ESTUDO QUALITATIVO E ECONÔMICO DO APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA, NUM COMPLEXO INDUSTRIAL E ESCOLAR NOS MUNICÍPIOS DE ARARAS E LIMEIRA, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL – UM ESTUDO DE CASO Gilmar da Silva¹, José Euclides Stipp Paterniani² (1) Doutorando, FEC/UNICAMP [email protected], (2) Orientador, FEC/UNICAMP [email protected] Palavras Chave: água de chuva, economia, cisterna Com o aumento da população urbana segundo pesquisas feitas para São Paulo que apontam para um crescimento nos próximos 25 anos dos atuais 17 para 21 milhões de habitantes, tornam evidente que soluções técnicas tradicionais, de se enfrentar o aumento da demanda com produção maior, não serão mais suficientes. Daí a necessidade de instituir o aproveitamento de água de chuva de modo que seja integrado ao abastecimento de água potável. Para isso acontecer faz-se necessário respeitar as características mínimas exigidas no que tange a questão da qualidade dessa água de chuva, tornando assim uma medida eficiente em termos de racionalização e economia de água potável. Para ser implementada essa medida deve-se haver um trabalho de conscientização ambiental (educação ambiental), junto às diversas camadas da sociedade principalmente aquelas que carecem das informações. Não obstante a carência que se tem de estudos abordando a qualidade da água de chuva em nosso país, faz-se necessário um estudo qualitativo no que tange os aspectos físico-químicos e bacteriológicos. Hoje em nosso país não existe legislação do Ministério da Saúde, que contemplem estudos sobre utilização de águas pluviais, daí a necessidade de se realizar pesquisas que permitam servir de subsídios para que se implantem portarias ou resoluções visando sempre atender os aspectos qualitativos, permitindo assim que a sociedade saiba o potencial de aplicação que essa água possa ter para outras finalidades, permitindo assim o racionamento e economia de água potável. Com o intuito de suprir essa necessidade o objetivo desse trabalho de pesquisa foi avaliar mediante estudo de caso a possibilidade de racionalização da água, aproveitando-se da água de chuva de maneira qualitativa e econômica em um complexo industrial, juntamente com uma escola. Realizou-se a coleta de água de chuva na fábrica de Araras ao longo de um ano, em 4 pontos (telhado, calha, cisterna e cisterna filtrada) para avaliar aspectos qualitativos dessa água. Foram estudados dentro dos aspectos qualitativos, parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos da água de chuva, tomando como referencial a Resolução 357 e a Portaria 518, ambas do Ministério da Saúde. Paralelamente foi realizado um estudo econômico da Fábrica de Araras, juntamente com a Escola de Limeira, para verificar o que uma cisterna poderá representar em termos econômicos à sociedade. Esse estudo econômico da cisterna abrangeu a área de captação, capacidade e custo de construção do empreendimento, taxa de depreciação e média histórica de quanto chove no município. Por meio dos estudos qualitativos e econômicos visando o aproveitamento de água de chuva, o presente trabalho permite concluir que: • • • • • • • • • • • • • • • • Os valores encontrados para os parâmetros físico-químicos analisados, atende às expectativas com relação ao aproveitamento da água de chuva nas dependências da fábrica segundo a Resolução 357; Todos os parâmetros físico-químicos analisados atenderam as exigências da Resolução 357; Ocorreram contaminações bacteriológicas (coliformes totais, coliformes termotolerantes e bactérias heterotróficas) em todos os pontos de captação de água, ou seja, telhado, calha, cisterna e cisterna filtrada segundo a Portaria 518; O nosso país carece de uma Resolução que contemple aspectos referentes ao aproveitamento de água de chuva, portanto fica muito difícil atender às exigências contidas na Portaria 518; Em se tratando de Coliformes Termotolerantes baseado na Resolução 274, os resultados foram favoráveis, demonstrando que o aproveitamento de água de chuva foi compatível com as instalações da fábrica, não comprometendo os usuários ou colaboradores de utilizá-la; Nesse trabalho de