UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS PROGRAMA DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL A im portância da terapêutica nutricional no tratam ento da constipação intestinal em pacientes oncológicos: um a revisão. Raquel Bastos Campregher Campinas Fevereiro/2008 PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO - FUNDAP RAQUEL BASTOS CAMPREGHER A importância da terapêutica nutricional no tratamento da constipação intestinal em pacientes oncológicos: uma revisão Monografia apresentada ao Programa de Aprimoramento Profissional/CRH/SES-SP e FUNDAP, elaborada na Universidade Estadual de Campinas/Faculdade de Ciências Médicas Área: Nutrição CAMPINAS 2008 ÍNDICE Lista de Tabelas............................................................................................................. i Resumo........................................................................................................................... ii 1. Introdução.................................................................................................................. 01 2. Objetivos.................................................................................................................... 04 3. Metodologia............................................................................................................... 05 4. Revisão Bibliográfica................................................................................................. 06 4.1 Constipação Intestinal........................................................................................... 06 4.2 Dor Oncológica..................................................................................................... 10 4.3 Terapêutica Nutricional......................................................................................... 14 4.3.1 Água............................................................................................................... 18 4.3.2 Pobióticos, Prebióticos e Simbióticos........................................................... 20 4.3.4 Outros............................................................................................................. 21 4.4 Tratamento Medicamentoso.................................................................................. 23 5. Conclusão................................................................................................................... 25 6. Referências Bibliográficas......................................................................................... 26 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Causas secundárias de constipação intestinal Página 10 Tabela 2. Principais componentes da fibras dietética Página 15 Tabela 3. Exemplos de alimentos fonte de fibras solúveis e insolúveis Página 17 i Resumo Atualmente, no Brasil, o câncer se constitui na segunda causa de morte por doença e a dor é um dos sintomas mais freqüentes em pacientes oncológicos. Seu alívio pode requerer o uso de medicamentos como os opióides, combinações de narcóticos e de outras formas de terapia. No entanto, a administração dessas medicações causa, dentre outros efeitos colaterais, especialmente a constipação intestinal, cujo controle se faz necessário para promover a qualidade de vida dos pacientes, em particular dos que apresentam doença avançada. A constipação intestinal nestes pacientes também pode decorrer devido a outros fatores relacionados diretamente ao tumor, ao tratamento ou a processos concomitantes como, por exemplo, debilidade física e diminuição da ingestão de alimentos ricos em fibras ou de líquidos. Quando mal tratada, a constipação pode levar a severas complicações. A terapêutica nutricional, provida de nutrientes laxativos, oferece grandes benefícios e pode minimizar os desconfortos causados por esse distúrbio, restaurar o trânsito intestinal, promover aumento do peso das fezes e o restabelecimento da freqüência da defecação. Este trabalho é uma revisão bibliográfica sobre a constipação nutricional em pacientes oncológicos, especialmente como conseqüência do uso de opióides utilizados no tratamento da dor e a necessidade de uma adequada terapêutica nutricional para efetivo sucesso do tratamento. Palavras-chave: oncologia, dor oncológica, analgésico opóides, constipação, nutrição fibras, terapia nutricional e dieta. ii 1. Introdução O câncer se constitui na segunda causa de morte por doença atualmente no Brasil. Em 2004, a mortalidade relacionada ao câncer representou 13,7% de todos os óbitos registrados no país. Em 1994, as neoplasias foram responsáveis por 10,86% dos 887.594 óbitos registrados, sendo que 53,81% desses óbitos ocorreram entre os homens e 46,05%, entre as mulheres. Com exceção da região Nordeste, nas demais regiões, os neoplasmas seguem-se às doenças cardiovasculares, como causa de morte, e sua proporcionalidade aumenta à medida que se desloca para o sul: 7,83% (Região Norte), 9,89% (Região Centro-Oeste), 11,93% (Região Sudeste) e 15,19% (Região Sul). Somente na Região Nordeste, as neoplasias representam a terceira causa de morte por doença, consistindo de 6,34% dos óbitos atestados, ficando apenas 0,02 pontos percentuais depois das doenças infecciosas e parasitárias. Assim, analisando-se as taxas de mortalidade das macrorregiões do Brasil, o câncer apresenta-se em diferentes posições, mas sempre encontrado entre as primeiras causas de morte, ao lado das doenças do aparelho circulatório, do aparelho respiratório, causas externas, afecções do período peri-natal e doenças infecciosas e parasitárias. O câncer hoje pode ser configurado como problema de saúde pública no Brasil. Fatores como o aumento da expectativa de vida, a industrialização, a urbanização e os avanços tecnológicos observados na área da saúde, além da mudança de hábitos de vida da população, estão diretamente relacionados com o aumento do risco de desenvolvimento de câncer(14, 15). Em 2005, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), de um total de 58 milhões de mortes ocorridas no mundo, o câncer foi responsável por 7,6 milhões, o que representou 13% de todas as mortes. Os principais tipos de câncer com maior mortalidade foram: pulmão (1,3 milhão); estômago (cerca de 1 milhão); fígado (662 mil); cólon (655 mil); e, mama (502 mil)(35). Estima-se que em 2020 o número de casos novos anuais seja da ordem de 15 milhões. Cerca de 60% destes novos casos ocorrerão em países em desenvolvimento. É também conhecido que, pelo menos um terço dos casos novos de câncer que ocorrem anualmente no mundo, poderiam ser prevenidos. No Brasil, as estimativas para o ano de 2008 e válidas também para o ano de 2009, apontam que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer. Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão no sexo masculino e os cânceres de mama e de colo do útero no sexo feminino, acompanhando o mesmo perfil da magnitude observada no mundo(5, 15). 