o idoso na comunidade, junto de sua família, da forma mais digna e confortável possível. Também fazem referência às competências, habilidades e atribuições da equipe da atenção básica no Programa Saúde da Família, voltadas para a pessoa idosa. De acordo com o Ministério da Saúde (1997) e Silvestre e Costa (2003), dentre as atribuições comuns da equipe PSF destacam-se: a) O conhecimento da realidade das famílias pelas quais são responsáveis, com ênfase nas suas características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas; b) A identificação dos problemas de saúde e situações de risco mais comuns aos quais os idosos estão expostos; c) A elaboração de um plano local para o enfrentamento dos mesmos e sua execução; d) Valorização das relações com a pessoa idosa e sua família; e) Realização de visitas domiciliares de acordo com o planejado; f) Prestação de assistência integral à população idosa, o que garante o acesso ao tratamento dentro de casa; g) Coordenação e participação e/ou organização de grupos de educação para a saúde; h) promoção de ações intersetoriais e de parcerias com organizações formais e informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas identificados na população idosa; i) A fomentação da participação popular, discutindo com a comunidade conceitos de cidadania, direitos à saúde e suas bases legais. Segundo Nascimento (1997) seria unilateral desconsiderar os aspectos sócio-econômicos e políticos, sobretudo através das políticas públicas de saúde, como elementos também explicativos fundamentais “para se entender a ‘crise da medicina’ entre nós, e a busca conseqüente de outras terapêuticas na fuga dessa crise”. A autora cita ainda que esta opção para a assistência médica está fortemente assentada na tecnologia de ponta, e no processo de divisão do trabalho no sentido da especialização e tecnificação da medicina. Esses aspectos vêm contribuindo para o encarecimento progressivo dos serviços médicos. Também afirma que, no campo da saúde, assistimos à intensificação de demandas sociais, com respaldo legal na Constituição Federal de 1988, através dos Conselhos de Saúde e das Conferências de Saúde, sem que se tenha alcançado, no entanto, um suporte correspondente de recursos públicos para atender a essas reivindicações. Em outra abordagem, esta autora observa que diante da crise do serviço público de assistência à saúde e impossibilitados de arcar com os serviços de saúde da medicina liberal crescentemente sofisticada, ou mesmo com os planos de saúde da medicina privada, trabalhadores e camadas da classe média percebem-se compelidos “a buscar soluções alternativas para seus problemas econômicos face à saúde”. Ainda segundo Nascimento (1997), a acupuntura deve ser utilizada, portanto, como recurso terapêutico alternativo que atua na prevenção e no tratamento de patologias osteoarticulares, neuromusculares e pneumofuncionais que acometem o indivíduo, diminuindo sua autonomia funcional, incapacitando-o a exercer suas atividades domiciliares e laborais. Dessa forma, segundo Campos (2003), a busca de soluções para os problemas de atenção à saúde da população, relacionados com suas necessidades e anseios, foi a motivação básica para a criação do SUS. 2.2 O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA No ano de 1994, o Ministério da Saúde criou o Programa de Saúde da Família, entendido como uma proposta estruturante do Sistema de Atenção à Saúde, com objetivo de colaborar decisivamente na organização do Sistema Único de Saúde e na municipalização, implementando os princípios fundamentais de universalização, descentralização, integralidade e participação comunitária.(BRASIL, 2000) O PSF tem como objeto principal a atenção à família, compreendida a partir do ambiente onde vive, e este espaço é o local onde se constroem as relações intra e extra familiar, por vezes conflituosa, e aonde se desenvolve, permanentemente, uma luta pela melhoria das condições de vida. Este fato enseja um olhar ampliado do processo saúde/doença e, com base nele, o planejamento de ações que tenham impacto social e na saúde da população. Para isto torna-se necessário o estabelecimento de vínculos e de elos de coresponsabilidade entre profissionais e a população. (SES, 2005) Entre as atribuições das equipes Saúde da Família estão a identificação das necessidades de saúde mais prevalentes da população e seu enfrentamento através da prestação de atenção integral e contínua com ênfase nas ações de promoção e da utilização correta do sistema de referência e contra-referência para a continuidade de cuidados de acordo com cada problema de saúde (CAMPOS, 2003). O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), criado pelo Ministério da Saúde em 1991, pode ser considerado como um antecessor do PSF, porque, a partir dele, é que se começou a enfocar a família como objeto das ações programáticas em saúde - e não mais o indivíduo - e a se introduzir a idéia de área de cobertura por família. (idem) O PACS também introduziu a visão ativa de intervenção em saúde, isto é, a de não esperar a demanda chegar para intervir, mas agindo sobre ela de forma preventiva, possibilitando concretamente sua reorganização (idem). Outro ponto importante desenvolvido pelo PACS foi a interação com a comunidade, deixando, através dessa prática bem sucedida, a certeza de que os agentes comunitários poderiam tornar-se elementos importantes para a organização dos serviços primários de saúde no município. Neste programa demonstrou ser possível conceber-se uma visão menos reducionista sobre a saúde, não centrada exclusivamente na intervenção médica (VIANA & DAL POZ, 1998). Senna (2002) considera que a adoção de estratégias institucionais, marco da década de 1990 na saúde, foi destinada a garantir que os programas sociais atingissem os segmentos mais vulneráveis, pela implantação de medidas de ajuste estrutural da economia e de reforma do Estado, ganhou força a perspectiva de racionalização dos gastos públicos, na qual a eficiência e a eqüidade apareciam como elementos centrais, traduzidos na focalização do mais pobre como alvo prioritário das ações governamentais. A Saúde da Família pode, portanto, ser considerada o espaço das práticas de um novo modo de conceber o sistema de saúde. Essa nova lógica de atuação não deve se limitar à saúde da família, mas sim, disseminar-se por todos os serviços, desde as unidades básicas até as unidades hospitalares. Outros aparelhos sociais presentes em cada local devem estar também contribuindo para essa lógica assistencial. Campos (2003) considera importante buscar nos programas de saúde coletiva o estabelecimento de propostas de ação conjunta, voltadas para solucionar problemas relevantes e particulares de cada território, agregando contribuições de diversas áreas técnicas, contribuindo, assim, para que as equipes locais possam estar capacitadas a tratar problemas de forma integral. Para este autor, o PSF é visto por alguns como uma medida fortemente impregnada por seu caráter racionalizador, que reserva ao Estado a função restrita de provedor dos serviços básicos de saúde, direcionados a grupos populacionais pobres e marginalizados. Campos (2003) também destaca também a valorização da noção de eqüidade como igualdade no alcance de objetivos finais, bem como no reconhecimento explícito de fatores determinantes de diferenças existentes na sociedade, relativas a aspectos biológicos, sociais e político-organizacionais. A eqüidade em saúde refere-se às necessidades em saúde que são socialmente determinadas e que transcendem o escopo das ações dos serviços