avaliação clínica da utilização profilática de clorohexidina no

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AVALIAÇÃO CLÍNICA DA UTILIZAÇÃO PROFILÁTICA
DE CLOROHEXIDINA NO CONTROLO DE COMPLICAÇOES
PÓS-OPERATÓRIAS NA CONSULTA DE CIRURGIA ORAL DA
CLÍNICA DENTÁRIA UNVERSITÁRIA DA UCP
Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa
Para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária
Por:
Nelson Daniel Sobral Rebelo
Viseu, 2014
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA UTILIZAÇÃO PROFILÁTICA
DE CLOROHEXIDINA NO CONTROLO DE COMPLICAÇOES
PÓS-OPERATÓRIAS NA CONSULTA DE CIRURGIA ORAL
DA CLÍNICA DENTÁRIA UNIVERSITÁRIA DA UCP
Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa
Para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária
Orientador: Mestre Tiago Ferreira Borges
Co-Orientador: Doutor Miguel Silva Pereira
Por:
Nelson Daniel Sobral Rebelo
Viseu 2014
Aos meus pais;
Por todo o amor, educação dedicação e
Por tantos outros preciosos valores que me transmitem todos os dias.
Nada daquilo que sou hoje seria possível sem vocês.
À minha irmã,
Por todas as aventuras que vivemos, pelo seu companheirismo, pelas
confidências e desabafos, e por estar sempre presente nos momentos mais importantes
da minha vida.
V
Agradecimentos
Manifesto a minha maior gratidão ao Mestre Tiago Borges, orientador deste
projecto, pela simpatia, amizade, apoio, orientação, ensinamento e acima de tudo pela
constante disponibilidade que me prestou na realização deste trabalho.
Ao Professor Miguel Pereira, co-orientador deste projecto, pela sabedoria,
pelos ensinamentos, apoio e auxílio prestado durante a elaboração deste projecto.
À minha grande amiga, Ana Veloso e Carolina Henriques, com quem
partilhei alegrias e tristezas, certezas e dúvidas e uma imensa amizade que ajudou a
construir aquilo que sou. A elas a minha eterna gratidão, ontem, hoje e sempre.
Ao Fábio Lobo e ao Nelson Judas, por terem sido sempre como dois irmãos para
mim e por todos os momentos que passamos juntos.
À Universidade Católica Portuguesa - Pólo de Viseu , a todos os
professores e funcionários com quem me cruzei durante estes cinco anos, pela
dedicação e pelos conhecimentos transmitidos, um grande bem-haja
VII
“Escolhe um trabalho que gostes, e não terás que
trabalhar nem um dia na tua vida”
(Confúcio)
IX
Resumo
O acto cirúrgico oral é, por norma, uma intervenção que executada de forma
planeada produz raras complicações tardias.
Os acidentes e complicações surgem por varias razões, nomeadamente falhas
de diagnóstico e planeamento, técnica operatória deficiente, ausência de assépsia e um
mau controlo pós-operatório. Torna-se então necessário controlar os sintomas pósoperatórios.
A clorohexidina é um anti-séptico que actua contra as bactérias da cavidade
oral e é amplamente utilizada na medicina dentária. Bochechos orais com
clorohexidina demonstraram uma redução da flora oral e uma redução na incidência
de complicações pós-operatórias.
O objectivo deste estudo randomizado assenta na avaliação clínica da
utilização profilática de clorohexidina no controlo das complicações pós operatórias
na consulta de cirurgia oral da Clínica Universitária da Universidade Católica
Portuguesa.
Foram constituídos dois grupos de estudo: GrupoI- ou grupo de controlo, em
que não foi realizada profilaxia com clorohexidina; e o Grupo II constituído por
indivíduos em que foi utilizada a profilaxia com clorohexidina, sendo posteriormente
avaliadas na consulta de controlo várias complicações pós-cirúrgicos como
hemorragias, hematomas, alveolites, edema, dor e trismo.
Os resultados obtidos revelaram que não existem diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos (p >0.05), no que concerne ao controlo das
complicações pós-operatórias pelo que se pode inferir que o bochecho com
clorohexidina parece não influenciar de forma marcada a incidência deste tipo de
complicações.
Palavras Chave: complicações pós-operatórios, cirurgia oral, clorohexidina,
bochechos, colutórios, profilaxia, antisséptico.
XI
Abstract
The oral surgical procedure is normally an intervention that correctly planned
and executed produces rare postoperative complications.
Accidents and complications arise for several reasons, including diagnosis and
planning, incorrect surgical technique, poor aseptic care and postoperative control
failures, becoming necessary to control postoperative symptoms.
Chlorhexidine is an antiseptic against bacteria from the oral cavity and is
widely used in dentistry. Oral rinses with chlorhexidine showed a reduction in oral
flora and a reduction in the incidence of postoperative complications.
The aim of this randomized study is to evaluate the prophylactic use of
chlorhexidine in controlling postoperative complications in outpatient Oral Surgery at
the University Clinic of the Catholic University of Portugal.
Two study groups were designed: Group I - consisting of a control group in
which no prophylaxis with chlorhexidine was performed, and Group II comprised of
individuals that prophylaxis with chlorhexidine was used. In post-operative control
visits were evaluated different parameters such as bleeding, bruising, alveolitis,
edema, pain and trismus.
The results revealed no statistically significant differences between groups (p>
0.05), in relation to the control of postoperative complications so we can say that
rinsing with chlorhexidine seems not to influence the incidence of these type of
complications.
Key
words:
Postoperative
complications,
chlorhexidine,
mouthwash,
mouthwashes, prophylaxis, anti-bacterial
XIII
Índice
Agradecimentos .............................................................................................. VII
Resumo ............................................................................................................ XI
Abstract .......................................................................................................... XIII
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 3
1.1
- Enquadramento teórico ...................................................................... 3
1.2 O acto cirúrgico......................................................................................... 4
1.2.1 Diagnóstico ........................................................................................ 5
1.2.2 Planeamento da cirurgia .................................................................... 5
1.2.3 Princípios de assépsia ........................................................................ 7
1.2.4. Hemostase ......................................................................................... 8
1.2.5. Descontaminação e desbridamento .................................................. 8
1.2.6. Sutura ................................................................................................ 8
1.2.7. Instruções pós-operatórias ................................................................ 9
1.2.8. Consulta de controlo pós operatório ............................................... 10
1.2.9. Cicatrização .................................................................................... 11
1.2.10. Estágios de cicatrização ................................................................ 11
1.2.11. Tipos de cicatrização .................................................................... 12
1.3. Complicações cirúrgicas ........................................................................ 14
1.3. Complicações pós operatórias................................................................ 15
1.3.1. Hemorragia ..................................................................................... 15
1.3.2. Hematomas ..................................................................................... 17
1.3.3. Alveolites ........................................................................................ 17
1.3.4. Edema ............................................................................................. 18
1.3.5. A dor ............................................................................................... 20
1.3.6. Trismo ............................................................................................. 21
1.3.7. Lesões vasculo-nervosas................................................................. 22
1.4. O Biofilme dentário ............................................................................... 22
1.4.1. O conceito de placa dentária ........................................................... 22
1.4.2 Controlo do biofime dentário .......................................................... 23
1.5. Clorohexidina......................................................................................... 25
1.5.1 Definição e composição................................................................... 26
1.5.2. Mecanismos de acção e efectividade .............................................. 26
1.5.3. Eficácia da clorohexidina. .............................................................. 27
1.5.4. Toxicologia, segurança e efeitos secundários................................. 28
2. OBEJECTIVOS ............................................................................................ 31
2.1 Justificação do estudo ............................................................................. 31
2.2 Objectivos do estudo ............................................................................... 31
2.3 Hipóteses de Investigação ....................................................................... 32
3. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 35
3.1 Local de estudo ....................................................................................... 35
3.2 Tipo de estudo ......................................................................................... 35
3.3 Duração e período do estudo................................................................... 35
3.4 Critérios de inclusão e exclusão .............................................................. 35
3.4.1 Critérios de inclusão ........................................................................ 35
3.4.2 Critérios de exclusão ....................................................................... 36
3.5 População de estudo ................................................................................ 36
3.6 Tipo e técnica de amostragem e dimensão da amostra ........................... 36
3.7. Definição das variáveis de estudo .......................................................... 37
3.8. Estratégia para o tratamento estatístico de dados .................................. 37
3.9 Ambiente Clínico .................................................................................... 38
3.10 Consulta de Controlo ............................................................................ 39
3.10.1 Dor ................................................................................................. 39
3.10.2 Sangramento pós-operatório .......................................................... 39
3.10.3 Alveolite ........................................................................................ 39
3.11. Questões éticas ..................................................................................... 40
4. RESULTADOS ............................................................................................ 43
4.1. Caracterização da amostra ..................................................................... 43
4.2 Caracterização do grupo experimental e de controlo .............................. 45
4.3. Estudo comparativo e de interpelação das variáveis.............................. 47
4.3.1. Incidência de complicações ............................................................ 47
4.3.2. Incidência de complicações de acordo com a zona anatómica ....... 52
4. DISCUSSÃO ................................................................................................ 57
5. CONCLUSÃO .............................................................................................. 65
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................... 69
8. APÊNDICES ................................................................................................ 77
8.1 Apêndice 1 Declaração de consentimento informado ........................ 77
8.2. Apêndice 2 Inquérito de Avaliação de Complicações Pós-Operatórias
em Cirurgia Oral na Clínica Universitária da UCP ............................................. 79
9. ANEXOS ...................................................................................................... 85
9.1. Anexo 1 - Índice de tabelas ............................................................... 85
9.2. Anexo 2 - Índice de gráficos.............................................................. 87
I - INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1 - Enquadramento teórico
Apesar do progresso na prevenção e em técnicas conservadoras nos tratamentos
dentários, a extracção dentária continua a ser uma importante parte da terapêutica para
as patologias que afectam as peças dentárias (1).
É interessante conhecer as causas pelas quais se extraem um grande número de
peças dentárias, com a finalidade de identificar os elementos de risco, procurando assim
conceber estratégias de modo a evitar as principais complicações pós-operatórias (2).
Todos os pacientes devem ter uma consulta de controlo para que se possa
examinar a evolução do tratamento após o procedimento cirúrgico (3). Como rotina em
procedimentos simples uma consulta após uma semana é adequada. As suturas devem
ser removidas na consulta de controlo feita após uma semana do acto cirúrgico se a
ferida operatória estiver dentro do processo normal de cicatrização (4).
Os pacientes de Cirurgia Oral podem ser saudáveis ou padecer de doenças
sistémicas (doentes de alto risco e doentes de baixo risco) e/ou estar sobre terapêuticas
farmacológicas sendo que, as complicações associadas ao acto cirúrgico podem surgir
não só pela condição sistémica do paciente, mas também relacionadas com o próprio
acto operatório (3, 5).
Uma avaliação precisa do paciente em causa, associada ao melhor planeamento
cirúrgico, a uma boa técnica cirúrgica e a um controlo pós-operatório com a cooperação
do paciente reduz fortemente as hipóteses de se desenvolverem complicações
operatórias (4, 5).
Medidas de carácter preventivo são fundamentais para a saúde oral. Nas últimas
décadas, a medicina dentária preventiva tem procurado desenvolver processos com o
objectivo primordial de manter a cavidade oral saudável, prevenindo o desenvolvimento
de doenças (6).
Segundo Lindhe, a resposta à placa bacteriana varia consideravelmente entre
indivíduos e para prevenir o desenvolvimento da doença periodontal, as medidas de
higiene devem visar a inibição da formação da mesma ou quando não for possível, a
quantidade de placa formada em concentrações tais que não se desenvolva doença
inflamatória destrutiva (7).
3
Os colutórios representam o veículo mais simples para os agentes
quimioprofiláticos e, em geral, apresentam uma mistura do princípio activo em água e
álcool, com a adição de surfactante, um umectante e um sabor (6).
A clorohexidina, no âmbito dos anti-sépticos de uso oral, é um dos agentes
antimicrobianos mais potentes e estudados, sendo altamente eficaz e em geral utilizada
como padrão em relação à potência de outros agentes (8). Lõe, em 1973, provou nos
seus trabalhos clínicos que com o uso repetido de solução de clorohexidina, o número
de microorganismos aeróbicos e anaeróbicos na saliva foi reduzido em 80-90% (9). Na
prática clínica, a clorohexidina é utilizada para limpar campos operatórios, desinfectar
canais radiculares, inibir a formação da placa, cáries e gengivite (8). A clorohexidina é
bem tolerada pelo sistema imunitário e não cria resistência (10).
A clorohexidina demonstrou exercer um maior efeito antibacteriano in vivo e
substantividade do que outros anti-sépticos utilizados na cavidade oral. A sua
substantividade é influenciada por diversos factores, entre eles a concentração. Géis bioadesivos com maiores concentrações de clorohexidina têm mostrado uma maior eficácia
em diversas situações clínicas: tratamento periodontal, após procedimentos de cirurgia
oral, controlo de placa, prevenção de cáries e por via oral cicatrização de feridas (11).