1 Apesar do estigma causado pelo câncer ter diminuído nos últimos anos, seu diagnóstico ainda é de difícil assimilação pelo paciente, seus familiares, e mesmo os profissionais envolvidos em seu tratamento. Os avanços no campo da terapia oncológica tornaram muitos tumores curáveis ou passíveis de melhoras e, considerando-se todos os tipos de câncer em seus diversos estádios, dois em cada três pacientes podem ser curados se tratados corretamente, ainda que muitos dentre estes, poderão, de algum modo, recidivar(15, 26). O tratamento com intenção curativa normalmente é a fase inicial do tratamento, e as opções terapêuticas são amplas e com chances de serem bem-sucedidas. Inclui a cirurgia, radio e quimioterapia e hormonioterapia e visa eliminar a doença, oferecendo chances reais de cura para o paciente, podendo também estar indicado nas recidivas, dependendo de cada tipo de câncer e individualizado para cada caso. Não sendo possível a cura, como em casos de doença muito avançada ao diagnóstico ou em recidivas sem condições de tratamento com intenção curativa, o tratamento visa proporcionar uma qualidade de vida satisfatória, controlando a doença e seus sintomas com o uso de terapias paliativas e tratamento de suporte, que inclui o tratamento da dor, suporte nutricional, fisioterapia, cuidados de enfermagem, apoio psicológico, psiquiátrico e espiritual(24, 26). A dor é um dos sintomas mais freqüentes em pacientes oncológicos, especialmente quando a doença está avançada e afeta significativamente a qualidade de vida(36). Seu alívio pode requerer o uso de medicamentos como os opióides, combinações de narcóticos e de outras formas de terapia, como a neurocirurgia e a anestesia. No entanto, a administração dessas medicações causa efeitos colaterais como xerostomia, disgeusia, náuseas e, especialmente, constipação intestinal, cujo controle se faz necessário para promover a qualidade de vida dos pacientes, em particular dos que apresentam doença avançada(5, 22, 26). Além do uso de fármacos com ação constipante, pacientes oncológicos podem apresentar constipação intestinal devido a outros fatores, que podem estar relacionados diretamente ao tumor, ao tratamento ou a processos concomitantes como, por exemplo, debilidade física e diminuição da ingestão de alimentos ricos em fibras ou de líquidos(3, 22) . O termo constipação tem origem no latim “constipare”, significando inicialmente, fezes condensadas, solidamente coletadas num cólon dilatado e, posteriormente, caracterizando qualquer condição de retenção de material fecal, palavra 2 que acompanha essa disfunção até os dias atuais. No entanto, sua definição não é universal e tal fato se deve à multiplicidade de fatores biológicos e subjetivos envolvidos na percepção da constipação(10). Cerca de 40% a 80% dos pacientes em cuidados paliativos e cerca de 90% ou mais dos pacientes tratados com opiáceos apresentam constipação. Quando mal tratada, a constipação pode levar a severas complicações. O manejo efetivo da constipação começa com uma cuidadosa assistência ao paciente, incluindo o histórico de sua freqüência e a dificuldade de defecação, sintomas causados pela constipação e exames físicos e retais e, no seu manejo, o nutricionista é um dos profissionais que pode oferecer importante auxílio, através de conduta dietoterápica apropriada. A terapêutica nutricional, provida de nutrientes laxativos, oferece benefícios e pode minimizar os desconfortos causados por esse distúrbio, restaurar o trânsito intestinal, promover aumento do peso das fezes e o restabelecimento da freqüência da defecação(5, 7, 16, 26). 3 2. Objetivos Este trabalho tem por objetivo abordar a ocorrência da constipação intestinal entre os pacientes oncológicos, descrever terapias nutricionais anticonstipantes para esses pacientes, incluindo outros agentes anticonstipantes utilizados para resolução desse problema, identificar os componentes dietéticos que auxiliam a regulação do trânsito intestinal e apontar algumas dificuldades da realização de uma alimentação equilibrada para o controle da constipação intestinal, descritos na literatura. 4 3. Metodologia A metodologia consistiu na análise de artigos de periódicos, livros, manuais, teses e sites, no período compreendido entre 1989 e 2008, encontrados nas seguintes bases de dados: Periódicos Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Bireme (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde); Dedalus (Acervo das Bibliotecas da USP); Acervo da Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas e Pubmed (National Institute of Health). Os seguintes termos foram cruzados nos idiomas português e inglês: nutrição, oncologia, constipação, obstipação, fibras, prebióticos, dor oncológica, terapia nutricional e dieta. 5 4. Revisão Bibliográfica 4.1. Constipação Intestinal Diversos fatores estão relacionados ao hábito intestinal, entre eles a ingestão hídrica, de fibras e a atividade física. O adequado atendimento dessas necessidades auxilia a movimentação das fezes, facilitando a defecação. Estudos mostram que o aumento da ingestão de fibras contribui para uma melhora no funcionamento intestinal e apontam para uma relação positiva entre o consumo de fibras e o tamanho das fezes(6, 20, 21) . A definição de constipação apresenta variações entre os profissionais de saúde, mas pode ser definida como um decréscimo na freqüência da eliminação de fezes formadas, caraterizada por fezes endurecidas ou freqüentemente com grande dificuldade de serem eliminadas(19). Constipação é um sintoma e não uma doença e representa uma interpretação subjetiva de um distúrbio da função intestinal. Pode compor o quadro clínico de diversas patologias. Embora seja um problema comum em pacientes debilitados com doenças avançadas, não é limitada a estes indivíduos, sendo freqüente sua incidência numa parcela significativa da população ocidental, acometendo crianças e adultos, homens e mulheres. O desconforto por ela causado pode interferir na qualidade de vida de muitos dos indivíduos que a apresentam. Muitos pacientes definem constipação utilizando-se de um ou mais dos sintomas: fezes endurecidas, evacuações infreqüentes (tipicamente menos de três vezes por semana), necessidade de esforço excessivo para evacuar, sensação de evacuação incompleta, tempo excessivo ou insucesso na defecação(1, 2) . Outra definição para constipação refere-se à freqüência (número absoluto) de evacuações semanais relatada pelo paciente, considerando-se como constipados aqueles que apresentam menos de três evacuações por semana. Uma forma de diagnosticar constipação, internacionalmente padronizada, baseia-se nos critérios de Roma II para constipação funcional, compostos por seis sintomas: menos de três evacuações por semana, esforço ao evacuar, presença de fezes endurecidas ou fragmentadas, sensação de evacuação incompleta, sensação de obstrução ou interrupção da evacuação e manobras manuais para facilitar as evacuações. São considerados constipados aqueles que apresentam dois ou mais desses sintomas, no mínimo em um quarto das evacuações referidos por, pelo menos, três meses (não necessariamente 6 consecutivos), no último ano embora possam ser considerados os últimos três meses(19, 30) . Mesmo sendo apontada como um risco para a ocorrência de câncer de cólon, por exemplo, sabe-se que constipação é também um problema resultante de doenças oncológicas e seu tratamento ainda é limitado, ainda que sua prevalência seja alta(10). Trata-se de um