Anais do 6º Encontro Celsul - Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul LOCUÇÕES CONJUNTIVAS: CONJUNÇÕES OU ADVÉRBIOS JUNTIVOS ? Ana Cristina Jaeger HINTZE (Universidade Estadual de Maringá) ABSTRACT: This communication analyzed the use of connections, typically named “conjunctive locutions”. The analysis is based on views of Functionalism theory, specialty, Dik (1989, 1990). That reinterprets the clause linkage, considering the statement “in layers”. It resells the traditional classification of locution and considering a treatment next to “junctive adverb”. KEYWORDS: locution; conjunction ; adverb; linkage clause 0.Introdução A gramática tradicional não tem estudado de maneira exaustiva, sistemática e científica, as tradicionalmente chamadas “locuções conjuntivas” denominando-as, simplesmente, como um grupo de palavras que “têm por missão reunir orações num mesmo enunciado” (Bechara 1999:19) As gramáticas sublinham a existência de “numerosas conjunções” formadas da partícula “que”, antecedida de advérbios, de preposições e de particípios – “desde que”, “antes que”, “já que”, “até que” , “sem que”, “dado que”, “posto que”, visto que” (Cunha & Cintra, 1985: 576) sem orientar o seu uso adequado na realização textual e nos possíveis valores semânticos, contraídos pela articulação entre orações. De fato, os estudos, envolvendo o tema, limitam-se a uma apresentação de descrições ora estritamente morfossintáticas, ora estritamente semânticas, circunscritas aos limites de frases e/ou períodos isolados. Afastada, portanto, de seu contexto situacional, esta descrição prescinde da importância e valorização da participação do falante na organização do seu enunciado, desconsiderando a incorporação dessa participação na gramática, ou seja, as pressões externas têm um papel correlato ao que têm as determinações do sistema lingüístico tal qual se encontra ele sustentado naquele momento de sua história. É no contexto material concreto que uma forma emerge e revela especificidades de uso de um fenômeno lingüístico. Não se quer aqui manter uma biunivocidade entre forma e função, mas conferir à análise gramatical uma dimensão discursiva na qual regras e princípios devem ser explicados em termos de sua funcionalidade em relação aos modos de uso das expressões. Trata-se, pois, de considerar dois sistemas de regras, envolvidos na organização gramatical da língua: o da constituição das expressões lingüísticas (regras semânticas, sintáticas, morfológicas e fonológicas) e as que regulam os padrões de interação verbal nas quais essas expressões são usadas – regras pragmáticas. Como afirma S. Dik (1978, 1989), o sistema pragmático de interação verbal deve explicar as expressões lingüísticas a serem descritas. Por abrigarem aspectos recorrentes das circunstâncias sob as quais as pessoas as usam, é que as regularidades das línguas podem ser explicadas e é esse o ponto de vista intermediário e de base funcionalista que se adotou para a presente análise: considerar a sistematicidade da estrutura e a instrumentalidade de seu uso na língua.. Partindo-se do pressuposto de que as formas da língua não constituem um fim em si mesmas , mas um meio pelo qual se revelam tensões que organizam uma rede de relações, objetiva-se explicitar como as chamadas “locuções conjuntivas” conectam e articulam orações,podendo ser consideradas, na verdade, como advérbios juntivos. De forma geral, a Gramática Tradicional trata da “conexão” entre palavras ou partes de uma frase, reconhecendo três espécies de conectivos: as preposições, os pronomes relativos e as conjunções. Said Ali (1964 a,b) , Luft (1981) e Bechara (1977), entre os demais autores, definem as conjunções como vocábulos gramaticais invariáveis que ligam duas palavras, dois termos de uma oração, duas orações, um termo e uma oração ou duas frases. Subdividem-se em coordenativas e subordinativas. As coordenativas conectam duas orações que têm a mesma função ou o fazem entre elementos sintáticos equivalentes. Bechara (1999) faz uma observação em relação às “coordenadas” – somente elas têm a “missão de conector” porque podem reunir unidades independentes menores que a oração, desde que do mesmo valor funcional