gt – 11: práticas culturais na produção da cidade

GT – 11: PRÁTICAS CULTURAIS NA PRODUÇÃO DA CIDADE
A DIFERENÇA ÉTNICA E RACIAL NO ESPAÇO URBANOMETROPOLITANO DE GOIÂNIA
Alecsandro (Alex) J. P. Ratts
LaGENTE/IESA/UFG – Bolsista FAPEG
[email protected]
RESUMO
A partir de estudos anteriores, realizados e/ou orientados, identifiquei que uma parte
significativa dos grupos negros (ou afro-brasileiros), com destaque para as irmandades e
congadas, a capoeira e o candomblé, se deslocavam temporária ou definitivamente entre
Goiânia e municípios da Região Metropolitana, em face da localização da residência de
suas lideranças e/ou das suas organizações e das áreas de realização de suas expressões
culturais. Nesta comunicação, trago um material que advém do trabalho de campo com
um afoxé e com as festas do Rosário realizadas em Goiânia, além da revisão de vários
estudos, apresentando em duas partes uma abordagem da diferença étnica e racial no
espaço urbano-metropolitano e observada em várias escalas: 1. Da cidade ao espaço
metropolitano; 2. Da rua à cidade-região.
Palavras-chave: grupos negros, cultura afro-brasileira, cidade, região metropolitana
1
1. Introdução: a diferença e a cidade
Ao imaginarmos as cidades de Salvador ou São Luís e suas áreas metropolitanas
temos em mente que sua população é em grande parte negra. Esperamos, então, que
nestas capitais existam expressões culturais “afro-brasileiras”. O contrário pode ser
imaginado para as capitais do sul do país e causa espécie o fato de que há quilombos e
religiões de matriz africana em Porto Alegre, assim como estas e outras coletividades
negras em Curitiba e Florianópolis. Nas quatro cidades mencionadas, a presença
indígena e cigana é pensada respectivamente como pretérita e passageira.
No caso de Goiânia a ausência negra e indígena nas representações públicas
também se associa à ideia de um passado agro-pecuário e à predominância de um gosto
musical pelo estilo chamado de sertanejo. O espaço urbano visto pela dimensão cultural
está estruturalmente ligado às esferas econômicas e políticas (CORRÊA, 2003),
afirmação que exige a (re)elaboração de uma abordagem.
A partir de estudos anteriores, realizados ou orientados por mim (pesquisas de
iniciação científica, mestrado e doutorado), identifiquei que uma parte significativa dos
grupos negros ou afro-brasileiros, com destaque para as irmandades e congadas, a
capoeira e o candomblé, se deslocavam temporária ou definitivamente entre Goiânia e
municípios da Região Metropolitana, em face da localização da residência de suas
lideranças e/ou das suas organizações e das áreas de realização de suas expressões
culturais.
Trago um material que advém do trabalho de campo com um afoxé e com as
festas do Rosário realizadas em Goiânia e de vários estudos, apresentando em duas
partes uma abordagem da diferença étnica e racial no espaço urbano-metropolitano e
observada em várias escalas: 1. Da cidade ao espaço metropolitano; 2. Da rua à cidaderegião.
2
2. A diferença étnico-racial: da cidade ao espaço metropolitano
A formação das cidades brasileiras, oriundas ou não de planejamento, incluindo
aquelas que se tornaram metrópoles, é pouco estudada no campo da Geografia em
relação com a presença de grupos étnicos e raciais, tomados aqui como quilombos,
ciganos, indígenas e população negra1. O caso de Goiânia, em grande parte, segue este
percurso.
Goiânia, formada em 1933, foi uma cidade construída a partir da concepção
modernista e capitalisticamente planejada, no que diz respeito ao atual centro
expandido, o que implica em discursos e arranjos espaciais que não incluem negros e
indígenas, a não ser em falas, poemas e monumentos que se referem ao passado colonial
do estado. Como registro de um momento histórico, há o “Monumento às Três Raças”
na Praça Cívica, marco central da cidade, e o “Monumento ao Bandeirante”, entre as
Avenidas Goiás e Anhanguera, no principal cruzamento urbano. Dito de outra forma,
uma modernidade que nega ou subestima a diferença social, étnica e racial no espaço
urbano.
