CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FATORES DETERMINANTES DO TURNOVER EM UMA EMPRESA DE LOCAÇÃO DE VEICULOS: ESTUDO DE CASO Belo Horizonte 2014 WALBERT TEIXEIRA CASSINO FATORES DETERMINANTES DO TURNOVER EM UMA EMPRESA DE LOCAÇÃO DE VEICULOS: ESTUDO DE CASO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Linha de pesquisa: Dinâmica organizacional, Inovação e sociedade. Orientadora: Profa. Dra. Iris B. Goulart Co-orientadora: Ituassu BELO HORIZONTE 2014 Profa. Dra. Cristiana Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas Como aços espelhados. Clarice Lispector Digo: o real não está na saída e nem na chegada, ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. Guimarães Rosa DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a três pessoas que sempre acreditaram e se orgulharam de mim em todos os momentos, apoiando com amor, críticas, sugestões e carinho: A minha saudosa e querida mãe Maria das Graças Teixeira Cassino (in memoria) que mesmo não estando presente fisicamente, continua presente nos meus pensamentos servindo como meu maior exemplo e motivação. A minha admirável esposa Rosane Guedes Bicalho pela atenção, compreensão e amor sendo sempre a parceira na minha vida, e a grande amiga Renata Souza pelo apoio nas horas difíceis. AGRADECIMENTOS A meu pai meus irmãos e cunhadas pelo apoio e carinho oferecidos em todo momento de minha vida e principalmente neste. A Prof.ª Iris pela sinceridade, humildade, entusiasmo, dedicação e incentivo na orientação desta pesquisa. Uma das mentes brilhantes que tive o privilégio de conhecer. A empresa em que fizemos o estudo de caso, nos deixando livres para efetuarmos o trabalho necessário. A todos os professores que com muita sabedoria colaboraram com o desenvolvimento do curso. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ARH – Administração de Recursos Humanos; C&S – Cargos e Salários; CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes DP – Departamento Pessoal; GRH – Gestão Estratégica de Recursos Humanos HST – Higiene e Segurança do Trabalho; R&S – Recrutamento e Seleção; RH – Recursos Humanos; RT – Relações de Trabalho; T&D – Treinamento e Desenvolvimento. LISTA DE QUADROS Quadro 1: Bases das Políticas de Recursos Humanos 23 Quadro 2: Quadro de Pesquisas Relacionadas ao Trabalho 50 Quadro 3: Quadro de Objetivos e Técnicas de Coleta de Dados 54 Quadro 4: Relação de cargos com maior número de demitidos em 2014 71 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Motivos do desligamento .......................................................................... 65 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados ausentes.............................................................................................. 62 Tabela 2 - Análise da consistência interna ..................................................................... 63 Tabela 3 – Distribuição absoluta da iniciativa do desligamento e respectivos motivos. 63 Tabela 4 – Distribuição percentual da iniciativa do desligamento e respectivos motivos ........................................................................................................................................ 64 Tabela 5 – Distribuição percentual da escolaridade e iniciativa de desligamento ......... 66 Tabela 6 – Distribuição das formas de treinamento “Bem Vindo à Localiza”............... 66 Tabela 7 – Pontuações médias referente a opinião sobre alguns quesitos - escalas de 1 a 5 ................................................................................................................................... 67 Tabela 8 – Teste de Normalidade....................................................................................67 Tabela 9 – Resultados do teste de igualdade de distribuição de valores entre as opiniões dos ex-colaboradores ...................................................................................................... 68 Tabela 10 – Pontuações médias atribuídas ao grau de satisfação – escalas de 1 a 7 ... 68 Tabela 11 – Resultados do teste de igualdades de distribuição de valores entre demitidos e demissionários ............................................................................................................. 69 Tabela 12 – Motivos do desligamento e itens que mais sentirá falta nesta empresa ..... 70 RESUMO Esta dissertação aborda o turnover, um problema que se caracteriza como a rotatividade de funcionários numa empresa. O objetivo geral do trabalho foi identificar e analisar as causas do elevado nível de turnover numa empresa de locação de veículos. Foi desenvolvida uma pesquisa quali-quantitativa, de caráter descritivo, que constituiu um estudo de caso numa empresa locadora de automóveis. A unidade de análise foi a matriz da empresa, situada em Minas Gerais e os sujeitos de pesquisa foram os funcionários que pediram demissão ou foram demitidos no primeiro semestre de 2014. A coleta de dados foi realizada nos documentos da empresa, onde foram identificadas as políticas de RH adotadas; nos prontuários do setor de RH, foram analisadas as causas pelas quais os trabalhadores são demitidos e ainda foi enviado aos ex-funcionários, tanto aqueles que pediram demissão quanto aqueles que foram demitidos, questionário para ser respondido. Alguns profissionais do setor de RH da empresa também foram entrevistados a respeito dos motivos considerados relevantes para o desligamento dos funcionários. Os resultados apontaram que há maior número de funcionários que são demitidos pela empresa do que aqueles que pedem demissão. Entre os motivos apontados para a demissão em ambos os casos foi apontada a falta de bom relacionamento com os colegas e com as chefias, assim como a falta de transparência da empresa sobre a carreira. Os que se demitiram alegaram como motivo a oportunidade de receberem melhores salários. Analisando criticamente as políticas de recursos humanos da empresa, é possível verificar que novos investimentos têm de ser feitos no processo de recrutamento e seleção, na socialização organizacional e nos programas de treinamento. Palavras-chave: Turnover, gestão de recursos humanos, locadora de veículos. ABSTRACT This dissertation approaches the "turnover" a problem that is characterized as employee turnover in a company. The overall objective was to identify and analyze the causes of the high level of turnover in a car rental company. A qualitative and quantitative research, with a descriptive character, which was a study of case of a car rental company was developed. The place of analysis was the company's headquarters, located in Minas Gerais and research subjects were the employees who resigned or were dismissed in the first half of 2014. The data collection was held in the Company, where policies adopted by the Human Resources (HR) were identified; in the records of the HR, were analyzed the reasons why the workers are laid off and still sent to former employees, both those who have resigned as those who were dismissed, had a questionnaire to be answered. Some professionals in the HR department of the company were also interviewed about their reasons considered relevant to the termination of employees. The results indicated that there are more employees who are laid off by the company than those who ask for dismissal. Among the reasons given for the dismissal in both cases was pointed out the lack of good relationships with colleagues and supervisors as well as the lack of transparency about the company's career. Those who resigned claimed as a reason the opportunity to receive better salaries. Critically analyzing the human resources policies of the company you can check that new investments must be made in the recruitment and selection process, organizational socialization and training programs. Keywords: Turnover, human resource management, car rent. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................13 1.1 Problema da pesquisa........................................................................................15 1.2 Objetivos da pesquisa........................................................................................16 1.3 Justificativa.......................................................................................................16 1.4 Estrutura da dissertação....................................................................................17 2. REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................18 2.1 Políticas de recursos humanos...........................................................................19 2.1.1 Administração de recursos humanos ou gestão de pessoas............................20 2.1.2 Políticas de recursos humanos conceito e campo............................................22 2.1.3 Grupos de políticas de recursos humanos........................................................23 2.1.4 Bases de políticas de recursos humanos..........................................................25 2.2 Turnover ............................................................................................................37 2.2.1 Conceito e caracterização................................................................................37 2.2.2 Fatores relacionados ao turnover ...................................................................40 2.2.3 Produção científica sobre o tema....................................................................51 3. METODOLOGIA..............................................................................................54 3.1 Caracterização da pesquisa.................................................................................54 3.2 Unidade de análise e sujeito de pesquisa............................................................55 3.3 Coleta de Dados.................................................................................................55 3.4 Técnicas de interpretação de resultados............................................................57 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS................................58 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................73 REFERÊNCIAS ...................................................................................................77 APÊNDICES.........................................................................................................85 13 1 - INTRODUÇÃO O tema desta investigação despertou o interesse do pesquisador desde o início do curso de Mestrado, quando pretendeu descortinar como e o que deve ser feito para reduzir o risco de turnover na empresa onde atua no setor responsável pela gestão de recursos humanos. Para isso, passou a analisar as práticas cotidianas e a maneira pela qual elas estão relacionadas aos desligamentos de funcionários, avaliando a empresa enquanto espaço de trabalho, formadora de disposições, ou seja, espaço de formação de habitus, que conformam o corpo social. Dessa forma, o tema escolhido para esta dissertação, além de relevante para a empresa estudada, constitui uma preocupação do autor do trabalho e pretende oportunizar a discussão dos gestores sobre a possibilidade de retenção do capital humano. Turnover é um termo da língua inglesa que significa "virada"; "renovação"; "reversão" sendo visto em diferentes contextos. É um conceito muito utilizado na área de recursos humanos para designar a rotatividade de pessoal em uma organização, ou seja, as entradas e saídas de funcionários em determinado período de tempo (SIQUEIRA, 2005). O turnover nas organizações frequentemente tem sido considerado uma situação natural e inevitável, sendo gerado por vários fatores, inclusive os que são associados à insatisfação dos funcionários, tais como: remunerações abaixo da média do mercado, prejuízo da qualidade de vida, falta de diálogo com as lideranças, tarefas que não correspondem ao plano de carreira do trabalhador (ROBBINS 2003). Por outro lado, as empresas têm métodos diferentes para convencer seus funcionários de que há mais motivos para permanecer na empresa do que para sair. Quando se aborda o tema turnover, fica envolvida a questão da empregabilidade, ou seja, a capacidade desenvolvida pelas organizações de criar mecanismos de atração e retenção de empregados, incluindo aspectos relativos ao ambiente de trabalho, às formas de remuneração, reconhecimento profissional, investimento em capacitação, abertura dos canais de comunicação e feedback permanentes, credibilidade, posicionamento da organização junto ao mercado (SARSUR, 2004, p.338). 14 Independentemente do ramo de atuação econômica da empresa, turnover é a “suspensão da condição de integrante de uma organização por parte de um indivíduo que recebia compensação monetária” (MOBLEY, 1992). Robbins (2005) menciona que os altos índices de turnover resultam em maiores custos com recrutamento, com seleção e com treinamento, além de causar ruptura na eficiência da organização, uma vez que o capital humano é perdido. Silva (2003) afirma que o custo financeiro é a consequência organizacional mais representativa; também elucida que os altos custos com turnover não devem ser considerados como uma política econômica ruim, pois devem ser avaliados pelas organizações. Na mesma linha de pensamento, Siqueira (2005) observa que se o índice de saída for muito alto, isso se torna muito oneroso para a empresa, pois as despesas relacionadas à dispensa de um funcionário, acrescidas dos custos de admissão de outro representam valores elevados. Nesse caso, os empresários terão que arcar com gastos da rescisão do antigo profissional, despesas de seleção, recrutamento, um período para capacitar o funcionário admitido, além de dentro do período de adaptação, ocorrerem problemas que levem o mesmo também a sair da empresa. A perda de capital humano em uma empresa pode ser motivada por diversos fatores sendo um deles a insatisfação no trabalho e outro, o surgimento de novas oportunidades para o trabalhador. Em ambas as situações, é importante que a empresa procure buscar as causas de tal fenômeno, especialmente quando se perdem bons colaboradores, qualificados e treinados (SIQUEIRA, 2005). No contexto contemporâneo, com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, as mudanças ocorrem de forma rápida e, em alguns casos, inesperada. Diante deste cenário é importante que as organizações desenvolvam mecanismos destinados a manter seus colaboradores com um nível elevado de motivação e comprometidos com o trabalho. Geralmente, a área de recursos humanos é a responsável por assegurar este resultado (SARSUR 2004). Para se compreender melhor o turnover que ocorre numa empresa é preciso analisar e entender as políticas de recursos humanos. Quando a perda de trabalhadores qualificados se torna frequente, pode-se inferir a existência de problemas que não estão sendo bem administrados pela área de recursos humanos (SILVA 2003). 15 O sistema de administração de recursos humanos (ARH) é composto de um conjunto de subsistemas que respondem por diferentes funções relacionadas às pessoas. Dependendo do formato organizacional de cada empresa, Marras (2000) aponta que a ARH pode incluir as atividades de: recrutamento e seleção (R&S), treinamento e desenvolvimento (T&D), remuneração ou cargos e salários (C&S); higiene e segurança do trabalho (HST), departamento de pessoal (DP) e relações de trabalho (RT). Nesse sentido, o setor responsável pela administração de recursos humanos de uma organização deve desenvolver meios capazes de permitir o diagnóstico de fatores determinantes do turnover, estabelecendo relação entre esses fatores e buscando atuar sobre as prováveis consequências organizacionais. Para isto, o administrador de RH deve estar atento aos índices de turnover, investigando as causas que o geram, além de avaliar seus resultados para a organização. A partir da identificação das causas do turnover, a organização tem condições de rever suas políticas, práticas e programas de tratamento, gerenciando possíveis mudanças desses procedimentos (SILVA, 2003). A partir do desenvolvimento da perspectiva da gestão estratégica de pessoas, surgiu a necessidade de acompanhar, mensurar e avaliar o impacto das práticas de gestão de pessoas sobre o desempenho das organizações (OLIVEIRA, ALBUQUERQUE; MURITIBA, 2003). De acordo com Silva (2003), as organizações devem realizar análises regulares e sistemáticas, abrangendo não só as taxas de turnover, mas também as relações que existem entre o desempenho e o potencial da organização. 1.1 – Problema da pesquisa Em uma empresa de locação de veículos multinacional, o turnover tem alcançado elevados índices. Alguns funcionários têm sido demitidos e outros têm pedido demissão, por motivos diversos. Os prejuízos para a empresa são facilmente identificados, uma vez que o setor responsável pela gestão de pessoas tem promovido ações destinadas à qualificação dos funcionários e, ainda, assim, as demissões continuam ocorrendo. Tem-se consciência de que medidas deverão ser tomadas e este trabalho pretende oferecer subsídios para se repensar a situação. Tendo como referência as constatações levantadas e mediante estudos na literatura sobre o tema, o presente trabalho buscará investigar a seguinte questão: Quais são os 16 fatores determinantes do turnover na empresa de locação de veículos que constitui objeto deste trabalho? 1.2– OBJETIVOS DA PESQUISA Para responder à questão proposta, foram definidos os seguintes objetivos: Objetivo geral: Identificar e analisar as causas do elevado nível de turnover numa empresa de locação de veículos. Objetivos específicos: Identificar as políticas de RH da empresa estudada para captação, manutenção e retenção de funcionários. Identificar os fatores que determinam o desligamento dos funcionários, mediante pedido de demissão ou demissão feita pela empresa. Verificar os motivos pelos quais o turnover em alguns cargos possui índices mais elevados. 