dentro do mesmo enunciado, tais como: dois substantivos, dois pronomes, um pronome e um substantivo, dois adjetivos, dois advérbios, dois verbos, duas preposições. As subordinativas apresentam uma oração como elemento integrante ou modificador de outra denominada “principal”, sendo por essa razão, subdivididas: em conjunções integrantes e conjunções subordinativas adverbiais ou circunstanciais Assinala que a integrante “que” é uma transpositora de um enunciado, isto é, ao inserir um enunciado em outro, estabelece uma diferença de estatuto entre as orações: transpõe uma oração a um substantivo com função sintática em relação ao núcleo verbal da chamada “oração principal”. Em relação às locuções conjuntivas, postula um transpositor QUE integrante e outro denominado transpositor QUE relativo.O integrante, ao realizar a transposição de uma oração para substantivo, pode aproximar-se também de construções com função de adjunto adverbial. Comparem-se: Ela dedicava seu cuidado [ a que o filho tivesse boa educação] – Completiva Nominal Ela se dedicava cuidadosamente [para que o filho tivesse boa educação] –Adverbial Final Os exemplos acima têm o concurso de preposições adequadas sem que tais combinações de preposição e conjunção “que” impliquem tipos especiais de locuções . Em relação ao transpositor relativo, o autor o considera um “repetidor” de palavra já referida- substantivo, pronome, advérbio. Assim, se um advérbio sozinho puder funcionar como adjunto adverbial, como em : Logo saiu de casa. ⇒ Logo = adjunto adverbial, quando a oração se transpuser a subordinada com a concorrência do “que” relativo, exercerá também a função de adjunto adverbial. Veja se: Logo que saiu de casa, encontrou o inimigo. ⇒ Quando saiu de casa encontrou o inimigo. Pelo exposto, os segmentos “logo que”, “sempre que”, “ainda que”, “desde que”, “primeiro que”, “depois que” não constituiriam locuções conjuntivas prototípicas. Cabe lembrar que, em algumas construções, se pode alterar o significado originário do advérbio, motivado pelos significados dos lexemas que entram na oração e por sua interpretação suplementar, contextual, do falante, calcada na sua experiência de mundo. Assim “mesmo” com o valor de “exatamente”, “justamente”, , como em : Partiu mesmo naquele instante; ao unir-se ao “que” em “mesmo que”, passa a ter uma interpretação concessiva, como em : Mesmo que o mundo acabe, não desistirei do negócio! Pelo exposto, há em Bechara um tratamento diferenciado para o caso das locuções conjuntivas, abrindo espaço para uma investigação mais acurada do assunto, partindo das “motivações”, “interpretação suplementar contextual”, “experiência de mundo”. Ou seja, o autor entrevê a influência dos processos de gramaticalização das locuções, o papel da força ilocucionária na articulação dos enunciados. Observa, afinal, que a pressão de uso passa a ser importante no quadro das classificações, embora não trate do assunto explicitamente. 1. Perspectiva Teórica: Assume-se que a articulação entre orações por meio de tais “locuções” é um tipo particular de expansão hipotática de realce (Halliday, 1985) , na qual a oração introduzida pela locução expande a oração nuclear realçando seu significado e qualificando-a com referência à causa, concessão, tempo, condição, proporção, etc. A combinação das orações hipotáticas codifica as relações núcleosatélite, as quais estão presentes no texto todo. (Mathiessen &Thompson,1988) Uma análise preliminar de ocorrências revela que essas construções com locuções podem não se circunscrever ao nível oracional. Esse elo ocorre entre diversos níveis estruturais do discurso. Dentro de um parágrafo, a relação pode dar-se entre diferentes níveis sintáticos : intra-oracional, intrafrasal, interfrasal. I) Intra-oracional:entre dois sintagmas Nossa jornada é próspera, se bem que difícil,mas as nossas metas encerram o futuro de nossa terra. Cumpre às autoridades assegurar como um dos seus mais indeclináveis ideais, se bem que penosos deveres, a tranqüilidade e o bem estar da nação.