Dissertação

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática
Área de Concentração: Ensino de Biologia
Mariana de Oliveira Barcelos
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS:
Elaboração de material paradidático sobre doenças viróticas AIDS, dengue e gripe a partir
da análise dos livros didáticos de biologia
Belo Horizonte
2012
Mariana de Oliveira Barcelos
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS:
Elaboração de material paradidático sobre doenças viróticas AIDS, dengue e gripe a partir
da análise dos livros didáticos de biologia
Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de
Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em Ensino de
Ciências e Matemática.
Orientadora: Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves
Coorientadora: Profa. Dra. Maria Inês Martins
Belo Horizonte
2012
Mariana de Oliveira Barcelos
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS:
Elaboração de material paradidático sobre doenças viróticas AIDS, dengue e gripe a partir
da análise dos livros didáticos de biologia
Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de
Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em Ensino de
Ciências e Matemática.
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves (Orientadora) – PUC Minas
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Inês Martins (Coorientadora) – PUC Minas
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Rozélia Bezerra - UFRPE
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Wolney Lobato – PUC Minas
Belo Horizonte, 22 de junho de 2012.
AGRADECIMENTOS
Agradeço esta vitória a Deus por me guiar nesta jornada. À minha orientadora Andréa
Carla, pela paciência nesse longo percurso, pelas preciosas sugestões e críticas construtivas,
pela disponibilidade e amabilidade.
Um agradecimento muito especial à Profa Maria Inês que foi a grande incentivadora
para iniciar esse processo e pelo apoio em todos os momentos necessários.
A todos os professores do mestrado pelo aprendizado e carinho e aos meus colegas da
turma 6, especialmente a Nícia Junqueira pela rica troca de experiência e pela amizade que
sempre demonstrou em todos os momentos.
Á minha família, em especial à minha mãe, que sempre me apoiou e me incentivou a
seguir em frente. Aos colegas professores, que se disponibilizaram a darem valiosas
contribuições para esse trabalho.
Aos professores Wolney Lobato e Rozélia Bezerra pelas valiosas considerações. E a
todos que de diversas maneiras e em diferentes momentos, colaboraram para a concretização
dessa conquista tão importante para minha evolução profissional e pessoal, em especial ao
Fábio Leite, Rosa Lima, Sueli, Tutti e Alexandra Chaves.
Muito obrigada a todos!
Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota. (Madre Tereza de Calcutá).
RESUMO
A promoção da saúde através da educação é uma oportunidade de oferecer informações
indispensáveis para que a sociedade enfrente com maior rigor as questões referentes à saúde
humana. Sendo assim, a escola pode e deve capacitar os indivíduos para buscar uma vida
mais saudável, e além de instruir seus alunos, deve organizar e estimular situações de
aprendizagem que valorizem ações voltadas para a promoção da saúde. O presente trabalho
procurou colaborar com essa demanda. Inicialmente foi realizada uma investigação da
abordagem das viroses influenza (gripe), dengue e a síndrome de imunodeficiência adquirida
(AIDS) em livros didáticos de biologia do ensino médio. Essas viroses foram escolhidas –
pelo seu caráter epidemiológico, pela sua relevância na atualidade e por demandarem ações de
educação em saúde efetivas. O resultado da análise evidenciou que as informações sobre essas
doenças virais presentes nos livros didáticos analisados concentram-se especificamente nos
aspectos biológicos dos vírus sendo, portanto, insuficientes quando se almeja ações de
educação para a saúde. Posteriormente, a partir dos dados da investigação, foi elaborado um
material paradidático – um livro eletrônico- dirigido aos professores denominado Educação
em Saúde nas Escolas: uma abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe. O
livro do professor foi construído no intuito de contribuir para a promoção da educação em
saúde na escola, através da proposição de diferentes estratégias didáticas que permitam
expandir os conhecimentos escolares sobre viroses por meio de atitudes e valores compatíveis
com a realidade social, além de incentivar a utilização de tecnologias multimídias no processo
de ensino e aprendizagem. Numa análise preliminar, feita por professores de diferentes áreas
do conhecimento, o material foi bem avaliado. Dessa forma, esse trabalho aponta caminhos
que podem colaborar no sentido de aprimorar a abordagem dessas viroses no ensino e no
processo de educação em saúde na escola.
Palavras-chave: AIDS. Dengue. Gripe. Manual do professor. Educação em saúde.
ABSTRACT
Health promotion through education is an opportunity to provide information necessary for
society to face the issues more closely related to human health. Thus, schools can and must
enable individuals to seek a healthier life, and in addition to instructing their students, should
organize and encourage learning situations that enhance actions for health promotion. The
present study sought to collaborate with this demand. Initially, a research approach of
influenza viruses (flu), dengue and acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) in biology
textbooks in high school. These viruses were chosen – because of their epidemiological
nature, their relevance today demands a share of effective health education. The results of the
analysis showed that information about these viral diseases, which are present in the
examined textbooks focus specifically on the biological aspects of virus and is therefore
insufficient
when
it
comes
to
actions
for
health
education.
Later, from the research data, we designed a paradicdatic material - an e-book aimed at
teachers called Health Education in Schools: an approach for viral diseases AIDS, Dengue
and Influenza. The teacher's book was made in order to contribute to the promotion of health
education at schools, through the proposition of different teaching strategies that allow
students to expand their knowledge about viruses through the development of attitudes and
values which are compatible with their social reality, and encourages the use of multimedia
technologies in both teaching and learning. In a preliminary analysis, conducted by professors
from different fields of knowledge, the material was well evaluated. Thus, this work shows
the way, in which this book can contribute to an improvement of the approach of these viral
diseases in the process of education and health education in schools.
Keywords: AIDS. Dengue. Flu. Teacher's manual. Health education.
LISTA DE FIGURAS
Forma como é apresentada a gripe no livro de Amabis e Martho em
1985..........................................................................................................
27
Forma como as viroses são retratadas de forma generalizada no livro
didático de biologia..................................................................................
29
FIGURA 3 –
Algumas questões de vestibulares com ênfase na virose AIDS...............
30
FIGURA 4 –
Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe como exemplificação
de viroses no texto principal.....................................................................
38
FIGURA 1 –
FIGURA 2 –
FIGURA 5 –
Exemplo da abordagem da dengue no texto principal com informações
específicas sobre a virose.......................................................................... 38
FIGURA 6 –
Exemplo de abordagem da AIDS, dengue e gripe apenas como
exemplificação de viroses em quadros destacados do texto principal...... 39
FIGURA 7 –
Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe em quadros
destacados do texto principal com informações específicas sobre as
viroses.......................................................................................................
40
Exemplo de imagem apresentada no livro didático sem interação com o
conteúdo do texto principal......................................................................
42
Exemplo da colocação de material de campanhas do Ministério da
saúde nos livros didáticos de biologia......................................................
43
Exemplo de imagem sem escala e sem mencionar o uso de cores
fantasia nos livros didáticos de biologia..................................................
44
FIGURA 11 –
Sugestão de pesquisa em grupo com a temática AIDS, dengue e gripe...
49
FIGURA 12 –
Abordagem da questão do preconceito ao aidético com a frase: “O
preconceito isola”.....................................................................................
50
FIGURA 8 –
FIGURA 9 –
FIGURA 10 –
FIGURA 13 –
Sugestões de leituras complementares acessíveis na internet................... 52
FIGURA 14 –
Página inicial do e-book - Educação em Saúde nas Escolas: uma
abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe................
63
FIGURA 15 –
Representação de um mosquito picando uma pessoa...............................
64
FIGURA 16 –
Infográfico representando o uso da câmera do celular.............................
64
Imagem obtida da internet para ilustrar os modos de transmissão da
gripe aviaria..............................................................................................
65
FIGURA 18 –
Exemplo de como os tópicos foram descritos no e-book.........................
66
FIGURA 19 –
Página que inicia o capítulo sobre a dengue............................................. 67
FIGURA 20 –
Questionário sobre AIDS para avaliar os conhecimentos prévios dos
alunos sobre o tema..................................................................................
FIGURA 17 –
68
FIGURA 21 –
Proposta de atividade sobre gripe utilizando como estratégia a
Aprendizagem Baseada em Problemas..................................................... 70
FIGURA 22 –
Reportagem da revista Veja retratando os jovens como grupo de risco
do HIV......................................................................................................
72
Cartilha produzida pelo Ministério da Saúde para a campanha de
combate a dengue.....................................................................................
73
FIGURA 23 –
FIGURA 24 –
Elementos que compõem o jogo (instruções, cartas, tabuleiro e
peões)........................................................................................................ 74
FIGURA 25 –
Página final do e-book..............................................................................
75
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 –
GRÁFICO 2 –
Abordagem das viroses gripe, dengue e AIDS, nos livros didáticos de
biologia analisados. .................................................................................
31
Percentagem da abordagem do conteúdo sobre AIDS, dengue ou gripe
por volumes nos livros aprovados pelo PNLD EM 2012.........................
37
GRÁFICO 3 –
Número de imagens sobre AIDS, dengue ou gripe nos livros didáticos
analisados................................................................................................... 41
GRÁFICO 4 –
Aspectos abordados sobre a AIDS nos livros didáticos de biologia do
PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012.........................................................
45
Aspectos abordados sobre a gripe nos livros didáticos de biologia do
PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012.........................................................
45
Aspectos abordados sobre a dengue nos livros didáticos de biologia do
PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012.........................................................
46
Análise geral dos aspectos abordados sobre as viroses AIDS, dengue e
gripe nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e do PNLD EM
2012...........................................................................................................
47
GRÁFICO 5 –
GRÁFICO 6 –
GRÁFICO 7 –
GRÁFICO 8 –
Recursos didáticos utilizados pelos docentes para abordar as doenças
viróticas AIDS, dengue e gripe.................................................................. 77
LISTA DE QUADROS
Ficha de avaliação dos livros didáticos de biologia acerca do assunto
AIDS, dengue e gripe.................................................................................
20
Lista de livros antecedentes ao PNLD que apresentaram a abordagem
sobre as viroses AIDS, dengue e gripe.......................................................
23
QUADRO 3 –
Lista de livros aprovados pelo PNLEM 2007 analisados na pesquisa.......
35
QUADRO 4 –
Lista de livros aprovados pelo PNLD EM 2012 analisados na pesquisa...
35
QUADRO 5 –
Capítulos dos livros didáticos de biologia em que as viroses AIDS,
dengue ou gripe são abordadas...................................................................
36
QUADRO 1 –
QUADRO 2 –
QUADRO 6 –
Número de questões sobre AIDS, dengue e gripe nos livros
analisados.................................................................................................... 48
QUADRO 7 –
Informações sobre as leituras complementares que abordam as viroses
AIDS, dengue ou gripe nos livros analisados............................................. 50
QUADRO 8 –
Estratégias de ensino utilizada na abordagem dos tópicos sobre as
viroses AIDS, dengue e gripe.....................................................................
67
Avaliação das estratégias de ensino que compõem o e-book.....................
78
QUADRO 9 –
QUADRO 10 – Estratégias mais e menos interessantes do e-book segundo os
professores avaliadores............................................................................... 78
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABP – Aprendizado Baseado em Problemas
AIDS/SIDA - Síndrome de imunodeficiência adquirida
AZT - Azidotimidina
DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
HIV - Vírus da imunodeficiência humana
LD - Livro didático
MEC – Ministério da Educação
PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais
PNLD – Programa Nacional do Livro Didático
PNLEM - Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio
SUS - Sistema Único de Saúde
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................
13
2 A INVESTIGAÇÃO ...................................................................................................
2.1 O livro didático..........................................................................................................
2.2 Análise dos livros didáticos de biologia...................................................................
2.3 Metodologia da Investigação....................................................................................
16
16
18
19
3 ABORDAGEM DAS VIROSES AIDS, DENGUE E GRIPE NOS LIVROS
DIDÁTICOS DE BIOLOGIA .......................................................................................
3.1 Visão histórica............................................................................................................
3.2 Abordagem nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e PNLD EM
2012...................................................................................................................................
3.3 Considerações gerais sobre a abordagem de AIDS, dengue e gripe nos livros
didáticos de biologia analisados na pesquisa................................................................
4 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS UTILIZADAS NA ELABORAÇÃO DO
PRODUTO ......................................................................................................................
22
22
34
53
55
5 O PRODUTO .............................................................................................................. 62
5.1 Apresentação.............................................................................................................. 63
5.2 A avaliação................................................................................................................. 75
6 CONCLUSÃO............................................................................................................... 82
REFERÊNCIAS............................................................................................................... 84
APÊNDICE......................................................................................................................
91
13
1 INTRODUÇÃO
Durante a minha formação no ensino médio, ocorreu em Belo Horizonte um surto de
dengue que foi noticiado na escola em que eu estudava por agentes públicos que constataram
a existência de criadouros do mosquito Aedes aegypti nas dependências do colégio,
transformando-o em uma área de risco para a transmissão do vírus. Na ocasião apenas nos
informaram sobre o fato sem que qualquer informação ou adicional ênfase fossem dadas nas
disciplinas lecionadas naquele período. Como aluna, naquele momento, tive a sensação de
que faltou alguma forma de trabalho para identificar esses criadouros de mosquito, ou
qualquer outra atividade que permitisse a participação efetiva do alunado no problema que
nos atingia tão de perto. Diante desta situação percebi deficiência da articulação da teoria com
a prática e que o ensino escolar era baseado na memorização dos conhecimentos disciplinares
e no acúmulo de informações, muitas vezes, sem significado e aplicação no cotidiano.
Algum tempo depois, assistindo a depoimentos de pessoas vitimadas por doenças
infectocontagiosas como dengue, gripe e síndrome de imunodeficiência adquirida (em
português, SIDA, ou AIDS, nome em inglês, como ficou internacionalmente conhecida),
percebi em seus discursos que tinham conhecimento prévio sobre essas doenças, entretanto
isto não fez com que elas colocassem em prática ações preventivas que poderiam ter evitado o
contágio. Novamente percebi o problema da não aplicação do conhecimento teórico em ações
do dia a dia como havia ocorrido na escola, porém agora com consequências mais sérias.
Estas situações evidenciaram a necessidade da elaboração e aplicação de estratégias e
materiais que proporcionem uma maior integração entre as áreas de ensino e de educação em
que os estudantes possam participar ativamente no pensamento e encaminhamento de
soluções para problemas relacionados à sua saúde e bem estar.
Nesse contexto, Buss (1999, p. 178) alega que “A promoção da saúde (e a educação
em saúde como parte integrante da mesma) representa uma estratégia promissora para
enfrentar os múltiplos problemas que afetam as populações humanas.” Salerno et al. (2005, p.
104) também expõem que “a educação em saúde é um processo eficiente para a prevenção de
doenças, veiculando informações e experiências importantes”.
A temática saúde é um tema transversal destacado nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) que deve ser trabalhada por todas as disciplinas curriculares, pois está
presente no cotidiano das pessoas. Os PCN entendem Educação para a Saúde como fator de
promoção e proteção à saúde e estratégia para a conquista dos direitos de cidadania (BRASIL,
14
1998b). Sendo assim, a escola pode fornecer elementos que capacitem os indivíduos para
uma vida mais saudável e deve, além de informar, organizar e estimular situações de
aprendizagem que valorizem ações voltadas para a promoção da saúde.
Diante do exposto, ficou evidente que propostas para ampliar as ações de promoção
da educação em saúde na escola que sejam capazes de conectar as necessidades sociais e
educativas apresentam maior probabilidade de êxito. Ciente que a escola é um ambiente
propício para desenvolver trabalhos de educação preventiva com a participação ativa de um
público bem informado, priorizando as necessidades da população e a elas respondendo. Isso
está de acordo com a descrição de Oliveira (2006) sobre o que é educar na atualidade:
As propostas pedagógicas contemporâneas indicam que educar significa preparar o
indivíduo para responder às necessidades pessoais e aos anseios de uma sociedade
em constante transformação, aceitando desafios propostos pelo surgimento de novas
tecnologias, dialogando com um mundo novo e dinâmico, numa sociedade mais
instruída, melhor capacitada, gerando espaços educacionais autônomos, criativos,
solidários e participativos, condições fundamentais para se viver nesse novo milênio.
(OLIVEIRA, 2006, p. 25).
Nessa perspectiva, um dos objetivos desse trabalho foi realizar uma pesquisa histórica
em livros didáticos (LD) de biologia com intuito de verificar a evolução da abordagem sobre
viroses. Para tal foi escolhido como alvo das ações os conteúdos de gripe (influenza), dengue
e a síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) - pelo caráter epidêmico dessas doenças.
Essas viroses, devido ao fácil contágio e pelos diversos casos ocorridos nos últimos anos,
ganharam destaque na mídia, sendo consideradas doenças de grande relevância na atualidade
que demandam ações de educação em saúde efetivas.
A escolha dos livros didáticos como objeto de estudo se deu principalmente por sua
relevância para alunos e professores, constituindo-se como principal referência tanto do ponto
de vista teórico quanto metodológico (BARCELOS; MARTINS, 2011, p. 9). Dessa forma,
esse objeto – o livro escolar – se constitui uma importante fonte/referência de dados.
Posteriormente, a partir dessa análise, foi proposto um livro do professor, produto
dessa dissertação, dirigido aos professores, complementar à abordagem realizada no LD. Esse
material tem o intuito de contribuir para a promoção da educação em saúde na escola, através
da proposição de estratégias que permitam expandir os conhecimentos escolares sobre viroses
por meio de atitudes e valores compatíveis com a realidade social.