da área, à medida que os cuidados de saúde são apenas um entre os inúmeros fatores que contribuem para as desigualdades em saúde. O PSF apresenta-se como uma possibilidade de reorganização da atenção primária e reorientação do sistema, a partir de um conjunto de ações destinadas a mudar as práticas tradicionais baseadas nos princípios de territorialização, intersetorialidade, descentralização, co-responsabilização e priorização de grupos populacionais com maior risco de adoecer ou morrer (TRAD & BASTOS, 1998). A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 196, definiu a saúde como um direito de todos e dever do Estado, que deve ser garantido por políticas sociais e econômicas e pelos princípios de acesso universal e igualitário aos bens e serviços de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS), criado nessa ocasião, é constituído pelas ações e serviços públicos de saúde, que devem integrar uma rede regionalizada e hierarquizada, tendo como diretrizes a descentralização, a atenção integral e a participação da comunidade. O PSF, oficializado em 1994, teve como foco principal resgatar, na prática, os princípios do SUS. Um grande número de doenças que acometem os indivíduos é evitável por ações preventivas já conhecidas e comprovadamente eficazes. É, portanto, fundamental que todos os cidadãos tenham acesso à prevenção destas doenças, por meio de ações desenvolvidas na atenção primária de saúde. (NASCIMENTO, 1997) A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES, 2005), baseada nos documentos oficiais relativos à criação do Programa Saúde da Família, sintetizou os objetivos do PSF da seguinte maneira: (...) prestar um atendimento de qualidade, integral e humano em unidades básicas municipais, garantindo o acesso a assistência e à prevenção em todo o sistema de saúde, de forma a satisfazer as necessidades de todos os cidadãos; reorganizar a prática assistencial em novas bases e critérios: atenção centrada na família, entendida e percebida a partir de seu ambiente físico e social; Garantir eqüidade no acesso à atenção em saúde, de forma a satisfazer as necessidades de todos os cidadãos do Município, avançando na superação das desigualdades”. (SES, 2005) O PSF, além de se constituir numa estratégia para a reorganização da atenção primária, baseada na lógica da vigilância à saúde, representa uma concepção de saúde focada, essencialmente, na promoção da qualidade de vida, voltada, portanto, para a permanente defesa da vida do cidadão (BRASIL, 2000). O caráter substitutivo, uma das diretrizes operacionais para a implantação do modelo de Saúde da Família nas unidades básicas, representa, operacionalmente, a substituição de práticas convencionais de assistência por um processo de trabalho, baseado no desenvolvimento de atividades de promoção, prevenção e recuperação da saúde. As outras diretrizes, integralidade e hierarquização, asseguram que as unidades Saúde da Família, inseridas no primeiro nível do sistema municipal de saúde (atenção primária) devem estar vinculadas à rede de serviços de forma a garantir atenção integral, garantindo a referência e contra-referência para os diversos níveis do sistema, na medida em seja identificada a necessidade de maior complexidade tecnológica para a resolução dos problemas de saúde identificados (BRASIL, 1997). 2.3 TERAPIAS ALTERNATIVO-COMPLEMENTARES E ACUPUNTURA: A NECESSÁRIA INTERAÇÃO COM O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Terapias alternativas/complementares (TAC) são técnicas que visam à assistência à saúde do indivíduo, seja na prevenção, tratamento ou cura, considerando-o como mente/corpo/espírito, e não um conjunto de partes isoladas. Seu objetivo, portanto, é diferente daqueles da assistência alopática, também conhecida como medicina ocidental, ou em que a cura da doença deve ocorrer através da intervenção direta no órgão ou parte doente (TROVO, SILVA & LEÃO, 2003). Quanto à acupuntura, pode-se relacionar sua prática e propósitos aos princípios do SUS da universalidade e integralidade, que têm grande relevância na operacionalização da rede de serviços e ações de saúde, porque garantem o acesso da população aos bens e serviços de saúde e à continuidade dos cuidados nos níveis de complexidade do sistema. Desta forma, entende-se que o desenvolvimento de processos de trabalho baseados nos conceitos de prevenção, promoção e vigilância da saúde, significa atuar nos momentos precoces da transmissão de doenças, assim como sobre os riscos sanitários, ambientais e individuais. Esta atuação, portanto, poderá garantir melhores níveis de saúde e de qualidade de vida para todos. Dessa maneira, pode-se relacionar a acupuntura ao caráter substitutivo do PSF, pois leva à substituição de práticas convencionais de assistência por um processo de trabalho baseado no conceito de promoção da saúde e aos princípios de integralidade e hierarquização, isto porque, estando as unidades básicas de saúde inseridas no primeiro nível do sistema municipal de saúde (atenção primária), devem estar vinculadas à rede de serviços, de forma a garantir atenção integral, assegurando a referência e contra-referência para os diversos níveis de maior complexidade tecnológica para a resolução de situações ou problemas identificados. Gomes e Pinheiro (2005) dividem em dois conjuntos os sentidos da integralidade, destacando no primeiro um valor a ser sustentado, um traço de uma boa medicina, em resposta ao sofrimento do paciente que procura o serviço de saúde e um cuidado para que ela não seja reduzida ao aparelho ou sistema biológico; no segundo, como modo de organizar as práticas, exigiria certa horizontalização dos programas anteriormente verticais, desenhados pelo Ministério da Saúde, superando a fragmentação das atividades no interior das unidades de saúde. Nascimento (ibid) entende que a atenção individual, presente nos pressupostos da acupuntura e da medicina tradicional chinesa, situa-se como uma inovação qualitativa na abordagem médica contemporânea, centrada no resgate do atributo humano da medicina. A percepção do sujeito humano, visto em sua individualidade e integralidade tem encontrado, no entanto, grande resistência na prática médica, que tende a assimilar a acupuntura submetendoa ao paradigma biomecânico e à abordagem generalista, tecnicista e voltada à doença que caracterizam a medicina ocidental contemporânea. De acordo com Yamamura (2001), a Medicina Tradicional Chinesa concentra-se na observação dos fenômenos da natureza e no estudo da compreensão dos princípios que regem a harmonia existente nela. Assim, segundo Xinnong (1999) considerando que “a acupuntura é um componente importante da Medicina Tradicional Chinesa usada na prevenção e tratamento de doenças”, o crescimento da demanda e da oferta de terapias alternativas (entre elas a acupuntura) implica em certa legitimação, que depende mais do reconhecimento da unidade dessas práticas (PALMEIRA, 1990). 