Características do Perfil Psicológico para Soldado

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Características do Perfil Psicológico
para Soldado da Polícia Militar
Por Luiza Ricotta*
A Polícia Militar nos trouxe um elenco de características que serão a
base da seleção dos novos candidatos à função. Trata-se do perfil psicológico
- da reunião de características que serão requisitadas e verificadas junto aos
classificados numa primeira etapa de prova escrita. Certamente que muitos
destes atributos é o que dão corpo à personalidade e formação de caráter
destes que vão compor a estrutura da Polícia Militar. Cada vez mais a
exigência pela qualidade pessoal vem sendo uma expectativa dos órgãos
públicos e da segurança pública como um Todo. Pois como sabemos
dependemos desta índole, do caráter deste profissional que irá traduzir o
símbolo da segurança nos serviços que presta à comunidade e sociedade
como um Todo.
Há a necessidade de que cada candidato interessado nesta função
avalie o perfil profissiográfico da função buscando o alinhamento necessário
com a sua pessoa, que é de onde tais recursos são disponibilizados.
Emprestando por assim se dizer, os quesitos pessoais no desempenho da
atividade profissional.
Profissionais bem preparados são aqueles que além da competência
técnica, vão apresentar consciência social e valores pessoais que deem
reforço ao seu trabalho. Do contrário este policial estaria fadado a enxergar
sua profissão como algo qualquer, que não exige uma conduta específica e
alinhada com o que é solicitado para o cargo. É o seu civismo, sua
inteligência focal e global, visão ampla da realidade que darão condições de
executar um trabalho que não atenda a seus interesses pessoais, onde
prevaleçam esquemas de políticas internas dada a sua postura de
ensimesmado, como aquele que olha para o seu próprio umbigo, voltado
para enxergar na função uma profissão onde poderá fazer o menos possível e
ganhar um salário. A função de policial é muito mais que se apossar desta
estrutura para fins pessoais, assegurando a ação correta de um
aprimoramento constante, partindo de princípios éticos que zelem pela
integridade física, emocional, social de Todos. Sabemos que a desinteligência
existe, como que pensarmos que alguns profissionais possam utilizar o seu
patrimônio intelectual de forma desviada e equivocada; ou seja, se a
condução da sua inteligência pode ser utilizada para o bem e também poderá
ser direcionada para o mau uso. O Homem é capaz de gerar sofrimento a
outro, contrário ao que a natureza se propõe.
Cabe aos profissionais da polícia se proteger desse viés que os induz ao
uso da própria inteligência de forma equivocada, pois na qualidade de
pessoas humanas também estão fadados como a qualquer um de nós a
induzir-se ao erro, ao trabalho sem inteligência, melhor dizendo, sem
consciência das coisas e dos fatos, que é o que caracteriza a violência e a
discriminação. É a atuação do ponto de vista desinteligente.
Muito da prevenção que a polícia já utiliza em seu trabalho faz parte
deste segmento de conscientização onde a função não se propõe apenas a
ser punitiva e sim corretiva no sentido de apontar, prevenir e promover essa
consciência social e coletiva, que parte necessariamente da visão do policial
para que então ele possa ampliar essa concepção em seu trabalho.
Quando os indivíduos de uma sociedade reconhecem a sua participação
na produção de uma sociedade cujo valor da não violência esteja presente,
assim como o da pacificação, estamos dando significado e sentido ao que
precisa existir para termos direito à vida e a uma participação saudável.
Possibilitando a resolução de conflitos.
Quando cada um trabalha na sua dimensão singular e pessoal de
forma coerente, bem direcionado, acaba por contribuir para o processo de
evolução da sociedade como um Todo, pois eleva o seu patamar crítico para
outro nível. Onde a dimensão destes atributos se refere à intensidade
(elevada, média, baixa) do quão este será necessário para o alinhamento na
função.
Os interessados precisam reconhecer que para concorrer a este cargo
precisam estar vocacionados com o que o perfil solicita.
Veremos aqui 21 atributos que serão solicitados destes profissionais
classificados numa primeira etapa no que tange ao perfil profissiográfico (o
que a profissão solicita) e pede alinhamento com as características pessoais
dos candidatos a fim de que este possa responder a contento no exercício da
função.
Ao lado teremos em destaque a dimensão expressa para cada atributo
exigido, para que os interessados possam melhor perceber o que será
priorizado na escolha dos candidatos a soldado da 2ª classe da Polícia Militar.
Tal referência diz respeito à intensidade de cada aptidão (Alta, Baixa), como
veremos a seguir:
1. Inteligência geral – Alta, adequada.
Grau de inteligência geral (fator G) dentro de faixa mediana padronizada para
a análise, aliado à receptividade para incorporar novos conhecimentos e
reestruturar conceitos já estabelecidos, a fim de dirigir adequadamente seu
comportamento.