Devido à sua disponibilidade, relativamente baixo custo e propriedades
antimicrobianas comprovadas, a clorexidina tem sido cada vez mais utilizado durante os
procedimentos de extracção cirúrgica (seja pré, intra e / ou pós-operatório), para reduzir
a incidência das complicações pós-operatórias (12).
1.2 O acto cirúrgico
É um conjunto de procedimentos terapêuticos que visa remover a patologia que
compreende o período pré-operatório, operatório, pós-operatório e follow-up, numa
sequência lógica, tendo em mente que o objectivo final é a cura com o menor risco e o
mínimo desconforto para o paciente (4).
4
1.2.1 Diagnóstico
A abordagem analítica do paciente, identifica os primeiros sinais e sintomas e o
estado de saúde geral e oral do paciente estabelecendo-se uma relação entre os
problemas individuais (4).
A etapa inicial na avaliação pré-cirúrgica é a colheita dos dados correctos e
pertinentes. Isso é obtido por meio de entrevistas com o paciente, exames físicos e
estudo complementares de diagnóstico (4).
Para uma boa análise os dados devem ser organizados em uma ficha que permita
testar hipótese, ou seja, o médico deve ser capaz de considerar uma lista de possíveis
doenças e eliminar aquelas sem suporte de dados (4).
Usando este método, associado ao conhecimento das doenças que têm a
probabilidade de estar presentes, o médico esta, em geral, capacitado para decidir sobre
a indicação de cirurgia (4).
1.2.2 Planeamento da cirurgia
Uma extracção atraumática é um procedimento que exige delicadeza,
conhecimento e destreza por parte do cirurgião.
A maioria das decisões importantes relacionadas com procedimentos de cirurgia
oral e maxilofacial é tomada antes do médico dentista administrar qualquer anestésico.
A decisão de realizar a cirurgia deve ser o final de várias etapas de diagnóstico (4).
Na avaliação médica pré-operatória, é fundamental o cirurgião examinar o estado
clínico do paciente. Os pacientes podem ter vairas doenças que requerem uma
modificação no tratamento para que a cirurgia possa realizar-se com segurança. Podem
ser necessária medidas especiais para controlar o sangramento, prevenir infecções e não
agravar o estado das doenças pré-existentes (13).
Intervenções cirúrgicas devem ser bem planeadas com antecedência para
minimizar o traumatismo operatório. No planeamento cirúrgico deve ter-se sempre em
conta: o tipo de anestesia a aplicar, dispor do material e instrumental adequado, ter um
5
assistente e pessoal auxiliar de campo bem formado e treinado, sistema de aspiração e
fonte de luz adequada e planeamento pós-operatório (14).
As duas principais exigências são visibilidade e assistência adequada, a primeira
depende de três aspectos: acesso apropriado, iluminação suficiente e campo cirúrgico
livre de excesso de sangue e outros fluidos (4).
Acesso apropriado não requer apenas que o paciente abra a boca o suficiente,
mas também pode requerer uma exposição cirúrgica adequada (4, 15)
O afastamento de tecidos do campo operatório garante boa parte do acesso
necessário. Um melhor acesso é conseguido pela criação de retalhos cirúrgicos.
A iluminação suficiente é outra necessidade óbvia para a cirurgia.
Um campo cirúrgico livre de fluidos também é necessário para uma boa
visibilidade.
Um alto volume de sucção com uma pequena ponta pode rapidamente remover
sangue e outros líquidos do campo operatório.
Uma equipa multidisciplinar oferece inestimável ajuda durante a cirurgia (4, 15).
Esta deve estar familiarizada com os procedimentos a serem realizados para antecipar as
necessidades do cirurgião (4).
A radiologia é um meio auxiliar fundamental na cirurgia oral, completando o
exame clínico do paciente. As radiografias confirmam os dados observados na história
clínica e revelam outros novos de forma rápida e eficaz. Em cirurgia oral podem
utilizar-se
destintas
técnicas
radiográficas:
radiografia
panorâmica
ou
ortopantomografia, radiografias intra-orais, radiografias extra-orais e outras técnicas
radiográficas (14).
A ortopantomografia consegue uma visão completa dos maxilares e de todos os
dentes. É uma técnica fácil de realizar, com uma reprodução nítida e rica em contraste,
no entanto, fornece um detalhe das estruturas alveolodentárias deficiente.
Com as radiografias intra-orais, podemos explorar toda a zona alveolodentária,
desde a coroa dentária até á área periapical, visualizando o espaço periodontal e osso
maxilar em redor do dente (14).
A tomografia computorizada de feixe cónico é um exame radiográfico que
permite a visualização de diferentes cortes a 3 dimensões. Este exame radiográfico é
adequado para radiografar a área craniofacial pois fornece imagens nítidas de estruturas
altamente contrastantes sendo extremamente útil para avaliar o tecido ósseo.
Actualmente a sua aplicação encontra-se amplamente introduzida na prática clínica de
6
Medicina Dentária, sendo que abrange áreas como a cirurgia oral, cirurgia maxilofacial,
implantologia, ortodontia, endodontia, periodontologia e oclusão, tendo ainda outras
aplicações. É ideal para o uso em consultório dentário, onde as doses de radiação
utilizadas, bem como o custo são de extrema importância, assim como o espaço para a
colocação do equipamento, sendo este na maioria dos casos limitado (16).
1.2.3 Princípios de assépsia
A assépsia é a exclusão completa de microorganismos do campo operatório para
prevenir a contaminação de ferida. A boca do paciente, no entanto, não pode ser
esterilizada e permanece como uma fonte de infecção (4, 15).
A assepsia cirúrgica deve abranger o paciente, o cirurgião, os assistentes, o
instrumental, e também o mobiliário e local onde se efectua a intervenção (14).
A cavidade oral nunca esta completamente estéril. No entanto pode evitar-se a
maior parte da contaminação antes de realizar uma intervenção efectuando uma
destartarização 2/3 dias antes, uma boa higiene oral praticada antes da cirurgia e
aplicação na zona operatória de um agente químioprofiláctico. Estas medidas de
limpeza são recomendadas, indicando ao paciente para bochechar com clorohexidina 24
horas prévias à intervenção cirúrgica (14).
Nas intervenções cirúrgicas orais devem preparar-se campos operatórios estéreis
e é necessário cobrir a cabeça, o pescoço e o tórax. Todas as intervenções cirúrgicas e
especialmente as extra-orais requerem uma limpeza cuidadosa da pele perioral. Sendo
assim deve começar-se por limpar primeiro a pele desde os olhos até ao pescoço com
uma gaze embebida em éter, depois lava-se com álcool e finalmente colocasse uma
solução de povidona iodada em toda a zona operatória (14).
7
1.2.4. Hemostase
Durante o ato cirúrgico há perda de sangue havendo necessidade de prevenção de
perdas excessivas sanguíneas, de forma a preservar a capacidade do doente de manter
níveis de oxigenação estáveis. A manutenção de hemostasia é também fundamental na
manutenção da boa visibilidade e também uma forma de evitar formação de hematomas,
que fazem compressão, diminuindo a vascularização, aumentando a tensão nos bordos
da ferida e que actuam como um meio de cultura, potenciando o desenvolvimento de
uma infecção (4, 15, 17, 18).
1.2.5. Descontaminação e desbridamento
Devido ao risco de infecção da ferida operatória durante e após o procedimento
cirúrgico, deve-se proceder à irrigação abundante e sob pressão da ferida, com soro
fisiológico ou água esterilizada.
O desbridamento da ferida é uma cuidadosa remoção do tecido traumatizado,
necrosado, granulomatoso, epitelial, de material estranho, e áreas gravemente
isquémicas que impediriam a normal cicatrização da ferida cirúrgica (4).
1.2.6. Sutura
É a etapa final da maioria dos procedimentos cirúrgicos (4, 15, 17, 18)
envolvendo uma incisão/laceração. É de extrema importância a escolha do método e
material para o encerramento da ferida operatória, uma vez que antecede a cicatrização,
e se for feita de maneira inadequada, pode dificultar a cicatrização e desenvolver
complicações pós-operatórias para o paciente.
8
1.2.7. Instruções pós-operatórias
Segundo Peterson et al (3) a prevenção de complicações pós-operatórias não
passa unicamente por um diagnostico acertado com um bom planeamento cirúrgico e
técnica operatória correta e eficiente,
O paciente submetido ao procedimento cirúrgico deve, pelo seu médico dentista,
ser informado oralmente e por escrito das instruções pós operatórias para se evitarem
complicações após o procedimento cirúrgico.
Cuidado com a ferida
O paciente deve morder firmemente a compressa de gaze colocada até chegar a
casa, removendo-a então suavemente (4, 15, 17).
Não deve fumar por 12 horas, uma vez que pode provocar hemorragia e interferir
na cicatrização.
Hemorragia
Não cuspir, não fazer sucção e dormir com a cabeças mais alta do que os pés (3,
15).
Dieta
No primeiro dia, dieta à base de alimentos frios e macios, evitar mastigar no
local da ferida cirúrgica e ingerir muitos líquidos (3, 15).
Higiene oral
Não fazer bochechos nem escovar os dentes nas 24 horas seguintes. No primeiro
dia passar a água na boca de forma suave (4).
Repouso
Evitar actividade intensa nas primeiras 12 horas após a cirurgia.
Sutura
Avisar para a remoção da sutura após uma semana (4, 15, 17).
9
Medicação
Ao paciente deve ser prescrita a medicação necessária de acordo com a patologia
e procedimento cirúrgico.
Edema, equimose e trismo
Avisar o paciente da duração normal destas complicações. Aconselhar a
colocação de gelo após a cirurgia para reduzir a formação de edema (3, 19).
1.2.8. Consulta de controlo pós operatório
Todos os pacientes devem ter uma consulta de controlo para que se possa
examinar e evolução do paciente após o procedimento cirúrgico (3).
Como rotina, em procedimentos simples, uma consulta de acompanhamento após
uma semana é normalmente adequada.
As suturas devem ser removidas na consulta de controlo feita após uma semana
do acto cirúrgico se a ferida operatória estiver dentro do processo normal de
cicatrização (4).
Os pacientes devem ser informados que, se surgir alguma dúvida ou problema,
devem ligar para o seu médico dentista e solicitar antecipação da consulta pósoperatória. Normalmente as razões são sangramento prolongado e incómodo ou dor que
não responde à medicação prescrita e infecção (4).
É importante que o paciente saiba que o médico está disponível para responder a
qualquer pergunta ou a qualquer problema pós-operatório que aconteça. Mesmo que a
consulta de controlo possa parecer desnecessária, pelo menos uma deve ser feita para
dar ao paciente oportunidade de discutir alguma sequela operatória (20).
10
1.2.9. Cicatrização
O processo cicatricial pode ser condicionado por vários factores que podem
acelerar ou retardar o processo normal de cicatrização (4). O objectivo é o
restabelecimento da continuidade epitelial, minimização do tamanho da cicatriz e
restauração da função (4). A infecção da ferida é uma complicação que se pode
propagar não apenas para a ferida cirúrgica, mas também para toda a extensão dos
tecidos envolvidos na manipulação cirúrgica (20).
O epitélio lesado tem uma capacidade regenerativa que lhe permite restabelecer a
sua integridade por meio de migração e de um processo chamado inibição de contacto.
Traduz-se por um bordo livre de epitélio migratório até que entre em contacto
com outro bordo livre do epitélio, onde então é sinalizado para parar de crescer
lateralmente.
O epitélio normalmente não contem vasos sanguíneos, o epitélio das feridas no
qual o tecido subepitelial também é lesado, migra através de qualquer camada de tecido
vascularizado disponível, ficando abaixo da porção do coagulo superficial que recessa,
até que alcance a outra margem epitelial.
Uma vez que a ferida esteja totalmente epitelizada, a crosta desprende-se e é
eliminada (21). O processo de reepitelização (epitelização secundária) é comumente
utilizado terapeuticamente por cirurgiões orais e maxilofaciais durante certos
procedimentos cirúrgicos pré-protéticos em que uma área de mucosa é despida de
epitélio e então deixada epitelizar pelo epitélio adjacente que alastra para o leito da
ferida (4).
1.2.10. Estágios de cicatrização
Estágio inflamatório- também chamado de fase de intervalo, inicia-se no
momento da lesão tecidular e na ausência de factores que prolonguem a inflamação,
dura 3-5 dias. Tem duas fases: vascular e celular (4).
Na fase vascular ocorre uma vasoconstrição inicial dos vasos lesados
proporcional ao tónus vascular normal. Na fase célular, desencadeia-se pela actuação do
11
complemento sérico pelo traumatismo celular, particularmente o C3a e o C5a, que
actuam como factores quimiotaxicos e causam a aderência dos leucócitos
polimorfonucleares na periferia dos vasos sanguíneos e assim ocorre a migração através
da parede dos vasos.
Estágio fibrloblástico – fase que dura normalmente 2-3 semanas em que fios de
fibrina derivados da coagulação sanguínea que se entrecruzam nas feridas, formam uma
rede sobre a qual os fibroblastos podem iniciar a precipitação de substancia fundamental
e tropocolágeneo.