problema significante entre pacientes que recebem agentes quimioterápicos neurotóxicos, analgésicos opióides, antidepressivos, tranqüilizantes e relaxantes musculares(19). As funções de digestão e absorção do sistema gastrointestinal dependem de numerosos mecanismos que amolecem os alimentos, impelem-nos ao longo do trato e os misturam com a bile hepática armazenada na vesícula pelo pâncreas. Alguns desses mecanismos dependem das propriedades intrínsecas da musculatura lisa do intestino. Outros, exigem a atuação de reflexos que envolvem os neurônios do sistema nervoso entérico (chamados intrínsecos do intestino), os neurônios do sistema nervoso autônomo (a atividade colinérgica parassimpática acelera o trânsito, enquanto a noradrenérigca simpática o inibe), o sistema nervoso central, bem como dos efeitos parácrinos de mensagerios químicos e hormônios gastrointestinais(22). As principais funções do cólon são: absorver água e eletrólitos do quimo, conduzir as fezes a partir do intestino delgado e armazená-las, especialmente no sigmóide, antes das evacuações(29). As fezes contêm material inorgânico, fibras vegetais não digeridas, bactérias e água. Sua composição não é relativamente afetada por variações na dieta, visto que grande parte da massa fecal é de origem não dietética, razão pela qual uma quantidade apreciável de fezes continua sendo eliminada durante um período prolongado de inanição(22). Os movimentos no cólon normalmente são lentos, podendo ser divididos em movimentos de mistura (contrações haustrais) e propulsivos (movimentos de massa). Nos movimentos de mistura, cerca de 2,5 cm de músculo circular se contrai, até quase a oclusão completa da luz intestinal, juntamente com três faixas de musculatura longitudinal denominada tinea coli, formando as haustrações. Desse modo, toda a matéria fecal é gradualmente exposta à superfície do intestino grosso, e o líquido é progressivamente absorvido. Habitualmente, cerca de 1500 ml de líquidos entram por dia no cólon, provenientes do intestino delgado, através da válvula íleo cecal e aproximadamente 1300 ml são absorvidos. A capacidade diária de absorção de água pelo cólon pode chegar a 5000 ml(22, 29). 7 A maior parte da propulsão no ceco e cólon ascendente resulta de uma lenta, mas persistente, contração haustral, levando de 8 a 15 horas para mover o quimo apenas da válvula ileocecal até o cólon transverso, enquanto o próprio quimo se torna fecal em qualidade e também se transforma em semi-sólido pastoso ao invés de semilíquido. Do cólon transverso ao sigmóide, movimentos de massa aparecem, com mais abundância, por cerca de 15 minutos durante a primeira hora do desjejum. Também chamados de contrações propulsivas de alta amplitude (CPAA), ocorrem uma ou duas vezes ao dia. Quando forçam uma massa de fezes para o reto, manifesta-se o desejo evacuatório(13, 29). As células nervosas do intestino formam o plexo submucoso e o plexo mesentérico, que compõem o sistema nervoso entérico, responsável pelas atividades motoras e secretoras do trato gastrintestinal(10). Como em outros segmentos, no intestino grosso o sistema nervoso parassimpático aumenta a freqüência e amplitude dos movimentos. O sistema nervoso simpático os inibe. O plexo nervoso entérico organiza os movimentos. O aparecimento das CPAA após as refeições deve-se em parte pelos reflexos gastro-cólicos e duodenocólicos e pela liberação de gastrina (hormônio com ação excitatória no cólon e ação inibitória sobre a válvula ileocecal). Também ocorrem, pela estimulação do sistema nervoso parassimpático, por uma irritação do cólon ou por sua superdistensão(13, 29). O reflexo evacuatório inicia-se com a chegada do bolo fecal na ampola retal. Com a dilatação retal, os receptores sensíveis ao estiramento determinam o relaxamento do esfíncter interno do ânus (reflexo reto anal), permitindo que o conteúdo retal seja percebido de modo discriminado para gases, líquidos ou fezes pastosas. O suprimento nervoso simpático para o esfíncter anal interno (involuntário) é excitatório nos seres humanos, enquanto a inervação parassimpática (voluntária) é inibitória. O esfíncter relaxa quando o resto é distendido. A invervação do esfíncter anal externo, constituído por músculo esquelético, provém do nervo pudendo. O esfíncter é mantido no estado de contração tônica e a distenção moderada do reto aumenta a força de sua contração. A vontade de defecar começa a aparecer quando a pressão retal aumenta para cerca de 18mmHg e, com 55 mmHg, ocorre o relaxamento do esfíncter externo e do interno e o conteúdo do reto é expelido. A defecação voluntária pode ser iniciada pelo relaxamento voluntário do esfíncter externo e pela contração dos músculos abdominais (esforço para evacuar), que auxilia o esvaziamento reflexo do reto distendido. Dessa forma, o 8 indivíduo pode decidir pela eliminação de flatos ou pela contração voluntária do esfíncter externo até chegar ao local apropriado para defecar(13, 22, 29). A retenção fecal ocorre quando as fezes não são eliminadas. Quando essa retenção persiste por tempo prolongado, o reto passa a conter fezes, progressivamente mais ressecadas, e em maior volume. A parede retal fica cronicamente dilatada e a sensibilidade retal diminui. Um círculo vicioso se instala quando ocorre a eliminação dolorosa de fezes endurecidas e calibrosas, fazendo com que continue a inibir a defecação, através de contração anormal do esfíncter anal externo e do assoalho pélvico (anismo)(13). A constipação pode ser classificada em três tipos: primária, secundária e iatrogênica. Constipação Primária: é aquela relacionada à anormalidade da função motora colorretal, sem associação com alterações de outros órgãos do sistema digestório, nem a presença de sinais como febre, perda de peso, anemia e que resulta de fatores extrínsecos como o decréscimo da atividade física, tempo ou privacidade adequada para a evacuação e ingestão diminuída de líquidos e fibras na alimentação, bem como fatores psicológicos ou sociais. O conjunto desses fatores promove o decréscimo da motilidade intestinal e aumenta o tempo de trânsito do bolo fecal o que permite a reabsorção de fluidos e o endurecimento das fezes(19, 29) . Não se estabelece aqui causas definidas, anatômica, bioquímica ou doenças específicas neuromusculares. Portanto, nesse grupo incluem-se as disfunções decorrentes de erros dietéticos e/ou comportamentais(29). Constipação Secundária: definida como resultante de alterações patológicas, como compressão da medula espinal ou do tubo intestinal por tumores o que leva à uma interferência de ordem mecânica no processo de eliminação intestinal. Nesses casos, o ritmo intestinal depende de mudanças estruturais do intestino grosso, anorretais ou perineais ou ainda de seus elementos neuromotores, como manifestação digestiva de doenças sistêmicas ou metabólicas e decorrente do uso de medicamentos com efeito potencialmente constipante. Em pacientes oncológicos, deficiências nutricionais, musculares e neurológicas podem ser encontradas. Além disso, nefropatias, hipo e hipertireoidismo, doença de Adison, Síndrome de Cushing, hipercalcemia e hipocalemia contribuem para a ocorrência de obstipação intestinal, que pode atingir 100% dos doentes com neoplasias, em diferentes estágios da doença(10, 19, 29). Constipação iatrogênicamente induzida é decorrente da administração de agentes farmacológicos, utilizados para o tratamento da doença ou dos seus sintomas. 