No que refere às relações raciais, Goiânia foi considerada em certo senso comum
“como cidade sem racismo, democrática, onde qualquer pessoa nela „chega, enrica e
sobe na vida‟, seja negro ou branco” (BAIOCCHI, 1983, p. 12-13). Em 1970, Mari
Baiocchi ao estudar o bairro rural negro de Cedro, em Mineiros, localizado no sudoeste
goiano, volta-se para Goiânia, por ser a cidade com maior densidade populacional.
Através de questionários, ele visava compreender como, nos discursos, as pessoas e
coletividades negras são vistos em Goiás. E conclui que há certa separação racial:
[...] onde as relações associativo-profissionais se caracterizam por
relações assimétricas, de dominação e sujeição, onde o negro participa
ativamente do processo produtivo, sofrendo discriminação, que lhe
dificulta inserir-se na sociedade local e usufruir os seus bens, levando1
Vale ressaltar os ensaios de Santos, M. (1987; 1997; 1999), sobre “cidadanias mutiladas”; as
proposições de Ratts (2003, 2004) sobre grupos étnico-raciais; e de Santos, R. (2012), Campos (2012;
2005) sobre relações raciais e espaço urbano, assim como o estudo mais remoto de Rolnik (1989).
3
o à marginalização como indivíduo e como grupo de cor (BAIOCCHI,
1983, p. 12)
A partir de questionários respondidos por intelectuais goianos, a maioria sendo
professores universitários, a autora demonstra como o racismo e a discriminação no
discurso dos entrevistados contribuíram para certa invisibilidade da população negra no
estado de Goiás. A interpretação do processo de miscigenação como um mito de três
raças harmônicas, pode ser considerada uma “ideologia geográfica” (MORAES, 1989)
que parece nos discursos negar o negro e sua cultura em Goiás. Por outro lado, em
Goiânia, segundo Garcia (2007), estudioso do movimento hip hop afirma que
[...] podemos deduzir que a continuidade da exclusão e a manutenção
da subalternização negra, tanto material como psicologicamente,
também contribuiu grandemente para sua desaparição, reafirmando a
idéia de que diante de relações racistas e de dominação o negro tendeu
a se “auto-branquear” como forma de ter reconhecida sua cidadania e
dignidade. (2007, p. 40)
No entanto, deve-se observar que nenhum processo destes é conclusivo. O que
observei parcialmente nesta pesquisa, que se desdobra em outras, é como ocorre a
reconfiguração destes grupos étnicos e raciais na metrópole goiana.
Cabe retomar o processo de definição da Região Metropolitana de Goiânia
(RMG). No final de 1999 ocorreu a implantação e consolidação da RMG. Este espaço
metropolitano, instituído pela Lei Complementar 027, de 31 de dezembro de 1999, era
constituído por onze municípios. Após a Lei Complementar Estadual de número 78,
aprovada em 25 de março de 2010, a “Grande Goiânia” passou a abranger vinte
municípios (Figura 01).
4
Figura 01: Região Metropolitana de Goiânia – 2010
Fonte: Lei Complementar Estadual de número 78, 25/03/2010.
A Região Metropolitana de Goiânia foi se consolidando e crescendo no contexto
de expansão da economia capitalista, da conseqüente valorização da terra urbana, da
riqueza concentrada nas mãos de poucos e da exploração do trabalho. Possuindo hoje,
mais de dois milhões de habitantes (IBGE, 2010) e seus diversos problemas de ordem
social e política (ARRAIS, 2013) .
5
Goiânia não se diferencia de muitas cidades brasileiras no que corresponde à
presença das tendências à homogeneização, diferenciação e desigualdade social e
espacial resultando em locais segregados por classe, raça e gênero. A população de
baixa renda excluída que chega à cidade vai residir nas “franjas” ou em áreas centrais,
mas irregulares, constituindo as ocupações sem nenhuma estrutura. Na Região
Metropolitana de Goiânia, a população negra, segundo censo de 2000, correspondia a
45,13% do total (Tabela 01).