(Discurso Presidente Médici) II) Intrafrasal:entre orações simples ou entre orações complexas, que não constituam , por si mesmo,um ato de fala. Ainda que pela legislação vigente estes menores delinqüentes estejam sob proteção, não podendo ser recambiados para prisões comuns, isso não justifica que se afrouxme as medidas de segurança que sobre eles devem ser exercidas.(ATA LJ/Salvador) Nunca publiquei estas notas, ainda que as houvesse utilizado naquele livro.(ATA LJ/Salvador) III) Interfrasal: entre duas frases, isto é, com referência à cláusula de Dik (1989). A relação compreende dois atos de fala distintos. Também, jurei: carinho chega, nunca mais. Nem que implore! (A Semente) Considerando tais locuções como blocos de significação dotados de valor interno, poder-se-ia postular que, a exemplo dos substantivos, apresentam uma significação primária que foi e vai sendo modificada, graças à influência do fenômeno da gramaticalização e este influenciado por pressões pragmáticas das mais diversas. São estas pressões, por outro lado, responsáveis por mudanças de “significação primária” que acabam, em alguns casos, se mantendo ou remetendo-se a novas possíveis relações no universo discursivo. Disto decorre que o status dado às preposições e conjunções e, conseqüentemente às locuções “ conjuntivas” como, “grupo de vocábulos de ligação”, não reflete , de fato, a complexidade do assunto, sendo sua relevância gramatical definida de modo arbitrário. Se o enunciado, como afirma Dik (1989/1997),deve ser considerado em “camadas”, também o tratamento deve dispensado aos “elementos de conexão”. Reagrupá-los e subdividi-los de acordo com a função que os elementos desempenham no seu ponto de incidência : sintagmas, frase, orações simples e complexas, parece ser o encaminhamento necessário. Na Gramática Funcional, Dik (1989,1990), Hengeveld (1988, apud Dik,1990), Bolkestein & Hengeveld (1995) sugerem que a estrutura subjacente de uma frase (clause) apresenta quatro camadas (layers) predicado, predicação, proposição e frase. Dik concebe um modelo que parte do “estado- de -coisas”( algo que pode ocorrer no mundo real ou mental ) para as predicações, que devem descrevê-las. Assim ele se concentra na estrutura da sentença, propondo que cada oração deva ser descrita em termos de estrutura subjacente abstrata, a qual é delineada na forma real da expressão lingüística correspondente por um sistema de regras de expressão. Estas determinam a forma, a ordem e o padrão entonacional dos constituintes dessa estrutura subjacente. Por sua vez, a estrutura subjacente se caracteriza como uma estrutura abstrata complexa em que se distinguem vários níveis ou “camadas” de organização formal e semântica. A estrutura subjacente da oração requer um predicado (que designa propriedades ou relações) que se aplica a um certo número de termos (que se referem a entidades), fornecendo uma predicação, designando um estado de coisas. A remissão a determinado mundo sugere que um estado-de-coisas está sujeito a determinadas operações de localização no espaço e no tempo, duração e percepção. Dik postula a disposição de constituintes da predicação: os exigidos pela semântica do predicado, denominados argumentos e os que veiculam informação suplementar – os satélites. A predicação constitui o núcleo da estrutura subjacente da oração, podendo ser descrita segundo três níveis: 1. predicação nuclear (nuclear predication) . Consiste na aplicação a algum predicado de um número apropriado de termos que preenchem posições argumentais. 2. predicação central (core predication)- Consiste na predicação nuclear estendida pelos operadores de predicado e satélites de nível 1- operadores depredicado e satélites de nível 1 especificam traços adicionais de constituição interna dos estados-de-coisas, definidos na predicação nuclear. 