Análise da Imagem de Loja e sua Influência na Satisfação e na Lealdade dos Clientes - um Estudo de Caso Realizado no Varejo Calçadista RESUMO Presentemente, a principal forma de reter os clientes, satisfazê-los e conquistar a sua lealdade é conhecer a sua opinião e as práticas empresariais que mais agregam valor para eles. Procedendo assim, as empresas têm condições de focar esforços na obtenção de novos clientes e na manutenção dos já existentes, prática que deve ser muito bem utilizada para construir vantagem competitiva diante do concorrido mercado varejista atual. Neste contexto, o presente estudo busca identificar o perfil dos consumidores, avaliar seus hábitos de consumo e a imagem que possuem de uma rede de lojas do varejo calçadista. Para a análise, foi realizado um estudo de caso, de abordagem quantitativa, cujo levantamento utilizou um questionário estruturado baseado em uma escala previamente validada sobre a imagem de loja. Os dados foram analisados, o que revelou a existência de três fatores formadores da imagem de loja: relacionamento, aspectos tangíveis e conveniência. A pesquisa identificou relações significantes entre as dimensões da imagem e a satisfação/lealdade, e demonstrou que há diferenças significativas nos perfis e nos hábitos de consumo dos clientes. Por fim, o trabalho oferece alguns insights para a definição de estratégias de posicionamento, atração e conquista de clientes em cada uma das cidades estudadas. Palavras-Chave: imagem de loja, posicionamento, marketing de relacionamento, satisfação, lealdade. Análise da Imagem de Loja e sua Influência na Satisfação e na Lealdade dos Clientes - um Estudo de Caso Realizado no Varejo Calçadista Autora: Lívia Dora da Fonseca Orientador: Prof. Edar da Silva Añaña 1 INTRODUÇÃO O brilhante e competitivo futuro para o qual a sociedade atual direciona o mercado exige que as empresas desenvolvam técnicas eficientes de captação e de retenção de clientes, para satisfazê-los e, mais do que isso, para conquistar a sua lealdade. Alguns aspectos como a localização, o preço, a variedade e, mais recentemente, a imagem de loja tornaram-se recursos estratégicos importantes no competitivo mercado varejista. De acordo com Sheth, Mittal e Newman (2008), pesquisas comprovam que a experiência vivenciada no ambiente de loja influencia diretamente no comportamento e na decisão de compra dos consumidores. O comportamento do cliente é definido como as atividades físicas e mentais realizadas por eles, que resultam em decisões e ações, como comprar e utilizar os produtos e serviços e pagar por eles. Atualmente, em todos os tipos de negócios, observa-se um aumento da concorrência, e no varejo calçadista não é diferente. Torna-se indispensável, então, gerir a imagem de acordo com a intenção e com a identidade da loja. Para isto, a compreensão da experiência do consumidor no ponto de venda torna-se relevante para as organizações que têm como foco impactar de forma positiva na satisfação e na lealdade de seus clientes (COSTA et al., 2008). A imagem pode exercer grande influência no sucesso ou fracasso da loja, o que torna essencial a atenção ao fornecimento de experiências prazerosas e agradáveis aos consumidores. As empresas são governadas pelos e para os clientes. Para criar e manter clientes satisfeitos a empresa deve ter orientação para o cliente, ou melhor, deve saber sobre suas preferências, entender o competitivo ambiente no qual esta inserida, a fim de elaborar planos e metas condizentes com esta orientação. Nesse sentido, o varejista precisa garantir que a imagem da loja seja transmitida de forma positiva, e isto significa que as expectativas dos consumidores com relação à imagem da loja devem ser alcançadas e, se possível, superadas. O acesso à opinião dos clientes é uma estratégia que se faz necessária para uma gestão de sucesso, pois é capaz de sugerir idéias e sugestões de grande valia para as empresas, além de diagnosticar os elementos necessários para aprimorar a prestação de serviços. Quem conhece seus clientes sabe o que vender, para quem vender e como vender. Através da análise do comportamento dos clientes, a empresa pode criar valor e comunicá-lo adequadamente. Num contexto de acirrada concorrência, quando as empresas se sentem cada vez mais pressionadas a produzir mais com menos, aquelas que pesquisam e conhecem bem seus consumidores têm maiores chances de sobreviver. Porém, para tanto, é indispensável saber que valores eles procuram e como eles avaliam e interpretam os sinais emitidos pelo mercado (SHETH, MITTAL e NEWMAN, 2008). A percepção dos clientes pode contribuir para o alcance da excelência no atendimento, possibilitando o aprimoramento contínuo, permitindo a oferta de produtos e serviços de qualidade, propiciando melhoria na produtividade, aprimorando a performance da empresa a partir do ponto de vista do cliente e fazendo a diferença em relação à concorrência. O presente trabalho leva em consideração, principalmente, a busca constante pela satisfação e pela lealdade do cliente, e também pela necessidade de encantá-lo, fatores considerados de vital importância para as organizações inseridas no competitivo mercado atual. Desta forma, as empresas direcionam seus esforços no sentido de conhecer cada dia melhor seus clientes, oferecer produtos que superem as suas expectativas de mercado, conquistando a lealdade e a satisfação dos consumidores e garantindo a sua lucratividade e sobrevivência. A imagem que a empresa possui na mente dos clientes se forma através das experiências de compra e da superação de suas expectativas, daí a importância desta pesquisa. O objetivo principal do trabalho é avaliar a possível influência da imagem