IF-UFRJ Elementos de Eletrônica Analógica Mestrado Profissional em Ensino de Física Prof. Antonio Carlos Santos Aula 9: Transistor como amplificador Este material foi baseado em livros e manuais existentes na literatura (vide referências) e na internet e foi confeccionado exclusivamente para uso como nota de aula para as práticas de Laboratório do Curso de Elementos de Eletrônica Analógica. Pela forma rápida que foi confeccionado, algumas partes foram extraídas quase verbatim de outros autores citados na lista de referências. Trata-se de um texto em processo de constante modificação. Por gentileza, me informe os erros que encontrar. Depois do transistor ter sido polarizado com um ponto Q próximo da metade da linha de carga podemos acoplar um pequeno sinal ca à base. Isto produz flutuações na corrente do coletor de mesma forma e freqüência. O amplificador é chamado amplificador linear (ou de alta fidelidade) se ele não mudar a forma do sinal. Capacitores de acoplamento e de derivação Um capacitor de acoplamento faz a passagem de um sinal ca de um ponto a outro (equivale a um curto para um sinal -1 ca), pois a reatância Xc = (ωC) é pequena para grandes freqüências. O valor do capacitor de acoplamento depende da freqüência mais baixa que você está tentando acoplar. Como você deve lembrar de aulas anteriores, a corrente alternada no circuito abaixo (Fig.1) é: VTh = ZeqI Onde a impedância equivelente em série é dada por 2 2 2 Zeq = (RTh + RL) + Xc À medida que a freqüência aumenta, Xc diminui até se tornar muito menor do que RTh + RL. Neste caso, a corrente atinge um valor máximo I=Vth/ (RTh + RL). Em outras palavras, o capacitor acopla o sinal convenientemente quando Xc << RTh + RL. Utilizaremos a seguinte regra Xc ≤ 0,1R, para a freqüência de entrada mais baixa do amplificador. Nesta caso o acoplamento é dito estabilizado. Fig. 1 – capacitor de acoplamento entre a fonte e a carga. Terra CA Um capacitor de derivação é semelhante a um capacitor de acoplamento, exceto que ele acopla um ponto não aterrado a um ponto aterrado, conforme ilustra a Fig. 2. 27 Fig. 2 – capacitor de derivação Na figura 2, o capacitor se comporta idealmente como um curto para um sinal ca. Por isto o resistor está conectado a uma terra ca. A menos que seja feita alguma recomendação em contrário, todos os capacitores de acoplamento e de derivação são considerados estabilizados, o que quer dizer que funcionam aproximadamente como circuitos abertos para a corrente contínua e como curto-circuito para a corrente alternada. Teorema da superposição para os amplificadores (circuitos equivalentes ca e cc) Num amplificador a transistor, a fonte cc estabelece correntes e tensões quiescentes (uniforme, constante). A fonte ca produz então flutuações nessas correntes e tensões. O jeito mais simples de se analisar o circuito é dividindo a análise cc e uma análise ca. Em outras palavras, podemos usar o teorema da superposição. Aqui estão os passos a serem seguidos na aplicação da superposição aos circuitos com transistores: 1-Para encontrar o circuito equivalente cc: Reduza a fonte ca a zero; isto significa por em curto uma fonte de tensão ou abrir uma fonte de corrente. Abra todos os capacitores. O circuito que permanece é chamado circuito equivalente cc. Com este circuito, podemos calcular qualquer corrente e tensão cc que estivermos interessados. 2- Para encontrar o circuito equivalente ca: Reduza a fonte cc a zero; isto significa por em curto uma fonte de tensão ou abrir uma fonte de corrente. Ponha em curto todos os capacitores de acoplamento e de derivação. O circuito que sobra é chamado circuito equivalente ca. Este é o circuito que deve ser usado ao se calcular as tensões e as correntes ca. 3-A corrente total em qualquer ramo do circuito é a soma da corrente cc e da corrente ca através desse ramo. A tensão total através de qualquer ramo é a soma das tensões ca e cc através de qualquer ramo. Vamos aplicar o teorema da superposição ao