UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” Instituto de Biociências CAMPUS DE BOTUCATU “EFEITOS DA TEMPERATURA E DO MATE (Ilex paraguariensis) SOBRE O PROCESSO DE CARCINOGÊNESE DE ESÔFAGO EM RATOS WISTAR MACHOS.” Juliana Ferreira da Silva Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências, Câmpus de Botucatu, UNESP, para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós Graduação em Biologia Geral e Aplicada Botucatu – SP 2008 Juliana Ferreira da Silva “EFEITOS DA TEMPERATURA E DO MATE (Ilex paraguariensis) SOBRE O PROCESSO DE CARCINOGÊNESE DE ESÔFAGO EM RATOS WISTAR MACHOS.” Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências, Câmpus de Botucatu, UNESP, para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós Graduação em Biologia Geral e Aplicada Orientador: Prof. Dr. Luís Fernando Barbisan Botucatu-SP 2008 Banca examinadora Prof. Dr. Luís Fernando Barbisan Prof. Dr. Daniel Araki Ribeiro Profa. Dra. Lígia Souza Lima Silveira da Mota DEDICATÓRIA Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra; Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas estarás seguros; a sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tú não serás atingido. O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei? Ainda que um exército se acampe contra mim, o meu coração não temerá; ainda que a guerra se levante contra mim, conservarei a minha confiança. Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor. Salmo 27,91 e 144. Primeiramente a DEUS, Jesus e Maria nossa mãe Por estarem sempre comigo, me amparando, auxiliando e iluminando á todos os meus caminhos. Segurando nas minhas mãos nos momentos em que mais precisei, cuidando de mim em todos os momentos desta caminhada e me livrando de todo o mal. À minha mãe Maria A minha eterna gratidão, por sempre acreditar em mim, por lutar para que eu conseguisse chegar onde cheguei, por todas as noites que chorou por mim, que orou por mim e por todo amor e carinho que sempre me dedicou. Ao Meu esposo Emerson Que teve tanta paciência, que me incentivou, nunca me deixou desistir, cuidou de mim quando eu mais precisei, me deu apoio, amor e confiança. À minha irmã Joseane Que sempre acreditou em mim, meu deu conselhos na hora em que eu mais precisei, me deu apoio e carinho mesmo distante. À minha Vó Rosina Agradeço pelo carinho, amor, cuidado e paciência que sempre teve comigo Às minhas Grandes amigas Valquíria e Edilene Que me ensinaram grande parte de tudo que sei hoje, que tiveram carinho e muita paciência, que sempre me incentivaram, sempre me auxiliaram nos momentos em que mais precisei. Ao meu pai Paulino Apesar de o senhor não estar aqui comigo, apesar de nem sequer eu lembrar de seu rosto, tenho certeza que onde o senhor estiver estará sempre torcendo por mim, cuidando de mim e orando por mim. Sei que algum dia nós vamos nos encontrar novamente e eu poderei chama-lo de “Pai” pois a vida não nos deu esta oportunidade. Agradecimentos Ao Prof. Dr. Orientador Luís Fernando Barbisan por me orientar e me conduzir pelo caminho correto, por acreditar em mim, pela acolhida, pelo respeito e por me tornar à pessoa que sou hoje. Obrigada por tudo que me ensinou, você sempre será uma referência em minha vida pessoal e profissional. A Profa. Dra. Lígia por me ajudar no início de minha caminhada, por me orientar no momento em que mais precisei, por me ensinar grande parte de tudo que sei hoje, por acreditar em mim. Ao Paulo César Georgette que me ensinou muito, que se tornou um grande amigo, que me ajudou em tudo que precisei, sei que sempre poderei contar com você. A minha amiga Lívia Lacorte que sempre esteve comigo em todos os momentos desta caminha, sofremos, lutamos, estudamos e também chegamos lá juntas. A todos os professores do programa de Biologia Geral e Aplicada por todos os ensinamentos. Aos secretários da pós-graduação pela atenção. A todos os meus familiares que sempre acreditaram em mim. Lista de Abreviaturas AD – Adenocarcinoma (s) NSAIDS – Drogas antiinflamatórias não-esteroidais CE - Carcinoma Epidermóide COX-2 - Ciclooxigenase 2 CYP - Citocromo DEN - Dietilnitrosamina DRGE - Doença do Refluxo Gastroesofágico EB - Esôfago de Barret EUA - Estados Unidos da América INCA - Instituto Nacional do Câncer NMBA - N-nitrosometilbenzilamina MNNG - N-metil-N'-nitrosoguanidina HPV - Papilomavírus Humano PHAs- Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos URSS - União Soviética Sumário Resumo .....................................................................................................................9 Abstract...................................................................................................................10 Introdução...............................................................................................................11 Introdução geral as neoplasias..............................................................................11 Câncer de esôfago: epidemiologia, fatores de risco e subtipos...........................13 Álcool e cigarro como fatores de risco para o câncer de esôfago.......................17 O consumo de bebidas quentes como fator de risco para o câncer de esôfago.20 Dados controversos sobre o consumo do mate....................................................21 Modelos de indução de câncer de esôfago em ratos.............................................23 Considerações finais e objetivos............................................................................25 Referências*............................................................................................................26 Artigo científico.......................................................................................................39 Conclusões...............................................................................................................67 9 1. Resumo O consumo de mate em altas temperaturas tem sido considerado um fator de risco para o desenvolvimento do carcinoma epidermóide de esôfago (CE) na América do Sul. Desta forma, os efeitos da ingestão de mate sobre danos de DNA e a carcinogênese de esôfago, induzidos pela dietilnitrosamina (DEN) e injúria térmica, foram avaliados em ratos Wistar machos. Na fase de iniciação, os animais foram iniciados com injeções i.p. da DEN (8 x 80 mg/Kg p.c.) e submetidos a injúria térmica (água a 65 0C, 1ml/rato, instilado no interior do esôfago) e receberam, concomitantemente, mate (2.0% p/v, grupo teste) ou chá-verde (2.0% p/v, grupo controle positivo) como única fonte de líquidos por oito semanas. Nenhum tratamento adicional foi introduzido durante a fase de pós-iniciação (nona a vigésima semana do experimento). Amostras de sangue periférico foram coletadas quatro horas após a última administração da DEN para o teste do cometa na oitava semana e amostras de esôfago e fígado foram coletadas na oitava e vigésima semanas do experimento. Na oitava semana, a ingestão de mate e chá-verde por si não foi genotóxica e reduziu de forma significativa os níveis de danos no DNA de leucócitos de sangue periférico nos animais tratados com a DEN. Além disso, uma redução significativa nos níveis de proliferação celular no epitélio do esôfago e no parênquima hepático e no número de lesões hepáticas pré-neoplásicas foram também observadas nos grupos iniciados e que receberam mate ou chá-verde. Na vigésima semana, uma menor incidência de neoplasias de esôfago e fígado foi observada nos grupos que receberam previamente mate e chá-verde quando comparado ao grupo iniciado pela DEN e submetido à injúria térmica. Os resultados do presente estudo indicam que a ingestão de mate se mostrou benéfica contra danos no DNA e a carcinogênese de esôfago e fígado induzidos pela DEN. 10 2. Abstract Drinking hot mate has been associated with risk for esophageal squamous cell carcinoma in South America. Thus, the modifying effects of mate tea intake on DNA damage and esophageal carcinogenesis induced by diethylnitrosamine (DEN) plus thermal injury were evaluated in male Wistar rats. In the initiation phase, rats were treated with DEN injections (8 x 80 mg/Kg b.w.) plus thermal injury (water 65 0C, 1ml/rat, instilled into the esophagus) and concomitantly received mate tea (2.0% w/v, test group) or green tea (2.0% w/v, positive control group) as the sole source of drinking fluid for 8 weeks. Any additional treatment was introduced at post-initiation until week 20. Peripheral blood was collected 4 hr after the last DEN application for comet assay at week 8 and samples from esophagus and liver were collected at weeks 8 and 20. At week 8, mate or green tea intake itself were non-genotoxic and significantly decreased DNA damage levels in peripheral blood leucocytes from DEN-treated animals. Also, a significant reduction of cell proliferation rates in both esophageal epithelium and liver parenchyma and on the number of putative preneoplastic liver lesions were observed in initiated and mate or green tea-treated animals at week 8. A significant lower incidence of esophageal and liver neoplasms and tumor multiplicity was observed in the groups previously treated with mate or green tea when compared to the DEN initiated/thermal injury group at week 20. These data indicate that mate tea presented protective effects against DNA damage and esophageal and liver carcinogenesis induced by DEN. 11 3. Introdução 3.1.) Introdução geral a neoplasias As neoplasias malignas têm sido apontadas como uma das principais causas de morbimortalidade no mundo ocidental moderno (WCRF, 1997; WHO, 1998). Além disso, através de análises estatísticas de morbi-mortalidade, resultantes dos vários tipos de cânceres, observa-se que a doença vem aumentando em níveis mundiais (Parkin, 2001). São doenças crônico-degenerativas, multifatoriais que envolvem alterações genéticas progressivas, expressas por alterações celulares metabólicas e morfológicas. Cada tipo de neoplasia possui características clínicas e biológicas peculiares que devem ser investigadas para aprimorar seu diagnóstico, tratamento e prognóstico (Robbins e Cotran, 2005). As neoplasias corresponderam a 16% dos casos de morte no período entre 1999 a 2001, no estado de São Paulo (Batista et al., 2004). Estas taxas elevadas de mortalidade relacionadas ao câncer podem ser atribuídas ao diagnóstico tardio e as dificuldades (Parkin, 2001). A