de loja na satisfação e na lealdade dos clientes, como objetivos secundários, a presente pesquisa se propõe a analisar o perfil dos consumidores e seus hábitos de consumo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Atualmente, com a saturação do mercado, os consumidores tomam suas decisões de compra baseados mais na imagem da loja do que nos seus atributos físicos tangíveis (SCHIFFMAN e KANUK, 1997). De acordo com Burt e CarraleroEncinas (2000), a soma de dimensões tangíveis e intangíveis e a complexidade de significados vêm sendo reconhecida há tempos como grandes formadores da imagem das lojas. Nesta conjuntura, a imagem pode ser o fator chave do sucesso, ou melhor, a vantagem competitiva de uma empresa e, portanto, torna-se indispensável compreender a importância dessa imagem para a definição de seu posicionamento antes de transmiti-la ao mercado. Para Lovelock e Wirtz (2006), à medida que a concorrência se intensifica no ramo dos serviços, torna-se cada vez mais importante para as empresas diferenciar seus produtos de forma significativa para seus clientes. Os consumidores atuais estão dotados de expectativas transmitidas através de seletivas escolhas entre os concorrentes e, para se destacar, as empresas devem agregar valor aos seus serviços. Isto significa que as empresas precisam pensar sistematicamente e enfatizar a vantagem competitiva em atributos que serão valorizados pelos clientes. Os consumidores adquirem bens e serviços para suprir necessidades e expectativas. Quando sentem uma necessidade, as pessoas ficam motivadas a agir de modo a satisfazê-la. Estas experiências de compra proporcionam oportunidades para as empresas que entendem e suprem essas necessidades, pois permitem uma contínua adaptação das ofertas às necessidades das pessoas (LOVELOCK e WIRTZ, 2006). Para se adaptar ao mercado, os gestores precisam de informações sobre seus clientes, entre os dados que podem ser obtidos para a análise do comportamento de compra do cliente podem estar: os geográficos (locais físicos), demográficos (sexo, idade, classe social, etc.), comportamentais (hábitos de compra) ou psicográficos (análise do estilo de vida) (OGDEN e CRESCITELLI, 2007). Sabendo como e porque as pessoas compram seus produtos, as empresas podem ajustar as técnicas de marketing para esses públicos. Avaliar a opinião e o comportamento do cliente é uma forma de explorar lucrativamente o mercado. Observar, de maneira eficiente, como o público responde aos estímulos do ambiente e garantir que as falhas sejam identificadas e supridas aperfeiçoa a imagem construída na mente da cada cliente. O ambiente físico de serviços tem um importante papel na construção da experiência e na satisfação dos consumidores. De acordo com Lovelock e Wirtz (2006), os parques temáticos da Disney são exemplos expressivos de ambientes que fazem qualquer cliente se sentir confortável e satisfeito. Mas, na verdade, organizações de todos os tipos passam a reconhecer a importância do ambiente físico na proposta de valor. Ainda para Lovelock e Wirtz (2006), ambientes projetados com cautela ajudam a criar experiências positivas e agradáveis, transmitem a imagem desejada, provocam reações desejadas e dão apoio às operações de serviço e à produtividade. Para o autor ambientes de serviço estão relacionados com o estilo e a aparência dos arredores físicos e de outros elementos de experiência encontrados pelos clientes em locais de entrega de serviço. A percepção do cliente é a realidade, as pessoas envolvidas no gerenciamento da comunicação devem certificar-se de criar as expectativas corretas para o cliente e, então, tentar superá-las (OGDEN e CRESCITELLI, 2007). 2.1 Conceitos de imagem na perspectiva do marketing O conceito de imagem vem evoluindo ao longo do tempo, e varia de acordo com a percepção de cada autor. Este conceito evolui sem perder a origem central, que trata do significado da marca na percepção de cada cliente, construído através de experiências, impressões, significados, crenças, valores, e qualquer forma de relacionamento. Segundo McGoldrick (1990), a imagem da loja é o modo pelo qual a loja é definida na mente do comprador. De acordo com Bloemer e Schroder (2000), a imagem de loja é a soma dos atributos, é a forma como a loja é percebida pelo consumidor em suas experiências de compra. Para Spinelli e Giraldi (2004), isso significa que muitas características pessoais e expectativas da sociedade na qual o indivíduo vive influenciam as percepções, reações e, portanto, a natureza das imagens formadas a respeito da loja. Para Burt e Carralero-Encinas (2000), a definição da imagem ainda esta distante de ser uma tarefa simples. O encontro de dimensões tangíveis e intangíveis vem sendo estudada e reconhecida há tempos, juntamente com a complexidade dos significados e dos relacionamentos. Uma das primeiras definições de imagem foi ofertada por Martineau em seu livro “The personality of the retail store”, em 1958. Esta definição enfatiza não apenas os fatores visíveis e mensuráveis, como também os fatores menos tangíveis. Porém, esta definição foi criticada por levar em consideração com maior intensidade apenas o aspecto místico. Outros autores, como McGlodrick (1990), Bloemer e Schroder (2002), e Sheth, Mittal e Newman (2008), defendem a classificação da imagem através da avaliação racional da loja, determinada por fatores tangíveis e mensuráveis como, por exemplo, as mercadorias, atendimento, preço, funcionários, etc. Pode-se perceber, a partir das análises mencionadas acima, que a imagem da loja pode ser tanto a linguagem que a empresa utiliza para se relacionar com seus clientes (sendo uma das principais formas de comunicação entre