2.3.1 Acupuntura Clássica A palavra acupuntura, originária de duas palavras latinas, acus (agulha) e punctura (picada), provavelmente foram cunhadas por missionários jesuítas no século XVII impressionados com sua efetividade. A acupuntura originou – se na China em tempos pré – históricos e é tão nativo e singular como o idioma chinês. A acupuntura é uma parte importante da medicina e constitui um dos ramos da medicina chinesa e tem, antes de tudo, finalidade terapêutica baseada em diagnósticos precisos (KOTTKE & LEHMANN 1994; MACIOCIA 1996; YAMAMURA 2001). A acupuntura é uma técnica da Medicina tradicional Chinesa que vem se desenvolvendo há pelo menos 3000 anos AC no Oriente, sendo usada com finalidades preventivas e terapêuticas há vários milênios. As agulhas de pedra e de espinha de peixe foram utilizadas na china durante este período. O uso dos instrumentais utilizados pela Acupuntura Clássica, sem estar associado a uma base filosófica e teórica levará provavelmente a resultados insuficientes. (SCOGNAMILLO-SZABO; BECHARA, 2001). A acupuntura tradicional baseia o tratamento no entendimento tradicional da doença, seleciona os pontos a serem tratados em função das necessidades individuais dos pacientes e, no curso do tratamento, modifica os pontos utilizados, segundo a variação das necessidades das doenças (Palmeira, op.cit). A acupuntura no ocidente está vinculada à fundação da Companhia das Índias Ocidentais, em 1602 (Scognamillo-Szabo; Bechara, op.cit). A técnica de Acupuntura apresenta-se por critérios de diagnósticos diferenciados e com objetivo de tratar o paciente como um todo, consiste na movimentação energética de canais e meridianos buscando o equilíbrio em todos os órgão e sistemas, a energia que se busca movimentar para encontrar o equilíbrio energético é chamado pela Medicina Tradicional Chinesa de QI (Thi) e é considerada desde a energia ancestral, com característica embrionária, até a formada pela transformação do alimento e do ar, considerada energia adquirida. (MACCIOCIA 1996, XIMONG 1999 e YAMAMURA 2001) A acupuntura deve ser entendida como uma técnica de tratamento milenar, originária da medicina tradicional oriental, cujo objetivo é a manutenção da saúde, através do estímulo de pontos específicos do corpo e considerada como um tratamento de baixo custo e de resultados benéficos além da expectativa (SES, 2005). 2.4 A ACUPUNTURA NO BRASIL. Em 1979, a acupuntura passou a ser recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como cuidado primário de saúde e indicada no tratamento de inúmeras doenças, como, por exemplo, as patologias respiratórias, osteomusculares, digestivas e endócrinas. Segundo a OMS 1979, na ação regulatória da acupuntura, é difícil estipular contra-indicação absoluta para esta forma de terapia. Entretanto, por razões de segurança, deve ser evitada nas seguintes condições: gravidez, crianças menores de 10 anos, tumores malignos, emergências médicas e cirúrgicas e problemas de sangramento (hemofilia e terapias com anticoagulantes). Segundo Nascimento (1997), o reconhecimento da acupuntura no Brasil deu-se na segunda metade dos anos 70, quando houve um incisivo movimento por parte de um grupo de acupunturistas, envolvidos na Associação Brasileira de Acupuntura – ABA, no sentido de obter o reconhecimento de sua prática profissional. Nos anos 80 teve início um processo de institucionalização da acupuntura, através, principalmente, da sua inclusão no serviço público de assistência à saúde. Em 1985, o Dr.Hesio Cordeiro, presidente do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social, tomou a iniciativa de propor a regulamentação da acupuntura em um projeto que previa sua implantação na rede federal de assistência médica, entretanto, neste mesmo ano ocorreu a sustação do mesmo em sessão plenária do dia 09 de novembro de 1985. Neste mesmo ano, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) reconheceu a acupuntura como técnica terapêutica complementar (CREFITO2, 2007). A 8ª Conferencia Nacional de Saúde, em 1986, que através do movimento sanitário alcançou expressivo destaque com propostas de descentralização e democratização das políticas e ações em saúde sugeriu, em seu texto final a implantação de “práticas alternativas” nos serviços de atenção á saúde. Nascimento, 1997, ainda cita que em março de 1988 a Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação (CIPLAN) regulamentou a Acupuntura através de seus coordenadores resolvendo: - “implantar a prática de acupuntura nos serviços públicos médico-assistenciais, para garantir o acesso da população a este tipo de assistência”; (BRASIL, 2000) - “Criar procedimentos e rotinas relativas a prática da Acupuntura nas unidades públicas de assistência médica”; (BRASIL, 2000) O reconhecimento da acupuntura pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) aconteceu em 1989, quando emitiu seu parecer considerando a acupuntura como “método terapêutico”, em atenção ao Secretário Geral do Ministério do Trabalho (NASCIMENTO, 1997). A resolução exigia que os profissionais deveriam ter incluído no currículo de formação universitária a acupuntura, fixado pelo Conselho Federal de Educação e Ministério da Saúde. No ano de 1991, no projeto lei 377/91 de autoria do senador Fernando Henrique Cardoso, o CFM defendeu que a acupuntura seria “um ato médico, devendo ser exercido por médicos, mas podendo ser realizada por técnicos”, sob prescrição e restrita supervisão de médicos. Interessante a colocação de Nascimento (1997), que questiona como uma prática, que em certo período da história da acupuntura no Brasil era considerada placebo, sendo realizada por charlatões, em certo momento passa a ser especialidade médica e ato exclusivamente médico, justamente por este profissional que tempos atrás não reconhecia esta técnica como terapêutica. 2.4.1 A Acupuntura no Município do Rio de Janeiro O inicio da Acupuntura no serviço público do Rio de Janeiro ocorreu em 198, no Hospital Paulino Werneck, por iniciativa do Dr Ronaldo Azem; neste momento não havia um reconhecimento oficial do serviço, que operava em caráter experimental, com precária infra-estrutura, em nível ambulatorial. Em 1984, a Acupuntura passou a integrar o atendimento nas “Clinicas da Dor” em três hospitais da rede: Hospital de UFRJ; Hospital Universitário Pedro Ernesto e Hospital Paulino Werneck. A inclusão da Acupuntura entre as especialidades médicas foi uma experiência pioneira de abordagem multiprofissional no âmbito do Município. Através da criação do “Serviço de Medicina Alternativa”, em 1987, é que o processo de institucionalização da Acupuntura no Serviço Público começou a tomar um formato oficial no Rio de Janeiro. A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro criou em 1992 o programa estadual de acupuntura e terapias afins (shiatsu, tui na, seitai, quiroprática, shantala e todas as técnicas terapêuticas manuais), através da resolução SES 818/92, com o objetivo de normatizar, implantar, implementar e regulamentar a prática destas técnicas no estado. O Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro da federação a institucionalizar um programa dessa prática, a criar normas de esterilização do instrumental da Acupuntura e a recomendar a utilização de agulhas descartáveis e/ou individuais, em benefício dos usuários da acupuntura (SES, 2005). Através da Lei Estadual Nº 3.181, de 27 de janeiro de 1999, regulamentada pela Resolução SES Nº 1837, de 05 de julho de 2002, o poder executivo autorizou a criação do serviço de Acupuntura nas unidades hospitalares da rede do Estado do Rio de Janeiro. Este serviço está sendo gradualmente implantado nestas unidades atendendo pacientes encaminhados pelas clínicas dos Serviços Públicos de Saúde municipais, estaduais ou federais, ou pacientes que espontaneamente desejarem ser atendidos pela Acupuntura e Terapias Afins (SES, ibid). Na busca de instituições de saúde onde funcionam os serviços de acupuntura, nas cento e cinqüenta e cinco unidades de saúde do Município do Rio de Janeiro, atualmente na SES (2007) encontramos: O Posto de Saúde Cecília Donnangelo, Unidade Vargem Grande; O Pam Antonio Ribeiro Netto, no Ed. Darke- Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro; O Pam Oswaldo Cruz no Centro; O Centro Municipal de Saúde Lincoln de Freitas Filho; O Centro Municipal de Saúde Américo Veloso, na Praia de Ramos. 