amplificador a transistor da Fig. 3. O resultado é o circuito da Fig. 4 para o equivalente cc e o da Fig. 5 para o equivalente ca. 28 Fig. 3 – Circuito real Fig. 4 – circuito equivalente cc 29 Fig. 5- Circuito equivalente ca Notação Para se manter o cc diferente do ca, é uso comum empregar letras maiúsculas e índices para as quantidades cc: IE, IC, IB para as correntes cc no emissor, coletor e base, respectivamente, VE,VC , VB para as tensões cc; ie, ic, ib para as correntes ca no emissor, coletor e base, respectivamente, ve,vc , vb para as tensões ca. Resistência CA do diodo emissor e beta ca Ao fixar o ponto Q, estamos visualizando o transistor da Fig. 6 substituído pelo circuito equivalente também da Fig. 6 ( modelo Ebers-Moll). Até agora, fizemos a aproximação de VBE para 0,7 V. Vamos ver no que implica o modelo EbersMoll para um sinal ca. Fig. 6 – Modelos cc e ca de Ebers-Moll A Fig. 7 mostra a curva do diodo relacionando IE e VBE. Na ausência de um sinal ca o transistor funciona no ponto Q, geralmente localizado no meio da linha de carga cc. Quando um sinal ca aciona um transistor, entretanto, a corrente e a tensão do emissor variam. Se o sinal for pequeno, o ponto de funcionamento oscilará senoidalmente em torno de Q e o funcionamento será aproximadamente linear (expansão de primeira ordem em série de Taylor em torno do ponto Q). Por isso, as variações na tensão e na corrente são aproximadamente proporcionais. Colocando de outra forma, no que se refere ao sinal ca, o diodo aparece como se fosse uma resistência ca do emissor dada por r 'e = ∆VBE vbe = ∆I E ie A segunda igualdade deve-se ao fato de que as variações na tensão base-emissor e corrente no emissor serem equivalentes a uma tensão e uma corrente ca. O valor de r’e depende da posição do ponto Q. Quanto mais alto na curva estiver Q, menor se torna r’e . A equação da junção pn retangular é dada por: 30 eVkTBE − 1 I E = I S e dI E eI = Se dVBE kT r 'e = eVBE kT = e (I E + I S ) kT dVBE kT kT 25mV = ≈ = dI E e(I E + I S ) eI E IE Fig. 7- Variações na tensão da base-emissor produzem variações na corrente do emissor. O amplificador com emissor aterrado A Fig. 3 mostra um amplificador CE. Como o emissor é derivado para o terra, este amplificador às vezes é chamado amplificador com emissor aterrado (amplificador CE); isto significa que o emissor está ligado ao terra ca e não ao terra cc. É colocada uma pequena onda senoidal à base. Isto produz variações na corrente da base. Por causa de β=ic/ib , a corrente do coletor é uma onda senoidal amplificada de mesma freqüência. Esta corrente senoidal do coletor flui através da resistência do coletor e produz uma tensão de saída amplificada. Devido às flutuações ca na corrente do coletor, a tensão de saída da Fig. 8 oscila senoidalmente acima e abaixo da tensão quiescente. Observe que a tensão da saída está invertida relativamente à tensão ca de entrada, significando o que ela está defasada de 180 com a entrada. O ganho de tensão de um amplificador é a razão da tensão ca de saída pela tensão ca de entrada: A= vsaída ventrada Pela definição de resistência ie =ventrada/r’e .Pelo fato da corrente do coletor ser aproximadamente igual à corrente do emissor (ic ≅ie), a tensão de saída é dada por vsaída ≅ -ieRC. O sinal negativo é usado para indicar a inversão de fase. Então vsáida ≅ − A≅− ventrada RC r 'e RC r 'e 31 Exercícios (entregar na próxima aula): 1- A fonte ca da Fig. 1 pode tem uma freqüência entre 100 Hz e 200 Hz. Para se ter um acoplamento estabilizado ao longo desta faixa, que valor deve ter o capacitor de acoplamento? Dados: Rth = 1 kΩ e RL = 3 kΩ . 2- Na figura abaixo, desejamos um capacitor de acoplamento estabilizado para todas as freqüências entre 500 Hz e 1 mHz. Que valor ele ter ter? 3- Desenhe o circuito cc equivalente para o amplificador da figura abaixo. 4- Calcule r’e e o ganho A para o amplificador da questão 3. Referências: [1] – A. P. Malvino, Eletrônica vol. 1, McGraw-Hill (1986). 32