1.3 – Justificativa Para o autor, que é um dos gestores de recursos humanos da empresa, este trabalho irá trazer grandes ganhos, contribuir para entender os motivos da elevada evasão e buscar reverter estes índices, retendo os talentos e mostrando onde atuar para melhorar o crescimento profissional dos colaboradores. Para a academia, trata-se de um enriquecimento do campo de estudos sobre turnover, pois apresenta estudos já realizados sobre o que leva à alta rotatividade de uma empresa, os resultados de mais uma pesquisa sobre um tema tão relevante das organizações. Para a empresa estudada, a pesquisa permitirá identificar os pontos que impactam o seu turnover e aspectos que poderão ser aprimorados, permitindo a adoção de medidas para a diminuição da rotatividade de pessoal. Foi possível verificar que as pesquisas sobre turnover transitam por busca de compreensão sobre: A gestão de pessoas, estratégias e performance organizacional (BOSCHETTI, 2009). A ausência de condição estratégica na gestão de recursos humanos (FRANCO, 2008). A rotatividade e absenteísmo de pessoal como fatores de variações no custo (MILKOVICH, 2000). O alinhamento estratégico, a gestão por 17 competências e a rotatividade. A perda de capital humano decorrentes da insatisfação no trabalho e por novas oportunidades (SILVA, 2003); e o papel do líder no processo de rotatividade dos colaboradores (PEDROSA, 2010). Este trabalho pretende complementar os elencados acima, trazendo para a academia o ponto de vista de liderados e lideranças sobre o problema e oferecendo para os gestores melhores informações sobre os indivíduos colaboradores e suas formas de agir dentro do contexto empresarial. 1.4 – Estrutura da Dissertação A presente dissertação de mestrado é apresentada em seis capítulos. No primeiro é apresentada a introdução do trabalho, parte em que são contextualizados o tema, o problema, os objetivos, a justificativa da pesquisa e a estrutura da dissertação. Nesse capítulo, demonstra-se a importância do estudo sobre turnover nas organizações e apresenta-se a problemática encontrada pelo pesquisador, sendo citados diversos autores que abordam o tema. No segundo capítulo, a fundamentação teórica é apresentada com base em dois temas. O primeiro trata das políticas de recursos humanos, explorando especialmente aquelas relacionadas à captação de pessoas, à manutenção e desenvolvimento dos funcionários e à retenção dos mesmos. O segundo tema é referente ao turnover, e faz considerações sobre este fenômeno, aborda o seu conceito, as necessidades e as atividades que o RH deve representar (importância e finalidade dentro da organização). Ambos os temas são tratados juntamente com uma revisão da literatura. No terceiro capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos, caracterizando a pesquisa, apresentando os sujeitos de pesquisa e os instrumentos de coleta de dados e fazendo referência à técnica de interpretação de resultados. No quarto capítulo são apresentados os dados coletados e é feita a interpretação dos mesmos, realçando-se a relação entre as políticas de recursos humanos e o turnover adotados pela empresa. No quinto capítulo são apresentadas as considerações finais. 18 2 - REFERENCIAL TEÓRICO. O referencial teórico deste trabalho aborda dois temas fundamentais para a análise da pesquisa: o primeiro se refere às chamadas Políticas de recursos humanos e, para facilitar a compreensão, aborda conceito e características da Administração de Recursos Humanos na atualidade. O segundo tema trata o assunto principal do trabalho, que é o turnover, o qual será comentado a partir do conceito e da produção científica disponibilizada, acrescendo-se os fatores identificados que determinam este fenômeno nas organizações do trabalho. Nenhum negócio pode existir sem capital e sem seres humanos, e a quantidade destes recursos pode variar, mas todas as organizações devem ter ambos, ou deixarão de existir. É, pois, de extrema importância que se olhe cuidadosamente para esse capital intelectual. Os setores de recursos humanos responsabilizam-se pela função de atrair e empregar pessoas, bem como de capacitá-las, gerenciá-las e retê-las, para que desenvolvam corretamente as atividades relacionadas ao trabalho (FRANCO 2008). A competitividade está cada vez mais dependente da capacidade de geração de conhecimentos que uma organização possui. Portanto, as pessoas assumem papel primordial, fazendo com que a importância de políticas de gestão de pessoas se torne visceral para as organizações. Os estudos de Castelli (2001) apontam que a satisfação das pessoas significa atender a necessidade de todos: empregados, comunidade local, acionistas, e clientes. Nesse contexto, a preocupação com a permanência do trabalhador no qual a empresa investiu para assegurar o desenvolvimento de suas competências torna-se questão associada à garantia de produtividade. Dada a importância que hoje se atribui ao capital humano, a rotatividade de trabalhadores numa empresa tem merecido estudos tanto na academia quanto no âmbito organizacional, com as empresas cada vez mais buscando entender os motivos da rotatividade (SIQUEIRA, 2005). Para Nascimento (2003), o absenteísmo tem-se tornado um problema sério para as organizações e seus gestores. Suas causas estão ligadas a muitos fatores e, muitas vezes, tornam difícil seu gerenciamento. O turnover, ainda mais grave do que o absenteísmo, 19 constitui o foco da presente dissertação e também tem sido discutido em razão de suas consequências negativas para a organização e para as pessoas. Este capítulo, inicia-se pela abordagem das Políticas de Recursos Humanos, a fim de se compreender como os critérios estabelecidos para o recrutamento e a seleção de colaboradores, o treinamento e o desenvolvimento, assim como o acompanhamento e a avaliação contribuem para garantir a qualidade dos serviços prestados. Em seguida, a apresenta-se o conceito de turnover segundo diversos autores e as teorias relacionadas com o tema. Identificam-se alguns conceitos que possam determinar o turnover e faz-se o comentário de cada um deles. Após a abordagem da importância do turnover, comenta-se a preocupação das pessoas e em especial dos gestores com o problema dentro da organização. 2.1 – Políticas de Recursos Humanos Para compreensão do que constitui a política de recursos humanos de uma organização, inicia-se este referencial apresentando o conceito de Administração de recursos humanos e os sistemas que compõem esta área das organizações. Segundo Lacombe (2005) “política é um conjunto de declarações escritas a respeito das intenções da instituição em relação a determinado assunto, indica os meios e a forma desejados para atingir os objetivos principais”. (LACOMBE, 2005, p.127). As políticas são formuladas, em geral, de forma ampla e proporcionam as linhas mestras para orientar as decisões mais importantes e a formulação dos objetivos setoriais e das normas. Os autores Carvalho e Nascimento (2004) citam como propósitos das políticas de recursos humanos: • Estabelecer programas e incentivos que objetivem a manutenção do trabalhador na empresa por mais tempo, reduzindo os custos com a administração de empregados. • Proporcionar maior e melhor flexibilização em matéria de recrutar, selecionar, treinar e avaliar o desempenho dos funcionários da empresa. • Adequar a administração de cargos e salários à dinâmica do mercado de trabalho. Chiavenato (2005) afirma que as políticas de recursos humanos podem variar de uma organização para outra, devido aos seguintes fatores: 20 • Antecedentes históricos da organização. • Cultura organizacional e racionalidade. • Contexto ambiental: fatores econômicos, políticos, sociais, culturais, tecnológicos. • Localização geográfica. • Relações com sindicatos. • Políticas e restrições governamentais. É importante este registro, pois organizações criadas em diferentes momentos, ou mesmo na mesma época, adotam políticas de recursos humanos bem diferentes, condizentes com sua história. Em algumas organizações, o sistema de recrutamento é feito por consultorias externas, evitando influência de quem já trabalha na organização; em outras, adota-se o recrutamento de pessoas ligadas aos empregados, conforme sugerido pelo fundador desde o início da empresa. Nesses dois exemplos se pode sentir o efeito da cultura organizacional, entendida como conjunto de valores, crenças, atitudes consolidados ao longo do tempo em cada empresa (CHIAVENATO 2005). Tem-se verificado que fatores econômicos, políticos, sociais e tecnológicos também influenciam diretamente as práticas de recursos humanos. Políticas voltadas para o avanço econômico do país são responsáveis pela expansão de empresas tecnologicamente desenvolvidas, o que afeta as oportunidades de trabalho, as competências exigidas dos trabalhadores e isto gera consequências sociais. Assim, na atualidade não se pode admitir a contratação para qualquer cargo ou função de pessoas que desconhecem a tecnologia. Mesmo tarefas que antes não exigiam qualificação, atualmente requerem o domínio de alguns conhecimentos tecnológicos, sem os quais as pessoas não conseguem ter um desenvolvimento no trabalho (MARRAS 2000). Na mesma linha de raciocínio, as relações sindicais e as políticas governamentais afetam a questão salarial, a carreira das pessoas e os planos de desenvolvimento dos funcionários de uma organização (MARRAS 2000). 2.1.1 – Administração de Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas A Administração de Recursos Humanos, atualmente mais conhecida pela expressão Gestão de Pessoas, é uma das funções da gestão das organizações cujo papel consiste em estabelecer o sistema que rege as relações entre os colaboradores, definir a melhor adequação de cada um deles à função que irá realizar e estabelecer a integração dos colaboradores (FRANÇA, 2010). 21 De acordo com Goulart (2013), a necessidade de tornar as pessoas produtivas, oferecendo o melhor de si para o rendimento do trabalho, levou as organizações a investirem numa área técnico-científica usualmente denominada Administração de Recursos Humanos (ARH), que é considerada um ramo da Ciência da Administração. A autora considera, portanto, que “ARH constitui uma tecnologia de gerenciamento, que visa a auxiliar o gerente a garantir a produtividade e o lucro mediante integração do trabalhador no contexto da organização”. Tratando-se de um corpo de conhecimentos que resulta da aplicação da pesquisa produzida em várias ciências sociais e humanas, a Administração de Recursos Humanos está constantemente buscando oferecer referências ao mercado e, por isto, são freqüentes as alterações em sua configuração. (GOULART, 2013, p.36) Pode-se inferir que a área de ARH constitui um órgão de assessoria, ou seja, não está diretamente envolvida com a produção; ela é um provedor de serviços para as demais áreas, oferecendo aos gerentes e chefias os fundamentos para a decisão final relacionada às pessoas e ao trabalho. De acordo com Marras (2000, p.46) para a ARH é um órgão de staff e “[..] sua ação está limitada a influenciar e aconselhar as unidades de linha.”, abrangendo assim uma atividade-meio da empresa. O autor ressalta, ainda, que a área de Gestão de pessoas deve também levar em consideração o caráter contingencial, ou seja, de acordo com o ambiente em que a organização está inserida, uma variação de estrutura, ramo de atuação, porte, demanda e níveis hierárquicos determinam as atividades que devem ser desenvolvidas pelo profissional de RH. Palmeira (1999) considera que o sistema de administração de recursos humanos apresenta-se subdividido em cinco subsistemas: a) provisão, que engloba pesquisa de mercado de profissionais, recrutamento, seleção e integração de novos colaboradores; b) aplicação, subsistema que está relacionado à análise e descrição de cargos, planejamento e alocação, plano de carreiras e avaliação de desempenho; c) manutenção, que envolve a administração de salários, plano de benefícios sociais, higiene e segurança do trabalho e relações trabalhistas; d) desenvolvimento, que se ocupa do treinamento e desenvolvimento de pessoas e da organização; 22 e) monitoração, subsistema que engloba banco de dados, sistemas de informação e auditoria de recursos humanos. A auditoria de recursos humanos é uma forma de avaliar a gestão de pessoal na organização e pode ser efetuada através de questionários, entrevistas e estatísticas de pessoal. Para o autor, a correta aplicação e desenvolvimento destes subsistemas garante que a organização possa encontrar a pessoa certa para o cargo certo, estimular o comprometimento dos colaboradores com a organização, manter o desenvolvimento profissional, mediante verificação do desempenho dos trabalhadores, bem como possibilitar a aplicação de ações corretivas de acordo com a necessidade. Em suma, a gestão de recursos humanos consiste na eficiente utilização dos colaboradores através do uso efectivo dos seus talentos e habilidades visando a atingir os objetivos da organização. A partir da década de 1990, a ênfase que se tem dado à importância do capital humano tem sugerido que a preocupação com os objetivos organizacionais não pode perder de vista o bem-estar dos próprios colaboradores (GOULART 2013). Devido à amplitude que o conceito de ARH vem assumindo, esta área passa a incluir todos os membros de uma organização, desde os diretores até os funcionários iniciantes. Isto ocorre porque a ARH inclui todas as atividades exercidas pelos gerentes para atrair e reter funcionários, a fim de assegurar que eles tenham um alto desempenho e contribuam para a realização das metas organizacionais (JONES; GEORGE, 2008, P. 413). Neste sentido, os autores aliam a noção de gestão de pessoas ou gestão de recursos humanos ao planejamento estratégico da organização e ressaltam que: “A gestão estratégica de recursos humanos (GRH) é o processo pelo qual os gerentes planejam os componentes de um sistema de GRH para que sejam consistentes uns com os outros, com os outros elementos da arquitetura organizacional e com a estratégia e as metas da organização”. 2.1.2 – Políticas de recursos humanos: conceito e campo Uma vez apresentado o conceito de Administração de Recursos Humanos, passa-se a analisar o sentido de políticas de recursos humanos. A valorização das pessoas como recurso estratégico para garantir a competitividade das organizações é uma consequência das mudanças ocorridas no modelo econômico 23 mundial, caracterizado pela evolução da tecnologia, da informação e da comunicação. Este novo modelo, hoje dominante em todo o mundo, conduz a uma competitividade intensa, causando significativas mudanças na forma pela qual as organizações devem estruturar-se no mercado. Flannery (2002) observa que, numa época em que a globalização, a competição, o forte impacto da tecnologia e as céleres mudanças se tornaram os maiores desafios externos, a vantagem competitiva das empresas está na maneira de utilizar o conhecimento. As organizações já se deram conta da importância das pessoas como detentoras desse conhecimento e percebem a necessidade de estabelecer políticas capazes de adequar seus objetivos às necessidades de recursos humanos. Assim, buscam definir formas de seleção, contratação, desenvolvimento, acompanhamento e avaliação desses recursos. Dutra (2007) confirma esta visão, realçando que a gestão de pessoas precisa ser integrada e que o conjunto de políticas e práticas que as formam devem atender aos interesses das empresas, sem perder de vista os interesses e expectativas das pessoas. Tachizawa (2004, p.12) ressalta que: "a gestão com pessoas, tem como objetivo fundamental tornar a relação entre capital e o trabalho, no âmbito das organizações, a mais produtiva e menos conflituosa possível". Segundo o autor, as empresas que desenvolvem um bom relacionamento em equipe conseguem atingir bons resultados e alcançar os objetivos planejados. Por outro lado, Gil (2001) considera que a gestão de pessoas abrange amplo leque de atividades, que inclui desde o recrutamento de pessoal, a descrição de cargos, o desenvolvimento até a avaliação de desempenho. Um sistema de recursos humanos se define como um conjunto de subsistemas, políticas e procedimentos que direcionam o comportamento e o desempenho das pessoas para o alcance dos objetivos organizacionais. Numa perspectiva sistêmica, cada uma dessas partes constitui um subsistema que deve ser inter-relacionado aos demais, para que integrem um todo, envolvendo políticas, normas e procedimentos adotados na gestão de pessoas. 