eles), como a forma como os consumidores interpretam as mensagens que lhes são comunicadas, quer sejam elas transmitidas pelos veículos de comunicação, quer sejam sinalizadas através de atributos como o preço, a qualidade, a variedade, etc. 2.2 Imagem sob a ótica da gestão (componentes tangíveis) Trata-se dos elementos gerenciais controláveis no ponto de venda. De acordo com Cunha (2001), as empresas deveriam desenvolver sistemas de gerenciamento de imagem através da periódica coleta de dados, o que possibilita uma administração da imagem direcionada para os públicos o qual se pretende atingir. Na grande maioria das vezes os serviços são intangíveis, o que gera uma dificuldade de avaliação por parte dos clientes. Desta forma, o ambiente é utilizado como um importante representante e sinalizador do nível de qualidade que a empresa deseja transmitir aos consumidores. O ambiente pode ser utilizado para chamar atenção fazendo com que o cenário se destaque e crie efeitos desejados, utilizando cores, texturas, sons, aromas e projetos espaciais para realçar a experiência de serviço desejada (LOVELOCK e WIRTZ, 2006). Para Sheth, Mittal e Newman (2008), a imagem é composta por cores, luzes, músicas, higiene, cheiros e decoração. Estes componentes do sentido podem provocar de formas variadas o comportamento do cliente, desde influências para permanecer na loja durante muito tempo como sair dela rapidamente, ou melhor, podem provocar atração ou repulsa. O desenho dos produtos, os nomes das marcas, as embalagens, as vitrines, as propagandas, e todas as formas de comunicação entre a empresa e as pessoas afetam diretamente no processo perceptual dos clientes. Além destes aspectos, a tecnologia também pode ser considerada uma das principais formas de influenciar na percepção dos clientes. Trata-se de aplicações de novas tecnologias ao desenvolvimento, distribuição e consumo de produtos e serviços que aumentem a qualidade de vida dos clientes. Revoluções tecnológicas podem mudar consideravelmente o mercado e as percepções dos clientes. A tecnologia cria novos meios de comunicação, permite flexibilidade e controle através de transações que podem ocorrer de qualquer lugar e a qualquer hora e desenvolve a personalização dos produtos, ou seja, fabricação de produtos adequados às necessidades específicas dos clientes. O ambiente de serviços e a atmosfera que o acompanha causam profundo impacto no comportamento do consumidor através da criação de mensagens e indícios simbólicos para comunicar o que se quer ao público pretendido. A sinalização, símbolos e artefatos são utilizados como forma de comunicar a imagem da empresa, ajudam na orientação do cliente e informam as regras de comportamento, provocando sensações e percepções que serão tratadas no próximo tópico. 2.3 Imagem sob a ótica da percepção (componentes intangíveis) Neste contexto, as características reais (tangíveis) da loja deixam de ser consideradas mais importantes, dando espaço à posição que uma loja ocupa na mente do consumidor, formada principalmente através da comunicação entre ambos. A comunicação vem a ser a principal forma de expressão e de transferência de sentimentos, experiências e desejos. Os consumidores possuem auto-imagens individuais, que são comparadas com a personalidade percebida da loja. Essas auto-imagens fazem com que os clientes busquem lojas de varejo com identidade semelhante a sua e que correspondam com os seus traços típicos (GIRALDI, SPINELLI e CÔNSOLI, 2004). Para Sheth, Mittal e Newman (2008) a percepção é o processo pelo qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta a informação que recebe do ambiente. A percepção é moldada por fatores como estímulos (objetos, marcas, lojas, amigos, governo, etc.), contexto (sociais, organizacionais e culturais) e características individuais (experiências e conhecimentos), e ela pode ser distorcida através dos vieses de percepção, ou seja, da seleção e filtragem dos estímulos. Quando há discrepância entre a imagem percebida da loja e a sua autoimagem, são provocadas sensações e interpretações prejudiciais ao relacionamento cliente-empresa. Neste momento, podem ser citados alguns fatores que afetam diretamente as necessidades dos clientes e, consequentemente, sua percepção. De acordo com Sheth, Mittal e Newman (2008), são eles: o clima (temperatura, vento, umidade e chuvas); a topografia (condições do terreno, altitude e solo); a ecologia (recursos naturais, equilíbrio entre as vegetações, animais e seres humanos); a economia (níveis de emprego, salário, inflação, taxas de juros, câmbio, economias acumuladas e disponíveis nos núcleos familiares); a política governamental (política monetária, fiscal e pública); o ambiente político-legal (leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam e limitam as atitudes das empresas e dos indivíduos); e o contexto cultural (tudo o que a pessoa aprende e partilha com membros de uma sociedade, inclusive idéias, normas, moral, valores, conhecimentos, habilidades, tecnologia, ferramentas, objetivos materiais e comportamentos). Para Kotler e Keller (2006), o poder de compra dos clientes é determinado pelos seus gostos e preferências. A sociedade molda crenças, valores e normas que definem, em grande parte, esses gostos e preferências. 