3.predicação estendida (extended predication). Consiste na predicação central mais os satélites de nível 2 – localizam o estado-de-coisas designado na predicação central, em relação aos parâmetros espaciais, temporais e cognitivos. A predicação pode ser construída dentro de uma estrutura de ordem mais alta, a “proposição”, que recebe, finalmente, os operadores e satélites de nível 3 – que especificam a avaliação do falante sobre o “fato possível” e seu compromisso com esse fato definido pela proposição. A proposição, por sua vez, revestida de força ilocucionária constitui a cláusula. A cláusula consiste, pois, de uma variável de um ato ilocucionário que simboliza o ato de fala, especificado pela proposição, pelos operadores ilocucionários (Declarativo, Interrogativo, Imperativo) e pelos satélites ilocucionários. Em cada um dos níveis que constituem essa estrutura hierarquicamente organizada, distinguem-se operadores (meios gramaticais) e satélites (meios lexicais) de diferentes tipos. A estrutura “em camadas” da oração permite especificar corretamente os vários escopos desses operadores e satélites. Dik (1989,1997) , Hengeveld (1989), Bolkestein (1990) consideram que as diferentes camadas de organização formal e semântica da oração não são relevantes apenas para a construção de orações principais, mas constituem também uma tipologia de construções encaixadas, sendo essa tipologia aplicável tanto aos diferentes tipos de satélites (orações adverbiais) quanto às orações que ocupam . Na verdade,as denominadas “locuções conjuntivas” em diferentes camadas ou níveis da estruturada frase, estendendo-se em um contínuo que vai do nível da predicação ao nível da frase (ato de fala). Pode-se exemplificar o nível da predicação,, retomando o exemplo dado acima: Nossa jornada é próspera, se bem que difícil,mas as nossas metas encerram o futuro de nossa terra. Apagando-se a locução, “difícil” une-se em um único termo derivado que é um predicativo do sujeito. O seguimento introduzido pela locução atua diretamente sobre um termo ( SN sujeito) qualificando-o. Pode-se exemplificar o nível da proposição, talvez o mais ocorrente, com os seguintes exemplos: “Desde as eleições parlamentares de 1931, os comunistas dobraram seu eleitorado, ao passo que o bloco governamental perdeu 50% dos votantes. (CNS/LT) “Ao cortar a fazenda, esta deve ser dobrada, de modo que cada molde, frente e traseiro, se torne duplo” (CUB) Nos exemplos acima, as orações introduzidas pelas locuções expressam o raciocínio e avaliação mental do falante/ escritor acerca do conteúdo proposicional da oração nuclear. Por isso articulam raciocínios que aparentemente não estariam articulados. Especificam a atitude mental do falante e a sua avaliação em relação a um ECs - . no primeiro caso, o bloco governamental perdeu 50% dos votantes e os comunistas dobraram seu eleitorado; no segundo caso, o molde deve ser duplo e por isso a fazenda deve ser dobrada em determinada posição. Nesses dois casos há sempre uma avaliação acerca dos conteúdos conectados. O nível ilocucionário não opera sobre um estado-de–coisas (EC) ou sobre uma proposição, mas é apresentado pelo falante como algo que não é suficiente para impedir o ato de fala que está sendo desempenhado. Têm um caráter ( nos termos de Dik,1990) metacomunicativo ou metalingüístico. Vejam-se os exemplos: “Bom, mandá-la embora eu não vou mandá-la . De maneira que se vocês me permitem, eu saio com ela e vamos dormir no hotel”. (MD/LD) “O certo mesmo é que a pobreza é sempre perdedora! De sorte que é até feio se dizer, mas essa igualitária e penosa condição bem que agrada a ele” (SM/LD) No primeiro exemp lo, nesse nível, o falante declara seu posicionamento e, a seguir, com a oração introduzida pela locução pede, retoricamente, permissão para levar a personagem dali. No segundo exemplo, o falante faz uma afirmação na qual emite um juízo de valor, um julgamento acerca de uma pessoa e depois reconhece retoricamente que talvez não devesse fazer tal julgamento, por questões que poderiam ser éticas. 2.Locuções conjuntivas ou advérbios juntivos ? Definem-se advérbios juntivos de valor anafórico aqueles que operam conjunção entre orações .Podem ocorrer numa oração ou num sintagma, referindo-se a alguma porção de oração ou do sintagma anterior. Examinando-se algumas locuções acima, poder-se-ia advogar que, do mesmo modo que a conjunção coordenativa mas, essas locuções marcam uma relação de desigualdade entre o segmento em que ocorrem e o segmento anterior. Mais raramente como comentário. “Assim nos dias quentes e no exercício físico,há aumento de quantidade de suor (sudorese aumentada); ao passo que, nos dias frios e durante o repouso, há diminuição”.