2.1.3 - Grupos de políticas de recursos humanos Chiavenato (2005) considera que as bases das políticas de recursos humanos se dividem em cinco grupos: provisão de recursos humanos, aplicação de recursos 24 humanos, manutenção de recursos humanos, desenvolvimento de recursos humanos e monitoramento de recursos humanos. O Quadro1, adaptado a partir da sugestão de Chiavenato (2005), tem nesta dissertação um objetivo didático, que é apresentar cada uma das bases das políticas de recursos humanos. Pode-se inferir que a partir das políticas, podem-se definir os procedimentos a serem implantados, que são cursos de ação predeterminados para orientar o desempenho das operações e atividades, em vista os objetivos da organização. PROVISÃO DE RECURSOS HUMANOS Pesquisa de mercado de recursos humanos. Pesquisa e análise do mercado de recursos humanos onde recrutar (fonte de recrutamento). APLICAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Análise e descrição de cargos. Determinação dos requisitos básicos da força de trabalho (requisitos intelectuais, físicos, responsabilidades envolvidas e condições de trabalho para o desempenho do papel). MANUTENÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Administração de salários. Avaliação e classificação de cargos visando ao equilíbrio salarial interno. Pesquisas salariais visando ao equilíbrio salarial interno, política salarial. DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Treinamento. MONITORAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Banco de Dados. Diagnóstico e programação da preparação e reciclagem constante dos recursos humanos para o desempenho dos cargos. Registros e controles para a devida análise quantitativa e qualitativa dos recursos humanos disponíveis. Recrutamento. Planejamento e alocação de recursos humanos. Plano de benefícios sociais. Desenvolvimento de recursos humanos. Sistema de informação. Como recrutar (técnicas de recrutamento) prioridade do recrutamento interno sobre o externo Determinação da quantidade de recursos humanos necessária à alocação desses recursos em termos de posicionamento em cargos dentro da organização Plano de Carreiras. Planos e sistemáticas de benefícios sociais adequados a diversidade de necessidades dos participantes da organização Aprimoramento a médio e longo prazo dos recursos humanos disponíveis, visando à contínua realização do potencial existente em posições mais elevadas na organização. Desenvolvimento organizacional. Meios e veículos de informação adequados às decisões sobre recursos humanos. Aplicação de estratégias de mudança visando à saúde e excelência organizacional Critérios de avaliação e adequação permanentes das políticas e dos procedimentos de recursos humanos ‘___________________ ‘_______________ Seleção. Higiene e segurança no trabalho. Critérios de seleção e Determinação da padrões de qualidade, sequencia ótima das Critérios de criação e grau de descentraliza- carreiras, definindo as desenvolvimento das ção das decisões alternativas de oportu- condições físicas amacerca da seleção de nidades possíveis den- bientais de higiene e pessoal, técnica de tro da organização. segurança que envolseleção vem os cargos. Integração. Avaliação de desempe- Relações sindicais Planos e mecanismos nho. (centralizados e Planos e sistemáticas Critérios e normas de descentralizados) de para continua avaliação procedimento sobre integração de novos da qualidade e relações com participantes ao am- adequação dos recursos empregados e biente interno da humanos. sindicatos. organização Quadro 01: Bases da política de recursos humanos Extraido de Chiavenatto (2005) Auditoria de recursos humanos. 25 2.1.4 - Bases da política de recursos humanos Algumas dessas bases da política de recursos humanos são comentadas neste capítulo, uma vez que elas têm influência direta sobre o problema estudado, que é o turnover. As políticas de provisão são relacionadas com as atividades de pesquisa de mercado, recrutamento e seleção de pessoas e integração ao ambiente organizacional. Dutra (2007, p.70) observa que o mercado de trabalho tem sido definido como o “conjunto de oportunidades de trabalho oferecidas pelas organizações e como o conjunto de pessoas dispostas a oferecer sua força de trabalho.” Tachizawa (2004), por sua vez, considera que o mercado de trabalho é o local onde está localizada a oferta de mão-de-obra. Este mercado pode estar ou não em equilíbrio, pois ele flutua em função do tipo de mão-de-obra procurada. Há situações em que há excesso de oportunidades e faltam candidatos em condição de preenchê-las e outras vezes há candidatos preparados e não existem oportunidades de trabalho. Carvalho e Nascimento (2005), considerando em termos de recrutamento e seleção, observam que "o mercado de trabalho é a fonte de onde afluem os candidatos ao preenchimento de vagas oferecidas pela empresa". Para que ocorra o preenchimento das vagas de uma maneira eficaz é realizado o processo de recrutamento. O recrutamento é constituído pelo conjunto de técnicas e procedimentos destinados a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização e é divulgado por um sistema de informação que chega ao mercado de recursos humanos (Chiavenato, 2005). Marras (2000, p.69) define o recrutamento como “todo processo que tem início a partir de uma necessidade interna da organização, no que tange à contratação de novos profissionais”. O recrutamento constitui um elo entre o ambiente externo e a organização e é o primeiro ponto de contato entre a empresa e o trabalhador; inclui um processo de busca de candidatos, visando o ajustamento do funcionário ao cargo, a organização do setor de trabalho e à chefia requisitante com quem irá trabalhar (DUTRA, 2010). Marras (2000) realça que o recrutamento de pessoal pode ser interno ou externo. O recrutamento interno é aquele que privilegia os próprios funcionários da 26 empresa; a divulgação é informada por meio de comunicação, memorando ou cartazes em todos os quadros de avisos da empresa, com as características exigidas pelo cargo, solicitando aos interessados que compareçam ao setor de RH para candidatar-se à posição oferecida ou enviar seus dados para análise. O recrutamento externo pode ser recomendado quando a empresa pretende ter pessoas novas, trazendo contribuições diferentes e escolhe entre os candidatos disponíveis que possam atender às suas necessidades. Já o recrutamento interno pode constituir um fator de estímulo para os funcionários, dando-lhes oportunidade de ascensão na carreira ou de troca de atividade dentro da própria empresa (DUTRA, 2010). As fontes de recrutamento são variadas e a empresa as seleciona em função de sua necessidade. Algumas dessas fontes são: bancos de dados da empresa, indicações feitas por funcionários ou por outras empresas, cartazes e avisos distribuídos em diferentes locais, como sindicatos, associações, escolas, universidades e mesmo headhunters (caçadores de talentos) (GIL 2001) Uma vez feito o recrutamento, o passo seguinte é a seleção. Para Lacombe (2005, p.79) "a seleção abrange o conjunto de práticas e processos usados para escolher, dentre os candidatos disponíveis, aquele que parece ser o mais adequado para a vaga existente". Gil (2001) chama a atenção para a importância de se definir critérios que sejam coerentes com as políticas da empresa, para que se possa fazer uma boa seleção, escolhendo a pessoa adequada para o cargo que deve ser preenchido. Tachizawa (2004, p.222) chama a atenção no sentido de que "[...] na fase de seleção, deve-se aplicar a técnica mais compatível com o tipo de mão de obra a ser recrutada, ou seja, as informações contidas na própria descrição de cargo e que constam do plano de cargos e salários da organização". Lacombe (2005) sugere os seguintes passos para se fazer a escolha adequada de funcionários para exercerem determinado cargo: •Entrevista na unidade de seleção, realizada com objetivo de observar o candidato e checar as informações contidas no currículo. • Informações fornecidas por pessoas confiáveis sobre a capacidade do candidato e sobre sua integridade. 27 •Testes que avaliem a competência técnica e profissional do candidato. •Testes psicológicos, destinados a avaliar as características de personalidade o raciocínio lógico, a linguagem, o controle emocional do candidato. •Dinâmica de grupo usada para observar as reações do candidato em situações sociais ou em situação simulada de trabalho. •Entrevista pelas chefias futuras, para que decidam entre candidatos qual o melhor para o cargo pretendido: •Informações de empregos anteriores •Informações cadastrais, que informem sobre possíveis restrições bancárias ou de crédito ou mesmo policiais. •Exame médico, que é obrigatório por lei antes da admissão. Além dessas técnicas sugeridas, é necessário considerar a cultura da empresa e a possibilidade de o candidato adaptar-se a ela, levando em conta seus valores e crenças. A importância dos processos de provisão de recursos humanos é realçada por Gil (2001 p.111), que faz as seguintes considerações: “Mesmo que o recrutamento e os procedimentos de seleção tenham sido feitos a partir de critérios adequados, não se pode, absolutamente, ter certeza de que a avaliação será satisfatória. O processo seletivo tenderá a apresentar grandes chances de adequação à medida que se tenha sido tecnicamente conduzido. E um ponto importante a considerado refere- se à avaliação do candidato”. Logo após o momento em que o candidato é selecionado deve ser realizada à integração na empresa, que é também chamada socialização organizacional. Este processo consiste em receber os novos participantes e integrá-los a cultura da organização, levá-los a conhecer as pessoas, assim como os objetivos, as normas, as práticas, os horários de trabalho, aquilo que é permitido e o que é proibido na empresa, a fim de que ele se comporte de maneira adequada às expectativas da organização (LACOMBE, 2005). Quando o empregado conhece os valores da empresa, se sente que foi aceito como membro da equipe é provável que suas atitudes com relação ao trabalho sejam mais positivas (PONTES, 2010). As políticas ligadas à aplicação de recursos humanos envolvem as atividades relacionadas a análise e descrição de cargo, planejamento e alocação de recursos humanos, plano de carreiras e avaliação do desempenho (PONTES, 2010). 28 A especificação do cargo é o relato dos requisitos, responsabilidades e esforços impostos ao ocupante do cargo que na opinião de Pontes (2010, p.84) os principais fatores de especificação de cargo são: o nível de instrução formal, os conhecimentos complementares exigidos para o cargo, a experiência do candidato, a responsabilidade por máquinas e equipamentos, materiais e também pela segurança de terceiros. A análise de cargos é a enumeração detalhada de tarefas e atribuições que compõem um cargo, tornando-o distinto de todos os outros, bem como dos requisitos qualificativos para exercê-lo. Segundo Gil (2001, p.175) a análise de cargos “é o estudo que se faz para obter informações sobre as tarefas ou atribuições de um cargo”. Com isso, Pontes (2010) afirma que os cargos-chave facilitam o processo de avaliação, por servir como base de comparação. Segundo Zimpeck (2004), cargos – chave: devem compreender salários que reflitam, tanto quanto possível, os vários níveis da estrutura em vigor, desde os inferiores até o extremo superior. Cuidados especiais devem ser tomados para acabar com salários tidos como incompatíveis com o padrão estabelecido na empresa. França (2010) afirma que para melhor avaliar os cargos, se faz necessário identificar os fatores relevantes para a análise. O objetivo dos fatores de avaliação consiste em estabelecer diferenças discerníveis entre determinado número de cargos e são fornecidos pela sua descrição e análise. A descrição de cargos significa relacionar desde o que o ocupante faz até o motivo por que faz, e um retrato simplificado do conteúdo e das principais responsabilidades do cargo. O seu formato inclui, o título do cargo, o sumário das atividades a serem desempenhadas e suas principais responsabilidades. A sua descrição relacionam de maneira breve as tarefas deveres e responsabilidades do cargo. A redução no número de cargos descritos, adotando-se maior generalidade nas descrições, evita que se engessem as pessoas nas limitações da função. Os cargos devem mostrar somente as “diretrizes gerais de trabalho” (WOOD e PICCARELLI, 1999: 62), tornando as funções mais abrangentes, de modo que deem espaço para a iniciativa das pessoas. Para Gil (2001, p. 175) a descrição de cargos “é a exposição ordenada das 29 tarefas ou atribuições de um cargo. Ela busca descrever o que o ocupante do cargo faz, como faz, por que faz”. É necessário descrever e analisar os cargos de modo que o ocupante possa desenvolver suas funções com conhecimento de seu ambiente de trabalho, compreendendo a importância destes processos. Para que se tenha uma adequada administração de profissionais é indispensável um planejamento de Recursos Humanos (FRANÇA 2010). O plano de recursos humanos, segundo Lacombe (2005, p.36), é o ponto de partida para que a empresa possa atingir seus objetivos e inclui o diagnóstico das políticas, práticas e decisões da empresa, bem como sua consistência e coerência e a forma como esses itens se encaixam no planejamento estratégico da organização. Como afirma Tachizawa (2004, p.197) "planejamento de carreiras é um processo continuo de integração entre o empregado e a organização visando a atender aos objetivos e interesses de ambas as partes". Decidir uma carreira não significa escolher somente a área de atuação profissional, mas optar por caminhos, ambientes e pessoas aproveitando as oportunidades que lhe são oferecidas. Cabe ao colaborador delinear sua carreira com base nas trajetórias, requisitos e critérios. Na opinião de Pontes (2010, p.337) "cabe à organização a responsabilidade pela definição de um plano de carreiras que, por trajetórias diversas, possibilite o crescimento e ascensão do colaborador. No entanto, carreira é decisão do colaborador". O colaborador pode ter seu crescimento profissional por meio de cargos compondo trajetórias de carreiras, pode também estar ligado aos segmentos de carreira, nesse caso o que irá contar é o potencial de cada indivíduo. Como enfatizam Carvalho e Nascimento (2004, p.235), os principais objetivos do plano de carreira são: • Propiciar carreiras compatíveis de acordo com as necessidades de mão- deobra definidas no planejamento de RH. • Permitir que os funcionários estejam motivados para o trabalho em face de ascensão que lhes é oferecida pela empresa. • Assegurar que política de formação e desenvolvimento de carreira seja transparente e dinâmica. 30 • Garantir que a direção da empresa possa utilizar o desenvolvimento de carreira como um instrumento efetivo de administração integrada. Com o plano de carreira, a empresa tem inúmeras vantagens. Graças a ele, os profissionais qualificados permanecem na empresa, pois os mesmos sentem-se atraídos pela real possibilidade de promoção, como também aumenta o nível de motivação devido à perspectiva de progresso, além disso, diminui os erros nas promoções e facilita para a organização na identificação de talentos profissionais. É importante também na melhoria dos processos e na identificação de talentos profissionais que a organização tenha políticas para avaliar o desempenho dos profissionais (TACHIZAWA 2004). A avaliação do desempenho é o processo de avaliar o comportamento do ocupante do cargo em busca de melhorar os resultados e aprimorar o conhecimento e habilidades dos recursos humanos da organização e também prever posicionamentos futuros, considerando o potencial humano disponível em seus quadros. A avaliação do desempenho pode colaborar na determinação e no desenvolvimento de uma política adequada de RH às necessidades da organização (GIL 2001). Segundo França (2010, p.116) "a avaliação do desempenho dentro das empresas tem como meta diagnosticar e analisar o desempenho individual e grupal dos funcionários, promovendo o crescimento pessoal e profissional, bem como melhor desempenho". Isto significa que ela é um meio que permite aos administradores mensurar os resultados obtidos por um empregado ou por um grupo, em período e áreas específicas (MARRAS, 2000). A organização deve determinar quem são os responsáveis pela avaliação, como coloca o autor abaixo: “Conforme a política de RH adotada pela organização, a responsabilidade pela avaliação do desempenho das pessoas pode ser atribuída ao gerente, ao próprio individuo e seu gerente, à equipe de trabalho, ao órgão de Gestão de Pessoal ou a uma comissão de avaliação do desempenho (CHIAVENATO, 2005, p.260)” Cada uma dessas alternativas envolve uma filosofia de ação, trata-se de um conjunto de técnicas visando a obter e analisar informações que possibilitem estimar a 31 qualidade da contribuição prestada pelo empregado à organização. Com os programas de treinamento torna-se possível identificar as causas de eventuais deficiências e os meios de superá-las, e também examinar os aspectos positivos de cada funcionário, a fim de maximizá-los, incentivando o potencial de crescimento. Tachizawa (2004) define os principais objetivos da avaliação do desempenho como adequação do indivíduo ao cargo, identificação das necessidades de treinamento, promoções, incentivo salarial ao bom desempenho, melhoria do relacionamento entre supervisores e liderados, autodesenvolvimento. As políticas de manutenção são aquelas destinadas a manter o ambiente de trabalho sadio, para que as pessoas desenvolvam suas atividades motivadas e sob a influência de clima organizacional adequado. Essas políticas incluem: a administração de salários, higiene e segurança, manutenção das relações sindicais. A administração de salários é constituída pelo conjunto de normas e procedimentos que visam estabelecer ou manter estruturas de salários eqüitativas e justas na organização. Seus objetivos principais são: estabelecer padrões de remuneração a todos os colaboradores, de acordo com as condições do mercado de trabalho, reconhecer e premiar os colaboradores conforme seu desempenho, recrutar e conservar pessoas competentes e manter as despesas salariais com a finalidade de se fazer o acompanhamento e controle (CARVALHO e NASCIMENTO, 2004). Marras (2000, p.120) observa que, para tratar assuntos relativos a salários, a empresa adota uma política salarial, que "é o instrumento pelo qual a empresa determina os parâmetros que deseja imprimir, fixando condições e normas a serem seguidas ao longo de toda a estrutura organizacional". Através dessa política salarial são monitorados a estrutura de cargos e salários, os salários de admissão e a previsão dos reajustes salariais. Quando a organização adota uma política salarial eficaz, torna-se possível a ascensão profissional dos colaboradores de acordo com sua capacidade e o seu desempenho, ou seja, as pessoas são remuneradas conforme seu rendimento no trabalho. Lacombe (2005) considera que os benefícios sociais constituem remuneração indireta, independente do cargo. Na realidade são benefícios sociais, vantagens e 32 serviços destinados a agradar os trabalhadores e poupar-lhes esforços e preocupações. Quando