Clinicamente, a ferida no final da fase fibroblástica, estará endurecida devido à
quantidade excessiva de colagénio e eritematosa devido ao grau de vascularização,
sendo capaz de suportar 70 a 80% da tensão que suporta um tecido não lesado (4).
Estágio de remodelação/maturação da ferida - fase final da reparação da ferida,
que continua indefinidamente; nesta fase muitas das fibras de colagénio aleatoriamente
depositadas anteriormente são destruídas à medida que são substituídas por novas fibras
de colagénio, orientadas para melhor resistir as forças de tensão sobre a ferida (4).
Os osteoblastos derivam do periósteo, endósteo e células mesenquimais
indiferenciadas circulantes. Os osteoclastos derivam de células percursoras de
monócitos, e funcionam para reabsorver osso necrótico e osso que necessita de ser
remodelado. Os osteoblastos depositam então o osteóide que, se mantido imóvel durante
o processo de cicatrização, calcifica (4).
1.2.11. Tipos de cicatrização
Cicatrização por primeira intenção – os bordos da ferida em que não houve perda
tecidular, são posicionados na exacta posição anatómica que possuíam antes da lesão e
pelas características favoráveis consegue-se uma cicatrização muito perto de não deixar
cicatriz (4).
12
Cicatrização por segunda intenção – um espaço é deixado entre os bordos da
lesão ou laceração ou entre terminações ósseas ou nervosas depois do reparo. Também é
assim designada para uma lesão em que houve perda de tecido que impeça a
aproximação dos bordos da ferida (4).
Cicatrização por terceira intenção – cicatrização da ferida por meio de enxertos
de tecido sobre as feridas de grande extensão que cicatrizam por segunda intenção (4)
Cicatrização óssea – os mesmos acontecimentos que ocorrem durante a
cicatrização dos tecidos moles, também ocorrem durante a remodelação do osso lesado
com a diferença que há envolvimento de osteoblastos e osteoclastos para reconstruir e
remodelar tecido ósseo lesado. Após uma extracção dentária, ocorre um processo de
remodelação e reparação óssea do alvéolo (22, 23). O alvéolo dentário vai ainda sofrer
reabsorção óssea, sendo que esta é, normalmente, mais pronunciada por vestibular que
por lingual/palatino e maior na mandíbula que na maxila (22, 24) .
Escoda et al (2004) dividem o processo de reparação óssea em cinco fases:
hemorragia e formação do coágulo; organização do coágulo com tecido de granulação;
substituição do tecido de granulação por tecido conjuntivo e epitelização da ferida,
substituição do tecido conectivo por osso alveolar trabeculado e, por fim, reconstrução
da crista alveolar e substituição do osso imaturo por tecido ósseo maduro (22).
O processo de remodelação óssea ocorre durante cerca de três semanas, sendo
realizado numa primeira fase por osteoclastos e continuada por osteoblastos. Nos três quatro meses seguintes, ocorre deposição de matriz óssea por células pré-osteoblásticas.
Este mecanismo tem como reguladores importantes os sinais físicos, sendo que no caso
das extracções, o trauma causado durante este procedimento vai ser o sinal que vai
assinalar o local de agressão (25). Existem vários reguladores locais deste processo
ósseo, tendo sido as citocinas os primeiros reguladores a serem conhecidos. Outros
reguladores conhecidos são os factores de crescimento semelhantes à insulina que vão
activar os osteoclastos (26). Os linfócitos T são outras das células responsáveis pela
regulação da remodelação óssea (27), as plaquetas também têm sido relacionadas com a
regulação da remodelação óssea (28) e as prostaglandinas estão também envolvidas
neste processo, estimulando a reabsorção óssea (29).
Imediatamente após a exodontia, ocorre uma hemorragia que vai levar ao
preenchimento do alvéolo com sangue, que através de mecanismos hemostáticos levará
à formação de um coágulo sanguíneo (22-24). Após vinte e quatro horas depois da
extracção, inicia-se o processo inflamatório agudo nos tecidos que rodeiam a ferida
13
(22). Simultaneamente, ocorre migração de neutrófilos e macrófagos que vão ser
responsáveis pela remoção de bactérias e de corpos estranhos do interior do alvéolo
(23).Os macrófagos presentes em locais de extracção vão apresentar um decréscimo
lento a partir de dada altura, entre a segunda e quarta semana (24).
No segundo ou terceiro dia após a extracção cirúrgica, vai ocorrer proliferação
de vasos sanguíneos e provisional matrix, que vão formar tecido de granulação (22, 23).
Esta provisional matrix é um tecido rico em células mesenquimais, fibras de colagénio e
estruturas vasculares (24). Os fibroblastos, que vão ser os responsáveis pela síntese do
colagénio, invadem o alvéolo por volta do terceiro dia e serão a população celular
dominante até cerca do décimo dia, e têm origem no mesênquima local (22). Por volta
do quinto ao sétimo dia, ocorre a formação óssea com finas trabéculas de tecido fibrilar
imaturo e em simultâneo continua a ocorrer a reabsorção óssea a cargo dos osteoclastos
(22, 24). Ocorre, ainda, a substituição do tecido de granulação por tecido conjuntivo e a
epitelização da ferida cirúrgica, que vai decorrer até entre o vigésimo quarto e o
trigésimo quinto dia (22).
Na fase seguinte, vai ocorrer a reconstrução da crista alveolar e a substituição do
osso imaturo por tecido ósseo maduro, formação do osso alveolar trabeculado que vai
estar a cargo dos osteoblastos (22, 23). Segundo Trombelli et al, (2008) num estudo
com modelo canino, afirmou que o alvéolo está preenchido por osso imaturo após
quatro semanas e que ao fim de dois meses, este já foi substituído por osso esponjoso e
medula (24).
1.3. Complicações cirúrgicas
As complicações pós-operatórias podem surgir devido ao médico responsável, ao
procedimento cirúrgico, ao paciente submetido à cirurgia ou por acção conjunta ente os
três.
Uma avaliação precisa do paciente em causa, associada ao melhor planeamento
cirúrgico, a uma boa técnica cirúrgica e a um controlo pós-operatório com a cooperação
do paciente reduz fortemente as hipóteses de surgirem complicações operatórias (3, 4,
15, 17-19, 30, 31).
14
1.3. Complicações pós operatórias
1.3.1. Hemorragia
O extravasamento sanguíneo natural que se segue a qualquer intervenção não é
uma hemorragia. Segundo Donado et al (15), hemorragia é o extravasamento abundante
anormal de sangue que ocorre durante ou após a intervenção cirúrgica, que não coagula
e a hemóstase não ocorre.
As hemorragias são causadas pela ruptura de um vaso: ruptura da artéria
(hemorragia arterial), ruptura da veia (hemorragia venosa), ruptura de vasos capilares
(hemorragia capilar).
Os meios naturais de hemostase empregados pelo organismo logo após a ruptura
do vaso são: a contractilidade dos vasos e a coagulabilidade do sangue que formam o
coágulo obliterante sobre o foco hemorrágico (20).
Causa locais e gerais que podem originar uma hemorragia (3, 15, 18).
Causas locais: são geralmente de pouca gravidade e devem-se à congestão ou
infecção dos tecidos ou lesões dilacerantes dos mesmos que causam lesão dos vasos.
Causa gerais: são de maior gravidade, pois ocorrem geralmente após as
intervenções cirúrgicas, são produzidas por diáteses hemorrágicas, principalmente por
anemia, hemofilia, leucemia, distúrbios hepáticos, etc.
As hemorragias podem ser classificadas em: primárias ou secundárias (15).
Hemorragias primárias: são as que ocorrem durante ou logo após a intervenção
cirúrgica, sendo as mais fáceis de resolver.
Hemorragias Secundárias: são as hemorragias que ocorrem horas ou dias após
a cirurgia e são as mais graves, pois ocorrem longe do cirurgião, resistem mais às
medicações hemostáticas e nem sempre é fácil trata-las pelos métodos locais
conhecidos. São geralmente por deficiência dos factores que promovem a coagulação,
por certas patologias gerais predisponentes ou por determinante locais.
Os tratamentos/controlo das hemorragias são:
Compressão: comprime-se fortemente o foco hemorrágico, com compressa de
gaze esterilizada, apertando-se com os dedos (3, 15).
15
Hemostáticos locais absorvíveis: estes são colocados directamente na ferida
cirúrgica com a finalidade hemostática.
Esponja de fibrina: provém do plasma sanguíneo humano e não é
removida, após sua colocação no foco hemorrágico (3, 15).
Celulose
oxidada:
é
a
transformação
de
celulose
em
ácido
polianidroglicurônico (3, 15).
Esponja de gelatina absorvível (3, 15).
Hemostase por processo cirúrgico:
Pinçagem:
é
realizada
com
pinças
hemostáticas
apertando
as
extremidades dos vasos sangrantes (3, 15).
Ligadura: esta é feita após a pinçagem, passando-se um fio de sutura ao
redor da pinça, faz-se um primeiro nó que desliza pela pinça até à extremidade
do vaso; o nó é então apertado e terminado e a pinça é retirada (3, 15).
Sutura: é um dos melhores e mais simples meios de se realizar a
hemostase, protegendo a ferida cirúrgica e proporcionado uma mais rápida
cicatrização (3, 15).
Medicação hemostática geral: é um complemento valioso dos métodos locais,
em muitos casos, torna-se indispensável. É constituída por medicamentos que actuam na
coagulação, activando ou corrigindo factores que a promovem ou por agentes que
actuam sobre os vasos, corrigindo possíveis alterações (3, 15).
Compensação, transfusão: nas hemorragias graves, raramente o paciente chega
a perder de 1500 a 2000 ml de sangue. Acima deste volume sanguíneo é considerado
fatal. A grande diminuição de sangue circulante, provoca uma queda da tensãom
resultando uma deficiência circulatória nos tecidos (3, 15).
A importância da compensação, é restabelecer rapidamente o volume normal de
massa circulante nas grandes perdas sanguíneas. Pode indicar-se a administração de
solução isotónica ou de dextrose (3, 15).
Nas emergências, hoje empregam-se largamente as transfusões de plasma
sanguíneo, porque este pode ser administrado facilmente em qualquer parte, quer nos
hospitais, consultórios ou na própria residência do paciente.
Após ter passado o período de emergência, podem ser administrados
posteriormente, transfusões de sangue total, quando houver necessidade de se
restabelecer de uma deficiência dos elementos figurados (15).
16
1.3.2. Hematomas
É uma complicação frequente, ao qual não se dá a importância que tem. Consiste
na difusão de sangue, seguindo planos musculares, a favor da menos resistência que
opõem à sua passagem, os tecidos contíguos da região onde foi realizada a cirurgia (3,
18).
Dependendo da cirurgia, o hematoma pode ser submucoso, sub-periosteo,
intramuscular ou fascial. Nos pacientes com diáteses hemorrágicas, os hematomas
formam-se no arco palato-faringeo e são consideredos os mais perigosos de todos.
Caracteriza-se por um aumento do volume a nível do local da cirurgia. Este surge
geralmente 12 a 24 horas após a cirurgia e o seu desaparecimento total demora 3 a 4
dias ou mais, isto é, este processo pode demorar aproximadamente uma semana (3, 18).
Tratamento: bolsa de gelo extra-oral nas primeiras 24 horas, após as 24 horas
iniciais podem ser utilizadas compressas com água quente. Algumas pessoas
recomendam a administração de antibióticos para evitar a supuração do hematoma e
analgésicos para alívio da dor (3, 19).
Prevenção: a cirurgia deve ser o mais breve a atraumática possível, a sutura
deve ser feita por planos e sem excessiva tensão dos pontos, profusa irrigação para
impedir o efeito dos instrumentos rotatórios (3, 18, 32).
1.3.3. Alveolites
Também designada osteíte alveolar, caracteriza-se por um processo inflamatório
dento-alveolar que se pode instalar após uma extracção cirúrgica. É uma complicação
frequente (33, 34), responsável por um grande sofrimento do paciente (15, 18, 35).
Para o seu aparecimento, contribuem diversos factores, sendo que, a junção de
alguns deles produz esta afecção, que com frequência, adquire características
alarmantes, pela intensidade de um dos seus sintomas: a dor (15, 18)
As alveolites podem ser classificadas de várias forma. Segundo Tetsch e Wagner
(1982), apresentam-se sobre duas formas: Alveolite granulomatosa e Alveolite seca.
17
Alveolite granulomatosa: é uma inflamação de predomínio alveolar, que
apresenta um alvéolo purulento, sangrante e doloroso.
Geralmente, é uma reacção a corpos estranhos, sobretudo de esquírolas ósseas e
às vezes esquírolas dentárias. Ocorre 5 a 7 dias após o acto cirúrgico. Tem odor fétido e
a dor é localizada (18).
O tratamento consiste num novo acto cirúrgico: anti-sepsia, anestesia, remoção
do coágulo e do corpo estranho, irrigação com soro fisiológico, curetagem para
obtermos a formação de novo coágulo no interior do alvéolo, avivamentos dos bordos
da ferida cirúrgica e sutura. Administra-se analgésico e anti-inflamatório (15, 35).
