LIBRAS Língua Brasileira de Sinais Profª Rachel Colacique [email protected] LIBRAS - Profª Rachel Colacique AULA 01: Conhecendo a Língua Brasileira de Sinais. LIBRAS - Profª Rachel Colacique LIBRAS Língua Brasileira de Sinais É uma Língua; É uma marca cultural da Comunidade Surda; É nacional; Possui gírias e variantes regionais; Pode ser usada para comunicar qualquer tipo de informação e expressar sentimentos; Não é toda s-o-l-e-t-r-a-d-a; Possui vocabulário e estrutura gramatical própria. LIBRAS - Profª Rachel Colacique O ALFABETO LIBRAS - Profª Rachel Colacique Veja outros... Alfabeto Mexicano Alfabeto ASL – (EUA) LIBRAS - Profª Rachel Colacique Atividade Apresentação Pessoal em LIBRAS LIBRAS - Profª Rachel Colacique AULA 02: Anatomia do aparelho auditivo e sua correlação com os tipos e a graus da surdez LIBRAS - Profª Rachel Colacique Funções do aparelho auditivo Equilíbrio Estabilidade e locomoção Audição Aquisição e desenvolvimento da linguagem e da comunicação oral. LIBRAS - Profª Rachel Colacique A audição depende da integridade anatômica e funcional do nosso ouvido, do nervo acústico e do sistema auditivo central. Nosso ouvido é dividido em 03 partes: externo, médio e interno LIBRAS - Profª Rachel Colacique Ouvido externo É formado pelo pavilhão auricular e canal auditivo. O pavilhão auricular coleta as vibrações sonoras do ambiente, canaliza-as para o canal auditivo e é importante para determinar a direção e a origem do som. Ouvido médio Começa com a membrana timpânica no final do canal auditivo. Contém três ossículos: martelo, bigorna e estribo. As ondas sonoras atingem a membrana timpânica fazendo com que ela se mova para trás e para frente, causando a movimentação dos ossículos. Desta forma as ondas sonoras transformam-se em vibrações mecânicas. Ouvido interno Também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho vestibular (equilíbrio) e cóclea (audição). Esta transforma o estímulo sonoro-mecânico, através da membrana timpânica e da cadeia ossicular, em uma seqüência de sinais elétricos. Estes sinais são transmitidos como impulsos nervosos ao cérebro, pela porção coclear do nervo acústico (VIII nervo craniano). Nervo acústico Leva impulsos da cóclea para o núcleo coclear e para uma outra via cerebral que vai terminar no córtex cerebral auditivo. LIBRAS - Profª Rachel Colacique Sistema auditivo central Processa a informação auditiva à medida que ela vai sendo transmitida ao cérebro. O centro auditivo cerebral responde por: a) localização e lateralização do som; b) discriminação dos diversos sons; c) reconhecimento de padrões sonoros; d) aspectos da audição relacionados ao tempo (resolução, integração e ordenação do som no tempo); e) redução auditiva (diminuição dos sons de 2o plano na presença de competição sonora e/ou de sinais acústicos fragmentados ou incompletos). A deficiência auditiva ocorre quando há perda na sensibilidade aos sons produzida por alguma anormalidade no sistema auditivo. LIBRAS - Profª Rachel Colacique PRÉ-NATAL (durante a gestação) Hereditário - Síndrome - Fator familiar Não Hereditário - Alterações endócrinas - Bacterianas (sífilis) - Deficiência na nutrição materna - Diabetes - Drogas a medicamentos - Toxemia gravídica (síndrome) - Viróticas - Má formações LIBRAS - Profª Rachel Colacique PERI-NATAL (durante o nascimento) Anóxia (falta de oxigenação) Prematuridade Traumas do parto Herpes simples LIBRAS - Profª Rachel Colacique PÓS-NATAL ou NEONATAL (depois do nascimento) Drogas ototóxicas (medicações que podem causar surdez) Infecções bacterianas (encefalite, meningite) Virais (caxumba, meningite, sarampo) Traumas (crânio encefálico) Ruído Icterícia ou hiperbilirrubina Baixo peso (inferior a 1500kg) LIBRAS - Profª Rachel Colacique Tipos de Perda Auditiva Podem ser de caráter transitório ou definitivo, estacionário ou progressivo. LIBRAS - Profª Rachel Colacique A SURDEZ A perda auditiva pode ser categorizada a partir de qual região do sistema auditivo esteja danificada. Há quatro tipos principais: de condução, neurossensorial, mista e central. A perda auditiva pode ser categorizada de acordo com o déficit auditivo. Sendo descrita como leve, moderada, acentuada, grave ou profunda. A perda auditiva pode ser uni ou bilateral, e pode estar relacionada à freqüência (agudo ou grave) ou à intensidade dos sons (fraco ou forte) ou a ambos. Caracterizamos a surdez, ainda, de acordo com a época em que foi adquirida: pré ou pós linguística, entre diversos outros fatores. LIBRAS - Profª