Pró-Reitoria de Graduação Curso de Biomedicina Trabalho de Conclusão de Curso ALTERAÇÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS COM TÉCNICA DE ACUPUNTURA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Autor: Rayane Rodrigues Martins Orientador: Dr. Misael Rabelo de Martins Custódio Brasília - DF 2015 RAYANE RODRIGUES MARTINS ALTERAÇÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS COM TÉCNICA DE ACUPUNTURA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Monografia apresentado ao curso de graduação em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientador: Dr. Misael Rabelo de Martins Custódio Brasília 2015 FOLHA DE APROVAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso, de autoria de Rayane Rodrigues Martins, intitulado “ALTERAÇÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS COM TÉCNICA DE ACUPUNTURA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA”, apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília, em 28/05/2015, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ____________________________________________________________ Prof. Dr. Misael Rabelo de Martins Custódio - Orientador Curso de Biomedicina - UCB ___________________________________________________________ Prof. Me. Patrícia de Souza Kanno Curso de Nutrição – UNIPLAN __________________________________________________________ Esp. Luís Gustavo de Oliveira Biomédico DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho, primeiramente, ao meu orientador Dr. Misael Rabelo de Martins Custódio, aos meus pais e ao meu futuro marido. AGRADECIMENTO “A gratidão é a memória do coração”. Antístenes Primeiramente a Deus, por ter me dado forças e saúde para superar todas as dificuldades ao longo de todo o curso. Aos meus pais, Ramiro e Renilda, por sempre terem me fornecido amor, educação, sabedoria e discernimento. Ao meu futuro marido Rudnei, pela paciência, amor, carinho, dedicação e todo apoio do mundo. E ao meu orientador e mestre Dr. Misael Rabelo de Martins Custódio, pelos ensinamentos, oportunidades, paciência e o bom humor. As minhas amigas Camilah, Luciana e Belkiss e aos amigos do Projeto de Acupuntura, por toda a ajuda e conhecimento adquirido ao longo desses anos e que, principalmente, me fizeram amar o que exerço. Ao meu amigo Luiz Henrique, que sempre me apoiou. Aos meus amigos, de longa data, por compreenderem esses momentos de ausência, pela paciência e por terem me dado força para continuar. A todos os meus familiares, por toda a confiança e pelos pensamentos positivos ao longo de toda minha caminhada. EPÍGRAFE “Escolha um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nenhum dia na tua vida”. Confúcio RESUMO Referência: MARTINS, Rayane R. Alteração de Marcadores Inflamatórios com técnica de Acupuntura: Revisão Bibliográfica. 2015. 34p. Biomedicina – Universidade Católica de Brasília – UCB, Brasília, 2015. Introdução: A inflamação é uma resposta imunológica causada pela invasão de algum agente nocivo ao organismo. Existem dois tipos de inflamação, aguda e crônica, e as mesmas se apresentam em uma sintomatologia clássica de cinco sinais cardeais: dor, calor, rubor, edema e perda de função. O diagnóstico das inflamações pode ser dado de maneira clínica e por exames laboratoriais. A febre é a elevação da temperatura corporal, é uma das respostas mais comuns ocorridas nas inflamações, chegando a aparecer em cerca de 80% dos casos. Ocorre principalmente quando a causa da inflamação é advinda de uma infecção. O diagnóstico laboratorial da inflamação é estabelecido pela presença de marcadores inflamatórios como a velocidade de hemossedimentação e a Proteína C Reativa, sendo as terapias medicamentosas, os antiinflamatórios, escolhidas dependentemente da patologia. A acupuntura é uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que surgiu na China a cerca de 4.500 anos atrás, que visa o tratamento de patologias através da inserção de agulhas, sempre considerando deixar o organismo em homeostasia. A inflamação para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é considerada um excesso de calor local ou geral causado por um meridiano de energia muito potente ou por uma barreira do meridiano que causa o calor. Objetivo: Realizar revisão bibliográfica sobre alterações dos valores inflamatórios sanguíneos com Acupuntura. Palavras-chave: Inflamação. Acupuntura. Marcadores Inflamatórios. ABSTRACT Introduction: Inflammation is an immunological response caused by invasion of a harmful agent to organism. There are two types of inflammation, acute and chronic, both are present in a classic symptomatology of five cardinal signs: pain, heat, blush, edema and loss of function. Diagnosis of inflammation can be given through clinical way and laboratory tests. Fever is an elevation of body temperature, it is one of most common responses that occur of inflammation, present in about 80% of cases. It mostly occurs when the cause of inflammation is arising from an infection. Laboratory diagnosis of inflammation is established by presence of inflammatory markers such as hem sedimentation and C-reactive protein, antiinflammatories are the medicinal therapies chosen relatively to pathology. Acupuncture is a technique of traditional Chinese medicine (TCM) that emerged in China about 4500 years ago, it aims pathologies treatment by inserting needles, always taking into consideration to let organism in homeostasis. Inflammation for traditional Chinese medicine (TCM) is considered an excess of local or general heat caused by a meridian of powerful energy or by a barrier of meridian that causes heat. Objective: Accomplish a literature review about changes in blood inflammatory values with Acupuncture. . Keyword: Inflammation. Acupuncture. Inflammatory Markers. