A RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E FELICIDADE: UMA PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE ENSINO MÉDIO E A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA RODRIGUES, Ederson Dias¹ ALVES, Marcos Alexandre.² ¹Acadêmico bolsista PIBID/CAPES ²Orientador e coordenador do sub-projeto Filosofia. ¹Curso de filosofia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. ²Curso de filosofia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: ¹[email protected] ; ² [email protected] RESUMO O presente texto discorre sobre a temática envolvendo a percepção dos alunos de Ensino Médio acerca da Ética e da Felicidade. Utilizamos como suporte metodológico o pensamento lógico-racional, assim como fizemos uma abordagem de caráter conceitual sobre a temática em questão, a fim de identificar como os alunos do Ensino Médio percebem a problemática da ética no seu cotidiano. Inicialmente, partimos de uma constatação: em nenhum momento da história do pensamento Ocidental, encontramos tantas pessoas pensando e discutindo a Ética de maneira tão incisiva como na atualidade. A sociedade, ao que nos parece, está sedenta por ética, isto pode ser percebido na medida em que cada vez mais ouvimos, vemos e percebemos a necessidade do pensar e do agir legitimados na racionalidade e no fundamento ético. Com isto, acreditamos que a ética não pode ser apenas pensada e vinculada a um campo de intencionalidade, de hipóteses e de possibilidades. Palavras-chave: Ética. Felicidade, Ensino de Filosofia. Ensino Médio. 1. INTRODUÇÃO No presente texto, discorreremos sobre temática envolvendo a percepção dos alunos de Ensino Médio acerca da Ética. Para tal, utilizaremos o pensamento lógico-racional, assim como uma abordagem de caráter conceitual sobre a temática da Ética no sentido de identificar como os alunos do Ensino Médio percebem esta problemática no seu cotidiano familiar, escolar e social. Inicialmente, partimos de uma constatação: em nenhum momento da história do pensamento Ocidental, encontramos tantas pessoas pensando e discutindo a Ética de maneira tão incisiva como na atualidade. Ora, a que se deve esta retomada da consciência ética? A sociedade, ao que nos parece, está sedenta por ética, isto pode ser percebido na medida em que cada vez mais ouvimos, vemos e percebemos a necessidade do pensar e do agir legitimados em um fundamento ético. Com isto, acreditamos que a ética não pode ser apenas pensada e vinculada a um campo de intencionalidade, de hipóteses e de possibilidades, mas deve ser assumida pela sociedade, como um todo, e levada a termo em todas as suas ações do cotidiano. 1 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 A felicidade enquanto finalidade última de toda a ação humana. Por mais que as pessoas de uma maneira geral, façam críticas negativas ao processo de generalizações, eis que essa generalização que assumiremos a seguir se faz necessária e é em suma verdadeira: o objetivo final de todas as ações humanas é a Felicidade, todas as pessoas sem distinção de sexo, cor, religião ou sexualidade buscam a Felicidade. Os filósofos, helenos antigos, acreditavam e professavam que a eudaimonia (esse termo é o mais usual para traduzir Felicidade, os helenos antigos tinham mais de uma definição e significação para o nosso termo atual felicidade), era uma dádiva concedida pelos deuses e retirada pelos deuses, conforme seus bels prazeres, e afirmavam que era mais inteligente ser cúmplice dos deuses do que vítima dos mesmos. Porém, Platão (1997) em sua obra máxima a República explica que as condições e possibilidades de conseguirmos a Felicidade advêm da vida contemplativa. O que é correto afirmar sobre o pensamento de Platão, quando a questão é a Felicidade: a Felicidade só é possível se, e somente se, o humano por meio de uma vida contemplativa, regrada com ginástica, música e a dialética alcançará a Ideia do Bem. O Bem é a causa da justiça, beleza e Felicidade. Portanto, a Felicidade não seria a condição de um dia e sim projeto de uma vida inteira dedicada a evolução do Ser, nesse processo a Felicidade seria a realização plena da natureza humana. [...] ao fundarmos a cidade, não tínhamos em vista tornar uma única classe eminentemente feliz, mas, tanto quanto possível, toda a cidade. De fato, pensávamos que só numa cidade assim encontraríamos a justiça e na cidade pior constituída, a injustiça [...] Agora julgamos modelar a cidade feliz, mas considerando-a como um todo [...] (PLATÃO, 1997, p. 115-116) Aristóteles (1985) seguiu seu mestre Platão de maneira muito semelhante, em sua obra filosófica denominada de Ética a Nicômaco, o filósofo pensa uma maneira de regrar a vida das pessoas que vivem na pólis, a essa maneira de criar