9 Assim sendo, na doença oncológica, a constipação pode estar relacionada às terapias antineoplásicas ou ao tratamento da dor(10). Tabela 1 - Causas secundárias de constipação intestinal. Tratamento Doenças Causas secundárias Medicações Endócrinas Neurológicas Anticonvulsivante Diabetes a. Sistêmicas Neuropatia Int. grosso Antidepressivo Hipotiroidismo (congênita; adqurida) Anticolinérgico Hiperparatiroidismo Neuropatia diabética Antidiarreico Feocromocitoma Parkinson Antihistamínico (H1) Síndrome Shy-Drager AINES b.Traumática Lesão da medula Bloqueador do cálcio espinal c. Trânsito lento Bloqueador ganglionar (inérica cólica) d. Disfunção do Corticosteróide mecanismo da defecação Diuréticos Dopaminérgico Inativador do ácido biliar Laxativo Lítio Miorrelaxante Psicotrópico Propanolol Suplemento dietético (Fe e Ca) Fonte: Silveira, 2008. 4.2. Dor Oncológica A Sociedade Internacional para o Estudo da Dor (IASP) conceitua dor como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada a uma lesão, ou descrita como a ela relacionada”. A dor relacionada ao câncer é um fenômeno complexo, multidimensional, composto por componentes sensoriais, afetivos, cognitivos e comportamentais. É descrita como crônica e progressiva. Afeta a atividade, a função, o apetite, o sono, além de deprimir o paciente e aumentar o risco de suicídio. A dor deve ser aliviada para que o paciente volte a desenvolver sua capacidade funcional e tenha melhor qualidade de vida(26). 10 O tratamento da dor oncológica é baseado nas diretrizes do Programa de Alívio da Dor no Câncer da Organização Mundial da Saúde(36), diretrizes essas internacionalmente reconhecidas e aceitas. Esse programa, baseado em uma seqüência terapêutica, que se tornou conhecida como “escada analgésica”, consiste no uso de drogas analgésicas e adjuvantes, em três etapas, em horários fixos e, preferencialmente, por via oral, a menos que essa não esteja indicada devido a náuseas, vômitos, dificuldades de deglutição, nível de consciência, etc. A farmacoterapia analgésica foi escolhida como o sustentáculo desse tratamento, por ser, principalmente, acessível à maior parte dos povos e efetiva em aliviar a dor em aproximadamente 90% dos pacientes com câncer e em 75% daqueles em estado terminal. Quando o quadro doloroso apresenta características de cronicidade, a adoção da escada analgésica deve ser considerada. Dependendo da intensidade da dor, recomenda-se administrar inicialmente analgésicos não-opióides, seguindo-se os analgésicos opióides fracos e finalmente os opióides fortes. Embora esse esquema analgésico mostre-se eficiente no controle da dor oncológica, o inadequado conhecimento da farmacologia das drogas e dos efeitos colaterais desses medicamentos, contribuem para a descontinuidade do uso e decréscimo da qualidade de vida de doentes portadores de neoplasias(10, 22, 32) . Assim sendo, o "primeiro degrau" da escada analgésica propõe que analgésicos comuns, periféricos e anti-inflamatórios não-hormonais sejam empregados inicilamente no combate de dores de leve a moderada intensidade. Outros tipos de medicações, chamadas de "drogas adjuvantes" (isto é, medicações cuja indicação original de uso não é analgésica, mas que atuam como tal) como, por exemplo, antidepressivos, fenotiazínicos, antieméticos e protetores gástricos, também podem ser utilizadas com o intuito de implementar a eficácia analgésica e/ou tratar outros sintomas que possam exacerbar a dor. Os analgésicos antiinflamatórios reduzem a proteção das mucosas e, por vezes, compõem o conjunto de agressões às mesmas e o estado nutricional pode ser ainda mais comprometido devido à ocorrência de queimação esofágica, gastralgia, cólicas, diarréia, náuseas e vômitos (22). O "segundo degrau" da escada analgésica é atingido quando a dor persistir ou aumentar e, nessa situação, deve-se adicionar (e não substituir) ao esquema medicamentoso prévio drogas opiáceas fracas, tais como a codeína e o tramadol, entre outras. Havendo persistência ou aumento da dor, o "terceiro degrau" é atingido, com a introdução de opiáceos fortes ao esquema prévio, em substituição aos opiáceos fracos. 11 Os protótipos deste grupo são o sulfato de morfina e a metadona, contudo, há situações onde faz-se necessário o uso de drogas mais potentes, como por exemplo a oxicodona, que apresenta equianalgesia duas vezes maior que o sulfato de morfina, ou mesmo o fentanil, um opiáceo sintético com potência analgésica 80 a 100 vezes superior à da própria morfina(22). Os analgésicos são separados em quatro grupos: os não opiáceos, os opiáceos fracos, os opiáceos fortes e os adjuvantes. Os opiáceos, grupo mais importante no tratamento da dor oncológica de moderada a severa intensidade, são os analgésicos com maior ação constipante, e dependendo da sua intensidade, pode haver a necessidade de interrupção da medicação eventualmente(14, 22). Os principais medicamentos opióides são: morfina (utilizada amplamente), meperidina, metadona (opiáceo sintético, tão potente quanto a morfina), fentanil (80 vezes mais potente que a morfina), heroína, propoxifeno, codeína, pentazocina, buprenorfina, naloxona, naltrexonal. Entre os não opióides, encontram-se o ácido acetilsalicílico e antiinflamatórios não esteróides (AINE)(26). Como anteriormente mencionado, a atividade motora do cólon é lenta e envolve movimentos segmentares e propulsivos, resultando na formação de fezes pastosas, com formato definido e em intervalos regulares(10). A constipação intestinal decorrente do uso de opiáceos ocorre em função de contrações segmentares muito vigorosas e contrações propulsivas muito fracas, o que resulta em fezes mais endurecidas e de difícil eliminação. Os locais no cérebro envolvidos na transmissão da dor e na alteração da reatividade aos estímulos nociceptivos (dolorosos) parecem ser os principais sítios nos quais os opióides agem. Os receptores também podem ser encontrados, em altas concentrações, no trato gastrointestinal(15). Os opiáceos se ligam a receptores morfínicos do trato gastrintestinal e produzem vários efeitos. Ocorre redução no estímulo que cria a contração propulsiva necessária e há redução da motilidade gástrica. No intestino delgado, retardam a digestão dos alimentos devido à diminuição das secreções pancreáticas, biliares e intestinais. No intestino grosso provocam a diminuição ou abolição do peristaltismo propulsivo e aumento do tônus intestinal, com conseqüente lentificação na passagem do conteúdo intestinal e desidratação das fezes, tornando-as duras e secas(13, 21) . Além disso, o tônus do esfíncter anal aumenta e o relaxamento reflexo, que normalmente ocorre em resposta à distensão do reto, diminui. Essas ações, associadas à diminuição na percepção dos estímulos sensitivos normais para o reflexo da defecação, decorrentes 12 das ações da droga no sistema nervoso central, contribuem para o aparecimento da constipação relacionada ao uso de opiáceos. As dificuldades e desconfortos relacionados à constipação