divisão e morte celulares são eventos controlados por fatores genéticos, capazes de permitir a manutenção da homeostase tecidual e do organismo. No entanto, há circunstâncias especiais em que estes controles falham e as células passam a se dividir de forma autônoma ou tornam-se mais resistentes à morte celular por apoptose. Esta capacidade de se dividir de forma autônoma, ou seja, de se libertar dos controles de crescimento, é a principal característica da célula neoplásica, em decorrência de mutações que ocorrem no material genético da célula (Loeb et al., 2003). Além disso, essa capacidade de escape aos controles regulatórios se transmite a toda progênie da célula, isto é, as mutações são fixadas no genoma celular gerando clones celulares com deleções ou amplificações em genes críticos, o que leva ao desequilíbrio entre as taxas de proliferação, morte celular (apoptose), na comunicação com células vizinhas e com a matriz extracelular, angiogênese, diferenciação e finalmente a compressão, invasão de tecidos adjacentes e disseminação metastática (Robbins e Cotran, 2005). Esses danos genéticos podem afetar duas classes de genes os proto-oncogenes e os genes supressores tumorais. Nos proto-oncogenes amplificação, deleção, rearranjo ou mutações de ponto resultam em aumento de sua função (oncogenes). Nos genes supressores as alterações na metilação ou perda cromossômica que resultam em perda de sua função (Griffiths et al., 2006). O processo de carcinogênese ou oncogênese ocorre através de múltiplas etapas, ou seja, a iniciação, promoção e progressão (Pitot e Dragan, 1996; Pitot, 2001). A iniciação se caracteriza pela ocorrência de uma ou mais mutações no DNA de uma célula alvo. Essas 12 mutações podem ser causadas por diversos fatores, entre eles pela exposição a agentes químicos cancerígenos, vírus oncogênicos ou radiação. As células que fixaram as lesões de DNA (i.e., após um ciclo de divisão celular) são consideradas então “células iniciadas”, estas células podem então sofrer a ação de agentes promotores (epigenéticos) (Pitot e Dragan, 1996; Pitot, 2001). A célula iniciada sofre outras mutações genéticas adicionais (i.e., protooncogenes e genes supressores de tumores) podendo transformar-se em uma célula com fenótipo maligno. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e/ou persistente contato com outros fatores, incluindo a exposição a agentes cancerígenos epigenéticos (Pitot e Dragan, 1996; Pitot, 2001). Na fase de promoção, a suspensão da exposição a esses agentes muitas vezes interrompe ou reverte o processo de carcinogênese. Alguns componentes contidos nos alimentos ou cigarro (i.e., aminas aromáticas, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos - PHAs, nitrosaminas, etc), e a exposição excessiva e prolongada a hormônios ou xeno-estrógenos são exemplos de fatores que promovem a transformação de células iniciadas em malignas (Wogan et al., 2004; Safe, 2004). O terceiro e último estágio da carcinogênese, a progressão, se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio, a neoplasia já está instalada, evoluindo até o surgimento de metástases e dos sintomas clínicos da doença (Pitot, 2001). As substâncias químicas podem atuar nas diferentes fases do processo da carcinogênese. Assim, existem substâncias químicas que podem induzir a formação de células iniciadas que atuam como agentes promotores ou agentes completos (Pitot e Dragan, 1996). Por exemplo, o cigarro contém inúmeras substâncias mutagênicas/cancerígenas, atuando, portanto como um agente cancerígeno completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da carcinogênese (Stoner et al., 2001; Wogan et al., 2004). A proliferação e morte celular são eventos essenciais às etapas de iniciação, promoção e progressão da carcinogênese (Pitot e Dragan, 1991; Tomatis, 1993; Shulte-Hermann et al., 1993). A maioria das células neoplásicas contém alterações genéticas que estão envolvidas na perda do controle desses processos (Lehrbach et al., 2003). Por exemplo, para as neoplasias esofágicas, várias alterações genéticas estão envolvidas, incluindo a perda da função no gene TP53 e amplificação do gene da ciclina D1, entre outros (Ransford e Jankowski, 2000; Stoner et al., 2001). Mutações no gene TP53, que colaboram para a progressão de lesões displásicas em CE do esôfago, têm conferido vantagens na sobrevivência de clones celulares mutados pela diminuição de sua eliminação por apoptose (Ransford e Jankowski, 2000). 13 3.2.) Câncer de esôfago: epidemiologia, fatores de risco e subtipos O esôfago é um tubo longo, de ± 25 cm, músculo-membranoso e estreito, que comunica a orofaringe ao estômago. Ele permite a passagem do alimento ou líquido deglutido até o interior do estômago, através de contrações musculares peristálticas (Sobotta, 2006). Sendo sua mucosa revestida com um epitélio estratificado pavimentoso ou escamoso, as neoplasias podem surgir em qualquer região do esôfago, podendo manifestar-se como uma estenose, como uma lesão papilífera ou nodular ou como uma área achatada anormal (em forma de placa). Neste órgão, o desenvolvimento do câncer de esôfago, é um processo progressivo de múltiplas etapas, com aumento na proliferação das células epiteliais esofágicas, hiperplasia das células basais, displasia, carcinoma in situ e carcinoma avançado de células escamosas do esôfago (Lehrbach et al., 2003). As neoplasias de esôfago apresentam desenvolvimento rápido e, na maioria dos casos, o prognóstico é desfavorável com sobrevida média abaixo de cinco anos (Enzinger e Mayer, 2003; Kollarova et al, 2007). A prevalência das neoplasias de esôfago em humanos tem aumentado significativamente nas últimas décadas (Stoner et al., 2001; Engel et al., 2003). O câncer de esôfago já é enquadrado entre as dez neoplasias mais freqüentes que acometem o ser humano (Parkin et al., 2001; Stoner et al., 2001; Enzinger e Mayer, 2003; Kollarova et al, 2007) e, entre as localizadas no trato gastrintestinal, a terceira de maior incidência (Parkin et al., 2001). A incidência do CE do esôfago em humanos é influenciada por fatores ambientais locais, predisposição genética e estilo de vida, sendo mais freqüente em algumas áreas da França, China, Irã, África do Sul e América do Sul (Craddock, 1992; Day e Varghese, 1994). As áreas de alto risco estão localizadas ao longo do chamado “cinturão do câncer do esôfago” que vai do Irã às repúblicas do sudoeste da antiga União Soviética (URSS), oeste e noroeste da China. Alguns países da América do Sul, sudoeste da África e da Europa também apresentam alta incidência deste tipo de neoplasia (Tomatis et al., 1990; Craddock, 1992; Day e Varghese, 1994). Esta neoplasia é predominante em indivíduos do sexo masculino e sua incidência aumenta com a idade, sendo o pico de freqüência entre os 50-70 anos de idade (Kollarova et al, 2007). No Brasil, o câncer de esôfago está entre os dez tipos de maior incidência e o sexto em mortalidade de acordo com dados obtidos dos Registros de Base Populacional de 2000 (INCA, 2005). Em especial, no Rio Grande do Sul a incidência de câncer de esôfago está em torno de 14,3/100.000 casos entre os homens e 4,2/100.000 entre as mulheres (Barros et al., 2000). 14 De acordo com o INCA - Instituto Nacional do Câncer, no período de 1979 e 1983 e entre 1995 e 1999 houve um percentual de 10,61/ 8,91 de mortes causadas por câncer de esôfago em homens e 5,03/3,69 em mulheres no Rio grande do Sul. De acordo com estimativas do INCA 2008 haverá 19,73/100.000 casos de morte por câncer esôfago entre os homens e 7,58/100.000 casos de morte por câncer de esôfago entre as mulheres. Cerca de 90% das neoplasias do esôfago incluem CE que provém de seu epitélio de revestimento e cerca de 7% dos casos incluem AD que podem originar-se de glândulas da submucosa do esôfago e, mais comumente, do epitélio cilíndrico do chamado EB (Pera et al., 1993; Cameron et al., 1995; Stoner et al., 2001). Entretanto nos Estados Unidos da América (EUA), ambos possuem taxas semelhantes de incidência, a qual é mais freqüente em homens sendo que os negros possuem um risco maior do que os brancos de até quatro vezes (Blot et al., 1991; Parkin et al., 2001). A etiologia de câncer esofágico nas regiões de alto risco (maior incidência) não foi ainda elucidada. Nas regiões de incidência mais baixa ou intermediária, estudos epidemiológicos têm mostrado que o uso de álcool, o tabagismo, a deficiência de micronutrientes, o consumo de bebidas quentes (em especial de chás) e o baixo nível socioeconômico são os principais fatores de risco envolvidos, mas com uma predisposição genética pouco definida (Blot et al., 1991; Craddok, 1992). A maioria das neoplasias de esôfago na Europa e nos EUA é freqüentemente atribuída ao consumo do álcool e do cigarro, visto que estes apresentam quantidades significativas de substâncias mutagênicas e/ou cancerígenas, em especial de nitrosaninas (Lu et al., 1991; Yang et al., 1992; Straif et al., 2000). HPV é freqüentemente encontrado no CE de regiões com alta incidência (Stoner et al., 2001), dos vários tipos já identificados de HPV apenas 24 são associados às lesões esofágicas, (HPV-1, 2, 3, 4, 6, 7, 10, 11, 13, 16, 18, 30, 32, 33, 35, 45, 52, 55, 57, 59, 69, 72 e 73) e apenas o tipo HPV-6 e 11 não estão associados aos tumores esofágicos (Oliveira et.al., 2003). Entretanto o consumo de vegetais verdes e de frutas parece exercer algum fator protetor (Stefani et al., 1990; Li et al., 1993; Tampi et al., 2005; Farhadi et al., 2005). Baseado nas considerações precedentes supõe-se que os fatores ambientais e nutricionais possam aumentar o risco, enquanto as deficiências nutricionais possam atuar como promotoras ou potencializadoras de cancerígenos ambientais. Por exemplo, compostos Nnitrosos presentes nos alimentos e no tabaco podem ser os responsáveis pelo amplo espectro de mutações de ponto do gene supressor de tumores TP53 nos éxons 5-8 e mutações de transição, transversão e deleções que estão presentes em mais de 50% dos cânceres esofágicos. As mutações no gene P16 e a perda de alelos envolvendo outros genes em outros 15 cromossomos também são prevalentes nessas neoplasias, de acordo com o conceito de que a aquisição escalonada e o acumulo de alterações genéticas levam ao desenvolvimento do câncer (Putz et al., 2002). As mutações somáticas no gene supressor tumoral TP53 são encontradas