a empresa dispõe de um programa de benefícios que atende às necessidades dos trabalhadores e os torna mais produtivos, os objetivos organizacionais são atingidos e a competitividade no mercado é garantida. Por outro lado, quando a empresa investe nos funcionários, assegurando-lhes melhor qualidade de vida, assistência médica, alimentação, ela constrói uma imagem positiva diante da sociedade (MARRAS, 2000). Há benefícios espontâneos e compulsórios. Os espontâneos são concedidos por decisão das empresas, visando a atrair novos recursos humanos ou manter os que já estão na empresa. Geralmente, são vantagens como assistência médica, clube para empregados, festas comemorativas para funcionários e filhos, entre outros. Os benefícios compulsórios são aqueles que a empresa concede aos seus empregados em atendimento às exigências da lei ou de normas legais como acordos ou convenções coletivas de trabalho, tais como: complemento de auxílio a doença, 13° salário, salário família, férias regulamentares, licença maternidade. A higiene e segurança no trabalho têm como objetivo garantir bem estar e condições de saúde adequadas aos funcionários. Dutra (2010) considera que a higiene do trabalho refere-se ao conjunto de normas e procedimentos que priorizam a integridade física e mental do trabalhador. Logo, são medidas técnicas, educacionais, psicológicas, empregadas com intuito de prevenir acidentes e também eliminar riscos no ambiente de trabalho. Já a segurança no trabalho diz respeito à prevenção de situações que possam prejudicar o trabalhador, tais como acidentes, roubo e incêndios no local de trabalho. A prevenção de acidentes é garantida por um órgão denominado CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). A prevenção de roubos pode ser garantida ou minimizada por esquemas de vigilância e a prevenção de incêndios pode ser assegurada pela divulgação de métodos mais eficazes de combate. Tachizawa (2004, p.228) observa que "Criar e manter um ambiente de trabalho seguro e saudável é fundamental para as empresas que zelam pela sua imagem e preocupam-se com os crescentes custos decorrentes dos acidentes de trabalho e das 33 doenças profissionais". Este autor considera que a higiene e segurança no trabalho incluem: • Eliminação ou minimização de fatores que propiciem o surgimento das doenças profissionais. • Redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho. • Prevenção de doenças, lesões ou deficiências apresentadas pelos empregados. Os sindicatos são órgãos de representação dos trabalhadores e as relações trabalhistas envolvem questões ligadas ao relacionamento com esses organismos, como observa Dutra (2010). Lacombe (2005) considera que os sindicatos procuram reivindicar melhores condições de trabalho, remunerações e benefícios melhores e outros direitos do trabalhador e realça que quando a empresa remunera bem seu pessoal e proporciona condições de trabalho seguras em um ambiente adequado, ela tem condição de atrair os funcionários mais capazes e obter maior produtividade. As Políticas de desenvolvimento de Recursos Humanos são aquelas que se dedicam a melhorar o desempenho do trabalhador, oferecendo-lhe o preparo para o desempenho das atividades atuais ou das atividades futuras. Nesse sentido, essas políticas estão voltadas para a carreira e incluem programas de mudança visando à melhoria tanto do funcionário quanto da organização. Entre as políticas de desenvolvimento distinguemse especialmente duas: o treinamento e o desenvolvimento de pessoas. Segundo França (2010, p.88) "treinamento é o processo sistemático, para promover a aquisição de habilidades, regras, conceitos e atitudes que busquem a melhoria da adequação entre as características dos empregados e as exigências dos papeis funcionais". Lacombe (2005), por sua vez, considera que o treinamento diz respeito a qualquer atividade que contribua para tornar uma pessoa apta a exercer sua função ou atividade, aumentando sua capacidade para as atuais ou preparando-o para novas funções. Logo, os dois autores realçam o treinamento como o recurso que a organização utiliza para assegurar que o desempenho do trabalhador o torne mais qualificado para assegurar o alcance dos objetivos organizacionais tanto no presente quanto no futuro. Tachizawa (2004) considera que os objetivos do treinamento são os seguintes: 34 a) preparar as pessoas para a execução imediata das diversas tarefas próprias da organização; b) dar oportunidades para o desenvolvimento pessoal, tanto no cargo ocupado no momento como em outros que o sujeito venha a exercer; c) mudar a atitude das pessoas, a fim de criar um clima mais satisfatório caracterizado pela motivação elevada e receptividade às técnicas de supervisão e gestão. Para Borges-Andrade e Abbad (2003), entre os propósitos do treinamento, destacam-se a identificação e superação de deficiências nos desempenhos, a preparação de empregados para novas funções e o retreinamento de adaptação de mão-de-obra na introdução de novas tecnologias. Treinamento é entendido como desenvolvimento sistemático de padrões comportamentais de conhecimentos, habilidades e atitudes, necessários ao desempenho adequado de uma tarefa ou trabalho (LATHAM, 1988). Para Abbad (1999); clima ou suporte à transferência de treinamento é, sem dúvida, um componente crítico no estudo das variáveis que afetam a eficácia de programas instrucionais. Seguindo a recomendação de Abbad et al. (2003), um aspecto da categoria características do treinamento, relacionado ao uso das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs), é analisado: a interface gráfica do curso. Tratase do estudo do meio disponibilizado ao aluno para que adquira novos conhecimentos. Mostra-se de grande importância para os avanços em TD&E, por ser um elemento de mediação do ensino pela Internet. O desenvolvimento de recursos humanos está voltado para a manutenção de estratégias que visem alinhar os objetivos pessoais com os objetivos organizacionais e geralmente ultrapassa o que constitui o papel do treinamento. Tachizawa (2004, p.219) realça que o desenvolvimento "[...] representa um conjunto de atividades e processos cujo objetivo é explorar o potencial de aprendizagem e a capacidade produtiva do ser humano nas organizações". Nesse sentido, o programa de desenvolvimento vai além do cotidiano da empresa e, com base no potencial dos trabalhadores, investe em ações ainda não executadas, em objetivos que podem vir a ser alcançados pela organização. Dutra (2007) também defende este ponto de vista, considerando que o desenvolvimento constitui a oportunidade oferecida pela empresa para que o funcionário desenvolva e 35 aperfeiçoe seu lado profissional e pessoal, vindo a tornar-se uma mão-de-obra mais produtiva, satisfatória e saudável. Logo, enquanto o treinamento se ocupa de educar o profissional a fim de adaptá-lo aos elementos essenciais para o exercício de um cargo, o desenvolvimento é voltado para cargos que virão a ser criados, para funções que ainda não existem ou que podem vir a ser ampliadas e se detém em novas habilidades que podem ser adquiridas pelos trabalhadores. Tanto existe o desenvolvimento pessoal, que é tratado pela gestão de pessoas, quanto o desenvolvimento organizacional, que envolve todos os sistemas da organização, mas que depende muito das pessoas. Uma das temáticas que mais tem despertado atenção dos gestores de pessoas tem sido a inovação que deve ser proporcionada pelos programas de desenvolvimento e educação, nas organizações. As práticas de inovação, na maioria, provocam mudanças de pequeno e grande impacto nas organizações, algumas estão mais focalizadas nos processos de produção, enquanto outras como a gestão da qualidade total tendem a provocar maior impacto em toda a organização, (BORGES, ANDRADE e ABBAD 2006 p. 67). As políticas de monitoração de recursos humanos abordam os bancos de dados e os sistemas de informação utilizados pelos gestores de pessoas. Essas políticas estão associadas ao comportamento no trabalho e ao desempenho das atividades de cada cargo ou função e incluem o Banco de dados e sistema de informações e a Auditoria de Recursos Humanos. O banco de dados é constituído por um sistema de armazenamento e acumulação de dados que são codificados e ficam disponíveis para o processamento e obtenção de informações. Todas as informações referentes ao pessoal que trabalha na organização, assim como daquelas pessoas que se candidatam aos cargos para os quais em algum momento se efetivou o recrutamento fazem parte do banco de dados e constituem um importante subsídio no momento de tomada de decisão sobre quem contratar, quem promover, para quem sugerir um treinamento e mesmo quem apresenta características que sugerem um processo de demissão. Robbins (2005, p.152) valoriza o banco de dados, observando que: "quando os dados são analisados e processados, tornam-se importantes informações para o uso da 36 gerência". Por sua vez, Lacombe (2005) realça que o sistema de informações gerenciais (SIG), é um sistema organizado e integrado de geração, processamento, armazenamento e comunicação de dados e informações que é repassado aos diversos níveis da administração, para efetivação da função gerencial. Concluindo, pode-se dizer que um sistema de informação é, por definição, um sistema por meio do quais os dados são obtidos, processados e transformados em informações, de forma esquematizada e ordenada. Desse modo, eles se prestam para a tomada de decisão sobre as pessoas. A auditoria de recursos humanos é o processo destinado a acompanhar o desenvolvimento das políticas da organização, identificando as falhas, buscando solução para os problemas e evitando que novas dificuldades se apresentem. De certa forma, a auditoria de RH mostra como um sistema está funcionando, avalia as práticas, identifica problemas e busca soluções. Dutra (2007) considera que a auditoria de recursos humanos pode ser definida como a análise das práticas e políticas de pessoal de uma organização, e avaliação do seu funcionamento atual, seguida de sugestões para melhoria. Ele realça, ainda que ela tenha o propósito de mostrar como um programa está funcionando, localizar praticas e condições que são prejudiciais à organização, ou que não justificam seu custo, além de sugerir práticas e condições que devem ser acrescentadas. Tendo em vista os objetivos descritos, a auditoria de recursos humanos deve ser feita com freqüência, para que sejam identificadas as falhas e corrigidos os problemas organizacionais no tocante à gestão de pessoas. 37 2.2 - Turnover A ausência dos trabalhadores devidamente preparados, assim como sua substituição, trazem problemas para a empresa, afetando sua produtividade e comprometendo sua competitividade. Elevados índices de turnover constituem um dos problemas sérios que se apresentam aos gestores e que precisam ser superados. 2.2.1 Conceito e caracterização O turnover é um tema inserido no campo dos estudos denominado comportamento organizacional e caracteriza o movimento de entrada e saída de colaboradores empregados pela empresa em um determinado período. Este movimento pode ser espontâneo ou provocado pela empresa (SARSUR, 2004). Mobley (1992) define o turnover como “a suspensão da condição de membro de uma organização por parte do indivíduo que recebia compensação monetária desta”. Para este autor, o elemento chave dessa conceituação é a suspensão da condição de membro ou o desligamento da organização, não havendo a preocupação com aspectos como o ingresso, a transferência ou a movimentação interna de um membro dentro da organização. O foco está, portanto, naquele empregado que recebe pagamento (compensação monetária) da organização devido à sua condição de membro dela. Para melhor entendimento, é oportuno lembrar que a rotatividade de funcionários pode ocorrer em duas modalidades: a primeira, quando o agente decisor é a empresa ou um representante dela. Neste caso, o gestor é quem toma a decisão de desligamento, a segunda é a modalidade em que a saída do trabalhador é decidida por ele mesmo, quando resolve se desligar da empresa. Mark (1995) vê a rotatividade como uma escolha variável das empresas entre empregados e os salários, benefícios e as condições de trabalho. Para Pomi (2005), a rotatividade pode estar relacionada diretamente às funções, às atribuições do setor responsável pelas relações humanas - RH e à falta de critérios de avaliação da qualidade, de processos e serviços deste setor. 38 Nesse caso, as falhas do setor determinam deficiências na contratação; falta de acompanhamento durante o processo de aculturação; falta de conhecimento e encaminhamento quanto às insatisfações com as lideranças; falta de investimentos em Treinamento e Desenvolvimento (T&D); falta de um plano estratégico de identificação e retenção de talentos, entre outros. A redução dos quadros de pessoal significa a perda de conhecimento, do capital intelectual, que tem domínio dos processos. Quando ocorre o turnover, a empresa perde seus talentos, suas operações desequilibram-se, seus clientes ficam confusos. Este conjunto de fatores acaba proporcionando vantagens aos competidores, pois o mercado absorve os profissionais treinados e qualificados (RAMOS e CARNEIRO, 2002). A alta rotatividade é sinônima de: perda de produtividade, perda de lucro e de saúde organizacional. Ela se reflete na motivação das pessoas, no comprometimento, e gera mais absenteísmo, mais rotatividade, interferindo até mesmo exteriormente à empresa, como na credibilidade junto aos clientes (POMI, 2005). Os custos com Turnover envolvem uma extensa trajetória de procedimentos a serem desenvolvidos pelo setor de recursos humanos, provocando um custo alto para os profissionais da área e demais envolvido (MOBLEY, 1992). Os dispêndios monetários que se fazem necessários para suprir os gastos com treinamentos, queda de produção e qualidade, são acrescidos ao montante levantado por ocasião dos cálculos rescisórios. Dessa forma, todos os procedimentos adotados contribuem para a elevação do preço dos produtos e serviços, para redução da lucratividade ou da competitividade (SARSUR, 2004). É fundamental ter-se uma preocupação com a taxa de turnover, pois seus impactos são diretos sobre os resultados da empresa e a satisfação de trabalhadores. Assim, o ideal é que o turnover de uma empresa se mantenha em um índice apenas necessário para que haja renovação saudável do corpo profissional (POMI, 2005). Os funcionários motivados tornam bom o clima do ambiente de trabalho. Para a empresa manter e reter seus talentos, ela precisa trabalhar o desenvolvimento 39 psicológico de seus colaboradores, capacitá-los, oferecer incentivos, assegurar um clima organizacional favorável e liderar com responsabilidade. As relações humanas se constituem em um processo de integração de indivíduos numa situação de trabalho, de modo a fazer com que os trabalhadores colaborem com a empresa e até encontrem satisfação de suas necessidades sociais e psicológicas nelas. (GIL, 1991). Ferreira e Freire (2001) consideram que o enfrentamento da rotatividade impõe que se busque reconceber o trabalho e a lógica de atendimento, fundamentando-os nas necessidades, objetivos e expectativas dos funcionários e usuários; e também promover melhoria nas condições e relações de trabalho existentes. Alguns trabalhos têm sido produzidos nos últimos anos sobre a questão do turnover e a busca do assunto nos sites especializados apresentou as produções apresentadas no próximo tópico desta dissertação. Burgess (1999), Souza-Poza e Henneberger (2004) se detiveram na análise dos painéis transnacionais sobre turnover utilizando estudos desenvolvidos na França, Japão, Holanda, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos e concluíram que não há diferenças estruturais no turnover entre os países pesquisados e que o fenômeno é diretamente proporcional ao aumento da oferta de empregos e inversamente proporcional às taxas de desemprego, ou seja, a incidência do turnover efetivo aumenta onde há maior oferta de emprego. Visando levantar os efeitos das regulamentações do mercado de trabalho no turnover, Burgess (1999) utilizou os dados coletados em doze países da União Européia, nos períodos de 1982-83 e 1987-88 e concluiu que há claras relações entre as regulamentações e a estabilidade no emprego, bem como uma relação entre a estrutura industrial do país e sua situação macro-econômica com o processo de turnover. Burguess (1999) utilizou dados de nove países – Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grã Bretanha, Holanda, Itália, Japão e Suécia, tentando isolar os fatores de turnover de cada país e colocando ênfase na legislação e no treinamento da força de trabalho. O autor concluiu que existe uma relação entre a legislação trabalhista e a velocidade de recolocação no trabalho. 40 Já os estudos feitos por Sousa-Posa e Henneberger (2004), considerados os mais completos sobre o assunto, tiveram como objetivo analisar as intenções de turnover e concluíram que existem três grandes categorias de determinantes de turnover, contendo as seguintes variáveis: a) Características demográficas: sexo, idade, estado civil, entre outras; b) Características do trabalho: horas trabalhadas, empregado do setor público, posição hierárquica, flexibilidade de horários. c) Características subjetivas: satisfação no trabalho, segurança no trabalho, oportunidades de crescimento profissional, oportunidades no mercado de trabalho e orgulho da organização. Outro estudo transnacional foi realizado pelo International Social Survey Program (ISSP) desde 1985. Nos dados referentes a 1997, num estudo referente a “Orientações de Trabalho”, foram cobertos assuntos como organização do trabalho, interesses coletivos, conteúdos do trabalho e empregos secundários. Os resultados dessa pesquisa transnacional indicaram que há um índice mais elevado de intenções de turnover no Canadá (17%), Estados Unidos (14,3%) e Grã-Bretanha (14,3%). Baixos índices de intenções de turnover foram encontrados no Japão (1,8%), Espanha (3,0%) e em vários países da Europa Oriental. Os estudos transnacionais feitos por Mobley (1992), considerado o mais detalhado, sugere a existência de quatro determinantes básicos das intenções de sair e do subsequente Turnover: 1. Satisfação-insatisfação no cargo; 2. Utilidade expectada de papéis profissionais internos alternativos; 3. Utilidade expectada de papéis profissionais externos à organização; 4. Valores e contingências não ligados ao trabalho. 