podem estar associados à sensação de esvaziamento retal incompleto, sucedido por dor abdominal, flatulência, distensão, anorexia, cefaléia, edema e a presença ou não de náuseas, além de vômitos e disforia (21, 22, 26). Não apenas a constipação é uma conseqüência inevitável desse tipo de analgésico, como também é dose-dependente. À medida que a dose aumenta, aumentam os riscos da ocorrência de obstipação. O doente muito sedado também reduz sua ingestão de alimentos(19, 22). A morfina por via oral é a primeira escolha para o tratamento do terceiro nível da dor oncológica, quando essa atinge intensidade bastante severa(34, 36) . A morfina e seus correlatos combinam-se seletivamente a vários sítios de reconhecimento existentes no organismo para produzirem os efeitos farmacológicos. A morfina atrasa o trânsito intestinal, especificamente no ceco e no cólon ascendente, sugerindo que os problemas de propulsão se iniciam no cólon proximal e culminam distalmente com a inibição da defecação(26). Uma vez que a tolerância ao medicamento é desenvolvida muito lentamente em relação aos efeitos da morfina sobre o intestino, a constipação pode durar todo o período em que esta estiver sendo administrada. A constipação quando não tratada pode levar à permanente necessidade de cuidado de suas complicações associadas à obstrução intestinal. Considerando-se que o controle da evacuação pode se tornar mais difícil do que o controle da dor oncológica, recomenda-se o uso de terapia laxativa concomitante ao uso de analgésicos dessa linha. A alta prevalência da constipação intestinal para muitos especialistas justifica a utilização de medidas profiláticas, assim que o tratamento com opiáceos tem início. O sucesso da terapêutica analgésica com opiáceos depende do controle adequado dos efeitos adversos(19, 21, 34). Além dos opiáceos, antidepressivos e neurolépticos, recomendados pela OMS para o controle da dor oncológica outras drogas utilizada na oncologia também podem causar constipação. Dentre esses, encontram-se os quimioterápicos como alcalóides da vinca, antieméticos, suplementos de cálcio, antiácidos e antihipertensivos(10). A ação analgésica dos neurolépticos não é bem conhecida. Sabe-se que são drogas muito efetivas na terapia da dor associada à agitação, insônia e náuseas e em afecções neuropáticas. Altera a percepção da dor, alivia a ansiedade e potencializa o efeito constipante de outras drogas com ação anticolinérgica, por diminuir o 13 metabolismo hepático, aumentando o nível sérico das drogas. O efeito constipante dos antidepressivos e neurolépticos é atribuído à ação anticolinérgica, adrenérgica e dopaminérgica desses fármacos no sistema nervoso periférico e no central(10). O diagnóstico de constipação é geralmente feito pela história do paciente e pelo exame físico, podendo ser necessária a realização de outros exames. A coleta de dados sobre o hábito intestinal pregresso e a história atual permite avaliar o tipo e a magnitude da constipação(21). A investigação do hábito intestinal se caracteriza por dados como o tipo e quantidade de alimentos e volume de líquidos ingeridos diariamente, a realização de atividade física, a existência de horário preferencial e do uso de agentes laxativos, entres outros. Por haver grande variação na freqüência de evacuação entre os indivíduos, esta não pode ser parâmetro único utilizado quando se investiga constipação. O volume fecal varia de acordo com a quantidade de alimentos e fibras ingeridas(10). A observação clínica sugere que alguns doentes conseguem controlar a constipação intestinal somente com mudança na dieta, porém outros desenvolvem tolerância ao efeito constipante dessas drogas. Deve-se considerar a prevenção de sua ocorrência quando se deseja controlar a constipação induzida pelo uso de opiáceos(10). 4.3. Terapêutica Nutricional A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo acima de 25 g de fibras alimentares totais por dia, atingidas a partir da ingestão ≥ 400 g de frutas e vegetais diárias. Deste total, 2/3 devem ser fibras insolúveis e 1/3 fibras solúveis, ou seja, a ingestão diária deve seguir a proporção fibra insolúvel:fibra solúvel de 3:1(20, 27) . Segundo a Associação Dietética Americana (ADA), o controle da constipação pode ser realizado através do consumo de 25 a 35 g de fibras /dia, para indivíduos com mais de 20 anos e de 10 a 13g de fibras/dia por 1000 Kcal para idosos, como parte de uma dieta balanceada, com altas quantidades de carboidratos complexos, atividade física regular e ingestão hídrica adequada(20). Especificamente para a prevenção do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, câncer, doença renal e diabetes, a Associação Norte-americana do Coração desenvolveu algumas diretrizes. Dentre elas, está incluída a de que o consumo de fibras deve estar entre 25 e 30 g/dia provenientes da alimentação, como legumes, grãos integrais, frutas e vegetais. A quantidade de líquidos recomendada é de 6 a 8 copos diários(11, 20). 14 As fibras formam um conjunto de substâncias derivadas de vegetais resistentes à ação das enzimas digestivas humanas. A American Association of Cereal Chemistis (AACC) estabeleceu a definição de fibra alimentar como sendo “a parte remanescente da porção comestível ou de carboidratos análogos que são resistentes à digestão e à absorção no intestino delgado humano, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso. A fibra alimentar inclui polissacarídeos, oligossacarídeos, lignina e outras substâncias associadas e ao ser humano, promove efeitos fisiológicos benéficos, como os laxativos, atenuação do colesterol sangüíneo e/ou atenuação da glicose sangüínea”(27).. Do ponto de vista químico, os constituintes da fibra alimentar podem ser divididos em componentes não-glicídicos, polissacarídios não-amido e amido resistente. Os componentes não-glicídios somados à celulose, hemiceluloses e substâncias pécticas representam os componentes da parede celular vegetal. Gomas, muscilagens, polissacarídios, não-amido de origem vegetal e bacteriana, juntamente com o amido resistente representam os demais componentes(34). Tabela 2. Principais componentes da fibra dietética. Classificação Química Componente Substâncias não-glicídicas Proteínas Cutina Cera Silício Suberina Lignina Polissacarídios não-amido Amido Celulose Hemiceluloses Substâncias pécticas Gomas Muscilagens Polissacarídeos de origem vegetal Polissacarídeos de origem bacteriana Amido resistente Fonte: Silva, 2003. Quanto às propriedades físico-químicas, a fibra alimentar é dividida em fração insolúvel e fração solúvel em água(23). A fração insolúvel da fibra alimentar é formada principalmente de celulose, lignina e hemiceluloses insolúveis. Essa fração exerce um efeito físico-mecânico, aumentando o volume do bolo alimentar e das fezes, diminuindo o tempo de trânsito intestinal. Esses componentes, ao se hidratarem, ligam não somente água, mas podem 15 ligar também elementos minerais, vitaminas, sais biliares, hormônios e lipídios. Os alimentos fontes de fibra insolúvel são farelo de trigo, grãos integrais, verduras e legumes(17, 23). Com essas ações, as fibras insolúveis podem produzir efeitos benéficos à saúde, como aumentar o peristaltismo