RELATÓRIO DAS VIAGENS Encontro nº 05 Data: 10 e 11 / nov./ 2007 Local: São João do Cariri (Malhada da Roça) Nº de participantes: 52 Tema e/ou conteúdo: Curso de Formação para o Uso Sustentável de Sistemas de Captação de Água de Chuva Objetivos Contribuir para a formação de recursos humanos com habilidades e competências para atuar no meio ambiente, especialmente em relação aos sistemas de captação de água de chuva; sensibilizar representantes dos diversos segmentos da sociedade para atuarem em suas comunidades como agentes multiplicadores de posturas e práticas centradas nos princípios da sustentabilidade ambiental, da justiça social e desenvolvimento local; permitir o empoderamento de tecnologia de captação de água de chuva; possibilitar a compreensão das conseqüências das ações antrópica frente ao meio ambiente e das inter-relações existentes no meio ambiente; especialmente em relação aos sistemas aquáticos; permitir a percepção da dependência entre meio ambiente saúde e qualidade de vida; iniciar o processo de seleção de bolsistas juniores que participarão da sensibilização em suas comunidades, assim como do monitoramento dos sistemas pilotos de captação de água de chuva. Estratégias aplicadas Dinâmicas: ( mapa mental, palavra-chave, sol, gota, cisterna, mutirão de idéias) Resultados parciais No mapa mental a maioria dos participantes percebe o meio ambiente, enquanto natural e sem a participação do ser humano, porém incluíram a cisterna como parte do Meio Ambiente. Na dinâmica da Palavra-chave predominou a concepção de meio ambiente, vida e natureza. Na dinâmica do Sol, verificamos que dentre os problemas ambientais locais percebidos pelos participantes, queimadas, desmatamento, lixo em locais inadequados, falta de esgotamento sanitário, poluição, algaroba às margens do rio, animais e lixo no rio Soledade e escassez de água potável são os que mais preocupam. Na dinâmica da Gota averiguamos que o grupo reconhece a importância da água e aponta a água como indispensável à vida. Na dinâmica da cisterna a maioria reconheceu a importância da cisterna e sabia quais os principais cuidados para manter a água da cisterna com qualidade, no entanto, sendo a maioria jovem, afirmou inicialmente que o cuidado da cisterna era dever da mãe e do pai. Houve compromisso dos jovens em compartilhar o cuidado da cisterna com a mãe e o pai. Ficou claro que nas duas comunidades o zelo pela cisterna é tarefa das mulheres, das mães. Verificamos que trabalhar com a juventude será tarefa primordial à sustentabilidade dos sistemas de captação de água de chuva. Apesar da maioria deter conhecimento dos principais cuidados necessários a sustentabilidade da cisterna, o conhecimento não é posto em prática. Um dos erros de manejo observados na dinâmica da cisterna foi o uso de hipoclorito na água da cisterna. No mutirão de idéias, o grupo apontou leptospirose, dengue, verminose, febre amarela, hepatite, doenças diarréicas como doenças relacionadas com água, porém não souberam distinguir doenças de origem hídrica e de veiculação hídrica. Entre as doenças citadas incorretamente pelo grupo destaca-se a gripe e alergia à água poluída. Talvez o termo esteja relacionado às micoses. Observamos que a palestra realizada sobre meio ambiente, água e saúde despertou no grupo o tema referente às doenças, de forma que a maior parte das doenças citadas, tinham realmente relação com a água. Em outro mutirão de idéia, o grupo citou as formas de tratamento da água que conhecia e a forma de tratamento adotada em suas casas. O grupo citou: filtração, fervura, decantação, dessalinização e cloração como formas de tratamento conhecida. A cloração foi a forma de tratamento mais utilizada, seguido de filtração. As discussões mostraram que decantação citada pelo grupo correspondia à coação. Após as discussões e a exposição das diferentes formas de tratamento, o grupo percebeu que decantação e dessalinização não correspondiam a um processo de desinfecção da água. E que dessalinização era um processo coletivo de prétratamento da água, mas que não garantia água potável. Seguindo as discussões referentes ao tratamento de água, foi apresentado uma nova forma de tratamento, SODIS. Comentários adicionais (desafios e necessidades de novas estratégias) Esta percepção favorece a intervenção antrópica no meio ambiente, de forma inadequada, provocando diversos impactos ambientais. Raros foram às representações que indicaram a realidade de São João do Cariri. Este resultado é justificado por meio da predominância do verde e de muita água nos desenhos expostos. Fato que não reflete o estado de hibernação predominante neste período no bioma Caatinga e de escassez de água. Ao entrarmos na comunidade observamos várias pessoas caminhando em busca de água, algumas com carro de mão, outras com jumento, outras com carroça de burro. Este cenário não foi retratado nos desenhos. O que comprova que a percepção ambiental envolve muito mais o imaginário, o sonho, do que a própria realidade. Os adolescentes mostraram-se bastante interessados. Estes poderão iniciar o processo de Formação de COM-VIDA – Comissão de Meio Ambiente na Escola – um dos propósitos do Ministério de Educação;