2.2.2 - Fatores relacionados ao turnover Analisando a produção científica sobre o tema e levando em conta a experiência do autor como especialista em Administração de Recursos Humanos, foram identificados 41 alguns fatores que complementam o suporte teórico para o estudo desenvolvido nesta dissertação. O turnover de funcionários tende a ser consequência de vários possíveis motivos influenciadores a essa situação tais como: o absenteísmo, a política salarial, a política de benefícios, a carreira e seu progresso e o ambiente de trabalho. A seguir, tais aspectos são abordados. Absenteísmo Este termo originou-se da palavra “absentismo”, procedimento aplicado aos proprietários rurais que abandonavam o campo para viver na cidade. No período industrial, esse termo foi aplicado aos trabalhadores que faltavam ao serviço (QUICK LAPERLOSA, 1982). A Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e do Trabalho (1997) define absenteísmo como incapacidade temporária, prolongada ou permanente para trabalhar, em resultado de doença ou de enfermidade. O absenteísmo trabalhista é o não cumprimento, por parte do trabalhador, da jornada trabalhista tanto por atrasar sua entrada ou adiantar sua saída diária, como por não fazer o trabalho numa jornada completa ou em várias. Assim, o absenteísmo trabalhista implica, necessariamente, em ausência do trabalhador, e independe da justificativa apresentada. O absenteísmo trabalhista é definido como: “toda a ausência de uma pessoa do seu posto de trabalho, nas horas que correspondam a um dia de trabalho, dentro da jornada legal de trabalho”. Portanto, a ausência nas férias ou em dias festivos não é absenteísmo (MALLADA, 1996). Quick e Lapertosa (1982) consideram o absenteísmo ou ausência no trabalho como um fenômeno multifatorial e o classificam como: a) absenteísmo voluntário, devido a razões particulares, decorrentes do adoecimento do trabalhador, de patologia profissional ou de acidentes de trabalho; 42 b) absenteísmo “legal”, quando se refere à faltas amparadas por lei, como gestação, morte, casamento, doação de sangue e serviço militar; c) absentismo compulsório, quando ocorre suspensão imposta pelo patrão, prisão ou outro motivo que impede o comparecimento ao local de trabalho. O absenteísmo no trabalho é uma das formas de os trabalhadores externarem a insatisfação com as relações de trabalho. Nascimento (2003) diz que o absenteísmo é a falta do trabalhador em seu emprego, quando se esperava a sua presença. Partindo-se da premissa de que é através do trabalho desenvolvido pelas pessoas, que se alcançam os resultados propostos pela empresa, entende-se que o absenteísmo é, essencialmente, um problema de gestão, cabendo à gerência o acompanhamento e o monitoramento da assiduidade de seus trabalhadores. Existem as ausências previstas e as não previstas. As previstas são aquelas de direito do trabalhador, podendo ser planejadas com antecedência, como férias, folgas e feriados. São exemplos dessa prática as faltas abonadas e justificadas, licenças médicas, licença maternidade e paternidade, acidente de trabalho e outras licenças amparadas por Lei (NASCIMENTO, 2003). As faltas não previstas são as que, efetivamente, caracterizam o absenteísmo, pois seu caráter é imprevisível. Para Mcdonald e Shaver (1981) as causas das ausências não previstas podem ser classificadas em três categorias: intrínsecas, extrínsecas e de personalidade. As causas intrínsecas, que estão relacionadas à natureza e às condições do trabalho, refletem a satisfação do trabalhador em relação aos seguintes fatores: o trabalho em si; a supervisão ineficiente; a falta de controle e sobrecarga de trabalho e exaustão física. As causas extrínsecas, relacionadas às políticas de pessoal da organização, são as seguintes: politicas condolentes com as faltas; politicas liberais em fornecer licença de saúde; falta de canais de comunicação da administração. falta de seleção, treinamento e orientação adequados; falta de perspicácia em alocar o funcionário em setores apropriados; baixos salários e más condições de trabalho. 43 As causas que são relacionadas à personalidade dizem respeito ao comportamento do trabalhador e são as seguintes: a) Empregados que criam conflitos entre os membros dos grupos; b) Personalidade mais propensa às faltas como: hipocondríaco, imaturo, fugitivo, abusivo e desmotivado e problemas pessoais relacionados ao abuso de álcool e drogas. Os fatores desencadeantes do absenteísmo são classificados em três tipos, segundo Meira (1982): a) Fatores naturais, como condições climáticas e epidemiológicas; b) Fatores socioeconômicos como conjuntura econômica, sexo, idade, estado civil, categoria, tempo de empresa, condições de trabalho e nível salarial e; c) Fatores inerentes à própria empresa, isto é, sua política pessoal, porte, supervisão, chefia e benefícios implantados nas áreas de assistência médica, condução e alimentação. No Brasil, o absenteísmo tem preocupado muito os gestores em vários segmentos empresarias. Devido à sua repercussão e abrangência, gera prejuízo na forma de desenvolvimento do trabalho, no aumento dos custos de produção e da previdência social. As características do trabalho têm sido consideradas como um significante fator para satisfação do trabalhador, capaz de reduzir as taxas de absenteísmo e rotatividade, aumentar a produtividade, melhorar a moral, a motivação e o desempenho dos trabalhadores, e ainda auxiliar no recrutamento, na base de conhecimento e técnicas de trabalho (SANTANA, 1996). Política Salarial A política salarial é constituída por um conjunto de normas e procedimentos que visam a estabelecer e ou manter estruturas de salários equitativas e justas em relação aos salários dos diversos cargos de uma organização. 44 Na política salarial serão analisados os documentos formais de recursos humanos, as planilhas nas quais constam os históricos das alterações salariais, como ocorreram as mudanças e quais os aspectos considerados para a alteração dos salários. Lacombe (2005) afirma que a remuneração é a soma de tudo que é periodicamente pago aos empregados por serviços prestados: salários, gratificações, bem como todos os benefícios financeiros ou de recompensa oferecidos ao colaborador, como prêmio por produtividade, participação nos resultados e operações de compra de ações, entre outros. A remuneração é o ponto alto da relação das pessoas com a organização. Dependendo do composto de remuneração, a organização poderá ou não obter os resultados esperados. Ela também é conceituada por vários autores como o fator determinante do reconhecimento dado pela organização aos seus empregados e dos empregados à organização, sendo uma “via de mão dupla”. Os autores Milkovich e Boudreau (2002) abordam a remuneração total como forma de atingir os objetivos organizacionais e esses autores ainda concluem que é fundamental conhecer as decisões sobre a política de remuneração como forma eficaz de atingir os objetivos dos sistemas de pagamento salarial. A remuneração pode ser vista sobre a ótica de crescimento profissional, deve servir como instrumento de motivação para os empregados que fazem algo mais do que aquilo para os quais foram contratados. Segundo Daft (2005) a estrutura de compensação de uma organização inclui ordenados e/ou salários e benefícios. Segundo Gasparini (1996), a formalidade do emprego consolidado na revolução industrial, com horários, salários, e funções bem definidas cede lugar à informalidade e à flexibilidade das tarefas, jornadas de trabalho e condições de trabalho. A flexibilidade que as organizações possuem reflete-se na remuneração dos colaboradores e a ausência de uma política salarial eficiente contribui para as altas taxas de turnover. O salário, segundo Aquino (1996), tem uma conotação emocional muito grande. Pelo dinheiro recebido, o empregado costuma fazer uma avaliação do próprio eu e de seu valor profissional. Existem várias formas de recompensar as pessoas, a remuneração 45 fixa ainda predomina, mas já existem outras formas mais modernas de remuneração, são conhecidas como remuneração variável, por competência, por metas, distribuição de lucros entre outras. Segundo Flannery (1992) todos nós temos necessidades básicas de alimentação, educação, habitação, saúde e transporte. Cabe porém, ao empresário, assim como aos profissionais de recursos humanos, terem uma visão mais ampla no sentido de procurar satisfazer as aspirações de seus funcionários do ponto de vista profissional, político, social, cultural e econômico. A questão salarial torna-se mais um fator importante na rotatividade de funcionários. As pessoas desenvolvem funções em seus cargos que, uma vez definidos devem ser remunerados adequadamente ao seu desempenho. Organizações que não valorizam seu pessoal financeiramente obtêm alta rotatividade de funcionários. Segundo Desller (2003), hoje em dia muitos funcionários não ganham apenas um salário ou remuneração por hora, mas recebem também algum tipo de incentivo. Para Rosa e Silva (2001), as organizações devem manter-se informadas a respeito da competitividade salarial e a oferta e demanda, em categorias ocupacionais específicas. O salário é parte integrante do processo estratégico, pois garante a produz tividade da organização e deve ser visto como uma ferramenta eficaz de trabalho, pois é o fator que motiva e mantem as pessoas no trabalho. Portanto, não deve ser visto como uma despesa sem retorno, mas sim como um investimento ligado ao sucesso da organização em longo prazo. Flannery (2002) afirma que, em muitas empresas, infelizmente, nem todos concebem o salário como um investimento. Os gerentes que constantemente insistem na mensagem de melhorar a velocidade, a eficácia, a qualidade, estão entre os primeiros a adotá-la. Mas, geralmente a alta gerência que permanece concentrada no corte de custos e no aumento de lucros tem maior dificuldade em ver os salários como algo a mais do que uma despesa redutora. 46 Política de Benefícios É cada vez mais notório que os benefícios cresçam em sua importância e contribuição nos sistemas de pagamento de uma empresa, principalmente nos últimos anos, em função do reconhecimento dos funcionários e pelos altos custos. Segundo Milkovich e Brodeau (2000), a remuneração fora do trabalho, pagamento de seguros, assistência médica, serviços aos empregados e etc, são aspectos indiretos da remuneração total do funcionário e considerados, pelos autores, como benefícios. Ressaltam ainda que estes benefícios têm de atender a três objetivos: competitividade, custo/beneficio, e atendimento da legislação, escolhas que levam em conta o indivíduo, observando suas necessidades e preferências. Sabe-se, inclusive, que os benefícios podem auxiliar e potencializar o desempenho, solidificar a cultura organizacional, apoiar as mudanças comportamentais e a diversidade no ambiente de trabalho e retirar barreiras ao desempenho e à produtividade (FLANERRY et al, 2002). As políticas de benefícios são remunerações indiretas e não se relacionam diretamente ao desempenho. Incluem seguro, garantia, folga e benefícios de horários, além de serviços educacionais, financeiros e sociais (DAVIS e NEWSTROM, 1992). Hoje em dia, para as empresas manterem os seus colaboradores, buscam cada vez mais se diferenciar por meio dos benefícios oferecidos. Não é somente os salários que estão em pauta, às organizações entenderam que podem oferecer benefícios e incentivos para reter os trabalhadores, sendo que uns são obrigatórios e outros não, assim o funcionário pode até escolher o que mais lhe agradar ou estiver de acordo com as necessidades. De acordo com Marras (2000), os benefícios são um complemento salarial que devem atender aos objetivos da empresa e dos funcionários. Mas o empregador não pode esquecer-se de manter o equilíbrio do custo do benefício com a oferta de mercado. Para que os benefícios façam diferença na retenção do trabalhador é preciso saber o que pensa e como vive o seu funcionário; quais são suas deficiências, quais são seus 47 pensamentos sobre saúde e qualidade de vida, o que ele almeja como futuro dentro da organização. A participação nos lucros é usada com frequência para motivar seus colaboradores e assim fazer a empresa atingir seus resultados pré-determinados aumentando os resultados da empresa através do comprometimento dos empregados. Os funcionários, em sua maioria, vem entendendo e percebendo os benefícios como fonte de segurança em relação ao seu futuro e de sua família tende a desenvolver sua responsabilidade e tarefas com mais afinco e eficiência além de serem mais facilmente fidelizados pelo empregador (DAVIS e NEWSTROM, 1992). Gerenciar os benefícios de maneira estratégica é o grande desafio, pois devem ser atendidas as expectativas tanto da empresa quanto dos funcionários. A busca pelo preenchimento deste espaço exige benefícios claramente definidos e reconhecimento da complexidade de sua gestão assim como sua importância. Carreira e progresso na carreira Na década de 1960, com o incremento da complexidade técnica das empresas e do estímulo à reflexão sobre modos de vida, surgiram as primeiras preocupações com o tema carreiras (VELOSO e DUTRA, 2010). O tipo de carreira que era ascendente, desenvolvido numa única organização, representando uma noção de emprego tradicional, tornou-se durante muito tempo a forma mais difundida entre os trabalhadores, inserindo-se na lógica do sistema de produção fordista como mostra Suarez e Tomei (2007, p. 1). Nesse passado recente, “as relações de trabalho entre empregado e empregador eram caracterizadas por alguns princípios básicos, que implicavam principalmente um emprego de longo prazo, pontuado por promoções ao longo da hierarquia de cargos e salários”. Muitas empresas ainda não se deram conta de que o principal desafio nesse início de milênio é investir nas pessoas, em seus ativos intangíveis. O foco deixou de ser a máquina “e passou a ser gente”, sendo que o enquadramento nessa nova realidade fará a maior diferença competitiva entre organizações, daqui para frente. 48 Diante desta situação, faz-se necessário olhar os funcionários como investimento e não como despesa, uma vez que a estratégia deve ser firmada nos relacionamentos, seja no ambiente corporativo, com os clientes ou no mercado como um todo. Segundo Lucena (1991), os planos de carreira são estabelecidos a partir dos interesses e expectativas do indivíduo. Cappelli (2008) faz uma abordagem absolutamente conservadora em relação a atividades de desenvolvimento, particularmente para níveis gerenciais, apontando um modelo que chama de talentos-on-demand, uma espécie de Just in time para reposição de pessoal. Cabe questionar tal filosofia diante das inúmeras dificuldades de captação de pessoal hoje enfrentada pelas empresas. Entretanto, Dutra (2007) afirma que as organizações complexas e modernas enfrentam um momento marcado por mudanças aceleradas na tecnologia, na gestão e nos valores sociais. Motta (2006) apresenta os valores contemporâneos que funcionam como moldura das carreiras, isto é, aos poucos se tem rompido com toda a construção do século XX sobre interação humana no ambiente de trabalho e cooperação do empregado com a empresa. Ser menos leal à empresa e mais a si próprio é uma importante conotação da carreira gerencial contemporânea. Ainda na opinião de Motta (2006), foi a perda do apoio coletivo que fez a carreira ser individualizada, o que é entendido como a ampliação da possibilidade de decidir sobre o próprio destino com a menor influência possível de outros atores. A nova concepção da administração de carreiras, em função das estruturas e estratégias organizacionais predominantes, tem variado tanto em âmbito teórico quanto em sua aplicação nas empresas (DUTRA, 2007). Nas organizações em que prevalecem estruturas mais hierarquizadas e maior rigidez organizacional, a carreira é entendida como vinculada a uma estrutura e cabe à empresa definir suas necessidades de quadro e fazer a alocação de recursos, com base em esquemas de mobilidade e fazendo o gerenciamento simbólico do nível de comprometimento de seu pessoal. 49 Harrington e Hall (2007) consideram que, como nos dias de hoje a carreira significa ter um contrato mais consigo mesmo do que com uma organização, é essencial que sejam desenvolvidas as competências necessárias tanto para uma carreira assim como para uma vida balanceada. Para tanto, torna-se fundamental o autoconhecimento, o que inclui compreensão do histórico de experiências, valores, interesses e estilo de vida preferido, objetivos e visão pessoal e inventário de habilidades. O desenvolvimento de carreira na organização passa pelo caminho da valorização, em que o colaborador é atraído pelas condições de trabalho que fazem parte de um contexto maior no qual devem ser levados em conta os objetivos da empresa alinhados aos seus objetivos profissionais. A oportunidade de progresso é o processo pelo qual uma pessoa seleciona metas de carreiras e a trajetória para alcança-las. O desenvolvimento de carreira é a melhoria gradativa que uma pessoa empreende a fim de realizar um plano de carreira pessoal. Ambiente de trabalho A satisfação dos colaboradores no ambiente de trabalho está sendo considerada fundamental nas organizações bem-sucedidas. De acordo com essa constatação, desenvolver pesquisas que possibilitem identificar o grau de satisfação dos clientes internos de uma organização é um aspecto de extrema relevância. Isso porque se torna possível estabelecer os fatores determinantes dessa satisfação, além de identificar oportunidades de melhoria das condições de trabalho implicadas na redução dos índices de turnover e, consequentemente, numa maior produtividade e lucratividade das organizações. Fischer (2008) aponta; em seu artigo sobre vulnerabilidade no ambiente de trabalho, que a confiança é um elemento moderador de relacionamentos e sua ausência denotaria sentimentos de insegurança e ideias de substituição imediata. A pesquisa evidenciou ainda que as rupturas de contrato em maior escala (demissões intensas) tendem, elas mesmas, a estimular maior instabilidade e dificuldade para se estabelecer relacionamentos sólidos e duradouros. 