regras que possibilitem a harmonia da vida contemplativa e o fazer prático Aristóteles denomina Ética, e objetivo último dessa racionalidade prática (ética) é a Felicidade dos homens. Ora, essa maneira de pensar é denominada teleológica, pois tudo o que é feito tem como propósito atingir um fim que nesse caso é a Felicidade (Bem). Se há, então, para as ações que praticamos alguma finalidade que desejamos por si mesmas, sendo tudo mais desejado por causa dela, e se não escolhemos tudo por causa de algo mais (se fosse 2 assim, o processo prosseguiria até o infinito, de tal forma que nosso desejo seria vazio e vão), evidentemente tal finalidade deve ser o bem e o melhor dos bens. (ARISTÓTELES, 1985, p. 17) Para atingir a Felicidade é necessário dedicar-se a vida teórica, a vida contemplativa, e cada Ser executar a sua finalidade primeira, para qual cada um foi criado, que no caso do humano é a virtude de usar a razão. [...] o que é próprio de cada coisa é, por natureza, o que há de melhor e de aprazível para ela; e assim para o homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, já que a razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem. Donde se conclui que essa vida é também a mais feliz. (ARISTÓTELES, 1985, p. 190) Por conseguinte, o que podemos observar é que a Filosofia de Aristóteles segue o pensamento proposto por Platão, quando tratamos de atingir a Felicidade, porém para Aristóteles a Felicidade se realiza aqui nesse mundo, dentro da pólis em harmonia com os amigos, a família, as riquezas, a contemplação teórica e sorte. Para Aristóteles, não é possível alcançar a Felicidade sem a harmonia desse conjunto de condições. Portanto, a ética aristotélica é um manual para a realização da Felicidade, que por sua vez só se realizará na relação com o outro, ou seja, na vida pública. Saído do período clássico para o período moderno, encontramos em Kant (1997) um confronto com a ética aristotélica. Kant, por sua vez, afirmava que o agir ético não é garantia de felicidade. Em Kant, o animal humano não é um ser moral apenas, ele também é um ser natural submetido à causalidade necessária da natureza. Vale dizer, enquanto seres naturais, os homens são impulsionados a serem como os demais animais existentes, ou seja, tendem a realizar suas vontades, seus desejos, porém se fizerem isso estarão deixando de serem autônomos e livres (éticos). Nesta perspectiva, Kant (1997) deduz três máximas morais: 1. Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da Natureza; 2. Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca como um meio; 3. Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres racionais. Portanto, com essas máximas, Kant expressa os caminhos que os seres humanos devem percorrer para serem ético. 3. METODOLOGIA Após esta sucinta caracterização teórica acerca do tema da ética, passamos a descrever brevemente, em âmbito metodológico, como a presente pesquisa foi realizada. Durante as 3 atividades de iniciação à docência, junto ao subprojeto filosofia: “Ensino de filosofia: metodologias em questão”, no Colégio Pe. Rômulo Zanchi, patrocinadas pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/UNIFRA, desenvolvemos um trabalho sobre o tema da felicidade com os alunos do ensino médio e nesta atividade, preliminarmente, solicitamos aos mesmos, que elaborasse uma definição do que é a ética e a felicidade. Este recurso metodológico foi empregado exatamente para termos um entendimento prévio do que cada aluno entende por ética e felicidade, para assim evitarmos discutir coisas distintas, e podermos chegar, através do diálogo filosófico, a um ponto em comum, tal qual nos orienta a regra dialógica preconizada por Sócrates. Neste processo de entendimento do que é ética e a felicidade, a partir da percepção dos alunos de 1º, 2º e 3º anos do Colégio Estadual Padre Romulo Zanchi, Santa Maria/RS, podemos afirmar que ao iniciarmos as atividades de estudo e compreensão dos referidos temas, constatamos eles não possuem conhecimentos do que venha a ser ética e também a felicidade. Ou seja, todos possuem conhecimentos vagos e confusos a cerca do que pensam ser a ética e a felicidade. De modo geral, os alunos afirmam que ética consiste tão somente em se respeitar e respeitar os outros, em algo que os políticos devem possuir e utilizar para guiar as suas ações enquanto tal, e que a polícia tem o compromisso de prender assaltantes e criminosos que estão soltos colocando a sociedade em pânico. Portanto, a partir destas afirmações e concepções, podemos identificamos que, preliminarmente, nossos alunos não sabem o que é ética e a felicidade, cada vez mais, encontram-se perdidos quando tratamos de questões relevantes para o convívio social, logo quem não possui