15
Sendo assim, esse trabalho está organizado em seis capítulos. O primeiro trata-se
dessa introdução em que foi feito o levantamento da problemática, argumentação sobre a
importância do tema e apresentação dos objetivos ao desenvolver a dissertação.
O segundo capítulo é dedicado à metodologia utilizada na investigação dos LD. O
capítulo três traz os resultados e discussões da investigação, constituindo um capítulo
importante para estruturar o produto da dissertação. Neste capítulo, apresenta-se um breve
histórico de algumas décadas de evolução do ensino de viroses no livro didático, seguido de
uma discussão das condições de ensino na atualidade, dessa forma, percebem-se os desafios
para uma proposição de uma nova abordagem.
O capítulo quatro aborda as estratégias didáticas utilizadas na elaboração das
atividades sobre os temas AIDS, dengue e gripe buscando um ensino contextualizado com a
realidade atual.
O quinto capítulo traz a apresentação e avaliação do produto da dissertação - um ebook- dirigido aos professores com conteúdos e atividades sobre os temas: AIDS, dengue e
gripe.
Por fim, foram apresentadas as considerações finais baseadas na análise dos capítulos
anteriores, em que foram enfatizados os principais benefícios do produto gerado nesta
dissertação no processo do ensino voltado para a educação em saúde.
Salienta-se que os referenciais teóricos foram colocados no decorrer dos capítulos da
dissertação para embasar dados descritos e discutidos por acreditar que esta forma de
apresentá-los seja mais didática e produtiva.
16
2 A INVESTIGAÇÃO
Os dados primordiais que possibilitaram inferir quais seguimentos seriam dados à
elaboração do produto foram obtidos através da análise de livros didáticos, pois os mesmos
resguardam a evolução histórica dos textos escolares, refletem de certo modo a dinâmica
própria da educação em cada período, além de permitir obter informações sobre a educação
vigente.
2.1 O livro didático
O livro didático se consolidou como uma das principais ferramentas utilizadas no
contexto escolar. Seu continuado prestígio ao longo de tantas décadas pode ser atribuído,
dentre outros fatores, por: ser um valioso suporte da prática docente; servir de guia de estudo
para os alunos; pela importância mercadológica e por manter consonância com as propostas
governamentais,
sendo
editado
conforme
as
normas
vigentes
de
cada
período
(BITTENCOURT, 2004). Dessa forma, o livro escolar se constitui na atualidade em uma das
principais referências para pesquisas relacionadas ao contexto escolar.
Segundo Bosco e Cunha (2003, p.186) a grande maioria dos profissionais da educação
faz uso apenas do livro didático, onde os conteúdos, o planejamento e os exercícios estão
diretamente relacionados a este sem recorrer a nenhuma outra ferramenta. Nesse contexto,
Delizoicov (2001) retrata a importância do livro para o professor por ser uma ferramenta
didática a qual ele recorre como instrumento que contribui para o desenvolvimento do seu
trabalho e, embora algumas vezes seu uso não seja explicito, o livro é utilizado indiretamente
como auxiliar ao trabalho docente, por exemplo, na forma como o professor estrutura suas
atividades. Como explica Beltrán Núñez et al. (2003).
Os professores (as) utilizam o livro como o instrumento principal que orienta o
conteúdo a ser administrado, a seqüência desses conteúdos, as atividades de
aprendizagem e avaliação para o ensino das Ciências. O uso do livro didático pelo
(a) professor (a) como material didático, ao lado do currículo, dos programas e
outros materiais, instituem-se historicamente como um dos instrumentos para o
ensino e aprendizagem. (BELTRÁN NÚÑEZ et al., 2003, p. 2).
Para o aluno, o livro didático representa uma fonte de informação e de metodologia,
onde ele tem contato com os conhecimentos científicos, sendo, de acordo com Cury (2009,
p.121), um material didático imprescindível para o acompanhamento dos estudos e para
propiciar maior segurança. O livro escolar não tem a presunção de sintetizar o conjunto de
17
materiais didáticos disponíveis aos estudantes, mas ele é indispensável na ação de apoio aos
alunos.
Outra importância atribuída aos livros didáticos está relacionada ao seu valor como
produto cultural devido a sua concordância com as indicações governamentais. A instituição
de uma política pública para o livro didático brasileiro remonta ao Estado Novo (1937-45),
quando se organizou, pela primeira vez, uma Comissão Nacional de Livros Didáticos, cujas
atribuições envolviam o estabelecimento de regras para a produção, compra e utilização do
livro didático, tarefa assumida pelo Ministério da Educação e Saúde. Dessa forma, o livro
didático está vinculado a projetos políticos e culturais preservando valores e modelagem de
condutas, sendo, portanto, uma peça ideológica fundamental, que desempenha importante
papel estratégico na difusão dos valores apregoados pelo regime. (MIRANDA; LUCA, 2004).
Vale destacar a relevância do livro didático como produto comercial. Esse assunto
coloca em pauta várias questões como a influencia das grandes editoras no mercado, o
marketing atribuído ao produto e até na qualidade do material, pois, apesar de haver
atualmente programas de avaliação do livro didático instituído pelo governo, existem
pesquisas sendo realizadas com intuito de verificar a precisão das avaliações realizadas nos
livros escolares devido à sua valorização comercial. Tal fato pode ser constatado no
argumento de Höfling (2006) que confirma a interferência do governo ao conferir uma
aprovação aos materiais considerados com maior qualidade, mas ao mesmo tempo, questiona
o número reduzido de editoras das quais tem suas obras aprovadas no Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD).
Os livros escolares têm despertado interesse como fonte/referência de vários estudos:
Lajolo (1996, p.4) destaca dentre os diversos materiais escolares (giz, quadro, lousa,
computador, etc.) os livros como tendo papel decisivo para a qualidade do aprendizado
resultante das atividades escolares. Nesse mesmo contexto, Krasilchik (2000) destaca que
para se ter uma reforma educacional bem sucedida é necessário levar em consideração a
aquisição de bons materiais, dentre os quais se devem considerar os livros didáticos por
servirem de apoio e orientação aos professores para a apresentação dos conteúdos.
Assim, o LD atualmente é visto como uma espécie de “caixa preta” dos fatos e
particularidades da educação, funcionando como indicativo de características educacionais no
qual se deseja retratar tanto em um contexto histórico quanto na contemporaneidade.
Entretanto, nem sempre foi assim, de acordo com Bittencourt (2004); esse interesse em
utilizar livros didáticos em pesquisas só se consolidou nas últimas décadas.
18
Os balanços bibliográficos mostram que houve uma tendência, iniciada na década de
1960, de se analisarem os conteúdos dos livros escolares privilegiando a denúncia
do caráter ideológico dos textos. Tal abordagem ocupava e ainda ocupa um lugar de
destaque nas pesquisas nacionais e de vários outros países, cujo enfoque sobre as
ideologias subjacentes aos manuais permanece. Mas nos últimos anos há mudanças
de abordagens, que integram reflexões de caráter epistemológico, essenciais para a
compreensão da constituição das disciplinas e saberes escolares. Paralelamente às
análises sobre os conteúdos, foram sendo acrescidas outras temáticas, notadamente
as relações entre as políticas públicas e a produção didática, evidenciando o papel do
Estado nas normatizações e controle da produção. (BITTENCOURT, 2004, p.471).
Dentre as diversas perspectivas nas quais os livros didáticos têm sido analisados,
destaca-se a análise de conteúdos da abordagem da temática saúde que tem sido retratada por
vários autores como insuficiente, principalmente por não mobilizarem atitudes e condutas.
Freitas e Martins (2009) e Monteiro, Gouw e Bizzo (2009) observaram a existência de uma
ênfase maior nos condicionantes biológicos relacionados à saúde o que leva ao aluno a ter um
aprendizado pautado na retenção de fatos, faltando uma abordagem relacionando as causas do
processo saúde/doença que aproxime mais o conteúdo ao cotidiano do aluno. Os autores
também apontam que o predomínio em determinada ênfase, como tem ocorrido em relação à
estrutura dos microrganismos em detrimento dos aspectos relacionados à saúde humana,
limita as possibilidades de desenvolvimento de aprendizagens fundamentais a melhoria das
condições de vida e saúde dos alunos e de suas famílias. Nesse contexto, Mohr (1995) retrata
que a ausência de uma abordagem mais consistente nos livros escolares causa vários
problemas, como no caso da AIDS, em que a falta de informações contribui para o
preconceito e a prática de comportamento de risco.
O livro didático é produzido para atender a população escolar de forma geral, sendo
necessário que o educador crie estratégias para suprir as limitações próprias dele. Embora seja
de indiscutível importância, por seu caráter genérico, por vezes, os livros podem não
contextualizar os saberes e também podem não ter conteúdos específicos para atender às
demandas sociais de relevância em um determinado momento. Dessa forma, torna-se tarefa
dos professores complementar, adaptar e dar maior sentido aos bons livros recomendados
pelo Ministério da Educação (MEC). (BELTRÁN NÚÑEZ et al., 2003, p. 3).
2.2 Análise dos livros didáticos de biologia
O livro didático comumente determina conteúdos e condiciona estratégias de ensino,
marcando de forma decisiva, o que se ensina e como se ensina a partir dos múltiplos recursos
que o constituem tais como textos informativos, imagens, diagramas, tabelas e atividades
19
(LAJOLO, 1996). Dessa forma, o livro é um objeto imprescindível para melhor entendimento
da realidade do ensino brasileiro, através da análise dos conteúdos selecionados para sua
composição e a forma como tais conteúdos são abordados.
Segundo Corrêa (2000), o LD é portador de conteúdos representativos de determinado
período e valores que se desejou que fosse ensinado num dado momento, residindo aí a
importância de sua utilização para a compreensão das práticas escolares no interior das
instituições educativas ao longo da história da educação por conter parte dos conteúdos do
currículo escolar e das políticas educacionais.
(...) dependendo do período histórico no qual for tomado como fonte, esse tipo de
material pode ser considerado como o portador supremo do currículo escolar no que
tange aos conhecimentos que eram transmitidos nas diferentes áreas, quando se
constituiu em única referência tanto para professores quanto para alunos.
(CÔRREA, 2000, p. 13).
Nesse aspecto, Krasilchik (2008, p. 44) aponta o conteúdo como a maior preocupação
dos professores ao fazerem seu planejamento, tendo que tomar decisões de três tipos: O que
ensinar – a abrangência da matéria ministrada; Em que sequência ensinar – a melhor
ordenação dos tópicos e como relacionar e integrar os assuntos a outros tópicos da mesma e
de outras disciplinas. Dessa forma, destaca-se a análise de conteúdos, que foi o enfoque desse
trabalho, com intuito de revelar a abordagem sobre as viroses AIDS, dengue e gripe nos livros
de biologia em várias épocas.
2.3 Metodologia da Investigação
Foi realizado um estudo em livros didáticos de biologia do ensino médio com intuito
de verificar como as doenças retratadas nessa pesquisa (dengue, AIDS e gripe) têm sido
expostas nos livros escolares, além de averiguar a possível existência de uma correlação da
abordagem dessas doenças com períodos em que ocorreram surtos significativos.
Para tal foram analisados os livros de biologia que compõe o acervo do Banco de
livros didáticos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais1 (PUC Minas), no qual
se constituía até julho de 2011 um acervo de biologia com 296 exemplares. Cientifica que não
1
O Banco de Livros Didáticos da PUC Minas está vinculado ao Banco de Dados de Livros Escolares Brasileiros
(LIVRES) da Faculdade de Educação da FEUSP e se dedica a pesquisa em educação. Faz parte das coleções
especiais da Biblioteca Central da PUC Minas, se constitui em um acervo exclusivo de livros escolares e conta
com vários exemplares de Ciências e Matemática.
20
foram analisados os livros de conteúdos específicos como, por exemplo, o título Botânico
para a escola secundária, por não abordarem o conteúdo proposto nesse trabalho. Assim,
foram analisados 205 livros dos quais foram manuseados primeiramente para ser consultado o
seu sumário, no qual, por vezes, foi possível localizar o conteúdo pesquisado de forma mais
rápida. Contudo, alguns exemplares apresentam a temática retratada incorporada a outros
conteúdos, não estando explicitado no sumário, motivo pelo qual, neste caso, foi consultado
todo o conteúdo destes exemplares.
Foram utilizados na pesquisa como referência de textos escolares atuais, os livros
didáticos de biologia aprovados no Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio
(PNLEM 2007 e PNLD EM 2012).
A análise dos livros recomendados pelo PNLEM 2007 e pelo PNLD EM 2012 foi
realizada com auxílio de uma ficha de avaliação para a coleta de dados (QUADRO 1)
contendo aspectos considerados relevantes à temática pesquisada. A ficha avaliativa foi
adaptada de Batista, Cunha e Candido, 2010.
Quadro 1 - Ficha de avaliação dos livros didáticos de biologia acerca do assunto AIDS,
dengue e gripe
CRITÉRIOS OBSERVADOS NA AVALIAÇÃO
1 – Aborda o conteúdo?
2 – Espaço dedicado ao assunto
3 – Figuras:
o Quantidade
o Com legendas adequadas
o Claras e explicativas
o Coerentes com o texto
4 – Em relação ao conteúdo, aborda sobre dengue, gripe e AIDS os seguintes aspectos:
o Agente etiológico /vetor
o Sintomas
o Epidemiologia
o Transmissão
o Prevenção
o Tratamento
o Aspectos sociais
o Existem referências atualizadas em relação ao ano de publicação
5 – Em relação à abordagem do conteúdo AIDS, dengue e gripe:
o Possuem exemplificações claras sobre a temática, relacionando-se com o dia-a-dia do
aluno
o Estimulam o raciocínio crítico do aluno
o Possuem sugestões de leitura complementar
o Propõem atividades em grupo e discussões em relação ao assunto
o Apresentam exercícios sobre os temas
Fonte: Adaptado de Batista, Cunha e Cândido, 2010, p. 150
21
Os dados coletados foram então analisados e organizados em quadros e gráficos para
uma melhor apresentação e discussão dos resultados.
É importante enfatizar que não foi objetivo da análise comparar livros didáticos ou avaliálos. A metodologia aqui proposta visa apenas um estudo exploratório de como se dá abordagem
das viroses AIDS, dengue e gripe, conforme o conteúdo de seus textos e imagens. E que, de
acordo com a Lei do Direito Autoral (Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998) no artigo 43,
inciso III é legítimo o estudo desses materiais, desde que esteja devidamente referenciado.
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de
passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida
justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra.
(Redação dada pela Lei nº 9.610, de 1998). (BRASIL, 1998a).
22
3 ABORDAGEM DAS VIROSES AIDS, DENGUE E GRIPE NOS LIVROS
DIDÁTICOS (LD) DE BIOLOGIA
A partir da análise de livros didáticos (LD) de biologia foi realizado um levantamento
da abordagem das viroses dengue, AIDS e gripe em uma perspectiva histórica inferindo a
ênfase dada a essa temática no ensino Nacional. A seguir decorre a apresentação e discussão
dos dados obtidos nessa pesquisa.
3.1 Visão histórica
No início do séc. XXI a gripe, a AIDS e a dengue já eram consideradas doenças
relevantes no cenário brasileiro conforme é relatado no guia de vigilância epidemiológica
(BRASIL, 2009), no qual descreve haver registros de pandemias de gripe desde o século XX,
sendo a chamada “Gripe Espanhola” (1918/19) a ocorrência com efeitos mais graves, tendo
causado mais de 20 milhões de mortes em todo o mundo. Casos periódicos dessa virose
ocorrem de forma esporádica, no mundo todo, como surto localizado, ou regional, em
epidemias e também como devastadoras pandemias. No caso da AIDS, houve registros no
Brasil na primeira metade da década de 1980, em que a epidemia HIV/AIDS manteve-se
basicamente restrita às Regiões Metropolitanas do Sudeste e Sul do país. Nesse período, a
velocidade de crescimento da incidência e as taxas de mortalidade eram elevadas. Com
relação à dengue há referências de epidemias no Brasil desde o século XIX. No século
passado, há relatos de 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de Janeiro, de
casos sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia de dengue, documentada clínica e
laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista – Roraima. Entre os anos de 1990 e
2000, várias epidemias foram registradas, sobretudo nos grandes centros urbanos das regiões
Sudeste e Nordeste do Brasil, responsáveis pela maior parte dos casos notificados. As regiões
Centro-Oeste e Norte foram acometidas posteriormente, apresentando a ocorrência de
epidemias de dengue, a partir da segunda metade da década de 1990. (BRASIL, 2009).
Para obter uma visão histórica em relação à abordagem das viroses AIDS, dengue e
gripe nos LD , foram analisados 205 exemplares de biologia do Banco de Livros didáticos da
PUC Minas sendo, verificada a presença dessa temática em 48 livros - 23,4% (QUADRO 2).
23
Quadro 2 - Lista de livros antecedentes ao PNLD que apresentaram a abordagem sobre
as viroses AIDS, dengue e gripe
Obra/Autor(es)
Ano de Publicação/
Volume/edição
1956
Compêndio de História Natural
Antônio Antunes Júnior
José Antunes
1960/2ª ed.
Manual de biologia
Oswaldo Frota- Pessoa
1962/2ª ed.
Biologia na escola secundária
Oswaldo Frota- Pessoa
1965/Volume 2
Biologia
Irmãos Maristas
1966/4ª ed.
Biologia
Aurélio Bolsanello
José Daniel van der Broocke Filho
1968
Biologia na escola secundária
Oswaldo Frota- Pessoa
1970
Biologia geral
Aurélio Bolsanello
José Daniel van der Broocke Filho
Orlando Theodorico de Freitas
Biologia: versão verde.
