VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA

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VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA:
Implicações ecossistêmicas e sociais
25 a 29 de outubro de 2016
Goiânia (GO)/UFG
RITMO CLIMÁTICO E TIPOS DE TEMPO NO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL
LUCAS BARBOSA E SOUZA1
Resumo: Com base nos conceitos de ritmo climático e de tipos de tempo, este artigo busca
investigar a dinâmica atmosférica sobre o Estado do Tocantins, na Região Norte do Brasil.
Para este propósito, foram selecionadas nove estações meteorológicas localizadas em
diferentes partes do estado e no seu entorno, formando perfis nos sentidos sul-norte e lesteoeste. A representação gráfica desses perfis, ao longo de sequências diárias, mostra os
principais tipos de tempo sobre a área enfocada pelo estudo. O uso dessa forma de
representação, apesar de ser pouco empregada nos dias atuais, constitui um recurso didático
para demonstrar os efeitos rítmicos da circulação atmosférica sobre o espaço geográfico.
Palavras-chave: dinâmica atmosférica; sucessão dos tipos de tempo; clima do Estado do
Tocantins; ritmo climático.
Abstract: Based on the concepts of climatic rhythm and weather types, this paper seeks to
investigate the atmospheric dynamic on the Tocantins State, in the North Region of Brazil. For
this propose, nine meteorological stations were selected, located in different regions of the
state and around it, forming south-north and east-west profiles. The graphic representation of
these profiles, along day’s sequences, shows the major weather types on the area focused by
the study. The use of this representation form, despite being less utilized nowadays,
constitutes a didactical resource to demonstrate the rhythmical effects of atmosphere’s
circulation on the geographical space.
Keywords: atmospheric dynamic; weather type’s succession; Tocantins State climate;
climatic rhythm.
1 – Introdução
O conceito de tipo de tempo tem sido empregado por meteorologistas europeus desde
o final do século XIX, com o intuito de designar a configuração isobárica relacionada a um
determinado estado atmosférico. Já a partir do século XX o conceito passou a ser incorporado
pelo vocabulário dos geógrafos climatólogos, porém com a adição de outro viés, relacionado
à maneira como os estados atmosféricos são percebidos ou vividos, buscando-se realçar seu
significado geográfico (VIGNEAU, 2004).
Sorre (1951), ao tratar dos estudos climáticos no domínio geográfico (diferenciando-o
do domínio meteorológico e físico), busca considerar o tempo atmosférico a partir de seu
sentido biológico e humano, chegando à compreensão do próprio clima como a sucessão
1
Doutor em Geografia, Professor do Curso de Geografia da Universidade Federal do Tocantins (UFT),
Campus de Porto Nacional, e dos Programas de Pós-Graduação em Geografia e em Ciências do
Ambiente, na mesma universidade. E-mail de contato: [email protected]
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habitual dos estados atmosféricos sobre um dado local. Enfatiza também, entre suas regras
de método, o aspecto da duração (tempo cronológico) como fundamental ao entendimento do
efeito dos tipos de tempo sobre os organismos. Logo, propõe que a continuidade e a
descontinuidade da ocorrência dos tipos de tempo levam a resultados muito diferentes em
termos da realidade viva.
Pédelaborde (1957) também buscou circunscrever o conceito de tempo atmosférico
segundo os interesses da Geografia, ainda que sua atenção estivesse mais voltada à
totalidade dos tipos de tempo, e não necessariamente a sua sucessão. Para isso, aponta o
conhecimento do tempo como fundamental ao conhecimento do clima, todavia reconhecendo
o caráter efêmero do primeiro em contraposição ao caráter duradouro do segundo. Do mesmo
modo que Sorre (1951), Pédelaborde (1991) reforça o papel da combinação dos elementos
climáticos (temperatura, umidade, pressão, nebulosidade, ventos etc.) na configuração do
tempo. Porém, compreende que as limitações relacionadas à nossa percepção nos levam a
nomear os tipos de tempo com base em um ou outro elemento que mais nos chama a atenção.
Assim, trata-se de um conceito por vezes marcado por imprecisões e por dificuldades em
torná-lo operacional.
Monteiro (1969, 1971, 2000), por sua vez, trata do ritmo, buscando dar continuidade
às ideias de Sorre (1951) e fornecer contornos empíricos ao seu conceito de clima.
