Biologia e Geologia I – 2º Teste A Geologia, os Geólogos e os seus Métodos 1. As rochas, arquivos que relatam a história da Terra Rochas usadas para estudar a história da Terra → fósseis Fóssil de fácies – fóssil que fornece importantes informações de carácter paleogeográfico, corresponde a espécies de viveram durante grandes intervalos de tempo e ocuparam áreas geográficas restritas. Fóssil de idade – fóssil que permite a datação de rochas, pois corresponde a espécies que viveram durante intervalos de tempo relativamente curtos e ocuparam áreas dispersas por muitas zonas da Terra. Rochas – unidades estruturais da crusta e manto terrestre, formadas por associações de um ou mais minerais, geradas por processos naturais desde épocas remotas e testemunham as condições em que se originaram. Atendendo às características e às condições que presidiram à sua génese, consideram-se três grandes categorias de rochas: sedimentares, magmáticas e metamórficas. 1.1. Rochas sedimentares Na génese das rochas sedimentares ocorrem duas fases: a sedimentogénese e a diagénese. Sedimentogénese – processos que intervêm desde a elaboração dos materiais que vão constituir as rochas sedimentares até à deposição desses materiais. Meteorização – alterações físicas e químicas que ocorrem nas rochas que ficam expostas à superfície. Erosão – remoção dos materiais resultantes da meteorização por acção de agentes erosivos (gravidade, água, vento, seres vivos). Formam detritos ou clastos. Transporte – os detritos são transportados. Sedimentação – deposição dos materiais transportados, determinada pela força gravítica sobre os materiais. De acordo com a natureza da origem da fracção predominante dos sedimentos, podem considerar-se rochas sedimentares: - detríticas (detritos. Exs: blocos, calhaus, arenitos, areias); - quimiogénicas (precipitação de minerais em solução. Exs: calcários, gesso, sal-gema); - biogénicas (restos de seres vivos. Exs: carvão, petróleo). A ordem de sedimentação dos detritos é condicionada pelas dimensões e pela densidade desses materiais. Se não houver nenhuma perturbação, a sedimentação forma camadas paralelas e horizontais que se distinguem pela diferente espessura – estratos –, pelas dimensões e pela coloração dos materiais. Diagénese – evolução que os sedimentos experimentam, em que intervêm processos físico-químicos diversos que os transformam em rochas sedimentares. Compactação – devida à pressão das camadas superiores. Certos minerais podem ficar orientados. Cimentação – preenchimento dos espaços vazios ainda existentes por materiais resultantes da precipitação de substâncias químicas dissolvidas na água de circulação. Assim, forma-se uma rocha sedimentar consolidada. As rochas sedimentares apresentam estratificação e são frequentemente fossilíferas, conservando vestígios de seres vivos que ficaram incluídos no seio dos sedimentos. 1.2. Rochas magmáticas O magma, como é menos denso do que as rochas envolventes, tende a ascender na crusta, aproximando-se da superfície. Ao fazê-lo, arrefece e entra em consolidação, formando rochas magmáticas. Tipos de rochas magmáticas: - Intrusivas/plutónicas – se o magma se consolida no interior da crusta; ex: granito; - Extrusivas/vulcânicas – se o magma consolida à superfície ou perto dela; ex: basalto. As rochas plutónicas apresentam, geralmente, minerais de dimensões identificáveis à vista desarmada – um arrefecimento lento em profundidade é propício ao crescimento dos cristais. 1.3. Rochas metamórficas Rochas metamórficas – resultam de outras rochas pré-existentes, que experimentam transformações mineralógicas e estruturais, mantendo-se no estado sólido. Estas transformações são devidas a condições de pressão e de temperatura elevadas, a fluidos circulantes e ainda devido ao tempo. Tipos de metamorfismo: - metamorfismo regional – regiões em que as rochas ficam submetidas a tensões e temperaturas elevadas; zonas de colisão de massas continentais. Devido às tensões, os minerais ficam orientados em determinados planos definindo uma foliação que confere à rocha um aspecto textural característico. Ex: micaxisto. - metamorfismo de contacto – quando uma intrusão magmática se instala entre rochas preexistentes, o calor proveniente do magma pode metamorfizar as rochas encaixantes. Ex: mármore. 