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9 2 OBJETIVO .............................................................................................................................. 10 2.1 GERAL ........................................................................................................................... 10 2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................ 10 3 MÉTODO................................................................................................................................. 11 4 DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 13 4.1 CAPÍTULO I – INFLAMAÇÃO .................................................................................... 13 4.1.1 Conceito .................................................................................................................................... 13 4.1.2 Fisiopatologia .......................................................................................................................... 13 4.1.3 Tipos .......................................................................................................................................... 15 4.1.4 Diagnóstico ............................................................................................................................... 16 4.1.5 Tratamento .............................................................................................................................. 18 4.2 CAPITULO II – ACUPUNTURA .................................................................................. 20 4.2.1 Conceito .................................................................................................................................... 20 4.2.2 Histórico ................................................................................................................................... 20 4.2.3 Funcionamento ....................................................................................................................... 21 4.2.4 Inflamação e Acupuntura..................................................................................................... 26 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 29 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 30 9 1 INTRODUÇÃO A inflamação é uma resposta imunológica causada pela invasão de algum agente nocivo ao organismo. Existem dois tipos de inflamação, aguda e crônica, e as mesmas se apresentam em uma sintomatologia clássica de cinco sinais cardeais: dor, calor, rubor, edema e perda de função (SILVA, F. O. C. D.; MACEDO, 2011). Logo após a invasão do agente nocivo ao organismo, começa uma resposta inflamatória onde há uma produção de citocinas inflamatórias que sinalizam para as células sanguíneas e as mesmas são carreadas para o local da lesão para o neutrófilo, à primeira linha de defesa que irá contribuir para o início da inflamação. Os monócitos carreados vão se transformar em macrófagos teciduais para a fagocitose do agente nocivo (MACHADO et al., 2004). A acupuntura é uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que surgiu na China a cerca de 4.500 anos atrás, que visa o tratamento de patologias através da inserção de agulhas, sempre considerando deixar o organismo em homeostasia (GERVÁSIO; BECHARAII, 2010). O diagnóstico das inflamações pode ser dado de maneira clínica e por exames laboratoriais. A febre é a elevação da temperatura corporal, é uma das respostas mais comuns nas inflamações, chegando a aparecer em cerca de 80% dos casos. Ocorre principalmente quando a causa da inflamação é advinda de uma infecção. O diagnóstico laboratorial da inflamação é estabelecido pela presença de marcadores inflamatórios como a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a Proteína C Reativa (PCR), sendo as terapias medicamentosas, os antiinflamatórios, escolhidas dependentemente da patologia (OLIVEIRA et al., 2007; ROSA NETO; CARVALHO, 2009; SOARES; SANTOS, 2009). A inflamação para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é considerada um excesso de calor local ou geral causado por um meridiano de energia muito potente ou por uma barreira do meridiano que causa o calor (MACIOCIA, 2007; TORRES, 2011). 10 2 OBJETIVO 2.1 GERAL Realizar revisão bibliográfica sobre alterações dos valores inflamatórios sanguíneos com Acupuntura. 2.2 ESPECÍFICOS Realizar pesquisa bibliográfica sobre Inflamação; Realizar pesquisa bibliográfica sobre testes inflamatórios; Realizar pesquisa bibliográfica sobre Acupuntura; Realizar Fichamento de todos os trabalhos achados; Selecionar os trabalhos que tenham relação direta com a temática do trabalho. 