Diferenciando-se da atenção pédelabordiana à totalidade dos tipos de tempo, o autor mantémse mais fiel à definição de clima proposta por Sorre (1951), buscando na sucessão ou no ritmo
a essência do fenômeno climático (ZAVATTINI; BOIN, 2013). Para isso, desenvolve em sua
tese de doutorado (MONTEIRO, 1969) a técnica de análise rítmica, devidamente justificada e
explicada do ponto de vista metodológico posteriormente (MONTEIRO, 1971). Desse modo,
o aspecto sequencial dos tipos de tempo revela, na concepção deste autor, o sentido
geográfico do clima. Por sua vez, ao endossarem a concepção monteriana, Zavattini e Boin
(2013) explicam que tanto os ritmos habituais quanto os ritmos excepcionais compõem o
clima, sendo especialmente os últimos capazes de causar os mais sérios problemas
geográficos.
Ainda que não se trate de um conceito novo, o tempo atmosférico continua a ensejar
dissensos que o artigo de Vigneau (2004) expõe muito bem. De todo modo, em termos
operacionais, consideramos notória a necessidade de certa flexibilidade escalar quando se
trata de tipos de tempo, tanto do ponto de vista espacial (extensão do fenômeno), quanto do
ponto de vista temporal (duração do fenômeno). Certamente tais atributos sofrerão variações
se tomados diferentes climas regionais (e suas individualizações em climas locais), além de
diferentes estações do ano (com suas particularidades em termos de circulação do ar).
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Por conseguinte, também não se pode dissociar o fenômeno percebido de sua gênese,
sendo esta última relacionada à circulação da atmosfera, ao ritmo de atuação das massas de
ar e à sua configuração isobárica. Sendo assim, entende-se que o conhecimento empírico do
fenômeno, possibilitado pela percepção dos tipos de tempo e de suas sequências sobre
determinado local, deve-se integrar ao conhecimento oriundo da análise genética e dinâmica
da atmosfera (com a ajuda de dados climatológicos, cartas sinóticas e imagens orbitais), para
que se proponha alguma classificação ou modelo explicativo minimamente confiável.
O interesse em melhor compreender o clima tocantinense, tanto do ponto de vista de
seus mecanismos genéticos, quanto por sua vertente rítmica, deu origem a um projeto de
pesquisa em execução na Universidade Federal do Tocantins. Foram selecionadas as
estações convencionais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) com séries de dados
adequadas a esse tipo de investigação, bem como os anos-padrão para a análise desses
dados. Partindo dessas definições, procederam-se as identificações dos sistemas
atmosféricos atuantes sobre nove estações localizadas no Estado do Tocantins e em seu
entorno imediato, na escala diária, para os anos de 2000 (chuvoso), 2001 (habitual) e 2007
(seco). Esse longo trabalho de identificação, baseado em imagens de satélite GOES2, cartas
sinóticas da Marinha do Brasil e nos próprios dados climatológicos diários, possibilitou uma
experiência bastante esclarecedora acerca dos mecanismos de circulação ao ar sobre a área
enfocada, corroborada pela técnica de análise rítmica apontada anteriormente.
Sendo assim, para este artigo foram selecionados os tipos de episódios mais comuns
sobre o estado, com base nas sequências de situações sinóticas observadas ao longo das
identificações de sistemas atmosféricos. Esses episódios foram retratados por meio de perfis
latitudinais (Posse/GO, Peixe/TO, Porto Nacional/TO, Palmas/TO, Pedro Afonso/TO,
Araguaína/TO e Marabá/PA) e longitudinais (Alto Parnaíba/MA, Pedro Afonso/TO e
Conceição do Araguaia/PA), com vistas a sua representação didática, inspirados nos
esquemas usados por Monteiro (2000) para o Estado de São Paulo. Para a construção dos
perfis de relevo foi usada a ferramenta correspondente do sistema Google Earth Pro® e
posterior vetorização e acabamento gráfico no software Corel Draw X5®. Desse modo,
pretende-se oferecer algum subsídio para o conhecimento dos tipos de tempo mais comuns
sobre o território tocantinense e seus encadeamentos rítmicos.
2 – As massas de ar e sua atuação no Tocantins
2
Geostationary Operational Environmental Satellite, sendo suas imagens disponibilizadas pelos sites
da agência norte-americana National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e, no Brasil,
pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE).