2.4.2 Acupuntura em Serviços Públicos de Saúde A acupuntura nos serviços públicos foi precedida pela multiplicação de consultórios privados, o que supõe a existência de uma demanda específica para este tipo de terapia, por parte de uma parcela da população que pode pagar os serviços privados. A aceitação destas práticas pelos usuários dos serviços públicos tem mostrado que esta demanda não é exclusiva daquela parcela da população (PALMEIRA, 1990). Há um crescente interesse em todo o mundo pela utilização de tais técnicas, e este fato se deve devido a vários fatores como o preço elevado da assistência médica privada associado ao alto custo dos medicamentos, além da precariedade da assistência prestada pelos serviços públicos em geral. Verifica-se, na maioria das vezes, que as TAC são tão eficazes como a terapêutica científica/aloterapia, além do que, se corretamente utilizadas, não ocasionam efeitos colaterais danosos ao organismo (TROVO, SILVA E LEÃO, 2003). 2.4.3 Acupuntura e Legislação No Brasil, a acupuntura já vinha sendo incorporada como alternativa terapêutica, em geral associada a procedimentos da Medicina Científica Ocidental em vários Hospitais Universitários desde a década de 80 (PALMEIRA, 1990). Desde a Resolução Nº 05, de 03 de março de 1988 da CIPLAN, observa-se a legitimidade da acupuntura em serviços públicos incorporando-a como Terapia Alternativa Complementar nos Hospitais Públicos e Postos de Saúde. Em seguida, a Resolução Nº 534, de 6 de novembro de 1989, (SES, 2007) constituiu a Comissão Estadual de Medicinas Alternativas e Tradicionais; a Resolução Nº 535, de 6 de novembro de 1989, compôs a Comissão Estadual de Medicinas Alternativas e Tradicionais; a Resolução SES Nº 811, de 28 de outubro de 1992, dispôs sobre normas de esterilização de materiais empregados em acupuntura e a Resolução SES Nº 818, de 23 de novembro de 1992, implantou o “Programa Estadual de Acupuntura e Terapias Afins SUS/RJ”, que dispõe sobre seu funcionamento. Conforme a SES - RJ, a Lei Estadual Nº 3181, de 27 de janeiro de 1999, autorizou o poder executivo a criar o serviço de acupuntura nas unidades hospitalares do Estado do Rio de Janeiro e a Resolução SES Nº1439, de 30 de dezembro de 1999, dispôs sobre a atividade da Acupuntura e Terapias Afins, regulamentando a Lei 3.181/99 (SES, 2005), criando o Serviço de Acupuntura nos Hospitais do Estado. O autor desta última resolução, deputado estadual Carlos Minc, defendeu a acupuntura como um método de promoção de saúde simples, eficaz e de baixo custo, antes restrito aos consultórios particulares. Para democratizar o acesso à saúde, a lei amplia a oferta de práticas e métodos orientais para melhorar a qualidade de vida da população. 2.5 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO E O SERVIÇO DE ACUPUNTURA O HUPE foi inaugurado no ano de 1950, fazendo parte da rede hospitalar da Secretaria de Saúde do então Distrito Federal. Em 1962, tornouse o Hospital Escola da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara (UEG), atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). No ano de 1965, foi incorporado à UEG como Hospital das Clínicas. Até então, suas atividades privilegiavam exclusivamente as questões acadêmicas de ensino e pesquisa, com o acompanhamento e estudo ou de raridades clínicas e doenças em estágio final de evolução. Segundo o Dr. Orlando de Oliveira Alves1, chefe do Serviço de Acupuntura do Hospital Pedro Ernesto, em 1980 foi criado a Clínica da Dor pelo Dr. Carlos Telles, que implantou a acupuntura em 1982, sob a supervisão do Dr. Nemem Jorge. O atendimento, nesta ocasião, era realizado no leito dos pacientes, por não haver um setor de atendimento em acupuntura. Em 2001, com a aposentadoria do Dr. Nemem Jorge, o Dr. Orlando assumiu o cargo e, logo após, o serviço foi reconhecido pela direção do hospital, passando o atendimento a ser realizado em sala própria. 2 De acordo com o relato do atual chefe do serviço de Acupuntura, o setor de acupuntura atende aproximadamente 160 pacientes por mês, sendo esta demanda considerada pequena em função de fatores como o encaminhamento 1 Chefe do Serviço de Acupuntura do HUPE Dr. Orlando de Oliveira Alves, em 21 de Junho de 2007. 2 Entrevista cedida pelo chefe do serviço de acupuntura do HUPE DR. Orlando de Oliveira Alves, em 21 de Junho de 2007. para este serviço ser considerado uma última alternativa após ocorrer um insucesso da terapia medicamentosa. Os pacientes chegam ao setor de Acupuntura sempre encaminhados de forma aleatória por profissionais de vários setores do Hospital Universitário Pedro Ernesto ou referenciados por postos da rede de saúde municipal e estadual para a Clinica da Dor, onde são submetidos a procedimentos como infiltração, cirurgia ou acupuntura, sem um critério terapêutico pré-estabelecido. Assim, esgotadas as tentativas de controle da dor através de bloqueios anestésicos locais ou a espera de vaga para o procedimento cirúrgico, este paciente é, então, encaminhado para o serviço de acupuntura, ficando claro, que esta última alternativa adquire, simplesmente, o caráter paliativo. De qualquer forma, após os resultados satisfatórios em conseqüência de um dos recursos adotados, os pacientes são encaminhados à Fisioterapia para tratamento e reabilitação funcional por Reeducação Postural Global (RPG), Hidroterapia ou Hidroginástica. O paciente encaminhado ao setor de acupuntura do HUPE é submetido a sessões semanais no primeiro mês de tratamento, considerado prioritário e fundamental para a obtenção de resultados significativos. Se isto ocorrer, a intervenção passa a ser mensal. Este procedimento é adotado em função da demanda sempre crescente. 2.5.1 Logística e Custos Apropriados A logística do Serviço de Acupuntura do HUPE reflete a simplicidade da terapêutica, conforme pode ser visto na figura 1, abaixo. A constituição física é de 03 boxes com 01 leito de atendimento cada e 3 cadeiras. O tempo de atendimento individual é de 30 minutos, ocorrendo simultaneamente, possibilitando 288 atendimentos/mês. Uma enfermeira é responsável pelo processo de marcação dos atendimentos, cuja ação se dá localmente. Os atendimentos são realizados somente pelos profissionais médicos, os quais se dividem em turnos de 8 horas sendo cumpridas duas vezes por semana, onde um atende de manhã e outro à tarde. O material utilizado, agulhas, álcool e algodão, são de custo irrisório, sendo minorado pela esterilização das agulhas. O custo médio de um kit de agulha é de R$ 1,50 (Hum real e cinqüenta centavos). No presente trabalho não será aprofundado a questão dos custos em virtude da sua significância mínima, ainda que esse dado seja importante, porém de difícil acesso no HUPE. Figura 1 – Visão parcial da sala de atendimentos do Serviço de Acupuntura do HUPE. Fonte: Palestra apresentada pelo Dr. Orlando de Oliveira Alves 2.6 A ACUPUNTURA NAS DOENÇAS OSTEOARTICULARES DA COLUNA VERTEBRAL Constata-se em dados atuais do IBGE, (2007) no Município do Rio de Janeiro - RJ uma população total estimada em 01 de julho de 2007 de 6.136.652 habitantes, sendo a população residente de adultos jovens, entre 40 e 59 anos, de 1.382.786 (indivíduos). A população de idosos, residentes, com a faixa etária entre 60 e 79 anos é de 656.608 (indivíduos), e entre os indivíduos residentes acima de 80 anos, é de 95.216 (indivíduos). Na faixa etária de 40 a 59 anos observa-se um aumento da sintomatologia das patologias do sistema músculo-esquelético, comprometendo