A CARTOGRAFIA DO RELEVO COMPARADA: APLICAÇÕES NA

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A CARTOGRAFIA DO RELEVO COMPARADA: APLICAÇÕES NA
BACIA DO RIBEIRÃO ESPIRITO SANTO (JUIZ DE FORA, MG)
EDUARDO,Carolina Campos ¹
MARQUES NETO, Roberto ²
¹[email protected] Mestranda no Programa de Pós Graduação de Geografia
UFJF, Bolsista CAPES.
²[email protected] Doutor . Professor Adjunto do Departamento de geociências e
do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFJF
Introdução
A conscientização do homem quanto às consequências de suas atividades
sobre o meio ambiente ganhou espaço de debate ao longo das décadas de 1960,
1970, 1980 e, em especial, na década de 1990, na qual aconteceu a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92). Esse encontro
apontou para a discussão de temas como a preservação da biodiversidade, o controle
do aquecimento global, a proteção da camada de ozônio, proteção das florestas e a
promoção do desenvolvimento sustentável (OLIVEIRA, 2007). Nessa perspectiva, a
organização do relevo, sua constituição, evolução e dinâmica estimularam os estudos
geomorfológicos em perspectiva integrada com potencial de coadunar aspectos
morfoestruturais, morfológicos, morfométricos, morfodinâmicos e cronológicos.
Nesse sentindo, a cartografia geomorfológica pode ser considerada como dos
mais relevantes veículos de comunicação voltados para a interpretação do substrato
físico. Afirmando essa potencialidade, Demek (1967 apud CUNHA et al, 2003),
apresenta o mapeamento geomorfológico como um método de estudo e pesquisa, que
em função de sua importância na interpretação do relevo e sua posterior
representação em um único documento pode se tornar uma tarefa árdua, que deve
considerar a diversidade de procedimentos técnicos, as especificidades da área de
estudo e adotar a escala de trabalho mais adequada. A ênfase no cumprimento das
especificidades da cartografia geomorfológica justifica-se pelos usos múltiplos aos
quais os documentos resultantes se prestam sejam para subsidiar atividades dos
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campos da engenharia, atividades agrícolas, planos diretores ou zoneamentos
urbanos e regionais, bem como as tomadas de decisão associadas (EVANS, 1990;
BRUNSDEN, 2003).
No âmbito da discussão exposta, o presente trabalho apresenta uma
comparação de técnicas voltadas para o mapeamento dos tipos de relevo que
abrangem a bacia do Ribeirão Espírito Santo, no município de Juiz de Fora (MG). A
primeira proposta se refere à técnica sistematizada por Ponçano et al. (1981), e a
segunda proposição está baseada na metodologia de Silva (2002). A primeira
proposta foi previamente testada e adaptada por Eduardo (2012), e a segunda foi
elaborada no escopo no Plano Diretor Participativo (PDP) de Juiz de Fora, sendo
comparadas no presente paper em suas principais potencialidades e restrições.
Metodologia
Entre os tipos genéticos estabelecidos pela abordagem metodológica de
Ponçano et al. (1981), se definem na área de estudo os modelados de agradação e
dissecação, estes discernidos a partir dos seguintes aspectos morfométricos:
declividade e amplitude altimétrica, ou profundidade de dissecação. O cálculo da
amplitude altimétrica, que representa o quanto o canal entalhou, se deu mediante a
subtração entre a altimetria das curvas de nível mais elevadas ou do ponto cotado e a
altimetria daquelas mais próximas do talvegue, sempre estabelecendo a relação entre
os topos e o fundo de vale de referência. Simultaneamente, atrelado a esse cálculo, a
variável declividade foi agrupada em níveis de 0 a 15% e acima de 15% e sobreposta
a base topográfica. Essa conjugação permitiu a definição das características das
unidades de relevo, de acordo com o quadro 1.
Quadro 1 - Critérios utilizados para o estabelecimento das categorias do relevo
CONJUNTO DE
SISTEMAS DE RELEVO
Relevo colinoso
DECLIVIDADES
PREDOMINANTES
0 a 15 %
AMPLITUDES LOCAIS
0 a 15 %
100 a 300 m
Relevo de morrotes
> 15 %
< 100 m
Relevo de morros
> 15 %
100 a 300 m
Relevo montanhoso
> 15 %
>300 m
Relevos de morros com
encostas suavizadas
< 100 m
A metodologia trabalhada por Silva (2002), por sua vez, baseia-se na
adequação da proposta de Meis e Miranda (1982), levada a efeito a partir do uso de
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produtos de sensoriamento remoto e cartas topográficas. Por esse prisma, calcula-se
o índice de desnivelamento altimétrico, definido pela diferença entre os valores da
curva de nível mais elevada pelo valor da última curva de nível antes de ocorrer a
confluência da drenagem afluente com a drenagem coletora. Os valores do
desnivelamento altimétrico obtidos foram agrupados e classificados em morfologias
agradacionais, referentes às planícies fluviais (0 a 20 m), e morfologias denudacionais,
que correspondem às colinas suaves (20 a 80 m), colinas íngremes (80-100 m),
morros (100 a 200 m), degraus reafeiçoados (200 a 400 m) e degraus escarpados
(acima de 400 m).