2. Relacionamento Interpessoal – Alto e Bom
Para exercer seu papel social, é necessário ao Policial Militar estabelecer um
adequado nível nas relações humanas que o permita aperceber-se do
comportamento dos outros do mesmo modo em que consegue comunicar-se
apropriadamente. É preciso que saiba entender e fazer-se entendido diante
das pessoas e da comunidade a que serve. Para tanto, são esperadas
atitudes interativas, proativas e menos reservadas, que é fundamental para o
exercício da atividade Policial, que muito lhe exigirá neste sentido.
3. Resistência à fadiga Psicofísica - Alta
Equivale à aptidão psíquica e somática de suportar uma longa exposição a
agentes estressores, sem permitir que estes causem danos importantes ao
organismo. É o nível de energia interna da qual o indivíduo dispõe para
interagir com o meio.
4. Nível de Ansiedade – Baixo
A ansiedade é a tendência da pessoa se preocupar com a dimensão temporal
futura. Se o nível de atenção ao futuro é elevado, pode levar o indivíduo a
antecipar certas reações ou sofrimentos que seriam esperados somente
diante da situação concreta. Por outro lado, a ausência de atenção ao porvir
leva o indivíduo a ações inconsequentes por falta de planejamento. Para o
PM, a ansiedade é aceitável somente no limite em que permita uma
qualidade satisfatória para o serviço.
5. Domínio Psicomotor – Alta
Habilidade cenestésica, por meio da qual o corpo movimenta-se com
eficiência, atendendo com presteza as solicitações psíquicas e/ou emocionais.
6. Capacidade de Improvisação – Alta
Nem sempre o policial tem à sua disposição todos os meios necessários a
uma boa resolução de um determinado caso, por isso é importante que
aplique seu nível de inteligência na busca de alternativas viáveis segundo o
momento.
7. Controle Emocional- Alto
Diante de situações novas é normal ao ser humano reagir primeiro através do
seu campo emocional e, após algum tempo, iniciar um processo de
adaptação onde preponderam os mecanismos de raciocínio. O exercício do
trabalho policial, especialmente o atendimento de ocorrências, exige que o
profissional tenha a capacidade de se utilizar de seus potenciais intelectuais
de modo a se adaptar rapidamente às novas situações sem precisar dar
vazão constante às suas emoções.
8. Agressividade Controlada e Bem Canalizada – Alta, Adequada,
Pressupõe equilíbrio
A agressividade é uma predisposição natural e necessária à sobrevivência e
pode ser entendida como a tendência de se enfrentar e superar obstáculos
que dificultam a satisfação das necessidades humanas. Um baixo nível de
agressividade torna o indivíduo apático e submisso às imposições do meio
ambiente, ao passo que uma agressividade exacerbada pode levar à uma
interpretação errônea dos estímulos, julgando-os indiscriminadamente como
ameaçadores. O policial militar deve ter tenacidade e avaliar o modo mais
apropriado de vencer as dificuldades.
9.Sinais Fóbicos – Baixo (não apreciáveis)
A presença de sinais de medo patológico ou irracional com dificuldade para
manter o autocontrole contraindica a aprovação do candidato a PM, pois o
policiamento é uma atividade que exige o pleno equilíbrio do profissional.
10.Sinais Disrítmicos – Baixo (não apreciáveis)
A presença de sinais disritmicos contraindica a aprovação à Polícia Militar pelo
fato de representar um risco potencial à integridade pessoal e de outrem por
ser o policiamento uma atividade que exige pleno equilíbrio tensional do
profissional.
11. Impulsividade – Baixa e Diminuta
Impulsividade é a propensão do sujeito em empreender ações sobre o meio
sem a necessidade de raciocínio prévio. Tal condição, dentro de certos
limites, permite uma reação rápida e adequada diante de uma solicitação
externa ao psiquismo. Entretanto, acima desses limites, pode levar a pessoa
a reagir de modo irrefletido em situações nas quais seria esperada a
serenidade. A impulsividade permitida ao policial é aquela suficiente a um
agir com iniciativa, mas não de modo explosivo ou impensado. É importante
deixar claro, contudo, que reagir de modo irrefletido apenas
esporadicamente, não indica que esse alguém seja sempre impulsivo.
12. Memória Auditiva e Visual - Alta
Boa parte da eficácia do serviço de patrulhamento vem da capacidade do
policial conhecer e memorizar as feições e o padrão de comportamento dos
habitantes do setor, as características da área geográfica e os procedimentos
típicos diante de situações-problemas. A partir do seu talento em memorizar
e comparar é que ele pode discriminar entre uma situação normal e uma de
potencial interesse policial.
13.Flexibilidade de Conduta - Alta
O Policial Militar, devido às inúmeras variáveis de atuação que surgem no seu
dia-a-dia de trabalho, não pode prender-se a formas rígidas de compreender
a realidade que o cerca, sob pena de não ser capaz de dar soluções aos
problemas que se impuserem sobre ele. O indivíduo com baixa flexibilidade
de conduta propende a ampliar os efeitos nocivos causados pelo estresse
resultante da exposição a situação conflitivas, extremas e até inusitadas.