Rachel Colacique Perda auditiva CONDUTIVA Patologias na orelha externa e/ou média. Passíveis de tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico Ex: Otites, otoesclerose, a perfuração timpânica e a rolha de cerume. Perda auditiva SENSORIAL Leões na orelha interna e/ou nível central. Perda auditiva MISTA Proveniente de alterações nas orelhas externas e/ou média, além da orelha interna. Ex: Otoesclerose coclear e otites associadas a lesões de orelha interna. LIBRAS - Profª Rachel Colacique Implicações da surdez em seus diferentes Graus Perda Leve Escuta sons, desde que estejam um pouco mais alto. • Perda Moderada Pergunta muito “Hem”? No telefone não escuta com calreza, trocando muitas vezes a palavra ouvida por outra foneticamente semelhante (pato/rato, réu/mel, cão/não) • Perda Acentuada Já não escuta sons importates do dia-a-dia. Telefone tocar, campainha. Televisão,. Necessitando sempre de apoio visual para entender o que foi dito. • Perda Severa Escuta sons fortes como latido do cachorro, avião, caminhão, serra elétrica. Não houve a voz humana sem a prótese auditiva • Perda Profunda Escuta apenas sons graves que transmitem vibração (helicóptero, avião, trovão) • LIBRAS - Profª Rachel Colacique Classificação do Grau de Perdas Auditivas CLASSIFICAÇÃO MÉDIA DA PERDA AUDITIVA Normal 0 a 25 dB Leve 26 a 40 dB Moderada 41 a 55 dB Acentuada 56 a 70 dB Severa 71 a 90 dB Profunda Acima de 90 dB LIBRAS - Profª Rachel Colacique Para determinar o grau de surdez realiza-se uma audiometria, que inclui vários testes para qualificar e quantificar a perda. A intensidade do som é medida em decibel (dB). Uma pessoa que tem uma audição normal pode escutar sons de intensidade entre 0 e 140 dB. Limites Normais: 10 a 26 dB Perda Leve: 27 a 40 dB Perda Moderada: 41 a 55 dB Perda Acentuada: 56 a 70 dB Perda Severa : 71 a 90 dB Perda Profunda: acima de 90 dB LIBRAS - Profª Rachel Colacique Um sussurro, murmúrio, tem cerca de 30dB. Uma conversação se situa, geralmente, entre 45 a 50 dB. Sons acima de 90 dB podem ser desconfortáveis e sons maiores ou iguais a 120 dB podem causar perda auditiva temporária ou permanente (trauma sonoro). Vale informar que um concerto de rock pode atingir a altura de 110 dB. LIBRAS - Profª Rachel Colacique AULA 03: Aspectos históricos da Educação de Surdos LIBRAS - Profª Rachel Colacique A intolerância não se restringe aos “deficientes”... “Da antiguidade grega à invasão do Iraque pelos EUA e da Geórgia pela Rússia, a história da humanidade se fundamenta na guerra e na violência dos povos e Estados mais fortes contra indivíduos, etnias, povos e Estados fragilizados. A violência é expressão de interesses econômicos, mas também expressa identidades coletivas religiosas, étnicas e nacionais. Na relação entre (e intra) Estados e povos, com os antagonismos étnicos, de grupos e classes sociais, foi ela quem moldou (e modela) o mundo em que vivemos.” http://antonio-ozai.blogspot.com/2008_08_01_archive.html LIBRAS - Profª Rachel Colacique Ao longo da história, foram diversas as formas de tratamento dispensado às pessoas com deficiência. Esparta: crianças defeituosas eram jogadas num precipício, pois eram consideradas aberrações da natureza e inúteis à sociedade guerreira. Nas cidades gregas o genocídio de crianças com deficiências era fomentado por lei. As pessoas com deficiência eram consideradas degenerações da espécie humana e um incômodo para seus familiares. No início da Era Cristã, crianças defeituosas eram jogadas nos esgotos de Roma, ou utilizadas como pedintes de esmolas. Na Europa medieval, muitas crianças deficientes foram sacrificadas por serem consideradas feiticeiras, neste período começam a ser temidos como monstros que representavam a contrariedade divina. No final da Idade Média essas pessoas deficientes passam a ser vistas como dignas de atenção caritativa e sua deficiência considerada um castigo por seus pecados ou de seus progenitores. Apenas na Idade Moderna, com o predomínio das filosofias humanistas e valorização do ser humano, que se iniciam as primeiras propostas de experiências voltadas para as pessoas com deficiência, ainda sob a concepção patológica da deficiência e ênfase na reabilitação clínica. LIBRAS - Profª Rachel Colacique Os surdos, particularmente por não adquirirem a fala, eram tidos como inumanos e sem capacidade de desenvolver pensamento. As primeiras tentativas de educar pessoas surdas tinham o objetivo de ensinar a fala, para que os surdos oriundos de famílias ricas