em aproximadamente 50% de todos os tumores humanos, fazendo dele o gene mais comumente alterado, são mais frequentes mutações do tipo missense e se acumulam nos éxons 5-8, a maioria destas mutações altera a estrutura da proteína p53 e condiciona a perda de sua função de supressor tumoral . As mutações no gene TP53 ocorrem em mais de 50 tipos diferentes de tumores, incluindo os de bexiga, cérebro, cólon, esôfago entre outros (Stoner et. al, 2001, Putz et al., 2002). Várias alterações moleculares no CE do esôfago foram descritas, como perda de heterozigose no cromossomo 1p, 3p, 4, 5q, 9, 11q, 13q, 17q, 18q; perda da função de genes supressores tumorais dentre eles TP53, metilação e perda do P16MST1 ou P15 e redução da expressão de Rb; amplificação gênica de D1 ciclina; HST-1, EGFR, INT-2; aumento na expressão de iNOS, hTERT, BMP-6, COX-2, c-myc e β-catenina (Stoner et. al, 2001, Putz et al., 2002). No processo de inflamação crônica devido ao uso do mate em temperaturas elevadas, ocorre a formação de nitrosaminas e radicais livres endógenos que podem ser responsáveis pela alta freqüência de mutações de transição G>A e C>T no gene TP53 observado em CE de pacientes do sul do Brasil. A prevalência de transição G>A destes casos do Rio Grande do Sul foi mais alta do que as encontradas depositadas nas bases de dados mundiais (IARC, LionFrança) (Putz et al., 2002). O CE é derivado do epitélio escamoso estratificado da mucosa esofágica. Nessas neoplasias formam-se quantidades variáveis de queratina, com relação ao grau de diferenciação normal e, quando a queratina não está na superfície, ela se acumula na forma córneas; nos casos em que as células estão bem diferenciadas, podem-se observar pontes intercelulares (desmossomos) entre células adjacentes (Stedman, 1996). Neste tipo de tumor freqüentemente há presença de invasão de fungos, ulceração e lesões que invadem o epitélio do esôfago. No CE podem ocorrer áreas bem diferenciadas e poucas áreas de necrose, mas também podemos encontrar tumores com taxas de mitoses elevadas e grandes áreas de necrose (Stoner et al., 2001, Putz et al., 2002). A maioria dos pacientes com este tipo de neoplasia apresenta metástase, prognóstico pouco favorável, e uma sobrevida acima de cinco anos apenas para 10% dos casos. As principais intervenções preventivas para reduzir a incidência de CE seriam a abstinência de bebidas alcoólicas e do cigarro e o consumo de alimentos que contenham 16 propriedades antioxidantes e/ou antiflamatória como o chá-verde, frutas frescas vermelhas e vegetais (Wang et al., 2006, Stoner et al., 2001, Stoner et al., 2007). O AD de esôfago está mais relacionado com as doenças que acometem o esôfago, entre elas a DRGE, esofagite de refluxo e EB, com o desenvolvimento de metaplasia intestinal, displasia e AD de esôfago (Ransford e Jankowski, 2000). Existem muitos fatores de risco para o desenvolvimento do AD de esôfago, dentre eles estão: idade, sexo, DRGE, EB, hérnia de hiato, esofagites, úlceras e disfagia, o uso de medicamentos que relaxam o esfíncter esofágico e causam refluxo gastroesofágico (i.e., nitroglicerinas, aminofilina, β receptor agonista, anticolinérgicos e benzodiazepinas), obesidade, dieta rica em gordura, colesterol e proteína animal e consumo de cigarros (Chow et al., 1998; Lagergren, 2000; Wu et al., 2001; Lagergren, 2006; Murray et al., 2006; Dodaran et al., 2006). O EB, um dos fatores de alto risco para o desenvolvimento do AD, é uma condição secundária desencadeada pela DRGE (Olliver et al., 2005; Dodaran et al., 2006; Murray et al., 2006; Fléjou, 2006). Pacientes que apresentam esta condição pré-maligna apresentam maior risco para o desenvolvimento da doença, pois a maioria dos casos de AD de esôfago provém do EB. (Olliver et al., 2005; Murray et al., 2006; Fléjou, 2006; Dodaran et al., 2006; Lagergren, 2006). A influência de fatores genéticos na etiologia do AD de esôfago tem importância limitada na maioria dos casos. Nenhuma evidência de histórico familiar tem sido estabelecida para este tipo de neoplasia, ou seja, não está relacionado com a hereditariedade (Lagergren, 2006). Mutações no gene TP53 foram encontradas na maioria dos AD (Olliver et. Al., 2005). Em alguns estudos foi possível verificar que a infecção por Helicobater pilori diminuiu o risco para o desenvolvimento de AD de esôfago em 60%. O efeito protetor do H. pilori se deve a sua habilidade de induzir gastrite atrófica e a produção de amônia (Lagergren, 2006). Sabe-se também que o consumo de uma alimentação rica em frutas, vegetais e alimentos com alto teor de antioxidantes contribuem para a diminuição do risco de desenvolvimento da doença neoplásica (Chow et al., 1998; Ye et al., 2004; Lagergren, 2006). Estudos epidemiológicos mostram uma redução do risco de desenvolvimento de neoplasias gastrintestinal associados à utilização de antiinflamatórios não esteroidais (NSAIDS), especialmente pelo uso de inibidores de ciclooxigenase-2 (COX-2) (Lagergren, 2000; Lagergren, 2006). As neoplasias de esôfago apresentam aumento da expressão de COX2 e, portanto, o tratamento com inibidores COX-2 poderia retardar o desenvolvimento dessas neoplasias (Taketo,1998; Wilson et al., 1998; Zimmerman et al., 1999; Lagergren, 2006). 17 O AD que surge no EB geralmente está localizado no esôfago distal e pode invadir o cárdia gástrico adjacente. Inicialmente, aparece como manchas planas ou elevadas de uma mucosa intacta, podendo evoluir para grandes massas nodulares de até cinco centímetros, ou pode exibir características infiltrativas e difusas ou profundamente ulcerativas. A incidência mundial de AD de esôfago está aumentando e seu prognóstico é pouco favorável assim como a do CE (Parkin, 2001). Esta neoplasia é de alta morbidade, ou seja, apenas 10% dos pacientes diagnosticados têm uma sobrevivência de até cinco anos, sendo mais freqüente em homens com idade acima de 60 anos (Lagergren, 2006). 3.3.) Álcool e cigarro como fatores de risco para o câncer do esôfago A maioria das neoplasias do esôfago na Europa e nos EUA é freqüentemente atribuída ao consumo do álcool e do cigarro, visto que apresentam quantidades significativas de substâncias mutagênicas e/ou cancerígenas, em especial PHAs e nitrosaminas (Lu et al., 1991; Yang et al., 1992; Straif et al., 2000; Wogan et al., 2004). O consumo crônico de etanol está relacionado diretamente com o desenvolvimento de tumores no trato aéreo-digestivo superior, principalmente a cavidade oral, faringe, laringe e esôfago, sendo que cerca de 25% a 80% desses tipos de neoplasias podem ser atribuídas ao consumo crônico de etanol (Brown, 2005). Além desses órgãos, o desenvolvimento de neoplasias no fígado, intestino grosso, mama e pâncreas, está também relacionado ao consumo excessivo de álcool (Brown, 2005; Boffeta e Hashibe, 2006). Vários estudos epidemiológicos, revisados em Poschl e Seitz (2004), mostram forte correlação entre a ocorrência dessas neoplasias e a ingestão de álcool, sugerindo que o etanol é um fator de risco importante para o desenvolvimento dessas doenças. O consumo abusivo de etanol ainda é uma das principais causas de desnutrição em adultos nos países desenvolvidos (Bunout, 1999). A ingestão de álcool causa deficiências nutricionais tais como alterações no metabolismo lipídico, protéico, de carboidratos, de vitaminas, em especial vitamina A e do complexo B, e micronutrientes, como o zinco (Bunout, 1999). Essas deficiências contribuem para a carcinogênese, uma vez que o consumo excessivo de etanol promove hipometilação do DNA, inclusive de genes supressores de tumor, aumentando a necessidade de ingestão de doadores de grupos metil, cuja absorção fica comprometida após o consumo de álcool (Stickel et al., 2002; Pöschl e Seitz, 2004). Não obstante, o aldeído causa destruição do folato na célula, o que inibe a transmetilação de genes envolvidos na carcinogênese (Pöschl e Seitz, 2004). 18 O etanol pode apresentar efeito co-carcinogênico, pois seu consumo abusivo pode reduzir os níveis de substâncias antioxidantes, como as glutationas (redutases e transferases), α-tocoferol e β-caroteno, seja pela perda de estoques teciduais, por inibição de síntese ou por destruição através da geração de radicais livres, além de alterar a função de enzimas hepáticas antioxidantes, como a glutationa-S-transferase em decorrência da formação de adutos acetaldeído-enzima (Sultana et al., 2005). O consumo de etanol aumenta a expressão da enzima CYP2E1 em vários órgãos, em especial no fígado e esôfago (Kushida et al., 2005; Tsutsumi et al., 1993; Stickel et al., 2002; Pöschl e Seitz, 2004; McKillop e Schrum, 2005). Essa enzima pertence à família do citocromo P450, que é responsável pela biotransformação de vários pró-cancerígenos, tais como as aflatoxinas, nitrosaminas, hidrocarbonetos policíclicos, em suas formas reativas (Tsutsumi et al., 1993; Stickel et al., 2002; Yu e Yuan, 2004; Pöschl e Seitz, 2004). Estas substâncias estão presentes no ar e em alimentos contaminados com micotoxinas, sendo que as mesmas são produzidas no preparo de carnes e no cozimento dos alimentos, e estão presentes ainda no cigarro e em bebidas alcoólicas (Tsutsumi et al., 1993; Stickel et al., 2002; Karim et al., 2003; Pöschl and Seitz, 2004; McKillop and Schrum, 2005; Marrero, 2005; Kushida et al., 2005). A CYP2E1 também é responsável pela biotransformação do etanol a acetaldeído e pela geração de radicais livres de oxigênio (RLO) (Stickel et al., 2002; Karim et al., 2003; Pöschl and Seitz, 2004; McKillop and Schrum, 2005), sendo que o estresse oxidativo é um evento promotor da carcinogênese (Bunout, 1999; Karim et al., 2003; Stickel et al., 2002; Petersen, 2005; Donohue et al., 2006). O acetaldeído apresenta efeitos mutagênicos e carcinogênicos, uma vez que reage com o DNA, formando adutos e inibindo o sistema de reparo, induzindo aberrações cromossômicas e estimulando a apoptose e outros danos celulares (Stickel et al., 2002; Pöschl and Seitz, 2004; Brooks e Theruvathu, 2005). Entre os fatores de risco associados ao desenvolvimento de neoplasias do esôfago, o consumo de cigarros é um dos mais importantes (Vaughan et al., 1995; Gammon et al., 1997). Entretanto, há poucos estudos sobre a importância da inalação da fumaça (fumantes passivos) e do tipo de tabaco, para a etiologia dos cânceres de esôfago. Launoy et al. (2000) demonstraram que a melhor