Óculos Polaroid - Nautilus Fis UC

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Óculos Polaroid
(Expresso: 05-07-2003)
No último «Passeio Aleatório» (21/6/03) falámos de óculos de sol. Falámos de
lentes coloridas, de filtros para as radiações ultravioleta (UV) e de materiais
fotocromáticos, que escurecem com a luz. Só não falámos de uma outra moda, a das
lentes «polaroid». Essas lentes estão a regressar e cada dia têm mais adeptos. Diz-se que
cortam a luminosidade dos reflexos. Como será isso possível?
Como o nome indica, as lentes «polaroid» polarizam a luz, isto é, filtram-na de
acordo com o plano de oscilação das ondas luminosas. Para ter uma ideia do que se
passa, imagine-se uma corda de guitarra a vibrar. Há um plano de oscilação dessa corda.
Ela pode vibrar na vertical, por exemplo. Mas também pode vibrar na horizontal e em
planos intermédios. Algo semelhante acontece com a luz. Só que, habitualmente, as
ondas luminosas oscilam em todos os planos possíveis. Mas pode-se polarizar a luz, isto
é, pode-se fazer com que todas as ondas oscilem no mesmo plano, ou perto dele.
Quando a luz do sol se reflecte no mar, por exemplo, as ondas luminosas
reflectidas oscilam de forma correspondente ao plano da superfície reflectora, isto é,
oscilam sobretudo no plano horizontal. A luz fica polarizada, como se diz.
Os óculos de tipo «polaroid» têm um revestimento em que as moléculas estão
alinhadas paralelamente umas às outras. Isso constitui um filtro, que absorve a luz que
oscila na direcção do alinhamento. Nos óculos, esse filtro está orientado de forma a
polarizar verticalmente a luz. Como a maior parte dos reflexos que nos chegam provêm
de carros, da estrada, do mar e de outras superfícies horizontais, e como esses raios
reflectidos correspondem a luz oscilando na horizontal, esses óculos filtram grande
parte dos reflexos, que são o mais incómodo na luminosidade de Verão.
Para verificar se determinados óculos são ou não polarizados, basta olhar através
deles para um reflexo de uma superfície horizontal. Se as lentes forem de facto
polarizadas, a luminosidade reflectida nessa superfície reduz-se significativamente.
Incline-se agora a cabeça até os óculos ficarem verticais, e notar-se-á que a
luminosidade dos reflexos se reduz muito menos. O efeito é muito evidente no reflexo
de sol numa piscina. Com óculos polarizados e colocados na posição certa, consegue-se
ver debaixo de água. Sem os óculos, ou com eles rodados na vertical, apenas se vêem os
reflexos na superfície.
Outra experiência interessante que se pode fazer com lentes polarizadas é
sobrepô-las. Se o leitor tiver habilidade e paciência para retirar uma delas da armação,
ou se tiver dois pares de óculos «polaroid», pode sobrepor duas lentes. Comece por
fazê-lo com ambas na posição para que foram desenhadas e olhe através delas. Comece
agora a rodar uma, mantendo a outra fixa. A luminosidade que lhe chega diminui, até
que atinge um mínimo quando tiver rodado uma das lentes de 90 graus em relação à
outra. Nessa altura, uma das lentes apenas deixa passar a luz polarizada horizontalmente,
enquanto a outra apenas deixa passar a luz polarizada verticalmente. Se o material for
perfeito, a luminosidade fica então completamente retida e o sistema torna-se opaco.
Nunca o é, mas assiste-se sempre a uma redução muito significativa da luz à medida que
se roda uma lente sobre a outra.
Com isto, leitor, tem dois processos infalíveis para testar as lentes que vai
comprar. Já não há razão para lhe venderem gato por lebre.
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uno Crato
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