Alveolite seca: Caracterizada pelo alvéolo aberto, sem coágulo, paredes ósseas
expostas, dolorosas, tecido gengival pouco infiltrado, muito doloroso também,
sobretudo nos bordos (15, 35). É uma lesão em que, por falta imediata ou por
desaparecimento prematuro do coágulo, o alvéolo fica aberto comunicando com a
cavidade oral, com as paredes ósseas desprotegidas e com os bordos gengivais
separados. As paredes ósseas apresentam uma cor acinzentada, a dor é irradiada, ocorre
2 a 3 dias após a cirurgia.
No tratamento devemos explicar ao paciente que a sintomatologia dolorosa se
vai manter por uma semana ou mais. Esta sintomatologia não se deve a uma raiz
fracturada como vulgarmente pensam, pois muitas vezes encontram com a língua um
sequestro ósseo destacado.
Prescrever abundantes lavagens bucais com solutos salinos mornos ou colutórios
anti-sépticos suaves e se necessário tratamento analgésico e/ou anti-inflamatório mais
antibioterapia. Poderá ser necessário anestesiar e proceder a uma curetagem suave do
alvéolo, para remoção do osso necrosado e tecido de granulação, irrigação com soro
fisiológico para limpeza do alvéolo (18).
1.3.4. Edema
Surpreendentemente, muitos Médicos Dentistas consideram ainda o edema como
uma complicação (resposta patológica) e não como uma resposta fisiológica normal
devido ao trauma provocado. Quando um tecido corporal é lesado, independentemente
18
da causa, este vai responder fisiologicamente através de inflamação, que conduz ao
edema. Desta forma, é expectável que após cada intervenção ocorra edema, só resta
saber com que gravidade e a sua localização precisa (36).
O edema ocorre devido ao aumento da pressão osmótica, alterações na
permeabilidade capilar, transudação de fluidos ao longo dos vasos até à área lesada e
obstrução linfática local por fibrina e coágulos fibrinogénicos provenientes do plasma e
dos tecidos lesados adjacentes. Os fluidos acumulam-se posteriormente nos espaços
intersticiais e na maior parte dos casos, quanto maior for a área de tecidos lesados, mais
acentuado será o edema desenvolvido (36).
Hupp (1998) referiu que a sua ocorrência vária de acordo com a localização e
que tem tendência a ser mais acentuado em áreas de tecido conjuntivo laxo(4).
O edema facial pós-cirúrgico é difícil de quantificar de uma forma precisa, isto
porque envolve uma medida a três dimensões de um fenómeno que se manifesta de
forma irregular, sobre uma superfície normalmente convexa (a face humana) e que
ocorre quer interna, quer externamente. Há já vários anos que inúmeros investigadores
tentam encontrar uma forma objectiva de medir o edema, de forma a poderem comparar
esses valores entre os pacientes. Até que não surja uma forma mais objectiva que as
actuais, os métodos mais usados e mencionados na literatura incluem escalas visuais
analógicas, registos dos valores de trismo (que podem por vezes não estar directamente
relacionados ao edema), registo fotográfico, tomografia computorizada, dispositivos
modificados do arco facial, ultrassonografia, pletismografia facial e várias outras formas
de medições directas na face (36).
A duração precisa do edema após procedimentos cirúrgicos orais mais
complexos não está bem documentada. No entanto, varia de paciente para paciente e de
procedimento para procedimento. Laskin (1985), referiu que o edema atinge o seu valor
máximo nas 24-48h seguintes à cirurgia, ao passo que Peterson (1998), mencionou que
tal situação ocorre apenas 48-72h depois, ficando resolvida uma semana após o
procedimento ter tido lugar (13). O autor refere ainda que a existência de edema em
expansão depois de 3 dias após a cirurgia é por norma resultante de algum tipo de
infecção.
Um intervalo de 2 a 3 dias para a duração do edema é o mais consistente com a
maioria dos estudos publicados, onde em alguns é também referido que o excesso de
actividade por parte do paciente pode, teoricamente, conduzir à exacerbação do mesmo
(36).
19
Curiosamente, vários autores referem esperar edema mais acentuado do que o
habitual em pacientes com tonalidade clara da pele e do cabelo, porque estes pacientes
aparentam ser mais reactivos. Há também algumas referências de que, aparentemente,
as mulheres são mais susceptíveis a edema pós-operatório mais acentuado relativamente
aos homens, contudo, tal como o facto referido anteriormente, não existe evidência
científica suficiente para comprovar tais situações (36).
1.3.5. A dor
A sensação de dor é obviamente subjectiva, não existindo actualmente um
critério uniforme para a sua mensuração. O grau de dor depende do limiar de tolerância
de cada sujeito, sendo este influenciado por factores como a idade, o género, a
ansiedade e a dificuldade da cirurgia (37).
A dor pós-operatória está relacionada com alterações a nível dos sistemas
nervosos central e periférico, em consequência do trauma causado pela cirurgia. Este
trauma leva à libertação da enzima cicloxigenase-2 (COX-2), a qual desencadeia a
actividade das prostaglandinas responsáveis por sintetizar nociceptores periféricos
causadores dos sintomas inflamatórios (38, 39).
A realização de uma intervenção o mais atraumática e asséptica possível,
reduzirá a hipótese de dor pós-operatória (3, 15, 17, 18).
O paciente deve ser informado de que a dor vai ser mais forte nas primeiras 24h
pós-operatórias e que atinge a intensidade máxima nas 6-8h após a cirurgia. Por norma,
vai estar resolvida num período máximo de 3 a 4 dias e caso persista por mais tempo do
que o referido, pode ser sinal de alveolite seca ou algum outro tipo de infecção (39).
Entre as medidas que ajudam a reduzir a dor destaca-se a aplicação tópica de
gelo, alimentação fria e suave evitando alimentos ácidos e uma boa higiene oral com
bochechos de água salina morna ou soluções anti-sépticas (3, 15, 17, 18).
O tratamento habitual da dor faz uso da medicação com analgésicos e antiinflamatórios não esteróides (15).
20
1.3.6. Trismo
O trismo é definido pela limitação da abertura máxima da boca, por norma
quando esse valor é inferior a 30mm. De entre as sequelas pós-operatórias típicas é a
mais limitativa e, consequentemente, a mais perceptível e referida por parte dos doentes
(40).
O trismo ocorre normalmente em casos de extracção de terceiros molares
mandibulares ou procedimentos cirúrgicos semelhantes e é caracterizado pela restrição
da abertura bucal, devido a espasmos dos músculos mastigatórios (3, 18, 19). É
resultante sobretudo do edema, que vai provocar compressão de estruturas nervosas,
originando dor moderada a severa, mas na realidade é uma combinação de fatores, de
entre os quais se destacam (para além do edema) a dor, o hematoma e o trauma
provocado nos músculos e tendões (39).
Geralmente é mais intenso no primeiro dia após a cirurgia, com uma redução
média na abertura bucal na ordem dos 24%. A sintomatologia começa a diminuir dois
dias depois do procedimento e resolve, por norma, uma semana depois, ainda que por
vezes possa observar-se até 10 dias após a cirurgia (39, 41).
O trismo pode ser também consequência de um ato voluntário do paciente para
evitar o aparecimento de dor durante a abertura da boca. Norholt (1998) referiu acreditar
que o componente psicológico existe realmente, isto porque o paciente receia abrir a
boca porque sabe que ao fazê-lo vai ter dor. Por outro lado, o autor menciona também
uma componente fisiológica, isto porque vários estudos mostraram que a obtenção de
efeito anti-inflamatório está directamente relacionada com a redução do trismo (42).
Identificar os factores e as melhores opções de tratamento são dois
procedimentos fundamentais na limitação do trismo, de forma a facilitar a recuperação
do paciente e a reduzir as consequências que este tipo de procedimento acarreta na
qualidade de vida diária de cada doente (40).
O tratamento do trismo depende da sua causa. Na maioria dos casos não requer
nenhuma terapia específica. Quando a inflamação aguda ou hematoma são a causa,
recomenda-se inicialmente bochechos com água quente e depois antibióticos de largo
espectro (18, 19).
21
1.3.7. Lesões vasculo-nervosas
A anestesia local define-se como a perda da sensibilidade em uma área
circunscrita causada pela depressão de excitação das terminações nervosas ou pela
inibição do processo de condução dos nervos periféricos, sem indução de inconsciência
(3).
Essa perda de sensibilidade resulta da injecção de uma substancia anestésica
próxima aos nervos sensoriais.
Após a injecção de um anestésico local, quando a anestesia persiste por dias,
semanas ou meses há maior possibilidade de problemas (20). Pode ocorrer depois de
uma lesão nervosa na injecção ou de uma técnica cirúrgica traumática. O nervo
regenera-se lentamente e depois de um período de tempo variável recupera a
sensibilidade (3).
A lesão nervosa permanece apenas se a lesão do nervo for grave podendo a
recuperação ser irreversível. Atinge preferencialmente a região da língua e do lábio
inferior (3, 43).
A conduta profissional nestes casos é de tranquilizar o paciente, examinar o
mesmo e observa-lo enquanto a lesão persistir. Se a lesão vasculo-nervosa persistir por
mais de um ano, recomenda-se recorrer ao neurologista (3).
1.4. O Biofilme dentário
1.4.1. O conceito de placa dentária
As bactérias que se encontram numa superfície dura (dentes, restaurações,
prótese e implantes) formam uma película gelatinosa aderente: a placa dentária. A placa
dentária é o principal agente etiológico responsável por caries e doenças periodontais
(44).
O conceito e definição de placa dentária têm sofrido alterações ao longo da
história dependendo dos meios técnicos disponíveis para o seu estudo. Assim, com o
surgimento do microscópio óptico, Anthony van Leeuwenhoek (1683), observou que a
22
placa dentária era composta por depósitos suaves de micróbios e restos de comida.
Posteriormente, Black (1898), define a placa dentária como placas gelatinosas. Em
Egelberg et al, (1965) observaram os estágios da formação da placa dentária
Estes autores definiram:
- Uma primeira fase ou Fase I, em que um biofilme é formado na superfície
limpa do dente. Este biofilme seria composto principalmente de glicoproteínas e
anticorpos. Esta película modifica a carga e a energia livre da superfície do dente.
- A segunda fase ou Fase II, nesta fase observa-se uma adesão de um tipo de
bactérias específico à biopelícula previamente formada. Estes primeiros colonizadores
são estreptococos (Streptococcus sanguis). Posteriormente, aumentam o número de
bacilos gram-negativos, que acabam por superar o número de formas cocoides.
- Fase III. Nesta fase, ocorre o crescimento bacteriano. Nesta fase predominam
formas filamentosas gram-positivas, especialmente Actinomyces sp..
- Fase IV. Devido ao crescimento bacteriano na fase anterior e ao aparecimento
de novas condições, ocorre a co-agregação de novas espécies bacterianas.
Na década de 1990, graças ao desenvolvimento e aperfeiçoamento do
microscópio co-focal laser, chegou-se a uma melhor compreensão do conceito da placa
dentária e da sua estrutura, desenvolvendo-se o modelo da placa dental e do biofilme
(45-47). Um biofilme é uma comunidade bacteriana imersa num meio líquido,
caracterizado por bactérias que estão unidas a um substrato ou superfície ou umas às
outras e que se encontram incorporadas numa matriz extracelular produzida por elas e
exibem um fenótipo alterado no grau de crescimento celular (48). Esta definição
caracteriza as propriedades do biofilme e difere da definição anteriormente estabelecida
por Costerton (49).
1.4.2 Controlo do biofime dentário
Estudos distintos têm mostrado que para manter um paciente em condições de
saúde periodontal é necessário que o paciente siga um correcto programa de suporte e
apoio periodontal, mas também que alcance níveis elevados de controlo do biofilme
23
supragengival. Para controlar o biofilme dental existem dois sistemas: controlo
mecânico e controlo químico (50)
1.4.2.1. Controlo mecânico do biofilme
Pode realizar-se uma eliminação física do biofilme dentário mediante a
escovagem manual, dispositivos de higiene interproximal e escovas eléctricas.
A eficácia da escovagem manual traduz-se na eliminação do biofilme dentário.
Existe evidência suficiente que mostra a eficácia das escovas manuais para a eliminação
do biofilme dental e prevenção de gengivites (51).
Revisões independentes de diferentes estudos sobre desenhos das escovas
manuais e técnicas de escovagem, concluíram que:
- Não existe actualmente um desenho de escova manual que demonstre maior
vantagem na eliminação do biofilme, se bem que a escova de cabeça dupla ou tripla
parecem ter uma maior eficácia a remover o biofilme nas localizações linguais.
- Nenhuma técnica de escovagem demonstrou ser superior a outras técnicas;
- Existem diversos factores que influenciam a eficácia das escovas manuais e das
técnicas de escovagem. Entre este podem citar-se: tipo de localização a limpar, tempo
empregue na escovagem, força aplicada e características individuais do sujeito.