a autonomia funcional deste segmento da população que, provavelmente, encontra-se economicamente ativa, a fim de complementar a renda familiar pelas dificuldades socioeconômicas encontradas nos dias atuais. (MACCIOCIA, 2006b) Quanto às doenças osteoarticulares relacionadas e classificadas no Código Internacional de Doenças nº 10 (CID 10) que causam limitações funcionais chegando à internação, que atingem tanto adultos jovens quanto idosos, e podem ser tratadas pela acupuntura podemos destacar: 2.6.1 Cifose e Lordose Segundo Defino; Rodriguez-Fuentes E Piola (2002) a coluna vertebral apresenta 4 curvaturas no plano sagital (lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e cifose sacro-coccigena), que são balanceadas e interpretadas sob o ponto de vista biomecânico, e apresentam funções como a de aumentar a resistência mecânica da coluna vertebral e sua capacidade de absorção ao choque e manter a flexibilidade. As deformidades cifóticas são consideradas quando os valores ultrapassam 55 graus. A etiologia da cifose patológica abrange um grande número de doenças que alteram a biomecânica da coluna vertebral, entre elas se destacam as congênitas, distúrbios do crescimento, processos infecciosos, degenerativos, tumores e traumas. Conforme pode observar na figura 2 a Lordose é caracterizada pelo aumento dos processos degenerativos dos discos lombares inferiores, especialmente L4 L5 e sacro (S1). Figura 2: Aspecto radiológico de uma lordose patológica Fonte: Arquivo próprio de atendimento. 2.6.2 Osteocondrose e Osteocondrite É uma reação secundária estrutural e mudanças do corpo vertebral causado por uma degeneração do disco articular. Há um comprometimento tanto do tecido ósseo quanto do tecido cartilaginoso causando uma neoformação patológica (PORTO, 2001) conforme demonstrado na figura 3. Figura 3 - Processos degenerativos osteoarticulares acometendo disco vertebral e tecido cartilaginoso Fonte: Hams, 2007 2.6.3 Espondilite Ancilosante Trata-se de uma doença crônica, de natureza inflamatória, e de etiologia desconhecida, que afeta adultos jovens entre 15 a 40 anos. É predominante no sexo masculino e, atualmente, admite-se que haveria uma interação entre fatores infecciosos, ambientais e genéticos. Caracteriza-se pelo comprometimento inicial das articulações sacrilíaca que evolui para anquilose, artrite das articulações sinoviais da coluna vertebral e calcificação dos ligamentos vertebrais (PORTO, 2001). Segundo Torres e Ciconelli (2006) e Melo e Charello (2007), a espondilite anquilosante é uma doença inflamatória que se caracteriza por acometer a coluna vertebral de forma insidiosa, e é potencialmente debilitante, levando à redução da qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Sua etiopatogenia ainda não está totalmente esclarecida, dificultando as estratégias no seu diagnóstico e manejo. Figura 4 Figura 4-Incidência radiológica de Tomografia Computadorizada de espondilite ancilosante. Fonte: Arquivo próprio 2.6.4 Espondilopatias Segundo Porto (2000) se dividem em: 2.6.4.1 Espondilólise A espondilólise se caracteriza pela falta da continuidade no pedículo, perdendo, assim, o corpo vertebral sua conexão com os elementos posteriores da coluna. 2.6.4.2 Espondilolistese É o escorregamento de uma vértebra sobre a outra. Pode ocorrer com ou sem defeito no pedículo. Sua etiologia é traumática, congênita ou degenerativa. 2.6.5 Transtornos dos Discos Cervicais. 2.6.5.1 Deformidades da coluna vertebral Estas deformidades são mais bem definidas como sendo alterações nas curvaturas da coluna vertebral, sendo que no plano sagital encontramos as cifoses e lordoses e no plano frontal a escoliose. (PORTO 2001) Compressão medular por transtorno do disco articular. Figura 5: Compressão discal medular Fonte: Hams, 2006 A escoliose se traduz pelo aparecimento de encurtamento lateral da coluna no plano frontal. Esta deformidade é bastante freqüente e importante na mulher adolescente. Divide-se em 2 grandes grupos: as de curvas não estruturadas e as de curvas estruturadas. A escoliose não estruturada subdivide-se em escoliose postural, escoliose de compressão, escoliose antálgica, escoliose inflamatória. Escoliose - A escoliose postural pode ser corrigida pela flexão de tronco na posição de pé, em decúbito, ou pela tração, e clinicamente não há rotação dos corpos vertebrais ou dos processos espinhosos. A escoliose por compressão aparece quando há discrepância de membros inferiores, ou nos casos de contraturas em adução ou abdução no quadril. A escoliose estruturada é identificada clinicamente quando o paciente faz à flexão do tronco, notando-se, então, a rotação dos corpos vertebrais e das costelas, fazendo aparecer a gibosidade. Quanto a escoliose idiopática, caracteriza-se pela curvatura estruturada de causas desconhecidas e ocorre quando há ausência de grupos musculares paralisados. Tem picos de aparecimento no recém nascido e dos 11 anos até o final do crescimento é mais prevalente. (PORTO 2001) A escoliose congênita é ocasionada por defeitos congênitos de uma ou mais vértebras. As anomalias da coluna lombar baixa geralmente estão associadas à espinha bífeda ou lesão da cauda eqüina. (PORTO 2001) Figura 6: Imagem radiológica de escoliose estrutural Fonte: Arquivo próprio Em relação à hérnia de disco intervertebral, esta é formada pelo anel fibroso que engloba o núcleo pulposo, recoberto acima e abaixo por lâminas de cartilagens. Seu contato com a raiz nervosa ou no seu trajeto pode caracterizar compressão ao nível da emergência da raiz ou no seu trajeto. Ocorre geralmente em indivíduos jovens, na faixa etária entre 30 e 40 anos. O principal sintoma é dor intensa local da hérnia com irradiação para membros inferiores e superiores de acordo com a raiz comprimida (PORTO, 2001). A Medicina Tradicional Chinesa utiliza para o tratamento das alterações encontradas em avaliação específica tanto e agulha quanto recursos térmicos e elétricos além de outras técnicas específicas como as citadas abaixo no capítulo 2.7. 2.7. OUTRAS TÉCNICAS TERAPEUTICAS Na Terapia Alternativa e Complementar encontram-se outras técnicas que fazem parte do tratamento pela Medicina Tradicional Chinesa. Entre elas podemos destacar a Moxabustão, Ventosa terapia, eletroacupuntura, auriculoterapia, Shiatsu, Sangria e Terapia Escalpeana. Estas técnicas fazem parte da terapêutica e são indicadas de acordo com a necessidade do paciente. 2.7.1 Moxabustão Método de tratamento por aquecimento local por uma erva, a Artemísia vulgaris. É uma técnica em que um punhado de moxa3 é queimada sobre ou acima da região situada em torno nos pontos de acupuntura. Existam dois métodos gerais de moxabustão, o direto e o indireto. No método, direto a lã de artemísia é queimada sobre a pele no ponto de acupuntura. No método 3 Moxa – Lã formada por uma erva derivada da artemísia utilizada para o tratamento pela Medicina Tradicional Chinesa para aquecimento local. indireto, a moxabustão é queimada indiretamente, podendo estar acima da agulha ou aplicada através de bastões próximos a pele, ou utilizando um material para evitar o contato da pele com a moxa como exemplo o alho, gengibre, sal, pimenta. (CONNOR E BENSKY,1996; YAMAMURA 2001) Figura 7: Lã verde Moxabustão. Fonte: Material próprio de atendimento 2.7.2 Ventosa Terapia Método terapêutico que trata as doenças pela produção de uma congestão local. Através de um vácuo parcial criado no interior de cápsulas, geralmente por meio de calor, aplicado sobre a pele sugando os tecidos subjacentes, formando a estase sanguínea. A ventosa pode ser aplicada pelo método tradicional quando se utiliza um chumaço de algodão umidecido e, álcool para promover o aquecimento por produção de chamas e colocado rapidamente sobre a pele promovendo assim a sucção, ou pelo método pneumático, quando, por pressão, há sucção do tecido. (CONNOR E BENSKY,1996) Figura 8: Kit de ventosas. Fonte: Material Próprio de atendimento 2.7.3 Eletroacupuntura Técnica de tratamento que consiste na utilização da corrente elétrica em pontos de acupuntura. A transmissão é feita através da agulha, atingindo tecidos mais profundos. Foi desenvolvida com o advento da pilha de Volta em 1799, e a partir daí vários pesquisadores como Sarlandiere em 1825, Duchenne (1806 – 1875), passaram a utilizá-la. (KOTTE E LEHMANN, 1994). 