consciência sobre o que pratica não pode ser cobrado por não cumprimento as regras éticas. Neste sentido, podemos perceber o quanto é importante o retorno do ensino de filosofia junto ao ensino médio, para desmistificar compreensões e reconstruir racionalmente conceitos e modos de agir individual e social. Com isso, também constatamos o quão grande é o desafio que nós professor de filosofia temos pela frente, sobretudo, dado ao fato de que nossos alunos estão, cada vez mais, lendo menos e se rendendo à um conjunto de ideologias que lhes são passadas através dos meios de comunicação. A consequência do que foi expresso acima, nos coloca em sintonia com as ideias preconizadas por Platão e Aristóteles, em que ambos defendiam, já a mais de 2700 anos atrás, que os homens devem por necessidade de suas estruturas sociais, pensarem as condições e as possibilidades de viverem sobre regras éticas, pois o fim a que todos os homens buscam é a felicidade. Assim, nos defrontamos como uma questão: como os seres humanos que não são éticos, podem encontrar a felicidade? 4 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Se olharmos para a história da educação brasileira, encontraremos os indícios do por que os alunos do ensino médio possuem esta incapacidade de expressar o que é ética e a felicidade. Todas as disciplinas do currículo escolar prevêem trabalhar de modo a desenvolver a criticidade dos alunos, porém é sabido que, na prática pedagógica, o desenvolvimento do senso crítico não ocorre aleatoriamente, mas exige disposição, postura e envolvimento metodológico. Ao longo do tempo/espaço, a disciplina que tem despertado o senso crítico dos alunos é a Filosofia e História. Isto por que, a Filosofia e a História partem da reflexão crítica sobre os problemas que a realidade individual, social, cultural, política e educacional apresenta, contudo ela não uma simples reflexão. Para que uma reflexão possa ser adjetivada de filosófica (crítica) é preciso que satisfaça os requisitos da radicalidade, do rigor e da globalidade. Ou seja, a reflexão filosófica para ser de fato crítica, deve ser radical, rigorosa e de conjunto (SAVIANI, 2002). Porém, foi exatamente essa disciplina que ao longo da história da educação brasileira esteve calada por imposição política. Na época da ditadura, a Filosofia foi silenciada por completo sendo retirada dos currículos escolares e a disciplina de História, por exemplo, deixou de ser uma componente crítica e passou a ser apenas a rememoração de datas e eventos, que a política da época considerava importantes. Ora, após o período da ditadura passam-se anos até a Filosofia voltar a ser obrigatória a partir de 2008 (LEI 11.684/2008). Com isso, o que se pode observar é que se passaram mais de quatro décadas de silenciamento do pensamento crítico no Brasil. É exatamente por isso que, as afirmações dos alunos do ensino médio, demonstram que o entendimento que ele tem acerca da felicidade se restringe a um bem estar de momento. Costumam definir a felicidade como sendo algo relativo e não conseguem argumentar e defender uma ideia sem cair em contradição lógica ou relativizar o debate. Outrossim, constamos que é comum os alunos afirmarem que felicidade e ética não possuem relações, e que ser ético não quer dizer ser feliz, e que ser feliz não quer dizer ser ético. Contudo, filosoficamente, isso que os alunos afirmam é incoerente devido ao fato de que, por exemplo: em Aristóteles a felicidade individual depende, acontece e se realiza dentro da pólis, ou seja, é uma decorrência natural da felicidade coletiva (bem comum); já em Kant, ser ético não quer dizer ser feliz, porém se o individuo não for ético é impossível ser feliz. Em ambos os filósofos a ética tem conexão com a felicidade (VASQUEZ, 2002). 5 Por conseguinte, mais uma vez temos a percepção de que os alunos sentem grande dificuldade em pensar a razão maior da ética que é a felicidade, eles afirmam outras questões éticas tais como: direito a vida, dizem que a vida deve ser um direito de todos, não podendo ser retirada por nenhum motivo. Nessa afirmação, os estudantes tratam da ética sem perceberem, que quando afirmam algo dessa maneira eles estão a defender um princípio e que isso diz respeito a ética, só que os alunos entram em contradição no que pensam, pois defendem a pena de morte para os criminosos. Logo, o que se pode observar a partir da fala dos alunos é que somente defendem suas próprias vontades em busca da representação mais favorável. Isso quer dizer que, se necessário for e o momento exigir podem modificar, sem nenhum problema, os seus argumentos para que consigam ter êxito no que pensam e acreditam e, consequentemente, pouca importância dão ao fato de caírem em