1.4. Ciclo das rochas Ciclo das rochas: conjunto de transformações do material rochoso no decurso das quais as rochas são geradas, destruídas e alteradas por processos devidos à dinâmica interna e externa da Terra. 2. A medida do tempo geológico e a idade da Terra 2.1. Idade relativa e idade radiométrica Datação relativa – processo de datação que permite avaliar a idade de umas formações geológicas em relação a outras. Aplicam-se o Princípio da Sobreposição dos Estratos e o Princípio da Horizontalidade, estabelecidos por Stenon. Aplicam-se ainda os Princípios da Intrusão/Intersecção e da Identidade Paleontológica. Datação absoluta – determinação da idade das formações geológicas ou de certos acontecimentos, referida em valores numéricos (geralmente M.a.). A técnica mais rigorosa para determinar a idade absoluta é a datação radiométrica – desintegração regular de isótopos radioactivos naturais. O tempo necessário para que se dê a desintegração de metade do número de átomos iniciais de uma amostra, originando átomos-filhos estáveis designa-se por período de semivida (T1/2). 2.2. Memória dos tempos geológicos Admite-se que a Terra tem 4600 M.a. e, desde então, a sua superfície tem vindo a alterar-se constantemente através dos tempos. Os geólogos consideram nos tempos geológicos Eras e Períodos. O conjunto constitui uma escala de tempo geológico, baseada num registo estratigráfico que permite estabelecer uma escala estratigráfica correspondente às formações geológicas geradas durante um certo tempo. 3. A Terra, um planeta em mudança 3.1. Mobilismo geológico Teoria da Deriva Continental (Wegener, 1912) A Teoria diz que os continentes já estiveram todos unidos num supercontinente – a Pangeia – e que o oceano que rodeava a Pangeia era a Pantalassa. No final do Paleozóico, diz que a Pangeia se começou a fragmentar. Argumentos que apoiam a Teoria de Wegener: - Topográficos – semelhança de contornos de zonas costeiras de continentes actualmente separados; - Geológicos – identificação de camadas rochosas com a mesma idade em regiões de vários continentes actualmente distantes (falhas e dobras de um continente para outro); - Paleontológicos – testemunhos fósseis de fauna e flora com a mesma idade em diferentes continentes; - Paleoclimáticos – análise de depósitos glaciares em rochas sedimentares, em diferentes continentes. → Wegener não soube dizer que tipos de forças moviam os continentes. Teoria da Tectónica de Placas (1968) Ao longo do tempo, a posição dos continentes e dos oceanos tem-se alterado, devido ao Movimento da Tectónica de Placas. Esta teoria defende que a superfície terrestre se encontra fragmentada em diferentes porções rígidas, que encaixam umas nas outras e se encontram em constante movimento – placas litosféricas. Placas litosféricas – fragmentos rígidos da litosfera, com uma espessura de aproximadamente 100 km, que “flutuam” na astenosfera e recobrem toda a superfície terrestre. Placas litosféricas deslocam-se lentamente, alastrando ao nível das dorsais oceânicas e mergulhando ao nível das zonas de subducção (quando uma placa mergulha noutra). As placas litosféricas movem-se, na litosfera, devido ao movimento das correntes de convecção, na astenosfera. Tipos de Limites das Placas Litosféricas Limites Divergentes ou Construtivos Placas deslocam-se em sentidos contrários. Situam-se nas dorsais oceânicas onde há ascensão de magma pelo rifte. Locais onde há formação de nova litosfera. Duas placas oceânicas: zonas construtivas em que se formam riftes Limites Convergentes ou Destrutivos Placas deslocam-se no mesmo sentido. Situam-se nas fossas abissais (ou oceânicas), onde o material rochoso que afunda é destruído nas zonas de subducção. Existem nas zonas de transição da crusta continental para a crusta oceânica, em zonas só de crusta oceânica ou em zonas só de crusta continental. Locais onde há destruição da litosfera. Limites Conservativos ou de Falhas Transformantes Deslizam lateralmente umas em relação às outras. Situam-se nas falhas transformantes, onde não há formação nem destruição da litosfera. A Terra, um Planeta muito especial 1. Formação do Sistema Solar 1.1. Composição do Sistema Solar Sol – modesta estrela existente no conjunto dos milhões de estrelas que existem na Via Láctea; 98% da massa do Sistema solar. Tem erupções solares – explosões na superfície do Sol causadas por mudanças repentinas no seu campo magnético -; manchas solares – intensos