1.4.2.2 Controlo químico do biofilme
O controlo químico do biofilme pode realizar-se mediante diversos produtos que
exercem uma acção sobre a placa dentária ou biofilme. Estes produtos utilizam-se como
complemento dos sistemas mecânicos de controlo da placa naquelas pessoas que não
são capazes de manter níveis de placa compatíveis com a saúde mediante o uso
exclusivo de limpeza mecânica. O uso destes produtos deve ser sempre um
complemento ao controlo mecânico da placa dentária, já que estes reduzem a grande
24
maioria da placa e altera a estrutura da mesma, deixando-a mais susceptível à acção dos
distintos sistemas de controlo químico (52).
Estes produtos utilizam-se tanto como prevenção primária das doenças
periodontais, como na prevenção secundária e terciária.
Categorias
Substancias antimicrobianas: Produtos que possuem efeitos bacteriostáticos e
bactericidas in vitro, como por exemplo a clorohexidina, os fenóis e óleos essenciais
(50).
Substancias inibidoras ou redutoras de placa: Produtos que mostraram ser
bactericidas nos estudos in vitro e para além disso alteram ou reduzem a qualidade da
placa in vivo, como por exemplo as enzimas e os detergentes (50).
Substancia antiplaca: são aqueles produtos químicos (derivados de plantas
sintéticas) que têm um efeito sobre a placa dentária suficiente para produzir um efeito
redutor nos níveis de gengivite e ou caries como por exemplo os agentes fluoretaodos
(50).
Substancias antigengivite: são produtos que reduzem a inflamação gengival, sem
que tenham acção alguma sobre a placa dentária, assim neste grupo incluem-se alguns
fármacos anti-inflamatórios, que não tenham nenhuma acção sobre a placa dentária
como por exemplo fenóis e óleos essenciais (50).
1.5. Clorohexidina
A clorohexidina, de entre os anti-sépticos de uso oral, é um dos agentes
antimicrobianos mais usados e eficaz e em geral utilizada como padrão em relação à
eficácia de outros agentes (53, 54).
Lõe, (1973) nos seus trabalhos clínicos, provou que com o uso repetido da
solução de clorohexidina, o número de microorganismos aeróbicos e anaeróbicos na
saliva foi reduzido em 80-90%. Segundo tais estudos, com o uso prolongado, o número
25
de microorganismos salivares diminui de 50 a 90% e nenhum crescimento de bactérias
entéricas ou leveduras foi encontrado, demonstrando que a clorohexidina mostrou uma
potente actividade fungicida na cavidade oral e após o seu uso na forma de colutório,
por seis meses, amostras de placa mostraram uma redução de 54 a 97% de bactérias
aeróbicas e anaeróbicas (8, 9).
A FDA (Food anda Drug Administration) e a ADA (American Dental
Association) autorizaram o uso de clorohexidina como agente efectivo para o controlo
de placa, baseando-se nas suas propriedades anti-placa e no combate à gengivite. Na
prática clínica, a clorohexidina é utilizada para limpar campos operatórios, desinfectar
canais radiculares, inibir a formação da placa, cáries e gengivite (8).
1.5.1 Definição e composição
A clorohexidina é o anti-séptico mais estudado e mais eficaz para a inibição da
placa dentária. A inibição da placa dentária pela clorohexidina foi investigada pela
primeira vez por Schroeder (55) e logo por Lõe e Schiott (56).
A clorohexidina é um composto que, na sua estrutura, contem, dois anéis
clorofenólicos e dois grupos bis-biguanida, ligados simetricamente por cadeias de
hexametilenica. Essa bis-biguanida é uma base forte, carregada positivamente,
praticamente insolúvel em água. Por isso, o seu uso em medicina dentária é preconizado
em forma de sal de digluconato, proporcionando-se maior solubilidade à substancia (8,
57).
1.5.2. Mecanismos de acção e efectividade
A clorohexidina actua contra as bactérias gram-positivas, gran-negativas, fungos,
leveduras e contra vírus (vírus da imunodefeciencia humana e vírus da hepatite B)(58).
26
A clorohexidina mostrou ser eficaz como agente antimicrobiano a distintos
níveis:
Acção antibacteriana: em baixas concentrações produz um aumento da
permeabilidade da membrana plasmática, provocando um efeito bacteriostático.
A concentrações mais altas produz a precipitação do citoplasma e morte celular,
produzindo um efeito bactericida (8).
O biofilme dental apresenta uma maior resistência frente a diferentes
antimicrobianos, pelo que estes devem evidenciar a sua capacidade para actuar sobre o
biofilme. A clorohexidina mostrou em distintos estudos a capacidade de penetrar e
actuar sobre o biofilme, provocando um efeito bactericida neste ou alterando a sua
formação (59, 60).
Acção inibidora de placa: a molécula de clorohexidina une-se de maneira
irreversível por um catião à superfície do dente, deixando os outros livres para
interagiram com as bactérias que tentam colonizar a superfície do dente, interferindo
assim com a adesão bacteriana. Também se une às glicoproteínas salivares, reduzindo a
formação de biopelícula sobre o dente. A clorohexidina é capaz de alterar a actividade
das enzimas bacterianas produtoras de glucanos (Glucosiltranferase C) (61).
A clorohexidina une-se de maneira reversível aos tecidos orais, libertando-se
lentamente, o que permite manter de uma forma sustentada os efeitos antimicrobianos
durante horas. A clorohexidina pode manter o seu efeito durante mais de 12 horas (50).
1.5.3. Eficácia da clorohexidina.
A clorohexidina tem-se mostrado um efectivo agente atimicrobiano no
tratamento da gengivite, dispersor de placa já formada e inibidor da recolonização (62).
Essa acção pode ser atribuída a uma redução no número de bactérias na saliva,
evitando-se desencadear o quadro inflamatório de gengivite (8).
Lõe, (1973), reviu vários trabalhos com o uso prolongado de clorohexidina (7
semanas, 6 meses, 2 anos) demonstrando que foram mínimas as alterações de
susceptibilidade dos microorganismos orais (9).
27
1.5.4. Toxicologia, segurança e efeitos secundários
A clorohexidina apresenta uma absorção mínima através da pele e mucosas
devido à sua natureza catiónica. Estudos realizados em animais, demonstram que a
principal forma de excreção da clorohexidina é através das fezes. A toxicidade sistémica
por ingestão ou aplicação tópica não está descrita. Em estudo realizados em ratos, a
dose letal 50 (LD 50) por via oral é de 1800 mg/kg e a LD 50 por via intravenosa é de
22 mg/kg. Em modelos animais não apresenta actividade teratogénica (63-65).
Após um aquecimento da clorohexidina pode formar-se 4-cloroanilinina, que
está demonstrado ser um composto cancerígeno e mutagénico. A norma europeia
estabelece que o valor máximo deste composto nos colutórios de clorohexidina é de 500
ppm. Os produtos que se encontram no mercado não ultrapassam valores superiores a 5
ppm. Em estudos animais não foi demonstrado a metabolização de clorohexidina em 4cloroanilinina (50).
A utilização prolongada de clorohexidina não esta associada a alterações da flora
oral (66).
Estão descritos os seguintes efeitos secundários devido a utilização de
clorohexidina:
-Reacções de hipersensibilidade (67-69).
-Alterações de paladar e gosto amargo; as sensações de paladar mais afectadas
são “o salgado” e “o amargo”. A alteração do paladar é reversível e desaparece pouco
tempo depois de suspender o uso do produto (70-72).
-Tumefacção da parótida uni ou bilateral (73).
-Pigmentação dos dentes e de alguns materiais de restauração e do dorso da
língua (73).
-Erosão da mucosa (73).
-Alterações na cicatrização.
Dos efeitos secundários supra citados, a pigmentação dos dentes, material de
restauração e dorso da língua é o que surge com maior frequência nos pacientes. A
intensidade da pigmentação parece ter ume relação com a frequência de consumo de
alimentos com corantes, como café, chá, vinho, tabaco, etc e com a concentração do de
clorohexidina nas diferentes formulações comerciais (50).
28
II – OBJECTIVOS
2. OBEJECTIVOS
2.1 Justificação do estudo
É necessário tomar medidas preventivas e eficientes no controlo dos sintomas
pós-operatórios, evitando assim ao máximo o desconforto após cirurgia oral. Todos os
pacientes devem ter uma consulta de controlo para que se possa examinar a evolução do
paciente após o procedimento cirúrgico (3).
É neste contexto que surge o presente estudo, onde foi avaliado o efeito da
utilização profiláctica de clorohexidina no controlo de complicações pós operatórias
aquando a realização de exodontia, bem como inferir se essa mesma utilização assume
eficácia na prevenção das mesmas aquando do controlo pós operatório.
2.2 Objectivos do estudo
Com este estudo clínico pretende-se avaliar o efeito da utilização profiláctica de
clorohexidina no controlo de complicações pós operatórias aquando a realização de
exodontia simples, bem como inferir se essa mesma utilização assume eficácia na
prevenção das mesmas aquando do controlo pós-operatório, e justificar qual a medida
preventiva mais eficiente e desejável no controlo das complicações pós-operatórias.
31
2.3 Hipóteses de Investigação
Foram colocadas as seguintes hipóteses para posterior validação:
H0: Nenhum dos grupos revelou maior eficácia relativamente ao outro, pelo
menos dentro de valores estatisticamente significativos
H1: O grupo de controlo apresenta valores estatisticamente significativos de
maior eficácia em relação ao grupo de estudo.
H2: O grupo que efetuou bochechos com clorohexidina apresenta valores
estatisticamente significativos de maior eficácia em relação ao grupo de controlo.
32
III – MATERIAIS E MÉTODOS
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local de estudo
Tratou-se de um estudo realizado em Portugal, no âmbito da consulta de Cirurgia
Oral da Clínica Dentária Universitária da Universidade Católica Portuguesa – Centro
Regional das Beiras..
3.2 Tipo de estudo
Desenvolveu-se um estudo controlado, randomizado, com 2 grupos paralelos
(12, 74).
3.3 Duração e período do estudo
Período compreendido entre Dezembro de 2013 e Maio de 2014
3.4 Critérios de inclusão e exclusão
3.4.1 Critérios de inclusão
Os critérios de inclusão que foram seguidos encontram-se de seguida indicados:
-
Pacientes com idade igual ou superior a 18 anos; (11, 50, 74-76)
-
Pacientes disponíveis para realizar um follow up;(76)
-
Não apresentar nenhuma doença sistémica; (11, 50, 74-76)
35
3.4.2 Critérios de exclusão
Os critérios de exclusão que foram seguidos encontram-se indicados:
-
Pacientes a efectuar profilaxia antibiótica; (11, 50, 74-76)
-
Pacientes com alergia à clorohexidina, paracetamol ou ibuprofeno;(74,
76)
-
Pacientes medicados com contraceptivos orais; (76)
-
Paciente fumadores;(76)
-
Pacientes grávidas e em período de lactação;(11, 50, 74, 76)
-
Sida ou imunossupressão; (11, 74)
-
Toma de fármacos que possam interferir com o processo de cicatrização;
3.5 População de estudo
A população inicial compreendeu 161 exodontias em 106 indivíduos. Desta
população inicial, foram excluídos todos os indivíduos que não regressaram à Clínica
Universitária, não cumpriam com os critérios de inclusão ou apresentavam um dos
critérios de exclusão.
3.6 Tipo e técnica de amostragem e dimensão da amostra
A amostra foi sujeita a um processo de randomização efectuado através de
envelope fechado, sem conhecimento por parte do operador, previamente às consultas
de Cirurgia Oral na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa – Centro
Regional das Beiras (CRB). Foram definidos dois grupos (Grupo 1 e Grupo 2). Nas
extracções realizadas no Grupo I (grupo de controlo) não foi realizado bochecho com
clorohexidina e nas extracções realizadas no grupo II, os pacientes foram instruídos a
usar Clorohexidina 0,12% durante 7 dias, excepto no dia de cirurgia para evitar o
desalojamento do coágulo, durante 30 s duas vezes por dia com 15 ml de colutório com
uma diluição de 1:1 em água.
36
3.7. Definição das variáveis de estudo
Estiveram em estudo as seguintes variáveis: hematoma, hemorragia, trismo, dor,
edema, presença ou ausência de sutura e hemorragia na remoção do ponto.
3.8. Estratégia para o tratamento estatístico de dados
Durante o período de recolha de informação, esta foi registada numa folha do
Office Excel® 2010 (Microsoft®, EUA). Após toda a informação ter sido reunida, foi
criada uma base de dados no software SPSS® Statistics versão 20.0 (IBM®, EUA),
onde foram introduzidos todos os dados existentes para posterior processamento
estatístico, com o qual foram determinadas estatísticas descritivas (frequências absolutas
e relativas, médias, desvio padrão, valores máximos e mínimos) adequadas a cada
variável. Para a única variável quantitativa foi analisado o pressuposto da distribuição
normal através do teste de Shapiro-Wilk, considerando-se que a adesão à normalidade
estava assegurada quando o valor de p > 0,05.