Preta
Goiás
%
RMG
%
Goiânia
Parda
Branca
Amarela
Indígena
Sem
Total
Declaração
226.963
2.176.260
2.538.412
12.052
14.110
36.399
5.004.197
4,53
43,48
50,73
0,24
0,28
0,72
100
70.462
669.586
877.794
4.811
4.312
12.550
1.639.516
4,29
40,84
53,54
0,3
0,26
0,77
100
41.202
411.663
625.922
3.386
2.920
7.915
1.093.007
%
3,77
37,66
57,26
0,31
0,26
0,72
100
Tabela 01: População residente por cor/raça em Goiás, Região Metropolitana de Goiânia e Goiânia –
2000. Fonte: IBGE,Censo 2000.
No censo de 2010 o dado de cor/raça foi incorporado ao questionário básico (até
2000 encontrava-se apenas no questionário da amostra) possibilitando a obtenção da
informação na base de microdados dos municípios, isto é, por setor censitário. No caso
dos dados para os municípios da Região Metropolitana em foco, como se pode observar
na tabela abaixo (02), podemos destacar que o percentual de negros é 54, 50% para
Goiânia e maior para os outros três maiores municípios: Trindade 60,14%, Aparecida de
Goiânia 62,19%, Senador Canedo 67,17%.
A pesquisa de Machado (2011) acerca de trajetórias de ativistas negros(as) e o
estudo de Ferreira (2014) sobre diferenciação e segregação racial, apontam, por
caminhos distintos, que há concentrações negras nesta cidade, a exemplo dos setores
Vila João Vaz, que tem uma irmandade negra e uma Festa de N. S. do Rosário
(DAMASCENA, 2012; SOUSA, 2012) e o Setor Pedro Ludovico que abriga um
terreiro de candomblé e dois de umbanda, uma escola de samba, uma organização do
movimento negro e um grupo de capoeira, também observados em campo (Figura 02).
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Figura 02: População Negra por setor censitário em Goiânia-GO
Fonte: IBGE, Censo 2010. Elaboração LaGENTE.
No mesmo sentido, no que se refere a outros grupos negros (ou afro-brasileiros)
na Região Metropolitana de Goiânia, os estudos de Ricardo (2007) e Silva (2014), sobre
o candomblé e a capoeira respectivamente, apontam uma aglutinação dos terreiros de
religiões de matriz africana nas regiões administrativas centro e sul da capital se
direcionando para o município conurbado de Aparecida de Goiânia e o deslocamento de
mestres de capoeira angola para periferias populares de Goiânia e Aparecida de
Goiânia.
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Na referida Região Metropolitana há dois quilombos certificados pela Fundação
Cultural Palmares, um em Aparecida de Goiânia (Jardim Cascata), alvo de estudos
recentes em outras áreas e outro em Trindade (quilombo Vó Rita) (RATTS &
FURTADO, 2010). É relativamente conhecida a presença cigana em Trindade, referida
no estudo antropológico de Rodrigues (2012) e no trabalho inicial de Vieira (2014). No
caso dos indígenas, há referências a locais de passagem, a exemplo da Casa de Saúde do
Índio no Setor Santo Antônio e os dados do censo de 2010 do IBGE que apontam 2135
indígenas na capital, conformando 0,15% da população geral (FERREIRA, 2014)
2. A diferença na casa/terreiro e na rua: um afoxé e as Festas do Rosário
Para o estudo em pauta optei pelo retorno como pesquisador a duas expressões
culturais afro-brasileiras: 1. O afoxé Axé Omo Odé, criado nos anos 1990 e recriado em
2008, a partir da casa de candomblé Ilê Ibá Ibomim no Setor Pedro Ludovico (formada
no início dos anos 1970), cujos(as) organizadores(as) se transferiram para Aparecida de
Goiânia e mantém o cortejo do afoxé no bairro goianiense mencionado; 2. As
irmandades de N. S. do Rosário e as congadas realizadas nos setores Vila Mutirão, Vila
Abajá/Campinas e Vila João Vaz das quais vários(as) realizadores(as) passaram a
residir em bairros da periferia de Goiânia e de Aparecida de Goiânia.