campos magnéticos que impedem a saída de protões e electrões, são as zonas mais frias do Sol -; vento solar – matéria ejectada pelo Sol que se desloca pelo espaço interplanetário. Planetas Clássicos – corpos celestes que orbitam em torno do Sol, que têm uma massa suficiente para ter gravidade própria e que assumem uma forma arredondada e que possuem uma órbita desimpedida de outros astros. O Sistema Solar é constituído por oito planetas principais: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte (Planetas Telúricos ou Terrestres), Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno (Planetas Gigantes ou Gasosos). Planetas Telúricos São essencialmente constituídos por materiais sólidos; Têm um núcleo metálico; Têm um diâmetro inferior ou próximo ao da Terra; As atmosferas, quando existentes, são pouco extensas relativamente às dimensões dos planetas; Os movimentos de rotação são lentos; Possuem poucos satélites ou nenhum. Planetas Gigantes São essencialmente formados por gases; Possuem um pequeno núcleo; Possuem diâmetros muito superiores aos dos planetas telúricos; Têm baixa densidade; Movem-se com maior velocidade; Têm, geralmente, inúmeros satélites. Planetas Secundários – planetas que giram em torno de outros planetas, são os chamados satélites naturais. Ex: Lua, Ganimedes, Titã. Planetas Anões – corpos celestes muito semelhantes a planetas clássicos, visto que orbitam em torno do Sol, possuem uma forma arredondada, mas não possuem a órbita desimpedida. A distinção entre planetas anões e planetas clássicos baseia-se no facto de os primeiros não possuírem força gravítica suficiente para remover pequenos corpos cujas órbitas os levem a colidir, capturar entre si, ou sofrer perturbações gravitacionais. Ex: Plutão, Ceres, Éris. Todos os planetas do Sistema Solar realizam dois movimentos: movimento de translação e movimento de rotação. Asteróides – corpos rochosos irregulares e de pequenas dimensões. De acordo com a sua órbita, podem ser agrupados em vários grupos como a Cintura de Asteróides (entre as órbitas de Marte e Júpiter), os Asteróides Próximos da Terra, os Asteróides Troianos ou os Asteróides Centauros. Cometas – corpos mais primitivos do Sistema Solar que descrevem órbitas muito esquisitas relativamente ao Sol. São pequenos corpos esferoidais constituídos maioritariamente por água, gases congelados e poeiras rochosas. Estão estruturados em três partes: um núcleo sólido brilhante constituído por silicatos e gases congelados; uma cabeleira em redor do núcleo, resultado da sublimação dos gases que formam o núcleo; uma comprida cauda de cor branca com alguns milhões de quilómetros de comprimento, constituída por gases e poeiras libertadas pelo núcleo e com um sentido contrário à posição do Sol. Meteoróides – partículas rochosas de variadas dimensões, que se formam devido à colisão entre asteróides ou à desagregação de cometas. Por vezes, algumas dessas partículas são atraídas pelo campo gravitacional da Terra e penetram na sua atmosfera: - Ao entrar na atmosfera terrestre, o meteoróide sofre aquecimento devido ao atrito, torna-se incandescente e deixa um rasto luminoso – meteoro; - A ocorrência de vários meteoros em simultâneo gera uma chuva de meteoros (por exemplo, devida à Terra interceptar a cauda de um cometa); - Quando os meteoróides resistem à passagem pela atmosfera (vaporizam apenas parcialmente) e colidem com a superfície terrestre, formam os meteoritos; - As depressões no solo terrestre, resultantes do impacto de meteoritos, são chamadas crateras de impacto. Classificação de Meteoritos: Sideritos ou férreos: formados por uma liga metálica de ferro e níquel, apresentam inclusões de um mineral não muito frequente na Terra – a troilite. Siderólitos ou petroférreos: constituídos por proporções idênticas de minerais silicatados (como o feldspato) e de uma liga metálica de ferro e níquel. Aerólitos ou pétreos: possuem na sua composição uma elevada percentagem de minerais silicatados e uma reduzida percentagem de liga de ferro e níquel. 