14.Criatividade-Alta
Habilidade para extrair conclusões e soluções da própria experiência anterior
e da vivência interna, destacando-se pelo ineditismo, apresentando soluções
novas para os problemas existentes, podendo assim buscar formas cada vez
mais eficazes de realizar ações e atingir objetivos, valendo-se dos meios
disponíveis no momento.
15. Autocrítica – Alta e adequada (sem exageros)
Requisito fundamental para o aperfeiçoamento constante do trabalho
comunitário. O senso do dever e o compromisso com os ideais da PM são a
certeza de que um eventual momento de glória individual serão divididos e
capitalizados a favor da Instituição e não somente de si mesmo. Um indivíduo
com baixa autocrítica ou elevado egoísmo tenderia a canalizar seus talentos
na conquista de posições políticas junto à comunidade. Tal situação poderia
colocar todo o projeto em risco uma vez que o policial perderia a isenção de
propósitos tão necessária ao seu desempenho profissional. O policial
comunitário deve ser capaz de observar o próprio comportamento ao
relacionar-se profissional ou socialmente com a comunidade a que estiver
vinculado, possibilitando a auto avaliação e, se necessário, a mudança
comportamental.
16. Disposição para o Trabalho – Alta e Elevada (participativo e pró
ativo)
Capacidade para lidar, de maneira produtiva, com tarefas sob sua
responsabilidade, participando delas de maneira construtiva, suportando uma
longa exposição a agentes estressores, sem permitir que estes causem danos
importantes ao organismo, sendo capaz de manter um bom nível de energia
interna durante toda a jornada de trabalho e sempre manter a interação com
o meio de maneira adequada, independentemente dos danos causados
devido às situações conflitivas e estressantes do dia a dia do trabalho policial.
17. Grau de Iniciativa e Decisão (autonomia) – Alta
Espera-se que o policial comunitário possua um alto grau de autonomia,
entendida como a capacidade de conduzir-se sem a necessidade constante
de supervisão e controle externos, bem como seja capaz de decidir com
presteza e segurança. Obviamente, esta característica de personalidade será
tanto mais desenvolvida quanto maior a coerência dos escalões de comando
em facilitar as iniciativas do profissional e apoiar suas decisões.
18. Receptividade e Capacidade de Assimilação - Alta
O policial comunitário no auge de sua atuação representará na sua região de
trabalho um verdadeiro líder. Será comum, em sendo seu trabalho bem feito,
que a população local a ele se dirija para solicitar, reclamar e sugerir. Assim,
uma postura prioritariamente aberta aos contatos favorecerá a colaboração e
a participação da comunidade na resolução dos problemas, sendo certo que
sem essa parceria com os habitantes da região não será possível falar em
policiamento comunitário. Também é esperado que ele seja capaz de
assimilar, com certa rapidez, algum mal-estar que possa ser gerado em
ocorrências difíceis, para logo em seguida estar novamente apto a se
relacionar amistosamente com a comunidade.
19. Capacidade de Liderança - Alta
Na condução das ações de proteção da comunidade, muitas vezes o núcleo
do trabalho do policial comunitário será o de agregar as forças já existentes
na localidade, canalizando-as no sentido de trabalharem de modo harmônico
e coeso na solução de problemas comuns (ligados diretamente ou não à
questão da segurança pública). Não raro, o seu trabalho principal será o de
educar os residentes sobre as importantes vantagens de se atuar em grupo,
como uma verdadeira comunidade. Será impossível realizar tais tarefas se
exercer a liderança for algo estranho ao temperamento do profissional de
polícia.
20. Capacidade de Mediação de Conflitos - Alta
O Policial Militar, com frequência, é solicitado como representante público,
para intervir em situações conflitivas envolvendo pessoas da sociedade em
geral, como alguém que detém sabedoria e experiência, além de autoridade,
para mediar conflitos entre os cidadãos. Nesses momentos, é que ele será
mais testado pelos seus clientes neste quesito, pois será esperado dele toda
a essência do comportamento ético e de bom senso que se pode esperar de
um Policial Militar.
21. Fluência Verbal – Alta e Adequada (considerando o nível de
entendimento do outro, adequando linguagem para um melhor
entendimento)
Facilidade para manipular os termos linguísticos na expressão do
pensamento, através da verbalização clara e eficiente, expressando-se com
desembaraço, sendo eficaz na comunicação.
*Luiza C. de Azevedo Ricotta – Psicóloga, professora universitária e
Escritora. Colunista do JC, Docente do módulo Preparação Emocional da área
vip JC & Uol. Psicóloga do Curso FMB de Carreira Jurídica e docente no curso
preparatório para a magistratura e pós-graduação. Formação em Coach
Instituto Holos BR. Mestre pela U.P. Mackenzie SP. Pós graduada em Terapia
Familiar PUC SP e em Psicodrama FEBRAP.
Autora de Vida de Candidato à Carreira Pública – coleção FMB e de
Preparação Emocional em Concursos Públicos, Rideel Ed.
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