2.1. O afoxé Axé Omo Odé em Goiânia e seu principal cortejo
Os afoxés são cortejos de rua formados a partir de uma ou mais casas de
candomblé, também denominadas terreiros, que agregam candomblecistas, participantes
de outras religiões de matriz africana e interessados(as) nas expressões culturais afrobrasileiras (RATTS & TEIXEIRA, 2014). Iniciados em Salvador, se estenderam para
Pernambuco e para outras cidades e regiões do país. No caso de Goiânia a primeira casa
de candomblé reconhecida é o Ilê Ibá Ibomin, formada no início dos anos 1970 por João
Martins Alves, conhecido como Pai João de Abuque, natural de Juazeiro, Bahia
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(TEIXEIRA, 2009; ULHOA, 2011), acompanhado de sua esposa Luzia Pereira
Rodrigues.
João de Abuque, iniciado no candomblé na nação angola, em sua terra de
origem, migra para Brasília em meados dos anos 1960 e, após alguns percalços, se
dirige a Goiânia. Luiza Rodrigues é originária de Afrânio, Pernambuco, cidade
localizada próxima a Petrolina e Juazeiro, o que me permite dizer que é uma família
nordestina que se instala em terras goianas. Tendo residido no setor Norte Ferroviário,
onde reinicia suas atividades religiosas, João de Abuque passa a morar com a família do
atual Setor Pedro Ludovico, então denominado de Macambira, no início da década
seguinte, que era uma área de ocupações irregulares e anteriormente fora uma fazenda.
No Setor Pedro Ludovico também residia Geraldina Barbosa que em 1965 funda
no mesmo bairro o Centro Espírita São Sebastião, casa de umbanda (RICARDO, 2008).
João de Abuque e Geraldina Barbosa participam em conjunto com outras autoridades da
fundação da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de Goiás (FUEGO) em
1969 (NOGUEIRA, 2009). Ainda na década de 1970, no mesmo bairro, Sebastião
Pereira da Silva cria o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Brasil Mulato.
O período dos anos 1970 é fértil para as expressões culturais afro-brasileiras em
Goiânia: chegada de Mestre Bimba (Manuel Machado dos Reis), fundador da capoeira
regional no Brasil, junto com familiares e amigos(as) e que passa a residir no Setor
Pedro Ludovico; formação da Irmandade 13 de Maio (em 1971) na Vila Abajá, no
entorno do setor Campinas, posteriormente transferida para a Vila Mutirão; e, formação
da Irmandade de N. S. do Rosário da Vila João Vaz, formada por migrantes de Catalão,
Goiás, registrada somente em 1988 (SOUSA, 2011). O Afoxé Axé Omo Odé é um
espaço social de aglutinação de candomblecistas, umbandistas, capoeiristas,
congadeiros(as) e militantes dos movimento negros (TEIXEIRA & RATTS, 2014).
Após a morte de João de Abuque em 2006, a casa de candomblé ficou fechada
por um ano, como é prescrito na religião. Em maio de 2008, Mestre Luizinho, Luís
Lopes Machado, filho de mestre Bimba, ogã (músico e dirigente) do Ilê Ibá Ibomin,
retoma o afoxé que estava sem desfilar desde os anos 1990. Como se percebe, a
principal liderança do grupo é masculina, mas há uma notória participação feminina na
9
organização do grupo e no cortejo, sobretudo, na chamada “ala das baianas” e no canto.
O cortejo do grupo passa a ser realizado anualmente no mês de setembro, rememorando
o período da morte do fundador, e é intitulado de “Caminhada em homenagem aos
mestres e mestras da tradição afro-brasileira”.
Cabe registrar que em 2014, se verifica uma dissidência na casa de candomblé e
que o referido ogã e esposa, Maria do Socorro Alves, transferem sua residência para
uma chácara da família de João de Abuque situada no bairro Cidade Satélite São Luiz,
do município de Aparecida de Goiânia e retomam a vida religiosa com a casa
denominada recentemente de Ilê Ojú Odé (dados de campo). Em 2012, em período
anterior a esta pesquisa, a caminhada iniciou na rua, em frente ao antigo terreiro, local
também de outras manifestações como a “Chamada dos Tambores” (realizada no mês
de novembro, por ocasião das celebrações do Dia Nacional da Consciência Negra)
(figura 03).
Figura 03 – Divulgação da 4ª. Caminhada em Homenagem aos Mestres e Mestras das Tradição
Afro-Brasileira. Goiânia, Setor Pedro Ludovico, 2012.