1.2. Provável origem do Sol e dos planetas Primeiro, dizia-se que a Lua, a Terra e os outros planetas tinham tido uma origem comum, há 4500 M.a.; um facto que comprovava a Teoria Nebular. Esta Teoria dizia que a formação do Sistema Solar tinha sido devida à contracção de uma nebulosa gasosa em rotação, que tinha originado um proto-sol e que dele, de tempos a tempos, se iam soltando anéis de matéria que iriam dando origem a cada um dos planetas conhecidos. Reformulou-se a Teoria Nebular, e assim surgiu a Teoria Nebular Reformulada, que tem como sequência de acontecimentos: Nebulosa solar: nuvem de gases e poeiras interestrelares Contracção gravítica e aumento da velocidade de rotação Planetesimais e processo de acreção (arrefecimento e condensação) Protoplanetas (atraídos pela órbita solar) Formação dos planetas à volta do Sol Futuro: talvez o Sistema Solar desapareça devido à formação de uma gigante vermelha 1.3. A Terra – acreção e diferenciação Características da Terra: - distância ao Sol – existência de água nos três estados, luz, temperaturas amenas (calor); - massa – força da gravidade (atmosfera e hidrosfera), energia interna. Acreção – processo pelo qual, na nébula solar primitiva, corpos sólidos se agregaram, por acção da força gravítica, para formar os planetas. Diferenciação – processo pelo qual a Terra passou de um corpo ± homogéneo para um corpo de camadas concêntricas: núcleo (denso), manto (± denso), crusta (pouco denso)[, atmosfera (gases)]. Acreção da Terra ↓ Causas do Aquecimento Terrestre: - Impacto dos planetesimais - Compressão gravítica (resultante do seu próprio peso) - Desintegração radioactiva ↓ Diferenciação ↓ Consequências da Diferenciação: - Zonação dos materiais terrestres em camadas concêntricas (crusta, manto, núcleo) - Formação da atmosfera - Formação dos oceanos Distribuição dos principais elementos químicos no planeta: - Núcleo da Terra – Ferro de Níquel → Siderito - Manto – Silício e Magnésio → Siderólito - Crusta – Silício e Alumínio → Aerólito Formação de Continentes na Terra: Lava ascende por fissuras e espalha-se; Solidifica e forma a fina crusta (que se fragmenta e altera devido a agentes atmosféricos). Formação de Oceanos na Terra: Fenómenos vulcânicos: derrame de lava e libertação de gases e de vapor de água Vapor de água condensou-se, por arrefecimento → Chuvas intensas que se acumularam → Oceanos Primitivos Formação de Atmosfera na Terra: Desgaseificação vulcânica (processo de diferenciação) → Libertação de gases do interior da Terra Atmosfera Primitiva – menor oxigenação, maior hidrogenação; com efeito de estufa 2. A Terra e os outros planetas telúricos 2.1. Manifestações da actividade geológica Mercúrio: crateras de impacto meteorítico Vénus: espessa atmosfera de CO2; vulcões, planaltos e planícies Terra: agentes erosivos, presença de água líquida e de seres vivos Marte: vulcões extintos, leitos de rios longos e secos Os planetas telúricos são semelhantes na sua dimensão, na sua massa e na sua composição química. Planetas Telúricos Planetas geologicamente activos (Vénus e Terra) Origem Interna Fontes de Energia Planetas geologicamente inactivos (Mercúrio e Marte) Origem Externa - Bombardeamento primitivo (acreção); - Contracção gravítica; - Radioactividade; - Efeito de marés. - Sol; - Impacto de corpos celestes. Fontes de Energia Manifestações de Actividade Geológica Fluxo de Calor do Interior para a Superfície Erosão e Meteorização Formação de crateras Manifestações de Actividade Geológica Vulcanismo Sismologia Tectónica de Placas 2.2. Sistema Terra-Lua A Lua tem a mesma constituição da Terra. Não é geologicamente activa nem tem luz própria. Utilizam-se sondas e telescópios para conhecer a superfície lunar. Formação da Lua: 4500 M.a. – havia uma massa quente e fluida que começou a girar Ia arrefecendo e solidificando, formando uma crusta primordial de materiais pouco densos Ia sendo bombardeada e ficava com crateras de impacto (com basalto, impacto de corpo celeste + magma) 3900 M.a. – Actividade vulcânica 3200 M.a. até à actualidade – não apresenta modificações A órbita da Lua aproximou-se da Terra devido ao seu campo gravitacional e tornou-se no satélite terrestre. A Lua é um planeta secundário do Sistema Solar que conserva as marcas do passado, uma vez que a sua baixa gravidade a impede de possuir atmosfera e, consequentemente, erosão. A superfície lunar é acinzentada, arenosa e tem fragmentos rochosos (por causa da queda de meteoritos). A superfície lunar está dividida em dois grupos: - os mares – relevo ± plano, constituídos por basaltos, cor escura, poucas crateras de impacto, mais recentes que os continentes, 1/3 da superfície lunar, têm “mascons”; - os continentes – relevo