pesquisa não se pode adotar uma Resolução específica para efeito de comparações dos resultados bacteriológicos; Alguns fatores de construção do empreendimento devem ser melhorados na fábrica. Dentre esses: Implantação de um sistema de descarte das primeiras chuvas; Melhor vedação e disposição da cisterna para evitar entrada de baratas, moscas, etc.; Instalação de um filtro adequado; Implantação de um sistema autolimpante para a cisterna; A contaminação por coliformes totais, coliformes termotolerantes e bactérias heterotróficas segundo a Resolução 518, está estritamente ligado aos fatores de construção do empreendimento que devem ser melhorados; A fábrica de Araras ao utilizar à água da cisterna obteve um custo anual de R$4.818,00 e R$7.238,00 quando utilizou somente água da rede pública (SAEMA); Ao utilizar à cisterna, representou uma economia anual significativa de R$2.320,00 para os cofres da empresa; Essa economia em dinheiro talvez seja o que o empresariado quer, mas não é a economia de maior representatividade para a sociedade; Ao calcular a média de consumo para a fábrica, a mesma teria um consumo de água mensal de 80,2m³ ou 80.200 litros de água que poderiam deixar de ser retirados dos nossos rios mensalmente, ou quase 1 milhão de litros de água ao ano (962m³); Com a utilização da cisterna na fábrica de Araras, obteve-se uma economia significativa de 266m³ anuais, ou 19m³ ao mês que são traduzidos em 19.000 litros de água da rede pública que sairiam dos nossos rios mensalmente para atividades que não haveria necessidade, tais como: descarga de vasos sanitários, lavagens de piso, irrigação de jardins e plantas, dentre outras; A Escola de Limeira ao utilizar à água de chuva da cisterna obteve um custo anual de R$61.000,00 e R$61.577,00 quando utilizou somente água da rede pública (Águas de Limeira S/A); Ao utilizar à cisterna, representou uma economia anual significativa de R$559,00 para os cofres da Escola de Limeira; Ao calcular a média de consumo para a escola, a mesma teria um consumo de água mensal de 659m³ ou 659.000 litros de água que poderiam deixar de ser retirados dos nossos rios mensalmente, ou 7.904.000 de litros de água ao ano (7.904m³); • • • • • Com a utilização da cisterna na escola de Limeira, obteve-se uma economia significativa de 299m³ anuais, ou 25m³ ao mês que são traduzidos em 25.000 litros de água da rede pública que sairiam dos nossos rios mensalmente para atividades que não haveria necessidade, tais como: descarga de vasos sanitários, lavagens de piso, irrigação de jardins e plantas, dentre outras; Em ambos os casos, tanto para a fábrica de Araras, quanto para a Escola de Limeira em se tratando de fluxo financeiro dos projetos, dificilmente se recupera o investimento inicial ao longo de 30 anos se considerar despesas de manutenção e operação; Ao se fazer uma analogia, imagine cada empresa, fábrica, estabelecimento comercial, hotel ou escola, sobretudo os que utilizam água da rede pública em maior quantidade se economizassem esses números encontrados no projeto de pesquisa; O que norteou o trabalho de pesquisa e deve ficar evidente não é a economia com custo de água e sim a economia de água; A ecologia, o meio ambiente e, sobretudo as futuras gerações dependem dessa economia de água demonstrada nesse projeto de pesquisa. Referências Bibliográficas BRUGNARO, C. et al. Introdução à análise econômica. 2.ed. Instituto do Açúcar e do Álcool. Piracicaba-SP, 1985. 62p. SICKERMANN, M.J. Rainwater section within wsscc global. Fórum, Foz de Iguaçu – Brasil. 2000 SICKERMANN, M.J. Sistema de aproveitamento de águas pluviais em edificações. Revista Téchne, São Paulo, ano 10, n. 59, p. 69-71, 2002. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 17º e 20º edições, APHA, AWWA e WPCF. Washington, 1995. TOMAZ, P. Aproveitamento de água de chuva para áreas urbanas e fins não potáveis. Navegar Editora, 2003. Legislação MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS nº 518 de 25 de março de 2004. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS nº 357 de 17 de março de 2005. Agradecimentos: Uniararas. Grafimec, Escola Estadual Dom Idílio José Soares, Áquali e