2.7.4 Auriculoterapia O tratamento é realizado através do estímulo de pontos locais auriculares que exercem certos efeitos terapêuticos nas partes do corpo com as quais estão associados. A gama de indicações da acupuntura auricular é ampla, e o método é relativamente simples e econômico, com poucos efeitos colaterais (CONNOR E BENSKY,1996). Figura 9: Material de auriculeterapia, agulhas em amarelo, sementes e pinças Fonte: Material próprio de atendimento 2.7.5 Shiatsu A técnica consiste em estabelecer uma compressão com os dedos nos canais e meridianos e em pontos energéticos específicos com o objetivo de fazer circular a energia. Funciona como uma massagem na área a ser tratada (BASTOS, 2000). O objetivo desta técnica é acalmar e equilibrar o paciente massageando os pontos localizados nos canais energéticos. 2.7.6 Sangria A técnica é realizada fazendo-se um pequeno corte epidérmico com uma lanceta, agulha trifacetada ou agulha hipodérmica. Após lancetar a pele, deixase escoar o sangue em um volume total de 7 a 10 gotas e depois se faz o tamponamento (YAMAMURA, 2001). Busca-se com esta técnica retirar os excessos de sangue que se encontra estagnados nos tecidos. Figura 10: Lancetas para realizar sangria Fonte: Material próprio de atendimento. 2.7.7 Terapia Escalpeana Este método consiste em inserir agulhas de acupuntura em determinadas áreas do couro cabeludo, relacionadas com a projeção de áreas corticais específicas. Indicada nas afecções de origem centrais, não tendo efeito preponderante nas de origem periféricas (YAMAMURA, 2001). Estas técnicas auxiliam o tratamento da Medicina Tradicional Chinesa, em especial a acupuntura, conforme o diagnóstico da lesão e a sintomatologia. 2.8. OBJETIVOS 2.8.1 Geral Analisar o acompanhamento de pacientes portadores de patologias osteoarticulares da coluna e outras lesões cadastrados no Serviço de Acupuntura do HUPE na Cidade do Rio de Janeiro – RJ, no período entre Janeiro de 1998 a Julho de 2007. 2.8.2 Específico - Identificar os pacientes portadores de patologias osteoarticulares da coluna e de outras lesões acompanhados pelo Serviço de Acupuntura do HUPE, na Cidade do Rio de Janeiro; - Descrever e analisar as técnicas de acupuntura utilizadas no Serviço de Acupuntura do HUPE; - Identificar os prováveis benefícios da acupuntura nos prontuários de atendimento do setor de Acupuntura do HUPE, selecionados para o estudo. 3. METODOLOGIA O estudo teve seu projeto de pesquisa submetido ao Comitê de Ética Em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estácio de Sá, e atendeu às normas para a realização de pesquisa em seres humanos, resolução 196/1996, do Conselho Nacional de Saúde. (CNS, 1996) Para contemplar os objetivos propostos, esta pesquisa utilizou-se de abordagem quantitativa e qualitativa, de caráter documental, e de estudo de caso quanto aos meios, com finalidade exploratória. O período escolhido para o estudo, de 1998 a 2007, se deu em função da ausência de registros anteriores. Os dados primários foram obtidos pela entrevista concedida pelo atual chefe do Serviço de Acupuntura do HUPE e prontuários; os dados secundários referentes ao tema foram obtidos através de levantamento bibliográfico e documental que constava no setor. O trabalho realizado, a partir de fontes secundárias, foi uma análise dos prontuários dos pacientes cadastrados no Serviço de Acupuntura do Hospital Universitário Pedro Ernesto no período de janeiro de 1998 a julho de 2007. Estes dados estão sendo utilizados pela primeira vez para pesquisa científica, dando, por este motivo, o caráter de ineditismo ao trabalho. O levantamento de dados consistiu em identificar os registros constantes nos prontuários de acompanhamento dos pacientes cadastrados no Serviço de Acupuntura. Os registros são anotações dos tratamentos feitos pelos profissionais de saúde responsáveis pela acupuntura do hospital e mostram a evolução do quadro a partir dos relatos dos pacientes no momento de seu retorno ao tratamento. Os prontuários selecionados foram os de indivíduos de ambos os sexos, na faixa etária de 40 a 90 anos, residentes no Município do Rio de Janeiro - RJ, portadores de patologias osteoarticulares da coluna e de outras doenças, encaminhados para o tratamento pela Acupuntura por indicação da Clinica de Dor, pelo PSF - RJ e por outras unidades de saúde, visto que o HUPE é referência municipal em serviço de saúde. O número total de prontuários encontrados no serviço de Acupuntura para o período de estudo foi de 217, sendo que foram analisados 185 válidos, por apresentarem dados específicos registrados. Nos prontuários analisados constam dados como: data de inicio do tratamento, de conclusão do tratamento, de avaliação da eficácia da acupuntura pelo quadro do paciente no retorno ou ainda pela ausência de atendimento ou mesmo pela descrição do médico assistente quanto à evolução do quadro clinico desde a primeira sessão de tratamento por Acupuntura. O critério de análise dos resultados do tratamento pela acupuntura utilizados no presente estudo foram os termos: melhora, sem melhora e manutenção do quadro estável, descritos nos prontuários. Os dados obtidos foram tabulados, após a construção de planilhas em Excel, versão 2003, visando a análise numérica e percentual dos resultados oriundos do serviço de Acupuntura do HUPE. 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO A incidência das lesões oesteomioarticulares da coluna vertebral em pacientes internados na rede Municipal do Rio de Janeiro no ano de 2006, classificados por faixa etária, era de 12440 pacientes com doenças do sistema osteomioarticular, sendo que 10% (1391) eram patologias relacionadas à coluna vertebral conforme gráfico 1. Dentre as lesões osteomioarticulares encontram-se a cifose, lordose, osteocondrose da coluna cervical, espondilite anquilosante, espondilopatias, dorsalgias, transtornos dos discos articulares e outras dorsalgias deformantes. (SES, 2006) 98,55% 100,00% 90,00% 80,00% 60,00% 1998 2006 40,00% 20,00% 10% 1,45% 0,00% Doenças Osteomioarticulares Outras Doenças Gráfico 1: Número de internações por doenças osteomioarticulares e por lesões na coluna vertebral no Município do Rio de Janeiro, 2006. Fonte SES – RJ, 2006. Os casos de internações ocorridos no ano de 2006, no Município do Rio de Janeiro, relacionados no CID 10 do Datasus relacionando a faixa etária de 40 anos a 59 anos e o tipo de doença podem ser avaliados no gráfico 2. Entre 40 e 59 anos destaca-se a maior incidência de outros transtornos da coluna vertebral, totalizando 634 casos de internação (47,7%). Os 441 casos de internação por dorsalgia atingem a 33% do total, enquanto que os 138 casos de transtornos dos discos cervicais e os 11 casos de espondilopatias inflamatórias correspondem a 10% e 1% respectivamente. Estes dados confirmam a descrição de Porto (2001), que afirma que a incidência