acidentado, constituídos por anortositos (feldspatos – granitos), tons claros, muitas crateras de impacto, rochas mais antigas que as dos mares, 2/3 da superfície lunar. Rególito lunar – material misturado e heterogéneo da Lua (por causa dos choques) Estrutura lunar: crusta, manto, (pequeno) núcleo 1969 – Neil Armstrong e Edwin Aldrin Jr. pisaram a Lua. Características da Lua em relação à Terra: - pequenas dimensões; - reduzida força gravítica; - ausência de atmosfera e hidrosfera; - amplitudes térmicas elevadas (120ºC de dia – 160ºC de noite); - actividade geológica interna nula; - geodinâmica externa reduzida (sem erosão eólica nem hidráulica). Influência da Lua nas marés: as marés na Terra mudam consoante a atracção gravitacional da Lua (e com a acção do Sol) 3. A Terra, um planeta a proteger 3.1. Face da Terra – continentes e fundos oceânicos Áreas Continentais Na superfície continental emersa (29%), distinguem-se: - Escudos – extensões onde afloram rochas do Pré-Câmbrico que formam os núcleos de cada continente; raízes de montanhas erodidas desde há muito tempo. Têm rochas magmáticas e metamórficas. - Plataformas estáveis – zonas dos escudos que não afloram, pois estão cobertas por sedimentos depositados no decurso de fases de subida e descida das águas do mar. Têm rochas sedimentares. - Cinturas orogénicas recentes – enormes cadeias montanhosas resultantes de colisões continente-continente ou placa oceânica-continente. Ex: Andes, Himalaias (ainda em formação). Áreas Oceânicas Com os avanços tecnológicos foi possível constatar que a morfologia dos fundos oceânicos é muito acidentada e complexa. Barcos dotados de sonar ou a utilização de pequenos submersíveis permitem adquirir uma ideia mais pormenorizada da morfologia do fundo oceânico. Nas áreas cobertas pelo oceano pode considerar-se um domínio continental e um domínio oceânico. Do domínio continental fazem parte: - Plataforma continental – faz parte da crosta continental e prolonga o continental sob o mar; - Talude continental – representa o limite da parte imersa do domínio continental, é uma zona de forte declive. Do domínio oceânico fazem parte: - Planícies abissais – com grandes profundidades, podem formar depressões designadas por fossas, ilhas e colinas formadas pela acumulação de materiais vulcânicos emitidos por vulcões submarinos; - Dorsais oceânicas – elevam-se acima das planícies, situam-se na parte média ou nos bordos dos oceanos, são cortadas por falhas transversais e na sua parte central pode existir um rifte. A origem dos fundos oceânicos é mais recente que a dos continentes, mas a estrutura dos continentes é mais variada e complexa que a dos fundos oceânicos. 3.2. Intervenções do Homem nos subsistemas terrestres A interferência humana tem vindo a produzir efeitos cada vez mais vastos e com impactes ambientais cada vez mais profundos no planeta, tanto a nível local como a nível global. Impactes na geosfera Causas dos impactos geológicos: - Crescimento populacional; - Desenvolvimento económico e tecnológico; - Consumo excessivo de recursos naturais. Consequências: - Aumento da exploração dos recursos naturais; - Aumento da produção e acumulação de resíduos; - Aumento do número de catástrofes (devido à ocupação de áreas de risco). Recursos naturais – matérias-primas que o Homem extrai da Terra, no sentido de permitir a sua sobrevivência e o desenvolvimento da civilização. Recursos renováveis – recursos em que os ciclos de renovação ocorrem num período de tempo cuja duração é compatível com a da vida humana. Ex: águas subterrâneas. Recursos não renováveis – recursos naturais cujas reservas, quando são exploradas e consumidas a um ritmo acelerado, não podem ser reconstituídas num período de tempo compatível com a duração da vida humana. Formam-se a um ritmo muito lento. Ex: combustíveis fósseis. Apesar de a água ser um recurso renovável, é escassa e está sujeita a enormes pressões antrópicas. A formação geológica de onde é possível extrair água de forma economicamente rentável designa-se de aquífero. Os problemas levantados com o fornecimento de quantidades crescentes de água para uma população também crescente começaram a representar grandes desafios. Uma elevada extracção de água em aquíferos costeiros pode provocar o avanço da água salgada, transformando a água doce contida no aquífero costeiro em água salobra, tornando-a