UM MATERIAL A PROVA DO TEMPO MADEIRA • Mesmo com o avanço tecnológico e o surgimento de novos materiais de construção e decoração, a boa e velha madeira mantém seu espaço conquistado através dos tempos, tanto por suas características funcionais quanto por suas funções estéticas. E não é para menos, afinal, ela apresenta boa trabalhabilidade, oferece resistência mecânica, é relativamente leve ( se comparada com as pedras e ao concreto ) e ainda garante os mais belos efeitos visuais. Com tudo isso, a madeira se torna um material irresistível para uso em qualquer ponto da casa. ONDE APLICAR Naturalmente forte e versátil, a nobre madeira pode desempenhar excelentes papéis na construção, desde a estrutura de uma casa ou telhado, passando por detalhes, como assoalhos e lambris.E isso sem falar de sua eficiência na produção de móveis e adornos e ainda nos aproveitamentos nas formas artesanal, semi-artesanal e industrializada ( forros, portas, decka, etc. ) No Brasil, casas totalmente em madeira são bastante raras e concentram-se mais na região Sul do país, graças ao maior número de imigrantes vindos de países onde a madeira é um elemento forte nas construções. Já as outras regiões do país receberam mais influência da colonização portuguesa, marcadas por casas de adobe, pedra e, mais tarde, feita com tijolos. O TIPO IDEAL Construções em madeira, muitas vezes sem nenhum tipo de tratamento preservativo, resistem bem à ação do tempo. O segredo está na escolha de tipos apropriados às finalidades e condições ambientais, como umidade e ataque de organismos xilófagos ( fungos, cupins ou brocas ) , ou seja, formas de vida que se alimentam da madeira. Assim, ao escolher uma espécie com fins construtivos, é preciso verificar se suas características correspondem às suas necessidades: um tipo de baixa resistência mecânica não é a melhor opção para pisos ou partes estruturais, da mesma forma que uma madeira mais dura não é apropriada para a produção de móveis ou peças menores. Existem mais de 200 espécies de madeira no Brasil e, é claro, nem todas apresentam o melhor conjunto de características. Diversas delas são consideradas de segunda linha como a virola, a quarubarana ( cedrinho ) ou a guaparuvu, por exemplo - , sendo mais apropriadas à produção de painéis de compensados, miolos de portas, acabamentos (molduras ou lambris), brinquedos, embalagens leves, formas para concreto, palitos de fósforos, etc. REFLORESTAMENTO Nessa mesma categoria podem ser incluídos os pinus e o eucalipto que, devido ao crescimento acelerado, são as árvores mais comuns em áreas de reflorestamento. Por motivos econômicos, elas podem assumir um papel no mercado, já que, dependendo da espécie e da tecnologia aplicada, podem ter suas características melhoradas. Como exemplo, vale citar que o eucalipto, se bem trabalhado, tem aplicações estruturais. Nesse ponto é preciso frisar que o sucesso dessa investida decorre de tecnologia e mãode-obra específicas. A ÁRVORE Polímero natural, a madeira é composta por fibras e lignina, ambas derivadas do carbono, uma substância nutriente para fungos, cupins ou brocas. Para não deixar sua cria tão vulnerável, a própria natureza se incumbe de dar ao cerne ( o miolo do tronco ) uma certa resistência aos xilófagos, chamada de durabilidade natural e que varia de uma espécie para outra. Enquanto isso, o alburno ( a casca da árvore ) fica mais suscetível a esses organismos. Como se vê, a parte nobre da árvore é o cerne. Nas madeiras brancas - tidas como mais frágeis - o cerne se desenvolve pouco e quase não se diferencia do alburno. Já as chamadas madeiras de lei, provêm de árvores mais longevas, que levam até 100 anos para seu diâmetro atingir a medida ideal de corte e apresentam o cerne bastante desenvolvido. Aliás, os especialistas garantem que peças produzidas somente com o cerne de certas espécies de alta durabilidade natural são muito resistentes e dispensam tratamentos contra xilófagos. Como exemplo, ipê e aroeira-do-sertão. TRATAMENTO Mesmo com tanta resistência, sempre é bom se precaver e oferecer uma proteção extra à madeira, seja contra a ação de organismos vivos ou de intempéries e em frequência compatível com a ação do agente agressor. Genericamente, se você quere manter a aparência natural da madeira e impermeabilizála, deve optar peça aplicação de uma das seladoras do mercado. Já as ceras - à base de carnaúba ou breu - garantem impermeabilização, mas escurecem a peça, esteja atento à pigmentação do produto. Já para proteger o material contra intempéries e poluição, o mais indicado é o uso de vernizes ou tintas. Quanto mais brilhante o verniz, mais proteção oferece. No caso das tintas, prefira sempre o látex acrílico, capaz de filtrar os raios ultravioleta. Aqui vale uma dica: se você adquirir uma madeira bonita e de boa qualidade, evite a pintura, destacando, assim, toda a plasticidade que o material oferece. Quanto a cupins, fungos e brocas, veja agora quais são os tratamentos possíveis. Pincelamento - duas ou três demãos de imunizantes, aplicadas sobre a peça livre de acabamentos ou pó. Esse método é indicado contra fungos e cupins de superfície e perfeito para partes não removíveis, como vigas de telhado. Aspersão - Pulverizaçãos de preservativos sobre toda a superfície da madeira limpa. Como os produtos são tóxicos, vale dispor de ajuda profissional. Imersão - é recomendada para os casos mais graves e consiste na imersão ( por cerca de três minutos ) da peça em tanque de