Uma vez que a maioria das variáveis era categórica, com apenas duas
alternativas mutuamente exclusivas, para testar se as amostras eram idênticas
relativamente à frequência com que se distribuíam em cada uma das categorias
recorreu-se ao teste de Qui-quadrado, com o teste exacto de Fisher sempre que
estávamos perante tabelas de contingência 2x2. Para comparação da distribuição de dois
grupos amostrais recorreu-se ao teste de Mann-Whitney U.
No estudo considerou-se como hipótese nula a independência das variáveis ao
nível de significância de 5%, ou seja, conclui-se que se verificavam diferenças
estatisticamente significativas quando p < 0,05.
37
3.9 Ambiente Clínico
Todas as extracções decorreram na Clínica Dentária Universitária sob orientação
dos docentes da área disciplinar de Cirurgia Oral no 4º e 5º anos do Mestrado Integrado
em Medicina Dentária e consulta externa da Clínica Universitária da Universidade
Católica Portuguesa – Pólo de Viseu.
Estabeleceu-se um planeamento cirúrgico para exodontias simples, seguido na
consulta de Cirurgia Oral da Clinica Dentária Universitária. Foi portanto imperativo
fazer uma avaliação pré-cirúrgica das condições do paciente e do local que foi
submetido à intervenção, não deixando escapar qualquer tipo de informação. Avaliação
radiológica cuidada é complementar do exame clínico. Permitiu a obtenção de
informações adicionais sobre as estruturas anatómicas associadas bem como avaliar as
características do osso circundante. As radiografias tornaram-se portanto necessárias de
forma a tomar uma boa decisão sobre o procedimento cirúrgico proposto dado que
permitiram identificar o local mais adequado para a execução do procedimento, bem
como discutir determinados aspectos do planeamento cirúrgico com o paciente.
O protocolo utilizado para exodontias simples tem início com a anestesia dos
nervos envolvidos. Os anestésicos utilizados foram lidocaína a 2% com epinefrina
(1:80.000); mepivacaína a 3%, articaína com epinefrina (1:100000) e articaína com
epinefrina (1:200000). De seguida efectuou-se a sindesmotomia das fibras periodontais,
luxação da peça dentária com alavancas, luxação e avulsão com boticão. Finalizou-se a
cirurgia com a curetagem alveolar, removendo o tecido patológico existente, e o
encerramento do alvéolo com fio de sutura de poliamida.
No local da extracção aplicou-se uma compressa com gel de clorohexidina a
0,2% sobre a sutura para desinfecção local e ao mesmo tempo promover hemóstase.
38
3.10 Consulta de Controlo
Em todos os pacientes foi efectuada uma consulta de controlo pós-operatório
exactamente 7 dias após a extracção. Nesta consulta foram removidos os pontos de
sutura assim como os pacientes foram questionados sobre o pós-operatório (Apêndice 2)
(77, 78).
3.10.1 Dor
A dor foi avaliada através do questionário de Avaliação de Complicações Pósoperatórias implementado na consulta de Cirurgia Oral, aquando do follow-up foi
questionado o paciente sobre o desconforto sentido pós-extracção.
3.10.2 Sangramento pós-operatório
O sangramento pós-operatório foi avaliado em clínica aquando da remoção da
sutura exactamente 7 dias após a extracção.
3.10.3 Alveolite
O aparecimento de alveolite foi avaliado em clínica na consulta de controlo pósoperatório através da observação do alvéolo dentário não cicatrizado, aberto, com osso
exposto e o paciente com queixas de dores intensas.
39
3.11. Questões éticas
A obtenção do consentimento informado junto do paciente é um princípio geral
de direito e ética, devendo ser sempre realizado antes de qualquer intervenção cirúrgica.
Deve também ser obtido consentimento antes de se iniciar qualquer tratamento ou
investigação. Este princípio vai, por isso mesmo, reflectir o direito de cada paciente em
determinar o que fazer com o seu próprio corpo, sendo parte fundamental de uma
correta prática clínica (79).
Este estudo respeitou os princípios da Declaração de Helsínquia (2008),
assegurando o consentimento informado.
A todos os participantes foi pedido o consentimento informado por escrito, quer
para a inclusão no estudo, quer para a realização do procedimento cirúrgico em questão.
Foi-lhes também transmitido que a qualquer altura do presente estudo, poderiam retirar
o consentimento e solicitar a sua exclusão do mesmo, sem qualquer necessidade de
explicação aos responsáveis (Apêndice 1).
Em suma, cada paciente tem o direito a escolher se quer, ou não, aceitar
determinado conselho ou planeamento por parte do profissional de saúde.
É também muito importante relembrar ao doente, no dia da cirurgia, as possíveis
complicações e sequelas pós-operatórias que poderão surgir. Nesta altura, este deve ter
conhecimento de (79):
- Como entrar em contacto com o Médico Dentista em caso de emergência;
- Os cuidados pós-operatórios a ter com a cavidade oral e em geral;
- Quaisquer problemas específicos que possam surgir devido à operação
realizada;
- Qualquer terapia farmacológica necessária;
40
IV – RESULTADOS
4. RESULTADOS
4.1. Caracterização da amostra
De uma população inicial de 106 indivíduos (161 exodontias), 79 foram
excluídos por não terem regressado à Clínica Universitária, não cumprirem com os
critérios de inclusão ou apresentarem um dos critérios de exclusão e por terem sidos
suturados com seda.
Assim sendo, foram incluídos e avaliados 27 pacientes (16 homens e 11
mulheres) (Tabela 1), com idades compreendidas entre os 18 e os 69 anos (média de
idades de 28.93 ± 16.79 anos) (Tabela 2,), para um total de 27 exodontias efectuadas.
Tabela 1 - Distribuição do género dos participantes
Género
N
%
Masculino
16
59,3
Feminino
11
40,7
Total
27
100,0
N – número de indivíduos da amostra
Tabela 2 - Estatísticas descritivas da Idade dos sujeitos
N
27
Média
38,93
Desvio padrão
16,79
Mínimo
18
Máximo
69
N – número de indivíduos da amostra
43
Gráfico 1 - Histograma da idade dos sujeitos da amostra de estudo
A análise da adesão à normalidade da idade dos sujeitos através do teste de
Shapiro-Wilk, permite-nos verificar que esta variável não se aproxima da curva normal,
S-W= 0,893, p= 0,009, pois há bastantes discrepâncias, tal como se observa no Gráfico 1
que se segue.
44
4.2 Caracterização do grupo experimental e de controlo
No que concerne ao grupo de estudo, 15 exodontias fizeram parte do grupo de
controlo ou Grupo I (não efectuou bochechos de clorohexidina), ao passo que os
restantes 12 exodontias foram incluídos no grupo de estudo ou Grupo II (efectuou
bochechos de clorohexidina) (Tabela 3).
Tabela 3 - Frequências absolutas e relativas dos bochechos com Clorohexidina
N
%
Grupo I
15
55,6
Grupo II
12
44,4
Total
27
100,0
N – número de indivíduos da amostra
A média de idades no grupo I foi de 34.40 ± 16.72 anos e no grupo II foi de
44.58 ± 15.74 anos (Tabela 4), a análise das diferenças relativas à idade nos dois grupos
foi realizada com recurso ao teste Mann-Whitney U para amostras independentes
verificando-se as mesmas não têm significado estatístico, U= 125.500, p= 0.083, ou seja
a idade dos dois grupos não é distinta de forma significativa.
Tabela 4 - Estatísticas descritivas dos grupos experimental e de controlo
Idade
Média
Desvio padrão
p
Mínimo
Máximo
Grupo I
34,40
16,72
18,00
69,00
Grupo II
44,58
15,74
21,00
66,00
0,083
45
No que concerne ao sexo dos pacientes, o grupo I foi constituído por 60% de
homens e 40% de mulheres, enquanto no grupo II a distribuição foi de 58.3% homens e
41.7% mulheres (Tabela 5). A análise da distribuição do género de acordo com a
realização ou não de bochechos através do teste de Qui quadrado, com o teste exacto de
Fisher, mostrou que não existem diferenças estatisticamente significativas, χ2= 0,008,
p= 0,619.
Tabela 5 - Distribuição dos bochechos com Clorohexidina de acordo com o género
Género
Total
Masculino
Feminino
N
9
6
15
%
60,0
40,0
100,0
N
7
5
12
%
58,3
41,7
100,0
N
16
11
27
%
59,3
40,7
100,0
p
Grupo I
Grupo II
0,619
Total
N – número de indivíduos da amostra
No grupo I, 46.7% das extracções foram feitas na arcada superior e 53.3% na
arcada inferior; enquanto que no grupo II, 58.3% das extracções foi realizada na arcada
superior e 41.7% na arcada inferior (Tabela 6) Da mesma forma, análise da distribuição
da localização anatómica nos grupos que realizaram ou não os bochechos através do
teste de Qui quadrado, com o teste exacto de Fisher, mostrou que não existem
diferenças estatisticamente significativas, χ2= 0,363, p= 0,415.
Tabela 6 - Distribuição dos bochechos com Clorohexidina de acordo com a localização anatómica da
extração
Localização anatómica
Total
arcada superior
arcada inferior
N
7
8
15
%
46,7
53,3
100,0
N
7
5
12
%
58,3
41,7
100,0
N
14
13
27
%
51,9
48,1
100,0
p
Grupo I
Grupo II
Total
N – número de indivíduos da amostra
46
0,415
Por tudo aquilo que já foi referido anteriormente, pode considerar-se que ambos
os grupos são homogéneos em termos de idade, sexo e arcada sujeita a exodontia, dado
que não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre eles.
4.3. Estudo comparativo e de interpelação das variáveis
4.3.1. Incidência de complicações
No grupo I, 93.3% (n=14) das extracções apresentaram complicações pós
operatórias e 6.7% (n=1) das extracções não desenvolveram complicações pós
operatórias; enquanto que no grupo II, 83.3% (n=10) das extracções apresentaram
complicações pós operatórias e 16.7% (n=2) das extracções não desenvolveram
complicações pós operatórias (Tabela 7).A análise da incidência das complicações pós
operatórias nos grupos que realizaram ou não os bochechos através do teste de Qui
quadrado, com o teste exacto de Fisher, mostrou que não existem diferenças
estatisticamente significativas, χ2= 0,675, p= 0,414.
Tabela 7 - Distribuição da ocorrência de complicações pós operatórias de acordo com a realização ou
não de bochechos com clorohexidina
Complicações pós operatórias
Total
Presentes
Ausentes
N
1
14
15
%
6,7
93,3
100,0
N
2
10
12
%
16,7
83,3
100,0
N
3
24
27
%
11,1
88,9
100,0
p
Grupo I
Grupo II
0,414
Total
N – número de indivíduos da amostra
47
No que concerne à incidência de hematomas, o grupo I não apresentou
hematomas em 93.3% (n=14) dos casos e em 6.7% (n=1) dos casos verificou-se a
presença de hematomas; por sua vez no grupo II não se constatou hematomas em 100%
(n=12) das extracções (Tabela 8).
Tabela 8 - Distribuição da ocorrência de hematoma de acordo com a realização ou não de bochechos
com clorohexidina.
Hematoma
G
Total
Ausente
Presente
N
14
1
15
%
93,3
6,7
100,0
N
12
0
12
%
100,0
0,0
100,0
N
26
1
27
%
96,3
3,7
100,0
p
Grupo I
r
u
Grupo II
0,556
Total
N – número de indivíduos da amostra
Ao analisarmos a incidência de edema nos dois grupos, verificou-se que no
grupo I 53.3% (n=8) destes não desenvolveram qualquer tipo de edema e 46.7% (n=7)
apresentaram edema na consulta de controlo; no grupo II, a distribuição é semelhante,
sendo que 58.3% (n=7) das extracções não apresentaram edema e 41.7% (n=5)
apresentou (Tabela 9).
Tabela 9 - Distribuição da ocorrência de edema de acordo com a realização ou não de bochechos com
clorohexidina.
Edema
Total
Ausente
Presente
N
8
7
15
%
53,3
46,7
100,0
N
7
5
12
%
58,3
41,7
100,0
N
15
12
27
%
55,6
44,4
100,0
p
Grupo I
Grupo II
Total
N – número de indivíduos da amostra
48
0,552
Na avaliação da ocorrência de trismos (tabela 10), verificámos que no grupo I,
73.3% (n=11) dos indivíduos não revelaram trismo na consulta de controlo e 26.7% (n=4)
referiram ter tido trismo, por sua vez no grupo II, 91.7% (n=11) das extracções não
apresentaram trismo e 8.3% referiu ter trismo.
Tabela 10 - Distribuição da ocorrência de trismo de acordo com a realização ou não de bochechos
com clorohexidina.
Trismo
Total
Ausente
Presente
N
11
4
15
%
73,3
26,7
100,0
N
11
1
12
%
91,7
8,3
100,0
N
22
5
27
%
81,5%
18,5
100,0
p
Grupo I
Grupo II
0,240
Total
N – número de indivíduos da amostra
Na tabela 11, ao analisarmos a incidência de dor, determinamos que 46.7% (n=7)
dos indivíduos não apresentaram sintomatologia álgica e 53,3% (n=8) tiveram dor após a
extracção; já no grupo II 75% (n=9) da população em estudo apresentou dor e 25% (n=3) da
população não manifestou dor.