A edição dos documentos cartográficos lançou mão do Sistema de Informação
Geográfica (SIG) através do software ArcGIS, que permitiu a organização no banco de
dados das informações geradas pela restituição do voo planialtimétrico do ano de
2007, realizado pela Prefeitura de Juiz de Fora, com curvas de nível com
detalhamento de 5 em 5 metros e rede de drenagem.
Resultados
As feições de relevo da área de estudo mapeadas pelo método de Ponçano et
al. (1981) indicaram que os relevos classificados como morrotes ocupam
aproximadamente
31%
da
área
total
e
os
relevos
de
morros
ocupam
aproximadamente 56%; as planícies aluvio-coluvionares, por seu turno, ocupam
aproximadamente 13%, conforme visualizado na figura 1.
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Figura 1 – Tipos de relevo da Bacia Ribeirão Espírito Santo mapeados segundo a
metodologia de Ponçano et al. (1981).
Sob a perspectiva da metodologia de Silva (2002), as planícies e terraços
correspondem a 7,37%, planícies fluviais em 5,68%, colinas suaves 7,2%, colinas
íngremes em 11,84%; morros em 61,63% e degraus reafeiçoados em 7,18% (figura 2).
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Figura 2 – Tipos de relevo da Bacia Ribeirão Espírito Santo mapeados segundo a
metodologia de Silva (2002).
Em Ponçano et al (1981) a declividade foi categoricamente relevante no
reconhecimento dos conjuntos de sistemas de relevo. O uso desse dado morfométrico
apontou uma divergência com a aplicação do método de Silva (2002). Em
contrapartida, nesse último método, detalhou-se a categoria denominada de planícies
e terraços, cuja inserção foi possível pelo uso de base topográfica de 5 em 5 metros,
em escala de 1:20.000. Ambas as abordagens metodológicas apontaram um
predomínio de morfologias convexas, enfaticamente morros.
Conclusões:
A cartografia geomorfológica padece de uma falta de padronização que seja
capaz de integrar, em diferentes escalas, os elementos morfológicos, morfométricos,
morfoestruturais, morfodinâmicos e morfocronológicos, e mesmo no mapeamento de
tipos de relevo, do qual o presente trabalho se ocupou, as metodologias aplicadas
apresentaram resultados que, embora não sejam discrepantes, apresentam alguma
distinção. Nesse sentido, o uso das técnicas do geoprocessamento se mostrou de
grande valia na edição dos documentos cartográficos.
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No âmbito da área de estudo a abordagem de Ponçano et al. (1981) se
mostrou mais condizente com a realidade local, uma vez que a técnica do
desnivelamento se apega em demasia ao critério altimétrico, tendendo, algumas vezes
a interpretações enviesadas, como o discernimento de terraços em domínio de
vertentes e dificuldades na distinção entre morrotes e colinas e entre morros e degraus
reafeiçoados. Por fim, cabe frisar que para o mapeamento do relevo os trabalhos de
campo são imprescindíveis para calibrar as técnicas utilizadas e condição sine qua
non para um resultado cartográfico de fidedignidade aceitável.
Referencias Bibliográficas:
BRUNSDEN, D. Geomorphology, engineering and planning. Geographia Polonica, p.
185-205, 2003.
DEMEK, J. Generalization of geomorphological maps. In: CUNHA, C. M. L; MENDES,
I. A.; SANCHEZ, M. C. A Cartografia do Relevo: Uma Análise Comparativa de
Técnicas para a Gestão Ambiental. Revista Brasileira de Geomorfologia.
Ano4,
nº1
(2003)
01-09.
Disponível
em
<http://www.ugb.org.br/home/artigos/SEPARATAS_RBG_Ano_2003/Revista41_Artigo01_2003.pdf>. Acesso em: março, 2011.
EDUARDO, C.C. Mapeamento Morfológico na Bacia do Ribeirão Espírito Santo
no Município de Juiz de Fora (MG): Abordagem em Cartografia
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Federal de Juiz de Fora.
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GUERRA, A. T. Dicionário geológico-geomorfológico. 5. ed. Rio de Janeiro, IBGE,
1978. 448 p.
MEIS, M. R. M.; MIRANDA, L. H. G.; FERNANDES, N. F. Desnivelamento de Altitude
como Parâmetros para a Compartimentação do Relevo. In: XXXII
CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 1982, Salvador. Anais do XXXII
Congresso Brasileiro de Geologia. Salvador: 1982. p.1489-1503.
OLIVEIRA, P.H.S. Cobertura florestal e disponibilidade hídrica na Bacia do
Ribeirão Espírito Santo, em Juiz de Fora. 2007. Dissertação (Mestrado em
Ciência Ambiental), Universidade Federal Fluminense.
PONÇANO, et al. Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo. Programa de
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