relação entre o risco para o câncer do esôfago e o cigarro, depende do tipo de tabaco e do padrão morfológico da neoplasia, sendo consistentes com estudos que revelam que o fumo de rolo ou corda apresentam maior risco para o desenvolvimento dessa doença (Stephani et al., 1990). O nível de exposição ao cigarro e o risco para o desenvolvimento do CE depende da intensidade e duração do contato com a 19 fumaça do cigarro (Doll et al., 1994; Castellsague et al., 1999; Lagergren et al., 2000). Há evidências de que o fumo está mais associado com o CE do que com o desenvolvimento de AD de esôfago (Lagergren et al., 2000). Estudos realizados na França demonstraram aumento de 4,6 e 10,9 vezes maior de desenvolvimento de câncer do esôfago em pacientes que fumaram 35 ou mais cigarros ou que beberam três ou mais doses de álcool por dia, respectivamente (Kollarova et al, 2007). Esses fatores, quando associados, tiveram seus efeitos potencializados, apresentando risco final multiplicado (Kollarova et al, 2007). Ex-fumantes, após 15-19 anos, apresentam redução do risco para 1,2 vezes. Entre os vários elementos cancerígenos presentes na fumaça do tabaco, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, as aminas aromáticas e as nitrosaminas apresentamse como os componentes mais importantes para o desenvolvimento de neoplasias em humanos (Hoffmann et al.,1990; Wogan et al., 2004). As nitrosaminas tais como a 4(metilnitrosamina)1-(3-piridil)-1-butanona (NNK) e a N´-nitrosonornicotina (NNN) têm sido associadas ao desenvolvimento do câncer oral, de esôfago, pulmão e pâncreas em fumantes (Hoffman et al., 1990; Hecht et al., 1990; Hecht, 1998, 1999; Wogan et al., 2004) e são potentes indutores de neoplasias do esôfago em roedores (Craddock, 1992). A exposição às nitrosaminas pode se dar através da alimentação, do tabaco e da síntese endógena que ocorre no estômago pela reação do nitrito com aminas secundárias (Magee, 1989). O rato é a espécie mais suscetível ao desenvolvimento de neoplasias de esôfago induzido por nitrosaminas, independentemente da via de administração (Lijinsk, 1992). A ativação metabólica das nitrosaminas é catalisada pelo citocromo P450 (CYP), e o produto formado é extremamente instável podendo reagir com o DNA, induzindo mutações (Magee, 1989), sendo que no fígado, a CYP2E1 é a enzima mais importante envolvida nesta ativação (Yang et al., 1992). O esôfago de ratos não expressa de forma significante a enzima CYP2E1, mas em contrapartida, expressa a CYP2A3 responsável em grande parte pelo metabolismo das nitrosaminas (Pinto et al., 2001, 2003). Como o etanol altera a biotransformação das nitrosaminas em animais experimentais e no homem (Pinto, 2000), verifica-se experimentalmente aumento no número de tumores esofágicos frente administração concomitante de etanol e nitrosaminas (Aze et al., 1993; Tsutisumi et al., 1993). 20 3.4.) O consumo de bebidas quentes como fator de risco para o câncer do esôfago O efeito do consumo de bebidas quentes como fator de risco para o desenvolvimento do CE de esôfago ainda é um tema controverso (Stoner et al., 2001; Putz et al., 2002; Pinto et al., 2003; Ishikawa et al., 2006). Por exemplo, o consumo de chá-verde (~60°C a 80°C) tem sido considerado como um fator de proteção para o câncer de esôfago em estudos epidemiológicos desenvolvidos na China (Wang et al., 2006, Wang et al., 2007), mas, no entanto foi considerado um fator de risco em um estudo populacional desenvolvido no Japão (Ishikawa et al., 2006). Além disso, o consumo regular de chá-verde é um importante fator de proteção contra o desenvolvimento do CE, pois possui componentes antioxidantes e/ou antiinflamatórios (Steele, 2003; Wang et al., 2006, Wang et al., 2007). Experimentalmente, o consumo de chá verde inibiu a carcinogênese de esôfago induzida pela N- nitrosometilbenzilamina (composto carcinogênico encontrado em algumas modalidades de alimento como vegetais em conserva) (Wang et al., 2006). A erva-mate, produzida a partir das folhas da Ilex paraguariensis (família das aqüifoliáceas), é originária da região subtropical da América do Sul. O uso habitual de chimarrão ou mate, uma infusão quente de folhas secas e picadas de Ilex paraguariensis, tem sido relacionado ao aumento nas taxas de incidência de câncer esofágico (CE) na América do Sul, incluindo o sul do Brasil, Uruguai e nordeste da Argentina (Victora et al., 1987; Victora et al., 1990; Castelletto et al., 1994; Leitão e Braga, 1994; Winge et al., 1995; Rolón et al., 1995; Fonseca et al., 2000; Stoner et al., 2001; Putz et al., 2002; Pinto et al., 2003; Fagundes et al., 2006; Ishikawa et al., 2006; Bates et al., 2007; Stefani et al., 2007). Os índíos Guaranis e Quínchuas que habitavam essas regiões tinham o hábito de beber infusões com as folhas da erva mate. Esse hábito foi transmitido aos respectivos colonizadores, por volta do século XVI. A forma de consumo do mate foi modificada pelos colonizadores e transmitida aos seus descendentes e aos imigrantes que hoje ocupam essa região (Barros et al., 2000). Hoje em dia, a erva mate é tradicionalmente consumida como uma infusão quente ou chimarrão (RS), ou gelado (tererê) (Mato Grosso do Sul e Paraguai). O chimarrão também é consumido no Chile e principalmente no Uruguai, país de maior consumo per capita (cerca de 8-10 kg de erva/habitante/ano). Na Argentina a taxa de consumo é em torno de 6,5 kg de erva/habitante/ano e, na região sul do Brasil, 3-5 kg de erva/habitante/ano. Análises químicas da erva-mate têm revelado a presença de diversas propriedades nutricêuticas e medicinais no produto, o que lhe confere um grande potencial de 21 aproveitamento para a saúde humana. Alguns compostos químicos encontrados na erva-mate são alcalóides (cafeína, metilxantina, teofilina e teobromina); taninos (ácidos fólico e caféico); vitaminas (A, B1, B2, C e E); sais minerais (alumínio, cálcio, fósforo, ferro, magnésio, manganês e potássio); proteínas (aminoácidos essenciais); glicídios (frutose, glucose, rafinose e sacarose); lipídeos (óleos essenciais e substâncias ceráceas); celulose; dextrina; sacarina e gomas (Keys, 1993; Souza et al., 1991; Perez, 1993, Heck et al., 2007). O consumo de chimarrão, ingerido normalmente em grandes volumes e em alta temperatura (entre 65°C a 71°C), é um conhecido fator de risco para CE. Existem hipóteses relacionando a temperatura elevada do mate ao desenvolvimento do processo de carcinogênese de esôfago (Winge et al., 1995; Kinjo et al., 1998). Por exemplo, o consumo de grandes quantidades de mate (ao redor de 1,8 L/dia) em temperaturas na ordem de 69,5°C (~65°C a 71°C) tem sido considerado um fator de risco para desenvolvimento de câncer esofágico, em especial quando associado a outros fatores de risco bem estabelecidos como cigarro e álcool (Victora et al., 1990; Prolla et al., 1993). Existem três prováveis hipóteses relacionando o aumento da incidência de câncer de esôfago em humanos pelo consumo de mate em altas temperaturas (Victora et al., 1987; Rolón et al., 1995): 1) a injúria térmica da mucosa esofágica poderia desencadear a liberação de mediadores inflamatórios que seriam importantes para o desenvolvimento do processo carcinogênico nesse órgão (Putz et al, 2002); 2) durante o processo de secagem e processamento das folhas do mate (defumação) ocorreria a produção de substâncias mutagênicas e/ou carcinogênicas (PHAs) que são potencialmente carcinogênicas para o esôfago (Zuin et al., 2005; Kamangar et al., 2008); 3) a associação de ambos os fatores anteriores, citados acima. 3.5.) Dados controversos sobre o consumo do mate Em um recente estudo experimental, o tratamento com mate reduziu o estresse oxidativo, o influxo de células inflamatórias e a expressão de MMP-9 e TNF- α no pulmão de camundongos expostos a fumaça do cigarro (Lanzetti et al., 2008). Desta forma, os resultados desse experimento sugerem que o mate poderia ser um recurso no tratamento da inflamação aguda de pulmão em pessoas exposta ao cigarro (Lanzetti et al., 2008). Alguns estudos recentes apontam para a relação do consumo de mate com o desenvolvimento de câncer de bexiga, em estudos de casos na Argentina e Uruguai. O 22 consumo de mate ingerido através de uma bomba metálica durante 20 anos foi associado com câncer de bexiga em pessoas que sempre fumaram, mas não demonstrou o mesmo efeito em não fumantes. Já o mate cozido (feito através de infusão tradicional da erva), não foi associado ao desenvolvimento do câncer de bexiga (Bates et al., 2007). Outro estudo indica que o consumo mate está envolvido no desenvolvimento de câncer de bexiga, mas os dados ainda são controversos (Stefani et al., 2007; Bates et al., 2007). Pessoas que bebem grandes quantidades de mate apresentam aumento de risco para o desenvolvimento de neoplasia de bexiga, principalmente quando associada ao consumo de cigarros, mas estudos adicionais são necessários para confirmar ou rejeitar esta hipótese (Stefani et al., 2007). As folhas de Ilex paraguariensis contem substâncias com atividade antioxidante (Schinella et al., 2000; Actis-Goretta, et al., 2002; Chandra et al., 2004; Schinella et al., 2005; Bixby et al., 2005), que inibem a proliferação de células endoteliais (Arbiser et al., 2005) ou que inibem a atividade da enzima topoisomerase II (Ramirez- Mares et al., 2004; Meijia et al., 2005). Desta forma, o consumo de erva mate poderia compensar os efeitos deletérios da temperatura sob a mucosa do esôfago. Experimentos em ratos indicam que a administração intra-esofágica de água em temperatura superior a 60°C pode potencializar o efeito de carcinógenos sob o esôfago. Ratos Fischer 344 que receberam administração intra-esofágica de água a 65°C durante ou após as aplicações de N-nitrosometilbenzilamina (NMBA), desenvolveram mais neoplasias de esôfago do que os grupos controles de animais que recebem somente água 65°C ou NMBA (Li et al., 2003). A administração crônica intraesofágica de água a 65°C induziu o aparecimento de sarcomas no esôfago em ratos Wistar machos tratados com N-metil-N'-nitrosoguanidina (MNNG), um típico carcinógeno para o estômago de ratos (Yioris et al., 1984). Desta forma, suspeita-se que a alta temperatura em que é ingerido o mate seja o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de esôfago. Existem muitos dados controversos a respeito da mutagenicidade do mate, Segundo Leitão e Braga (1994) o mate apresentou efeito citotóxico e clastogênico em células de Escherichia coli e Salmonella typhimurium em cultura. Outro estudo do mesmo grupo mostrou efeito genotóxico e mutagênico do mate em linfócitos humanos em cultura (Fonseca et al., 2000). Entretanto, estudos recentes com mate apontam para ausência de efeito clastogênico ou aneugênico, cromossomos inteiros que não completam a migração anafásica da divisão celular semelhante à não disjunção, em linfócitos humanos em cultura e efeito antimutagênico em células hepáticas, renais e de bexiga de camundongos expostas ao peróxido de hidrogênio (Alves et al., 2008, Miranda et al., 2008). 