1972/Volume 2
1974/9 ª ed.
Biologia geral
Milton Menegotto
Antonio C. P. Azevedo
1979/18 ª ed.
Biologia
Albino Fonseca
1982/22 ª ed.
Biologia
Albino Fonseca
1982
Biologia II
José Luiz Pedersoli
Wellington Caldeira Gomes
1983
Programas de saúde
Ayrton César Marcondes
1984/Volume 2
A ciência da biologia
José Mariano Amabis
Gilberto Rodrigues Martho
1985/Volume 2
Curso básico de biologia
José Mariano Amabis
Gilberto Rodrigues Martho
1985
Biologia
José Luís Soares
1986/ 2 ª ed.
Bio, livro amarelo
Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes
1986/ 2 ª ed.
Programas de saúde
Sergio de Vasconcellos Linhares
Fernando Gewandsznajder
24
Obra/Autor(es)
Curso completo de biologia
Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes
Plínio Carvalho Lopes
Biologia celular
Sergio de Vasconcellos Linhares
Fernando Gewandsznajder
Biologia
José Luís Soares
Bio, livro amarelo
Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes
Biologia
Cesar da Silva Junior
Sezar Sasson
Biologia atual
Wilson Roberto Paulino
Biologia
Demetrio Ossowski Gowdak
Neide Simões de Mattos
Biologia atual
Wilson Roberto Paulino
Programas de saúde
Jose Luiz Faria Vasconcellos
Fernando Gewandsznajder
Biologia
José Luís Soares
Biologia hoje
Jose Luiz Faria Vasconcellos
Fernando Gewandsznajder
Bio
Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes
Biologia
José Mariano Amabis
Gilberto Rodrigues Martho
Programas de saúde
Jose Luiz Faria Vasconcellos
Fernando Gewandsznajder
Programas de saúde
José Luís Soares
Biologia
Cesar da Silva Junior
Sezar Sasson
Programas de saúde
Jose Luiz Faria Vasconcellos
Fernando Gewandsznajder
Biologia
Albino Fonseca
Ano de Publicação/
Volume/edição
1988/ 2 ª ed.
1988/ 6 ª ed.
1988/ Volume 1/8ª ed.
1989/ 5 ª ed.
1989/ Volume 2/5ª ed.
1989/ Volume 2
1990
1991/Volume 2/5ª ed.
1991/ 18ª ed.
1991/ Volume único/ 2ª Ed.
1992/ Volume 1/ 2ª ed.
1993/ Volume 3/ 9ª ed.
1994/Volume 2
1994/ 22 ª ed.
1994/ 2 ª ed.
1995/Volume 1
1995/ 23 ª ed.
1996 /39ª ed.
25
Obra/Autor(es)
Biologia
Cesar da Silva Junior
Sezar Sasson
Biologia
Cesar da Silva Junior
Sezar Sasson
Bio
Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes
Biologia hoje
Sergio de Vasconcellos Linhares
Fernando Gewandsznajder
Biologia hoje
Sergio de Vasconcellos Linhares
Fernando Gewandsznajder
Biologia no terceiro milênio
José Luís Soares
Biologia hoje
Sergio de Vasconcellos Linhares
Fernando Gewandsznajder
Biologia
Clarinda Mercadante
Fundamentos da biologia moderna
José Mariano Amabis
Gilberto Rodrigues Martho
Bio
Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes
Conceitos de biologia
José Mariano Amabis
Gilberto Rodrigues Martho
Biologia
Armênio Uzunian
Ernesto Birner
Ano de Publicação/
Volume/edição
1996/Volume 1/2ª ed.
1996/Volume 2/2ª ed.
1997/Volume único/6ª ed.
1998/Volume 1 /7ª ed.
1998/Volume 2 /7ª ed.
1998/Volume 1
1998/Volume 1 /10ª ed.
1999/Volume único/2ª ed.
1999/ 2ª ed.
2000/Volume único/11ª Ed.
2001 /Volume 2
2001/Volume único
Fonte: Dados da pesquisa
A seguir decorre a explanação do que foi detectado na análise dos livros em um
contexto histórico.
A primeira menção sobre essas viroses foi encontrada em um livro da década de 1950
dos autores Antunes Júnior e Antunes (1956). A obra apresenta um capítulo com o tema vírus,
mas, nesse momento, são retratadas apenas as características biológicas desses organismos.
As doenças infecto-contagiosas são apresentadas no capítulo denominado "Noções de
higiene", no item “Doenças evitáveis transmitida por seres vivos parasitos”, no qual retrata a
gripe sem abordar AIDS e dengue.
26
Gripe. A gripe, que alguns autores acreditam seja causada por uma bactéria, é pela
maioria considerada como virulose.
No combate a gripe, deve-se evitar tossir sem proteger a boca com o lenço; evitar
apertos de mãos, beijos, etc., que possam facilitar a transmissão da doença; diminuir
as possibilidades de resfriados. (ANTUNES JÚNIOR; ANTUNES, 1956, p. 339).
Nessa abordagem observa-se a presença de métodos preventivos, relacionados à
higiene para evitar a gripe e a informação equivocada da gripe como uma doença causada por
bactérias.
Da década de 1960 foram encontrados cinco exemplares que fizeram menção à gripe,
dentre os quais apenas quatro citaram essa virose como exemplo de doença viral e na obra de
Bolsanello e Broocke Filho (1966), no tópico “Enfermidades de âmbito geral por vírus” (p.
495-499), algumas doenças são descritas, dentre as quais a gripe, novamente sem abordar a
AIDS ou a dengue.
GRIPE – Inicialmente não devemos confundir o resfriado comum, freqüente e
passageiro com a gripe ou influenza, que é doença infecciosa, causada por vírus. É
extremamente contagiosa. Manifesta-se de maneira epidêmica. Complica-se muito
facilmente.
Importante assinalar não só existência de epidemias como PANDEMIAS.
No decurso da história, foi o caso da pandemia de 1918, conhecida como “gripe
espanhola” que causou a morte a mais de 40.000.000 de pessoas e a epidemia da
“gripe asiática” de 1957, oriunda da China e que se propagou por quase todo o
mundo.
A infecção é caracterizada por febre, dor de cabeça, tosse e enfraquecimento
orgânico geral, para então posteriormente surgirem as complicações como
pneumonia, broncopneumonia, pleurisia, etc.
O tratamento deve ser orientado pelo uso de vitamina C, antipiréticos, desinfecções
da garganta, injeções de cálcio em associações vitamínicas, alimentação protéica,
evitar aglomerações e lugares poeirentos. (BOLSANELLO; BROOCKE FILHO,
1966, p. 497). b
Embora apresente dados históricos, sintomas e tratamento, essa abordagem não
menciona formas de prevenção mais consistentes, apenas sendo sugerido evitar aglomerações
e lugares poeirentos. Nesse trecho, percebem-se dados equivocados como a informação de
que pneumonia, broncopneumonia, pleurisia (inflamação pleural), etc. são complicações da
gripe e também que o uso de vitamina C trata a gripe.
Na década de 1970, quatro exemplares fizeram referência à gripe sendo um deles de
Bolsanello e Broocke Filho (1970) no qual apresenta a mesma abordagem da década de 1960
na obra dos mesmos autores. Já Fonseca (1979) e Menegotto e Azevedo (1974), apenas
citaram a gripe como exemplo de viroses, sendo que Menegotto e Azevedo abordaram a gripe
ao retratar os vírus e Fonseca no capítulo denominado “Higiene e saúde”.
27
A abordagem mais significativa dessa década foi feita no livro Biologia: versão verde
(1972) que faz menção à gripe ao abordar os vírus e acrescenta no item “causas de epidemias”
dados históricos sobre a gripe espanhola que, segundo o texto, devido à baixa imunidade das
pessoas em consequência de um período pós-guerra, repercutiu em um elevado número de
pessoas contaminadas por essa virose resultando em inúmeras mortes, com uma repercussão
grave. Nessa obra não são apresentadas medidas preventivas.
Na década de 1970, os LD de biologia ainda não abordavam AIDS e dengue, embora,
nesta década, já haviam sido documentados casos de dengue no Brasil (BRASIL, 2009).
Na década de 1980, foram encontrados quatorze livros com abordagem relativa às
viroses: dengue, AIDS ou gripe, dentre os quais oito fazem referência à gripe ao exemplificar
viroses.
No livro de Lopes (1986), a gripe é citada como exemplo de parasitismo no capítulo
sobre "Relação entre os seres vivos". Em duas obras de Amabis e Martho (1984 e 1985) a
gripe, juntamente com outras viroses, é apresentada no capítulo sobre vírus em uma tabela
que apresenta características gerais tais como modo de transmissão, modo de infecção e
medidas de controle (FIG.1). Nessas obras, os autores ressaltam que não há medidas de
controle para a gripe e não abordam medidas preventivas.
Figura 1 - Forma como é apresentada a gripe no livro de Amabis e Martho em
1985
Fonte: Amabis e Martho, 1985, p. 258
Em 1982, casos de AIDS já haviam sido diagnosticados em vários países incluindo o
Brasil, ocorrendo uma grande comoção em relação a essa nova patologia (BRASIL, 2009, p. 1
– caderno 6), contudo, a primeira menção sobre a AIDS nos livros didáticos analisados foi
observada no final da década de 1980 no livro de Linhares e Gewandsznajder (1988), no qual
descrevem sobre a doença, o diagnóstico, a transmissão, os sintomas e a ausência de
tratamento.
28
AIDS ou SIDA (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) – é uma doença causada
por um vírus que ataca um tipo de linfócito, célula que defende nosso corpo contra
infecções. Este vírus está presente no sêmen e no sangue, podendo ser transmitido
por relações sexuais ou transfusões de sangue. A doença atinge com mais freqüência
os homossexuais (isto é atribuído ao grande número de parceiros sexuais diferentes,
o que aumenta as chances de contágio), os hemofílicos e os viciados em drogas
injetáveis (através da contaminação de agulhas e seringas não esterilizadas). Parece
que nem todos os indivíduos infectados desenvolvem sintomas, mas em alguns
surgem infecções repetidas e tumores malignos que levam à morte. O diagnóstico é
feito através de exame clínico e confirmado por testes laboratoriais que pesquisam a
presença de anticorpos contra o vírus no sangue. Ainda não há cura para a doença,
embora se pesquise uma vacina. (LINHARES; GEWANDSZNAJDER, 1988, p.
450).
Silva Junior e Sasson (1989) citam a gripe e a AIDS no texto principal do capítulo “O
homem e os Micróbios”, havendo um item específico sobre o vírus da AIDS. Já Paulino
(1989), faz a abordagem sobre viroses na forma de tabela na qual retrata a AIDS e a dengue,
sendo apresentada uma síntese sobre as formas de contágio, infecção, controle, sintomas e
características dessas doenças.
Na década de 1990, 21 livros apresentaram o conteúdo sobre AIDS, dengue ou gripe.
Dessa década, foi constatado que alguns autores retrataram as viroses e suas características de
forma generalizada ,como Linhares e Gewandsznajder (1998, v.2) e Soares (1991), que
abordaram a AIDS, dengue e gripe sem enfatizar nenhuma virose especificamente.
Em outras abordagens, é dado destaque a algumas viroses, ficando a escolha de qual
delas será retratada a critério do autor, como Vasconcellos e Gewandsznajder (1991); no item
“doenças causadas por vírus e bactérias”, existe uma síntese de algumas doenças causadas por
esses microrganismos, mas a AIDS é retratada à parte em um capítulo exclusivo, sendo
abordados vários aspectos dessa virose (p. 239-253). Esse fato também ocorreu na obra de
Linhares e Gewandsznajder (1998, v.1), em que no capítulo sobre vírus apenas cita as
doenças virais, todavia, a AIDS foi destacada sendo retratada em um capítulo especial com 14
páginas, o que possibilitou a abordagem de vários aspectos dessa virose como a descoberta, a
origem, o vírus, a doença, o tratamento, a transmissão e a prevenção. Nesse capítulo, foram
encontradas também questões de múltipla escolha e discursivas sobre a AIDS.
Alguns autores como Silva Junior e Sasson (1995, v. 1), ao abordarem o tema sobre
viroses, apenas fazem menção às doenças virais citando como exemplo a gripe, a AIDS e a
dengue entre outras sem fornecer outros detalhes (FIG. 2).
29
Figura 2 - Forma como as viroses são retratadas de forma generalizada no livro didático
de biologia
Fonte: Silva Junior e Sasson, 1995, v. 1, p. 236
Na mesma obra, a AIDS é retratada no texto principal em que é citado o ciclo dessa
virose como exemplo de vírus de RNA e no tópico "nossas defesas contra os vírus" é citado
também o uso da azidotimidina (AZT) - medicamento utilizado como antirretroviral -, para
tratar a AIDS. Além disso, apresenta uma leitura complementar "AIDS, A doença do século"
na qual retrata a história dessa virose, agente etiológico, tratamento, transmissão e prevenção.
Em alguns livros de Lopes (1993 e 1997), dessa década assim como no exemplar de
2000 da mesma autora, no capítulo destinado aos vírus, há um item sobre “Vírus de animais”
no qual a gripe é tratada como uma doença sem gravidade, não sendo, retratada nenhuma
característica dessa virose.
Além da AIDS, os vírus são responsáveis pela maioria das infecções humanas,
causado numerosas doenças. Muitas dessas doenças não são graves, como é o caso
das gripes; outras, no entanto, já apresentam maior gravidade, como é o caso da
raiva, poliomielite (paralisia infantil), febre amarela, dengue, hepatite, herpes,
sarampo, catapora, caxumba, rubéola, varíola. (LOPES, 2000, p. 198, grifo nosso).
A dengue e a AIDS são abordadas com mais detalhes, sendo essa última descrita com
ênfase maior no capítulo “Vírus”, item 6, intitulado “O vírus da AIDS”. Além da abordagem
destacada, as atividades, inclusive as questões de vestibulares, apresentam como principal
30
temática a AIDS, por exemplo, no livro de Lopes (2000) de 32 questões propostas no final do
capítulo sobre vírus, 14 contemplam a virose AIDS (FIG. 3).
Figura 3 - Algumas questões de vestibulares com ênfase na virose AIDS
Fonte: Lopes, 2000, p. 203
A seguir é apresentado um gráfico (GRAF. 1) que mostra a presença da abordagem
das viroses AIDS, gripe e dengue nos livros didáticos de biologia analisados em relação ao
número total de livros de biologia do acervo da coleção de livros didáticos da Biblioteca PUC
Minas em 2011, estando os dados estão discriminados por década.
31
Gráfico 1 - Abordagem das viroses gripe, dengue e AIDS, nos livros didáticos de biologia
analisados
Fonte: Dados da pesquisa
A análise nos livros escolares, em um contexto histórico, ratificou as seguintes
evidências:
1. Embora a AIDS, a dengue e a gripe sejam doenças de grande relevância no nosso país,
dos 205 livros analisados nessa pesquisa apenas 48 exemplares (23,4%) apresentaram
uma abordagem sobre essa(s) virose(s) ou a menciona(m), ou seja, em 76,6% dos
exemplares investigados, essas doenças não são mencionadas mesmo quando são
abordadas temáticas relacionadas às viroses. Isso pode ser visualizado, por exemplo,
no livro de Pedersoli (1976) e Soares (1988), quando apresentam tópicos sobre vírus,
apenas fizeram referência as suas características biológicas sem apresentar inferências
sobre doenças viróticas.
2. O conteúdo de doenças viróticas era retratado até a década de 1960 prioritariamente no
capítulo destinado a “Higiene e saúde”, no qual tinha uma abordagem mais específica
sobre patologias e cuidados com o corpo. Na década de 1970, esse capítulo foi sendo
suprimido dos livros de biologia, e as viroses passaram a ser retratadas no capítulo de
vírus, com ênfase na definição e caracterização biológica desses microrganismos.
Embora algumas vezes as viroses apareçam em outros momentos nos livros didáticos,
o conteúdo é abordado de forma muito simplificada, citados apenas como exemplo,
disposto na forma de tabela ou abordado de forma resumida no texto.
3. Embora seja considerado um grande problema de saúde pública no nosso país, a
dengue foi pouco abordada nos livros didáticos, sendo encontrada a primeira menção
dessa virose em uma obra do final da década de 1980. Na década de 1990, a dengue
32
passou a ser abordada com mais frequência, contudo, essa virose é apresentada de
forma sintetizada ou apenas como exemplo de tipos de viroses.
4. Dentre as doenças pesquisadas, a AIDS, desde a década de 1990, apresentou uma
posição de destaque nos livros didáticos, sendo as demais viroses retratadas, muitas
vezes, como “Outras doenças humanas” de origem virótica. Assim, aspectos
relacionados à transmissão e profilaxia dessas viroses, importantes no contexto da
educação em saúde, foram abordados de forma generalizada e pouco destacada nos
livros didáticos de biologia.
De acordo com os PCN (1996), desde o século XIX, os conteúdos relativos à saúde
foram sendo incorporados ao currículo escolar brasileiro, mas, somente em 1971, com a LEI
no 5.692, de 11 de agosto de 1971, foram fixadas Diretrizes e Bases para o ensino naquela
época quando foi introduzida formalmente no currículo escolar a temática da saúde.
(BRASIL, 1996).
Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação
Artística e Programa de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º
graus, observado quanto a primeira o disposto no Decreto-lei no 869, de 12 de
setembro de 1969. (Redação dada pela Lei nº 5.692, de 1971). (BRASIL, 1971, art.
7º).