imprópria para consumo humano. Impactos ambientais resultantes da actividade mineira [abertura de cavidades da superfície terrestre → céu aberto]: - Remoção da cobertura vegetal e degradação do solo; - Elevadas concentrações de poeiras; - Níveis elevados de ruídos; - As rochas e solos não explorados depositam-se em escombreiras. Atmosfera Produção e acumulação de Resíduos → Substâncias não degradáveis → POLUIÇÃO Geosfera Hidrosfera Poluição – alteração indesejável ao nível dos diferentes subsistemas terrestres, provocada por acção humana, através da introdução directa ou indirecta de substâncias, vibrações, calor ou ruído no ar, na água ou no solo, susceptíveis de prejudicar a saúde humana ou a qualidade do ambiente. Risco geológico – resulta de processos geológicos que produzem, em determinadas circunstâncias, significativos danos ao Homem. Depende das condições ambientais e do número de habitantes. A geomorfologia é a ciência que estuda e interpreta as formas de revelo terrestre e os processos responsáveis pela sua modelação. Protecção ambiental e desenvolvimento sustentável Desenvolvimento sustentável – modelo de desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Medidas de actuação do Homem para o Desenvolvimento Sustentável: - Ordenamento do território (carta geológica); - Redução de impactes ambientais negativos (Política dos três R’s: Reduzir, Reutilizar, Reciclar; incineração; aterros sanitários); - Recuperação de áreas degradadas; - Conservação do património geológico (geomonumentos). O ordenamento do território é a gestão da intervenção homem/espaço natural. Consiste no planeamento das ocupações, no potenciar do aproveitamento das infra-estruturas existentes e no assegurar da preservação de recursos limitados. Estrutura e Dinâmica de Geosfera 1. Métodos para o estudo do interior da geosfera O conhecimento da Terra implica investigações directas, baseadas na observação e no estudo de materiais e processos geológicos acessíveis ao ser humano, e métodos indirectos, que fornecem dados sobre a constituição e as condições de zonas profundas, inacessíveis directamente. 1.1. Métodos directos Estudo da superfície visível – permite o conhecimento mais ou menos completo das rochas e de outros materiais que afloram ou que é possível ver directamente em cortes de estradas, de túneis, etc. Esse estudo pode ser complementado em laboratório, mas restringe-se a uma parte muito superficial da Terra. Exploração de jazigos minerais efectuada em minas e escavações – fornece dados directos até pequenas profundidades. Sondagens – perfurações envolvendo equipamento apropriado que permitem retirar colunas de rochas (carotes) correspondentes a milhões de anos de história e que contam ao geólogo muitos acontecimentos do passado da Terra. As perfurações envolvem problemas muito complexos não só no aspecto económico, pois são extremamente dispendiosas, mas também no aspecto técnico, devido às elevadas temperaturas existentes no interior da Terra. Os materiais utilizados na perfuração têm de ser resistentes a essas temperaturas e suficientemente leves para serem manejados. Magmas e xenólitos – os vulcões lançam, para o exterior, materiais oriundos de grandes profundidades. O magma, ao movimentar-se, arranca e incorpora fragmentos de rochas do manto e da crosta. Esses fragmentos são transportados e incluem-se na rocha magmática após a solidificação, constituindo xenólitos ou encraves, vindos de grandes profundidades. 1.2. Métodos indirectos Planetologia e astrogeologia As técnicas aplicadas no estudo de outros planetas do Sistema Solar podem ser usadas no estudo da Terra - planetologia. É possível, por exemplo, determinar indirectamente a massa da Terra aplicando leis físicas. A astrogeologia aplica princípios e métodos geológicos a um plano mais vasto. O estudo dos meteoritos, por exemplo, tem permitido reconstituir os primeiros estádios de formação da Terra e confrontar a natureza e a composição desses meteoritos com as diferentes zonas que se admite constituírem o interior do globo terrestre. - Satélites – Estudo de meteoritos – Imagens Métodos geofísicos Geofísica: ciência que estuda a Terra por métodos físicos quantitativos, através da propagação de ondas sísmicas, determinações gravimétricas, electromagnéticas, geomagnéticas e geotérmicas. Os dados geofísicos permitem elaborar modelos sobre a