23 As diferenças dos resultados de mutagenicidade/genotoxicidade do mate poderiam estar relacionadas às diferentes amostras de mate utilizadas, visto que processo de secagem das folhas do mate (defumação com contaminação por PHAs) podem ser potencialmente carcinogênicas para o esôfago (Zuin et al., 2005; Kamangar et al., 2008). As variáveis agronômicas podem também contribuir para diferenças de composição química das amostras de mate influenciando nos resultados de experimentos in vitro e in vivo (Jacques et al., 2007 a e b). Embora existam alguns estudos que apontam para a relação entre o consumo do mate em grandes quantidades e em altas temperaturas (chimarrão) e o aumento no risco de desenvolvimento de carcinoma, outros estudos mostram resultados favoráveis ao uso do mate devido ao efeito antioxidante dos polifenóis encontrados no mate (Steele, 2003; Wang et al., 2006; Stoner et al., 2007; Lanzetti et al., 2008). O efeito cancerígeno do mate sempre foi relacionado às altas temperaturas em que ele é consumido, mas o desenvolvimento de neoplasias em outros órgãos como rins, pulmão e bexiga, relacionados ao consumo de mate sugerem a contaminação da erva com compostos cancerígenos como benzopireno, compostos N-nitrososos e outros, ou da água em que o mate é preparado (Bates et al., 2007; Stefani et al., 2007). Por exemplo, estudos sobre a composição química do mate sugerem que o mate pode ter efeito carcinogênico devido aos altos conteúdos de ácido caféico (Stefani et al., 2007). 3.6.) Modelos de indução de câncer de esôfago em ratos. Existem vários modelos experimentais em roedores para estudo do processo de carcinogênese de esôfago. Esses modelos in vivo podem ser divididos em dois grandes grupos, em decorrência do tipo de neoplasia envolvida: 1) os modelos de indução de carcinomas de células escamosas (Lehnert et al., 1982; Balansky et al., 2002) e 2) os modelos de indução de AD e EB sob influência de refluxo gastro/duodeno/esofágico (Seto et al., 1991; Attwood et al., 1992; Ireland et al., 1996; Goldstein et al., 1997). Nos carcinógenos químicos (nitrosaminas) mais utilizados na indução química de CE encontram-se dietilnitrosamina (DEN) (Peto et al., 1991; Salet et al., 2002) e a Nnitrosometilbenzilamina (NMBA) (Wargovich e Imada, 1993; Siglin et al., 1995). Para os experimentos de carcinogênese química de esôfago a DEN tem sido administrada preferencialmente pela a via oral e intraperitoneal (Yioris et al., 1984; Wargovich e Imada, 24 1993). A DEN apresenta alta especificidade para o esôfago, induzindo grande número de tumores em ratos e camundongos, semelhantes aos carcinomas de células escamosas em humanos (Peto et al., 1991; Aze et al. 1993; Salet et al., 2002). Assim os modelos de carcinogênese experimental utilizando-se a DEN poderiam ser úteis no estudo de vários fatores relacionados ao desenvolvimento dessa neoplasia (Aze et al. 1993; Balansky et al., 1994; 2002). O CE de esôfago induzido quimicamente em roedores ocorre através do desenvolvimento de alterações seqüenciais caracterizadas inicialmente por lesões esofágicas pré-neoplásicas (hiperplasias) e neoplásicas (CE) (Aze et al. 1993, Stoner et al., 2001). Os modelos animais representam ferramenta essencial para investigar a evolução da DRGE porque permitem estudar a biologia e evolução dessa doença. Esses modelos têm sido empregados para mimetizar a doença no ser humano e simplificar estudos sobre os efeitos de fatores exógenos sobre o sistema digestório (Soren et al., 2003; Piazuelo et al., 2005). Uma das técnicas cirúrgicas é a anastomose látero-lateral da transição esôfago-gástrica com uma alça de jejuno. Goldstein et al. (1997) avaliaram o desenvolvimento de lesões esofágicas em função do tempo em ratos submetidos ao refluxo duodeno-gastroesofágico e constataram que os animais desenvolveram esofagite leve 3 semanas após a cirurgia; leve a moderada após 5 semanas, esofagite moderada entre a 9a. e 17 a. semana e esofagite moderada a severa (EB) entre a 23a. e 31a. semanas após a cirurgia. O AD foi diagnosticado após 30 semanas do procedimento cirúrgico que proporcionou a instalação do refluxo gástrico. Miwa et al., 2004, observaram em ratos machos Wistar, submetidos à gastrectomia total e ligação do esôfago com o jejuno, hiperplasia e erosões das células basais do epitélio escamoso do esôfago, e posteriormente, o desenvolvimento de AD. 25 4. Considerações finais e objetivos O câncer de esôfago já é enquadrado entre as dez neoplasias mais freqüentes que acometem o ser humano (Parkin et al., 2001; Stoner et al., 2001; Enzinger e Mayer, 2003; Kollarova et al, 2007) e, entre as localizadas no trato gastrintestinal, a terceira de maior incidência (Park et al., 2001). A etiologia de câncer esofágico nas regiões de alto risco (maior incidência) não foi ainda elucidada. De acordo com estimativas do INCA 2008 haverá 19,73/100.000 mortes por câncer de esôfago entre os homens e 7,58/100.000 casos de morte por câncer de esôfago entre as mulheres. Considerando a crescente incidência mundial de câncer de esôfago, em especial no Rio Grande do Sul; a importância da identificação de fatores de risco associados à promoção da carcinogênese de esôfago e a existência de poucos estudos epidemiológicos sobre a provável relação entre o consumo do mate (chimarrão) em altas temperaturas e o câncer de esôfago, o presente estudo teve a finalidade de investigar a possível ação da Ilex paraguariensis no desenvolvimento de pré-neoplasias e neoplasias de esôfago em ratos. Para determinar os efeitos do mate (Ilex paraguariensis) e da temperatura sobre o processo de promoção da carcinogênese de esôfago foram realisados os seguintes estudos: 1) avaliar a habilidade da infusão de mate em potenciar ou inibir os efeitos da injúria térmica (água a 65 0C) no processo de iniciação da carcinogênese de esôfago em animais iniciados pela DEN; 2) avaliar o potencial diferencial de amostras orgânica e comercial a Ilex paraguariensis em inibir a carcinogênese de esôfago induzida com a DEN associada a injuria térmica (água a 65 0 C); 3) Comparar os efeitos da infusão de Ilex paraguariensis com a da Camellia sinensis (chá verde). O chá-verde é a bebida herbal mais consumida no mundo e apresenta efeitos anticarcinogênicos comprovados em estudos experimentais e em estudos (Yang et al., 2002; Chung et al., 2003. 26 5. Referências* Actis-Goretta, L., Mackenzie, G.G., Oteiza, P.I., Fraga, C.G. 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Artigo científico Mate tea attenuates DNA damage and carcinogenesis induced by diethylnitrosamine and thermal injury in the rat esophagus Trabalho a ser publicado na revista Environment and Molecular Mutagenesis * Observação: O artigo segue as normas de formatação estabelecidas pela revista em que será publicado. 40 Mate tea attenuates DNA damage and carcinogenesis induced by diethylnitrosamine and thermal injury in the rat esophagus Juliana Ferreira da Silva1, Lucas Tadeu Bidinotto2, Kelly Silva Furtado2, Daisy Maria Fávero Salvadori2, Maria Aparecida Marchesan Rodrigues2, Luis Fernando Barbisan1,2* 1 UNESP São Paulo State University, Institute of Biosciences, Department of Morphology, 18618-000 Botucatu, SP, Brazil. 2 UNESP São Paulo State University, School of Medicine, Department of Pathology, 18618-000 Botucatu, SP, Brazil. Running title: mate tea and DNA damage and esophageal carcinogenesis *Address correspondence to: Luis Fernando Barbisan, Ph.D. Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), 18618-000 Botucatu, SP, Brazil. Telephone/Fax-simile: 55-14-38116264/ e-mail: [email protected] 41 Abstract Drinking hot mate has been associated with risk for esophageal squamous cell carcinoma in South America. Thus, the modifying effects of mate tea intake on DNA damage and esophageal carcinogenesis induced by diethylnitrosamine (DEN) plus thermal injury were evaluated in male Wistar rats. In the initiation phase, rats were treated with DEN injections (8 x 80 mg/Kg b.w.) plus esophageal thermal injury and concomitantly received mate tea (2.0% w/v, test group) or green tea (2.0% w/v, positive control group) as the sole source of drinking fluid for 8 weeks. Any additional treatment was introduced at post-initiation until week 20. Peripheral blood was collected 4 hr after the last DEN application for comet assay at week 8 and samples from esophagus and liver were collected at weeks 8 and 20. At week 8, mate or green tea intake itself were non-genotoxic and significantly decreased DNA damage levels in peripheral blood leucocytes from DEN-treated animals. Also, a significant reduction of cell proliferation rates in both esophageal epithelium and liver parenchyma and on the number of putative preneoplastic liver lesions were observed in mate or green tea-treated animals at week 8. A significant lower incidence of esophageal and liver neoplasms and tumor multiplicity was observed in the groups previously treated with mate or green tea when compared to the DEN initiated/thermal injury group at week 20. These data indicate that mate tea presented protective effects against DNA damage and esophageal and liver carcinogenesis induced by DEN. Key words: Mate tea, Green tea, DNA damage, diethylnitrosamine-induced esophageal and liver lesions 42 Introduction Esophageal cancer is the eight most common human cancer worldwide and ranks sixth as a cause of cancer mortality (Parkin et al., 2001). Squamous cell carcinoma (SCC) is the predominant histological type with a variable geographic distribution and occurs at very high incidence in certain parts of China, Central Asia, Iran, South Africa, South America, France and Italy (Stoner and Gupta, 2001; Parkin et al., 2001). In