O cumprimento dessa norma levou alguns autores a publicarem livros paradidáticos
sobre saúde, dentre os quais Vasconcellos e Gewandsznajder (1986, 1991, 1994 e 1995) e
Marcondes (1983). Esses paradidáticos são intitulados Programas de Saúde. José Luís Soares
(médico e professor), ao publicar na década de 1990 um livro paradidático do Programa de
Saúde, reconheceu que nas obras escolares o conteúdo destinado à saúde era insuficiente para
alertar os educandos sobre prevenção e tratamentos de doenças das quais todos deveriam ter
conhecimentos básicos. A seguir, é apresentada a justificativa de Soares para a elaboração de
um paradidático com enfoque em educação em saúde.
Este livro tem por propósito preencher uma lacuna que deixamos em nossas outras
obras de Biologia (BIOLOGIA - 3 volumes, BIOLOGIA BÁSICA, também em 3
volumes, e BIOLOGIA - Volume Único) encontradas em todo o território nacional.
A grande dimensão dos programas curriculares dessa disciplina não nos permitiu,
entretanto, a exposição mais detalhada dos assuntos pertinentes à saúde, aos
problemas demográficos e às agressões sofridas pelo meio ambiente, naqueles
volumes. Aqui, sim, tais assuntos encontram campo aberto para ampla divagação,
porque este livro é voltado especificamente para essa finalidade.
Pela nossa experiência de 37 anos de magistério somada a outro tempo praticamente
igual no exercício da Medicina, sentimo-nos autorizados a escrever esta obra. E
esperamos ter conseguido nela resumir, de forma satisfatoriamente didática, os
principais conhecimentos que devem ser transmitidos à juventude brasileira no que
diz respeito à saúde individual e comunitária, para que, num amplo processo de
33
formação global dos nossos educandos, possamos contar, no futuro, com uma
sociedade mais igualitária, sadia e pacífica. Afinal, ainda que possa parecer uma
utopia, a verdadeira e irrestrita paz, se puder ser alcançada, só o será quando o
homem descobrir uma forma de preservar melhor a sua saúde, de acabar com as
berrantes desigualdades sociais e deixar de praticar as agressões que vem realizando
contra o seu próprio meio ambiente.
Como médico, dosei aquilo que qualquer cidadão, não importando o tipo de
atividade profissional que exerça ou pretende exercer, deve ter conhecido. Nenhum
advogado, arquiteto, metalúrgico, administrador, economista, mecânico, industrial
ou comerciante está livre de ter uma dessas doenças arroladas neste livro ou de
assisti-la numa pessoa de sua família ou de suas relações. Se, ao menos, conhecer as
bases dessa patologia, talvez possa ajuizar melhor seu procedimento em tal
eventualidade. Quem sabe, possa até prevenir-se de muitas delas. (...) (SOARES,
1994, p. 3).
O prefácio, escrito por Soares, demonstra a consciência do autor em relação à
abordagem restrita sobre saúde nos LD, justificada pela grande extensão dos conteúdos de
biologia e que foi de certa forma suprida por publicação complementar ao livro didático.
As obras Programas de saúde abordam as viroses AIDS, dengue e gripe. No livro de
Vasconcellos e Gewandsznajder (1991), há um capítulo exclusivo sobre a AIDS constando as
características do vírus, agente etiológico, diagnóstico, sintomas, transmissão, tratamento e
prevenção, mas estão ausentes atividades. Já a gripe e a dengue foram apresentadas no
capítulo intitulado “Doenças causadas por vírus e bactérias”. A gripe é retratada no decorrer
do capítulo no qual apresenta sintomas e transmissão, sendo observadas as más condições de
higiene e alimentação como fator na difusão dessa virose, e fatos históricos como as gripes
Espanhola (1918) e Asiática (1957). No final do capítulo há questões discursivas abordando
essa virose. Já a dengue, foi enfocado após as questões como fechamento do capítulo em um
item denominado “Especial”, no qual houve citação sobre o vetor, sintomas, tratamento e
prevenção.
No livro de Marcondes (1983), o autor comenta que a primeira edição de seu
paradidático foi publicada em 1979. A obra analisada, apesar de ser totalmente voltada para a
saúde, constando inclusive capítulos destinados a doenças sexualmente transmissíveis (DST),
vírus e sobre doenças transmissíveis, não apresenta uma abordagem consistente sobre as
viroses AIDS, dengue e gripe, sendo estas apenas citadas no capítulo de vírus.
No livro de Soares (1994), as viroses AIDS, dengue e gripe são retratadas no capítulo
“Estudos sumários das doenças”, item “Doenças adquiridas transmissíveis”, onde é abordado
agente etiológico, transmissão e sintomas. Há dados atualizados para a época e a virose AIDS
também é retratada em outro momento da obra quando são abordadas as doenças sexualmente
transmissíveis.
34
A análise histórica dos LD e paradidáticos de biologia aqui apresentada aponta para a
necessidade de uma abordagem mais significativa em relação às viroses, AIDS, dengue e
gripe.
3.2 Abordagem nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e PNLD EM 2012
Atendendo inicialmente ao ensino fundamental, desde 1995 o Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD) vem atuando na avaliação de obras escolares com intuito de melhorar
a qualidade dos livros. Em 2004, foi implantado, pela Resolução nº 38 do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Programa Nacional do Livro Didático para o
Ensino Médio (PNLEM), elaborado em consonância com as Diretrizes Curriculares
Nacionais. Inicialmente, esse programa contemplou os livros das disciplinas Matemática e
Português, ocorrendo em 2006 a publicação de um catálogo para escolha dos livros de
biologia (PNLEM /2007). Com o sucesso do programa, este foi incorporado ao PNLD, assim,
em 2008, houve novas escolhas dos livros didáticos de biologia pelas escolas; contudo, nesse
momento foi usado o mesmo catálogo de livros que haviam sido avaliados e aprovados no
PNLEM/2007, para que em 2011 houvesse uma padronização da seleção dos livros do Ensino
Médio de todas as disciplinas. Dessa forma, até o presente momento houve apenas duas
avaliações dos livros didáticos de biologia: a primeira - PNLEM 2007 e a segunda - PNLD
EM 2012.
No processo de seleção dos livros no PNLEM 2007 o professor podia optar por uma
coleção com três volumes de livros independentes para cada ano do ensino médio ou volume
único. Segundo o PNLEM, o objetivo do livro escolar é contribuir para que os professores
organizem sua prática, encontrem sugestões de aprofundamento e proposições metodológicas
coerentes com as concepções pedagógicas que postulam. O catálogo dos livros didáticos
salienta a importância das obras, contudo, deixa claro o seu papel como orientador do ensino,
com o qual devem ser complementadas, dando um alerta aos professores para buscarem
outras referências e não se restringir apenas aos livros didáticos.
A adequação dos conteúdos à realidade dos alunos, a ampliação dos conhecimentos
e das informações veiculadas, bem como a proposição de alternativas pedagógicas
diversificadas, atendendo aos interesses dos alunos, são funções que cabem apenas
aos professores, pois eles são os detentores das informações primordiais para um
bom trabalho em sala de aula: o perfil, as expectativas, o contexto e as
especificidades socioculturais dos educandos. (BRASIL, 2006, p. 16).
35
Dos livros aprovados no PNLEM 2007, nessa pesquisa, foram analisadas quatro obras
de volume único e duas coleções seriadas (em 3 volumes), totalizando 10 livros conforme o
Quadro 3.
Quadro 3 - Lista de livros aprovados pelo PNLEM 2007 analisados na pesquisa
Obra/Autor (es)
Ano de Publicação/
Editora
Volume/edição
2005/Volume único/1ª ed.
Saraiva
Biologia
Sônia Lopes
Sergio Rosso
2005/Volume único/1ª ed.
Ática
Biologia
Sérgio Linhares
Fernando Gewandsznajder
2005/Volume único/1ª ed.
Nova Geração
Biologia
J. Laurence
2005/Volume único/2ª ed.
IBEP
Biologia
Augusto Adolfo, Marcos
Crozetta e Samuel Lago
2005/3. v./8ª ed.
Saraiva
Biologia
César da Silva Júnior
Sezar Sasson
2005/3. v./2ª ed.
Moderna
Biologia
José Mariano Amabis
Gilberto Rodrigues Martho
Fonte: Ministério da Educação, 2006
O PNLD EM 2012 contempla oito coleções com três volumes cada (QUADRO 4), das
quais os professores puderam escolher uma delas. Nessa pesquisa, foram analisados todos os
livros aprovados nessa edição do PNLD, sendo a abordagem das doenças virais AIDS, dengue
e gripe constatada em 13 exemplares.
Quadro 4 - Lista de livros aprovados pelo PNLD EM 2012 analisados na pesquisa
Obra/Autor(es)
Ano de Publicação/
Editora
Volume/edição
2010/ 3.v./1ª ed.
FTC
Biologia
Antonio Pezzi
Demétrio Gowdak
Neide Simões Mattos
Biologia (Coleção Biologia para a nova geração)
2010/ 3.v./1ª ed.
Nova Geração
V. Mendonça
J. Laurence
2010/ 3.v./1ª ed.
Edições SM
Ser Protagonista
Fernando Santiago dos Santos
João Batista Vicentin Aguilar
Maria Martha Argel de Oliveira
36
Obra/Autor(es)
Biologia
José Mariano Amabis
Gilberto Rodrigues Martho
Biologia hoje
Sérgio Linhares
Fernando Gewandsznajder
Novas Bases da Biologia
Nélio Bizzo
Bio
Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes
Sérgio Rosso
Biologia
César da Silva Junior
Sezar Sasson
Nilson Caldini Júnior
Ano de Publicação/
Volume/edição
2010/ 3.v./3ª ed.
Editora
Moderna
2010/ 3.v./1ª ed.
Ática
2010/ 3.v./1ª ed.
Ática
2010/ 3.v./1ª ed.
Saraiva
2010/ 3.v./10ª ed.
Saraiva
Fonte: Ministério da Educação, 2011
Portanto, foram analisados um total de 34 livros, sendo 10 do PNLEM 2007 e 24 do
PNLD EM 2012. Destes, 20 (58,8%) abordam as viroses AIDS, dengue ou gripe. A análise da
abordagem foi realizada nesses 20 exemplares conforme metodologia descrita anteriormente
(item 2.3). A seguir são apresentados os resultados da análise.
1_ Presença do conteúdo nos livros didáticos
Foi observado que as viroses aparecem nos livros de biologia em cinco capítulos
(QUADRO 5), e que em 14 (41,2%) livros analisados, a abordagem ocorre no capítulo sobre
vírus, com enfoque principal na estrutura e características biológicas dos vírus.
Quadro 5 - Capítulos dos livros didáticos de biologia em que as viroses AIDS, dengue ou
gripe são abordadas
Capítulo
Relações ecológicas: Parasitismo
Reprodução
Sistema imunológico
Vírus
Visão geral das células
Fonte: Dados da pesquisa
Número de exemplares
PNLEM 2007
PNLD EM 2012
1
2
3
1
6
8
1
37
Conforme o Quadro 5, percebe-se que nos livros utilizados no PNLEM de 2007
apenas em dois momentos (Relações ecológicas e Vírus) houve a presença do tema AIDS,
dengue ou gripe. Isto possivelmente ocorreu por haver muitas coleções de volume único que
apresentam os conteúdos mais condensados. Nas coleções aprovadas no PNLD EM de 2012 a
abordagem foi expandida, sendo as viroses encontradas em capítulos diversos, provavelmente
pelo fato de todos os livros aprovados no PNLD EM 2012 possuírem três volumes.
Das 8 coleções do PNLD EM 2012 analisadas observa-se que apenas uma delas
aborda o conteúdo nos três volumes (Laurence e Mendonça); 3 coleções apresentam a
abordagem sobre as viroses AIDS, dengue ou gripe em dois volumes (César, Sezar e Caldini volumes 2 e 3; Linhares e Gewandsznajder; Santos, Aguilar e Oliveira - volumes 1 e 2), e
quatro coleções apresentam a abordagem em um dos volumes (Amabis e Martho; Pezzi,
Gowdak e Mattos; Bizzo - volume 2; Lopes e Rosso, v. 3). Dessa forma percebe-se que a
maioria das coleções retratam as viroses AIDS, dengue e gripe em apenas um ano do ensino
médio, sendo o predomínio dessa abordagem no volume 2 (GRÁF. 2).
Gráfico 2 - Percentagem da abordagem do conteúdo sobre AIDS, dengue ou gripe por
volumes nos livros aprovados pelo PNLD EM 2012
Fonte: Dados da pesquisa
2 – Espaço dedicado às viroses nos livros didáticos de biologia.
Devido às viroses AIDS, dengue e gripe estarem contidas dentro de temáticas maiores,
constituindo itens dentro dos capítulos, pode-se caracterizar o espaço dedicado à temática nos
LD em três categorias: (1) Citação no texto principal apenas como exemplo de viroses; (2)
Citação no texto principal com informações sobre as viroses e (3) Na forma de quadros
destacados do texto principal com informações sobre as viroses.
38
Na primeira categoria, as doenças são citadas no texto principal como exemplificação
de viroses, não havendo uma inferência mais consistente sobre elas (FIG. 4). Tal fato foi
observado na obra de Adolfo, Crozetta e Lago (2005, p. 110), e de Linhares e
Gewandsznajder (2010, v. 1, p. 99).
Figura 4 – Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe apenas como exemplificação
de viroses no texto principal
Fonte: Adolfo, Crozetta e Lago, 2005, p. 110
Na segunda categoria as viroses foram abordadas no texto principal com informações
específicas sobre elas, principalmente sobre sintomas e transmissão (FIG. 5). Essa abordagem
se deu, por exemplo, nos livros de Laurence (2005) e Santos, Aguilar e Oliveira (2010, v. 2).
Figura 5 – Exemplo da abordagem da dengue no texto principal com informações
específicas sobre a virose
Fonte: Santos, Aguilar e Oliveira, 2010, v. 2, p. 36
39
Na terceira categoria, a AIDS, a dengue e a gripe são apresentadas em quadros
destacados do texto principal. Nessa categoria, houve variação entre a forma como os dados
são dispostos: apenas fazendo a citação das doenças (FIG. 6), como observado no livro de
Silva Júnior e Sasson (2005, v.1) e Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior (2010, v. 2); ou
apresentando algumas informações adicionais como modos de transmissão, sintomas,
características da infecção e medidas profiláticas (FIG. 7), observadas nos livros de Amabis e
Martho (2005, v. 2) e Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior (2010, v. 3).
Figura 6 - Exemplo de abordagem da AIDS, dengue e gripe apenas como exemplificação
de viroses em quadros destacados do texto principal
Fonte: Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior, 2010, v.2, p. 69
40
Figura 7 - Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe em quadros destacados do
texto principal com informações específicas sobre as viroses
Fonte: Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior, 2010, v. 3, p. 266
3 – Presença de imagens sobre AIDS, dengue e gripe
As imagens são representações de algo com a função de ornar e, sobretudo elucidar o
texto do livro didático, elas compreendem desenhos, esquemas, fotografias, gráficos, mapas,
quadros, retratos e outros. Martins, Gouvea e Piccinini (2005) explicam que as imagens são
41
mais facilmente lembradas do que as representações verbais, o que repercute seu efeito
positivo na aprendizagem.
De acordo com Núñez et al. (2003) as imagens são empregadas nos livros didáticos
para promover o entendimento dos conteúdos teóricos, e em muitos livros as imagens tem a
função de contextualizar o conhecimento, sendo sua importância ratificada pelos professores,
pois, muitas vezes, a atribuição dada pelos docentes à qualidade gráfica prevalece ao
conteúdo, no momento de selecionar os livros didáticos.
Com relação às imagens nessa pesquisa, foram detectadas 107 ilustrações dentre fotos,
esquemas e figuras sobre AIDS, dengue ou gripe, sendo o tema predominante a estrutura viral
da gripe e da AIDS seguida pelo ciclo viral da AIDS. Foram identificadas poucas imagens
explorando a prevenção das viroses (apenas sete figuras). Foi percebido, durante a análise,
que há repetição das imagens nos livros de mesmo autor em edições diferentes.
Dos 20 livros que apresentaram abordagem sobre as viroses retratadas nessa pesquisa,
14 obras apresentaram imagens com a temática AIDS, dengue ou gripe (GRÁF. 3). O número
de imagens variou desde duas em Adolfo, Crozetta e Lago (2005) e Santos, Aguilar e Oliveira
(2010) a quatorze nos livros de Amabis e Martho (2005), Pezzi, Gowdak e Mattos (2010) e
Linhares e Gewandsznajder (2010).
Gráfico 3 - Número de imagens sobre AIDS, dengue ou gripe nos livros didáticos
analisados
Fonte: Dados da pesquisa
42
Quanto à qualidade das imagens, constata-se que, de modo geral, as figuras são claras,
coerentes com o texto principal e apresentam legendas adequadas embora em nove coleções
analisadas não existe correlação das imagens com o texto principal, ou seja, o texto principal
não faz referência às figuras, ficando as mesmas desconectadas das informações (FIG. 8).
Figura 8 - Exemplo de imagem apresentada no livro didático sem interação com o
conteúdo do texto principal
Fonte: Pezzi, Gowdak e Mattos, 2010, v. 2, p. 30
Uma estratégia pouco explorada foi a utilização do material impresso (cartazes,
folders, etc.) de campanhas do Ministério da Saúde sobre as viroses em questão como
imagens nos livros didáticos. Quando isso ocorreu, as imagens apareceram apenas como
ilustração, sem articulação com o texto principal e de forma pouco legível, reduzindo assim
seu potencial como recurso didático. Observa-se isso no livro de Amabis e Martho (2010,
v.2), que ao retratar as formas de transmissão virais inseriu um cartaz sobre o combate a
dengue, contudo, a imagem não ficou bem articulada com o texto principal e no cartaz as
formas de prevenção ficaram ilegíveis (FIG. 9).