estrutura e provável composição da Terra. Gravimetria – qualquer corpo situado à superfície terrestre tem uma força de atracção para o centro da Terra, que é dada pela expressão matemática . Os gravímetros medem a força da gravidade. A força da gravidade em diferentes pontos da Terra altera-se devido a três factores: latitude, altitude e acidentes topográficos. Quanto há variações irregulares da força da gravidade, há anomalias gravimétricas, que podem ser positivas (alta densidade – planícies e fundos oceânicos; jazigos minerais) ou negativas (pouca densidade – locais de elevada altitude, cadeias montanhosas; domas salinos, grutas). Aplicando o método gravítico sobre a superfície terrestre é possível identificar a presença de materiais mais ou menos densos no interior da crusta, visto que eles são as causas das anomalias gravimétricas. Densidade e massa volúmica – a densidade global da Terra pode ser determinada indirectamente e permite determinar o gradiente geobárico – variação da pressão litostática com a profundidade. A massa é calculada pela aplicação da Lei de Atracção Universal. A razão entre a massa e o volume dá a massa volúmica, que é cerca de 5,5 g/dm 3. As rochas da superfície terrestre são muito menos densas, apresentando uma massa volúmica média de 2,8 g/cm 3, o que significa que devem existir materiais com grandes densidades no interior no planeta. Aumento da pressão exercida → Diminuição do volume Densidade = massa volúmica. Geomagnetismo – a Terra tem um campo magnético natural, formado a partir da rotação mecânica do núcleo exterior líquido (Fe e Ni), em relação ao manto, tendo criado correntes eléctricas com um sentido Norte-Sul, que gera um campo magnético auto-sustentável (apoia o modelo actual da estrutura do globo terrestre). Certas rochas, como o basalto, são ricas em minerais ferromagnéticos, como a magnetite. Durante o arrefecimento do magma, os cristais podem ficar magnetizados instantaneamente quando a temperatura desce abaixo do ponto de Curie (585º para a magnetite). Assim, algumas rochas detêm uma “memória” do campo magnético terrestre na altura da formação dos minerais ferromagnesianos que contêm – campo paleomagnético. O estudo dos campos paleomagnéticos designa-se por paleomagnetismo. O campo magnético tem mudado periodicamente a sua polaridade, ou seja, o Pólo magnético que está actualmente próximo do Pólo Norte geográfico – polaridade normal – já esteve, no passado, próximo do Pólo Sul geográfico – polaridade inversa. À mudança de polaridades dá-se o nome de inversão do campo magnético terrestre. O magnetómetro permite medir a intensidade de campos magnéticos fracos e permite determinar a direcção e o sentido dos campos paleomagnéticos das rochas. Percorrendo os fundos oceânicos com este aparelho, verifica-se que a intensidade do campo magnético em determinadas zonas é superior à intensidade média actual – anomalia positiva (polaridade normal) –, e noutras zonas é inferior – anomalia negativa (polaridade inversa). O paleomagnetismo fornece informações sobre o passado da Terra: - regista inversões da polaridade do campo magnético terrestre; - apoia a hipótese da deriva continental e da formação dos fundos oceânicos a partir do eixo das dorsais; - determina a latitude geográfica que determinada rocha tinha quando se formou. Sismologia – parte do conhecimento do interior da Terra proveio do estudo do comportamento das ondas sísmicas que se propagam através do Globo. A velocidade das ondas sísmicas, na Terra, experimenta altercações: as ondas são desviadas e algumas deixam de propagar-se a partir de certa profundidade. Todos estes acontecimentos fornecem informações sobre a constituição e as características do globo terrestre. Geotermismo – a Terra tem energia térmica, sendo a sua principal fonte de energia a desintegração de elementos radioactivos (como o urânio, o tório e o potássio) que se encontram nas rochas, embora também exista energia térmica no interior da Terra vinda da formação do planeta. A temperatura terrestre aumenta com a profundidade. Gradiente geotérmico – relação entre temperatura e profundidade. 30ºC → 1 km Grau geotérmico – número de metros que é necessário aprofundar para que a temperatura aumente 1ºC. 1ºC → 3 m Fluxo térmico – dissipação de calor; quantidade de energia térmica libertada por unidade de superfície e por unidade de tempo.