Brazil, the highest incidence of esophageal SCC occurs in the most Southern region, Rio Grande do Sul, with age-adjusted mortality rates reported as 20.4/100,000/year for men and 6.5/100,000/year for women (Fagundes et al., 2006). The marked variations in geographical distribution of esophageal SCC indicate that environmental factors are involved in its pathogenesis (Stoner and Gupta, 2001). Thus, there is a need to develop effective strategies for the prevention of this malignancy and the detection of potential risk factors and chemoprevention are potentially viable approaches. Tobacco and alcohol are the main agents involved in the etiology of esophageal SCC in Europe and North America, where over 90% of cases can be attributed to these causes (Parkin et al., 2001). Besides, drinking a local hot beverage has been shown to increase the risk for development of this malignancy in Uruguay, Paraguay, northeastern Argentina and southern Brazil (Victora et al., 1990; Pintos et al., 1994; Castelletto et al., 1994; Rolón et al., 1995;; Castellasagué et al., 2000; De Barros et al., 2000; Sewran et al., 2003; De Stefani et al., 2003; Goldenberg et al., 2003). Populations from these high risk areas share the habit of drinking a local tea known by the folk name of “mate”, “yerba mate” or “erva-mate”, an infusion of dried leaves of the perennial tree Ilex paraguariensis St. Hil., a native species of South America (Heck and Mejia, 2007). In Brazil, the leaves and stems of mate are used to prepare different beverages, such as chimarrão (green dried leaves brewed with hot water in a vessel called ‘cuia’ through a metal straw), tererê (green dried leaves brewed with cold water in the same kind of vessel and straw) and the mate tea (roasted leaves brewed with hot water and drank as any other herbal tea) (De Barros et al., 2000; Alves et al., 2008; Miranda et al 2008,). In southeastern South America where the “gaucho” culture is widespread, large amounts of mate are drunk at high temperatures (65 to 71 0C), placing the oropharynx and esophagus with very hot fluids (de Barros et al., 2000). This might partially explain the highincidence rates of SCC cancer in this region (Castellsagué et al., 2000; Pütz et al., 2002). The potential mutagenic/genotoxic of mate aqueous extracts is still controversial. Mate solutions showed mutagenic activity in different Salmonella typhimurium strains, at 43 concentrations of 20 to 50 mg/plate, and genotoxic activity in the inductest (WP2s (lambda) strain), with a maximal phage induction at concentrations of 10 to 20 mg/plate (Leitão and Braga, 1994). Additionally, mate aqueous extracts (range doses 100–750 μg/ml) increased the frequency of chromosomal aberrations in cultured human peripheral lymphocytes, but was not clastogenic to bone marrow cells of male Wistar rats (at oral doses up to 2 g/kg) (Fonseca et al., 2000). Recently, Alves et al. (2008) demonstrated that mate tea was not a clastogenic or/and aneugenic agent (range doses of 175–1400 μg/ml) for culture of human peripheral lymphocytes using a cytokinesis-block micronucleus assay in the absence of exogenous metabolic activation. Also, mate tea intake (0.5, 1.0 or 2.0 g/kg, for 60 days) was non genotoxic to the liver, kidney and bladder cells from male Swiss mice. Besides, the regular ingestion of mate tea increased the DNA resistance to H2O2-induced DNA strand breaks and improved DNA repair after H2O2 challenge in liver cells from male Swiss mice (Miranda et al., 2008). Various studies have detected contamination with polycyclic aromatic hydrocarbons (PAH) in different samples of commercial mate leaves and hot and cold mate infusions (Zuin et al., 2005; Kamangar et al., 2008). Also, an increase in urine 1-hydroxypyrene glucuronide (1-OHPG) levels was detected in healthy subjects with mate drinking habits from Rio Grande do Sul (Fagundes et al., 2006). Besides the association with upper aerial-digestive cancer, mate drinking has been associated with cancer development in other organs like the bladder, which is not influenced by thermal injury (Bates et al., 2007; De Stefani et al., 2007). Therefore, it is unclear whether the increased risk of esophageal SCC previously attributed to hot mate consumption is related to thermal injury at which mate is often drunk, or due to carcinogenic contaminantion, or both (Castellsagué et al., 2000; Pütz et al., 2002; Zuin et al., 2005; Kamangar et al., 2008). The purpose of this study was evaluate the modifying influence of mate tea intake on DNA-damage, assessed by the Comet assay on peripheral blood leukocytes, and the development of esophageal preneoplastic and neoplastic lesions in male Wistar rats treated with the carcinogen diethylnitrosamine (DEN) plus esophageal thermal injury by instillation with hot water 650C. Additionally, positive control groups treated with green tea were included in this study due to be one of the most common beverages worldwide with remarkable chemopreventive properties (Yang et al., 2002; Chung et al., 2003). 44 Materials and Methods Animals and treatments The animals were handled in accordance with the Ethical Principles for Animal Research adopted by the Brazilian College of Animal Experimentation (COBEA). Four-weekold male Wistar rats were obtained from CEMIB (UNICAMP Campinas, SP, Brazil). The animals were housed in polypropylene cages (four animals/cage) covered with metallic grids under standard conditions (22 ± 2 0C, 55 ± 10% humidity under a 12-hr light-dark cycle). They were fed commercial NUVILAB-CR-1 chow (NUVITAL, Curitiba, PR, Brazil) and water ad libitum for a 2-week acclimation period before beginning the experiment. Samples of leaves of Ilex paraguariensis St. Hil (mate) and Camelia sinensis (green tea) were generously supplied by the CentroFlora Group (Botucatu-SP, Brazil). The animals were randomly allocated into seven groups, consisting of 20 rats in Groups G1 to G3 and 05 rats in Groups G4 to G7 (Figure 1). Groups 1 to 3 were treated once a week with intraperitoneal (i.p.) injections of diethylnitrosamine (DEN, Sigma-Aldrich Co., St. Louis Mo, USA) (8 x 80 mg/kg of body weight) and received hot water 650C (1ml/rat, instilled into the esophagus) twice a week for 8 consecutive weeks. This esophageal DEN initiation and thermal injury protocol was adopted with minor modifications from previously described protocols (Balansky et al., 1994; Li et al., 2003). Group 4 was treated with DEN and received water 25 0C (1ml/rat, instilled into the esophagus) twice a week for 8 consecutive weeks. Groups 5, 6 and 7 received i.p. injections of NaCl 0.9% (DEN vehicle) once a week and water 250C (1ml/rat) twice a week for 8 consecutive weeks. Concomitantly, the groups received drinking water (groups G1, G4 and G7) or mate tea (2.0% w/v, groups G2 and G5) or green tea (2.0% w/v, groups G3 and G6) as the sole source of drinking fluid for 8 weeks. After the initiation period, animals from groups G1 to G3 received drinking water and food ad libitum until at week 20. The groups were sacrificed at weeks 8 and 20 by a CO2 atmosphere. Body weight and food/liquid consumption were measured twice a week during the entire experimental period. Tea solutions (2.0% w/v) were prepared by adding 20 g of minced leaves of Ilex paraguariensis or Camelia Sinensis to 1000 ml hot water (70 0C) for 20 min, filtering and allowed to cool down at room temperature. Tea solutions were prepared daily and offered ad libitum in dark bottles. 45 Comet assay Samples of peripheral blood from the periorbital vein plexus were collected from all groups at 4 hr after the last DEN treatment at week 8 to perform the Comet assay. The singlecell gel electrophoresis assay or Comet assay was performed under alkaline conditions according to a previously described protocol (Tice et al., 2000). Briefly, 5 µl of each blood sample were mixed with 120 µl of 0.5% low-melting-point agarose (Invitrogen, Carlsbad, CA) at 37ºC and layered onto conventional microscope slides, precoated with 1.5% normalmelting-point agarose (Invitrogen). The slides were placed overnight in cold freshly-prepared lysing solution (1% Triton X-100, 2.5 mM NaCl, 0.1 mM Na2EDTA, 10 mM Tris with 10% dimethylsufoxide, pH 10.0) and then into a horizontal electrophoresis apparatus containing alkaline electrophoresis buffer (0.3 M NaOH, 1 mM Na2EDTA, pH>13) at 4ºC for 20 min. Using the same buffer, electrophoresis then was performed at 25 V and 300 mA for 20 min. After electrophoresis, the slides were washed twice for 5 min in neutralizing buffer (0.4 M Tris-HCl, pH 7.5), fixed for 5 min in absolute alcohol, air-dried, and stored at room temperature. Immediately before analysis, the DNA was stained with 50 µl of 20 µg/ml ethidium bromide. The slides were examined with a 40X objective using an epi-illumined fluorescence microscope (Olympus-Bx60) attached to a color CCD video camera, and connected to an image analysis system (Comet II; Perspective Instruments, Suffolk, UK) (Figure 2 A). Coded slides were scored blindly and 50 blood cells were randomly analyzed for each animal (25 cells per slide from two slides per animal) Tail intensity (the quantity of DNA in the tail of the comet) and tail moment (product of DNA density in the tail and the mean distance of DNA migration in the tail) were used to measure the extent of DNA damage. The comet images with a “cloudy” appearance or a very small head and a tail like a balloon (necrotic/apoptotic cells) were excluded from the evaluation under the assumption that they represent dead cells (Hartmann and Speit, 1997). Tissue processing, histology and immunohistochemical procedures. At necropsy, the esophagus was excised, opened longitudinally and fixed flat in 4% phosphate-buffered formalin during 24 hours for paraffin embedding. Serial sections of esophagus (at least 4-6 strips per animal) were routinely processed. The paraffin blocks were cut into 5-μm-thick sections and stained with hematoxylin-eosin (HE) for histophatological analysis or for immunohistochemical analysis of epithelial cell proliferation using proliferating cell nuclear antigen (PCNA) (Figure 2 B) (Siglin et al., 1995). 