de lesões osteoarticulares da coluna, com destaque para as cervicalgias, dorsalgias e lombociatalgias, é maior em pessoas acima de 50 anos. São dados significativos os 40 casos de dorsalgias deformantes, acrescidos dos 32 casos de outras espondilopatias, perfazendo 72 ocorrências, visto que não são comuns estas alterações da coluna vertebral na faixa etária entre 40 e 59 anos. Os indivíduos nesta faixa etária encontram-se economicamente ativos e a prevenção destas lesões seria muito importante para não afastá-los do mercado de trabalho. Percentual de pacientes internados com faixa etária de 40 a 59 anos 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 47,70% 33,20% 1% 0,03% 0 0,30% 0,50% al br rte 3,70% 10,40% 39,60% 2006 1998 44,70% 3,00% 8,70% 0,60% 2,30% 3,50% a s is is te es gi t ia n ra t ra al an sa eb pa eb rs t t o e r m o lo r l o l r v ci e D di ve ve fo a s s an on se de un co co s ol sp ifo ite s l s i a c e i i C ti d d d s s da s pa ra on do do ut so se sp r s o s O E o d dr no no s or on or st tra st oc n u n e a O st tra Tr O s ro ut O e os rd Gráfico 2: Lesões osteoarticulares, em pacientes internados em hospitais da rede Municipal de Saúde do Rio de Janeiro na faixa etária entre 40 a 59 anos no ano de 2006. Fonte: SES-RJ, 2006 Dentre indivíduos de 60 e 79 anos, há um número significativo de dorsalgias (156) entre os pacientes internados na rede municipal de saúde. Os outros transtornos da coluna vertebral correspondem a 141 casos (30%) das internações. Estas lesões são mais comuns entre os idosos dessa faixa etária e podem ser atribuídas à falta de prevenção adequada entre os 40 e 59 anos, quando eram economicamente ativos. Observa-se, também, a manutenção do elevado índice de transtornos dos discos cervicais, com 56 casos nesta faixa etária, provavelmente por desgaste local pela falta da atenção básica e prevenção na época devida. (PORTO 2001) Percentual de pacientes internados com a faixa etária entre 60 a 79 anos 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 32,90% 21,60% rte br a is gi a ut ro s tra ns to r no s os do do s s di sc os di sc os ve D ve rte b or sa l ra is an te s de fo rm O O ut ra s O do rs ut ra s op at ia s an c li t e 24,70% 2006 1998 7,40% Tr an st or n il o sa nt al ve rte br co lu na da se on dr o Es po nd i lo e se ifo C 11,80% 3,20% 0,00% e 2,60% rd os e 0 40% 16,00% 2% 1,70% es po nd i lo pa tia s 0,60% st eo c O 29,70% 5,40% Gráfico 3: Número de casos de internações por tipo de doença (CID 10) e por faixa etária (entre 60 e 79 anos) no Município do Rio de Janeiro. Fonte: SES-RJ, 2006. Dentre as doenças que acometem os indivíduos acima de 80 anos encontra-se nos dados da SES,(2006) uma maior incidência de dorsopatias deformantes com 47,20% dos casos em 1998 com uma diminuição dos valores de incidência desta mesma lesão em 2006 (10,2%). Já em 2006 a maior incidência foi do quadro de dorsalgia, com 41,02% dos casos (gráfico 4). Porcentagem de pacientes internados acima de 80 anos 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 10,25% 2006 1998 41,02% 23,10% 47,20% 0% 5,12% 23,50% 5,80% 17,95% 0,00% es po nd i lo do pa rs tia op s at Tr ia s an de st fo or rm no an s do te s s di sc os ve rte br ai O s ut ro s tra ns D or to sa rn os lg ia do s di sc os ve rt. .. s ut ra O ut ra s O po nd ili t e Es co lu na da O st eo co nd ro se 23,50% an ci lo sa nt e 0,00% ve r lo rd os e e ifo se C 0,00% te br al 0,00% 2,56% Gráfico 4: Número de casos por tipo de doença (CID 10) e por faixa etária (acima de 80 anos) no Município do Rio de Janeiro, 2006. Fonte: SES-RJ, 2006. Segundo coleta de dados realizada em junho de 2007 no HUPE - Rio de Janeiro, no Setor de Acupuntura da Clínica da Dor, observou-se que em 185 prontuários avaliados, 128 casos estavam relacionados às alterações da coluna vertebral e 57 casos com outros diagnósticos. Tabela 1: Características dos pacientes estudados cadastrados entre os anos de 1998 e 2007 no Serviço de Acupuntura da Clinica da Dor do HUPE. Idade Masc. Fem. Total de No. De Lesões indivíduos Atendimentos na atendidos Realizados Coluna Outras lesões 46 139 185 57 Média 58,21 826 128 Fonte: Serviço de Acupuntura do HUPE, 2007 Apresentação geral dos dados da pesquisa A média da idade 58,21 confirma os gráficos com internações na Rede Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que mostram o maior número de internações na faixa etária entre 40 a 59 anos (tabela 5). Na amostra estudada é significativo o número de mulheres cadastradas no Serviço 139, em comparação aos 46 homens com registros. Tabela 2: Número de sessões freqüentadas pelos pacientes estudados no universo de 871 atendimentos feitos pelo Serviço de Acupuntura do HU Pedro Ernesto entre 1998 e 2007. Média Erro Desvio Curtose Assimetria Mínimo Máximo Soma Padrão Padrão 0,284 4,002 22,947 3,589 1 37 826 4,399 A tabela 2 mostra que os pacientes atendidos tiveram no mínimo uma sessão e no máximo 37 sessões de acupuntura, com um total de 826 atendimentos; entre as 185 pessoas atendidas, cada uma teve, em média, 4 atendimentos. Em relação ao gênero dos pacientes tratados no Serviço de Acupuntura da Clínica da Dor do HUPE, o número de mulheres (139) corresponde à 75,1% dos pacientes portadores de lesões, na coluna e outras, atendidos no Serviço, enquanto que os homens (46) correspondem à 24,9 %. Percentual de atendimento por gênero 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 75,10% 24,90% HOMENS MULHERES Gráfico 5: Número de pacientes portadores de lesões osteomusculares atendidos no HUPE segundo o gênero, entre 1998 e 2007. Fonte: HUPE, 2007. Quanto ao gênero, os dados apresentados na tabela 2 se justificam pelo fato das mulheres serem mais acometidas pelos diversos tipos de problemas de saúde, em função de perdas ósseas, disfunções nervosas, elevada tendência à depressão, dentre outros, além de terem maiores preocupações com a saúde e de procurarem por os atendimentos preventivos e de tratamento com freqüência (NÓBREGA, 1999 apud, FIEDLER, 2005). Justifica-se, portanto, esta procura por tratamento pelos indivíduos do sexo feminino em função das alterações naturais que as mulheres sofrem com o envelhecimento, como diminuição hormonal e relativa diminuição de massa óssea pela perda de cálcio, levando a um maior desgaste das estruturas ósseas e articulares, alem da diminuição do colágeno, que mantém em equilíbrio o disco articular (NÓBREGA, 1999 apud, FIEDLER, 2005). A medicina chinesa considera este fato como consumo do QI original, que ocasiona transtornos osteoarticulares pelo consumo do QI primário que é fornecido pelo rim (MACIOCIA,1996). Considera-se o baixo número de indivíduos do gênero masculino, possivelmente em virtude da faixa etária ser produtiva, além de mais restrições quanto a cuidados e tratamentos e dificuldades de acesso, como também em função das concentrações e capacidades funcionais. (NÓBREGA, 1999 apud, FIEDLER, 2005) A incidência de lesões da coluna é demonstrada na análise dos atendimentos realizados no Setor de Acupuntura na Clinica da Dor, onde se encontrou 128 pacientes com indicações de acupuntura para transtornos da coluna vertebral. Consideram-se como alterações da coluna vertebral as seqüelas de pós-laminectomia, dorsalgias e transtornos dos discos vertebrais, tanto em coluna cervical quanto dorsal e lombar. Foram encontrados também 57 pacientes com outras lesões, tais como: neuralgia do trigêmeo, fibromialgia, seqüela pós-cirúrgica4 e artrites em segmentos isolados. 