11 3 MÉTODO Como metodologia de pesquisa, foi realizada busca utilizando-se as bases científicas eletrônicas Scielo, Pubmed, banco de dados da Universidade Católica de Brasília e outros bancos de dados de Universidades. Também como pesquisa, foram utilizados livros didáticos presentes no acervo da Biblioteca da Universidade Católica de Brasília. Foi utilizado como palavras chaves de pesquisa: Inflamação, inflammation, Acupuntura, Acupuncture e a associação de Acupuntura e Inflamação. Através das palavras chaves foram selecionados artigos que possuíam em sua linha de pesquisa temas semelhantes. Em inflamação os artigos deveriam embasar em seu conteúdo temas como fisiopatologia da inflamação, os marcadores inflamatórios e os antiinflamatórios. Com a acupuntura todos os artigos selecionados abrangiam sobre os fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Observe nos esquemas abaixo, a quantificação de artigos encontrados e utilizados no estudo, para o melhor entendimento da pesquisa bibliográfica: Figura 1: Esquema de pesquisa no banco de dados da Scielo. Fonte: Martins (2015). 12 Figura 2: Esquema de pesquisa no banco de dados da Pubmed. Fonte: Martins (2015). Foram utilizados 6 livros baseados nas Teorias Tradicionais Chinesas e 3 livros de patologia retirados do acervo da Biblioteca da Universidade Católica de Brasília. Em pesquisa a teses e dissertações, foram utilizados 1 Dissertação de Mestrado da Universidade Federal de Uberlândia, 1 Tese de Doutorado da Universidade de São Paulo, 1 Dissertação de Mestrado da Universidade da Beira Interior e 1 Dissertação de Mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, todos voltados com pesquisas com o tema de Acupuntura. Do acervo eletrônico de outra Universidade e foi utilizado 1 artigo científico da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e 1 artigo científico da Revista Brasileira de Terapia Intensiva. 13 4 DESENVOLVIMENTO 4.1 CAPÍTULO I – INFLAMAÇÃO 4.1.1 Conceito O organismo tem função de eliminar componentes estranhos que causam risco à nossa saúde, esse mecanismo de eliminação é desencadeado por uma resposta imunológica denominada de inflamação. Este último é um processo de proteção ao organismo com objetivo de eliminação do agente causador da lesão, com ação destrutiva ou neutralizadora sobre o mesmo (KUMAR, 2013; SILVA, F. O. C. D.; MACEDO, 2011). Independentemente do tipo de inflamação, ambas apresentam sinais e sintomas semelhantes como resposta fisiológica de forma defensiva. Cornelius Celsus na Roma antiga (42 a 37 A.C) descreveu os 4 sinais cardeais da inflamação: a) Rubor: causado pela hiperemia local – aumento do fluxo sanguíneo local; b) Tumor: ocasionado pela exsudação dos fluídos corporais; c) Calor: aumento da temperatura local; d) Dor: provocada pela liberação de algumas substâncias químicas. Porém, mesmo tendo função protetora, a reação inflamatória pode causar danos maiores ao tecido lesado: seus componentes podem lesar tecidos normais de forma indesejada, caracterizando as doenças autoimunes. Desta forma tem-se a descrição da Perda de função: alterações funcionais do tecido como mais uma das alterações fisiológicas do sistema inflamatório (KUMAR, 2013; VANE; BOTTING, 1996). Todos os processos fisiológicos intrínsecos e extrínsecos para a alteração do sistema inflamatório é dependente de várias alterações fisiológicas que se influenciam por fatores ambientais, tratados no próximo subcapítulo como Fisiopatologia. 4.1.2 Fisiopatologia O processo Inflamatório inicia-se logo após o contato com o agente causador da lesão, onde o primeiro resultado da ação fisiológica da inflamação é gerar o chamado “emparedamento”, no qual ocorre o isolamento da área de lesão. Os espaços teciduais, ao redor do tecido lesado, sofre uma obstrução causada por coágulos de fibrinogênio e depois de alguns minutos não ocorra quase nenhuma passagem de líquidos nos espaços. Esse mecanismo funciona para inibir a disseminação dos agentes contaminantes. Durante este processo, é observada uma grande quantidade de macrófagos presentes no tecido, ativados pelos produtos de inflamação, exercendo sua função fagocítica. Os macrófagos rapidamente aumentam de tamanho e os que estão ligados começam a se soltar e passam a ser móveis, sendo a primeira linha de ataque contra a infecção (GUYTON, 2011; MACHADO et al., 2004; SILVA, F. O. C. D.; MACEDO, 2011). 14 Ao mesmo tempo em que o sistema fagocitário age, são liberadas citocinas, que são moléculas proteicas que enviam sinais de estimulo e inibição as células do sistema imunológico, são as interleucinas, sendo elas as interleucinas 4, 5, 6, 10, 12, 13, 18, 19, 20 e entre outros, cada uma possuindo uma função no processo inflamatório (VARELLAL, 2001). As citocinas inflamatórias produzidas pelo tecido lesado que fazem com que grande quantidade de neutrófilos sejam carreadas pela corrente sanguínea até o local da lesão no tecido. As mesmas vão causar um aumento na expressão de seletinas e ICAM, moléculas de aderência extra e intracelular, as quais promoverão três mecanismos para que os neutrófilos migrem para o tecido lesado: a) Marginação: interação das moléculas de aderência e integrinas complementares dos neutrófilos fazendo com que essas células grudam na parede dos capilares da área lesada; sendo assim, o endotélio se torna ativado, passando a expressar moléculas de superfície que favorecem a aderência de leucócitos e sua eventual passagem para o tecido, chamada de: b) Diapedese: a passagem dos neutrófilos do sangue para o local da inflamação, que ocorre pelo afrouxamento entre as células endoteliais. E c) a quimiotaxia: que é o processo que permite que a célula migre para o tecido lesado (CRUVINEL et al., 2010; GUYTON, 2011; MACHADO et al., 2004; SILVA, F. O. C. D.; MACEDO, 2011). Pelo mesmo