2.4 O Marketing de Relacionamentos e o Posicionamento Para saber quais são as necessidades dos clientes é preciso manter um bom relacionamento com eles, e é isto que propõe o marketing de relacionamentos. De acordo com Borges (2006), o marketing de relacionamentos serve para atingir um dos principais objetivos de qualquer corporação: a fidelização dos clientes, além de promover o diálogo para que o consumidor não deixe de comprar e para que a empresa ofereça o produto ou serviço adequado às suas necessidades. De acordo com Ogden e Crescitelli (2007), o marketing de relacionamentos pode ser definido com um processo de identificação e de criação de valor para os clientes. Seu objetivo é a abertura e a manutenção de um canal de comunicação entre a empresa e seus consumidores. Para Blackwell, et al. (2005), as organizações de todos os tamanhos estão focadas para a análise do comportamento do consumidor à procura de respostas sobre como ter uma boa performance no mercado. Para os autores, o relacionamento é resultado de programas para aumentar as compras e a fidelidade, incentivar contatos tanto com a cadeia de suprimentos como com os clientes, apoiar os programas de recompensas e de valorização, etc. Quando bem empregados, os programas de relacionamento proporcionam experiências com qualidade superior e entregam maior valor ao cliente. Com isso, os consumidores tendem a reproduzir o comportamento de compra e acabam desenvolvendo uma fidelidade para com a loja, aumentando as vendas e os lucros e oferecendo informações valiosas sobre como aprimorar as estratégias existentes. Ao projetar o ambiente da loja é admirável que se dê atenção, além do relacionamento, à estratégia de posicionamento, pois esta influencia fortemente as percepções e o comportamento do consumidor (SCHIFFMAN e KANUK, 1997). O posicionamento, de acordo com Borges (2006), surgiu em 1972 e trata-se da maneira como a empresa é percebida pelo seu público, é uma identidade própria que a caracteriza no mercado. O posicionamento trata-se da forma como a loja quer ser percebida ou da forma como o cliente a percebe, desde público-alvo, política de preços, etc. Para Kotler e Keller (2006), o posicionamento é a obra de delinear o produto e a imagem da empresa para ocupar um espaço diferenciado e valorizado na mente do público alvo. O objetivo é posicionar a marca no pensamento dos clientes afim de maximizar a vantagem potencial da loja. Um trabalho de posicionamento bem planejado facilita na diferenciação da empresa e cria, de forma bem sucedida, uma proposta de valor focada no cliente. O aspecto básico e importante do posicionamento não é criar algo novo e diferente, mas trabalhar o que já existe na mente do consumidor (GIRALDI, SPINELLI e CÔNSOLI, 2004). De acordo com Lovelock e Wirtz (2006), a estratégia de posicionamento preocupa-se em criar e manter valores que serão notados e valorizados pelos clientes com os quais a empresa teria mais interesse de desenvolver um relacionamento de longo prazo. Um posicionamento bem sucedido requer que a empresa compreenda as preferências de seu público-alvo. Ainda para Lovelock e Wirtz (2006), a estratégia de posicionamento competitivo é baseada na determinação e manutenção de um lugar distinto no mercado. Para os autores, a essência do posicionamento esta baseada no estabelecimento de uma posição vantajosa na mente dos clientes. Posição esta que deve passar uma mensagem simples e consistente, e deve destacar a empresa de suas concorrentes. Uma empresa não pode ser tudo para todos, ela deve concentrar seus esforços no público-alvo. Neste sentido, a forma como se configura o projeto do ambiente da loja é um aspecto muito importante de posicionamento e influencia fortemente na atitude dos clientes reais e potenciais (SCHIFFMAN e KANUK, 1997). 2.5 Componentes da imagem de loja A imagem da loja não se forma a partir, apenas, da percepção. Ela é composta por vários fatores que podem ou não influenciar o comportamento das pessoas dentro da loja. Apesar de haver muitas discussões sobre a definição mais adequada para a imagem da loja, os principais componentes são identificados por vários autores. Spinelli e Giraldi (2004) apresentam as principais características da imagem de loja que serão utilizadas como base para o presente estudo, são elas: preço, qualidade, variedade, pessoal de vendas, conveniências, serviços, promoções, propaganda, atmosfera da loja, institucional, clientes, aspectos físicos e o pós-venda. 2.6 Satisfação e lealdade De acordo com Costa et al. (2008), as avaliações do ambiente de loja e do atendimento mostram-se influenciadores consistentes da satisfação dos clientes. Diante desta conjuntura, a satisfação do cliente e sua lealdade à loja tornam-se indispensáveis a sobrevivência da mesma, pois como o mercado cresce rapidamente, os concorrentes também se apresentam em maior número. A lealdade à loja é construída pela satisfação, e a satisfação é construída, dentre outros aspectos, pela imagem da loja (BLOEMER e RUYTER, 1998). Buscando analisar relações entre satisfação e lealdade, Oliver (1999), verificou que a satisfação é um estado temporal pós-uso, decorrente de uma situação de consumo única ou de experiências repetidas que refletem como um produto ou serviço supriu seu propósito. A partir da perspectiva da empresa, a satisfação é entregue ao consumidor. Lealdade, ao contrário, é um estado de preferência duradouro obtido a partir de uma postura determinada do cliente para com a empresa. Na literatura, existem dois tipos de definições para satisfação, uma delas da maior ênfase ao resultado, e outra, ao processo. Algumas definições conceituam a satisfação do consumidor como o resultado de uma experiência de consumo, neste sentido, ela também tem sido definida como a resposta de um consumidor após avaliar a loja e perceber as lacunas de expectativa. Para Lovelock e Wirtz (2006), a satisfação é considerada um julgamento voltado para a atitude pós-compra, determinada pela confirmação ou não das expectativas. Quando às necessidades são supridas, o cliente se encontra satisfeito, quando o oposto ocorre, gera