(CLI) Como comentário em: “Em cada estante, enfileirados em prateleiras sucessivas, ao passo que nós mesmos vamos passando, os livros permanecem vivos e de pé, varando os anos e os séculos, quanto à mensagem e ao ensinamento” Algumas dessas locuções também indicam conclusão ou conseqüência, como nos exemplos com a locução de modo que “Hora de chamar o padre é a hora da morte, de modo que ele tem de vir. Padre João! Padre João!” (AC/LT) “Eu tinha amarrado a corda do arpão em redor do corpo, de modo que estava com os braços sem movimento” (AC/LD). A gramática tradicional coloca essas “locuções” como conjunções subordinativas , sem admitir, como nos casos acima, a idéia de “conseqüência” ou “conclusão”. Na verdade, essas locuções em processo de gramaticalização, correspondem ao elemento conclusivo “logo”. O advérbio “logo” tem o comportamento próximo ao de uma conjunção coordenativa. Algumas dessas locuções podem coocorrer com conjunções coordenativas (contíguas ou não, e separadas por vírgula , ou não), mesmo com o mas, portanto: “Sem chuva fenece, mas, à medida que ela cai, resiste”. (FR). “Essas reivindicações não devem causar estranheza. Portanto, na medida em que o homem se torna mais esclarecido , ele cobra mais do Governo” (FOR) Pode-se indicar que essas “locuções conjuntivas” são, na verdade, elementos adverbiais, visto admitirem a coocorrência com conjunções coordenativas. Entretanto, são fluidos os limites entre um papel semântico-discursivo e um papel basicamente relacional de tais elementos. 3.Conclusão Embora a presente investigação realize estudos preliminares sobre o assunto, pode-se comprovar que a atenção dispensada às “locuções conjuntivas” está longe de receber um tratamento unânime entre os autores . A gramática tradicional ao definir “locução” considera apenas um nível de articulação- a entre orações. Quanto à relação dessas locuções com os estudos de Dik (1989, 1990), pode-se concluir que elas podem ser satélites de predicação, satélites proposicionais, ou atuar no nível ilocucionário. Para o analista é pertinente descobrir quais níveis implicam diversos aspectos da articulação de orações, estendendo suas considerações para o discurso como um todo, para sua natureza e suas funções e o conteúdo comunicativo em que foi criado. O nível sintático e as camadas em que tais esquemas atuam, geralmente, como satélites ou como expansões de um termo, manifestam diferentes funções pragmático-discursivas.Entreabre-se a perspectiva de pesquisa sobre os condicionamentos, eventuais combinações e restrições que poderiam figurar em quadros gerais para um redimensionamento das classificações. Em muitos casos , as locuções se comportaram como verdadeiros advérbios juntivos e o limite entre uma classificação e outra se fundamenta em terreno fluido, só identificável a partir do uso RESUMO: Esta comunicação analisou o uso e das tradicionalmente denominadas “locuções conjuntivas” quanto à articulação entre orações nucleares e satélites e entre diferentes partes do texto. Tais ocorrências reais foram retiradas de textos técnicos, jornalísticos e romanescos. A análise apoiou-se em pontos da teoria funcionalista que reinterpreta a articulação entre orações, considerando o “enunciado em camadas” (Dik,1989,1990). A investigação buscou evidenciar como tais articulações cumprem funções comunicativas específicas, valorizando a participação do falante na organização do seu enunciado. O trabalho ofereceu uma visão geral sobre alguns condicionamentos de algumas locuções, revendo a classificação tradicional de locução e propondo um tratamento próximo de advérbio juntivo. PALAVRAS-CHAVE: locução; conjunção ; advérbio ; articulação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECHARA, Evanildo Moderna gramática portuguesa. Curso de 1º e 2º graus. 22 ed. São Paulo: BECHARA, Evanildo Lições de Português pela análise sintática. 11 ed Rio de Janeiro: GRIFO, 1978 BECHARA, Evanildo Moderna Gramática portuguesa . 37 ed rev. e compl. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999 BOLKESTEIN, A.M, HENGEVELD, K. Formalizing in Functional Grammar. Workshoon Functional Grammar: Conference on Functional Approaches to Grammar. Albuquerque. 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