mecanismo ocorre a migração dos monócitos para o tecido lesado que ao chegarem ao tecido aumentam de tamanho e viram macrófagos. Esse processo é mais lento do que quando ocorre com os neutrófilos, que é o processo inflamatório que causa neutrófilia acentuada em pouco tempo após seu inicio, ocorre pelos produtos da inflamação que caem na corrente sanguínea e são carreados até a medula óssea. Irão atuar nos neutrófilos presentes na medula mobilizando-as para corrente sanguínea. Após o aumento da quantidade dos mesmos na corrente sanguínea, aumenta-se também o tamanho e desenvolvimento de grande quantidade de lisossomas dos monócitos dura cerca de oito horas para adquirirem a capacidade fagocitíca (CRUVINEL et al., 2010; GUYTON, 2011; SALLES et al., 1999; SILVA, F. O. C. D.; MACEDO, 2011). Estes processos são diferenciados por determinados tipos de diferentes de acionadores fisiológicos. Desta forma, existem os tipos de inflamações que agem diretamente ao estímulo ideal para cada inflamação para que seja resolvida a intercorrência de forma correta no contexto biocelular. Sendo assim, a inflamação pode ser apresentada de forma aguda ou crônica, A primeira tem uma curta duração e se apresenta em forma inicial, caracterizada pela exsudação de líquido e proteínas plasmáticas e uma grande quantidade de leucócitos presente no local, especificamente os neutrófilos. Já a crônica se apresenta de maneira silenciosa e tem 15 duração longa, e é caraterizada pelo influxo linfocitário e de macrófagos com proliferação vascular. Ambos serão explicitados de forma mais detalhada no próximo capítulo. 4.1.3 Tipos As inflamações podem ser separadas em 2 tipos de respostas fisiológicas, sendo definidas como Aguda e crônica. Na inflamação aguda é de processo inicial e rápido e de curta duração, é caracterizada pela exsudação de líquido e de proteínas plasmáticas e um acúmulo exacerbado de neutrófilos. Na crônica tem uma longa duração e tem característica de proliferação de macrófagos e linfócitos associados à fibrose (GERALDO; ALFENAS, 2008; KUMAR, 2013). Entretanto, se faz necessário explanar os passos fisiológicos para cada tipo: 4.1.3.1 Inflamação Aguda A inflamação aguda é caracterizada por ter um processo rápido à lesão com característica de grande quantidade de neutrófilos e as proteínas plasmáticas para o local da lesão e o edema. As reações inflamatórias podem ser iniciadas através de estímulos infeccioso, traumáticos, necróticos, na presença de corpos estranhos e reações imunológicas. Cada um desses estímulos pode gerar uma inflamação diferente, mas toda inflamação, tem pelo menos, as mesmas características e fisiopatologias, tem predominância de elementos da resposta inata e as principais células envolvidas são os macrófagos e neutrófilos (CRUVINEL et al., 2010; KUMAR, 2013; ROSA NETO; CARVALHO, 2009). Esta possui dois componentes principais, alterações vasculares e alguns eventos celulares. A primeira são modificações no calibre do vaso sanguíneo resultando no aumento do fluxo, com a vasodilatação, e o aumento da permeabilidade vascular. Os eventos celulares, como a alteração no fluxo e no calibre do vaso, ocorrem quando os leucócitos saem da microcirculação e seu recrutamento e acúmulo no local da lesão (KUMAR, 2013; ROSA NETO; CARVALHO, 2009). 4.1.3.2 Inflamação Crônica A inflamação crônica é a progressão de uma inflamação aguda, onde o agente nocivo tem uma permanência mantendo o processo inflamatório, levando a cronificação deste processo. Tem um período mais longo, onde as fases da inflamação ativa, a destruição tecidual e a interações das células recrutadas para o lugar da lesão, sendo elas as células mononucleadas (macrófagos, monócitos e linfócitos). Os macrófagos são as células 16 encontradas nesse processo, encontrados, geralmente em tecidos conjuntivos e outros tecidos. Tem como principal função atuar em um sistema de fagócitos mononucleares, como filtros de agentes causadores da inflamação e como sinalizadores de linfócitos T e B para estímulos nocivos (CRUVINEL et al., 2010; GERALDO; ALFENAS, 2008). A inflamação granulomatosa é um tipo de inflamação crônica, caracterizada por agregados de macrófagos ativados, estes desenvolvem uma aparência epitelióide. Pode ser encontrada em patologias específicas e de importância por causar sérios danos ao paciente, é considerada uma resposta a antígenos que permanecem no organismo sem a inativação. Tem uma resposta persistente em células T e bactérias ou fungos, que onde as citocinas derivadas dos linfócitos T irão ser responsáveis pela via de ativação dos macrófagos. (INOUE; SUGA, 2008). 4.1.4 Diagnóstico 4.1.4.1 Clínico: A fase aguda da inflamação consiste em uma resposta clínica bem característica, a febre. É uma das respostas mais comuns ocorridas nas inflamações, chegando a aparecer em cerca de 80% dos casos. Esta é caracterizada pela elevação da temperatura corporal do paciente, principalmente quando a inflamação causada é advinda de uma infecção. Estudos mostram que não há relação entre a febre e a gravidade da doença (BARBOSA et al., 2004; VOLTARELLI, 1994). A febre é uma resposta aos pirogênios que atuam na estimulação das sínteses de prostaglandinas. Esses pirógenos irão estimular os leucócitos a liberarem citocinas que atuam na via de ciclooxigenases, que ao final da cascata vai ser converte em prostaglandinas. As mesmas, no hipotálamo, tem a função de regular a temperatura corpórea. A febre, como mostra em estudos, tem funções de resposta imunológicas no organismo: a) aceleração do processo de quimiotaxia dos neutrófilos; b) diminuem a disponibilidade do ferro, para quais as bactérias necessitam para a proliferação; c) aumenta a sensibilidade da resposta imunológica e d) aumentam a produção e a ação antiviral, aceleram as secreções antibacterianas e antitumoral dos interferons (BARBOSA et al., 2004; KUMAR, 2013). 