intestinal e aliviar principalmente as constipações intestinais, as hemorróidas, a síndrome de cólon irritado e a doença diverticular. Pelo fato de aumentar o bolo fecal, aumentar a velocidade de trânsito intestinal e poder ligar sais biliares, ácidos graxos, estrógenos e compostos fenólicos, as fibras podem arrastar nas fezes substâncias mutagênicas e carcinogênicas, aumentando o volume fecal e diminuindo a incidência de tumores intestinais, particularmente do cólon e reto. Os componentes da fibra insolúvel, particularmente celulose e lignina praticamente não sofrem degradação microbiológica no intestino grosso, sendo quase que totalmente excretados nas fezes(23, 27). As fibras solúveis incluem pectinas, mucilagens, beta-glicanos e algumas hemiceluloses. São encontradas principalmente na aveia, cevada, leguminosas (soja, grão de bico, lentilha, feijão), frutas (maçã, morango, banana) e verduras. As pectinas são encontradas principalmente em frutas e vegetais, especialmente em maçãs, cenouras e laranjas. Os componentes solúveis da fibra alimentar adsorvem muita água, já a partir do estômago, formando sistemas viscosos de consistência gelatinosa, podendo retardar o esvaziamento gástrico e o trânsito do conteúdo intestinal. Esses polissacarídeos tendem a formar uma camada viscosa de proteção à mucosa do estômago e intestino delgado, dificultando a absorção, principalmente de açúcares e gorduras, sendo este, talvez, o mecanismo pelo qual esses polissacarídeos ajudam a baixar os níveis lipídicos sangüíneos e teciduais, assim como a glicemia(23, 27). No intestino grosso, a fibra solúvel sofre fermentação anaeróbica pelas bactérias, principalmente do cólon, como a dos gêneros Bacterióides, Bifidobacterium, Clostridium, Streptococcus e Escherichia(23). Em média, cerca de 70% da fibra alimentar podem ser fermentados no intestino grosso, entretanto, esse valor irá depender da fonte de fibra. Vários produtos de fermentação da fibra poderão ser aproveitados como fonte de energia. Os principais produtos da fermentação das fibras no cólon são ácidos graxos de cadeias curtas (acético, propiônico, butírico), metano, amônia e hidrogênio. Os produtos da fermentação podem ocasionar uma série de alterações no cólon como a diminuição do pH intraluminal, redução da solubilidade dos ácidos biliares e dos ácidos 16 graxos livres, controle seletivo das linhagens da microflora bacteriana e, conseqüentemente, dos ácidos graxos de cadeias curtas que se formam(23, 27, 30). A inulina e a oligofrutose, denominadas de frutanos, são também fibras solúveis e fermentáveis (oligossacarídeos), as quais não são digeríveis pela α-amilase e por enzimas hidrolíticas, como a sacarase, a maltase e a isomaltase, na parte superior do trato gastrintestinal. Assim sendo, uma vez que os componentes da fibra da dieta não são absorvidos, eles penetram no intestino grosso e fornecem substrato para as bactérias intestinais(23). Tabela 3. Exemplos de Alimentos Fonte de Fibras Solúveis e Insolúveis Fibras Dietéticas Fibras Tipo Fontes Pectinas Solúveis Β-glucanas Frutas, leguminosas, Gomas aveia, cevada Mucilagens Insolúveis Celulose Trigo e seu farelo, Hemicelulose grãos integrais, Lignina hortaliças Fonte: Silva, 2003 O tratamento da constipação se constitui na adaptação da dieta, com ingestão de fibras, alimentos funcionais prebióticos e probióticos, além da ingestão habitual de líquidos e atividade física. Em pacientes oncológicos, a profilaxia deve ser aplicada, uma vez que a causa da obstipação é multifatorial e ocorre com grande freqüência. Por isso, recomendam-se algumas mudanças no estilo de vida dos pacientes, como a adequação da ingestão de fibras através da dieta, orientação quanto ao malefício do uso excessivo de laxantes e o aumento da atividade física, quando possível, deve ser estimulado, bem como orientação da prática de hábitos regulares de toalete(10, 26). Além disso, pacientes com doença avançada, onde a desidratação e outros distúrbios podem somar-se e limitar a eliminação do conteúdo intestinal, requerem especial atenção. Para pacientes com doença avançada, o tratamento deve apoiar-se na prevenção, através da educação nutricional e o incentivo ao consumo diário inicial mínimo de 17 fibras de 10 gramas. O cozimento dos alimentos pode promover quebra das reações que aumentam o conteúdo de fibra dos alimentos devido à perda de água deste durante o processo de cocção, o que torna a fibra dietética mais biodisponível(30). Farelo de cereais, tais como os de arroz, de aveia, de trigo e de milho fornecem proteínas, calorias, vitaminas e minerais e fibras; são de baixo custo e de fácil obtenção. Seu consumo, no entanto, limita-se, especialmente pela falta de hábito alimentar e a não-preocupação com os padrões higiênicos ideais para a obtenção do farelo(27). O farelo de aveia, obtido da moagem do grãos de aveia, é constituído por cerca de 1,2% de fibra bruta; 9,7% de fibra alimentar total, sendo que desta, 3,5% são fibras solúveis e 6,2% são fibras insolúveis(27). Quando comparada a outros cereais, a concentração de fibra solúvel na aveia é relativamente maior, sendo composta principalmente pelos β-glucanos(27). O farelo de trigo representa o principal subproduto da moagem do trigo, constituindo-se de uma mistura heterogênea dos fragmentos dos grãos originada da camada hialina-alerona da semente. As proteínas de melhor valor biológico, os minerais e vitaminas estão concentrados em maior proporção no farelo, que se torna uma fonte rica desses nutrientes. No entanto, seu valor nutritivo depende de sua biodisponibilidade e digestibilidade(27). O teor de fibra alimentar total presente no farelo de trigo é cerca de 47,31%, sendo que 86% desse total constitui-se de fibra insolúvel e 14% de fibra solúvel. Dessa forma, o farelo tem como principal efeito fisiológico o aumento no peso e no volume fecal, uma vez que a maior parte das fibras insolúveis não se degrada no cólon e pode reter água dentro de uma matriz, aumentado o peso fecal úmido de 3 a 6 g/g de fibra ingerida na dieta, facilitando a evacuação(27). 4.3.1. Água A água é essencial aos processos fisiológicos de digestão, absorção e excreção de resíduos metabólicos e não digeríveis. Portanto, o tratamento da constipação intestinal consiste no consumo de fibras e de líquidos adequados(20). Os benefícios gastrointestinais reconhecidos pelo uso da fibra dietética não são efetivos sem que haja um consumo adequado de líquidos, uma vez que estes são importantes para lubrificar e aumentar o processo de mistura das fezes. A quantidade de água ingerida por dia deve ser aproximadamente equivalente à quantidade de água perdida(10). O conteúdo de água do peso corpóreo sem gordura 18 permanece regularmente constante pelo controle homeostático resultante das interações entre hormônio antidiurético (ADH), trato gastrointestinal, rins e cérebro. A perda de água, ou seja, a excreção hídrica ocorre normalmente através dos rins, pela urina, que constituem as perdas sensíveis ou água mensurável. Pelas fezes, ar expirado dos pulmões e suor evaporado pela pele, ocorrem as perdas insensíveis(20). Considera-se a quantidade total de água a combinação do consumo de água isolada e da água contida