a insatisfação. Para Oliver (1999), satisfação pode ser definida como uma realização agradável sofrida após o momento da compra, isto quer dizer que o cliente sente um desejo, uma necessidade, um objetivo no momento da compra. Assim a satisfação é um sentimento gerado pelo consumo do cliente após o seu momento de compra. Ainda para Oliver (1999), lealdade pode ser definida de uma maneira diferente, pois é descrita como um compromisso assumido de recomprar o produto no local preferido, desta forma, causando compras repetidas no mesmo local sem que sejam necessários esforços de marketing da empresa para que isso aconteça. Para Flores e Damacena (2008), a lealdade é caracterizada por decisões voluntárias de manter relacionamentos em longo prazo com a mesma loja. Relacionamentos deste tipo ajudam a reduzir os riscos e o surgimento de incertezas de consumo. Os clientes serão leais à organização se ela puder oferecer maiores benefícios do que as outras empresas. Um das principais estratégias utilizadas pelas empresas para envolver o cliente e buscar sua lealdade são os programas de fidelidade como, por exemplo, cartões que acumulam pontos, acúmulo de selos que podem ser trocados por produtos ou serviços, etc. Para Lovelock e Wirtz (2006), a lealdade significa a disposição de um cliente para continuar a prestigiar uma loja no longo prazo, comprar e utilizar seus bens e serviços repetidamente (e, na maioria das vezes, com exclusividade), e recomendar a empresa a sua rede de contatos. 3 METODOLOGIA O presente trabalho estuda o caso de uma empresa varejista de calçados, com lojas distribuídas em três localidades da região sul do Rio Grande do Sul. A loja trabalha no ramo calçadista e oferece uma grande variedade de marcas e produtos, dentre eles: cintos, bolsas, carteiras, etc. Além de investir muito em sua imagem, através de ambientes acolhedores e toque refinados, a loja também investe em programas sociais. A fidelidade dos clientes também é bastante explorada através do cartão fidelidade com o acúmulo de pontos para futuras trocas por mercadorias. A loja utiliza uma grande variedade de meios de comunicação para se promover, como por exemplo, email, televisão, rádios, etc. Os funcionários são criteriosamente selecionados, treinados e motivados diariamente para o exercício de suas funções. Por fim, pode-se dizer que esta loja é o espaço ideal para a aplicação da presente pesquisa, pois apresenta todos os componentes da imagem apresentados na escala de Spinelli e Giraldi (2004). A etapa descritiva constou de uma entrevista em profundidade com a proprietária das lojas, com vistas a definir as variáveis de interesse e compará-las às encontradas em instrumentos utilizados em casos semelhantes. Paralelamente, realizou-se uma pesquisa de dados secundários, através de análise documental de pesquisas bibliográficas com o objetivo de buscar instrumentos previamente validados. Para avaliar o ambiente de loja, foi utilizada a escala de Spinelli e Giraldi (2004), conforme apresentado anteriormente. Depois de concluída a elaboração do questionário, com base na escala proposta por Spinelli e Giraldi (2004), foi realizada a fase de teste para medir a compreensão do instrumento e identificar possíveis dificuldades de interpretação. O teste foi realizado com 10 clientes da cidade 3, cujas apreciações ajudaram a aperfeiçoar o instrumento. A coleta de dados foi realizada em três cidades (cidade 1, cidade 2 e cidade 3), no período de 28 de janeiro de 2010 a 10 de junho de 2010, através de questionário estruturado com perguntas fechadas. Os questionários foram deixados na loja para que as vendedoras aplicassem aos clientes, em seguida, em função da pequena amostra que se atingiu, os clientes também foram abordados fora do ambiente da loja pela pesquisadora, a seleção destes foi por conveniência. O questionário, no seu conjunto, buscou entender como os clientes percebem a imagem da loja durante as experiências de compra, e quais variáveis influenciam com maior impacto a sua satisfação, decisão de compra e recomendação da loja a outras pessoas da sua rede de contatos. Foi utilizada a escala de Likert de 7 pontos. Ao todo foram coletados 84 questionários, dos quais 3 tiveram que ser excluídos por estarem incompletos ou por apresentarem respostas excessivamente concentradas nas alternativas extremas ou em apenas uma alternativa; ao final foram processados 81 questionários válidos. A análise dos dados foi realizada com o apoio dos pacotes SPSS, Sphinx e Excel. Foram utilizadas técnicas mono e multivariadas, tais como estimação de médias, variâncias, assimetria, curtose, análise fatorial exploratória e de regressão múltipla. A influência da imagem na satisfação e na lealdade foi avaliada através da técnica estatística conhecida como regressão múltipla, que pode ser utilizada para analisar a relação entre uma única variável dependente e várias variáveis independentes. Outra medida de grande importância nas equações de regressão, é o coeficiente de determinação múltipla (R2). O coeficiente representa a relação entre a variação explicada pela equação de regressão múltipla e a variação total da variável dependente. Como o seu valor oscila no intervalo [0;1], uma regressão múltipla que obtenha R2=0,75, por exemplo, terá 75% de sua variância explicada pelo modelo. A validade é o grau em que uma medida representa precisamente aquilo que se espera. Se a validade está garantida, o pesquisador deve ainda considerar a confiabilidade das medidas. A confiabilidade é o grau em que a variável observada mede o valor verdadeiro e está livre de erros. Medidas mais confiáveis mostrarão mais consistência do que medidas menos confiáveis. Uma das medidas de confiabilidade mais utilizadas é o chamado Alfa de Cronbach, cujos valores deverão ser superiores a 0,6 em trabalhos de natureza exploratória (HAIR et al., 2005). 