4.1.4.2 Sanguíneo: Além do diagnóstico clínico as inflamações podem ser caracterizadas através de alguns marcadores biológicos ou chamadas de marcadores inflamatórios. São eles dosados através do sangue. Tais como: Os níveis plasmáticos elevados de proteínas da fase aguda da 17 inflamação (Proteína C Reativa), Velocidade de Hemossedimentação, e uma contagem de leucócitos (BARBOSA et al., 2004; ROSA NETO; CARVALHO, 2009). 4.1.4.3 Proteína C Reativa A proteína C reativa (PCR), descoberta em 1930 através da reação com os polissacarídeos C presentes nos pneumococos na fase aguda da pneumonia pneumocócica. Eleva ou diminui suas concentrações cerca de 25% em uma atividade inflamatória (AGUIAR et al., 2013; CARVALHO JÚNIOR et al., 2006). A PCR também sofre alterações em inflamações crônicas, sendo marcador de risco em futuras ocorrências de doenças cardiovasculares. (AGUIAR et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2007). Como descrito por Oliveira et al. a PCR desenvolve diretamente a indução das moléculas de adesão, interleucinas e fatores tumorais (todos componentes inflamatórios). Tem grande importância para o desenvolvimento inflamatório (OLIVEIRA et al., 2007). Promove a ação anti-inflamatória pela inibição de adesão de neutrófilos e células endoteliais. Ocorre porque a PCR impede a expressão de L-selectina pelos neutrófilos e estimula o adverso do receptor de interleucina -1 pelos monócitos, ou seja, liga-se ao patógeno e a célula lesada e ativa a sua eliminação através do sistema complemento. (ROSA NETO; CARVALHO, 2009; SANTOS, W. B. et al., 2003). A PCR é sintetizada nos hepatócitos, após o estimulo são produzidos e de 4 a 6 horas já são presentes na corrente sanguínea. Por Silva et al. a PCR tem um pico de elevação de 24 a 48 horas após a infecção (CARVALHO JÚNIOR et al., 2006) e no estudo realizado por Duarte et al. pode ser entre 36 e 48 horas. Tem uma meia vida de 19 horas consideravelmente curta. Para o monitoramento da infecção/inflamação é cabíveis a dosagem sérica em dias alternados do que em dias isolados pela sua meia vida que pode permanecer em altos níveis durante a fase de recuperação (AGUIAR et al., 2013; CARVALHO JÚNIOR et al., 2006; SANTOS, W. B. et al., 2003). 4.1.4.4 Velocidade de Sedimentação das Hemácias (VHS) A Velocidade de Sedimentação das Hemácias é o tempo em que as hemácias levam para sedimentar-se (MARTINS; CARDOSO; MARCONDES, 2007). As primeiras observações sobre o VHS na Grécia Antiga, os gregos utilizavam as informações presentes na hemossedimentação para constatar as doenças. Até o inicio do século XXI era bastante utilizado como diagnóstico de gravidez e posteriormente passou-se a ser usado como um 18 marcador de inflamação (SANTOS, V. M. D.; CUNHA; CUNHA, 2000; SOARES; SANTOS, 2009). Atualmente tem sido o VHS tem sido realizada para determinar uma grande quantidade de condições clínicas em processos infecciosos e processos inflamatórios, como: tuberculose, doenças reumáticas e autoimunes, linfomas e alguns tipos de câncer, avaliação da gravidade da doença e eficácia do tratamento. Porém, por Santos et al. a Velocidade de Sedimentação das Hemácias pode sofrer interferências, tais relacionados à presença de anemias, policitemia, esferocitose, macrocitose, insuficiência cardíaca congestiva ou hipergamaglobulinemia (CARVALHO JÚNIOR et al., 2006; MARQUES FILHO, 2004; SOARES; SANTOS, 2009). Apesar de ser um teste inespecífico é um elemento indispensável na investigação e acompanhamento de pacientes. Sua normalização pode ser evidência de uma boa resposta ao tratamento de doenças subagudas e crônicas citadas anteriormente. Os valores anormais que propiciam o seu aumento conforme dito por Santos et al. são: Alcoolismo, anemias graves, arterite temporal, artrite gotosa, artrite reumatóide, câncer, doenças inflamatórias pélvicas, esclerose sistêmica progressiva, hipertiroidismo, hipotireeoidismo, infarto agudo do miocárdio, insuficiência renal crônica, leucemias, linfomas, lúpus eritematoso sistêmico, mieloma múltiplo, queimaduras graves, sífilis e entre outros. Seus valores são comumente elevados a partir de 48 horas do inicio do quadro infeccioso/inflamatório, cerca de 3 a 5 dias após ocorre seu pico de elevação e aproximadamente cerca de 3 semanas após o inicio do tratamento, seus níveis voltam ao normal (CARVALHO JÚNIOR et al., 2006). A leucocitose é uma característica comum nas ações inflamatórias, principalmente se forem causadas por infecção bacteriana. Porém não é um dado especifico para o diagnostico de inflamação, podendo alterar-se em diversos processos. Seus valores costumam ser por cerca de 15.000 a 20.000 células/µL, mas podem atingir valores extremamente altos com cerca 40.000 a 50.000 células/µL (BARBOSA et al., 2004; KUMAR, 2013). 