em bebidas e alimentos. A água proveniente de líquidos (água e bebidas) corresponde a 81% do total de ingestão de água (cerca de 2-3 l/dia) e 19% se referem à água dos alimentos (cerca de 700 ml/dia), considerando o consumo de adultos. Portanto, a recomendação de ingestão adequada de água total é de 3,7 litros para homens e 2,7 litros para mulheres por dia, para a faixa etária de 19-70 anos. Para indivíduos que realizam atividade física ou que ficam expostos a altas temperaturas, é necessário aumentar a quantidade de água total recomendada(39). O consumo de água em excesso é facilmente excretado, por isso não há uma recomendação de nível de ingestão máxima diária. No entanto, a toxicidade aguda de água tem sido descrita na literatura quando o consumo rápido e em larga escala de líquido excede a taxa excreção máxima dos rins, equivalente a cerca de 0,7 a1,0 litro/hora, para adultos(39). O requerimento basal de água para o adulto depende da superfície corporal, quantidade de massa celular, idade e sexo. Em média, um adulto de 20 a 55 anos necessita de 35ml de água por quilograma de peso corpóreo(38). Se o consumo for abaixo do necessário, efeitos adversos advindos do alto consumo de fibras poderão ser observados tais como a produção excessiva de flatos e até mesmo obstrução em qualquer parte do tubo digestivo, mas principalmente nos intestinos(26). Na presença de sintomas como plenitude gástrica com conseqüente dificuldade de adequada ingestão de alimentos e de água recomenda-se a oferta líquida em forma de gelatinas, preparações líquidas com altos valores nutricionais bem como evitar a oferta de líquidos pouco nutritivos além administração de líquidos aquecidos meia hora antes do paciente evacuar(26, 23). 19 4.3.2. Probióticos, Prebióticos e Simbióticos Probióticos são microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem benefícios à saúde do hospedeiro(9). O alívio da constipação, através do seu consumo é um importante benefício do seu consumo, dentre vários outros como o controle da microbiota intestinal; estabilização da microbiota intestinal após o uso de antibióticos; promoção da resistência gastrintestinal à colonização por patógenos; diminuição da população de patógenos através da produção de ácidos acético e lático, de bacteriocinas e de outros compostos antimicrobianos; promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes à lactose; estimulação do sistema imune; aumento da absorção de minerais e produção de vitaminas(25). A influência benéfica dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana inclui fatores como efeitos antagônicos, competição e efeitos imunológicos, resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Assim, a utilização de culturas bacterianas probióticas estimula a multiplicação de bactérias benéficas, em detrimento à proliferação de bactérias potencialmente prejudiciais, reforçando os mecanismos naturais de defesa do hospedeiro(25). Prebióticos são componentes alimentares não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro, por estimularem seletivamente a proliferação ou atividade de populações de bactérias desejáveis no cólon. Os prebióticos identificados atualmente são carboidratos não-digeríveis, incluindo a lactulose, a inulina e diversos oligossacarídeos que fornecem carboidratos que as bactérias benéficas do cólon são capazes de fermentar. Os prebióticos avaliados em humanos constituem-se dos frutanos e dos galactanos. A inulina e a oligofrutose são considerados ingredientes funcionais, uma vez que exercem influência sobre processos fisiológicos e bioquímicos no organismo, resultando em melhoria da saúde e em redução no risco de aparecimento de diversas doenças(25). Os prebióticos estão presentes na chicória, alho-poró, alho, bananas, cebola, tomate, beterraba, aspargos, alcachofra, centeio, aveia, trigo, mel, açúcar mascavo, dentre outros(25). O prebiótico pode inibir a multiplicação de patógenos, garantindo benefícios adicionais à saúde do hospedeiro. Esses componentes atuam mais freqüentemente no intestino grosso, embora eles possam ter também algum impacto sobre os microrganismos do intestino delgado(25). 20 Um produto referido como simbiótico é aquele no qual um probiótico e um prebiótico estão combinados. A interação entre o probiótico e o prebiótico in vivo pode ser favorecida por uma adaptação do probiótico ao substrato prebiótico anterior ao consumo. Isto pode, em alguns casos, resultar em uma vantagem competitiva para o probiótico, se ele for consumido juntamente com o prebiótico. Alternativamente, esse efeito simbiótico pode ser direcionado às diferentes regiões “alvo” do trato gastrintestinal, os intestinos delgado e grosso. O consumo de probióticos e de prebióticos selecionados apropriadamente pode aumentar os efeitos benéficos de cada um deles, uma vez que o estímulo de cepas probióticas conhecidas leva à escolha dos pares simbióticos substrato-microrganismo ideais(25). Bifidobactérias fermentam seletivamente os frutanos, preferencialmente a outras fontes de carboidratos, como o amido, a pectina ou a polidextrose. Bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium e, em menor escala, Enterococcus faecium, são mais freqüentemente empregadas como suplementos probióticos para alimentos, uma vez que elas têm sido isoladas de todas as porções do trato gastrintestinal do humano saudável. O íleo terminal e o cólon parecem ser, respectivamente, o local de preferência para colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias(25). Para garantir um efeito contínuo, tanto os probióticos quanto os prebióticos devem ser ingeridos diariamente. Alterações favoráveis na composição da microbiota intestinal foram observadas com doses de 100 g de produto alimentício contendo 109 unidades formadoras de colônias (ufc) de microrganismos probióticos (107 ufc/g de produto) e com doses de 5 a 20 g de inulina e/ou oligofrutose, geralmente com a administração durante o período de 15 dias. Assim sendo, para serem de importância fisiológica ao consumidor, os probióticos devem alcançar populações acima de 106 a 107 ufc/g ou mL de bioproduto. Para garantirem o estímulo da multiplicação de bifidobactérias no cólon, doses diárias de 4 a 5 g de inulina e/ou oligofrutose são eficientes(25). A seleção de bactérias probióticas tem como base os seguintes critérios preferenciais: o gênero ao qual pertence a bactéria ser de origem humana, a estabilidade frente a ácido e a bile, a capacidade de aderir à mucosa intestinal e de colonizar, ao menos temporariamente, o trato gastrintestinal humano, a capacidade de produzir compostos antimicrobianos e ser metabolicamente ativo no intestino. Outros critérios 21 fundamentais são: a segurança para uso humano, o histórico de não patogenicidade e não estarem associadas a outras doenças, tais como endocardite, além da ausência de genes determinantes da resistência aos antibióticos(25). 