Tabela 11 - Distribuição da ocorrência de dor de acordo com a realização ou não de bochechos com
clorohexidina.
Dor
Total
Ausente
Presente
N
7
8
15
%
46,7
53,3
100,0
N
3
9
12
%
25,0
75,0
100,0
N
10
17
27
%
37,0
63,0
100,0
P
Grupo I
Grupo II
0,226
Total
N – número de indivíduos da amostra
49
No grupo I, 60.% (n=9) das extracções apresentaram hemorragia como
complicação pós operatória e 40% (n=6) das extracções não apresentaram hemorragia;
enquanto que no grupo II, não ocorreu hemorragia em 100% (n=12) das extracções
(Tabela 12).
Tabela 12 - Distribuição da ocorrência de hemorragia de acordo com a realização ou não de
bochechos com clorohexidina.
Hemorragia
Total
Ausente
Presente
N
9
6
15
%
60,0
40,0
100,0%
N
12
0
12
%
100,0
0,0
100,0%
N
21
6
27
%
77,8%
22,2
100,0
p
Grupo I
Clorohexidina
GrupoII
0,017
Total
N – número de indivíduos da amostra
A análise da incidência de cada uma das complicações pós operatórias nos
grupos que realizaram ou não os bochechos (Tabela 13) através do teste de Qui
quadrado com o teste exato de Fisher, mostrou que não existem diferenças
estatisticamente significativas na maioria, Hematoma: χ2= 0,831, p= 0,556; Alveolite:
não há variações; Edema: χ2= 0,068, p= 0,552; Trismo: χ2= 1,485, p= 0,240; Dor:
χ2=1,342, p= 0,226, havendo, contudo, significância estatística na incidência da
hemorragia: χ2= 6,171, p=0,017.
50
Tabela 13 - Frequências absolutas e relativas das complicações
Complicações pós-operatórias
Hematoma
Edema
Trismo
Dor
Alveolite
Hemorragia
N
%
Grupo I
3
11,1
Grupo II
24
88,9
Total
27
100,0
Grupo I
26
96,3
Grupo II
1
3,7
Total
27
100,0
Grupo I
15
55,6
Grupo II
12
44,4
Total
27
100,0
Grupo I
22
81,5
Grupo II
5
18,5
Total
27
100,0
Grupo I
10
37,0
Grupo II
17
63,0
Total
27
100,0
Grupo I
27
100,0
Grupo II
0
0,0
Total
27
100,0
Grupo I
21
77,8
Grupo II
6
22,2
Total
27
100,0
p
0,414
0,556
0,068
0,240
0,226
-
0,017
N – número de indivíduos da amostra
51
4.3.2. Incidência de complicações de acordo com a zona anatómica
Tabela 14 - Distribuição da ocorrência de complicações pós operatórias de acordo com a localização
anatómica
Localização anatómica
Arcada superior
Arcada inferior
N
%
N
%
Grupo I
1
3,7
2
7,4
GrupoII
13
48,1
11
40,7
Total
14
51,9
13
48,1
Grupo I
14
51,9
12
44,4
GrupoII
0
0,0
1
3,7
Total
14
51,9
13
48,1
Grupo I
8
29,6
7
25,9
GrupoII
6
22,2
6
22,2
Total
14
51,9
13
48,1
Grupo I
13
48,1
9
33,3
GrupoII
1
3,7
4
14,8
Total
14
51,9
13
48,1
Grupo I
5
18,5
5
18,5
GrupoII
9
33,3
8
29,6
Total
14
51,9
13
48,1
Grupo I
14
51,9
13
48,1
GrupoII
0
0,0
0
0,0
Total
14
51,9
13
48,1
Grupo I
13
48,1
8
29,6
GrupoII
1
3,7
5
18,5
Total
14
51,9
13
48,1
Complicações pós
operatórias
Hematoma
Edema
Trismo
Dor
Alveolite
Hemorragia
p
0,414
0,481
0,585
0,140
0,596
-
0,067
N – número de indivíduos da amostra
No Gráfico 2 encontram-se representados os indicadores relativos à presença de
cada uma das complicações em cada arcada, verificando-se uma predominância de dor ,
de edema e de hemorragia.
52
Hemorragia
Alveolite
Dor
arcada inferior
Trismo
arcada superior
Edema
Hematoma
0
2
4
6
8
10
Gráfico 2 - Distribuição da ocorrência de complicações pós operatórias de acordo com a localização
anatómica
No entanto, a aplicação nestas variáveis do teste de Qui Quadrado, com o teste
exato de Fisher mostra que a incidência das complicações em cada uma das arcadas não
é distinta, Hematoma χ2= 1,118, p= 0,481; Alveolite: não há variações; Edema: χ2=
0,030, p= 0,585; Trismo: χ2= 2,494, p= 0,140; Hemorragia: χ2= 3,825, p= 0,067; Dor:
χ2= 0,022, p= 0,596.
53
V – DISCUSSÃO
4. DISCUSSÃO
Apesar do progresso na prevenção e em técnicas conservadoras nos tratamentos
dentários, a extracção dentária continua a ser uma importante parte da terapêutica
A literatura tem beneficiado com pesquisas que mostram aos médicos dentistas a
importância de conhecer os benefícios dos agentes quimioprofiláticos na prevenção de
complicações pós-operatórias, limitando o acumulo da placa bacteriana e actividade
microbiota oral. Por outro lado, encontram-se também opiniões que se opõem ao seu
uso rotineiro, por períodos prolongados, revelando observações quanto a concentração
inibitória máxima e mínima, bem como ao tempo de contacto e frequência de aplicação
para que com segurança se possam orientar e advertir os pacientes quanto aos efeitos
adversos que esses podem causar na cavidade oral. As pesquisas têm-se concentrado
mais na eficiência dos colutórios fluoretados, associando-os aos tecidos duros e dando
pouca importância ao efeito provocado sobre as bactérias na saliva. Apesar da etiologia
exacta de algumas complicações não estar ainda bem definida, a influência bacteriana
parece ser importante assim como vários factores de risco locais e sistémicos pelo que
devem ser tidos em conta em qualquer estudo sobre a incidências de complicações pósoperatórias (6).
Uma vez que existe uma elevada incidência de complicações e manifestações
clínicas que afectam a qualidade de vida dos pacientes após a realização de extracções
dentárias, a prevenção destas patologias é particularmente relevante (11, 31).
Os colutórios representam o veículo mais simples para os agentes
quimioprofilaticos e, em geral, apresentam uma mistura do princípio activo em água e
álcool, com a adição de surfactante, um umectante e um sabor. Destes a clorohexidina
demonstrou exercer um maior efeito antibacteriano in vivo e substantividade do que
outros anti-sépticos utilizados na cavidade oral
O objectivo deste estudo foi avaliar o efeito da utilização profiláctica de
clorohexidina no controlo de complicações pós operatórias aquando a realização de
exodontia, bem como inferir se essa mesma utilização assume eficácia na prevenção das
mesmas aquando do controlo pós operatório.
Para este estudo clínico comparativo, optou-se pela escolha de clorohexidina
com o objectivo de averiguar qual a sua eficácia clínica no controlo das sequelas pósoperatórias típicas. O motivo da escolha, prendeu-se sobretudo com o facto da
57
clorohexidina ser o agente quimioprofilático mais utilizado actualmente neste tipo de
situações. A clorohexidina, de entre os anti-sépticos de uso oral, é um dos agentes
antimicrobianos mais usados e eficaz, é altamente eficaz e em geral utilizada como
padrão em relação à eficácia de outros agentes (53, 54). Além disso, é
significativamente mais eficiente que o triclosan, óleos essenciais e colutórios de
fluoreto de amina/fluoreto de estanho (53, 75). A clorohexidina apresenta ainda a
vantagem de estar associada a poucos efeitos adversos, devido a esta apresentar uma
absorção mínima através da pele e mucosas por causa da sua natureza catiónica. (11,
54). Por todos os factores enunciados anteriormente a clorohexidina continua a ser, até à
data, o anti-séptico oral de referência, a sua eficácia e segurança já foi comprovada e
confirmada por inúmeros estudos.
No que concerne à via de administração da clorohexidina, existem
principalmente duas opções que podem ser seguidas em Medicina Dentária. A utilização
de um colutório é a opção mais confortável para o paciente. Contudo, e segundo a
literatura, não é tão efetiva como a utilização de um gel. Esta última tem como
vantagens, a colocação intra-alveolar , um efeito mais prolongado e uma acção mais
directa no alvéolo; além disso o gel pode ser utilizado imediatamente após a extracção e
colutório não pode ser utilizado nas primeiras 24 horas pós extracção para evitar o
desalojamento do coágulo, o gel tem ainda a vantagem de não provocar pigmentação e
alteração do gosto. No entanto, mais evidências são necessárias para provar a eficácia
do gel. A utilização do colutório tem como grande desvantagem requerer a compliance
do paciente nos dias seguintes à cirurgia para que o tratamento seja eficaz, algo que não
pode ser controlado pelo profissional de saúde.
Neste estudo, optou-se pela utilização do colutório, por uma questão
principalmente logística, dado que a Clínica Universitária não reunia as condições e o
material necessário para uma possível utilização de gel de clorohexidina.
Em relação ao material utilizado para encerrar as feridas operatórias, existem
predominantemente duas opções em Medicina Dentária: monofilamentares (poliamida)
e multifilamentares (seda). Tradicionalmente a seda é o material mais utilizado para o
fechamento de ferida em Medicina Dentária (80-83). Este material tem como vantagens
o baixo custo monetário e a facilidade de manobrabilidade em comparação com outros
materiais não-reabsorvíveis. Neste estudo optou-se pela utilização de monofilamentares
(poliamida), porque estes já demonstraram que levam a uma menor reacção inflamatória
58
e Cuffari (1997) , refere que as suturas de algodão ou seda produzem maior reacção
tecidual em comparação com a poliamida.
Como se tratou de um estudo prospectivo, randomizado, efectuado na Clínica
Dentária Universitária foram incluídos no estudo os pacientes da consulta de Cirurgia
Oral. Assim foram excluídos os pacientes fumadores, pacientes medicados e pacientes
com patologias sistémicas.
De acordo com os resultados obtidos no que concerne ao controlo das
complicações pós-operatórias, após 7 dias da intervenção cirúrgica a clorohexidina
aparentou ter conseguido melhores resultados no controlo destas, embora sem valores
estatisticamente significativos (p=0,414). Ao analisarmos cada uma das complicações
pós-operatórios detalhadamente, foi possível verificar que houve uma redução de
hemorragia pós-operatória com significância estatística (p=0,017), pelo que a
clorohexidina demonstrou ser eficaz na redução da hemorragia, este facto pode ser
explicado por haver uma menor deposição de placa e consequentemente menor
inflamação e friabilidade dos tecidos sujeitos à intervenção cirúrgica (47, 84). No que
diz respeito à ocorrência de hematomas, verificou-se que existiu uma redução da 6,7%
na incidência desta complicação, quando comparados os dois grupos. Em relação ao
edema constatou-se que houve uma menor incidência (5%) no grupo que realizou
bochechos com clorohexidina (Grupo I). Ao analisarmos ocorrência de trismo de acordo
com a realização ou não de bochechos observou-se que existia uma vez mais uma
redução da incidência de trismos de 18,4%. Todos estes resultados estão de acordo com
o estudo levado a cabo por Ivanov et al (2000), onde demonstrou que a utilização de
soluções de clorohexidina durante o período pós-operatório não modificam a microflora
oral e levam ao desaparecimento da maior parte das bactérias anaeróbias, sendo
recomendadas na prevenção de complicações inflamatórias pós operatórias (84). No que
diz respeito à incidência de dor constatou-se que existiu uma diminuição de 21,7% nos
indivíduos do Grupo II em relação ao Grupo I, o que confirma os resultados obtidos por
Torres et al (2006) (85) e Haraji et al (2013) (10). Estes autores obtiveram uma redução
da dor pós-operatória no grupo da clorohexidina, embora sem significado estatístico.
Esta redução na incidência da dor sem significado estatístico pode ser explicada pela
reduzida dimensão da amostra e pelo consumo de analgésicos por parte dos pacientes.
Uma vez feita a análise de todas as complicações pós-operatórias em estudo,
verificou-se que de uma forma geral, houve uma menor incidência no grupo que
efectuou bochechos com clorohexidina sendo que, das variáveis em estudo, a única que
59
apresentou relevância estatisticamente significativa foi a hemorragia, pelo que não se
pode aferir que a clorohexidina influencia a ocorrência de complicações pósoperatórias.
Relativamente à incidência de complicações pós operatórias e ao local anatómico
da intervenção cirúrgica, verifica-se uma predominância da hemorragia na arcada
inferior, seguida pelo trismo e o hematoma, não existindo significância estatística na
incidência destas complicações quando comparadas com a localização anatómica da
exodontia. Esta maior incidência de complicações na arcada inferior pode ser explicada
por o osso mandibular ser um osso mais compacto e menos vascularizado dificultando
assim o processo de cicatrização; outro factor que pode explicar este acontecimento é
que algumas das extracções feitas na arcada inferior serem de terceiros molares,
extracções estas que muitas vezes é necessário um protocolo cirúrgico diferenciado (31,
33, 37).