4.1.5 Tratamento Para o tratamento medicamentoso das inflamações são utilizados fármacos antiinflamatórios. Destes existem classes de anti-inflamatórios: Os esteróides, incluindo os corticoides, e os Não- Esteróides (AINES). Os AINES são os anti-inflamatórios mais prescritos em todo o mundo, apresenta amplo aspecto de indicação terapêutica, como: analgesia, anti-inflamação, antipirese e em 19 profilaxia em doenças cardiovasculares. É uma classe medicamentosa que faz inibição de ciclo-oxigenase (COX) sendo seletivos ou não. Os AINES não seletivos são os mais comuns a serem utilizados, os mesmos inibem produção de prostaglandinas e a produção plaquetária (BATLOUNI, 2010; KUMMER; COELHO, 2002). Dentre as técnicas utilizadas como tratamento da inflamação, que podem ser consideradas terapêuticas complementares utilizam-se tratamentos complementares, o exposto no trabalho é a acupuntura. 20 4.2 CAPITULO II – ACUPUNTURA 4.2.1 Conceito A acupuntura, do latim acus e punctura, significa a técnica de puncionar agulhas, advinda da Medicina Tradicional Chinesa que visa o tratamento e a cura de patologias através da inserção de agulha em pontos nervosos específicos. Teve surgimento cerca de 4.500 mil anos atrás. A Acupuntura tem como fundamento o equilíbrio corporal juntamente com o meio externo, assim, o equilíbrio é diretamente influenciado pela qualidade de vida, hábitos, costumes, e alimentação (MACHADOI; DE OLIVEIRAI; FECHINEI, 2012; SCOGNAMILLO-SZABÓ; BECHARA, 2001). Mesmo sendo uma técnica milenar vem se destacando no século XXI. Tem o potencial de diagnosticar e tratar as doenças atuais. Para um tratamento com eficácia é utilizada a combinação de pontos, mesclando os pontos de maneira isolada em seus meridianos e trabalhar também com pontos de acordo com suas funções nos meridianos (MACIOCIA, 2007; TAFFAREI; FREITAS, 2009). As recentes pesquisas cientificam vem contribuído cada vez mais para um maior desenvolvimento e compreensão da acupuntura. Antigamente os conceitos de acupuntura eram transmitidos de geração em geração (WEN, 2009). A acupuntura objetiva restabelecer o equilíbrio corporal como o principal tratamento, assim a mesma é vista como se todas as estruturas do organismo encontram, em seu estado original, em estado de equilíbrio pela atuação de Energias, essas como: Teoria de Yin e Yang, Teoria dos 5 elementos, Teoria Zang Fu, Teoria dos Meridianos e o TAO. 4.2.2 Histórico Acupuntura surgiu na China a cerca de 4.500 anos atrás. Já era utilizada a inserção de pedras polidas e afiadas, bambu, osso e metais para a estimulação dos pontos. A técnica vem se aperfeiçoando desde as décadas antes de Cristo, e se baseia no Taoísmo, se conceituando que a saúde do individuo está diretamente relacionado aos seus hábitos e excluindo a idéia que as doenças teriam origens demoníacas (GERVÁSIO; BECHARAII, 2010; LIU et al., 2014). Todas as técnicas utilizadas até hoje tem grande embasamento na literatura de Ney Jing ou “Tratado de Medicina Interna do Imperador Amarelo” que foi quem relatou em forma literária as técnicas da Medicina Chinesa que eram passadas pelos ancestrais (GERVÁSIO; BECHARAII, 2010; SCOGNAMILLO-SZABÓ; BECHARA, 2001). 21 Até hoje não há documentação que diz o surgimento real da acupuntura, mas sabe-se que desde antes de Cristo é uma terapia bastante difundida entre chineses. E a evolução da humanidade foi trazendo o aperfeiçoamento dessas técnicas (WEN, 2009). No Brasil, a técnica de acupuntura já vem sendo incorporada nas terapias alternativas juntamente com a medicina ocidental, ocorre desde a década de 80 em hospitais universitários pelo Brasil. A partir de 1980 a homeopatia foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e foi designada uma opção terapêutica na Previdência Social em 1986. Houve a implementação da acupuntura no serviço público depois de apresentação de propostas no Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, porém a sua prática já era precedida em consultórios privados (ALVES, 2012). 4.2.3 Funcionamento 4.2.3.1 Taoismo O taoísmo significa “caminho”, é uma teoria chinesa, sendo a filosofia mais antiga, é uma prática de energias que governam o universo e o organismo. (CINTRA; PEREIRA, 2012; CUNHA; REGO, 2007). 4.2.3.2 Yin e Yang O Yin e o Yang são conceitos da Medicina Tradicional Chinesa seus princípios fundamentais são o oposto e complemento, um sempre complementando o outro. Caso um esteja mais aparente que o outro ou menos aparente há um desiquilíbrio. Os chineses caracterizavam a teoria de Yin e Yang a forma em que a colina se apresentava. O lado escuro representa o Yin e o ensolarado representa o Yang. Observada pelos camponeses pela alteração entre dia e noite, o Yang representando o dia e a noite representada por Yin. O lado “esquerdo” e “direito”, como esquerdo o lado que se trabalha, representando o yang e “direito” o lado que se alimenta, representando o yin. Apesar de ser oposto o yin-yang são dependentes um do outro, um não vive sem o outro. Com por exemplo o dia e a noite, um é o oposto do outro, mas o dia só acaba quando a noite começa (LUCA, 2008; MACIOCIA, 2007). Na teoria do Yin e Yang existem quatro maneiras dos mesmos se relacionarem, sendo: a oposição, a interdependência, o consumo mútuo e o inter-relacionamento. O primeiro aspecto citado condiz na contradição entre Yin e Yang, um sempre é o oposto do outro. Subsequente à interdependência condiz em que mesmo sendo um o oposto do outro, são um dependente do outro. O Consumo mútuo é dado como o constante equilíbrio entre os dois, 22 entretanto existem quatro possibilidades da presença