43
Figura 9 – Exemplo da colocação de material de campanhas do Ministério da
saúde nos livros didáticos de biologia
Fonte: Amabis e Martho, 2010, v. 2, p. 54
44
É necessário salientar que ,quando a imagem não é articulada ao texto, acaba
apresentando informações pouco precisas, ou seja, a imagem não expõe claramente as ideias
que ela está representando. Além disso, algumas imagens apresentam problemas na legenda
não considerando, por exemplo, as proporções e escala nos desenhos, como também não
indicam a utilização de cores-fantasia (FIG. 10), o que pode prejudicar o entendimento da
imagem pelo leitor.
Figura 10 - Exemplo de imagem sem escala e sem mencionar o uso de cores
fantasia nos livros didáticos de biologia
Fonte: Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior, 2010, v. 3, p. 269
4 – Aspectos da AIDS, dengue e gripe abordados nos livros didáticos.
Nos gráficos a seguir, é apresentada a análise dos aspectos abordados sobre a AIDS
(GRÁF. 4) e na mesma perspectiva uma análise sobre a gripe (GRÁF. 5) em um universo
amostral de 7 livros para PNLEM 2007 e 13 livros para o PNLD EM 2012, totalizando 20
livros analisados. Os dados estatísticos apontam o percentil da abordagem dos aspectos para
cada programa em separado (PNLEM 2007 e PNLD EM 2012).
45
Gráfico 4 - Aspectos abordados sobre a AIDS nos livros didáticos de biologia do
PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012
Fonte: Dados da pesquisa
Gráfico 5 - Aspectos abordados sobre a gripe nos livros didáticos de biologia do
PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que a abordagem da gripe (GRÁF. 5) e da AIDS (GRÁF. 4), nos livros
aprovados no PNLEM 2007 e no PNLD EM 2012, apresentou um perfil semelhante. Foi
constatada uma redução significativa na abordagem sobre transmissão e aspectos sociais nos
livros aprovados no PNLD EM 2012, o que é considerado preocupante, pois, estes dois
46
aspectos são fundamentais para uma abordagem voltada para a promoção da saúde. Por outro
lado, a abordagem sobre epidemiologia e, principalmente sobre o tratamento, aumentou nos
livros do PNLD EM 2012 em relação aos do PNLEM 2007. Isto mostra uma abordagem que
prioriza aspectos curativos e não preventivos dessas duas viroses, o que é inadequado quando
se deseja contribuir para a educação em saúde. Quanto à presença de referências atualizadas,
foi observado que nos livros do PNLD EM 2012 houve uma melhora em relação aos do
PNLEM 2007. Entretanto, apenas cerca de 40% dos livros do PNLD EM 2012 usam
referências atualizadas, sendo que muitas obras repetem as informações de edições anteriores,
não se preocupando em atualizá-las. Salienta-se que nenhum dos aspectos investigados foi
abordado por 100% dos livros analisados, mostrando que nenhuma das obras traz uma
abordagem mais ampla sobre AIDS e gripe. O aspecto priorizado pelos autores dos livros foi
o agente etiológico e os aspectos mais negligenciados foram a epidemiologia e os aspectos
sociais.
Dentre as viroses investigadas, a dengue apresenta a abordagem mais superficial nos
livros analisados, conforme observado no Gráfico 6.
Gráfico 6 - Aspectos abordados sobre a dengue nos livros didáticos de biologia do
PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012
Fonte: Dados da pesquisa
Em relação à dengue, de modo geral quase todos os aspectos analisados foram
negligenciados pelos autores, especialmente dos livros aprovadas no PNLEM 2007. Destacase a baixa porcentagem da abordagem de aspectos como vetor, sintomas, epidemiologia e
47
aspectos sociais essenciais para promover ações de prevenção em relação à virose e da adoção
de medidas para a promoção da saúde da população. Nos livros aprovados no PNLD EM
2012, a abordagem sobre essa virose melhora, entretanto, de modo bastante discreto
considerando sua importância epidemiológica pela alta incidência e impactos na saúde no
Brasil. Destaca-se também a ausência de referências atualizadas nos livros didáticos do
PNLEM 2007 e a baixa porcentagem (23%) das mesmas nos livros do PNLD EM 2012, o
que, com certeza, prejudica a abordagem contextualizada e baseada na realidade do aluno
preconizada pelos PCN. No Gráfico 7 é apresentado uma análise geral da abordagem das três
viroses nos livros investigados.
Gráfico 7 – Análise geral dos aspectos abordados sobre as viroses AIDS, dengue e
gripe nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se que a abordagem destes conteúdos nos LD é bastante rasa e muitas vezes
incompleta, ou seja, quando o aspecto é abordado, é feito de forma sintetizada com omissão
de detalhes importantes. Destaca-se ainda que alguns aspectos como epidemiologia,
transmissão, prevenção e o contexto social, fundamentais para uma abordagem que atinja a
educação em saúde conforme preconiza os PCN, são escassos nos LD analisados.
Nos PCN ressalta-se que a temática saúde deve ser tratada de forma contínua,
sistemática e com abrangência, integrando todas as áreas do ensino, devendo ser relacionada
inclusive com questões da atualidade. A educação em Saúde é um tema que atravessa todas as
disciplinas, tendo como critério para defini-la como transversal, dentre outros, a urgência
social, favorecimento a compreensão da realidade e a participação social. Assim, além de ser
48
um tema considerado urgente, deve ser trabalhado respeitando sua inserção em um contexto
social e abrangendo a realidade na qual esta abordagem está inserida. (BRASIL, 1998b)
Quando avaliadas as questões sobre as viroses propostas pelos autores nas obras
analisadas, detectou-se que o tema mais abordado foi a AIDS, seguido pela gripe. Observou
ainda que a maioria das questões é retirada de vestibulares e que poucas são do Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM). A maior parte das questões propostas pelos autores é do
tipo discursiva, ou seja, não tem uma solução definida, tendo o aluno que formular a solução a
partir de suas deduções. Observa-se no Quadro 6 que refere à quantidade de questões
correspondente às viroses AIDS, dengue e gripe.
Quadro 6 - Número de questões sobre AIDS, dengue e gripe nos livros analisados
Programa
Viroses
Número
Questões propostas pelos Questões de Questões
de
autores
vestibulares do ENEM
questões
Objetivas
Discursivas
PNLEM
AIDS
41
0
12
29
0
2007
Dengue
5
0
1
4
0
Gripe
8
0
8
0
0
AIDS e
1
0
0
1
0
dengue
AIDS e
1
0
0
1
0
gripe
PNLD EM
AIDS
39
0
12
26
2
Dengue
14
1
1
10
2
Gripe
7
1
1
5
0
2012
AIDS e
1
0
0
1
0
dengue
AIDS e
4
0
3
1
0
gripe
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com o Guia dos livros didáticos 2012, todas as obras aprovadas dedicam
aos exames de vestibular grande parte da discussão e da proposição de critérios e formas de
avaliação. No caso das viroses AIDS, dengue e gripe, constata-se a abordagem
predominantemente em questões de vestibulares com respostas diretas, mas para proporcionar
situações de ensino em que os alunos tenham um papel mais participativo, não é favorável dar
ênfase em questões de vestibular e do Enem como prioritárias para a avaliação em detrimento
de questões mais relacionadas com o cotidiano do aluno.
As atividades propostas nos livros que abordam as viroses restringem-se quase que
exclusivamente a perguntas que requerem respostas dissertativas ou interpretação de dados,
havendo uma escassez de atividades de caráter mais prático ou dinâmico com participação
49
ativa do aluno. Apenas quatro obras apresentaram atividades em grupo das quais propõem
discussão em relação à temática, sendo essas de Linhares e Gewandsnajder (2010, v.1), Silva
Júnior, Sasson e Caldini (2010, v. 2 e 3) e Pezzi, Gowdak e Mattos (2010, v. 2) com as
respectivas abordagens:
Na obra de Silva Júnior, Sasson e Caldini (2010, v. 3, p. 262), uma das questões sobre
a leitura complementar intitulada “Epidemias” é solicitado ao aluno realizar uma pesquisa
relatando o motivo pelo qual o controle da dengue é mais difícil do que o da febre amarela, se
ambas são viroses transmitidas pela mesma espécie de mosquito. No manual do professor é
sugerido que o docente incentive os alunos a pesquisarem sobre a gripe espanhola e sobre
medidas de transmissão da dengue. Já no v. 2, é feito uma sugestão no livro do professor para
solicitar aos alunos uma pesquisa sobre as medidas tomadas contra a propagação da gripe
H1N1 em 2009.
Pezzi, Gowdak e Mattos sugerem duas questões para serem trabalhadas em grupo,
dentre as quais para responder a questão “Por que a descoberta de uma vacina para prevenir a
AIDS não basta para resolver essa pandemia mundial que já matou milhões de pessoas?”
(PEZZI; GOWDAK; MATTOS, v. 2, 2010, p. 39).
Já Linhares e Gewandsznajder (2010, v.1), apresentam três opções para pesquisa
abordando as viroses conforme a Figura 11.
Figura 11 - Sugestão de pesquisa em grupo com a temática AIDS, dengue e gripe
Fonte: Linhares e Gewandsznajder, 2010, v.1, p. 332
50
É raro detectar na abordagem das viroses, mais precisamente no caso da AIDS, a
presença de dados relacionados ao preconceito que envolve o portador de HIV ou aidético.
Foi observado apenas no livro de Laurence e Mendonça (FIG. 12), no qual representa o laço
símbolo da luta contra a AIDS junto da imagem de um indivíduo isolado em uma bolha por
ser aidético.
Figura 12 – Abordagem da questão do preconceito ao aidético com a frase: “O
preconceito isola”
Fonte: Mendonça e Laurence, 2010, v.2, p. 34
Um aspecto positivo detectado na análise foi a presença nos livros de textos geralmente
extraídos de jornais e revistas, sugeridos como leituras complementares, que contextualizam e
adicionam informações sobre o conteúdo que está sendo abordado. Os resultados da análise
das leituras complementares presentes nos livros analisados estão apresentados no Quadro 7.
Quadro 7 – Informações sobre as leituras complementares que abordam as viroses
AIDS, dengue ou gripe nos livros analisados
Título do texto complementar
AIDS – História de uma epidemia
Um problema mundial de saúde: gripe
Obra
Amabis e Martho.
2005, v. 2, p. 43.
Amabis e Martho.
2010, v. 2, p. 5153
Apresenta
referência
bibliográfica
Sim
Apresenta
questões sobre
o texto
complementar
Não
Não
Sim
51
Título do texto complementar
Epidemias
Algas para enfrentar a AIDS.
AIDS, a derrota dos linfócitos
...Aids, você sabe qual é a origem do HIV
?
Sucessos e desafios no combate à AIDS
...sucesssos no combate à AIDS, você
sabia que cientistas desenvolveram um gel
que impede a contaminação pelo HIV nas
mulheres?
Pandemias de gripe na História
O dia mundial de luta contra a AIDS
Resfriado e gripe são estágios diferentes da
mesma doença?
Vacina anti – HIV e tratamento de pessoas
infectadas
Doenças emergentes e ressurgentes
Obra
Apresenta
referência
bibliográfica
Não
Silva Júnior,
Sasson e Candini.
2010, v. 3, p. 261262
Santos, Aguilar e
Oliveira. 2010,
v. 2, p. 43
Apresenta
questões sobre
o texto
complementar
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Sim
Não
Pezzi, Gowdak,
Mattos. 2010,
v. 2, p. 35 – 38
Laurence e
Mendonça. 2010,
v. 2, p. 43
Não
Não
Não
Sim
Silva Júnior,
Sasson e
Caldini. 2010, v.
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Silva Júnior e
Sasson. 2005, v.
1, p. 287 – 288
Pezzi, Gowdak,
Mattos. 2010,
v. 2, p. 32 – 33
Pezzi, Gowdak,
Mattos. 2010,
v. 2, p. 33-34
Pezzi, Gowdak,
Mattos. 2010, v.
2, p. 34
2, p. 63 – 64
Lopes e Rosso,
2010, v. 3, p. 41;
2005, v. único, p.
196-197
Lopes e Rosso.
2010, v. 3, p. 42 –
45
Fonte: Dados da pesquisa
Foi observado que, muitas vezes, os textos complementares não são devidamente
referenciados e que a exploração do texto, quando ocorre, é através da proposição de questões
sobre o assunto tratado nos mesmos. Alguns livros apresentam sugestões de leituras
complementares para serem pesquisadas na internet, como, Silva Júnior, Sasson e Candini
(2010, v. 2 e 3), que sugerem os seguintes assuntos:
52
Dengue
é
o
fim
da
picada!.
Disponível
em:
<http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.ex/sys/start.htm?infoid=968&dis=8>.
Atchin!
É
a
gripe?.
Disponível
em:
<http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=751&sid=8>
HIV
é
centenário.
Disponível
em:
<http://www.agencia.fapesp.br/materia/9516/divulgacao-cientifica/hiv-ecentenario.htm>.
Influenza
aviária:
questões
centrais.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v9n1/002.pdf>.
Como
a
gripe
se
espalha
pelo
mundo.
Disponível
em:
<http://agencia.fapesp.br/matéria/8728/divulgacao-cientifica/como-a-gripe-seespalha-pelo-mundo.htm>
Nessa perspectiva, Bizzo (2010, v. 2, p. 134) apresenta 3 sugestões sobre a gripe (FIG.
13). Na mesma obra, há uma sugestão no manual do professor para leitura de um artigo sobre
a vacina da dengue.
Figura 13 - Sugestões de leituras complementares acessíveis na internet
Fonte: Bizo, 2010, v. 2, p. 134
Quanto à qualidade do conteúdo, os textos das obras, em termos gerais, apresentam
redação clara e objetiva. Contudo, em alguns casos, as obras não se mostram conceitualmente
precisas, por exemplo, Lopes e Rosso (2005, p. 197) descrevem como modo de transmissão
da dengue a picada do mosquito Aedes aegypti, o que pode levar ao entendimento de que todo
mosquito é capaz de transmitir essa virose, o que não é verdade, pois se o mosquito não
estiver infectado com o vírus isto não irá ocorrer. Pezzi, Gowdak e Mattos (2010, v.2, p.28)
mencionam como meio de transmissão da gripe: gotículas de salivas, espirros e tosse, porém
nas secreções de uma pessoa não infectada pelo vírus influenza não ocorre à transmissão.
53
Em determinados casos, devido ao fato do conteúdo estar muito sintetizado, as
informações apresentadas podem comprometer o entendimento das viroses, por exemplo,
Laurence e Mendonça (2010, v. 2, p. 41) na seguinte colocação: “A gripe é transmitida por
via respiratória e costuma evoluir de maneira benigna (...)” não deixa claro para o leitor as
formas de contágio dessa virose, ficando os dados sobre a transmissão incompletos e leva o
leitor a desconsiderar a gravidade da gripe em casos específicos.
3.3 Considerações gerais sobre a abordagem de AIDS, dengue e gripe nos livros
didáticos de biologia analisados na pesquisa
Ao analisar os livros didáticos de biologia em um contexto histórico percebe-se que
nas décadas de 1950 até 1970 os livros escolares apresentavam um capítulo destinado a
Higiene e saúde no qual, embora nem sempre, abordavam o conteúdo de forma detalhada e as
doenças prevalecentes naquele período, de forma geral, eram retratadas. No final da década de
1970 esse capítulo deixou de ser apresentado nos livros, sendo as doenças abordadas junto a
outras temáticas. No caso das viroses a abordagem passou a acontecer principalmente no
capítulo destinado ao estudo dos vírus. Dessa forma, houve uma redução dos conteúdos
diretamente ligados à saúde para priorizar conteúdos estritamente biológicos. Nesse período
os autores complementaram os livros didáticos através da publicação de livros paradidáticos
com a intenção de colaborar com a ampliação do conteúdo existente nos livros escolares.
Na atualidade, embora os livros didáticos sejam uma ferramenta essencial para o
ensino, as informações sobre doenças virais, ainda que presentes, são insuficientes quando se
almeja ações de educação para a saúde. O conteúdo de doenças viróticas é encontrado
basicamente no capítulo destinado a vírus, em que a ênfase está mais voltada para a definição
e caracterização biológica desses microrganismos. Apesar de algumas vezes o tema aparecer
dentro de outros conteúdos nos livros didáticos, a abordagem é bastante simplificada, ou seja,
muitas vezes restrita à presença de citações dispostas na forma de tabela ou quadros
resumidos ou a explicações no texto principal e ilustrações desconectadas e sucintas.
Há um desequilíbrio no tratamento das viroses nas obras. Dá-se muita ênfase à AIDS
que inúmeras vezes é utilizada nos textos principais para ilustrar as viroses ou como uma
abordagem aprofundada nas leituras complementares e nas atividades. Por outro lado, a gripe
e a dengue, viroses epidemiologicamente relevantes no nosso país e que estão presentes no
cotidiano de todos (mais do que a AIDS), são relegadas a segundo plano e tratadas sem
profundidade.
54
Mesmo havendo um volume maior de informações sobre a AIDS, a abordagem é
insuficiente quando se busca educação em saúde, principalmente em relação à prevenção e às
questões sociais que envolvem esta virose. Portanto, considera-se que é necessário investir na
abordagem destes aspectos, sendo a divulgação das formas de prevenção essenciais na
educação em saúde e a reflexão sobre os problemas sociais, como discriminação e preconceito
aos portadores de HIV, importante em um contexto educacional em que se busca a inclusão
de todos. Sendo imprescindível que algumas visões distorcidas sejam rompidas para que não
haja barreiras entre as pessoas no convívio diário pela falta de informação.