contradição. Entretanto, cabe lembrarmos que a contradição é logicamente incorreta com o princípio da não contradição. Com relação ao tema, citamos um exemplo dados por Aristóteles: A maioria pensa que se trata de algo simples e óbvio, como o prazer, a riqueza ou as honrarias; mas até as pessoas componentes da maioria divergem entre si, e muitas vezes a mesma pessoa identifica o bem com coisas diferentes, dependendo das circunstâncias – com a saúde, quando ela está doente, e com a riqueza quando empobrece (ARISTÓTELES, 1985, p. 19). Outro problema que pode ser identificado na fala dos alunos é de que, o agir moral, do qual Kant fala, não deve ser destituído de valor, conforme as nossas vontades pessoais. Singer afirma na Ética Prática, que pensar ética não é pensar as particularidades de cada pessoa, e que nos habituamos a acreditar que ética é um código que tem como propósito fazer proibições de ordem sexual. Pensar ética é pensar o universal. Todas concordam que a justificação de um princípio ético não se pode dar em termos de qualquer grupo parcial ou local. A ética se fundamenta num ponto de vista universal, o que não significa que um juízo ético particular deva ser universamente aplicável. Como vimos, as circunstâncias alteram as causas. Significa, isto sim, que, ao emitirmos juízos éticos, extrapolarmos as nossas preferências e aversões. De um ponto de vista ético, é irrelevante o fato de que eu sou o beneficiário de, digamos, uma distribuição mais equitativa da renda, e você o que perde com ela. A ética exige que extrapolemos o “eu” e o “você” e cheguemos à lei universal, ao juízo universalizável, ao ponto de vista do expectador imparcial, ao observador ideal, ou qualquer outro nome que lhe dermos (SINGER, 2006, p. 19-20). Neste sentido, podemos identificar nos argumentos dos alunos que não sabem quais as implicações que estão por detrás do pensar ético, tampouco conseguem entender que as 6 bases para a felicidade estão erigidas, sobre os pilares da ética, e que sem ética não possível nem ao menos sonhar com a felicidade. 5. CONCLUSÃO A partir desta constatação, nos reportamos ao modelo de educação platônica, no qual os homens passariam os sete primeiros anos de suas vidas sobre a tutela do Estado e afastados das famílias (PLATÃO, 1997). Esta estratégia apresenta por Platão, visa formar seres humanos comprometidos com o bem comum e não apenas com as suas vontades individuais. Esta maneira de educar, segundo Platão, faria com que os seres humanos fossem éticos, desde os primeiros anos de nossas vidas, pois estaríamos envolvidos de tal forma com os interesses polis, que não pensaríamos nas vontades individuais quando tratassem de questões que dizem respeito ao bem comum. Este pensamento faria brotar nos seres humanos um senso maior de comprometimento com a humanidade. Portanto, a ética é uma racionalidade que permite pensar a convivência e entender que viver em sociedade requer pensar no todo antes de pensar na parte, logo se constitui como o fundamento de uma vida feliz. Na contemporaneidade, surge um filósofo chamado de Albert Camus que trata, fundamentalmente, do tema do sentido da vida e seus desdobramentos. Neste sentido, para Camus: “os homens morrem e não são felizes” (2008, p. 46). Essa máxima é muito chocante e complexa, quando racionalizamos a mesma, pois enfatiza que a finalidade última de todas as ações humanas, não é alcançada. Por isto, temos de rever nossas ações e entender onde estamos errando enquanto seres que só possuem uma finalidade e que mesmo assim não conseguem realizá-la. Enfim, concluirmos este trabalho postulando algumas questões para serem pensada: o que nós seres humanos estamos fazendo, que não conseguimos atingir o que é próprio da nossa natureza? Aonde estamos errando? Porque estamos errando? O que é a ética? Em que consiste a felicidade? Que tipo de educação está sendo oferecida aos nossos jovens? O que é e para que estamos educando a juventude? Eis o papel da filosofia! 6. REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Brasília: Universidade de Brasília,1985. CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo. Tradução: Ari Roitman e Paulina Watch. Rio de Janeiro: Record, 2008. 7 KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes . Lisboa: Edições 70, 1997. KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução: Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. SAVIANI, Demerval. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores Associados, 2002. SINGER, Peter. Ética Prática. Tradução: Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2006. VASQUES, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. PLATÃO. A República, Traduzido por de Enrico Corvisieri, São Paulo, Nova Cultural, 1997. 8