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Em termos de gênese climática, o território tocantinense é afetado especialmente por
massas de ar dotadas de expressivo calor, originadas tanto na faixa equatorial quanto na faixa
tropical/subtropical do planeta. Tal característica pode ser claramente visualizada em Serra e
Ratisbona (1959; 1960) e também em Monteiro (2000), cujos trabalhos apontam as massas
de ar atuantes sobre o Brasil e a América do Sul, fornecendo os elementos necessários à
compreensão do clima em escalas inferiores, como a regional e a local.
Tomando como base essas obras mencionadas, trabalhos recentes de Souza et al
(2014), Pinto (2013) e Silva (2013), todos versando sobre aspectos do clima no Tocantins,
revelam alguns pormenores acerca da atuação das massas de ar e dos demais sistemas
atmosféricos no escopo do estado.
A Massa Equatorial Atlântica (MEA) predomina na porção norte do estado, ao passo
que a Massa Tropical Atlântica (MTA) predomina na porção central e sul do estado. Essas
massas são as principais responsáveis pelas chuvas sobre o Tocantins no período de
primavera-verão, mas também pela estiagem no período de outono-inverno, agindo, portanto,
ao longo de todo o ano (ainda que com diferentes percentuais de participação).
Principalmente no período de verão, a Massa Equatorial Continental (MEC), cujo
núcleo localiza-se sobre a bacia amazônica, adquire maiores proporções em termos
espaciais, passando a atuar episodicamente mais a leste de sua área comum, incluindo aí o
Estado do Tocantins. Consequentemente, essa massa de ar contribui com parte do teor
pluvial registrado na estação chuvosa sobre terras tocantinenses, de maneira mais incisiva
nos meses de fevereiro e março.
A incursão de fluxos polares sobre o Brasil, de modo especial nos períodos de outonoinverno e de primavera, pode levar a Massa Polar Atlântica (MPA) até as baixas latitudes do
país, apesar de sua gradual tropicalização ao longo do percurso. Esses fluxos são
normalmente precedidos pela Frente Polar Atlântica (FPA), por suas variantes e influências
indiretas, também podendo contribuir em maior ou em menor grau para a geração de chuvas
nas áreas afetadas. No Tocantins, percebe-se alguma influência eventual desses sistemas na
porção sul, ou no máximo centro-sul do estado, ainda que tal aspecto necessite investigações
mais cuidadosas. Já na porção norte, suas manifestações não são verificadas, dadas as
latitudes a partir de 5ºS da região.
Sendo assim, a centralidade do Estado do Tocantins no âmbito do território brasileiro
e sul-americano o expõe a influências de variados sistemas atmosféricos, provenientes das
faixas equatoriais, tropicais e, eventualmente, até polares do globo. Todavia, sua distância em
relação aos principais centros de ação atmosféricos (altas pressões subtropicais e polares,
baixas pressões equatoriais) contribui para que o estado permaneça frequentemente na borda
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ou no limite de atuação dos sistemas atmosféricos. Esse aspecto implica, por sua vez, em
maiores dificuldades para a identificação das situações atmosféricas em escala diária, não
raro levando a certo grau de incerteza. Nesse sentido, o estudo dos tipos de tempo, de suas
origens e encadeamentos rítmicos pode lançar alguma luz para o desvendamento das
nuances do clima regional tocantinense, conforme se pretende mostrar a seguir.
3 – Encadeamentos típicos dos sistemas atmosféricos sobre o Tocantins e os
tipos de tempo resultantes
Em termos de tempo atmosférico e de seus encadeamentos, entre as situações
observadas sobre o Estado do Tocantins ao longo dos três anos-padrão analisados, foram
selecionados quatro tipos mais comuns e exemplificados com o auxílio de modelos em perfis
de alguns episódios reais. A Figura 1 mostra uma típica atuação frontal na porção centro-sul
do estado, estando a frente polar já em frontólise, precedida por repercussões de vanguarda.
Essa situação, relacionada à ocorrência de precipitação, aconteceu no período da primavera
de 2000, portanto logo após o inverno, quando o anticlone polar normalmente possui força
suficiente para levar a frente polar até latitudes mais baixas do Brasil.