4 RESULTADOS 4.1 Descrição da amostra A amostra colhida atingiu 81 respostas válidas, totalizando 69 mulheres e 12 homens. A variável idade apresenta significância estatística (Sig. = 0,019) com relação ao gênero e ao município. De acordo com a pesquisa, percebe-se que a cidade 1 apresenta a amostra de respondentes com mais idade (43,25 anos), a cidade 2 possui a amostra de respondentes mais jovens, enquanto a cidade 3 apresenta idades intermediárias. Pode se observar também, que os respondentes do sexo feminino são mais velhos (33,32 anos) em relação aos respondentes do sexo masculino (27,92 anos). 4.2 Análise dos hábitos de consumo revelados Conforme se verifica na Tabela 1, existe diferença significativa (Sig. < 0,01) no número de pares consumidos anualmente conforme o grau de instrução dos respondentes: os respondentes com maior grau de instrução (mestrado) declararam consumir uma média de 19 pares/ano enquanto os respondentes de outro nível consomem em menor quantidade. Não há diferença significativa na freqüência de compras conforme grau de instrução (Sig. > 0,05). Tabela 1: Médias de pares de sapatos/ano e de compras/ano, por graus de instrução Instrução Sapatos/ano Frequência compras Segundo grau 9,955 2,917 Superior incompleto 5,571 2,826 Superior completo 5,938 2,412 Especialização 6,000 2,000 Mestrado 19,000 1,778 Sig. 0,001 0,697 Fonte: dados identificados na pesquisa Analisando a Tabela 2, verifica-se que a permanência em frente à TV influencia diretamente nos hábitos de consumo dos respondentes, tanto no que se refere ao número de pares quanto à frequência de compras (Sig. < 0,05). A quantidade de sapatos/ano comprados por pessoas que alegam quase não assistir TV é significativamente maior (Sig. = 0,02) do que por aqueles que assistem a vários programas. E o mesmo se pode dizer com relação à freqüência de compras, cuja média é significativamente maior (Sig. = 0,04) entre os que quase não assistem TV do que os que assistem a vários programas. Tabela 2: Relação entre permanência em frente à TV e hábitos de compra (ANOVA: Teste de Comparações Múltiplas LSD) Variável Diferença de Erro dependente (I) TV (J) TV Sig. média (I-J) Padrão Quase não assisto Frequência Quase não compras assisto Fonte: dados identificados na pesquisa Sapatos/ano Assisto a poucos programas Assisto a vários programas 7,26 2,99 0,02 1,70 0,81 0,04 A tabela acima oferece interessantes subsídios para a tomada de decisão quanto aos investimentos em comunicação, pois deixa claro que quem consome com maior intensidade quase não assiste televisão. Como os maiores consumidores dos principais produtos da loja (sapatos) pouco assistem televisão, é possível que a propaganda por esse meio não seja tão efetiva quanto parece. A Tabela 3 descreve os níveis de satisfação, de intenção de recomendar e à freqüência de compras, por sexos. Como se pode observar, a satisfação e a freqüência de compras não apresentam diferenças significantes entre os gêneros, porém as mulheres são significativamente (Sig.=0,028) mais propensas a recomendar a loja a outras pessoas, do que os homens. Tabela 3: Médias dos gêneros em relação à satisfação, à lealdade e à freqüência de compras Gênero Fem. Masc. Total Média Satisfação Recomendação Frequência de compras 6,15 3,68 2,50 N 68 69 69 Média 6,00 3,16 1,83 N 12 12 12 Média 6,13 3,60 2,40 N 80 81 81 0,664 0,028 0,372 Sig. Fonte: dados identificados na pesquisa De acordo com a Tabela 4, a satisfação dos respondentes (Sig. = 0,000) com os serviços prestados pela empresa variam significativamente de uma cidade para a outra. Os clientes mais satisfeitos encontram-se na cidade 1 e 2, enquanto os menos satisfeitos estão no município 3. E o mesmo acontece em relação à recomendação, cujas médias também apresentam diferenças estatisticamente significantes entre os municípios (Sig. = 0,035). Os respondentes da cidade 1 são aqueles que recomendam com mais intensidade a loja, seguidos pelos respondentes da cidade 2; a amostra da cidade 3 é a que menos recomenda a loja ao seu círculo de relacionamentos. Ainda de acordo com a Tabela 4, observa-se que a frequência de compras apresenta diferença periférica em relação aos municípios (Sig = 0,084). Os consumidores do município 1 compram com mais frequência, os do município 2 possuem frequência de compras intermediária, e os do município 3 compram com menos frequência. Tabela 4: Média dos municípios em relação à satisfação, à lealdade e à freqüência de compras Município Satisfação Recomendação Frequência de compras Cidade 3 Média N 52 53 53 Cidade 1 Média 7,00 3,92 3,38 N 14 13 13 Média 6,69 3,87 3,06 N 16 16 16 Média 6,15 3,60 2,42 N 82 82 82 Sig. 0,000 0,035 0,084 Cidade 2 Total 5,75 3,45 2,00 Fonte: dados identificados na pesquisa O número de sapatos consumidos a cada ano apresenta diferenças de significância periférica entre os municípios pesquisados (Sig. = 0,092). A amostra da cidade 2 consome, em média, mais pares de sapatos por ano do que a amostra das cidade 1 e 3, que apresentam médias relativamente semelhantes. Tabela 5: Média de sapatos/ano por município Município Média N Cidade 3 7,31 48 Cidade 1 7,77 13 Cidade 2 13,13 15 Total 8,54 76 Fonte: dados identificados na pesquisa 4.3 Análise da imagem de loja e sua influência na satisfação, na lealdade e na decisão de recomendar Após a aplicação dos questionários, no qual apresentava 14 variáveis destinadas a medir a imagem da loja, os dados foram analisados no software estatístico SPSS utilizando a Análise Fatorial Exploratória - AFE, responsável