1
0
O deslocamento de lideranças do candomblé de Goiânia, particularmente da
região sul da capital do estado, para Aparecida de Goiânia, cidades conurbadas e
imbricadas em um processo de urbanização desigual, também foi observado por Silva
(2013):
Esse processo de urbanização entre os setores periférico e
central de uma cidade constitui-se por um espaço diferenciado,
em que as atividades secundárias e terciárias são os vetores que
promovem o movimento de conurbação. Esse movimento é
vivenciado entre as cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia,
por diversas atividades e por diversas formas de vida urbana.
Em face desse desordenamento o terreiro é submetido às
digressões espaciais, sobretudo, promovidas pela ausência do
poder público. (p. 121) 2
No entanto, residindo em Aparecida de Goiânia, as lideranças do Afoxé Axé
Omo Odé mantém a “Caminhada” pelas ruas do Setor Pedro Ludovico, iniciando e
encerrando o cortejo no Jardim Botânico, utilizado anteriormente pelo grupo do terreiro
como área ritual (TEIXEIRA, 2009) (figura 04).
2
O estudo da autora teve como foco três terreiros de candomblé, dois deles situados em Aparecida de
Goiânia e um na capital do estado. Os dois primeiros têm vinculação inicial com o Ilê Ibá Ibomin e com
Pai João de Abuque.
1
1
Figura 04 – Divulgação da 6ª. Caminhada em Homenagem aos Mestres e Mestras das Tradição
Afro-Brasileira. Goiânia, Setor Pedro Ludovico, 2013.
A presença do antigo terreiro e as relações de vizinhança e rituais com a área,
fazem do bairro um lugar de referência para este grupo social. Observamos aqui um
tipo de rugosidade espacial (SANTOS, M. 1997) e cultural na cidade de Goiânia, como
se pode observar na Festa de N. S. do Rosário no Setor Campinas, no mês de maio, que
será tratada abaixo.
1.2. As Festas do Rosário em Goiânia: Setores Campinas/Santa Helena/Vila Abajá,
Vila Mutirão e Vila João Vaz
As Festas de N. S. do Rosário que são realizadas por irmandades e
acompanhadas de congadas constituem um vasto complexo cultural no Brasil que se
concentra em Minas Gerais, Goiás e São Paulo. No caso de Goiás identificamos uma
distribuição espacial que indica uma aglutinação no Sudeste Goiano (com foco em
1
2
Catalão) e no centro do estado (com foco em Goiânia) (RATTS, 2013). No caso de
Goiânia, a memória dos(as) congadeiros(as0 aponta a existência de uma irmandade na
Vila Santa Helena e no Setor Campinas desde os anos 1940, ou seja, ainda na primeira
década de formação da cidade (DAMASCENA, 2012).
No período entre 1933 e 1960 a capital goiana é denominada por Oliveira (2003)
como a “pequena cidade” e certa oposição entre a área central e o setor Campinas,
núcleo urbano que antecede Goiânia: “pode-se dizer que o que marcou a história
cultural de Goiânia de 1933 até à década de 1960 foi a rivalidade com Campinas.
Rivalidade essa que se refletiu de forma mais intensa no lazer e no futebol de Goiânia”
(Oliveira, 2003, p. 14). Posso dizer que no campo da religiosidade popular a mesma
polarização se observa; na área central e adjacências (Vila Nova, por exemplo) se
constitui a catedral católica (pouco imponente), algumas igrejas evangélicas e o
primeiro centro espírita (NOGUEIRA, 2009). No conjunto formado pelos setores
Campinas/Vila Abajá/Santa Helena, além dos clubes Campinas e Atlético, constitui-se a
irmandade do Rosário cujo principal cortejo acontece na Matriz do bairro no segundo de
maio.
No período posterior, entre 1960 e 1980, Oliveira (2003) denomina Goiânia de
“grande cidade” e este é o momento em que mais duas irmandades negras se formam: a
13 de Maio na Vila Santa Helena (que posteriormente se transfere para a Vila Mutirão,
bairro periférico) e a de N. S. do Rosário da Vila João Vaz (formada nos anos 1970 e
registrada em 1988).
