Avaliação da Geração S2 do Acesso NSL 6421 de Manjericão. José L. S. de Carvalho Filho1; Polyana A. D. Ehlert1; José Welton A. de Paula; Arie F. Blank1; Péricles B. Alves; Maria de F. Arrigoni-Blank2. 1UFS –- Depto. de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon s/n, 49100-000 São Cristóvão-SE. 2UFAL- Doutoranda, Maceió/AL. E-mail: [email protected]. (Apoio: ETENE/FUNDECI/BN; CNPq). RESUMO O manjericão tem se mostrado como uma cultura promissora para a região nordeste do Brasil, além do grande interesse que o mercado internacional tem pela cultura, seria uma nova alternativa de renda para o pequeno produtor. Visando a obtenção de uma nova cultivar com alto rendimento de óleo essencial rico em linalol, avaliou-se a geração S2 do acesso NSL 6421. As características avaliadas foram: número de dias para o florescimento, massa seca de folhas (g), teor de óleo essencial (mL 100 g-1), altura de planta (cm) e percentagem relativa de linalol. Sugere-se a aplicação da seleção massal a partir da geração S3 para padronizar as características agronômicas. Palavras-chaves: Ocimum basilicum, melhoramento vegetal, óleo essencial, linalol. ABSTRACT Evaluation of S2 generation of basil accession NSL 6421. Sweet basil shows to be a promising culture for the northeast region of Brazil, beyond de great interest of the international market, and can be a new alternative gain for small farmers. The S2 generation of basil accession NSL 6421 was evaluated aiming to obtain a new cultivar with high yield of essential oil rich in linalool. The evaluated characters were: days to flowering, dry weight of leaves (g), essential oil content (mL 100 g-1), plant height (cm), relative percentage of linalool. We suggest applying the mass selection at the S3 generation to standardize the agronomic characters. Keywords: Ocimum basilicum, plant breeding, essential oil, linalool. O óleo essencial de manjericão (Ocimum basilicum L.) vem sendo amplamente empregado na indústria alimentícia, como tempero ou condimento culinário; como aromatizante na indústria de cosméticos, como material de partida para produção de xampus, sabonetes e perfumes. Popularmente, na medicina caseira, lhe atribuem as seguintes propriedades: antiepilético e sedativo (Silveira et al., 2002), digestivas, além de ser usado contra infecções bacterianas e parasitas intestinais (Lorenzo e Matos, 2003). O manjericão apresenta uma enorme diversificação na composição do seu óleo essencial, que denominamos de quimiotipos; porém dentro destes quimiotipos o mercado internacional interessa-se e valoriza o óleo essencial rico em linalol que é classificado como tipo Europeu, sendo que os seus principais constituintes são: linalol e metil-cavicol, o qual é muito utilizado na indústria de cosmético (Charles e Simon, 1990). A Universidade Federal de Sergipe (UFS), visando oferecer para o pequeno produtor uma nova alternativa na obtenção de renda, vêm desenvolvendo um programa de melhoramento para essa espécie, e para isso realizou-se a caracterização morfológica e agronômica de acessos (Blank et al., 2004) para fornecer subsídios para selecionar genótipos promissores. Diante do exposto o óleo essencial é o principal produto obtido, e visando aumentar o seu teor dentro da espécie se faz necessário o melhoramento vegetal, com o intuito de desenvolver cultivares produtivas, uniformes e com elevado teor de linalol, uma vez que este produto é de elevado interesse e muito valorizado no mercado internacional; o objetivo deste trabalho foi avaliar a geração S2 do acesso NSL 6124 quanto suas características agronômicas. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi implantado em estufa agrícola, na Fazenda Experimental "Campus Rural da UFS", Município de São Cristóvão-SE, Brasil, em 13/09/2003. As mudas foram produzidas em bandejas de isopor de 72 células, usando-se como substrato pó-de-coco lavado, esterco bovino curtido na proporção de 1:1; estas foram provenientes de sementes da planta número 5 obtida na geração S1. No preparo do solo foi feita a calagem aplicando-se 2 t ha-1 de calcário dolomítico, de acordo com a análise de solo. A incorporação foi feita com enxada a uma profundidade de 20 cm. A adubação usada foi 90 m3 ha-1 de esterco bovino distribuído uniformemente nos canteiros. O espaçamento utilizado foi 0,25 m entre linhas e 0,30 m entre plantas. Utilizou-se para a avaliação experimental, 33 plantas da geração S2 do acesso de manjericão NSL6421. As variáveis analisadas foram: dias para o florescimento (após o transplantio das mudas); massa seca de folhas (g); teor de óleo essencial (mL 100g-1), altura de planta, percentagem relativa de linalol. A secagem das folhas foi feita em estufa a 40 oC durante cinco dias. O teor de óleo essencial foi obtido a partir da hidrodestilação das folhas secas das plantas individuais com destilador tipo Clevenger (Guenther, 1972) e foi expresso em mL 100 g-1. As amostras de óleo essencial foram analisadas em espectrofotômetro de massa CG/EM (Shimadzu modelo QP5050A) e a identificação dos constituintes foram feitas através de duas bibliotecas do equipamento NIST 107, NIST 21 e por comparação dos índices de retenção calculados através de co-injeção de hidrocarbonetos lineares como padrões e dados da literatura (Adams, 1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas da geração S1 apresentaram, em média, as seguintes características: florescimento médio em 34 dias após o transplantio, massa seca (9,3 g), altura de planta (48,2 cm), teor de óleo essencial (1,7 mL 100 g-1), teor relativo de linalol (80,4 %) (Blank et al., 2003; Carvalho Filho et al., 2003). As características da planta número 5 da geração S1 foram: florescimento médio em 45 dias após o transplantio, massa seca de folhas (11,0 g), altura de planta (47,0 cm), teor de óleo essencial (2,3 mL 100 g-1), teor relativo de linalol (95,5 %) (Blank et al., 2003; Carvalho Filho et al., 2003) As plantas da geração S2 apresentaram em média 28 dias para o florescimento; observou-se grande amplitude (3,6 - 33,3) para massa seca de folhas, para as 33 plantas avaliadas, onde a média foi de 10,37 g e o desvio padrão igual 5,96 (Tabela 1). Esses dados permitem sugerir a aplicação de seleção massal a partir desse ponto para padronizar essa variável. A altura das plantas foi em média de 44,4 cm e o desvio padrão igual a 5,48 (Tabela1), já com relação ao teor de óleo essencial verificou-se que a amplitude foi de 0,75 4,17 mL 100 g-1, média de 1,92 mL 100 g-1 e desvio padrão da média de 0,77 (Tabela 1), demonstrando o potencial das plantas para a produção de óleo essencial. Para a percentagem relativa de linalol obteve-se a média de 78,8 %, amplitude de 54,9 - 86,6 e desvio padrão da média de 5,9. Observou-se uma diminuição da média quando comparada com os dados da geração S1, podendo concluir que a autofecundação de uma única planta não foi eficiente para essa variável. O teor de linalol apresenta, provavelmente, baixa herdabilidade e a aplicação da seleção massal a partir da geração S3 poderá fornecer melhores resultados. Tabela 1 – Valores médios, amplitude e desvio padrão da média para as variáveis dias para o florescimento, massa seca de folhas, altura de plantas, teor de óleo essencial e percentagem relativa de linalol para a geração S2 do acesso NSL 6421. São Cristóvão, UFS, 2004. Variáveis Dias para florescimento Peso de massa seca de folha (g) Altura de plantas (cm) Teor de óleo essencial (mL 100 g-1) Percentagem relativa de linalol Nº de plantas Média 28,03 10,37 44,4 1,9 78,8 33 NSL 6421 Amplitude Desvio padrão da média 17-31 4,64 3,6-33,3 5,96 35-55 5,48 0,7-4,2 0,77 54,9-86,6 5,94 ----- LITERATURA CITADA ADAMS, R. P. Identification of essential oil components by gas chromatografhy/mass spectroscopy. Carol Stream: Allured Publishing Corporation, 1995. 469 p. BLANK, A.F.; CARVALHO FILHO, J.L.S. de; ALVES, P.B.; RODRIGUES, M.O.; ARRIGONI-BLANK, M. de F.; SILVA-MANN, R.; MENDONÇA, M. da C. Teor de óleo essencial e linalol na geração S1 de três populações de manjericão (Ocimum basilicum L.). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ÓLEOS ESSENCIAIS, 2. Documentos IAC, n.74, 2003. p. 143. (Resumo, 133). BLANK, A.F.; CARVALHO FILHO, J.L.S. de; SANTOS NETO, A.L. dos; ALVES, P.B.; ARRIGONI-BLANK, M. de F.; SILVA-MANN, R.; MENDONÇA, M. da C. Caracterização morfológica e agronômica de acessos de manjericão e alfavaca. Horticultura Brasileira, v. 21, n. 1, p. 113 - 116, 2004. CARVALHO FILHO, J.L.S. de; BLANK, A.F.; SANTOS, M. da F.; ALVES, P.B.; SANTANA FILHO, L.G.M.; ANDRADE, L.G.; OLIVEIRA, A. dos S.; SILVA-MANN, R.; COSTA, A.G.; ARRIGONI-BLANK, M. de F.; DANTAS, Í.B.; AZEVEDO, V.G.; MENDONÇA, M. da C. Avaliação da geração S1 de quatro populações de manjericão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 43. Horticultura Brasileira, v.21, n.2, 2003. Suplemento 2, CD-ROM. LORENZO, H ; MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2003. 544 p. SILVEIRA, J. M. et al. Variação no teor de linalol presente nas folhas de Ocimum basilicum var. purpurascens Benth (manjericão roxo). In: Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, XVII, 2002, Cuiabá. Anais... Cuiabá: UFMT, 2002. CD-ROM.