de desequilíbrio: deficiência de Yang, deficiência de Yin, excesso de Yang e excesso de Yin. E por fim o inter-relacionamento abordado como que não há imobilidade, ao tempo em que um acaba o outro começa (DORIA; LIPP; SILVA, 2012; VECTORE, 2005). Figura 3: Símbolo do Yin e Yang e seus relacionamentos. Fonte: Kono (2011) 4.2.3.3 Cinto Elementos A teoria dos cinco elementos foi criada pelos filósofos chineses para explicar o comportamento da natureza e seus animais. SHANG SHU relata: Os cinco elementos são Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A Água umedece em descendência, o Fogo chameja em ascendência, a Madeira pode ser dobrada e estucada, o Metal pode ser moldado e endurecido, a Terra permite a disseminação, o crescimento e a colheita. Aquilo que absorve a descendência (Água) é salgada, o que chameja em ascendência (fogo) é amargo, o que pode se dobrado é esticado (Madeira) é azedo, o que pode ser moldado é enrijecido (Metal) é picante e o que permite disseminar, crescer e colher (Terra) é doce (MACIOCIA, 2007; VECTORE, 2005) Os cinco elementos são separados e posicionados diretamente ligados a sequencias de produção ou geração: quando um elemento gera o outro, e ao mesmo tempo ele esta sendo gerado (Fogo gera Terra, Terra gera Metal, Metal gera Água gera Madeira e Madeira gera Fogo). Sequencia de controle: quando um elemento controla o outro porem ao mesmo tempo esta sendo controlado (Madeira controla a Terra, a Terra controla a Água, a Água controla o Fogo, o Fogo controla o Metal e o Metal controla a Madeira). Sequencia da lesão: ocorre quando o equilíbrio é afetado (SILVA, D. F. D., 2007; VECTORE, 2005). 23 Figura 4: Os cinco Elementos em sistemas de produção, dominação e contra dominação. Fonte: Yang (2014) 4.2.3.4 Teoria das Substâncias Vitais Existem na teoria chinesa que há energias fluindo pelo corpo, essas energias são chamadas de “Qi” (energia) e “Xue” (sangue) que fluem em rotas energéticas, denominadas de meridianos, que se concentram em ramos nervosos neuromusculares sensitivos (BREVES, 2001). Seu tratamento baseia-se em teorias de Yin e Yang, teoria dos Cinco a órgão e víscera. As patologias são dadas como uma desordem, podendo ser um fluxo excessivo ou uma obstrução do fluxo de “Qi” (BREVES, 2001; ZANETTE, 2005). 4.2.3.4.1 Sangue - Xue Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) o Xue tem significado representativo de “sangue” tem função de nutrir o organismo e dá suporte à mente. É controlado pelo Qi, portanto vai depender das suas ações controladoras. O sangue pode se apresentar de três formas em patologias: 1) Deficiência de Sangue: ocorre quando há uma deficiência de Qi do baço. 2) Calor de sangue: quando o calor do fígado começa a deixar o sangue fuir quente. E 3) Estase de sangue: Ocorre quando há uma deficiência na movimentação do sangue pode ser ocasionada pelo calor ou pelo frio do fígado (MACIOCIA, 2007; SILVA, A. L. P. D., 2010). 24 4.2.3.4.2 Fluidos Corporais (Jin Ye) Os fluidos corpóreos (Jin Ye) são oriundos dos alimentos e líquidos ingeridos, sofrem transformação e sua separação pelo baço. O processo de obtenção dos fluídos corporais é uma serie de processos de purificação, separando os fluidos em substâncias impuras e puras, sequentemente são transportadas para a parte descendente e para a parte ascendente (TORRES, 2011). Os fluídos puros são levados para o pulmão que fará a distribuição pelo organismo. Já os fluidos impuros irão ao intestino delgado e para a bexiga e serão excretados pelas fezes e a bexiga irá realizar a transformação do Qi pelo Yang do Rim. Podem ser afetados de maneira em que sofra uma deficiência ou um excesso de fluído, sendo em forma de edema ou fleuma (MACIOCIA, 2007). 4.2.3.4.3 Zang Fu O termo empregado de Zang-Fu é utilizado para denominar órgãos e vísceras. São observados três aspectos: energético, funcional e orgânico. Tem funcionalidade de formação. Crescimento, desenvolvimento e manutenção do corpo. Cara respectivo órgão representa um elemento dos citados á cima com funções clássicas de comando sobre o tecido, formação, sobre suas energias (LIVRAMENTO, 2010; LUCA, 2008). Cada órgão e víscera, que estão ligados em formas de pares de diferentes polaridades, estão acoplados a um dos cinco elementos, sendo: Coração sendo de natureza Yang e Intestino Delgado de natureza Yin está acoplado ao elemento Fogo, Baço/Pâncreas sendo de natureza Yang e Estômago de natureza Yin está acoplado ao elemento Terra, Pulmão sendo de natureza Yang e Intestino Grosso de natureza Yin está acoplado ao elemento Metal, Rim sendo de natureza Yang e Bexiga de natureza Yin está acoplada ao elemento Água e o Fígado sendo de natureza Yang e Vesícula Biliar de natureza Yin está acoplada ao elemento Madeira (GÓIS, 2007; LIVRAMENTO et al., 2010; TAFFAREI; FREITAS, 2009; TORRES, 2011). 