Duas festas “do Rosário” se consolidam na cidade. Uma em maio, próximo ao
dia 13, data da abolição da escravidão e dia dos “pretos velhos” (para a umbanda), tendo
como ápice um cortejo dos ternos de congos na manhã do segundo domingo do mês que
se encerra na casa da filha do antigo Rei. Realizavam esta festa as Irmandades da Vila
Santa Helena e 13 de Maio. A outra festa ocorre na Vila João Vaz em setembro, um mês
antes da que ocorre em Catalão, de onde boa parte dos(as) congadeiros(as) são
originários(as).
No período deste estudo a irmandade reconhecida com a primeira da cidade e
que se situava na Vila Santa Helena não organizou sua festa no referido setor, pois o
1
3
principal capitão de terno (e sua família) há vários anos estava residindo em Aparecida
de Goiânia o que dificultava a realização do evento na capital. O referido capitão
fundou um terno em Aparecida de Goiânia que se apresentou na festa da Vila João Vaz
em 2014.
Dirigentes e integrantes da Irmandade 13 de Maio, antes residentes na Vila Santa
Helena, se transferem para a Vila Mutirão, conjunto habitacional popular construído nos
1980, e tentam manter sua festa no local habitual. Após outras tentativas, passam a fazer
sua festa desde 2012 no bairro atual em que os(as) dirigentes residem. No entanto, uma
parte significativa de outros(as) integrantes do mesmo grupo reside no Jardim Itaipu em
Aparecida de Goiânia, o que dificulta a realização da festa.
Figura 05 – Localização dos Bairros onde estão as Congadas em Goiânia – 2013.
Fonte: DAMASCENA, 2012; RATTS, 2015.
No segundo domingo de maio, o terno se desloca primeiramente à pé pelas ruas
da Vila Mutirão (figura 06) e vai, de ônibus fretado ou cedido, até a Matriz de Campinas
(figura 07) onde acontece a “Missa dos Congos” e o encontro com outros ternos.
1
4
Figura 06 – Irmandade e Terno de congo 13 de Maio nas ruas da Vila Mutirão
Foto: RATTS, A. J. P. Maio, 2012.
Figura 07 – Irmandade e Terno de congo 13 de Maio n Matriz de Campinas
Foto: LOURENÇO, A. L. . Maio, 2012.
1
5
Na Vila Mutirão, a casa do fundador da irmandade local, guarda os instrumentos
musicais do grupo e abriga um terreiro de umbanda, dirigido por sua filha que, por sua
vez, é presidente da irmandade. Vários integrantes são também candomblecistas. O
grupo também promove uma folia de reis. Outra família que participa da festa no bairro
tem vínculos com uma escola de samba que não está em funcionamento, e também tem
membros umbandistas. Este quadro indica a correlação entre expressões culturais e
religiosas afro-brasileiras no bairro, na cidade e na região metropolitana3:
Terreiros podem ser considerados casas, termo pelos quais muitas
vezes são denominados. A casa remete a um grupo – não homogêneo,
diferenciado internamente, mas relativamente coeso. (TEIXEIRA &
RATTS, 2012, 332-361)
No caso da Vila João Vaz, em uma única rua estão situadas a casa da Rainha, de
dois capitães, de outras famílias do grupo e o “Espaço da Congada” (figura XX). No
horizonte econômico, este é um bairro popular, loteado nos anos 1970. A dimensão
cultural aponta que ali há lugares e trajetos de congadeiros(as), negros(as) e de
outros(as) segmentos étnico-raciais e religiosos 4 . A memória e as trocas sociais,
culturais e religiosas entre dirigentes e membros da irmandade consolidam a Festa do
Rosário no local.
3
Outros(as) dirigentes e integrantes dos ternos de congo e moçambique de Goiânia estão vinculados a
religiões de matriz africana. Dois dentre eles(as) pertencem à linhagem de Pai João de Abuque, acima
mencionado, fundador do candomblé e do afoxé em Goiânia e em Goiás.
4
Neste bairro um dirigente é ligado ao candomblé e ao samba e outro pertence à umbanda. Ao longo de
muitos anos de contato, não tenho notícia de terreiros de umbanda ou de candomblé no bairro.
1
6
Figura 06 – Lugares da congada – Vila João Vaz – Goiânia, 2013.
Fonte: dados de campo (RATTS, 2015, CORADO, 2014).