46 The liver was excised, weighted, and representative samples were fixed in 4% phosphate-buffered formalin during 24 hours for paraffin embedding. The paraffin blocks were cut into 5-μm-thick sections and stained with HE for histophatological analysis or for immunohistochemical analysis of preneoplastic hepatocellular lesions positive for glutathione S-transferase P form (GST-P) and PCNA (Figure 2 C and D) (Ito et al., 1988; Eldridge et al., 1993). At week 20, macroscopically visible lesions on the esophageal mucosa and in the liver were mapped and registered. The classification scheme for esophageal and liver preneoplastic and neoplastic lesions was based on criteria previously described (Goodman et al., 1994; Whiteley et al., 1996). Preneoplastic esophageal and liver lesions and tumor yield within each experimental group were expressed in terms of both incidence and multiplicity. GST-P and PCNA expression were detected by the avidin-biotin peroxidase complex (ABC) method. Briefly, deparaffinated 5-μm tissue sections on poly-L-lysine-coated slides were treated sequentially with 3% H2O2 in phosphate-buffered saline (PBS) for 10 min, nonfat milk for 60 min, anti-GSTP antibody (clone 311, 1:1000 dilution; MBL laboratory, Tokyo, Japan) or anti-PCNA antibody (clone PC10, 1:200 dilution; Dako, Glostrup, Denmark) overnight, biotinylated horse anti-rabbit or anti-mouse IgG (1:300 dilution) for 60 min, and avidin-biotin-peroxidase solution (1:50 dilution) for 45 min (Elite ABC kit; Vector Laboratory, Burlingame, CA). Chromogen color development was accomplished with 3,3´-diaminobenzidine tetrahydrochroride (Sigma). The slides were counterstained with Harris haematoxylin. GST-P positive lesions and PCNA labeling analysis. Morphometric analyses of putative preneoplastic hepatocellular lesions (PNL) positive for GST-P were measured using a Nikon photomicroscope (Microphot-FXA, Tokyo, Japan) connected to a KS-300 apparatus (Kontron Electronic, Munich, Germany). Liver area was measured in a special Macro-Stand device (supported by Canon TV zoom lens V6x16/16-100 mm plus a Canon 58 mm close-up 240 lens connected to a CCD black-and-white video camera module with a Sony DC-777 camera unit) connected to the KS-300. GST-P-positive PNL were also classified according to two different classes: AFH and hepatic nodules ≤ 3 or > 3 mm in diameter. Data were expressed as number of GST-P-positive PNL per liver area (lesions/cm2). 47 The PCNA-labeling indices, expressed as a percentage, were calculated by dividing the number of squamous epithelial cells or hepatocytes with PCNA-labeled nuclei (S phase) by the total number of cells counted in the each tissue sample (1000 to 2000 cells for esophagus and 5,000 to 10,000 cells for liver). Statistical analysis. Statistical analysis was performed using the Jandel Sigma Stat Software (Jandel Corporation, San Rafael, CA, USA). The body weight, body weight-gain food and liquids intake, relative liver weight, PCNA-labeling indices, GST-P-positive data and tumor multiplicity were analyzed by ANOVA test or the Kruskal-Wallis test. The incidence of different types of preneoplastic or neoplastic lesions was examined using χ2 test or the Fischer exact test. Significance was set at P< 0.05. Results General findings Seven animals were found dead during the course of the experiment: three rats from the DEN/TI-treated group (G1), two rats from the DEN/IT/mate tea-treated group (G2) and one rat from the DEN/TI/green tea-treated group (G3). A complete necropsy was not performed due to advanced postmortem changes and/or cannibalism. Table I shows the mean values of the final body weight, body-weight gain, and, mate tea, green tea, water and food consumption during the first 8 week. Values of the final body weight, body-weight-gain and liquid intake were higher for the DEN/TI plus mate or green tea-treated groups (G2 and G3) than to the DEN/TI and DEN-treated groups (G1 and G4) (Table I). No differences in relative liver weight were observed among the DEN-treated groups but the values for alanine aminotransferase (ALT) were lower in mate (G2) and green tea-treated groups (G3) (P= 0.062 and P < 0.05, respectively). At week 8, the final body weight, body-weight-gain, ALT levels were significantly different in DEN-treated groups (G1 to G4) when compared to the non-DEN-treated groups (G5 to G7) (P < 0.001). During the post-initiation phase, food and water consumption did not differ between the groups (G1 to G3). No differences in final body weight and body-weight gain values were observed at week 20 (data not shown). Moreover, an increase in relative liver weight values was detected in DEN/TI-treated group (G1, 5.3 ± 0.7) when compared to the DEN/TI plus mate or green tea-treated groups (G2 and G3, 4.2 ± 0.5 and 4.1 ± 0.6) (P < 0.001). 48 Genotoxicity data and esophagus and liver analysis at week 8 Figure 3A shows the values obtained in the Comet assay analyses (tail moment and tail Intensity parameters) on peripheral blood leukocytes evaluated 4 hours after the last DEN injection. The levels of DNA damage were significantly higher in the DEN-treated groups (G1 to G4) when compared to the non-initiated groups (G5 to G7) (P < 0.001). Mate or green tea intake itself was non genotoxic (G5 and G6 vs. G7). Significantly decreased levels of DNA damage were detected in the peripheral blood leucocytes, when these teas were administered simultaneously with DEN treatment (G2 and G3 vs. G1 and G4, P < 0.001). Thermal injury regimen induced mild hyperkeratosis and hyperplasia in the squamous epithelial of esophagus from DEN-treated animals (G1 vs. G4). A significant reduction of incidence of animals with hyperkeratosis/hyperplasia (40 and 50%) and in cell proliferation rates in esophageal epithelium were observed in mate or green tea-treated animals (G2 and G3 vs. G1) at the end of DEN treatment and thermal injury regimens (Figure 3B). GST-P positive hepatocellular lesions were observed only in DEN-initiated groups (G1 to G4). The number of preneoplastic lesions (PNL > 3 mm) was significantly lower in mate or green tea-treated groups (G2 and G3) when compared to the DEN/TI group (G1). Mate or green tea treatments per si did not cause any histological changes in the esophageal epithelium or in the liver parenchyma in the non-initiated groups (G5 and G6 vs. G7). Esophagus and liver histopathological analysis at week 20 Table II summarizes the incidence data of histologically-diagnosed esophagus and liver preneoplastic and neoplastic lesions and tumor multiplicity. Specially, there was a reduction on the incidence of esophageal dysplastic lesions in DEN/TI plus green tea group (G3) (Figure 4A) and esophageal papilloma (Figure 4B) and hepatic adenoma in DEN/TI plus mate or green tea-treated groups (G2 and G3) when compared to the DEN/TI-treated group (G1) (P = 0.054; P < 0.04 and P < 0.09, respectively). The morphology of the hepatocellular carcinomas (Figure 4C) was more undifferentiated in DEN/TI group (G1) that in the groups receiving mate or or green tea (G2 and G3). Cholangiocellular neoplasms (Figure 4D) were detected only in DEN/TI group. Also, tumor multiplicity for both esophagus and liver neoplasms was lower among the groups receiving mate or green tea (G2 and G3) when compared to the DEN/TI-treated group (G1) (P < 0.05). 49 Discussion The results described herein indicate that mate tea intake reduced the levels of DNA damage in peripheral blood leukocytes and esophageal carcinogenesis induced by DEN/thermal injury protocol in male Wistar rats. Besides, liver carcinogenesis was also inhibited in the DEN-initiated group receiving concomitantly mate tea. The protective effects of mate tea on chemically-induced DNA damage and carcinogenesis were similar to the observed in the positive control group treated with green tea. In fact, green tea or their specific catechins have been proved to inhibit DNA damage and carcinogenesis in rodents and human (Yang et al., 2002; Chung et al., 2003). Experimental and epidemiological studies have supported the role of thermal injury on the promotion of esophageal carcinogenesis (Yioris et al., 1983; Kinjo et al., 1998; Castellsagué et al., 2000; Li et al., 2003; Sewram et al., 2003). The consumption of hot beverages can provoke changes in esophageal epithelium that could increase the risk of damage from contact with refluxed gastric/duodenal contents or others potential carcinogens (Tobey et al., 1999; Yang et al., 2002; Pütz et al., 2002; Li et al., 2003). Besides, chronic exposure to high luminal temperature can result in an inflammatory process that may led to the formation of nitrosamines and free radicals able to initiate and/or promote the esophageal carcinogenesis process (Pütz et al., 2002). The thermal injury protocol used in this study resulted in an increase in the rates of cell proliferation, a well established parameter for cancer risk development on esophageal epithelium from DEN-treated animals (group G1 vs. group G4). Moreover, Li et al. (2003) showed that thermal injury abolished the inhibitory effects of epillocatechin-3 gallate from green tea against esophageal carcinogenesis process induced by N-nitrosomethylbenzylamine in male Fisher 344 rats. In contrast, using a more suitable thermal injury protocol, our findings indicate that the morphological and proliferative changes induced by thermal injury were attenuated by treatment with mate or green tea. Various chemicals with antioxidant properties have been found to inhibit chemicallyinduced mutagenesis and carcinogenesis in different animal models (Kelloff, 2000; De Flora et al., 2001). In the present study, we have observed that the treatment with mate or green tea, during the initiation phase of carcinogenesis, significantly reduced the levels of DNA damage induced by DEN in peripheral blood cells. Since mate has demonstrated antimutagenic/antigenotoxic and antioxidant properties (Schinella et al., 2000; Actis-Goretta et al., 2002; Bracesco et al., 2003; Bixiby et al., 2005; Miranda et al., 2008), this tea-like 50 beverage could be classified as a potential chemopreventive agent against DNA damage (Kelloff, 2000; De Flora et al., 2001). On the other hand, we have examined the possible adverse effects of mate tea per si on male Wistar rats since it has been reported that contamination of carcinogenic PAHs can occur in mate leaves or their infusions (Zuin et al., 2005; Kamangar et al., 2008), Importantly, rats receiving mate tea for two months did not present