4.3.3. Outros A utilização de agentes laxativos naturais também pode fazer parte do tratamento de escolha, como a lactulose, que embora sendo um dissacarídeo sintético, formado por frutose e galactose, promove um efeito laxativo uma vez que não é metabolizada ou absorvida pelo organismo(3). Outro exemplo é o isomaltooligossacarídeo, um amido resistente à digestão humana. Um estudo onde pacientes do sexo masculino receberam suplementação diária com 10 gramas durante 30 dias observou melhoras na freqüência da evacuação, além do aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta e da absorção intestinal de cálcio e fósforo(26). A utilização de laxativos e/ou o aumento da ingestão de fibras por um período superior a uma semana em pacientes com constipação crônica analisada em estudos mostrou que os laxativos e as fibras melhoraram a freqüência de evacuação, a consistência das fezes e diminuíram os relatos de dor abdominal(21). Outro estudo realizado com pacientes crônicos que receberam um acréscimo de 30g de fibra vegetal/dia por um período de um ano, observou aumento da freqüência das evacuações na semana (21) A suplementação de L-arginina constitui-se também em uma outra alternativa para o tratamento da constipação. A L-arginina promove o atraso no trânsito intestinal produzido pela morfina, podendo ser um efeito causado pelo aumento da liberação de óxido nítrico, que tem sido identificado como neuro-modulador intestinal. No entanto, seu uso deve vir sempre acompanhado de suplementações de vitaminas antioxidantes, como as C, A e E, uma vez que o óxido nítrico é um radical livre que causa efeitos deletérios ao organismo, podendo resultar em complicações indesejáveis como toxicidades cardíaca, renal, pulmonar, entre outras(26). 22 4.4. Tratamento medicamentoso A constipação pode e deve ser controlada inicialmente com o tratamento dos fatores desencadeantes, agravantes e/ou perpetuantes. A associação de laxativos orais e retais deve ser considerada e, em muitos casos, apresenta-se muito útil e necessária(21). Os laxativos podem ser classificados de acordo com o mecanismo geral de ação em agentes formadores de massa, agentes lubrificantes ou emolientes, agentes osmóticos ou salinos e agentes estimulantes ou de contato(12, 21, 28). Os agentes formadores de massa (psylium ou plantago, farelo, goma, metilcelulose) absorvem a água, aumentam o volume fecal e amolecem as fezes e distendem o cólon, aumentando a motilidade peristáltica. Podem levar alguns dias para fazer efeito. Na fase inicial do seu uso pode ocorrer flatulência, distensão abdominal e dor abdominal. Podem ser associados a outros esquemas laxativos. Exemplos desses agentes são Fibrapur, Trifibra Mix, Metamucil(8, 21). Os agentes lubrificantes ou emolientes, como os óleos minerais, não são quimicamente ativos no organismo, porém possuem ação lubrificante tanto da parede intestinal quanto do bolo fecal, facilitando sua passagem pela luz colônica. Seu uso constante pode comprometer a absorção de vitaminas lipossolúveis(8, 21). Os agentes osmóticos ou salinos (lactulose, sorbitol, sais de sódio e magnésio) são fracamente absorvidos e aumentam o volume dos fluidos dos intestino delgado e grosso, resultando no aumento da motilidade peristáltica. Liquefazem as fezes, dada a presença de partículas osmoticamente ativas que atraem líquidos para a luz intestinal, diminuindo, assim, o tempo de trânsito do conteúdo fecal. A lactulose (Lactulona), um açúcar não absorvível, passa inalterada para o cólon, é degradada pelas bactérias em ácidos láctico e acético, que aumentam osmoticamente o volume do fluido e reduzem o pH. O Mg++ também estimula a síntese de colecistocinina e, em conseqüência, a motilidade do cólon e a secreção de líquidos para o lúmen. São contra-indicados para pacientes com insuficiência renal e com insuficiência cardíaca congestiva(8, 12, 28). Os agentes estimulantes ou de contato estimulam o plexo mioentérico e diminuem a absorção de água do conteúdo intraluminal, aumentando, assim, o peristaltismo intestinal e a secreção de água pelo íleo e cólon. Podem comprometer as terminações nervosas intestinais e provocar dependência se usados por período prolongado, o que não impede seu uso em pacientes oncológicos, desde que feito com critério. Atuam em poucas horas. Exemplos de laxantes desse grupo são: 23 - Cáscara sagrada (Solvobil, Naturetti, Tamarine, Tamaril): estimula o sistema neuroentérico e altera o equilíbrio hídrico da parede intestinal para promover a motilidade propulsiva. - Sene (Agiolax, Laxtan, Naturetti, Tamaril, Tamarine). O uso prolongado destes laxativos pode levar ao desenvolvimento de um “cólon catártico” com redução da motilidade propagativa, dilatação e exacerbação de uma doença de base; pode danificar o sistema nervoso entérico ou provocar um desequilíbrio eletrolítico(12, 21). Os laxativos retais incluem os supositórios como os de glicerina e os enemas (solução de fosfato de sódio) e agem por estimulação mecânica do reto. Os supositórios de glicerina amolecem e lubrificam as fezes e induzem sua eliminação em aproximadamente 30 minutos. Os enemas iduzem o funcionamento intestinal em cerca de 5 minutos, provocando o aumento do volume e do teor de água das fezes(12, 21). 24 5. Conclusão Na promoção da qualidade de vida de pacientes oncológicos, a dietoterapia ou terapêutica nutricional exerce papel fundamental. O plano dietoterápico desses pacientes deve ser o mais individualizado possível, compatível com seu estado fisiológico atual e deve promover o efeito laxativo desejado. O controle da constipação é, em grande parte, determinado por uma intervenção nutricional adequada, que pode levar a uma minimização do distúrbio, sem a necessidade de procedimentos invasivos e que geram desconfortos. Dessa forma, a oferta de fibras, nutrientes e a ingestão hídrica devem ocorrer de acordo com a capacidade de aceitação do paciente, evitando-se a ocorrência de plenitude gástrica e outros incômodos físicos e psicológicos. A dieta visa, então, aumentar o teor de fibras alimentares da dieta do paciente, bem como promover sua adequada hidratação e, sendo necessário, o uso de laxantes, prescrito por médicos, pode contribuir positivamente para melhora do quadro. As principais medidas dietoterápicas recomendadas são: - Fracionamento da dieta em, no mínimo, seis refeições diárias, de acordo com a aceitação alimentar do paciente; - Estímulo do consumo de líquidos de 1,5 a 2.0 litros por dia, dependendo da presença de edemas. Preparações que contenham molhos, sopas, caldos, sucos e alimentos com maior teor hídrico podem facilitar o consumo do total recomendado. - Oferta de alimentos fonte de fibras solúveis e, especialmente insolúveis, com maior efeito laxativo como verduras folhosas e vegetais em geral. Sendo possível, o consumo desses alimentos crus deve ser incentivado. Frutas com casco ou bagaço e de maior poder laxativo como laranja, mamão, ameixa seca também devem compor a dieta. A adoção de um protocolo para tratamento da obstipação, baseado nas recomendações nutricionais e apoiada pelo cuidadoso uso de agentes laxativos pode trazer grandes benefícios e melhora da qualidade de vida para o paciente. 25 6. Referências Bibliográficas 1. Boström B, Hinic H, Lundberg D, Fridlund B. Pain and health-related quality of life among cancer patients in final stage of life: a comparison between two palliative care teams. J Nurs Manag 2003;11:189-196. 2. Caetano, S. et al. 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