por agrupar e identificar um elenco menor de variáveis capazes de mensurar a imagem de uma loja (HAIR, et al., 2005). Através da AFE foi possível identificar três dimensões da imagem de loja, as quais, somadas, explicam 63% da variância. A primeira das três dimensões reúne variáveis referentes à forma como a empresa interage com a sua clientela, e por essa razão está sendo chamada de “relacionamento interpessoal”; a segunda dimensão reúne variáveis típicas da conveniência; e a terceira dimensão, e formada preponderantemente pelos tangíveis encontrados na loja física. De acordo com Hair et al. (2005), a confiabilidade pode ser medida através do Alfa de Cronbach que, se superior a 0,6 pode ser considerado confiável para trabalhos de natureza exploratória. As dimensões da imagem, as variáveis e os Alfas de Cronbach correspondentes, encontram-se na Tabela 6. Tabela 6: Dimensões da imagem de loja Dimensões Variáveis Recebe sugestões Relacionamento interpessoal ,944 Simpatia ,849 Reputação ,803 Credibilidade ,791 Importância ,751 Moderna ,708 Pagamento ,679 Formas de pagamento ,662 Ambiente ,662 Quantidade de funcionários ,655 Contato pós-venda ,652 Treinamento ,605 Devolução e troca ,583 Promoções ,529 Símbolos ,510 Conveniência Horário ,821 Localização próxima ,779 Local adequado ,680 Estacionamento ,327 Tangíveis Qualidade ,994 Melhores marcas ,729 Qualidade da propaganda ,570 Ambiente acolhedor ,567 Vitrines ,555 Instalações ,546 Variedade ,523 Aparência dos clientes ,475 Postura ,454 Decoração Alfas de Cronbach ,391 ,946 ,702 ,909 Fonte: dimensões identificadas na pesquisa A influência do preço e da imagem loja foi avaliada através de regressões múltiplas, nas quais a satisfação, a freqüência de compras e a disposição para recomendar a loja foram incluídas como variáveis dependentes, uma de cada vez. O resultado, conforme se vê na Tabela 7, demonstra que o relacionamento interpessoal observado pelos clientes em suas experiências de compra é o principal aspecto influenciador da satisfação, uma vez que apresenta alto grau de significância (Sig = 0,00). O preço pode ser considerado outro fator relevante na construção da satisfação, pois apresenta grande significância (Sig. = 0,015), enquanto que conveniência e os aspectos tangíveis não influenciam significativamente (Sig < 0,05) a satisfação dos clientes. A equação atingiu R2 = 0,837. Tabela 7: Relação entre as dimensões preço, conveniência, tangíveis e relacionamento e a satisfação Coeficientes não Coeficientes padronizados padronizados t Sig. Erro B Beta Padrão Constante ,324 ,624 ,520 ,605 Preço ,146 ,059 ,222 2,477 ,015 Conveniência ,015 ,078 ,017 ,199 ,842 Tangíveis ,166 ,167 ,112 ,997 ,322 Relacionamento ,646 ,151 ,556 4,282 ,000 Fonte: dados identificados na pesquisa A análise de regressão múltipla também revelou que, as variáveis testadas, apenas os aspectos tangíveis das lojas influenciam significativamente a frequência de compras dos consumidores (Sig. = 0,016; R2=0,44). Conforme se vê na Tabela 8, não há significância nos coeficientes referentes à conveniência, aos tangíveis e ao preço. Tabela 8: Relação entre as dimensões preço, conveniência, tangíveis e relacionamento e a frequência de compras Coeficientes não Coeficientes padronizados padronizados t Sig. Erro B Beta Padrão Constante -6,456 2,288 -2,822 ,006 Conveniência -,188 ,283 -,091 -,662 ,510 Relacionamento ,008 ,552 Tangíveis 1,511 ,611 ,003 ,014 ,989 ,454 2,475 ,016 Preço ,080 ,215 ,054 ,371 ,712 Fonte: dados identificados na pesquisa De acordo com a Tabela 9, o relacionamento interpessoal é o principal fator influenciador na decisão de recomendação dos clientes e, consequentemente, na sua lealdade (Sig. = 0,000). O preço possui significância periférica na decisão de recomendação (Sig. = 0,065), e a conveniência e os aspectos tangíveis não influenciam significativamente na decisão de recomendação e na lealdade dos consumidores (R2 = 0,702). Tabela 9: Relação entre as dimensões preço, conveniência, tangíveis e relacionamento e a lealdade (recomendação) Coeficientes não Coeficientes padronizados padronizados t Sig. Erro B Beta Padrão Constante ,039 ,570 ,069 ,945 Preço -,101 ,054 -,217 -1,875 ,065 Conveniência ,107 Tangíveis -,040 ,071 ,166 1,516 ,134 ,152 -,038 -,264 ,792 Relacionamento ,613 Fonte: dados identificados na pesquisa ,138 ,748 4,458 ,000 5 CONCLUSÃO De acordo com a pesquisa realizada é possível identificar as principais características dos clientes que as lojas mantêm. Inicialmente podemos concluir que os consumidores são basicamente do sexo feminino, e que os clientes do sexo feminino são mais velhos que os do sexo masculino. A idade influencia no número de sapatos comprados por ano, porém não influencia na frequência de compras, ou seja, pessoas mais velhas compram mais pares, porém com a mesma frequência que as mais jovens, o que permite concluir que os clientes mais velhos adquirem mais pares a cada compra. Entre os sexos, se pode observar diferenças relevantes de consumo, as mulheres consomem mais pares de sapatos por ano do que os homens, porém compram com menor frequência, o que permite presumir que quando compram o fazem em maior quantidade. As mulheres vão menos vezes às lojas, porém consomem mais, os homens vão mais vezes às lojas e consomem menos, ou seja, o público masculino compra uma coisa de cada vez. Em relação aos sexos também se pode afirmar que não há diferença significante entre a satisfação, porém as mulheres são mais propensas a recomendar. Homens e mulheres são igualmente satisfeitos, no entanto as mulheres recomendam à loja mais do que os homens. O grau de instrução também influencia nos hábitos de compra dos clientes, os respondentes com