Os livros didáticos são a materialização mais evidente dos saberes e propósitos
escolares. Porém, seria muito mais interessante, para a realidade social atual, se os livros
pudessem traduzir com maior intensidade as relações da biologia com as questões impostas na
contemporaneidade, tal qual as doenças infecciosas. Contudo, observa-se que a maioria das
obras analisadas não tem favorecido o estabelecimento de relações entre o conhecimento
científico e as experiências sociais dos alunos, estando o conteúdo apresentado por meio de
conceitos e definições que não são, porém, problematizados e situados no cotidiano do aluno.
Como explicitado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996) é o
Ensino Médio a etapa final da Educação Básica. Dessa forma, se faz necessário que nessa
etapa se produza um conhecimento efetivo, de significado próprio, e não seja somente um
estágio preparatório para os cursos superiores ou de caráter profissionalizante. Contudo, de
acordo com o Currículo Básico Comum (CBC) o ensino, ainda hoje, incorpora níveis de
detalhamento e perde o foco do entendimento dos processos básicos, que alicerçam a maioria
das explicações das vivências práticas desse conhecimento. (MINAS GERAIS, 2007)
Além disso, os livros didáticos atuais, em regra geral, ainda dialogam pouco com a
condição marcante do tempo atual, em que os recursos tecnológicos aprimoraram as formas
de se obter informações de forma mais dinâmica e atualizada. (BRASIL, 2011). Dessa forma,
se faz necessário buscar recursos complementares aos LD dos quais suscitem reflexões mais
amplas sobre a biologia de nosso tempo. Através da adoção de uma metodologia de
aprendizado ativa e interativa.
O quadro descrito acima mostra, portanto, a necessidade do professor buscar outras
fontes de consulta e pesquisa e investir na complementação do conteúdo presente nos livros
didáticos para uma abordagem mais efetiva sobre essas viroses na sala de aula.
55
4 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS UTILIZADAS NA ELABORAÇÃO DO PRODUTO
O guia dos livros didáticos 2012 faz uma consideração sobre o papel do livro didático
na atualidade como uma das fontes de informação a chegar através da escola às mãos de
professores e alunos que poderia se comunicar mais intensamente com os outros textos
circulantes nas sociedades, provenientes das diferentes mídias. Contudo, isso de modo geral
vem ocorrendo de forma tímida. Nesse contexto, é proposto aos professores que façam uso de
textos midiáticos, pois, segundo o Guia do livro didático (2011, p. 18), os livros didáticos de
biologia enfatizam conteúdos enciclopédicos e marcadamente conceituais. Dessa forma, a
maioria das obras gira ao redor dos conhecimentos científicos, reafirmando-os, não sendo
dada ênfase à aplicação das informações nas várias experiências da vida das pessoas.
Nesse trabalho o objetivo principal foi elaborar um livro do professor que possibilite:
(1) abordagens complementares que atendam aos anseios das políticas vigentes em tornar o
ensino mais contextualizado; (2) utilização de tecnologias na educação, utilizando recursos
multimídias; e (3) ampliação e atualização do conteúdo sobre as viroses AIDS, dengue e
gripe, possibilitando colaborar com o conteúdo já existente nos livros didáticos e, dessa
forma, revigorar o ensino. Diante desse desafio, foram selecionadas estratégias didáticometodológicas viáveis para confecção e que vêm apresentando resultados favoráveis em sala
de aula com alunos do ensino médio.
Na elaboração do material foi considerada a utilização de diferentes estratégias
metodológicas associadas, com o intuito de contribuir para uma aprendizagem significativa e
visando proporcionar diferentes formas de estímulos e habilidades, procurando atender aos
interesses de um público estudantil heterogêneo. A seguir essas estratégias serão brevemente
apresentadas.
a) Uso de questionário para avaliação de conhecimento prévio
Os alunos utilizam diferentes recursos e informações para conhecer e interpretar a
realidade, tornando-se necessário que o modo como os educandos representem os fatos
através de suas experiências, expectativas e valores sejam vistos e debatidos no ambiente
educativo para se chegar a um entendimento mais próximo do real. De acordo com Ausubel et
al. (1980, p. 137) se fosse necessário restringir toda psicologia educacional em um único
elemento, sendo esse elemento aquilo que contribuirá para um resultado mais importante que
influenciará a aprendizagem, deve-se considerar aquilo que o aprendiz já conhece.
56
Dessa forma, é importante desenvolver atividades que permitam averiguar as idéias ou
concepções prévias dos alunos antes de partir para uma abordagem mais consistente de um
determinado conteúdo. Assim, foi sugerida como atividade inicial na abordagem dos
conteúdos sobre as viroses, no e-book proposto, a aplicação de um questionário para avaliar a
compreensão dos estudantes a respeito da temática. Logo, essa atividade tem o papel de
identificar os conhecimentos prévios dos alunos para que os novos aprendizados façam
sentido.
b) Segmentação de texto por meio de questões
Ensinar exige do educador alguns recursos, dentre os quais se destaca uma fonte de
informações relevantes a ser disponibilizada aos estudantes sobre o que se vai estudar. De
acordo com Pinto (2011), uma estratégia para estimular e guiar a leitura promovendo
aprendizado significativo é focar a atenção do leitor em aspectos específicos através da
inserção de questões.
A incorporação das habilidades de compreensão de leitura e estratégias na instrução
científica através de uso da estratégia de perguntas e resposta para estudantes
tornarão os alunos leitores mais estratégicos de textos científicos e de outros tipos de
textos usados na sua vida escolar o que certamente, contribuíra para a melhoria da
sua aprendizagem. (PINTO, 2011, p. 35).
Sendo assim, a segmentação de textos por meio de questões permite realçar pontos que
devem ser destacados e discutidos, dando mais sentido ao texto, pois, ao ser questionado, o
aluno terá uma leitura mais atenta e fará reflexões sobre o que está sendo lido.
c) Produção de material multimídia
De acordo com a Secretária de Educação de Santa Catarina (2011), “as escolas devem
proporcionar o incentivo à pesquisa, com vistas ao crescimento das potencialidades
tecnológicas exigidas pela sociedade, a democratização das informações, bem como
desmistificar os conhecimentos nas ciências e tecnologias.”
Contudo, a metodologia para realização de pesquisas deve ir além da simples busca
por informações em fontes de consulta, como nas enciclopédias e em sites de busca como
Google e Wikipédia, nos quais é certa a localização do conhecimento solicitado pelo
professor. Nesse caso, a pesquisa termina ao digitar o que se precisa e surge o texto já
elaborado e pronto para ser copiado ou impresso. Dessa forma, é preciso implementar
57
metodologias de pesquisa que utilizem as tecnologias de informação, mas que também
valorizem a construção do conhecimento pelos alunos. Segundo Ulhôa et al. (2008), é grande
a necessidade da formação de alunos capazes de selecionar as informações e de realizar
pesquisas mais significativas.
A educação contemporânea não deve se limitar a formar alunos para dominar
determinados conteúdos, mas sim que saibam pensar, refletir, propor soluções sobre
problemas e questões atuais, trabalhar e cooperar uns com os outros. A escola deve
favorecer a formação de seres críticos e participativos, conscientes de seu papel nas
mudanças sociais. (ULHÔA et al., 2008, p. 25).
De acordo com Morán (2008, p. 6), o uso de tecnologias incorporando aspectos do
cotidiano do aluno desperta o gosto pela pesquisa e possibilita transformar a escola em um
conjunto de espaços ricos de aprendizagens significativas, presenciais e digitais, que motivem
os alunos a aprender ativamente, a pesquisar o tempo todo, serem pró-ativos, saber tomar
iniciativas e interagir. Nesse aspecto, as pesquisas na escola devem ser dotadas de significado,
tendo relação com fatos ligados a realidade dos estudantes além de proporcionar o uso das
tecnologias presentes no dia a dia do aluno, tal como o celular.
Acreditamos que os recursos didáticos são componentes do ambiente de aprendizagem
que estimulam o aprendiz. Assim, tudo o que se encontra no ambiente onde ocorre o processo
ensino-aprendizagem pode se transformar em um ótimo recurso didático, desde que utilizado
de forma adequada e correta. Eles são instrumentos complementares que ajudam a
transformar as idéias em fatos e em realidades, além de auxiliar na transferência de situações,
experiências, demonstrações, sons, imagens e fatos para o campo da consciência. Dentre os
recursos didáticos mais utilizados estão os multimídias porque utilizam nossos sentidos de
captação (auditivos e visuais) para a aquisição de conhecimentos e apreensão de informações.
O uso de recursos multimídia na educação possibilita aos usuários maior capacidade
para encontrar as informações que eles necessitam, mais facilmente e em menor tempo e de
forma mais completa (VOLPE e SABBATINI, 1994, p. 6). Em pesquisa realizada com alunos
do Ensino Médio Almeida, Coutinho e Chaves (2009) verificaram que os docentes confirmam
que o uso de multimídias facilita a aprendizagem de biologia, além de promover uma nova
forma de aprendizagem e interação, enriquecem o ambiente educacional e despertam prazer,
interesse e motivação no aprendiz, sendo, portanto, um importante aliado ao livro didático
(SILVA, 2011, p. 8).
58
d) Aprendizagem Baseada em Problemas
Para Berbel (1998) e Silva e Delizoicov (2008), a Aprendizagem Baseada em
Problemas (ABP) é uma metodologia em que os problemas são propostos pelos educadores
contemplando conhecimentos com a finalidade de atingir objetivos de aprendizagem
planejados. Essa metodologia possibilita ao educando realizar um estudo atento, criterioso,
crítico e abrangente, em busca de solucionar o problema proposto. Dessa forma, os alunos são
estimulados a se organizarem para buscar as informações que deverão ser estudadas sobre o
problema, para compreendê-lo e encontrar formas de solucioná-lo ou desencadear passos
nessa direção; sendo, portanto, uma metodologia que estimula uma atitude ativa do aluno em
busca do conhecimento. De acordo com o PCNEM (1999):
Os alunos, confrontados com situações-problema, novas mas compatíveis com os
instrumentos que já possuem ou que possam adquirir no processo, aprendem a
desenvolver estratégia de enfrentamento, planejando etapas, estabelecendo relações,
verificando regularidades, fazendo uso dos próprios erros cometidos para buscar
novas alternativas; adquirem espírito de pesquisa, aprendendo a consultar, a
experimentar, a organizar dados, a sistematizar resultados, a validar soluções;
desenvolvem sua capacidade de raciocínio, adquirem autoconfiança e sentido de
responsabilidade; e, finalmente, ampliam sua autonomia e capacidade de
comunicação e de argumentação. (BRASIL, 1999, p. 52).
Essa metodologia possibilita também um estímulo ao aprendizado com a participação
efetiva e o desenvolvimento da responsabilidade social dos alunos, pois permite que eles
possam discutir possíveis ações (resoluções de problemas) na realidade em que vivem. Isso
pode fazê-los sentir de fato detentores de um saber significativo e atribuir, assim, sentido ao
conhecimento. Dentro dessa perspectiva é que a ABP foi utilizada na elaboração do material
didático.
e) Uso de textos de divulgação científica
Embora o texto de divulgação científica seja um recurso presente nos livros didáticos,
especialmente na forma de leituras complementares, a ampliação do uso desse recurso através
da seleção de novos textos pelo professor possibilita trabalhar com informações atualizadas.
Os livros didáticos impressos por demandarem tempo para sua confecção, editoração e para
chegada ao seu público final não conseguem manter os conteúdos atualizados de acordo com
a velocidade em que as informações têm sido apresentadas na atualidade, ou seja, com
veiculação das informações próxima ao tempo real dos acontecimentos.
59
Segundo Gomes, Da Poian e Goldbach (2011), textos de divulgação científica
constituem um importante material para uso como ferramenta didática em sala de aula, pois
apresentam em sua constituição elementos desejáveis que proporcionam uma formação de
qualidade para os estudantes. Dentre esses elementos, Nascimento (2005) cita a possibilidade
de atualizar os conteúdos apresentados nos livros didáticos e a contribuição desses textos
publicados nos meios de comunicação como motivadores de estudo por possibilitar o
desencadeamento de debates e por estabelecer relações com o cotidiano dos estudantes.
Dessa forma, o uso de textos científicos complementares pode garantir uma
abordagem atrativa para o aluno, uma vez que na maioria das vezes trata de questões
presentes na realidade do estudante, além de permitir fazer interconexão entre o que é
aprendido em sala de aula e o que está sendo noticiado na mídia.
f) Uso de materiais informativos do Sistema Único de Saúde (SUS)
De acordo com Freitas e Rezende (2010), os materiais educativos produzidos pelos
profissionais da área de saúde e disponibilizados para a população têm como objetivos
orientar e adaptar comportamentos, promover a saúde, prevenir futuros acometimentos ou
informar sobre riscos e estilos saudáveis de vida. Além de divulgar conteúdos considerados
importantes para a prevenção ou tratamento de enfermidades.
Embora na literatura não se encontre dados específicos sobre o uso desses materiais
como recurso didático nos meios formais de ensino, trata-se de uma ferramenta que pode ser
empregada com sucesso em sala de aula para promover a aprendizagem com enfoque na
promoção da saúde, obviamente com a devida orientação do professor. Isso porque se trata de
materiais atualizados que apresentam o conteúdo utilizando uma linguagem acessível, uma
vez que eles são produzidos com intuito de atender as demandas da população de modo geral.
Dessa forma, o uso de materiais educativos disponibilizados pelo SUS no contexto
escolar, através de atividades orientadas pelo professor, pode resultar em benefícios no
aprendizado por ampliar situações de aprendizado contextualizadas, que se traduzem em
formas de ver a realidade e de se construir significados.
60
g) O Jogo
Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006):
Os jogos e brincadeiras são elementos muito valiosos no processo de apropriação do
conhecimento. Permitem o desenvolvimento de competências no âmbito da
comunicação, das relações interpessoais, da liderança e do trabalho em equipe,
utilizando a relação entre cooperação e competição em um contexto formativo. O
jogo oferece o estímulo e o ambiente propícios que favorecem o desenvolvimento
espontâneo e criativo dos alunos e permite ao professor ampliar seu conhecimento
de técnicas ativas de ensino, desenvolver capacidades pessoais e profissionais para
estimular nos alunos a capacidade de comunicação e expressão, mostrando-lhes uma
nova maneira, lúdica, prazerosa e participativa de relacionar-se com o conteúdo
escolar, levando a uma maior apropriação dos conhecimentos envolvidos. (BRASIL,
2006, p. 28).
Como estratégia didática e em conformidade aos PCN, o jogo é extremamente
eficiente no processo de ensino-aprendizagem: tem o professor como condutor, estimulador e
avaliador, estimula o interesse dos alunos, desenvolve os variados níveis de experiências
pessoais e sociais e auxilia na construção de novas descobertas, promovendo um
relacionamento emocional do aluno com a estratégia de ensino (CAMPOS; CAVASSAN,
2003).
Dessa forma, o jogo se constitui como estratégia de ensino que permite ao educador
perceber de forma imediata as ideias e opiniões dos alunos sobre uma determinada temática e,
a partir disso, pode-se aprofundar o assunto, esclarecer dúvida e promover discussões. De
acordo com Andrade et al. (2008), o uso de jogos contendo afirmações reais e mitos para
discussão de temas relacionados à educação em saúde possibilitam debater o assunto
proposto, reforçar conceitos e estimular a participação efetiva de todos, sendo registrado
aumento significativo na proporção do conhecimento adquirido para o público que participou
do jogo em relação ao que não teve acesso a esse recurso. Diante do exposto, a estratégia de
jogos sobre mitos e verdades foi selecionada para avaliar o aprendizado sobre as viroses
abordadas no material didático proposto nesse estudo.
h) Uso de vídeos
O vídeo é um recurso importante a ser integrado no cotidiano do trabalho docente,
uma vez que agrega valor à capacidade representacional do professor (TIMM et al., 2008, p.
2) e aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da
sociedade, além de introduzir novas questões no processo educacional (MORÁN, 1995).
61
Segundo Lopes e Barcelos (2010), em enquete realizada com professores e alunos, o uso de
vídeos como ferramenta auxiliar a educação foi citado como preferência de ambos. Sendo
nesse trabalho justificada a escolha dos docentes pelo seguinte fato:
Os professores relataram que o filme é um estímulo visual impactante além de ser
uma atividade prazerosa o que possibilita aos alunos entenderem melhor o assunto
abordado, além disso, o filme estimula outras ações constituindo um momento de
magia, de sentir, de perceber e de descobrir, assim esse recurso enriquece a interação
entre alunos e o mundo, uma vez que o conteúdo passa a ser visualizado como parte
integrante do cotidiano do aluno tornando o aprendizado algo atrativo e de fácil
compreensão. (LOPES; BARCELOS, 2010, p. 7).
Assim, a partir de um conteúdo no qual o professor esteja trabalhando pode-se utilizar
desse recurso multimídia fazendo as indicações relativas às imagens a serem registradas.
A partir da pesquisa das estratégias metodológicas apresentadas e da análise dos livros
didáticos apresentada no capítulo 2, foi possível decidir quais e como os tópicos sobre as
viroses AIDS, dengue e gripe seriam explorados no manual do professor.