pudessem ser considerados cidadãos e ter direito a receber herança. Nessas práticas educativas, era comum o uso de alguns sinais como apoio (pista visual) para o aprendizado da fala, da leitura e escrita. Neste momento a utilização dos gestos era permitida, mas ainda não tinham status de língua. LIBRAS - Profª Rachel Colacique São três as principais concepções que têm norteado as práticas educativas propostas para as pessoas surdas: Oralismo (método de ensino que defende a aquisição da linguagem verbal – falada – como objetivo primordial na formação e desenvolvimento da pessoa surda), Comunicação Total (método misto, que utiliza diversos meios para conseguir estabelecer algum tipo de comunicação com as pessoas surdas. A principal crítica que se faz a esse método é a ausência de uma estrutura lingüística adequada) Bilingüismo (proposta que defende a aprendizagem da língua de sinais e da língua portuguesa na modalidade escrita). As três filosofias não se limitam a questões de escolarização, mas influenciam a vida cotidiana do surdo como modo de compreender e se relacionar com o mundo. LIBRAS - Profª Rachel Colacique ORALISMO: As primeiras idéias sobre o Oralismo surgiram na Antiguidade, motivadas por razões econômicas, pois só era cidadão, com direitos a receber heranças, aqueles capazes de falar A aprendizagem da fala oral era a finalidade de se colocar o surdo na escola e conteúdos curriculares ou não eram apresentados ou relegados a um segundo plano. Nesta abordagem, o surdo é visto como alguém incompleto que só poderia desenvolver-se quando aprendesse a utilizar a fala. LIBRAS - Profª Rachel Colacique COMUNICAÇÃO TOTAL: A Comunicação Total é - mesmo que não se nomeie declaradamente - o método mais comumente utilizado, devido ao fato de muitos professores e familiares não dominarem a Língua de Sinais. O método de Comunicação Total consiste em utilizar qualquer ‘forma de comunicação’ que seja possível. Tudo é válido: desenho, fala, sinais, objetos. Não há uma estrutura lingüística coerente, são utilizados alguns gestos da língua de sinais, algumas palavras isoladas, e a base gramatical é da língua portuguesa. É comum a utilização e mistura de alguns gestos isolados e palavras faladas a fim de se fazer entender pela pessoa surda. Essa concepção se aproxima um pouco mais do educando surdo, procura garantir o ensino escolar comum e o desenvolvimento global do sujeito. Entretanto, a principal crítica que se faz a esse método é que uma forma de comunicação que mistura, sem uma estrutura compreensível compartilhada, duas línguas extremamente diferentes, acaba não desenvolvendo linguagem alguma. LIBRAS - Profª Rachel Colacique BILINGUISMO: A proposta de ensino bilíngüe consiste em garantir à criança surda o pleno domínio da língua de sinais e da língua nacional na modalidade escrita – no caso do Brasil, a Língua Portuguesa. Neste caso, o aprendizado da língua oral seria opcional à família, de acordo com o grau de surdez apresentado e as possibilidades de acompanhamento especializado por parte de um fonoaudiólogo. É preciso compreender também que defender uma educação bilíngüe e multicultural para as comunidades surdas não se limita ao direito ao uso da Língua de Sinais – como se toda a complexidade que envolve o processo educacional se reduzisse a Língua de instrução – mas deve estar em consonância com todas as demais discussões que permeiam a Educação. LIBRAS - Profª Rachel Colacique AULA 04: Legislação e Surdez LIBRAS - Profª Rachel Colacique LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. LIBRAS - Profª Rachel Colacique DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002 Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. LIBRAS - Profª Rachel Colacique Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. § 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem: [...] III - prover as escolas com: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos; LIBRAS - Profª Rachel Colacique [...] VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa; VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos; Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade. LIBRAS - Profª Rachel Colacique Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I - escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II - escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. § 1o São denominadas escolas ou classes de educação bilíngüe aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. LIBRAS - Profª Rachel Colacique