Inicialmente verifica-se o domínio das massas atlânticas sobre o estado, no caso
exemplificado da MEA, com ventos do quadrante norte (dia 14/11/2000). Em seguida,
percebem-se algumas perturbações relacionadas à aproximação da FPA (15/11/2000),
seguidas da própria FPA em dissipação (16/11/2000), atingindo até a porção central do
Tocantins. Por fim, as massas atlânticas restabelecem seu domínio, dessa vez divido entre a
MTA (mais ao sul) e a MEA (mais ao norte). Teores pluviais foram registrados especialmente
nas localidades da porção sul do perfil, como por exemplo, as estações de Peixe, com
62,5mm, e de Porto Nacional, com 69,9mm acumulados ao final do episódio.
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Figura 1 – Episódio de 14/11 a 17/11/2000 - Atuação frontal em dissipação na porção sul do
Tocantins (Elaboração: Lucas Barbosa e Souza, 2015).
A Figura 2 mostra um episódio também ocorrido na primavera, porém de 2007,
semelhante ao anterior, com avanço maior do eixo principal da frente polar (FPA) e
consequente chegada de ar polar tropicalizado (MPV) na porção centro-sul do Tocantins.
Ressalta-se que essa situação normalmente não leva ao rebaixamento significativo das
temperaturas, mas a uma queda suave, acompanhada por uma mudança no padrão dos
ventos. Nesse caso, o fenômeno não é facilmente percebido pelo observador comum, ao
contrário do que costuma ocorrer em áreas na porção centro-sul do país em ocasiões de
atuação frontal e subsequente invasão de ar polar.
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Figura 2 – Episódio de 20/11 a 25/11/2007 - Atuação frontal e invasão de ar polar tropicalizado na
porção sul do Tocantins (Elaboração: Lucas Barbosa e Souza, 2015).
No entanto, neste episódio foram observados rebaixamentos mais notáveis das
temperaturas máximas nas porções sul e central do estado. Como exemplo, em Peixe a
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temperatura máxima passou de 36,5ºC em 20/11/2007 para 27,4ºC no dia 23/11/2007, ao
passo que em Araguaína (porção norte) as máximas mantiveram-se sempre acima dos 30ºC
ao longo de todos os dias do episódio.
Nota-se que os primeiros dias da sequência apresentam condições bastante
semelhantes ao episódio anterior, com domínio inicial das massas atlânticas (MEA ao norte e
MTA ao sul) no dia 20/11/2007, seguidas por repercussões de vanguarda da FPA
(22/11/2007) e ação do seu eixo principal (já enfraquecido) no dia 23/11/2007 no sul do
estado. Por último, do dia 23 para 24/11/2007, vê-se a entrada de algum ar polar tropicalizado
em terras tocantinenses, com o mencionado rebaixamento das temperaturas, céu mais aberto
e ventos do quadrante sul. Posteriormente, há uma retomada das massas atlânticas (MEA e
MTA), a partir do dia 25/11/2007, com ventos dos quadrantes norte e leste.
A Figura 3 mostra a situação que mais se repete sobre o Tocantins, principalmente no
período de primavera-verão (estação chuvosa), envolvendo a ação de massas atlânticas
(MTA e MEA), com eventual atuação na MEC na porção central e oeste do estado.
Sobretudo no verão, percebe-se uma ampliação da MEC, alimentada pelo calor e
umidade acumulados ao longo da estação, passando a atuar em áreas a leste do seu centro
de ação (Bacia Amazônica), conforme explicado anteriormente. A experiência com a
identificação diária dos sistemas atmosféricos mostrou que isso também está relacionado com
o avanço de sistemas frontais sobre o oceano Atlântico, deslocando o centro de ação
responsável pela MTA e MEA (alta pressão subtropical) e propiciando condições barométricas
favoráveis para a atuação da MEC sobre o Estado do Tocantins, proveniente da direção oeste.
No episódio selecionado, ocorrido entre os dias 8 e 11/02/2001, percebe-se a atuação
da MEC no dia 10, interrompendo a ação das massas atlânticas (MEA e MTA) sobre o estado.