62
5 O PRODUTO
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCN), as
características da tradição escolar em apresentar conteúdos padronizados, não referidos a
contextos reais, em parte, ainda refletem a pouca participação do estudante nas atividades
formativas. Dessa forma, privilegiar a aplicação da teoria na prática e enriquecer a vivência da
ciência na tecnologia e destas no contexto social passa a ter uma significação especial no
desenvolvimento da sociedade contemporânea.
Os PCN do Ensino Médio propõem que o ensino, efetivamente, propicie um
aprendizado que envolva de forma combinada, o desenvolvimento de conhecimentos práticos,
contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea, evitando tópicos
cujos sentidos só possam ser compreendidos em outra etapa de escolaridade. Ou seja, é
defendida uma ideia de um ensino mais consistente e focado na realidade dos educandos, sem
deixar pendências para serem atendidas em outros momentos com o pretexto de que no ensino
superior as lacunas educacionais serão preenchidas, mesmo porque nem todos os alunos farão
um ensino superior, e ainda que o façam há opções de três áreas de conhecimento distintas biológicas, exatas e humanas. Isso justifica a necessidade do aluno ter acesso a um grau de
compreensão consolidado em conteúdos, como a educação em saúde, na educação básica.
Além de inferir sobre a importância em ministrar conteúdos de forma completa, o
PCN aponta o uso da tecnologia no ensino como uma importante forma de acarrear recursos,
dentre os quais se destacam o uso de celulares e computadores, que tem se tornado cada vez
mais acessíveis em detrimento de outros recursos como o microscópio. (PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS, 1998).
Acredita-se que a educação em saúde deva valorizar questões do cotidiano do
estudante, dando a este a oportunidade de aproximar dos problemas que lhe são impostos pelo
processo de compreensão, reflexão e crítica. Possibilitando assim uma maior dinamização no
uso das informações que circulam informalmente, promovendo assim a valorização do saber
do educando de modo que este aprenda a questioná-los, tornando-se capazes de realizar ações
em prol de solucionar problemas impostos em caráter mais contextualizado. Nesse contexto,
foi elaborado o produto dessa dissertação embasado nos dados obtidos nas pesquisas aqui
descritas (bibliográfica e nos livros didáticos). Elas estabeleceram parâmetros para elaborar
um livro eletrônico desenvolvido com intuito de dar maior ênfase à abordagem dos conteúdos
dengue, AIDS e gripe no ensino médio, em resposta as lacunas verificadas nos livros
didáticos de biologia.
63
5.1 Apresentação
O livro eletrônico (e-book) elaborado - Educação em Saúde nas Escolas: uma
abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe - foi confeccionado em formato
digital
e
está
disponibilizado
na
íntegra
no
endereço
eletrônico
http://www.myebook.com/ebook_viewer. php?ebookId=113534. O formato escolhido permite
uma manipulação permanente da publicação pelo autor, o que torna fácil o processo de
realizar alterações no material no intuito de atualizá-lo ou até mesmo, se for necessário, fazer
alguma adaptação; também, constitui-se um espaço virtual livre e de fácil manuseio que
possibilita a utilização de recursos multimídia como imagens e áudio.
O e-book elaborado (FIG. 14) destina-se a professores do ensino médio, sem restrição
da disciplina lecionada, uma vez que a Educação em saúde é um tema transversal proposto
nos PCN, que permeia as diversas áreas do conhecimento, pois, os temas transversais retratam
processos vividos pela sociedade em geral e abordam questões em que todas as pessoas são
convocadas a adotar, sempre que possível, uma postura no cotidiano, em casa, no trabalho, na
rua e na sala de aula.
Figura 14 - Página inicial do e-book - Educação em Saúde nas Escolas: uma abordagem
sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe
Fonte: Arquivo pessoal
64
No decorrer do e-book foram disponibilizados aos professores recursos para obterem
maiores informações sobre as viroses AIDS, dengues e gripe através de um link de acesso ao
Guia de vigilância epidemiológico referente a essas viroses no início dos capítulos ou através
da sugestão de leituras complementares no final dos capítulos. Foram disponibilizados
também, sempre que oportuno, vídeos obtidos em sites do governo ou recebidos via e-mail,
sendo transferidos para uma conta pessoal do YouTube (site de compartilhamento de vídeos
em formato digital), condição para serem acessíveis no e-book, não havendo o risco dos
vídeos serem repentinamente removidos ou terem o acesso dificultado. Foram
disponibilizados, também, desenhos (FIG. 15) e infográficos (FIG. 16) criados para
representar visualmente informações que se desejou retratar no e-book. Com o mesmo intuito,
foram utilizadas algumas imagens disponibilizadas na internet (FIG. 17).
Figura 15 – Representação de um mosquito picando uma pessoa
Fonte: Desenho de Alexandra Chaves
Figura 16 – Infográfico representando o uso da câmera do celular
Fonte: Infográfico de Andréa Viana
65
Figura 17 – Imagem obtida da internet para ilustrar os modos de transmissão da
gripe aviaria
Fonte: GOLONO, 2010
A seguir são apresentados de forma resumida os itens que compõem o e-book.
•
Instruções para uso do e-book
Para facilitar a utilização do material pelos professores, foram disponibilizadas
instruções com informações de como utilizar os recursos contidos no livro eletrônico.
•
Apresentação
Nesse item, o material é apresentado aos professores esclarecendo seus objetivos, os
tópicos e as estratégias didáticas utilizadas na abordagem das viroses AIDS, Dengue e Gripe.
•
Roteiro das estratégias de ensino e descrição da metodologia utilizada na
abordagem dos tópicos sobre viroses que compõem o material
Para cada tópico proposto no livro eletrônico, foi sugerido uma estratégia de ensino
diferenciada (veja exemplo na figura 18), sendo argumentado de forma sucinta o motivo de
escolha da estratégia. Nesse espaço também foram apresentados as competências e
habilidades que podem ser trabalhadas com essa atividade, o material necessário para sua
realização, o número de aulas destinadas à atividade e sugestão para avaliação.
66
Figura 18 - Exemplo de como os tópicos foram descritos no e-book
Fonte: Dados da pesquisa
67
Após esses itens foram iniciados os capítulos 1, 2 e 3 respectivamente sobre Dengue
(FIG. 19), Gripe e AIDS.
Figura 19 – Página que inicia o capítulo sobre a dengue
Fonte: Arquivo pessoal
Cada capítulo foi estruturado de acordo com os tópicos e estratégias apresentados no
quadro 8.
Quadro 8 – Estratégias de ensino utilizadas na abordagem dos tópicos sobre as
viroses AIDS, dengue e gripe
TÓPICO
Ideias prévias
Visão geral/Epidemiologia
Agente etiológico/Transmissão
Sintomas/Tratamento
Aspectos sociais
Prevenção
Mitos e Verdades
Fonte: Dados da pesquisa
ESTRATÉGIA DE ENSINO
Uso de questionário
Segmentação de texto
Produção de material multimídia
Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)
Uso de textos de divulgação científica
Uso de materiais informativos do
Sistema Único de Saúde (SUS)
Jogo
68
A seguir descrevemos os tópicos abordados no e-book sobre as viroses.
Tópico: Ideias prévias
Com objetivo de averiguar o conhecimento prévio dos alunos, foi elaborado e
disponibilizado um questionário para cada virose abordada (AIDS, dengue e gripe) cada um
com 18 sentenças afirmativas. As questões versam principalmente sobre as vias de
transmissão das viroses abordadas. Os questionários (veja exemplo na figura 20) trazem duas
opções de resposta, se a sentença é um mito ou uma verdade. Eles devem ser respondidos
individualmente pelo aluno sem consulta aos colegas ou a algum material informativo. Essa
atividade permite ao professor dimensionar o conhecimento de seus alunos e a partir dos
resultados, ponderar qual situação -ensinar, revisar ou aprofundar- os tópicos devem ser
trabalhados com a turma.
Figura 20 - Questionário sobre AIDS para avaliar os conhecimentos prévios dos
alunos sobre o tema
Fonte: Dados da pesquisa
69
Tópico: Visão geral e epidemiologia
Para abordar a visão geral e epidemiologia das viroses, foram inseridos nove textos
adaptados dos guias de doenças infecciosas e parasitárias (2010) e de vigilância
epidemiológica (2009), segmentados por questões com o objetivo de focar a atenção dos
leitores nas informações mais relevantes. Assim, através das respostas elaboradas pelos
alunos o professor pode verificar a compreensão da leitura pelos alunos e realizar
considerações pertinentes ao assunto com intuito de esclarecer dúvidas e aprimorar a
abordagem.
Tópico: Transmissão, agente etiológico e vetor
Nesse tópico foram disponibilizadas informações sobre agente etiológico, vetores,
transmissão e o período de transmissibilidade das viroses dengue, AIDS e gripe.
Posteriormente, foram propostas atividades para a elaboração de material multimídia pelos
alunos utilizando os celulares, um recurso normalmente de fácil acesso para os alunos,
embora raramente seja utilizado em um contexto educacional. Com o uso do celular é
possível criar: vídeos, fotografias, músicas, poesias ou blogs. Essas atividades também
constituem uma oportunidade para desenvolver o trabalho em grupo, estimular a criatividade
e dar oportunidade aos alunos produzirem materiais sobre o conteúdo ao invés de ter acesso a
materiais prontos. Nessa perspectiva, foi sugerido aos professores que, a partir de um roteiro,
solicitem a seus alunos a elaboração de materiais multimídias solicitando aos educandos que
capturem, com o celular, informações na sua comunidade ou em local especificado pelo
docente e depois produzam os materiais. Sugestões de roteiros diferenciados para essa
atividade foram disponibilizadas para os professores.
No roteiro da dengue, os alunos são orientados a tirar fotos que retratem a transmissão
e a não transmissão dessa virose, ou seja, como se pega e como não pega a dengue. É
sugerido que as imagens sejam apresentadas a turma e posteriormente sejam usadas para
montar um esquema do ciclo da dengue. Também foi sugerida a confecção de um mural na
escola, principalmente se houver imagens retratando focos de transmissão na comunidade,
com as quais poderá ser feito um alerta para a necessidade de aprimorar os cuidados com a
transmissão dessa virose.
No roteiro da gripe os alunos são orientados a produzir um vídeo e no roteiro da AIDS
é sugerida a elaboração de um arquivo de áudio, para tal os educandos devem elaborar um
texto antes de gravar o áudio tendo um tempo máximo estipulado. Os materiais produzidos
devem retratar a transmissão e o agente etiológico dessas viroses.
70
Para essas atividades é solicitado aos alunos como tarefa inicial a elaboração de um
plano de ação que deve ser entregue ao professor que irá validar a ideia antes da execução da
mesma.
Tópico: Sintomas e tratamento
Esse tópico foi construído com intuito de apresentar acontecimentos do cotidiano para
propor discussões sobre os sintomas e tratamento das viroses AIDS, dengue e gripe. Os
alunos são estimulados a elaborar uma linha de raciocínio para argumentar sobre as situações
problema que lhes são apresentadas, tornando o ensino mais participativo. Para tal foi
utilizada a estratégia de ensino que utiliza a Aprendizagem Baseada em Problemas sendo
disponibilizados seis casos para estudo, dentre os quais três são verídicos, apresentados em
vídeos que expõem histórias noticiadas em telejornais e três são fictícios (FIG. 21).
Figura 21 – Proposta de atividade sobre gripe utilizando como estratégia a
Aprendizagem Baseada em Problemas
Fonte: Arquivo pessoal
71
Tópico: Aspectos sociais
Para esse tópico, foram disponibilizadas nove sugestões de textos atualizados e
divulgados em publicações impressas de grande circulação no Brasil, como as revistas Veja e
Época e os jornais O globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.
Dentre os textos explorados sobre a dengue, dois relatam a incidência de casos da
virose relacionada às más condições de saneamento básico e outro aponta o aumento da
incidência do número de casos da doença em uma cidade no interior de São Paulo, sendo o
último texto rico em informações para discussão, como, por exemplo, as seguintes passagens:
“(...) o controle depende da colaboração das pessoas.” “Hoje não podemos usar venenos mais
fortes.”
Sobre a gripe foram selecionados três textos que apresentam dados sobre a transmissão
da virose de um indivíduo a outro, além da divulgação da produção de um filme denominado
“Contágio”, que descreve um possível cenário de uma epidemia letal, bastante semelhante ao
vírus da gripe que se transmite por contato de mãos e toques de superfícies, como copos e
maçanetas; um dos textos, embora não seja recente (datado de setembro de 2009), possibilita
retratar um período de grande preocupação sobre a propagação da gripe, quando foi
vivenciada a ameaça de uma pandemia. Nesse texto, o período escolar é referido como risco
de aumento da infecção devido maior contato entre os estudantes e traz dados sobre a gripe
sazonal que mata entre 250 mil e 500 mil pessoas em todo o mundo retratando as pessoas
mais vulneráveis a uma infecção viral.
Sobre a AIDS, as publicações descrevem: a divulgação de dados sobre essa doença,
fornecido pelo Ministério da Saúde entre 1980 e junho de 2011, sendo exposto o número de
casos, o coeficiente de mortalidade e as maiores taxas de incidência por faixa etária, gênero
(masculino e feminino) e região. Além de abordar informações especificas do estado de São
Paulo, que teve em 2010 uma média de 8,6 mortes por dia devido a AIDS. Os dados mostram
ainda um aumento na proporção de infecções, tanto em homossexuais como heterossexuais,
no período entre 2000 e 2010, na mesma época em que os casos entre usuários de drogas
injetáveis tiveram queda. Outra publicação traz dados baseados em um relatório sobre a
resposta global ao HIV/AIDS demonstrando que, embora em um cenário mundial tenha
ocorrido uma queda de 15% de portadores do HIV nos últimos cinco anos, na América Latina
foi registrado considerável aumento devido principalmente ao sexo sem proteção entre
homens e a falta de programas nacionais de prevenção e tratamentos dirigidos. A última
reportagem explorada é uma publicação, que descreve o relato de um rapaz que tinha a
percepção da AIDS como doença exclusiva de homossexual e que o consumo de álcool era
72
um fator que contribuía para não fazer uso da camisinha, fato apontado como corriqueiro
entre seus amigos. Atualmente, embora contaminado, o rapaz informou não estar preocupado
com a doença contraída por existir medicamentos que vão garantir a normalidade de sua vida.
No contexto da educação em saúde para a prevenção da AIDS direcionada aos jovens esse
texto permite fazer vários alertas sobre a importância do sexo seguro e de se realizar debates,
por exemplo, sobre o tratamento disponível atualmente para a AIDS e suas limitações.
Todos os textos utilizados nesse tópico englobam aspectos sociais que possibilitam a
promoção de debates e trocas de opiniões principalmente em relação às questões mais
polêmicas como, por exemplo, no caso do uso de álcool e sua interferência na opção pelo
sexo seguro (FIG. 22). Os textos foram ajustados com o intuito de reduzir o conteúdo para
manter um padrão de espaço para essa atividade, mantendo as informações mais pertinentes à
abordagem em pauta.
Figura 22 – Reportagem da revista Veja retratando os jovens como grupo de
risco do HIV
Fonte: Dados da pesquisa
73
Tópico: Prevenção
O uso de materiais informativos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
é uma proposta que possibilita indicar a utilização de vídeos, cartilhas (FIG. 23) e impressos
de campanhas Nacionais e regionais referentes à prevenção das viroses. Além disso,
possibilita ilustrar o conteúdo através da exposição desses materiais. É sugerido ao
professores realizar uma ampliação das campanhas preventivas, voltada ao público local,
através da confecção pelos alunos de impressos, panfletos e marcadores de livros com intuito
de orientá-los e, sempre que possível, encaminhar o trabalho produzido pelos alunos para
informar a comunidade local. Dessa forma, é relevante que sejam priorizados dados
embasados na realidade local da escola. Por exemplo, se for uma região que apresenta más
condições de saneamento básico, é importante focar a necessidade de cuidados relacionados
ao saneamento e a ameaça da dengue.
Figura 23 – Cartilha produzida pelo Ministério da Saúde para a campanha de
combate a dengue
Fonte: Ministério da saúde
74
Tópico: Mitos e verdades
Para finalizar a abordagem sobre as viroses foi proposto um jogo sobre mitos e
verdades, que permite perceber a compreensão dos alunos sobre o tema estudado,
possibilitando, assinalar os erros, esclarecer as dúvidas, lembrar os conceitos aprendidos e
verificar o progresso dos educandos.
O jogo (FIG. 24) é composto de (1) instruções de uso; (2) um tabuleiro que pode ser
impresso em folha A4 sendo que cada folha pode ser utilizada por até 6 pessoas
simultaneamente; (3) modelo de peões que também podem ser impressos e (4) cartas com
sugestões de frases para serem utilizadas no seu desenvolvimento.
Figura 24 – Elementos que compõem o jogo (instruções, cartas, tabuleiro e peões)
Fonte: Dados da pesquisa
Tópico: Propostas adicionais
Como propostas adicionais, foram sugeridas atividades que utilizam recursos
acessíveis e passiveis de serem utilizadas para auxiliar no processo ensino e aprendizagem das
viroses. Foi proposto o uso de um aplicativo – Dengue Ville - disponível nas redes sociais
Facebook e Orkut por ser um ambiente virtual atualmente bastante difundido pelos alunos;
um jogo –ZIG ZAIDS– para abordar a AIDS, podendo ser utilizado conectado à internet ou
75
impresso e utilizado sem precisar de um computador conectado à internet; o documentário
Positivas, com relatos de mulheres que contraíram AIDS dos maridos, podendo levar à
reflexão da importância de usar camisinha, mesmo em um relacionamento duradouro; e um
experimento – Por que lavar as mãos.