Ainda que não exista significância estatística, existem evidências que apontam
que a realização de bochechos de clorohexidina é eficiente na redução de complicações
pós-operatórias quando comparados
grupos que efectuaram bochechos
com
clorohexidina (10, 11, 75, 76, 86).
Os resultados de que ambos os grupos demonstram um comportamento
semelhante no controlo das complicações pós-operatórias vai contra os resultados
obtidos por Hermesch et al. (1998), que levaram a cabo um estudo randomizado,
duplamente cego, com um grupo placebo de controlo e um grupo paralelo de estudo, no
qual foi utilizada clorohexidina 0,12% ( 7 dias antes e 7 dias depois das extracções
cirúrgicas). Este demonstrou uma redução significativa na incidência de alveolite
similar ao que acontece no nosso estudo sendo que, com valores sem significância
estatística (p=1,00)(63, 76). Larson (1991), levou a cabo um estudo prospectivo,
duplamente cego e randomizado com um grupo placebo de controlo, onde obteve uma
redução de 60% na incidência de alveolite após o bochecho pós-operatório com uma
solução de 0,12% de clorohexidina, 7 dias antes e 7 dias após a intervenção cirúrgica, o
que suporta os resultados obtidos neste estudo ainda que não exista significância
estatística (87). Haraji et al. (2013), estudou o efeito de um gel bioadesivo de 0,2% de
clorohexidina na incidência de alveolite e dor pós-operatória, onde teve uma diminuição
de 10% de dor pós-operatória e 21% na redução de alveolite (10). Da mesma forma
Ragno et al. (1991), encontrou uma redução significativa na incidência de alveolite com
a utilização de um colutório de 0,12% (64), Tjenberg (1980), comparou profilaxia pré e
60
pós-operatória com um grupo controlo que não efectuou profilaxia, tendo obtido uma
redução da incidência de alveolite de 17% no grupo de estudo e 3% no grupo controlo
(65). Lockhart (1996) (88) realizou um estudo, duplamente cego, com um grupo de
controlo, em que avaliou o efeito antibacteriano dos bochechos de clorohexidina em 70
pacientes que realizaram uma extracção. Foram recolhidas culturas de sangue após a
extracção e 94% dos casos do grupo controlo apresentou organismos e apenas 84% no
grupo da clorohexidina (88). Lockhart (1996) (88), e Lockhart and Schmidtke (1994)
(89), chamaram à atenção para o facto de que os bochechos com quimioprofiláticos não
penetram mais de 3mm no sulco gengival e sendo assim não alcançam os locais onde as
bactérias se alojam. Apesar disto, a clorohexidina revelou uma redução no número de
bactérias pós extracção (88, 89).
É interessante realizar comparações entre estudos científicos, mas é necessário
ter em atenção a interpretação de dados, devido às diferenças culturais nos diferentes
serviços dentários disponíveis, uma vez que a maioria dos estudos não utiliza
metodologias semelhantes, dificultando comparações entre eles.
A maior parte dos estudos compara a utilização de um colutório de clorohexidina
com a incidência de alveolite ou dor pós operatória, não comparando com as outras
complicações pós operatórias em estudo (hemorragia, edema e hematoma) tornando
difícil sobrepor bibliografia ao presente estudo.
Pelos resultados obtidos após o tratamento estatístico dos dados, não se pode
assumir a existência de diferenças significativas entre os diferentes grupos estudados, no
que respeita ao controlo de sequelas pós-operatórias. Os dados foram detalhadamente
analisados de forma descritiva e analítica. No que respeitou à parte descritiva, realizouse uma análise de distribuição de frequências, ao passo que na vertente analítica se
optou pela realização de testes não paramétricos, principalmente pelo facto de a amostra
ser considerada pequena (n <30).
Há que ter em consideração também a subjectividade na avaliação dos
parâmetros em estudo, mais precisamente a dor. A avaliação objectiva da dor, obtida
através de uma percepção subjectiva que varia de pessoa para pessoa, depende dos
factores característicos de cada indivíduo. Esses factores tanto podem ser apenas
fisiológicos (maior ou menor resistência à dor), como emocionais, variando a dor de
acordo com a junção de todas essas vertentes.
Foi padronizado um protocolo de actuação para exodontias simples que permitiu
reduzir a variabilidade de actuação nas exodontias realizadas por operadores diferentes.
61
Seria pertinente dar continuidade ao estudo ou a outro semelhante, onde teria que
haver a preocupação de conseguir-se obter uma amostra final mais representativa, bem
como uma uniformização de todo o procedimento.
Há que salientar que o estudo apresentou algumas limitações. Este estudo foi
single-centered, o que reduz a generalização, pois a amostra estudada compreendeu um
conjunto reduzido de indivíduos, o que condiciona as conclusões a retirar dos resultados
obtidos.
Diante dos dados analisados, verifica-se que novas investigações devem ser
feitas por meio de estudos in vivo e in vitro, a respeito da actividade antimicrobiana dos
colutórios disponíveis comercialmente e usados como bochechos, a fim de se prevenir e
controlar as complicações pós operatórias e ainda que estes mesmos colutórios devem
ser indicados para pacientes com segurança, de acordo com as suas necessidades.
62
VI - CONCLUSÃO
5. CONCLUSÃO
Em ambos os grupos estudados não se verificaram diferenças significativas na
incidência de complicações pós-operatórias em exodontias simples, aceitando-se a
hipótese nula (H0).
A utilização de clorohexidina parece favorecer o controlo da hemorragia pósoperatória em procedimentos de exodontias simples.
Os resultados deste estudo devem ser confirmados com estudos futuros, levados
a cabo numa população de pacientes maior e com anti-sépticos orais diferentes.
65
VII - Referências Bibliograficas
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73
VIII - Apêndices
8. APÊNDICES
8.1 Apêndice 1 Declaração de consentimento informado
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Este documento tem como objectivo fornecer informação acerca de um estudo
para o qual se convida vossa excelência a participar, com o objectivo de obter dados
relevantes ao desenvolvimento de uma tese de monografia no âmbito do Mestrado
Integrado em Medicina Dentária.
A metodologia adoptada enquadra-se a no desenvolvimento de um estudo de
carácter científico na Área Disciplinar de Cirurgia Oral da Universidade Católica
Portuguesa, pretendendo avaliar o estado pós-operatório das exodontias realizadas na
consulta de Cirurgia Oral da Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa
Este estudo não envolve procedimentos que não se enquadrem na prática clínica
normal nem pretende testar novos produtos ou medicamentos.
Ao decidir participar pode efectuar todas as questões que achar necessárias para
o seu esclarecimento ou facultar informações aos responsáveis do estudo em qualquer
etapa do mesmo.
Em qualquer momento poderá requerer informações sobre os resultados obtidos
que lhe serão facultados se assim o desejar.
Os dados que constam na ficha clínica
serão apenas utilizados pelo investigador para fins estatísticos, sendo que a informação
recolhida será tratada com a máxima confidencialidade e o seu nome codificado tendo
apenas o investigador acesso a essa mesma informação.
A participação neste estudo é totalmente voluntária, não acarretando quaisquer
custos, podendo retirar o seu consentimento informado da participação em qualquer
etapa do estudo sem necessidade de facultar explicações aos seus responsáveis.
A investigação tem como responsáveis o Mestre Tiago Ferreira Borges
(Orientador), o Dr. Miguel Silva Pereira (Co-orientador) e os alunos Tiago Simões, Ana
Veloso e Nelson Rebelo.
Termo de Autorização
Eu,__________________________________________________________
autorizo o estudo que me é proposto. Fui devidamente informado(a) e esclarecido(a).
Assino este documento de livre e espontânea vontade, estando ciente do seu
conteúdo Viseu, ___ de ___________ 2013
Dr. Tiago Borges
Os alunos
Assina o paciente
77
8.2. Apêndice 2 Inquérito de Avaliação de Complicações PósOperatórias em Cirurgia Oral na Clínica Universitária da UCP
Inquérito de Avaliação de Complicações Pós-Operatórias em
Cirurgia Oral na Clínica Universitária da UCP
Data: __/__ /_____
Por favor, preencha esta página no dia do procedimento cirúrgico para cada exodontia efectuada.
Nome do Paciente: ________________________________
Processo
nº
____________
Género:
☐M
☐F
Fumador:
☐Sim ☐Não
Idade: ____
Se sim, _______ cigarros por dia
História
Clínica:
______________________________________________________________
Medicação (1 ou mais opções):
☐Anti-coagulantes
☐Anti-concepcionais
☐
Anti-agregantes
plaquetares
☐
Outra:
____________________________________________________________________
Medicação
pré-operatória:
____________________________________________________
Dente extraído: _________________
Causas da extração e/ou infeções pré-operatórias (1 ou mais opções):
☐Cárie
☐Doença periodontal
☐
Tratamento Ortodôntico
☐Pericoronarite
☐Supranumerário
☐Trauma
☐Incluso
☐Impossibilidade de tratamento endodôntico
☐Outra _________________________________________________________
Tipo de anestésico (1 ou mais opções):
☐Lidocaína c/ vasoconstritor (1/80.000)
☐
Articaína
c/
vasoconstritor
(1/100.000)
☐Articaína c/ vasoconstritor (1/200.000)
☐Mepivacaína s/ vasoconstritor
Número de anestubos utilizados: ________________________
79
Técnica de extração (1 ou mais opções):
☐Extracção simples ☐Odontossecção
☐Retalho s/ osteotomia
☐Retalho c/ osteotomia
Sutura: ☐Sim ☐Não
Material utilizado:
☐Seda ☐Nylon
Tipo de ponto:____________
Instruções pós-operatórias: ☐Sim ☐Não
Bochechos de clorohexidina:
☐Sim ☐Não
Medicação pós-operatória prescrita:_______________________________
Operador: ☐ Estudante do 4º ano
☐ Estudante do 5º ano
☐
Docente/Consulta externa
Controlo pós-operatório
Data: __/__ /_____
Por favor, preencha esta página no dia do controlo pós-operatório.
Complicações pós-operatórias (1 ou mais opções):
☐Hematoma
☐Hemorragia
☐Trismo
☐Dor
☐Edema
☐Outras: ________________________________________
________________________________________________
Diagnóstico de alveolite:
Sinais e sintomas (1 ou mais opções):
☐Dor
☐Edema
☐Alvéolo vazio
☐Osso exposto
☐Halitose
☐Outros: _____________________________________
80
Início dos sintomas: ☐Imediatamente após a extracção
☐24h após a extracção
☐48h após a extracção
☐72h após a extracção
☐Outro: ____________________________________________
Sutura:
☐Presente
☐Ausente
Houve hemorragia ao retirar o ponto:
☐Sim ☐Não
Efetuou bochechos com clorohexidina:
☐Sim ☐Não
81
IX - ANEXOS
9. ANEXOS
9.1. Anexo 1 - Índice de tabelas
Tabela 1 - Distribuição do género dos participantes ........................................... 43
Tabela 2 - Estatísticas descritivas da Idade dos sujeitos ..................................... 43
Tabela 3 - Frequências absolutas e relativas dos bochechos com Clorohexidina 45
Tabela 4 - Estatísticas descritivas dos grupos experimental e de controlo ......... 45
Tabela 5 - Distribuição dos bochechos com Clorohexidina de acordo com o
género ............................................................................................................................. 46
Tabela 6 - Distribuição dos bochechos com Clorohexidina de acordo com a
localização anatómica da extração ................................................................................. 46
Tabela 7 - Distribuição da ocorrência de complicações pós operatórias de acordo
com a realização ou não de bochechos com clorohexidina ............................................ 47
Tabela 8 - Distribuição da ocorrência de hematoma de acordo com a realização
ou não de bochechos com clorohexidina. ....................................................................... 48
Tabela 9 - Distribuição da ocorrência de edema de acordo com a realização ou
não de bochechos com clorohexidina. ............................................................................ 48
Tabela 10 - Distribuição da ocorrência de trismo de acordo com a realização ou
não de bochechos com clorohexidina. ............................................................................ 49
Tabela 11 - Distribuição da ocorrência de dor de acordo com a realização ou não
de bochechos com clorohexidina.................................................................................... 49
Tabela 12 - Distribuição da ocorrência de hemorragia de acordo com a realização
ou não de bochechos com clorohexidina. ....................................................................... 50
Tabela 13 - Frequências absolutas e relativas das complicações ........................ 51
Tabela 14 - Distribuição da ocorrência de complicações pós operatórias de
acordo com a localização anatómica .............................................................................. 52
85
9.2. Anexo 2 - Índice de gráficos
Gráfico 1 - Histograma da idade dos sujeitos da amostra de estudo ................... 44
Gráfico 2 - Distribuição da ocorrência de complicações pós operatórias de
acordo com a localização anatómica .............................................................................. 53
87
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