25 Tabela 1. Correlação do Zang Fu com os cinco elementos. Cinco elementos Madeira Fogo Terra Metal Água Órgão (Zang) Fígado Coração BaçoPâncreas Pulmão Rins Víscera (Fu) Vesícula Biliar Intestino delgado Estômago Intestino grosso Bexiga Manifestação externa Olho Língua Boca Nariz Orelha Manifestação energética Unha Tez do rosto Lábios Pele/pelos Cabelo Energia Vento Calor Umidade Secura Frio Cor Verde Vermelho Amarelo Branco Preto Emoções Raiva Alegria Preocupação Tristeza Medo Fonte: Adaptação de Doria (2012) 4.2.3.4.4 Meridianos Os meridianos de energia, também chamados de canais de energia, são dados como uns traçados energéticos com a presença de circulação de Qi e Sangue fazendo com que haja a ligação do meio externo para o interno e do meio interno para o externo. São distinguidos em três categorias: os canais principais, curiosos e distintos. Os canais principais são os canais que vem direto dos órgãos e vísceras, apresenta uma parte profunda na caixa torácica fazendo a ligação entre os órgãos e vísceras acoplados. São eles: Canal de Energia Principal do Pulmão (Tai Yin da Mão): Possui 11pontos - P1 ao P11. Canal de Energia Principal do Intestino Grosso (Yang Ming da Mão): Possui 20 pontos - IG1 ao IG20. Canal de Energia Principal do Baço/Pâncreas (Tai Yin do Pé): Possui 21 pontos - BP1 ao BP21. Canal de Energia Principal do Estômago (Yang Ming do Pé): Possui 45 pontos – E1 ao E45. Canal de Energia Principal do Coração (Shao Yin da Mão): Possui 9 pontos – C1 ao C9. 26 Canal de Energia Principal do Intestino Delgado (Tai Yang da Mão): Possui 19 pontos – ID1 ao ID19 Canal de Energia Principal da Bexiga (Tai Yang do Pé): Possui 67 pontos – B1 ao B67. Canal de Energia Principal dos Rins (Shao Yin do Pé): Possui 27 pontos – R1 ao R27. Canal de Energia Principal da Circulação - Sexo (Jue Yin da Mão): Possui 9 pontos – CS1 ao CS9. Canal de Energia Principal do Triplo Aquecedor (Shao Yang da Mão): Possui 23 pontos – TA1 ao TA 23. Canal de Energia Principal do Fígado (Jue Yin do Pé): Possui 14 pontos - F1 ao F14. Canal de Energia Principal da Vesícula Biliar (Shao Yang do Pé): Possui 44 pontos – VB1 ao VB44 (MACIOCIA, 2007; TORRES, 2011). 4.2.4 Inflamação e Acupuntura Para a filosofia da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) a inflamação é considerada um excesso de calor local ou geral causado por um meridiano de energia muito potente ou por uma barreira do meridiano que causa o calor. Desta forma, o primeiro aspecto, local, pode ser causado por uso excessivo do órgão, víscera, articulação, músculo ou qualquer outro aspecto funcional. Já no aspecto geral são considerados 2 ou mais locais com o mesmo acesso de calor. Ambos podem ser adquiridos por meio de uma série de fatores levando em consideração a causa principal da inflamação. Neste sentido, atribui-se o calor como o verdadeiro sinal e sintoma da inflamação corporal, que serão citados com maior riqueza de detalhamento abaixo. Existem, pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC), teorias de síndromes de calor, designadas por calor interno cheio e calor interno vazio, vento-calor (condição externa) (ROSSETTO, 2012). O calor-cheio ocorre pelo excesso de Yang Qi, exigindo um consumo excessivo de Yin. Pode ser causado por consumo exorbitante de alimentos quentes ou alteração emocional de longa duração, que possam causar uma estagnação de Qi. Pode desenvolver-se também a partir de fatores externos que se transformam em calor dentro do organismo. Têm manifestações clínicas de febre, sede, hiperemia da conjuntiva, rubor facial, constipação, 27 urina escassa e escura, com presença de pulso rápido e cheio e língua vermelha ou avermelhada e a presença de saburra amarelada (MACIOCIA, 2007; ROSSETTO, 2012). O calor- vazio é uma desordem ou deficiência de Yin, onde há um consumo de Yin pelo Yang que permanentemente está em excesso. Ocasionado por uma deficiência de Yin do Rim que por sua vez regula o Yin Qi do organismo. Quando este estiver deficiente pode afetar fígado com manifestações de irritações e cefaléia, do coração com manifestações de insônia e agitação mental, e Pulmão com tosse seca e rubor malar. No geral, suas manifestações são febres vespertinas ou calor no período da tarde, boca seca, garganta seca à noite, sudorese noturna, sensação de calor no tórax, pés e mãos. (DUMITRESCU, 1996; MACIOCIA, 2007; REBELATTO; BOTOMÉ, 1999). Foi feito um esquemograma abaixo para melhor ilustrar o relato a cima. Figura 5: Esquemograma ilustrativo de ligação entre as Medicina Ocidental com a Medicina Oriental. Fonte: Martins (2015). 28 Figura 6: Comparação entre calor-cheio e calor vazio. Fonte: Maciocia (2007) Dos sinais de vento-calor são febre e aversão ao frio, dores ao longo de todo corpo, calafrios, leve sudorese, sede, e pulso flutuante e rápido, a língua com saburra fina e amarelada (DUMITRESCU, 1996; REBELATTO; BOTOMÉ, 1999). Tabela 2: Comparação de calor e frio em vento. Fonte: Adaptação: de Maciocia (2007) 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A acupuntura influenciará de fato nos marcadores inflamatórios apresentados no estudo, sendo a Proteína C Reativa (PCR) e a Velocidade de hemossedimentação (VHS), porém são estudos não conclusivos. Houve uma carência em trabalhos científicos sobre o embasavam dos efeitos da acupuntura diante os marcadores inflamatórios em bancos de dados. Demonstra que a literatura é falha mediante estudos e trabalhos experimentais que comprovam a alteração dos marcadores. Sugerem-se estudos que comparem, em estudos experimentais, o efeito da Acupuntura nos marcadores inflamatórios com intuito de verificar sua eficácia como tratamento coadjuvante ou até mesmo principal para inflamações. 30 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, F. J. B. et al. Proteína C reativa: aplicações clínicas e propostas para utilização racional. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 59, n.1, p. 85-92, 2013. ALVES, C. P. 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