plástico que contenha o preservativo. Dessa forma, a solução penetrará em toda a madeira, eliminando insetos ou fungos. Injeção - indicado para qualquer tipo de cupim, esse método requer apenas uma seringa hipodérmica para aplicar a solução diretamente nos orifícios abertos pelo inseto. Existe ainda o sistema de autoclave, que é industrial, destinado a atender madeiras para dormentes e postes públicos. Através de pressão, ele impregna as peças com soluções preservativas e também pode ser usado na proteção de partes estruturais, bastando consultar as empresas. MADEIRAS DE LEI Hoje, a expressão madeiras de lei significa qualquer madeira que reúna boas características físicas, mecânicas e biológicas, mas teve diferentes conotações através dos tempos. A origem está na época em que a Coroa Portuguesa se instalou no Brasil. Logo ela recebeu a superioridade de espécies como vinhático, a sucupira, a cedro, etc. Com base numa lei, o uso de tais madeiras foi reservado à construção naval e os cidadãos comuns eram proibidos de usar as madeiras de lei. Mais tarde a expressão passou a designar espécies boas para a produção de dormentes e, posteriormente, àquelas usadas na fabricação de móveis. Abaixo estão as principais madeiras e suas características. - Ipê - Ideais para pisos, lambris e até mesmo vigas, é uma madeira nobre e de poros fechados, o que lhe dá maior resistência a fungos. - Cambreúva - Rara, é dona de um aspecto requintado e de um aroma agradável.Assim, é muito utilizada em assoalhos, batentes, peças de mobiliário e janelas. - Pau - amarelo - Ou pau cetim, é próprio para pisos e forros, podendo ser também aplicados em quadras esportivas. Disponível no mercado na forma de tacos e tábuas. Maçaranduba - Originária do Pará, é uma espécie resistente e de poros bem fechados. Com sua cor marrom-avermelhada é perfeita para assoalhos e vigas. - - Tauari - Madeira bege com leves desenhos. De uso decorativo, está disponível geralmente na forma de tacos. Seu odor típico é forte e marcante. - Sucupira - Robusta, pesada e densa, tem cor castanho escuro e alto nível de resistência. Ideal para batentes, portas e assoalhos. - Virola - Espécie na cor branca que pode ser escurecida ou receber verniz. É própria para assoalhos, vigamentos e partes estruturais. - Muiracatiara - É típica do Pará e perfeita para assoalhos, vigas e lambris. Na cor avermelhada com veios castanhos e esparços, aceita acabamento com tinta ou verniz. - Cedro - Versátil e decorativo, apresenta grande porosidade e tom levemente rosado. É usado para dar acabamentos em geral ou em batentes, portas e lambris. - Pinus Eliotti - De crescimento rápido, é uma espécie de reflorestamento, tem cor clara e baixa resistência. Opção para lambris forros e móveis leves. - Louro Claro - Veios bem demarcados formando desenhos conferem um aspecto sofisticado ao Louro Claro, madeira de alta resistência, pode ser usada em pisos, batentes e divisórias. - Mogno - Bastante utilizada em móveis, batentes, forros ou lambris, é típico do norte do Brasil. Ele aceita verniz ou cera e tem resistência média. - Perobinha do Campo - A escassez determina o alto custo dessa madeira e de rara beleza. Natural do Espírito Santo, tem veios pouco demarcados. - Cedrinho - Opção acessível a todos os bolsos, é uma madeira clara com veios bem demarcados. Aceita verniz e pintura e é ideal para forros e batentes. - Jatobá - É resistente, tem poros fechados e veios definidos num tom avermelhado sobre o fundo claro. - Cumaru - Sua cor marrom com veios demarcados fazem do cumaru uma madeira de uso aparente em pisos, forros ou escadas, protegida apenas por uma cera ou verniz. - Peroba Rosa - De alta resistência e veios escuros, pode receber verniz ou pinturas. É bastante utilizada em estruturas e vigamentos. - Freijó - Nobre e de elegante cor clara, apresenta veios constrastantes e uma grande resistência. Por ser leve, é indicado para portas, lambris e janelas. - Pinho de Riga - É nobre, raro e talvez seja a mais bonita madeira que a natureza oferece. Para portas e móveis, ao natural e envernizado. - Marfim - Poros fechados e veios leves conferem a resistência e elegância ao marfim. É perfeito em pisos e lambris, sob a forma de tacos ou tábuas. - Tatajuba - A grande resistência mecânica da Tatajuba a faz ideal para vigas, estruturas, assoalhos, batentes, etc. Tem cor castanha e veios fortes. - Angelim- Pedra - São as grandes manchas calcificadas na árvore que dão o nome de Angelim-Pedra a esta madeira de cor clara, com veios bem marcados e contrastantes. - Cerejeira - Macia, de cor castanho-clara e com veios bastante acentuados, tem aroma agradável e é ideal para móveis, portas, janelas, etc. - Pequiá - Fibroda e de alta resistência, é originária do norte do Pará e usada para vigamento. - Imbuia - Aplicado em portas, janelas e esquadrias, ao natural ou envernizado, valoriza qualquer ambiente. É extraída na região Sul. - Pinho - Tem baixa densidade e resistência, mas é altamente usado na composição de lambris. Tem cor clara, com variação de tonalidade. - Bicuíba - É uma espécie decorativa de cor castanha e veios avermelhados. Nativa do Sul da Bahia, cria bonitos efeitos em portas, divisórias e lambris. - Andiroba - Muito semelhante ao mogno, é um tipo de madeira bastante escasso. Assim, é indicado para peças menores, como portas, lambris e batentes. - Mogno Tocantins - Abundante, tem poros abertos e um bonito tom avermelhado. Recomendada para batentes, portas e assoalhos.