No caso da Vila João Vaz, vale ressaltar que a migração de trabalho de alguns
catalanos que também são congadeiros, está na base da formação do bairro e da festa de
N. S. do Rosário (CORADO, 2014). Decorre disto o fato de que a festa local ocorre em
setembro, um mês antes da que acontece em Catalão, Goiás.
Uma questão que as irmandades negras goianienses permitem colocar é a
localização das residências dos(as) congadeiros(as) em Goiânia, Aparecida de Goiânia e
outros municípios metropolitanos 5 face às dificuldades para manter a expressão cultural
em atividade na capital do estado. Cabe aqui a proposição de Arrais (2008) sobre o uso
do conceito de cidade-região, uma escala de ação e de análise (2012), que não se
restringe aos processos econômicos e políticos, para a qual o autor indica que também
se relaciona a mediações culturais (ARRAIS, 2014).
5
O terno de congo “Verde e Amarelo”, segundo integrantes entrevistados por Damascena (2012) foi
formado em Goiânia nos anos 1970, retomado em 1995 e desde 2009 realiza uma festa no município de
Goianira, região metropolitana.
1
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3. O TRÂNSITO CULTURAL NEGRO/AFRO-BRASILEIRO ENTRE GOIÂNIA
E APARECIDA DE GOIÂNIA
Como se pode perceber, esteja o foco no Afoxé Axé Omo Odé, nas irmandades e
congadas ou, ainda, na trajetória de algumas lideranças das expressões culturais afrobrasileiras, há um trânsito cultural de pessoas e coletividades negras entre Goiânia e
Aparecida de Goiânia que se correlaciona com as condições econômicas e sociais de
residência das lideranças e participantes, assim como da continuidade de suas ações
com pouco ou nenhum apoio público.
O espaço urbano, na escala metropolitana, é visto habitualmente em termos de
imbricamento de processos econômicos, políticos e sociais. No entanto, a dimensão
cultural pode contribuir no entendimento de permanências recriadas de ações e eventos
de grupos populares que cruzam cidades regularmente com poucos recursos. A inscrição
espacial de grupos negros culturais e políticos – candomblé, umbanda, congada,
capoeira e movimento social – indica que por entre os processos econômicos e para
além deles, a diferença – étnica, racial e de gênero se ancora em rugosidades, mas
também em ressignificações: um terreiro de candomblé pode reivindicar e conseguir o
reconhecimento enquanto um quilombo urbano, a exemplo da casa Manzo Ngunzo
Kaiango de Belo Horizonte (QUEIROZ, 2012)
A noção de rugosidade para Santos (1997) diz respeito a formas espaciais
pretéritas que têm um papel de “inércia dinâmica” no processo de produção e
reprodução do espaço: “As rugosidades não podem ser apenas encaradas como heranças
físicoterritoriais, mas também como heranças socioterritoriais ou sociogeográficas.” (p.
36) .
Situados fora do planejamento urbano e regional, da gestão das cidades e das
ações metropolitanas, os sujeitos negros, brancos, femininos, feministas, indígenas,
quilombolas e ciganos, se refazem e se recolocam no espaço urbano por meio de uma
presença nem sempre perceptível, mas também por uma ausência preenchida pelo
simbólico: como é o caso da previsão e construção de monumentos com referências a
1
8
bandeirantes, indígenas e africanos escravizados na parte inicialmente planejada de
Goiânia.
A identificação recente de quilombos urbanos – Jardim Cascata em Aparecida de
Goiânia e Vó Rita em Trindade -, a notória presença cigana (pouco reconhecida e
estudada) também em Trindade, tem um contraponto na permanência (não devidamente
identificada) de indígenas em Goiânia.
Gomes (2002) identifica a presença da diferença – cultural, religiosa – no espaço
urbano, mas receia que esta afirmação retraia o espaço público. Discordo do autor, no
senido de que o reconhecimento social e espacial da diferença amplia a cidadania de
determinados grupos. Mesmo correndo o risco de enunciar uma tautologia, posso dizer
que a diferença étnica e racial “faz diferença” na vida social, no espaço geográfico em
todas as escalas, e, especialmente no espaço urbano-metropolitano onde é pouco
imaginada, vista e/ou reconhecida.
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