A REPERCUSSÃO DO CÂNCER DE MAMA NA SEXUALIDADE DA MULHER GAMA, Carlos Romualdo Barbosa. Docente do Curso de Graduação em Medicina. ESTEVES, Ana Paula Vieira. Docente do Curso de Graduação em Medicina. SEREJO, Mayara Madalena Silva Serejo. Discente do Curso de Graduação em Medicina. Palavras-chave: câncer de mama, sexualidade, saúde da mulher, comportamento sexual, autoimagem, desejo sexual. INTRODUÇÃO: A mama possui significados extremos na vida da mulher. Além de valores simbólicos na sociedade, é o órgão da amamentação, da feminilidade e é também órgão do prazer sexual. O câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres mundialmente e o acometimento de um órgão que interliga tantos significados, principalmente o da função sexual, motivou o presente estudo. OBJETIVO: A proposta do trabalho tem como marco investigar o impacto negativo do câncer de mama sobre a sexualidade. Acredita-se que através de uma revisão da literatura possa-se ter maior elucidação sobre o problema em questão e assim traçar estratégias para proporcionar subsídios para instrumentalizar e qualificar intervenções profissionais direcionadas a amparar o sofrimento emocional suscitado pela perda da mama ou lesão da mesma. MÉTODO DE PESQUISA: Trata-se de uma revisão da literatura do tipo qualitativa em que se buscaram artigos em periódicos indexados no período de 2000 até 2015, durante o período de 1 novembro de 2015 até janeiro de 2016, com rigor de seleção do tema abordado e sua análise de acordo com o período em que fora publicado. As bases de dados em que houve a pesquisa foram os bancos de dados SciELO, PubMed, LILACS e PePSIC, por possuírem artigos publicados mais próximos do que se objetiva com o presente estudo. Os termos utilizados como descritores foram “sexuality and breast cancer”, “sexualidade e câncer de mama”, “neoplasia mamária e sexualidade”, “sexualidade e psicologia”, “sexualidade e saúde da mulher”, associados da mesma forma, porém sem conectivos, para fazer a busca. A pertinência dos trabalhos foi avaliada a partir da leitura de resumos e dessa forma foram excluídos artigos de publicação desconhecida e estudos que não tinham relação direta com o tema abordado. Incluíram-se trabalhos na modalidade de pesquisa, de revisão, de teoria e de estudo de caso. Foram incluídos estudos de autores de formação acadêmica na área da saúde como medicina, enfermagem e psiquiatria e de publicação em português, espanhol e inglês. Os estudos foram analisados de forma qualitativa e, dessa forma, incluídos na pesquisa os artigos que abordaram os efeitos psíquicos e físicos do câncer após seu tratamento cirúrgico ou através de drogas quimioterápicas ou hormonais na mulher em qualquer idade, opção sexual, classe socioeconômica e em qualquer etapa do seu tratamento (durante ou após seu tratamento). RESULTADO E DISCUSSÃO: Foram analisados 26 artigos que discutiam a relação da sexualidade da mulher com câncer de mama e seu tratamento e pós-tratamento, tomando como base ligação com qualidade de vida, autoimagem, idade, presença ou não de parceiro e disfunção sexual prévia. O câncer de mama causa impacto na sexualidade da mulher direta ou indiretamente. A motivação sexual feminina não se resume somente a ausência ou presença de desejo sexual. Na maioria dos estudos, os autores correlacionaram a sexualidade da mulher não só com o ato sexual em um evento único, mas também existe correlação com a sua autoimagem, a estabilidade com parceiro, a idade da paciente, qualidade de vida e a feminilidade. Foi unânime a concordância que existe sim um impacto negativo sobre o desejo sexual, seja por fatores psicológicos, em que a mulher 2 apresenta conturbação quanto a sua imagem, seja por efeitos de quimioterápicos que alteram a libido. A forma como a mulher lidava com seu problema sexual também foi vista de vários ângulos, em que se observou relação com autoestima, estabilidade financeira, avaliação do prognóstico da sua doença de base e apoio do parceiro e da família. O maior impacto sobre a sexualidade da mulher foi o relacionado à sua autoimagem. Pois sendo a mama o símbolo da feminilidade, não tê-la mais é como se a mulher se tornasse assexuada. Em segundo lugar, o apoio do parceiro no seu diagnóstico, tratamento e póstratamento, se mostrou essencial para uma boa recuperação psicosexual da mulher e a presença contínua desse parceiro em casa também foi relevante para que a mulher retornasse à atividade sexual normal em até 6 meses após o seu tratamento em comparação às mulheres que não possuíam relacionamentos estáveis e assim demoraram mais a voltar a ter atividade sexual. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A sexualidade é um tema que em pleno século XXI ainda é debatido como certo receio, porém essa restrição pode ser facilmente quebrada pelo profissional da saúde que saiba abordar problemas relacionados ao sexo, basta ter essa preocupação e interesse em ajudar. O câncer de mama tem influência negativa sobre a sexualidade, podendo prejudicar seu desempenho sexual e alterando sua qualidade de vida. A alteração mais importante é a forma como a mulher se vê, seja nua em frente ao espelho, seja para o seu parceiro, seja para a sociedade e isso pode trazer consequências devastadoras. É necessário apoio familiar e acompanhamento multidisplinar para que ela se sinta amparada, pois não adianta receber o tratamento para a neoplasia mais eficaz se após isso a mulher seguirá com uma vida infeliz, afinal, o significado da mama não está só no corpo, mas também na mente. REFERÊNCIAS 1. Remondes-Costa S, Jimenez F, Pais-Ribeiro J. Imagem Corporal, Sexualidade e Qualidade de Vida no Câncer de Mama. Psicologia, Saúde e Doenças. Porto: 2012. 13 (2), 327 – 339. 3 2. Talhaferro B, Lemos SS, Oliveira E. Mastectomia e suas conseqüências na vida da mulher. Arq Ciência Saúde. 2007 Jan-Mar; 14-17. 3. Duarte TP, Andrade AN. Enfrentando a mastectomia: análise dos relatos de mulheres mastectomizadas sobre questões ligadas à sexualidade. Estud Psicol.2003 Jan-Abr; 8(1):155-63. 4. Blanco-Sánchez R. 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