CRM/MG-25684 Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica OTOPLASTIA (CIRURGIA ESTÉTICA DAS ORELHAS) Orelha em abano é um defeito congênito, de característica familiar, geralmente bilateral, cujas alterações consistem em um aumento do ângulo (abertura da orelha) em relação à cabeça e alterações nos relevos e contorno da orelha. A cirurgia se propõe a modelar a cartilagem auricular sem alterarr o tamanho das orelhas. No entanto, se houver aumento do tamanho aceitável das orelhas, este também pode ser diminuído. QUANDO OPERAR A idade ideal para a correção deste tipo de alteração é a pré-escolar, ou seja, dos cinco aos sete anos de idade. Isto porque nesta idade as orelhas já estão totalmente formadas e no tamanho de adulto e também para evitar problemas de ordem psicológica em função de comentários e zombarias por parte dos colegas. Todavia, nada impede que tal correção seja feita em outras fases posteriores da vida. SIMETRIA E ASSIMETRIA É extremamente importante ressaltar que a assimetria das orelhas é muito freqüente, podendo ser decorrente de alterações desde o início do seu crescimento. Assim, podemos dizer que a simetria das orelhas nem sempre pode ser alcançada pelo cirurgião, apesar de termos este objetivo. Se a própria natureza não as deixou idênticas, pode-se imaginar que este objetivo não é tão simples de ser alcançado. CICATRIZES As cicatrizes da otoplastia situam-se muito bem camufladas, atrás do pavilhão auricular. A sua forma, o seu tamanho e a sua posição irão varias de acordo com a técnica empregada e as alterações a serem corrigidas. As cicatrizes deste tipo de cirurgia são imperceptíveis em razão de se localizarem atrás das orelhas. Sendo uma região de pele muito fina, a tendência da cicatriz é ficar de bom padrão. Como toda cirurgia, as particularidades existem e também as maneiras específicas de tratá-las. Em situações especiais incisões anteriores nas orelhas (futuras cicatrizes) poderão ser necessárias para cuidar destas peculiaridades. Estes casos serão detalhadamente esclarecidos nas consultas pré-operatórias. Independente do tipo de técnica escolhida, o comportamento de cada cicatriz é IMPREVISÍVEL. Isto porque cada organismo reage de uma forma diferente, mesmo se já possui um histórico de “boa cicatrizacão”. Portanto, alterações como quelóides, hipertrofia, alargamento, depressão, retração, escurecimento, clareamento, etc., podem ocorrer independente de já conter uma cicatriz “boa”. Este comportamento imprevisível cicatricial se deve, na maioria das vezes, a fatores relacionados com a predisposição genética do indivíduo. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA Na primeira consulta serão questionados todos os dados sobre a sua saúde como doenças prévias ou em tratamento, uso de medicamentos, tabagismo, alergias medicamentosas, alimentares, cirurgias prévias, história familiar ,etc. Limite de 5 anos deve ser respeitado afim de não se interferir no crescimento natural das orelhas. Além dos exames de rotina para qualquer procedimento cirúrgico, é solicitada uma avaliação clínico-cardiológica (risco cirúrgico). CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS Basicamente as mesmas de qualquer cirurgia. Não usar, por 10 dias antes, medicamentos à base de AAS (Melhoral, Aspirina, Doril, Coristina, Superist, Sonrisal, Sal de Frutas, Buferin, etc.), Ginko Biloba, corticóides de uso prolongado, medicamentos para emagrecer, anti depressivos, anti concepcionais orais, entre outros. Abstinência do fumo por 30 dias antes da operação. O jejum será de acordo com a recomendação médica (10 horas antes da cirurgia). Comunicar ao médico qualquer anormalidade ou uso recente de medicamentos, alergias medicamentosas ou alimentares e alguma outra recomendação que venha a ser pertinente. Acordar de jejum no dia da cirurgia, tomar banho completo e chegar ao Hospital 1 hora antes da cirurgia com acompanhante levando consigo todos os exames, risco cirúrgico, Termo de Autorização para cirurgia e Declaração de Recebimento dos termos. Levar consigo o Kit da cirurgia proposta (tiara de lycra que sustenta os curativoc da orelha). A CIRURGIA Esta cirurgia é realizada sob anestesia local e sedação, podendo ser geral a critério do anestesista e do cliente. Quando a criança é de baixa idade e se apresenta muito agitada ou ansiosa com a cirurgia, recomendamos a anestesia geral para conseguirmos a devida imobilização do(a) paciente. Neste aspecto é muito importante que a criança esteja motivada para a cirurgia e realmente desejando as melhoras propostas pois assim ela participa e colabora bastante com o procedimento, até permitindo a cirurgia com anestesia local. A duração do procedimento é de aproximadamente duas horas e devemos lembrar que o tempo de bloco cirúrgico é maior devido à preparação e à recuperação pósanestésica. Não há necessidade da internação hospitalar, ou seja, o (a) cliente pode ir para casa no mesmo dia, salvo se ocorrer alterações pós operatórias (recuperação anestésica, sangramentos). ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS 1) Controle da dor O pós-operatório da otoplastia apresenta um quadro de dor variável de paciente para paciente. Na grande maioria das vezes a dor é leve e controlada com analgésicos fracos (Dipirona). Raramente são utilizamos analgésicos mais fortes (Codeína + Paracetamol). Independente da técnica empregada, a dor tende a melhorar muito após o terceiro dia de pós-operatório. 2) Postura: Na postura deitada de barriga para cima (decúbito dorsal), deve-se apoiar com três travesseiros a região posterior das costas, deixando a cabeceira elevada a 30 graus. NÃO DEITAR DE BARRIGA PARA BAIXO OU DE LADO POR 03 DIAS. Pode dormir com um apoio cervical (travesseiro em “U” utilizado em viagens). 3) Curativos: Independente do tipo de cirurgia o banho deve ser tomado no dia seguinte. Pode molhar as cicatrizes e utilizar um sabonete antisséptico (não utilizá-lo no restante do corpo). O curativo com as gazinhas deverá retirado todos os dias antes do banho. Lembrar de massagear as cicatrizes toda vez em que houver esta troca, utilizando creme cicatrizante próprio. 4) Uso do modelador (tiara ou faixa): Uma faixa de lycra deve ser utilizada 24 horas por dia, durante 30 dias. Esta faixa (tiara) deve ter uma compressão moderada, larga o suficiente para cobrir todo tamanho do pavilhão auricular. Ela deve sustentar as gazinhas (ou algodão). A noite, a faixa pode ser substituida por uma meia calça adaptada para manter as orelhas “coladas” na cabeça. 5) Retornos e retirada de Pontos: Os retornos para a retirada de pontos e avaliação pós-operatória são feitos de acordo com a evolução pós cirúrgica. Retornos adicionais serão comunicados pelo cirurgião e devem ser seguidos para uma completa recuperação e avaliação dos resultados. Numa evolução normal os pontos são retirados entre 15 e 21 dias. Outras orientações: -Não praticar qualquer atividade esportiva (natação, corrida, etc.) que possibilite queda u trauma no período de 30 dias; -Não deitar sobre as orelhas por 03 dias. - Evitar movimentos amplos com os braços por 30 dias; -Exposição ao sol com o filtro solar FPS 30 (mínimo) somente após 30 dias. -Vida sexual, com moderação estará liberada após uma semana de cirurgia; - Pode trabalhar no computador, digitar, ler livros, escrever, etc., três dias após a cirurgia. Geralmente os resultados são muito bons, mas é importante salientar que quase sempre a orelha direita é diferente da esquerda e assim, alguma assimetria poderá existir após a cirurgia não sendo decorrente do procedimento, mas sim do próprio formato assimétrico das orelhas antes da cirurgia. INTERCORRÊNCIAS As intercorrências são situações que surgem no período pós-operatório e podem interferir no resultado. São exemplos: equimoses (manchas roxas na pele), edema (inchaço), pequenos hematomas que podem drenar espontaneamente ou necessitar drenagem cirúrgica, eliminação de pontos internos (por volta de 3 semanas), deiscência de pontos (abertura do corte), etc. Outras intercorrências indesejáveis e mais complexas, que felizmente são raras : infecção, grande deiscência de pontos, necrose parcial ou total da pele das orelhas, grandes hematomas que precisam ser drenados e as intercorrências pertinentes a qualquer procedimento cirúrgico. Nestas eventualidades é fundamental manter a calma e conversar profundamente com seu médico que cuidará atentamente do seu caso. O(a) paciente não deve transmitir a existência destas intercorrências a seus amigos e familiares. Eles poderão deixá-lo(a) inseguro(a), nada podendo fazer efetivamente para ajudá-lo(a). Isto gera angústia dúvidas e insegurança. Continuar confiando no seu médico ainda é o melhor caminho e ele saberá como lhe ajudar. A recidiva da orelha em abano é uma condição pouco comum que pode ocorrer, dependendo da técnica operatória empregada e dos cuidados pós operatórios seguidos pelo cliente. IMPORTANTE: Resultados definitivos somente devem ser considerados após 18 meses da cirurgia. As cirurgias de retoques, quando necessárias, serão aconselhadas pelo cirurgião, devendo-se respeitar o tempo necessário para a adequação dos tecidos e acomodação das cicatrizes. Quando realizadas em momento inoportuno, podem não alcançar os resultados desejados. Os retoques não significam incapacidade técnica mas sim uma revisão cirúrgica para se alcançar resultados ainda melhores. Os custos destes possíveis retoques serão cobrados somente em relação às despesas hospitalares e de anestesista. Não serão cobrados honorários da equipe cirúrgica desde que estes retoques sejam realizados no período sugerido pelo cirurgião. Para fins de honorários, será considerado retoque, todo procedimento seguinte à primeira cirurgia, num período subseqüente de 12 meses. Após este período, qualquer intervenção cirúrgica será considerada como um novo procedimento, independente do primeiro, mesmo que nas mesmas áreas.