50 Kramer (2010), em recente pesquisa com 600 gestores de dezenas de empresas, mostra que, ao serem interrogados sobre aspectos de impacto sobre a motivação e consequente retenção das pessoas numa organização, são rápidos em mencionar: “em primeiro lugar reconhecimento, seguido de apoio interpessoal, apoio para progredir e metas claras”. As empresas estão cada vez mais preocupadas em ter um ambiente de trabalho em que os colaboradores possam expor seu talento. O talento é a matéria-prima essencial na busca de criação e na implementação de soluções diferenciadas. A preocupação das organizações está fundada na questão de como atrair e reter este talento. Esta é uma problemática que vem aumentando cada vez mais, pois as mudanças no cenário competitivo também estão causando mudanças nos valores e atitudes, notadamente entre os mais jovens que procuram no trabalho uma maior autonomia e liberdade, algo que os desafie, além, é óbvio, de uma forma de compensação justa pelo seu trabalho (FISCHER 2008). Um ambiente de trabalho harmônico, com profissional motivado, o transforma em um entusiasta com aquilo que faz. Desenvolve e aplica com mais facilidade as habilidades de relacionamento, negociação e criatividade. Enfim, é um profissional muito mais produtivo e feliz dentro da empresa, não somente fora dela. Além disso, pode influenciar outros, pois é um disseminador de energias positivas, mas a qualidade da influência que provocará a outra pessoa é uma escolha (processo interno) da pessoa influenciada (SEHN, 2005). Ainda de acordo com Robbins (2005), a satisfação com o trabalho pode ser um conceito trabalhado de forma ampla, indo além da realização de atividades óbvias e que tragam alguma compensação pessoal. Conforme Covey (2002) as empresas corresponderão à sua paixão e ao seu talento e, assim, podem criar um casamento entre a necessidade da empresa e a pessoa com sua paixão e seu talento. O problema é que a abordagem não tem sido essa, infelizmente; o ponto-chave deveria ser construir um relacionamento em que ambas as partes se sintam compreendidas e atendidas em suas quatro necessidades principais: a econômica, a mental, a social e a espiritual. 51 Dentre as concepções de ambiente no trabalho, esta primeira dimensão a de bem-estar no trabalho, a referência mais citada e considerada como clássica é a de Locke (1976), que a define como "[...] um estado emocional positivo ou de prazer, resultante de um trabalho ou de experiências de trabalho", ou seja, é o resultado da avaliação positiva proveniente de uma experiência prazerosa percebida pelo trabalhador em seu ambiente organizacional. Evoluindo no conceito, Siqueira (2005) definiu satisfação no trabalho como sendo o conjunto das reações específicas do envolvimento das avaliações prazerosas no contexto organizacional sobre cinco domínios específicos que provocam, no indivíduo, diferentes graus de satisfação: trabalho, chefia, colegas, salário e equipe. 2.2.3- Produção científica sobre o tema Usando os termos de busca turnover, absenteísmo, rotatividade em ambiente de trabalho, carreira e progressão na carreira, foram consultados os sites responsáveis pela produção acadêmica da área. No portal de periódicos CAPES foram encontrados 138 trabalhos relacionados; nos anais da ENANPAD foram encontrados 29 resultados e, no site da Scielo, foram encontrados 56 resultados. O período coberto pelo levantamento da produção científica se refere aos últimos cinco anos. As principais pesquisas encontradas e relacionadas ao tema do presente trabalho são as elencadas a seguir: Quadro 2 – As principais pesquisas encontradas e relacionadas ao tema do presente trabalho Autor (es) Local e Data Tipo de trabalho Resumo FRANCO, Eliane Soares Mendes. MATOS, Ângelo Braz de. CARDOSO, Mauricio Farias. NOVAIS, Cleonice de Fátima. Belo Horizonte, MG 2010. Artigo Turnover e a gestão estratégica de pessoas: superando a cultura da rotatividade de pessoal Apresenta estudo sobre o turnover empresarial com ênfase em suas causas e consequências, permitindo uma visão de inúmeros fatores objetivos e subjetivos, apontando os como resultado da ausência de condição estratégica na gestão de recursos humanos. São Paulo, 2009. Artigo Rotatividade e absenteísmo de pessoal como fatores de variação no custo do produto Analisa a rotatividade e absenteísmo de pessoal como fatores de variações no custo do produto mostra que à medida que os percentuais de rotatividade e absenteísmo se elevaram, os custos relacionados sofreram alterações proporcionalmente maiores que as elevações normais da margem de resultados as organizações. SP 52 Autor (es) Local e Data Tipo de trabalho Estudo sobre Rotatividade de Funcionários no Brasil Quede, Marco A. Revista Business Sacholo São Paulo, São Paulo 2008. MEDEIROS, RocheleKaline de, Revista Cientifica da escola de gestão e negócios PB junho 2012 TURNOVER uma análise dos fatores que contribuem para a decisão de sair da empresa. SILVA, Fernanda Dias dos Santos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009 Absenteísmo e Rotatividade dilema de mulheres na empresa Paramount Têxteis e Indústria e Comércio ALVES Gilmar Luiz Frotté Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro 2007. BORGES, Santos, Anais do Congresso Convibra Paulo 2006 Reis ALVES, Rafaela Mara RAMOS, Maria. Noézia SILVA, Muniz M. Ricardo MARTINS, Martins. Letícia GALLO, Marcio Anais do Congresso Convibra Paulo 2010 III São III Alinhamento estratégico da administração de Recursos Humanos e desenvolvimento profissional dos trabalhadores TURNOVER: Uma consequência de estratégias ineficientes de gestão empresarial? A Perspectiva do Turnover no Contexto Competitivo São Resumo Analisa a rotatividade como fator competitivo das empresas em todos os mercados. Aborda também a perda de capital intelectual, fuga de conhecimento, memória corporativa e os recursos financeiros sejam eles diretos ou indiretos. O objetivo desta pesquisa foi conhecer os fatores que podem contribuir para a decisão dos colaboradores saírem da empresa. O Estudo aborda os conceitos de absenteísmo e rotatividade de pessoal e as análises de quais são as possíveis causas dos índices de absenteísmo e rotatividade. Descreve os fatores presentes que contribuem para o alinhamento estratégico da administração de recursos humanos das organizações. Abordara o alinhamento estratégico a gestão por competências e a rotatividade. Analisar as condicionantes para o turnover A rotatividade de pessoal é a consequência de alguns fatores, que podem ser eles internos ou externos à organização. Discute a perda de capital humano decorrentes da insatisfação no trabalho e por novas oportunidades. Apresenta um mercado de trabalho cada vez mais competitivo com mudanças rápidas e inesperadas. Estuda o papel do líder no processo de rotatividade dos colaboradores, como liderar sua equipe pode gerar alta produtividade através de uma equipe coesa e experiente ou pode ser motivo para a existência de um alto índice de rotatividade. Seget São Paulo 2011 Artigo, A Influência dos Estilos de Liderança na Rotatividade de Pessoal. Revista de Ciências Gerenciais Jundiaí SP 2009 Em busca da gestão estratégica da rotatividade de pessoal Discute as causas da rotatividade de pessoal e entender o que pode ser feito para a sua redução. Mostra os custos que as empresas têm com os altos índices de turnover bem como a redução do lucro organizacional. Universidade Federal Fluminense, Niterói RJ. Absenteísmo: As consequências na gestão de pessoas Analisar as práticas de gerenciamento e absenteísmo em organizações da cadeia produtiva da indústria automobilística. Apresenta as contribuições para o conhecimento das causas e consequências do absenteísmo e analisa sua eficiência. DALLINHA, Graziella Rejane. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis SC 2011. A influência das práticas e das políticas de recursos humanos sobre o absenteísmo e a rotatividade Realizar um estudo sobre o absenteísmo e a rotatividade abordando as práticas e politicas de recursos humanos. Avaliar se existe alguma influencia negativa na falta de políticas de reconhecimento e benefícios. ALTOE, Adailton, PUC Minas Belo Horizonte MG 2010 Impactos do Absenteísmo e do presenteísmo no trabalho docente Estudo que busca mostrar a ausência temporária no trabalho gerando baixa produtividade nas empresas e instituições. Evidenciar esta problemática que afeta diretamente, tanto o processo educacional quanto a qualidade de vida pessoal e familiar dos docentes. LONGO, Cristiano ALVES, Lilian Fernanda. OZAKI, Yaeko PENATTI, Izidro ZAGO, José Sebastião. QUELHAS, Oswaldo 53 Autor (es) Local e Data Tipo de trabalho Resumo FERNANDES, Henrique Montserrat. Enanpad, XXVIII, anais Curitiba PR 2004. A perda do conhecimento da empresa originada pelo alto turnover Busca analisar o porquê da alta rotatividade a política de contratação a burocracia, a política de benefícios e os gastos operacionais. CARMO, Gisele do Universidade Federal de Uberlândia MG 2009 Antecedentes da intenção de rotatividade: Comprometimento é confiança do empregado na organização Investigar a intenção de rotatividade do indivíduo no ambiente de trabalho, testar um modelo que considerava comprometimento organizacional e confiança do empregado, na organização como antecedentes de intenção de rotatividade; BOSQUETTI, Marcos Albuquerque. Universidade São Paulo 2009 Gestão de pessoas, estratégias e performance organizacional. Investigar como a filosofia de gestão de pessoas influencia a estratégia e a performance organizacional. Buscar interpretar a modernização da gestão de pessoas e a aplicação de ferramentas que possam auxiliar as alterações na profissionalização dos colaboradores. de SP Após análise, observa-se que os trabalhos identificados tratam dos seguintes aspectos com relação ao Turnover: a) Ausência de condição estratégica na gestão de recursos humanos; b) A rotatividade e absenteísmo de pessoal como fatores de variações no custo; c) A rotatividade como fator competitivo das empresas em todos os mercados; d) As possíveis causas dos índices de absenteísmo e rotatividade; e) O alinhamento estratégico a gestão por competências e a rotatividade; f) Debate sobre a perda de capital humano decorrentes da insatisfação no trabalho e por novas oportunidades; g) O papel do líder no processo de rotatividade dos colaboradores, h) Estudos sobre o absenteísmo e a rotatividade abordando as práticas e políticas de recursos humanos. 54 3 - METODOLOGIA Visando a atingir os objetivos propostos para a pesquisa, neste capítulo, é apresentada a metodologia utilizada na realização deste estudo e de que forma esta contribui para a realização dos objetivos anteriormente estabelecidos. 3.1 Caracterizações da pesquisa Quanto à abordagem, a presente pesquisa se caracteriza como quali-quantitativa, uma vez que usa procedimentos que têm características qualitativas e também se vale de instrumentos quantitativos. A pesquisa foi caracterizada como qualitativa porque os dados com os quais lida constituem opiniões de pessoas relacionadas diretamente com o trabalho desenvolvido, além de incluir a análise qualitativa de documentos fornecidos pela empresa na qual se desenvolve a pesquisa. A respeito da pesquisa qualitativa, Godoy (1995, p. 63) esclarece que: A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo. Para Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2004, p.132), [...] pode-se destacar o fato de se considerar o pesquisador qualitativo como o principal instrumento de investigação e a necessidade de contato direto prolongado com o campo, para poder captar os significados dos comportamentos observados. Para caracterizar o que constitui um estudo qualitativo, pode-se citar Godoy (1995), que afirma que tais estudos constituem: [...] descrições detalhadas de situações, eventos, pessoas, interações e comportamentos observados; citações literais do que as pessoas falam sobre suas experiências, atitudes, crenças e pensamentos; trechos ou íntegras de documentos, correspondências, atas ou relatórios de casos. A pesquisa tem, também uma abordagem quantitativa, uma vez que os questionários utilizados são submetidos ao tratamento estatístico, caracterizando a medição de resultados. 55 3.2 - Unidade de análise e sujeitos de pesquisa A pesquisa foi realizada em uma Locadora de veículos, uma empresa brasileira presente em toda a América do Sul do setor de aluguel de carros, presente no mercado há mais de 40 anos. Os sujeitos da pesquisa são os ex-colaboradores que pediram demissão ou foram demitidos sem justa causa até o mês de julho de 2014. Pretende-se levantar dados que permitam a avaliação da importância desses colaboradores na organização, mensurar seu grau de satisfação ou insatisfação, buscando identificar a influência das variáveis na mobilidade dos desligamentos. 3.3 Coleta de dados Existem diversos instrumentos de coleta de dados que podem ser utilizados para obter informações acerca de um fato ou fenômeno, para a pesquisa abordada nesta dissertação. O quadro 3 apresentado a seguir mostra a relação entre os objetivos específicos da pesquisa e a técnica utilizada para a coleta de dados. Quadro 3 – Relação entre objetivos específicos e coleta de dados Objetivo específico Identificar as políticas de RH da empresa estudada para captação, manutenção e retenção de funcionários. Instrumento de coleta de dados Análise de documentos. Cálculo do turnover. Entrevista com profissionais do setor RH Análise de prontuários disponíveis no Identificar os fatores que determinam setor de RH. o desligamento* dos funcionários, Questionários endereçados aos demitidos mediante pedido de demissão ou e demissionários. demissão feita pela empresa. Verificar os motivos pelos quais o turnover em alguns cargos possui índices mais elevados Fonte: Elaborado pelo autor Análise de prontuários disponíveis no setor de RH. Análise estatística dos questionários endereçados aos demitidos e demissionários. 56 O primeiro passo foi, portanto, buscar documentos da empresa que definam as políticas de Recursos Humanos e calcular, com base nos prontuários disponíveis, a taxa de turnover na empresa. Em seguida, ouvir, em entrevista, profissionais do setor de RH que pudessem complementar as informações obtidas. O turnover serve para avaliar a renovação da equipe. O índice deve situar-se dentro de uma faixa, pois valores elevados apontam problemas como clima organizacional ou política salarial defasada. O turnover foi calculado com base na seguinte fórmula: Desligados (que serão substituídos) + Admitidos (que substituíram alguém) Turnover = 2 Foram também elaborados dois questionários estruturados para pedido de demissão e demissão sem justa causa, cada um composto de 10 questões, sendo oito fechadas e duas abertas em cada um. As perguntas foram todas focando o tema deste trabalho, para poder-se ter uma interpretação dos fatores que influenciam o turnover e que dificultam a retenção de talentos. Os questionários foram enviados via eletrônica e_mail/SMS, estabelecendo-se o prazo máximo de 30 dias para o retorno das respostas. A cada dez dias, os colaboradores que receberam a entrevista de desligamento e não responderem ao questionário receberam uma mensagem solicitando que o fizessem. Assim, foram enviadas três mensagens de solicitação para que respondessem ao questionário de pesquisa. Segundo Parasuraman (1991), um questionário é um conjunto de questões, feito para gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do projeto. Embora o mesmo autor afirme que nem todos os projetos de pesquisa utilizam essa forma de instrumento de coleta de dados, o questionário é muito importante na pesquisa científica, especialmente nas ciências sociais. Parasuraman (1991) afirma também que construir questionários não é uma tarefa fácil e que aplicar tempo e esforço adequados para a construção do questionário é uma necessidade, um fator de diferenciação favorável. Não existe uma metodologia padrão para o projeto de questionários, porém existem recomendações de diversos autores com relação a essa importante tarefa no processo de pesquisa científica. 57 3.4 Técnicas de interpretação dos resultados Os documentos que apresentavam as políticas de recursos humanos da empresa foram analisados e foram extraídas deles as ideias principais que se prestariam à análise dos dados da pesquisa. Os prontuários de funcionários demitidos e demissionários também foram analisados e, com base nas informações obtidas, foi calculada a taxa de turnover, bem como foram identificados os motivos da demissão relacionados. Quanto ao questionário, como se trata de um instrumento de coleta de dados que contém questões fechadas e abertas, a interpretação foi diversificada: as questões fechadas foram submetidas à análise estatística utilizando-se análises multivariadas e as questões abertas à análise de conteúdo. Já as questões abertas foram submetidas a uma análise de conteúdo, segundo o modelo proposto por Bardin (2007), segundo a qual a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou qualitativos, que permitam a inferência de conhecimento relativa às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens. No caso dessas questões, a analise foi qualitativa. A análise de conteúdo, neste modelo, segue as seguintes fases: pré-análise, descrição analítica, interpretação inferencial. A pré-análise é a etapa de organização do material, quando se entra em contato com ele para se familiarizar com as respostas obtidas. Em seguida, a descrição analítica é o momento de estudo aprofundado do material, procedendo-se à codificação, classificação e categorização de dados e finalmente a interpretação inferencial é a etapa de reflexão, intuição e estabelecimento de relações apoiadas nas informações que devem ser trabalhadas. 