maior grau de instrução (mestrado) consomem mais pares de sapatos por ano, enquanto os respondentes de outros níveis consomem em menor quantidade. Tal afirmação permite concluir que o poder aquisitivo dos clientes impacta de forma significante no consumo, ou melhor, quanto maior o poder aquisitivo, maior a quantidade de pares consumidos por ano. A frequência com que os clientes assistem televisão também influencia no consumo. Quem assiste menos TV compra mais pares de sapatos por ano e com maior frequência do que aqueles que alegam assistir a vários programas de TV. Tal constatação permite concluir que quem consome mais sapatos são pessoas mais ocupadas e que têm menos tempo para assistir televisão. Os hábitos de leitura de jornais e revistas não podem ser considerados possíveis influenciadores nos hábitos de consumo de calçados. Em seguida, se pode perceber as principais diferenças entre os três municípios. A cidade 2 possui os respondentes com maior grau de escolaridade e mais jovens; maior população de clientes que falam um segundo idioma; consumidores mais satisfeitos, com freqüência de compras intermediaria, porém com maior número de sapatos por ano, e que recomendam com maior frequência a loja. A cidade 3 oferece a maior contribuição de respondentes à amostra, contudo pode se afirmar que os mesmos apresentam os menores graus de escolaridade e possuem idades intermediárias; a maior parte da população fala um segundo idioma e encontra-se menos satisfeita, bem como recomenda menos e compra com menos frequência A cidade 1 possui consumidores com grau de escolaridade intermediário e com maior idade; o município apresenta a menor parcela de respondentes com segundo idioma, porém os mesmos se encontram mais satisfeitos, recomendam mais e compram com mais frequência. Voltando-se para a imagem da loja, a pesquisa permitiu concluir que a mesma pode ser medida através de três dimensões definidas como relacionamento interpessoal, aspectos tangíveis e conveniência. A variável preço pode ser acrescentada às outras três por não ter se alinhado a nenhuma dimensão e por ser considerada importante para a avaliação da imagem. Os consumidores do município 1 são os que melhor avaliam a imagem da loja, seguidos pelos clientes do município 2 e, por último e menos satisfeitos com a imagem da loja estão os respondentes do município 3, podendo ser considerados como mais críticos. Tais afirmativas permitem concluir que as cidades 1 e 2 possuem imagens semelhantes sob a ótica dos clientes, enquanto que a cidade 3 difere das outras duas. Os dois principais aspectos influenciadores da satisfação e da lealdade, de acordo com a presente pesquisa, são o relacionamento interpessoal e o preço, considerados verdadeiramente significantes. A frequência de compras dos consumidores é influenciada, principalmente, pelos aspectos tangíveis que a loja apresenta. Como principais limitações, a pesquisa apresenta dificuldades com relação à amostra, pois além de ser pequena e de apresentar disparidade em relação aos municípios pesquisados, também pode ser considerada uma amostra de conveniência. Contudo, a pesquisa se encontra em andamento e parte da amostra ainda não foi colhida. Através destas conclusões a loja pode desenvolver programas de retenção e de manutenção de seus clientes de acordo com o perfil dos mesmos, com a forma como eles avaliam a loja e com os hábitos de consumo. Informações estas consideradas muito importantes pelo pessoal de marketing e, principalmente, pelos proprietários das lojas que, direcionam esforços para atingir seu público-alvo da melhor forma possível. De acordo com a pesquisa realizada, podemos perceber que a imagem da loja é consideravelmente importante na percepção dos consumidores. Desta forma, percebe-se a importância de uma gestão focada na construção de imagens semelhantes às personalidades dos clientes, sendo utilizada como uma ferramenta para propor ações de melhoria. Como sugestões, as questões ambientais também deveriam ser testadas juntamente com as variáveis direcionadas a avaliar a imagem das lojas, uma vez que sempre influenciaram de forma considerável nas ações de marketing. Porém sua relevância foi percebida com maior impacto na última década (KOTLER e KELLER, 2006). Atualmente muito se estuda o marketing ecologicamente correto, ao mesmo tempo que muitas empresas procuram capitalizar a crescente sensibilidade do consumidor a questões ambientais. Questões como a sustentabilidade social e ecológica ocupam cada vez mais espaço na agenda dos Administradores. E por essa razão é interessante investigar como as ações de responsabilidade social das empresas interferem na formação da imagem. A presente sugestão de trabalho buscaria responder se a responsabilidade social pode ser considerada como um fator complementador da escala de mensuração da imagem de loja criada por Spinelli e Giraldi (2004), ou se, eventualmente, contribui para a formação da imagem como um construto. Empresas do mundo todo estão concordando que entender o comportamento do cliente é um importante passo para o sucesso empresarial. Reconhecer e avaliar o comportamento dos clientes oferece os conhecimentos necessários para tomadas de decisões de sucesso (SHETH, MITTAL E NEWMAN, 2008). 6 BIBLIOGRAFIA BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W.; ENGEL, J. F. Comportamento do consumidor. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. BLOEMER, J.; RUYTER, K. On the relationship between store image, store satisfaction and store loyalty. European Journal of Marketing, WestYorkshire: MCB Publications, v. 32, n. 5/6, p. 499-513, 1998. BLOEMER, J.; SCHRODER, G. O. 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