4 Palestra do Dr. Orlando de Oliveira Alves no Seminário de Atualização em Acupuntura. Gráfico 6: Número de atendimento por lesão na coluna vertebral e outras lesões no Serviço de Acupuntura do HU Pedro Ernesto, entre 1998 e 2007. Lesões da coluna vertebral X outras doenças 100,00% 69,20% 80,00% 60,00% 30,80% 40,00% 20,00% 0,00% Coluna Outras Doenças Fonte: HUPE, 2007. Observa-se no gráfico 7 a eficácia da acupuntura, quando 133 pacientes apresentaram melhora do quadro álgico instalado na coluna vertebral, causa principal dos encaminhamentos para o Serviço de Acupuntura, enquanto 27 indivíduos apresentaram como resposta a manutenção do quadro inicial e outros 25 indivíduos não apresentaram melhora com o tratamento pela Acupuntura. A pesquisa somente pode utilizar 185 prontuários, porque os outros 32 não apresentavam dados conclusivos. Estes prontuários apresentavam apenas o nome e idade dos pacientes, sem evolução e sem resultados transcritos sobre a terapêutica empregada. Resultados da aplicação da acupuntura no HUPE 100,00% 71,89% 80,00% 60,00% 40,00% 14,60% 13,51% 20,00% 0,00% Melhora Estável S/ Melhora Gráfico 7: Resultados atribuídos aos pacientes tratados no Serviço de Acupuntura do HUPE, segundo as categorias selecionadas para análise, no período entre os anos 1998 e 2007. Fonte: HUPE, 2007. Deve-se ressaltar que as mulheres necessitaram de um menor número de sessões do que os homens para o mesmo tratamento, e isto pode ser atribuído ao fato de terem uma menor massa muscular que facilita a manipulação e diminui as tensões sobre a lombar. Considerando que a freqüência de atendimento dos pacientes no serviço de acupuntura do HUPE é de 4 (quatro) sessões consecutivas, sendo uma vez por semana no inicio do tratamento, e a manutenção se dá somente uma vez por mês após a 4ª sessão, o resultado positivo do uso desta técnica se apresentou em 133 casos que relataram melhora do quadro, ou seja, a acupuntura se mostrou eficaz no tratamento das doenças osteorticulares da coluna, em um quadro de evolução de 71,89% dos indivíduos tratados de ambos os gêneros, e com um número de sessões relativamente pequeno, como foi caracterizado. 5. CONCLUSÕES Este estudo constatou a importância do serviço de acupuntura no setor secundário e na atenção básica e primária quando se atrela o resultado à suposição de diminuição dos custos hospitalares de internação e os custos de medicalização para a manutenção do quadro do paciente, com resultado satisfatório apenas durante o efeito medicamentoso, sendo este o relato do paciente enquanto tratado apenas pelo medicamento. Os dados coletados comprovam a eficácia do tratamento de acupuntura e sua importância na saúde coletiva dos Municípios do Rio de Janeiro, visto que a resolutividade da ação pode atingir os níveis de atenção primária e secundária atuando na prevenção de doença e promoção à saúde. A eficácia do tratamento de acupuntura no Hospital Universitário Pedro Ernesto relatou um desafio: adequar a terapêutica mediante condições precárias de atendimento, entre elas, a falta de diagnóstico específico da medicina chinesa e da utilização das técnicas complementares à acupuntura. Segundo Dr. Orlando de Oliveira Alves, como visto no capítulo - O Hospital Universitário Pedro Ernesto e o Serviço de Acupuntura -, o paciente tem uma freqüência de quatro vezes no primeiro mês, e conforme o resultado passa para uma única vez ao mês. Esta realidade ocorre pela elevada demanda. O ideal é um atendimento semanal até a resolutividade do quadro instalado no paciente, como ocorre em consultas particulares. A logística envolvida é simples, de custo relativamente baixo pela própria característica do modelo de atendimento. Outro aspecto importante com relação ao custo baixo associado a essa terapêutica está na utilização e, neste trabalho especificamente, na reutilização das agulhas, que por sua vez já possuem custo baixo, sendo elemento fundamental para a viabilização da oferta dessa terapêutica pelos Serviços Públicos a exemplo do PSF, Hospitais Gerais e Postos de Atendimento. Em relação ao custo mínimo dos medicamentos antiinflamatórios mais prescritos existentes no mercado, a pesquisa realizada em 2007 pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) constatou que o mais custa R$ 2,61 (dois reais e sessenta e um centavos) e os mais caro R$ 27,61 (vinte sete reais e sessenta e um centavos). Por outro lado, os medicamentos antiinflamatórios mais comuns em uso pelos pacientes do HUPE encontrados nos prontuários pesquisados como, por exemplo, Dolamim e Dorflex , o custo médio pelo preço mínimo é de R$ 12,50 (doze reais e cinqüenta centavos), enquanto que o custo do instrumento para realizar a acupuntura é de R$ 1,50 (Hum real e cinqüenta centavos). Em vista disso, pode-se pensar que a acupuntura poderia trazer uma diminuição drástica nos custos dos tratamentos dessas patologias, especialmente na atenção primária, já que as agulhas podem ser reutilizadas após a esterilização em autoclave. Este procedimento é uma rotina no HUPE, segundo Dr. Orlando, chefe do serviço de Acupuntura. A eficácia dos atendimentos realizados no HUPE demonstra que mesmo sob condições precárias há viabilidade de oferta da terapêutica da Acupuntura. É preciso avançar para auxiliar mais e melhor a cada um dos pacientes, tentando perceber as principais queixas de cada indivíduo que se apresenta movido pelo desejo de encontrar a saúde, e adequar a terapêutica de forma a atender a cada um de acordo com suas necessidades mais urgentes e específicas. Entendo que se faz necessário a implantação da acupuntura na atenção primária (PSF e PAD), para haver diminuição da demanda na atenção secundária e consequentemente melhoria a qualidade assistencial da população. A implantação do serviço de acupuntura nos Programas de Saúde da Família, Programas de Assistência Domiciliar e em nível ambulatorial nos postos e pólos de saúde; assim como a inserção da acupuntura e das terapias alternativas em programas como o de saúde do idoso, DST/AIDS, hiperdia e saúde da mulher; é fundamental para qualidade da saúde no Estado do Rio de Janeiro. No entanto é preciso divulgação junto aos profissionais de saúde e a população dos resultados pelos tratamentos das terapias alternativas e complementares com o objetivo de quebrar os preconceitos quanto estas terapêuticas. Com atuação de outros profissionais, não médicos que podem exercer a acupuntura, trataríamos da recuperação funcional do paciente como um todo contemplando princípios do SUS como integralidade e universalidade. Trata-se de considerar a acupuntura não só como um recurso terapêutico, mas principalmente a recuperação do paciente como um todo. Propor protocolos para a intervenção da acupuntura em patologias encontradas nos grupos conforme os quadros instalados é uma alternativa para maior conhecimento desta técnica que é sucesso na China durante dois mil e quinhentos anos. Com a implantação do serviço de acupuntura nos programas, aumentaria o acesso da terapêutica aos indivíduos mais idosos que apresentam esta dificuldade. O grande número de pacientes adultos no serviço de acupuntura do HUPE pode ser caracterizado pela acessibilidade. Aumentar o número de instituições públicas com os serviços de terapias alternativas e complementares melhoraria a qualidade de vida da população promovendo uma maior autonomia funcional. É necessária a ampliação do número de profissionais e o número de áreas de atuação dos mesmos. Referências Alves O. A. entrevista concedida em 21 de junho de 2007. Comunicação pessoal, 2007. BASTOS, S. R. C. Shiatsu tradicional: fundamentos, prática e clínica shiatsuterapia. 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