Tal situação originou maior nebulosidade e valores de precipitação de 42mm em Conceição
do Araguaia e de 32,7mm em Pedro Afonso, porém reduzindo-se no sentido leste, em direção
a Alto Parnaíba, mantida sob efeito da MTA nesse dia. Já no dia 11/02/2001 observa-se a
retomada dos ventos de leste, característicos da MTA, e redução da precipitação sobre toda
a área representada no perfil.
Por último, a Figura 4 traz um exemplo do amplo domínio dos sistemas atlânticos
continentalizados sobre o Tocantins, habitual para o período de outono-inverno (estação
seca). Esses episódios, marcados por situação de estabilidade atmosférica, devem-se ao
deslocamento sazonal do centro de ação do Atlântico Sul para as proximidades do continente
sul-americano, gerando um vórtice capaz de inibir a formação de nuvens baixas e,
consequentemente, causando tempo seco e aberto sobre boa parte do país, incluindo o
Estado do Tocantins. Esse episódio está exemplificado tanto no sentido sul-norte, quanto no
sentido leste-oeste, o que mostra sua homogeneidade espacial. Trata-se de período favorável
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à utilização recreativa das praias fluviais das bacias do Araguaia e Tocantins, prática bastante
comum no estado, especialmente no mês de julho.
Figura 3 – Episódio de 08/02 a 11/02/2001 - Atuação da Massa Equatorial Continental na porção
oeste do Tocantins (Elaboração: Lucas Barbosa e Souza, 2015).
No exemplo enfocado, referente aos dias 29 e 30/06/2007, observa-se a mesma
situação de estabilidade atmosférica ao longo de ambos os perfis, possibilitando um tipo de
tempo marcado pelas seguintes características: céu aberto e insolação expressiva ao longo
de praticamente todo o dia, temperaturas máximas (usualmente registradas no período da
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tarde) quase sempre acima de 30ºC e temperaturas mínimas (usualmente registradas no
período da madrugada) inferiores a 20ºC em todas as localidades que compõem os perfis.
Esse tipo de tempo é, portanto, persistente no período de outono-inverno e somente é alterado
com a chegada das primeiras instabilidades da primavera e a gradativa retomada das chuvas.
Figura 4 – Episódio de 29/06 a 30/06/2007 - Atuação da Massa Tropical Atlântica e da Massa
Equatorial Atlântica no Tocantins (Elaboração: Lucas Barbosa e Souza, 2015).
4 – Conclusões
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Os resultados demonstrados somente puderam ser alcançados mediante a exaustiva
identificação diária da atuação dos diferentes sistemas atmosféricos sobre o Estado do
Tocantins, com a finalidade de proceder à sua análise rítmica em três anos-padrão distintos.
Conforme explicado anteriormente, esse trabalho possibilitou a experiência necessária ao
reconhecimento de padrões típicos da circulação atmosférica e dos encadeamentos dos tipos
de tempo resultantes.
Foram identificadas quatro situações características, corroborando com a ideia central
de amplo domínio dos sistemas atlânticos tropicais e equatoriais sobre a área de estudo. Tal
domínio mostrou-se interrompido ocasionalmente por incursões de ar equatorial continental
amazônico, a partir de oeste, especialmente no verão, além de ar polar tropicalizado e
instabilidades frontais geralmente em dissipação, a partir de sul, principalmente na primavera.
As situações observadas na escala regional são, desse modo, resultantes da circulação
atmosférica na escala zonal, conforme os padrões já conhecidos desde os estudos clássicos
de Serra e Ratisbona (1959; 1960).
Ressalta-se que a representação esquemática das sequências dos tipos de tempo por
meio de perfis latitudinais e longitudinais, a exemplo de Monteiro (2000), possui notórias
qualidades didáticas, facilitando a compreensão das mudanças diárias na escala regional e
reforçando o aspecto de sua sucessão, segundo a concepção sorreana do clima. Nota-se,
contudo, que esse tipo de exercício analítico tem seu sentido fortemente atrelado à análise
rítmica, sem o qual a dinâmica atmosférica não pode ser desvendada em termos de suas
características habituais e excepcionais, tão úteis aos propósitos da ciência geográfica.
5 – Referências
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d’Enseignement Supérieur, 1991.
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Campinas: Alínea, 2013.
6 – Agradecimento
Ao Dr. Marcos Norberto Boin (Professor Visitante da UFGD), pelo auxílio e troca de
ideias durante o processo de elaboração dos perfis que compõem este artigo.
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