58 4 – A ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS Para atender ao primeiro objetivo proposto foram consultados os documentos referentes às políticas de RH da empresa estudada para captação, manutenção e retenção de funcionários. Foi possível concluir o seguinte: O recrutamento - É requisito, para o início de recrutamento e seleção de candidatos, a existência de vaga previamente aprovada pelo gestor e pela diretoria, através do formulário RAP “Requisição de Ação de Pessoal” casos de vagas novas que não estavam no planejamento também devem ser aprovadas pela presidência. Todos os candidatos que concorrem à vaga devem participar das etapas do processo de recrutamento e seleção, inclusive os recrutamentos internos ou aqueles indicados pelo gestor da posição ou por colaboradores. Para as indicações existe um programa chamado “Eu Indico” em que todos os colaboradores podem indicar candidatos para todas as vagas existentes na empresa. A definição do perfil técnico e comportamental do profissional a ser contratado é de responsabilidade do gestor solicitante da vaga, em conformidade com a descrição do cargo. A Seleção- A Seleção dos candidatos começa através da triagem de currículos levantados para vaga, os que forem aderentes ao perfil serão chamados e farão dois testes psicológicos, entrevista com psicólogos e redação, feitos pela área de recrutamento e seleção, os três candidatos que estiverem mais indicados ao perfil solicitado serão chamados e deverão passar por entrevistas com o gestor da vaga que deverá tomar a decisão final sobre a escolha do candidato à ser selecionado. Toda comunicação com os candidatos internos e externos durante o processo de recrutamento e seleção é de responsabilidade exclusiva da área de Recursos Humanos. A área de Recrutamento & Seleção/RH deve dar retorno a todos os profissionais que participarem do processo seletivo. O desenvolvimento e a retenção de pessoas- O RH tem como objetivo específico de buscar e dar oportunidade para o recrutamento interno e criar oportunidade de desenvolvimento para os colaboradores, além de estimular a atitude de constante autodesenvolvimento. 59 O colaborador é responsável por comunicar a seu gestor imediato a intenção de participar do programa de Recrutamento Interno. É vedado a todos os gestores abordar diretamente qualquer colaborador de outra área, bem como negociar junto a qualquer gestor a transferência de colaboradores sem envolvimento da área de Recursos Humanos. As posições serão divulgadas por meio eletrônico e ou site/intranet e ficarão disponíveis para inscrição pelo período de 5 (cinco) dias. É vedada a participação do colaborador em mais de um processo seletivo interno simultaneamente. É garantida a permanência na área de origem ao colaborador não selecionado, continuando a executar normalmente suas atividades. A transferência para o Recrutamento Interno é definitiva, não havendo possibilidade de retorno à posição anterior. As políticas de recursos humanos privilegiam o desenvolvimento interno de talentos. Para atender as necessidades estratégicas da empresa, as melhores práticas são apresentadas em reuniões gerenciais para que sejam conhecidas e disseminadas, já é definida pela organização uma reunião semanal de cada área para orientar as atuações da equipe e são expressos por meio dos relacionamentos, atitudes, comportamentos, inovação, melhorando os processos e resultados. Existe um programa “Qualificar” que disponibiliza mais de quarenta cursos anuais nos quais todos os colaboradores podem se inscrever para participar. Todo treinamento visa ao crescimento profissional e pessoal do colaborador, existindo cursos direcionados para a melhor qualidade de vida e reorientação profissional. Os líderes exercem um papel fundamental para o sucesso organizacional, uma vez que lidam diretamente com os colaboradores, responsáveis pelo alcance de metas e resultados. Neste sentido, a empresa tem o programa “Liderar” que busca demonstrar e trabalhar o valor potencial das pessoas para que a liderança seja reconhecida tão clara e ostensivamente visando inspirar os colaboradores a enxergá-lo em si próprios. A avaliação de benefícios anual também é utilizada para manutenção e retenção de colaboradores, através de uma avaliação de mercado, bem como das melhores práticas 60 utilizadas, buscando sempre estar a frente na disponibilidade de novos benefícios para os colaboradores. Para atender ao segundo objetivo - identificar os fatores que determinam o desligamento dos funcionários, mediante pedido de demissão ou demissão feita pela empresa - foram observados dois procedimentos: o primeiro consistiu na análise dos prontuários disponíveis no setor de RH da empresa, os quais se referem aos registros sobre os funcionários demitidos, e o segundo procedimento constitui na análise estatística dos questionários respondidos pelos funcionários que pediram demissão. No caso da análise dos prontuários disponíveis no setor de RH da empresa, foi possível obter as seguintes informações: verificou-se que o índice de turnover na empresa estudada é de 26,8%, que pode ser caracterizado como elevado. Verificou-se, ainda, que os fatores que determinam o desligamento dos funcionários, considerados mais frequentes na empresa, são variáveis conforme se trate de pedido de demissão ou de demissão por justa causa. Os prontuários apontaram que o pedido de demissão é geralmente justificado pelos seguintes fatores: “Outro emprego com salário melhor”, “Falta de oportunidade de crescimento”, “Dificuldade de relacionamento com os colegas de trabalho”. Já a demissão por justa causa apresenta como fatores determinantes os seguintes: “Dificuldade de relacionamento com os colegas de trabalho”, “Falta de adaptação ao cargo” “Ajuste de quadro”. É oportuno observar que a dificuldade de relacionamento com colegas de trabalho foi considerada como fator determinante do desligamento dos funcionários, tanto daqueles que se demitem quanto dos que são demitidos. Torna-se importante, pois, que o setor de RH se preocupe com este aspecto. O segundo procedimento, se refere à análise estatística das respostas ao questionário. Para o seu desenvolvimento inicialmente procedeu-se à análise dos dados ausentes, e verificou-se a consistência interna do questionário, utilizando-se o coeficiente alfa de Cronbach. 61 Em seguida, analisaram-se as estatísticas descritivas dos dados, em especial as pontuações médias e a frequências relativas, com o intuito de se apresentar a caracterização da amostra estudada. Para a confirmação das hipóteses aplicaram-se o testes estatísticos não paramétricos U de Mann-Whitney com o propósito de ratificar igualdades ou diferenças na distribuição das pontuações médias dos itens analisados. O propósito da análise dos dados ausentes é identificar os efeitos desta ausência e se a mesma ocorre de forma aleatória. Caso seja aleatória, é possível a substituição dos valores ausentes por estimativas. Segundo Hair et al, (2005, p. 57), “um processo de dados perdidos é qualquer evento sistemático externo ao respondente (como erros de entrada de dados ou problema de coleta de dados) ou ação por parte do respondente (recusa a responder) que conduz a valores perdidos.” Entende-se que, pela natureza da pesquisa, muitos dos colaboradores rejeitaram responder, como é o caso da questão que evidencia os motivos do desligamento. Observa-se que 5 (cinco) ex-colaboradores que foram demitidos não responderam esta pergunta. Na tabela 1, são apresentadas as questões que tiveram ausências de respostas. Pode-se observar uma incidência nas questão 6.1 a 6.6, que retratam o grau de satisfação em alguns itens referentes às condições de trabalho e a questão 7.4, que avalia o conhecimento do negócio (técnico) por parte dos líderes. Para verificar se a ausência de respostas ocorre de forma aleatória, aplicou-se o teste MCAR – (missing completely at random), que Segundo Hair et. al. (2005 p.60), para que uma atitude corretiva seja aplicada nos dados perdidos, deve-se primeiro verificar o grau de aleatoriedade presente nos dados ausentes. Hair (2005,p. 68), afirma que é possível empregar ações corretivas para os dados perdidos, uma vez que não ocorrem viesses potenciais nos padrões de dados perdidos. Segundo a natureza das perguntas, manteve-se na análise a mesma forma com que os dados foram apresentados. 62 Tabela 1 – Dados ausentes Questão N Dados ausentes No. of Extremes(a) Q5.1 38 Count 0 Percent .0 Low 0 High 0 Q5.2 38 0 .0 0 0 Q5.3 38 0 .0 4 0 Q5.4 38 0 .0 0 5 Q5.5 38 0 .0 0 0 Q6.1 34 4 10.5 0 0 Q6.2 33 5 13.2 0 0 Q6.3 34 4 10.5 2 0 Q6.4 33 5 13.2 0 0 Q6.5 33 5 13.2 0 0 Q7.1 38 0 .0 0 0 Q7.2 38 0 .0 0 0 Q7.3 38 0 .0 0 0 Q7.4 28 10 26.3 0 0 a Number of cases outside the range (Q1 - 1.5*IQR, Q3 + 1.5*IQR). Ausência dos dados totalmente ao acaso, conforme teste : Little's MCAR test: Chi-Square = 149.008, DF = 159, Sig. = .704 Entre a ausência de respostas, observa-se uma frequência maior na questão 7.4 Avaliação do líder, quanto ao conhecimento do negócio (técnico). Entretanto, conforme observa o resultado do teste, a ausência dos dados é considerada totalmente aleatória. Procedeu-se ao desenvolvimento da análise dos dados considerando a ausência de respostas. Segundo Hair et. al. (2005, p.68), podem-se empregar ações corretivas para os dados perdidos, uma vez que não ocorre viesses potenciais nos padrões de dados perdidos. Desta forma, procedeu-se na análise dos dados, conservando a forma em que os dados foram apresentados na pesquisa. Ao aplicar o teste observa-se o resultado Little's MCAR test: Chi-Square = 149.008, DF = 159, Sig. = .704 63 Tabela 2 - Análise da consistência interna Grupo de entrevistados Cronbach's Alpha Cronbach's Alpha Based on Standardized Items N of Items Demitidos .764 .735 14 Pediram demissão .563 .646 14 Fonte: Dados da pesquisa Para avaliar a consistência interna do questionário, utilizou-se o coeficiente Alpha de Cronbach. Cujos resultados estão apresentados na tabela 2. Foram considerados os grupos de questões que retratam a opinião sobre as condições de trabalho, o grau de satisfação e avaliação do líder. Para interpretação dos valores no teste, conforme sugere Bisquerra et. al (2004, p.216), considerou-se o valor mínimo de 0,60 para aceitação da consistência interna. Conforme os resultados, observa-se que o grupo de questões que retratam a opinião sobre as condições de trabalho apresenta uma consistência muito baixa. Verifica-se que o número de funcionários demitidos é superior ao de funcionários que pediram demissão, o que sugere que a empresa tende mais a desligar os funcionários. Tabela 3 – Distribuição absoluta da Iniciativa do desligamento e respectivos motivos Iniciativa do desligamento da empresa Quais os dois principais motivos do seu desligamento da empresa Não adaptação à empresa (horário, local de trabalho, escala, etc) Outro emprego com salário melhor Outro emprego com oportunidade de crescimento Dificuldade de relacionamento com o líder Dificuldade de relacionamento com colegas Falta de oportunidade Outros Ajuste de Quadros Desmotivação Não foi justificado Sem resposta Total Pediu Demissão Foi demitido 7 7 4 4 2 4 2 1 1 1 10 30 2 2 6 5 13 64 Fonte: Dados da Pesquisa A análise dos dados tomou por base a comparação dos resultados obtidos nas duas categorias, que na tabela 3, estão listados os motivos e seus respectivos percentuais quanto ao desligamento da empresa. Observando os resultados, conclui-se que os motivos mais alegados para o pedido de demissão da empresa são: a não adaptação às condições de trabalho (horário, local de trabalho, escala de prestação de serviços, entre outros) e à oportunidade de emprego que ofereça salário melhor. Por outro lado, os que foram demitidos parecem não identificar com clareza os motivos citados e concentram-se em outros motivos (10 dos 13 afirmam isto) e cerca de 6 afirmam que o motivo não lhes foi apresentado. Tabela 4– Distribuição percentual da Iniciativa do desligamento e respectivos motivos Iniciativa do desligamento da empresa Quais os dois principais motivos do seu desligamento da empresa Pediu Demissão Foi demitido Não adaptação ao cargo Não adaptação à empresa (horário, local de trabalho, escala, etc) 23,3% 5,6% Outro emprego com salário melhor 23,3% Outro emprego com oportunidade de crescimento 13,3% Dificuldade de relacionamento com o líder 13,3% 5,6% Dificuldade de relacionamento com colegas 6,7% 5,6% Aposentadoria Falta de oportunidade 13,3% Falta de oportunidade para aprendizado Outros 6,7% 55,6% Ajuste de Quadros 0,0% 20,0% Desmotivação 0,0% 20,0% Não foi justificado 0,0% 60,0% Sem resposta 0,0% 27,8% Total 100,0% 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa A análise da tabela 4 confirma os dados fornecidos pela tabela anterior, interpretando-os percentualmente. A primeira conclusão é de que os motivos dos desligamentos que foram indicados pelos entrevistados diferem em função da forma de desligamento. Observa-se que entre os que pediram demissão, um percentual de 46,6% das respostas concentra-se em dois motivos: “Não adaptação à empresa (horário, local de trabalho, 65 escala, etc)” e “Outro emprego com salário melhor”. Em relação aos que foram demitidos, 55,6% apontaram outros motivos. Dentre estes , 40,0% apontaram os motivos: “Ajuste de quadros” e “Desmotivação”. Ressalte-se que 60,0% dos que responderam outros motivos, não especificaram quais seriam. Deve-se acrescentar, ainda, que entre os que foram demitidos, 27,8% dos entrevistados não responderam a esta questão. Com a finalidade de ilustrar melhor os motivos do desligamento dos funcionários da empresa, o gráfico 1 apresenta os resultados comentados anteriormente. Gráfico 1 – Motivos do desligamento Fonte: Dados da Pesquisa 66 Tabela 5 – Distribuição percentual da escolaridade e iniciativa de desligamento Qual a sua escolaridade? Iniciativa do desligamento da empresa Pediu Demissão Foi demitido Total Até 4° série do Ensino Fundamental (Antigo 1° Grau) 10,0% 11,1% 10,5% Ensino Médio (Antigo 2° Grau) 15,0% 11,1% 13,2% Ensino Superior ou mais 75,0% 77,8% 76,3% 100,0% 100,0% 100,0% Total Fonte: Dados da Pesquisa Esta tabela permite identificar que a iniciativa de desligamento é tanto maior quanto mais elevado o nível de escolaridade do funcionário. Isto ocorre tanto para pedidos de demissão quanto para os casos de demissão por parte da empresa. É possível levantar-se a hipótese de que, se houvesse um investimento no processo de desenvolvimento dos trabalhadores, de modo que aqueles que têm escolaridade mais baixa fossem incentivados a buscar cursos mais avançados com apoio da empresa seria possível atraí-los para permanecerem na organização. Caso esta hipótese seja verdadeira, pode-se inferir que existem falhas no programa de desenvolvimento ora em execução na empresa. Tabela 6 – Distribuição das formas de treinamento “Bem Vindo à xxxxxxx” Iniciativa do desligamento da empresa Ao entrar na xxxxxxxx você participou do Treinamento Bem Vindo à xxxxxxxx? Pediu Demissão Foi demitido Sim, presencial 45,0% 44,4% Sim, virtual 30,0% 38,9% Não 25,0% 16,7% Total 100,0% 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa Aplicando o teste de qui-quadrado para verificar se há dependência entre a forma de desligamento e o treinamento Bem vindo à xxxxxx, percebe-se que significativamente há independência entre iniciativa de desligamento e treinamento. Deve-se neste caso avaliar o propósito que se tem no treinamento, ou mesmo se no treinamento é possível evidenciar individualmente a intenção do admitido em relação a seu potencial ou mesmo captar motivos e prováveis desligamentos, como por exemplo, a não adaptação em relação à empresa e também à frustração em relação à remuneração. 