any adverse effect, as indicated by unaltered body and liver weights, transaminase levels, esophagus and liver morphology and cell proliferation indices. Also, mate tea treatment per si was not able to induce DNA damage in blood cells by the comet assay analysis. Similar results have been observed by Miranda et al (2008) that showed that mate tea, administered at 0.5, 1.0 or 2.0 g/kg for two months, was non genotoxic to the liver, kidney and bladder cells from male Swiss mice. This care with toxicity should be taken into account if safety measures for public health are to be implemented in response to increased ingestion of this tea-like beverage by human populations of Southern America (Heck and de Mejia, 2007). The exact mechanisms involved in the protective effects of mate tea against DNA damage and carcinogenesis are not clearly understood. The inhibitory action of mate tea could be explained by its putative antioxidant activity or their modifying influence on mutagenic/carcinogenic metabolic pathways. It has been reported that DEN biotransformation produces 8-hydroxyguanine (8-OHG), a parameter of oxidative DNA damage that play a role on the initiation step of carcinogenesis (Verna et al., 2002). Besides, mate tea was found to induce quinone reductase activity, a surrogate marker of phase II enzymes, in Hepa1c1c7 murine hepatoma cell line (Chandra and De Mejia Gonzalez, 2004). Therefore, it could be suggested that mate tea intake during initiation phase with DEN might provide a protective effect against mutagenesis and carcinogenesis, since a possible increase on phase II enzymes could imply the elimination of DEN electrophilic metabolites which would be able to covalently bind to DNA (DNA alkylation) leading to mutations (Verna et al., 2002). Moreover, the free radical scavenger properties could explain the protective effect of this herbal tea on the oxidative DNA damage induced by DEN metabolites, thus reducing the deleterious effects of this carcinogen on their targets. Therefore, an association between phase II enzyme induction and antioxidant properties could be responsible for the reduction of DNA damage and the development of preneoplastic and neoplastic lesions induced by DEN. Also, as mate tea has been shown to induce cell totoxicity in HepG2 human hepatocellular cancer and SCC-61 and OSCC-3 squamous cancer cell lines, this herbal tea may be useful for the 51 prevention of tumor promotion and progression probably due to the inhibitory activity on topoisomerase II enzyme (Ramirez-Mares et al., 2004, Gonzales de Mejia, et al., 2005),. In conclusion, the results of the present study indicate that mate tea intake presented inhibitory effects against DNA damage and rat esophageal and liver carcinogenesis induced by DEN. Our findings are of potential interest for their possible application on human cancer chemoprevention. The underlying mechanism(s) of chemoprevention of mate tea on mutagenesis and carcinogenesis should be further investigated. Acknowledgements This study was supported by CAPES and TOXICAM. 52 References Actis-Goretta L, Mackenzie GG, Oteiza PI, Fraga CG. 2002. 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Number Group/Treatment 2 of rats Body Weight Consumption Final Gain Liquid Food (g) (g) (ml/rat/day) (g/rat/day) RLW ALT (%) (U/L) Initiated groups (G1) DEN+TI 20 260.8 ± 29.5 †** 59.1 ± 24.1 28.9 ± 8.2 †** 18.3 ± 5.4 2.9 ± 0.7 88.6 ± 14.8 †** (G2) DEN+TI+ Mate tea 20 296.8 ± 32.8 97.6 ± 27.6 33.6 ± 8.1 18.8 ± 4.1 2.8 ± 0.3 69.6 ± 8.1§ (G3) DEN+TI+ Green tea 20 317.2 ± 31.2†,‡** 118.4 ± 28.8†,‡** 34.8 ± 7.7†** 19.7 ± 4.9 2.8 ± 0.4 63.6 ± 9.8†* (G4) DEN 05 266.8 ± 27.8 82.4 ± 24.3 30.6 ± 8.0 17.2 ± 4.1 2.7 ± 0.4 85.4 ± 19.5 (G5) Mate tea 05 380.8 ± 36.5†** 188.0 ± 30.8†** 37.0 ± 7.0 23.3 ± 2.3 3.7 ± 0.4 55.8 ± 10.2†** (G6) Green tea 05 394.4 ± 28.0†** 198.6 ± 29.6†** 34.6 ± 6.9 23.0 ± 3.8 3.8 ± 0.3 58.8 ± 7.3†** (G7) Control 05 380.2 ± 32.4†** 177.0 ± 30.1†** 34.0 ± 7.6 22.5 ± 2.5 3.6 ± 0.4 57.6 ± 14.2†** Non-initiated groups 1 Values are mean ± SD; 2DEN = diethylnitrosamine (8 x 80 mg/kg b.w., i.p. once a week) and TI= Thermal injury, hot water 650C (1ml/rat, p.o, twice a week) for 8 consecutive weeks; †‡ , Different from G1 and G4 groups or G2 group, respectively. *P < 0.05 or ** P < 0.001. § Trend 0.05 < P < 0.1 58 59 Table II– Incidence (%) of preneoplastic and neoplastic lesions in esophagus and liver and tumor multiplicity (mean ± SD) at week 20. Group/Treatment 1 Parameters G1 DEN+TI G2 G3 DEN+TI+Mate tea DEN+TI+Green tea 12 13 14 Dysplasia 8 (67) 6 (46) 3 (21) § Papilloma 7 (58) 2 (14)†* 1 (7)†** CCF/ECF 11 (92) 13 (100) 13 (93) BCF 6 (50) 8 (62) 7 (50) Adenoma 8 (67) 1 (8)†** 1 (7)** HCC 4 (33) 2 (14) 1 (7) Cholangioma 1 (8) 0 1 (7) Cholangiocarcinoma 1 (8) 0 0 Mixed 3 (25) 3 (23) 0 4.09 ± 1.81 (34) 4 1.67 ± 0.82 (10)* 1.50 ± 0.55 (9)* Number of rats Esophagus Liver 2 Tumor multiplicity 3 1 DEN = diethylnitrosamine (8 x 80 mg/kg b.w., i.p., once a week) and TI= Thermal injury, hot water 650C (1ml/rat, p.o., twice a week) for 8 consecutive weeks; 2Prenoplastic lesions with the following phenotypes: CCF/ECF, clear cell/eosinophilic cell foci or BCF, basophilic cell foci; HCC= Hepatocellular carcinoma, Mixed= Hepatocholangioma or hepatocholangiocarcinoma; 3 Mean number of tumors in rat bearing-tumor; 4 Total number of esophagus and liver tumors/group. † Different from G1 group, *P < 0.05 or **P < 0.001; § P= 0.054, trend for G1 group. 59 60 Legends for Figures Figure 1- Experimental protocol (details in Material and Methods section) Figure 2- A) Comet image of peripheral blood leukocytes from a DEN-treated group (G4) animal (40x objective); B) Epithelial cells positive for PCNA (dark nuclei) in esophagus from a DEN/TI-treated group (G1) animal (40 x objective); C) Preneoplastic lesion positive for GST-P in the liver from a Group DEN/TI plus mate tea (G2) animal (20 x objective); D) Hepatocytes positive for PCNA (dark nuclei) in the liver from a DEN/TI-treated group (G1) animal (40x objective). DEN = diethylnitrosamine (8 x 80 mg/kg b.w., i.p., once a week) and TI= Thermal injury, hot water 650C (1ml/rat, p.o., twice a week) for 8 consecutive weeks. Figure 3- Effects of mate tea intake on DNA damage levels in peripheral blood leukocytes and development of hepatocellular lesions: A) Data on tail moment and tail Intensity using the comet assay; B) Number of preneoplastic lesions (PNL) positive for GSTP per liver area (PNL/cm2) divided into two different size classes. G1= DEN/TI-treated group, G2= DEN/TI plus mate tea group, G3= DEN/TI plus green tea group, G4= DEN-treated group, G5= mate tea group (G5), G6= green tea group (G6) and G7= non-treated group. DEN = diethylnitrosamine (8 x 80 mg/kg b.w., i.p., once a week) and TI= Thermal injury, hot water 650C (1ml/rat, p.o., twice a week) for 8 consecutive weeks. †, ‡, # Different from G1 group, G1 and G4 groups and G1 to G4 groups, respectively. * P < 0.05, ** P < 0.001, §. P= 0.065, trend for G1 group. Figure 4- Effects of mate tea intake on PCNA labeling index in the esophagus and liver in the different groups. G1= DEN/TI-treated group, G2= DEN/TI plus mate tea group, 60 61 G3= DEN/TI plus green tea group, G4= DEN-treated group, G5= mate tea group (G5), G6= green tea group (G6) and G7= non-treated group. DEN = diethylnitrosamine (8 x 80 mg/kg b.w., i.p., once a week) and TI= Thermal injury, hot water 650C (1ml/rat, p.o., twice a week) for 8 consecutive weeks. †, ‡, # Different from G1 group, G1 and G4 groups and G1 to G4 groups, respectively. * P < 0.05, ** P < 0.001. Figure 5- Morphological phenotypes of the lesions in the esophagus and liver diagnosed at week 20. A-B) Displastic squamous lesion and papilloma in the esophageal mucosa from DEN/TI-treated group animals (10x and 20x objective, respectively) and C-D) Poorly differentiated hepatocellular carcinoma and cholangiocarcinoma in the liver from DEN/TI-treated group animals (40x objective). DEN = diethylnitrosamine (8 x 80 mg/kg b.w., i.p., once a week) and TI= Thermal injury, hot water 650C (1ml/rat, p.o., twice a week) for 8 consecutive weeks. 61 62 1 Group 2 7 8 9 11 10 17 18 19 20 Week s s s s s s n= 20 1 n=20 2 n= 20 3 s 4 5 n= 05 s n= 05 NaCl 0.9%, 8 x 5ml/kg, i.p. Water 250C, 1ml/rat, p.o. DEN, 8 x 80 mg/kg, i.p. Hot water 650C, 1ml/rat, p.o. s n = Number of rats Mate tea 2.0% in drinking water 6 n= 05 s s = Sacrifice Green tea 2.0% in drinking water 7 n= 05 Figure 1 62 63 A B C D Figure 2 63 64 A 15.0 †** †** 10.0 #** #** #** 5.0 Tail moment 5.0 DNA damage levels DNA damage levels Tail intensity 20.0 4.0 3.0 2.0 †** †** #** 1.0 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 Group #** #** G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 Group B Number of AFH/cm2 70.0 PNL = 0.3mm PNL > 0.3mm All 60.0 § 50.0 § 40.0 30.0 20.0 †* 10.0 G1 G2 G3 G4 †,‡* G1 G2 G3 G4 Figure 3 64 G1 G2 G3 G4 Group PCNA labeling index (%) 65 Esophagus 70.0 60.0 50.0 †* 40.0 †* †* †* †* G5 G6 G7 30.0 20.0 10.0 G1 PCNA P CNA lab labe eling index (%) †* G2 G3 G4 Group Liver 12.0 10.0 8.0 †,‡* 6.0 †,‡* 4.0 2.0 G1 G2 G3 G4 Figure 4 65 #** #** G5 G6 #** G7 Group 66 A B C D Figure 5 66 67 7. Conclusões Finais 1) A ingestão de mate apresentou efeitos benéficos contra a ação mutagênica/carcinogênica da DEN em animais submetidos ao protocolo de injúria térmica. Esses efeitos foram similares ao do chá-verde, embora as folhas de mate não apresentem catequinas em sua composição (Heck and de Mejia, 2007). 2) A ausência de genotoxicidade do mate em leucócitos de sangue periférico de ratos Wistar, poderia ser indicativo de ausência de contaminação por PHAs. A análise de resíduos de pesticidas e de contaminação por PHAs na amostra utilizada neste estudo enriqueceria os nossos resultados e conclusões. 3) A ingestão de mate sem resíduos de PHAs e em temperaturas mais amenas ou mesmo gelado (tererê) poderia trazer efeitos benéficos a saúde humana inclusive retardando o aparecimento de doenças crônico-degenerativas como o câncer Perceptivas futuras 1) Avaliar os efeitos da ingestão de mate sobre a expressão das enzimas de biotransformação da DEN no esôfago (CYP 2A3) e fígado (CYP 2E1) através da análise por Western blot e/ou RT-PCR. 2) Avaliar os efeitos da ingestão de mate na fase de pós-iniciação da carcinogênese de esôfago e hepática induzida pela DEN. 67