Após os capítulos sobre dengue, gripe e AIDS, foram disponibilizadas no e-book as
referências citadas no mesmo incluindo, quando possível, os arquivos em formato de
documentos portável (PDF) para facilitar o acesso e leitura pelo professor dessas referências.
Finalizando, no e-book foi colocada uma mensagem ao professor incentivando-o a
divulgar informações e contribuir para educação em saúde sobre a dengue, gripe e AIDS nas
suas escolas, conforme pode ser visto na figura 25.
Figura 25 - Página final do e-book
Fonte: Arquivo pessoal
5.2 A avaliação
O e-book proposto nessa pesquisa foi avaliado por meio de um questionário eletrônico
(Apêndice A) elaborado através do site http://questionform.com e que pode ser visualizado na
versão
digital
no
link
76
http://educacaoemsaude.questionform.com/public/Educa%C3%A7%C3%A3o-emsa%C3%BAde-nas-escolas. O questionário foi disponibilizado ao grupo de diálogos sobre o
ensino de biologia da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBIO) da Faculdade
de Educação da Universidade de São Paulo (USP), composto por profissionais deste campo
de conhecimento (professores, pesquisadores, e estudantes da Educação Superior e da
Educação Básica) de várias regiões do Brasil. O material também foi avaliado por alunos
professores de uma turma do Programa do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da
PUC – Minas. Dessa forma, o produto foi avaliado por profissionais de instituições estaduais,
federais, municipais e particulares englobando a opinião de diversas realidades educacionais
do ensino Nacional. Numa análise preliminar, consideramos as respostas de 33 entrevistados a
partir das quais impetramos as considerações a seguir.
Sobre a abordagem das viroses AIDS, dengue e gripe no ensino, 27 professores (81,8%)
responderam tratar esses assuntos em sala de aula. Em relação ao ano e ao conteúdo nos quais
se dá essa abordagem, foram obtidas as seguintes respostas:
8 professores (24,2%) abordam apenas no primeiro ano do ensino médio, no conteúdo
sobre vírus;
6 professores (18,1%) abordam apenas no segundo ano do ensino médio, no conteúdo
sobre vírus;
4 professores (12,1%) abordam junto ao conteúdo sobre vírus, independente do ano do
ensino médio;
2 professores (6%) abordam no primeiro ano do ensino médio, no conteúdo sobre
vírus e no segundo ano do ensino médio, no conteúdo sobre sistemas do corpo
humano;
3 professores (9%) abordam no primeiro ano do ensino médio, no conteúdo sobre
vírus, exceto a AIDS que é abordada em outros momentos do ensino médio, nos
conteúdos sobre doenças sexualmente transmissíveis e reprodução;
3 professores (9%) abordam no ensino médio em geral, junto ao conteúdo sobre vírus,
DST, ecologia e meio ambiente;
1 professor (3%) aborda no ensino superior, nos conteúdos sobre doenças infecciosas;
6 professores (18,1%) não responderam essa pergunta.
Percebe-se que a maioria dos entrevistados é professor do ensino médio, sendo que
grande parte (54,5%) vincula o ensino sobre viroses ao conteúdo sobre vírus, sendo essa
77
abordagem restrita a apenas um ano do ensino médio. Somente 8 professores (24,2%)
mencionaram outros conteúdos dos quais também trabalham a temática sobre viroses, sendo
que desses, 3 abordam as viroses junto à temática sobre vírus e exclusivamente a AIDS é
abordada em outros momentos. Os demais professores (21%) não omitiram opinião nesse
tópico.
No gráfico 8 pode-se visualizar os recursos didáticos utilizados pelos professores para
fazer a abordagem das viroses AIDS, dengue e gripe.
Gráfico 8 – Recursos didáticos utilizados pelos docentes para abordar as doenças
viróticas AIDS, dengue e gripe
Fonte: Dados da pesquisa
Embora a maioria dos professores faça uso do livro didático (72,7%), é notório que
esse não é o único recurso utilizado pelos docentes, que usam também apresentações em
PowerPoint (63,6%), imagens (54,5%), vídeos (45,5%) e animações (27,3%). Também foram
listadas outras atividades complementares como trabalhos em grupo, palestras com
profissionais da área da saúde e uso de livros paradidáticos.
Ao avaliarem as estratégias de ensino utilizadas no livro eletrônico, os 33 professores
deram as notas apresentadas no quadro 9.
78
Quadro 9 – Avaliação das estratégias de ensino que compõem o e-book
ESTRATÉGIA DE ENSINO
Máximo Mínimo Média
(em 5)
(em 5)
(em 5)
Uso de questionário
5
3
4,5
Segmentação de texto
5
3
4,3
Produção de material multimídia
5
4
4,8
Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)
5
4
4,6
Uso de textos de divulgação científica
5
4
4,5
Uso de materiais informativos do
5
3
4,5
Sistema Único de Saúde (SUS)
Jogo
5
3
4,4
Fonte: Dados da pesquisa
As estratégias apontadas como as mais e menos interessantes estão apresentadas no
quadro 10 e coincidem com as médias das notas dadas pelos professores. Ressalta-se que
51,5% (17 professores) não apontaram as estratégias menos interessantes, sendo citado o fato
de terem aprovado o e-book proposto sem ressalvas.
Quadro 10 – Estratégias mais e menos interessantes do e-book segundo os professores
avaliadores
Mais interessantes
Produção de material
multimídia
ABP
Uso de textos de divulgação
cientifica
Jogos
Vídeos
Esquemas da transmissão das
doenças
Respostas
(%)
48,4
Menos interessantes
Segmentação de texto
Respostas
(%)
12,1
21,2
9
Jogo
Uso de questionário prévio
9
3
9
Utilização de materiais de
divulgação do SUS
3
6
3
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com os professores a produção de material multimídia e a ABP são
atividades que certamente despertam mais a atenção dos alunos, sendo o motivo principal por
serem eleitas como prediletas por eles. Sobre as atividades menos interessantes, foi citada por
um docente a dificuldade em trabalhar estratégicas lúdicas em sala de aula, motivo pelo qual
escolheu o jogo; um professor comentou sobre o tamanho do questionário, sendo uma
atividade com aplicação muito rápida. Embora tenha sido detectado como problema, essa foi
79
uma das intenções de produzi-lo nesse formato, o fato de possibilitar uma tarefa de avaliação
da compreensão do conteúdo rápida e fácil de ser corrigida, possibilitando dar um retorno a
turma de forma ágil; sobre os materiais produzidos pelo SUS, foi feito uma observação em
relação a esses materiais não apresentarem muito cuidado no uso das metáforas, o que pode
trazer um entendimento errôneo sobre essas viroses; e a atividade apontada como menos
interessante (opinião de 4 educadores), foi a segmentação de texto por questões, escolha que
não foi justificada por nenhum deles.
Os aspectos positivos do livro eletrônico apontados pelos professores foram:
Linguagem adequada.
Qualidade do conteúdo.
Material de fácil visualização.
Instruções para o uso produtivo.
Fácil acessibilidade e manuseio.
Material multimídia de qualidade.
Reunião de diversas fontes de informações.
Disponibilização de bibliografia pertinente.
Apresenta diferentes formas de abordar os conteúdos.
Apresenta linguagem simples e fácil de ser assimilada.
Resume de forma bastante didática os conteúdos abordados.
Facilidade em busca de informações sobre os assuntos propostos.
Propostas metodológicas e formas de uso variável de vários equipamentos.
Possibilidade de trabalhar em sala o gênero textual da divulgação científica.
As imagens apresentadas favorecem a construção do conhecimento.
Agrega valor ao instrumento através de recursos pedagógicos variados e muito bem
estruturados.
Aborda os temas de forma clara e concisa e traz propostas de atividades acessíveis aos
recursos dos alunos.
Estimula a criatividade e envolve o interesse a partir de ferramentas de comum
utilização dos alunos como celular, Orkut e Facebook.
Uso de metodologias que chamam a atenção dos alunos como os jogos e metodologias
que os incentivam a leitura e raciocínio, como os textos científicos e a ABP.
80
A seguir são colocados os aspectos negativos do livro eletrônico apontados pelos
professores seguidos por comentários sobre cada situação pontuada.
Dificuldades de uso da internet.
Possivelmente esse é um aspecto pessoal do professor que não domina com plenitude o uso da
internet.
Demora em abrir as páginas do livro eletrônico.
A demora em abrir as páginas do livro virtual está vinculada a velocidade de conexão da
internet, portanto, a rapidez para as informações serem acessíveis não depende da estrutura do
e-book.
Pouca divulgação em escolas.
O livro virtual foi divulgado para avaliação dos professores no grupo do SBEnBIO composto
por 1044 associados e por alunos professores do Mestrado da PUC Minas. Logo, inicialmente
o material foi exposto a um público aproximado de 1050 professores, além de estar acessível
na internet para todos os usuários. Pretende-se ampliar sua divulgação através da exposição da
pesquisa em eventos científicos e em sites que aceitam divulgar esse tipo de material.
Limitação no acesso por parte da população.
A forma encontrada para possibilitar o alcance e divulgar o material foi a internet por ser um
meio acessível em qualquer parte do planeta. Dessa forma, é possível vencer as fronteiras
geográficas e presenciais, mas, estamos cientes que infelizmente a internet ainda não está
acessível para todas as pessoas.
Material extenso, sendo necessárias muitas aulas para abordar o assunto.
A primeira atividade, ideias prévias, foi sugerida justamente para diagnóstico de quais tópicos
e aspectos devem ser priorizados na abordagem, podendo o professor propor as atividades que
melhor convier a ele a seus alunos, não sendo necessário abordar todo o conteúdo e-book.
Isso é facilitado pela individualização de cada atividade proposta.
O livro traz alguns termos técnicos que não seriam facilmente entendidos por um leigo
na área das ciências biológicas, restringindo o uso somente a um trabalho com a
supervisão de um professor de ciências ou biologia.
O material foi elaborado para que os professores possam aprofundar o assunto e esclarecer
termos biológicos desconhecidos. Ressalta-se que os educandos podem, ao longo de suas
vidas, terem acesso ou deparar com situações ou informações em que esses termos serão
81
empregados, dessa forma é importante que no ambiente escolar tais termos da área sejam
abordados e “decodificados”. Além disso, foram disponibilizadas no e-book sugestões de
leituras complementares que podem ser consultadas pelos professores para aprofundamento e
esclarecimento de dúvidas sobre a temática.
Após analisar o livro eletrônico, 93,9% dos professores declararam que usariam as
estratégias desse material em sala de aula, pois, o e-book proposto mantém os alunos bem
informados sobre sua saúde; torna as aulas mais diversificadas e atrativas; possui
metodologias que estimulam os alunos; possui uma linguagem bem didática a respeito de
temas na maioria das vezes difíceis de serem trabalhados em sala de aula; é um material
objetivo; facilita a exposição do tema; apresenta estratégias acessíveis, mesmo se tratando de
um trabalho com alunos de baixa renda; apresenta produções criativas e de baixo custo e por
abranger de forma diferente o conteúdo.
Apenas um professor afirmou que não usaria o e-book proposto por não ser uma
estratégia que auxilia grande parte dos alunos. E um professor declarou que usaria
parcialmente o material, especificamente as ideias alternativas e avaliações, sendo as demais
tarefas aplicadas como atividade extraclasse.
Com base nos dados obtidos percebe-se que na visão dos professores avaliadores o ebook Educação em saúde nas escolas: Uma abordagem sobre as doenças viróticas AIDS,
dengue e gripe foi bem aceito, não apresentou grandes problemas de elaboração, possui uma
qualidade admissível, e apresenta boas possibilidades de atingir seu objetivo, ou seja, ser
utilizado pelos professores para ampliar a abordagem do conteúdo sobre as viroses AIDS,
dengue e gripe expondo novas situações de aprendizado com intuito de dinamizar a
abordagem, possibilitando complementação do livro didático e apresentando alternativas de
estratégias didáticas diferentes.
82
6 CONCLUSÃO
Uma forma de promover a educação em saúde é investir na informação e,
sabidamente, a escola é um dos principais locais passíveis de intervenção nesse campo.
Torna-se, portanto, urgente e necessário colocar em prática atividades escolares que abordem
temáticas em prol da educação em saúde, o que significa ir além do conteúdo proposto nos
livros didáticos e considerar, por exemplo, questões relacionadas às experiências de vida dos
alunos e das comunidades em que vivem.
A investigação realizada nesse trabalho mostrou que, embora os livros didáticos sejam
uma ferramenta essencial para o ensino, as informações sobre doenças virais, ainda que
presentes, são insuficientes quando se almeja ações de educação para a saúde. O conteúdo de
doenças viróticas é encontrado basicamente no capítulo destinado a vírus, em que a ênfase
está mais voltada para a definição e caracterização biológica desses microrganismos. Apesar
de algumas vezes o tema aparecer dentro de outros conteúdos nos livros didáticos, a
abordagem é bastante simplificada. As estratégias e os aportes governamentais dedicados à
promoção da saúde, através das políticas públicas de saúde mostram-se insuficientes para o
atendimento das demandas educacionais da população, tornando ainda mais relevante o papel
da educação em saúde no ambiente escolar.
Sabe-se que nem sempre é possível promover/incorporar novas informações de
imediato nos LD, sendo importante complementá-lo com materiais que permitam mantê-los
atualizados. Isso ocorre, pois, o processo de confecção e editoração demanda tempo, e uma
mesma edição de um livro é utilizada por três anos consecutivos, não sendo possível manter
os conteúdos atualizados de acordo com a velocidade em que as informações têm sido
apresentadas na atualidade, ou seja, com veiculação das informações próxima ao tempo real
dos acontecimentos. No contexto educacional para educação em saúde, isso não é ideal, pois,
por exemplo, as medidas preventivas de doenças que deveriam ser ensinadas ou revisadas no
momento em que ocorre um surto com intuito de fornecer informações, esclarecer dúvidas e
evitar contágios, na maioria das vezes, não está disponível nos LD. Nesse contexto, pode-se
exemplificar o caso da dengue. Embora se tenha registrado várias epidemias dessa virose,
desde a década de 1990, observa-se que não houve mudanças significativas na sua abordagem
nos LD no sentido de fornecer informações consistentes e atualizadas para os estudantes, o
que seria de extrema importância para prevenir o aparecimento de novos casos da doença.
No intuito de facilitar o vínculo e a responsabilização da comunidade escolar, que
envolve professores, alunos, funcionários e familiares, aqui foi proposto um livro eletrônico
83
para o professor, complementar ao livro didático, para que os professores possam atuar com
seus alunos, principalmente, na perspectiva de fortalecer aspectos de promoção em saúde
preventiva. O livro do professor propõe a utilização de metodologias participativas que
favorecem o diálogo entre a escola e os problemas enfrentados pela sociedade com objetivo
de proporcionar um ensino significativo. Foi promovida a valorização dos procedimentos de
pesquisa através do uso de ferramentas como observação, leituras e produção de materiais,
proporcionando ao aluno um contato dirigido com a realidade em que ele está inserido. A
escolha da elaboração de um livro virtual, além de complementar as informações dos LD,
possibilita a inserção de novas formas de abordagem do conteúdo por possibilitar o emprego
de recursos de mídia impossíveis de serem utilizados nos livros impressos.
Além de proporcionar uma abordagem atualizada e consistente das viroses AIDS,
dengue e gripe, o livro eletrônico também possibilitou informar e divulgar diferentes
metodologias que podem ser empregadas, com as devidas adaptações, na abordagem de
outros conteúdos podendo contribuir assim na formação continuada dos professores.
Adicionalmente, por ser digital, a inserção de novos conteúdos e a atualização das
informações ficam facilitadas, o que constitui uma vantagem importante no contexto da
educação em saúde.
Uma análise preliminar mostrou que o livro eletrônico foi bem aceito e poderá
contribuir para o aprimoramento do processo de ensino e de aprendizagem das viroses
dengue, AIDS e gripe, colaborando assim, para a educação em saúde na escola. Ressalta-se
ainda que o processo de elaboração do livro virtual aqui apresentado pode ser replicado e/ou
reinventado de acordo com a realidade local de cada contexto escolar.
84
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91
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES
1. Você aborda as viroses AIDS, dengue e gripe na sala de aula?(Se a resposta for negativa
pule para a questão 4).
Sim
Não
2. Em qual ano e dentro de qual conteúdo ocorre essa abordagem?
3. Quais os recursos didáticos você utiliza para a abordagem dessas viroses?
(
(
(
(
(
(
) Livro didático;
) Uso de imagens (fotos, figuras, etc.);
) Animações;
) Apresentações de PowerPoint;
) Vídeos;
) Outros: Quais:________________________
4. Visualize o E-book “EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS: Uma abordagem sobre
as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe” disponível em:
http://www.myebook.com/ebook_viewer.php?ebookId=113534 e atribua uma nota para as
seguinte estratégias de ensino utilizadas no livro eletrônico (1-5):
ESTRATÉGIA DE ENSINO
Uso de questionário
Segmentação de texto
Aprendizagem Baseada em
Problemas
Uso de textos de divulgação
científica
Produção de material multimídia
NOTA
Uso de cartilhas e materiais do
Sistema Único de Saúde (SUS)
Jogo
5. Enumere aspectos positivos para o livro eletrônico proposto
6. Enumere aspectos negativos para o livro eletrônico proposto.
7. Você usaria as estratégias desse material em sala de aula? Por quê?
8. Entre as estratégias propostas, qual você achou mais interessante?
9. E a menos interessante?
10. Qual nota você atribui para esse livro eletrônico? (1-5)
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