67 Cabe, em relação à remuneração a permanência naquela ocupação, até que surjam novas oportunidades de trabalho. Tabela 7 – Pontuações médias referentes à opinião sobre alguns quesitos - escalas de 1 a 5 Iniciativa do desligamento da empresa Itens Pediu Demissão Foi demitido Qual a sua opinião em relação ao local de trabalho 2.6 3.8 Qual a sua opinião em relação às normas da empresa 2.7 3.6 Qual a sua opinião em relação ao relacionamento com os colegas 2.9 3.7 Qual a sua opinião em relação aos benefícios 2.6 3.2 Qual a sua opinião em relação à remuneração 2.5 3.4 Fonte: Dados da Pesquisa Considerando a escala de 1 a 5, as pontuações acima de 3 (três), são consideradas como favoráveis ao quesito. Assim, pode-se observar que os demissionários apontaram em todos os quesitos uma pontuação média inferior a três, indicando uma classificação não satisfatória para o quesito. De forma contrária, os demitidos sinalizaram pontuações favoráveis em todos os quesitos. Mesmo apresentando um reduzido tamanho da amostra, observou-se que os dados apresentaram em muitos variáveis um tendência à distribuição normal, conforme se pode observar na tabela abaixo: Tabela 8- Teste de normalidade Itens Qual a sua opinião em relação ao local de trabalho Qual a sua opinião em relação às normas da empresa Qual a sua opinião em relação ao relacionamento com os colegas Qual a sua opinião em relação aos benefícios Qual a sua opnião em relação à remuneração Clima organizacional e equipe de trabalho Relacionamento da liderança com seus colaboradores Sua escala/horário de trabalho Seu processo de seleção, admissão e teinamento Oportunidades de crescimento dentro da Localiza Avaliação do seu lider quanto ao Apoio/Acompanhamento Avaliação do seu lider quanto Capacidade de liderança Avaliação do seu lider quanto Transparência Avaliação do seu lider quanto ao conhecimento do negócio (Técnico) Pediram demissão Foram demitidos Asymp. N Sig. (2N Asymp. Sig. (Observ.) tailed) (observ.) (2-tailed) 20 0,330 18 0,228 20 0,283 18 0,098 20 20 20 19 17 16 17 17 20 20 20 0,210 0,173 0,441 0,277 0,160 0,741 0,147 0,649 0,032 0,086 0,086 18 18 18 15 16 18 16 16 18 18 18 0,340 0,227 0,234 0,331 0,205 0,096 0,804 0,411 0,292 0,299 0,506 18 0,066 10 0,452 68 Em função do tamanho da amostra utilizada, o teste estatístico aplicado para evidenciar as diferenças entre os motivos baseia-se no teste não paramétrico. Tabela 9 – Resultados do teste de igualdades de distribuição de valores entre as opiniões dos ex-colaboradores Itens Mann- Wilcoxon Whitney U W Qual a sua opinião em relação ao local de 81,000 291,000 trabalho Qual a sua opinião em relação às normas 109,500 319,500 112,500 322,500 de 1-cauda)] - ,003 ,003 a - ,030 ,038 a - ,041 ,048 a ,062 ,077 a ,037 ,041 a 2,046 119,500 329,500 benefícios Qual a sua opinião em relação à caudas) 2,174 relacionamento com os colegas Qual a sua opinião em relação aos Sig exata [2*(Sig. 2,966 da empresa Qual a sua opinião em relação ao Z Sig. Assint. (2 1,868 110,500 320,500 remuneração 2,086 Fonte: dados da Pesquisa Quanto aos testes aplicados aos pares de médias de pontuação entre os demissionários e demitidos, observa-se que há diferença significativa entre as pontuações destas categorias. Apenas o item “Qual a sua opinião em relação aos benefícios” apresenta semelhança da distribuição de pontos. Tabela 10 – Pontuações médias atribuídas ao grau de satisfação – escalas de 1 a 7 Quesitos Iniciativa do desligamento da empresa Pediu Demissão Foi demitido Clima organizacional e equipe de trabalho 2.8 5.1 Relacionamento da liderança com seus colaboradores 2.9 5.4 Sua escala/horário de trabalho 3.9 5.0 Seu processo de seleção, admissão e treinamento 1.9 4.2 Oportunidades de crescimento dentro da Localiza 2.8 5.1 Avaliação do seu lider quanto ao Apoio/Acompanhamento 1.7 2.8 Avaliação do seu lider quanto Capacidade de liderança 1.7 3.4 Avaliação do seu lider quanto Transparência 1.7 3.4 Avaliação do seu lider quanto ao conhecimento do negócio (Técnico) 1.7 3.6 Fonte: Dados da Pesquisa Considerando que a pontuação média acima de 4,0 (quatro) pontos, sinaliza uma satisfação em relação aos itens apresentados, não se observou nenhum item com nível de satisfação superior a 69 4,0 na categoria de demissionários. Entretanto, em relação aos demitidos, observa-se insatisfação nos itens que se referem a avaliação da liderança. Tabela 11 – Resultados do teste de igualdades de distribuição de valores entre demitidos e demissionários Clima organizacional e equipe de trabalho Mann- Wilcoxon Whitney U W 60,500 250,500 Z - Sig. Assint. (2 Sig exata [2*(Sig. caudas) de 1-cauda)] ,004 ,003 a ,001 ,001 a ,031 ,039 a ,002 ,002 a ,002 ,002 a ,003 ,003 a ,000 ,000 a ,000 ,000 a ,001 ,000 a 2,900 Relacionamento da liderança com seus 46,000 199,000 colaboradores Sua escala/horário de trabalho 3,362 84,000 220,000 2,152 Seu processo de seleção, admissão e 51,000 204,000 teinamento Oportunidades de crescimento dentro da 3,146 53,000 206,000 Localiza Avaliação do seu lider quanto ao 81,500 291,500 3,013 50,000 260,000 liderança Avaliação do seu lider quanto Transparência 3,056 Apoio/Acompanhamento Avaliação do seu lider quanto Capacidade de - 3,927 47,000 257,000 3,997 Avaliação do seu lider quanto ao 21,000 192,000 conhecimento do negócio (Técnico) 3,450 a. Não corrigido para vínculos. b. Variável de agrupamento: Iniciativa do desligamento da empresa Os resultados do teste evidenciam que as pontuação atribuídas pelos demitidos e pelos que pediram demissão são significativamente diferentes. Observa-se também que um dos motivos mais apontados pelos que pediram demissão, incide na opção de ter encontrado outro emprego com maior salário (23,3%) dos entrevistados que pediram demissão e a não adaptação à empresa (horário, local de trabalho, escala, etc) também com 23,3%. (tabela 04) Outra conclusão que se pode inferir a partir das respostas colocadas pelos respondentes, diz respeito à relação dos trabalhos com as chefias e às dificuldades advindas deste relacionamento. 70 Em relação às liderança, observa-se que a dificuldade de relacionamento com o líder foi apontada em 13,3% das respostas entre os que pediram demissão e em 5,6% dos que foram demitidos. Quando perguntado, qual a avaliação que se dá entre o relacionamento com a liderança, as categoria de demissionários aponta para um média de 2,9 enquanto os que foram demitidos apontam para uma média de satisfação de 5,4. Quanto à avaliação do líder a média entre os quesitos foi de 1,7 para os demissionários e 3,4 para os demitidos. Percebe-se que a avaliação da liderança é positiva entre os que foram demitidos. Tabela 12 – Motivos do desligamento e itens que mais sentirá falta nesta empresa Nada Colegas Clima organizacional Remuneração Benefícios Liderança Local de trabalho Políticas e práticas de RH Total O que mais sentirá falta ao sair da empresa? .Não adaptação a empresa (horário, local de trabalho, escala, etc) 1 5 - - 1 - - - 7 .Outro emprego com salário melhor. 3 1 - - - - - - 4 .Outro emprego com oportunidade de crescimento. 2 2 - - - - - - 4 .Dificuldade de relacionamento com o líder. 3 - - - - 1 - - 4 .Dificuldade de relacionamento com colegas. - 1 - - - - - - 1 9 9 - - 1 1 - - 20 .Não adaptação a empresa(horário, local de trabalho, escala, etc - - - - - - - 1 1 .Dificuldade de relacionamento com o líder. - - - - - 1 - - 1 .Dificuldade de relacionamento com colegas. - - - 1 - - - - 1 .Outros 2 2 - 1 - 2 2 1 10 2 2 - 2 - 3 2 2 13 Iniciativa do desligamento e respectivos motivos Pediu Demissão Total Foi demitido Total Fonte: Dados da Pesquisa As respostas apresentadas na tabela 12 foram muito dispersas, porém nota-se que entre os demissionários, 45% sentirão falta dos colegas. Em relação aos que pediram 71 demissão, a distribuição é praticamente uniforme entre as assertivas, ressaltando-se a liderança como uma referencia que fará falta após o desligamento. O terceiro objetivo, do presente trabalho que consistiu em verificar os motivos pelos quais o turnover em alguns cargos possui índices mais elevados, foi abordado mediante dois procedimentos: o primeiro consistiu na análise de prontuários disponíveis no setor de RH e o segundo foi a pergunta feita aos profissionais que trabalham no setor de recursos humanos da empresa. Assim, foi possível verificar que os cargos nos quais ocorre maior índice de turnover são: atendente, auxiliar de operações, lavador e consultores de vendas. Quadro 4 – Relação dos cargos com maior número de demitidos em 2014 TIPO DE DESLIGAMENTO CARGO DESLIGADOS POR CARGO Pedido de Demissão 52 Demissão Sem Justa Causa 79 AUXILIAR DE OPERACOES 37 52 89 LAVADOR 23 49 72 CONSULTOR DE VENDAS 17 41 58 ATENDENTE CENTRAL RESERVAS 11 28 39 AUX. DE SERVICOS GERAIS 9 27 36 ADMINISTRATIVO I 8 16 24 TECNICO DE OPERACOES 7 13 20 TOTAL DE DESLIGADOS 164 305 469 ATENDENTE 131 Fonte: Dados da pesquisa As questões abertas dos questionários endereçados aos funcionários demitidos e aos demissionários ofereceram poucas informações relevantes sobre a condução do processo de demissão, sendo que alguns preferiram nem responder à questão. Apesar disso, mesmo a maioria tendo qualificado o processo apenas como bom ou ruim, algumas respostas mais elaboradas trouxeram comentários e/ou sugestões sobre a questão da demissão. “Não tenho o que reclamar da empresa.” “Meu gerente regional esteve no local de trabalho por 2 dias e trocou poucas palavras.” “Fui informado de que a empresa necessitava reduzir o quadro de funcionários naquele momento.” 72 “Não gostei da maneira como o processo foi conduzido; não me deram o motivo para o desligamento.” A partir das respostas acima pode-se inferir que as pessoas preferem não se expor, fazendo comentários sobre o processo de demissão, restringindo-se a usar monossílabos para caracterizá-lo. Já a questão referente às sugestões para a empresa, foi também respondida por poucos e, entre as respostas emitidas, foram encontradas as seguintes: “Deveriam buscar mais a possibilidade de alocação do colaborador em outra área ou loja”. “A empresa deveria ser menos burocrática”. “Dar mais oportunidades para os colaboradores internos”. “Maior transparência na carreira”. Essas respostas sugerem que o setor de RH da empresa precisa estar voltado para tais questões, que podem implicar na adoção de procedimentos que levem a melhores resultados. Um recrutamento e seleção mais criteriosos permitirão evitar que pessoas menos preparadas sejam admitidas. Um processo de socialização mais esclarecedor poderá evitar que as pessoas não saibam exatamente o que se espera delas. A comunicação mais frequente e informal pode reduzir a impressão de uma empresa burocrática. A oportunidade de tentar atuar em setor diferente daquele em que foi lotado pode facilitar uma adaptação melhor do funcionário e até mesmo evitar que dificuldades de relacionamento levem ao desligamento. Além disso, cabe ao setor de RH prestar informações que permitam ao funcionário sentir-se mais bem informado sobre a carreira, podendo planejar seu progresso na organização. 73 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS O turnover é um conceito que vem preocupando os profissionais que atuam na área de recursos humanos e serve para designar a rotatividade de pessoal em uma organização, ou seja, as entradas e saídas de funcionários em determinado período de tempo. Embora seja considerado por alguns como uma situação normal, o turnover tem passado a constituir um problema na chamada “Era do conhecimento”, quando a empresa investe na qualificação dos trabalhadores e não consegue reter muitos deles. A produção científica sobre o tema tem apontado como fatores geradores do turnover a insatisfação dos funcionários, geralmente associada a questões de remuneração abaixo da média do mercado, prejuízo da qualidade de vida, falta de diálogo com as lideranças, tarefas que não correspondem ao plano de carreira do trabalhador. Esta dissertação esteve ligada ao interesse por buscar as causas do turnover numa empresa de locação de veículos. Assim, o objetivo geral perseguido pelo autor consistiu em identificar e analisar as causas do elevado nível de turnover numa empresa de locação de veículos. Pode-se afirmar que este objetivo foi alcançado, mediante pesquisa quali-quantitativa desenvolvida, a qual desdobrou este objetivo geral em objetivos específicos, que foram analisados. O primeiro objetivo específico foi atingido, na medida em que foram definidas as políticas de recursos humanos adotadas pela empresa estudada. Em síntese, essas políticas podem ser assim sumarizadas: o recrutamento e seleção dependem da existência de vaga aprovada pela diretoria, através de formulário próprio. Os candidatos submetem-se a um processo que é conduzido pela empresa e existe também a possibilidade de indicação de candidatos pelos profissionais em exercício na empresa. O processo é todo conduzido pelo setor de RH da empresa. No caso da seleção, é feita a triagem de currículos e buscada a adequação ao perfil do cargo, havendo, nesta etapa, a participação de recursos utilizados pelos psicólogos que atuam no setor de RH. O desenvolvimento e a retenção de pessoas também são conduzidos pelo setor de RH e privilegia-se a manutenção do funcionário no setor no qual ele vem trabalhando, portanto, estimula-se o autodesenvolvimento. Privilegia-se o desenvolvimento interno 74 de talentos, para atender às necessidades estratégicas da empresa e verifica-se que as reuniões semanais de cada área permitem a identificação dessas necessidades. Existe na empresa um programa denominado “Qualificar”, que disponibiliza cursos anuais para os colaboradores. Outro programa é o “Liderar”, que busca desenvolver o potencial das pessoas para a liderança, levando-as a agirem por si mesmas, promovendo o sentimento de afirmação. Para a manutenção e retenção dos colaboradores, a empresa utiliza um sistema de benefícios e a adoção das melhores práticas utilizadas, buscando sempre estar a frente na disponibilidade de novos benefícios para os colaboradores, e práticas que ampliam a satisfação com o trabalho e a empresa. Ainda assim, percebeu-se que o investimento no processo de desenvolvimento dos colaboradores pode significar um recurso para retê-los. O segundo objetivo específico - Identificar os fatores que determinam o desligamento dos funcionários, mediante pedido de demissão ou demissão feita pela empresa - foi alcançado mediante análise estatística dos questionários, e consulta aos prontuários do setor de RH da empresa. No caso da análise estatística, foi possível extrair as seguintes conclusões: há maior número de demitidos do que de funcionários que pedem demissões. Entre os desligamentos, em ambas as situações, a falta de adaptação aos colegas e à liderança foram os motivos mais alegados pelos trabalhadores. Além disso, a oportunidade de melhor salário em outra empresa foi outra alegação para o pedido de demissão. Já a análise dos prontuários indicou muitos conflitos de interesse por deficiência no alinhamento entre a compreensão da necessidade do negócio e expectativa do profissional, ou seja, o que ele espera após a admissão. Existe um processo de socialização organizacional na empresa, que representa a oportunidade de se apresentar tanto o ambiente de trabalho quanto o que se espera do novo colaborador e ficou evidente a necessidade de se investir mais neste processo. Outro ponto que foi possível observar foi relacionado aos conflitos com as normas ou com a metodologia de trabalho e a gestão direta. A empresa possui padrão para todos os seus processos e procedimentos desde o formato da loja e sua exposição, até o modo de se dirigir às pessoas no atendimento. Ao longo da pesquisa, observou-se que existem colaboradores que preferem permanecer em um cargo de analista em lugar de serem 75 promovidos para o cargo de gestor, no qual passam a ter responsabilidade com metas e gestão de equipe. É provável que esses colaboradores tenham medo da não adaptação com a relação dinâmica de trabalho ou se sintam pressionados a apresentar os resultados esperados. Uma conclusão importante é que seria oportuno, a empresa pensar em uma melhora nas carreiras em Y, nas quais os colaboradores podem, a partir de determinado momento, caminhar para outra opção na carreira que não seja a gestão. O terceiro objetivo específico- verificar os motivos pelos quais o turnover em alguns cargos possui índices mais elevados, também foi alcançado, mediante consulta aos prontuários disponíveis no setor de RH e as respostas contidas nos questionários. Os cargos que possuem maior incidência de turnover foram: lavador de carros, auxiliar de serviços gerais, consultor de vendas e auxiliar de operações. Verificou-se, ainda, que o elevado índice de turnover em alguns cargos está relacionado aos seguintes fatores: “Não Adaptação a rotina de trabalho, pois existe a alegação que a demanda de trabalho é muito grande”. “Jornada de trabalho: em muitos casos, um colaborador tem de substituir outro e se um falta, o mesmo tem de continuar trabalhando até a chegada de outro colaborador”. Em alguns cargos, em que o colaborador trabalha grande parte do dia do lado de fora da loja, ele não se sente como parte da equipe, sendo inserido somente quando da cobrança para atingimento de metas ou para explicação sobre alteração de procedimento. As limitações da pesquisa estão associadas ao tipo de trabalho realizado, pois se tratando de um estudo de caso, o mesmo não suporta generalizações. Além disso, solicitar a pessoas que já não se encontram na empresa que respondam a um questionário é uma tarefa difícil, pois uma vez rompido o vínculo empregatício não é mais possível conseguir que todos os ex-funcionários se disponham a enviar suas respostas. Quanto à sugestão de novas pesquisas, sugere-se sejam pesquisadas novas formas de realização de entrevistas de desligamento, oferecendo informações capazes de facilitar a percepção de cada trabalhador sobre o que se espera dele. Podem ser pesquisados ainda quais os aspectos mais relevantes para os trabalhadores sobre o processo de desenvolvimento e carreira. Sugere-se, ainda, que o processo de 76 socialização numa empresa como a estudada seja precedido do levantamento de opiniões de funcionários em exercício sobre o que eles gostariam que fosse abordado no momento de sua admissão, assim como as expectativas sobre o programa de desenvolvimento. Outra proposta é que se crie numa empresa como a estudada a oportunidade de uma carreira em Y e as vantagens e desvantagens dela advindas. 77 REFERÊNCIAS ABBAD, G. Um modelo integrado de avaliação do impacto do treinamento no trabalho - IMPACT. Brasília, 1999. Tese (Doutorado em Psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília; ABBAD, G., Pilati, R., & Pantoja, M. J. B. (2003, julho/agosto/setembro). Avaliação de treinamento: análise da literatura e agenda de pesquisa. Revista de Administração, 38(3), 205-218. A PREVENÇÃO DO ABSENTEÍSMO NO TRABALHO. Sinopse da investigação. Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, 1997. ALVES-MAZZOTTI, A.J.; GEWANDSZNAJDER, F. O Método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2004. AQUINO, J. D. Considerações críticas sobre a metodologia de coleta e obtenção de dados de acidentes do trabalho no Brasil. 1996. Nf. Dissertação... 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