O mal de ALZHEIMER está sendo considerado como diabete tipo 3. Alzheimer: a doença do esquecimento A ganhadora do Prêmio Jovem Cientista da TWAS-ROLAC foi a pesquisadora do Departamento de Bioquímica Médica da UFRJ, Fernanda Felice. Graduada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Química Biológica, sempre pela UFRJ, e pós-doutorado em Neurobiologia da Doença de Alzheimer pela Northwestern University, nos EUA, Fernanda apresentou o trabalho realizado no Departamento de Bioquímica Médica da UFRJ e na Northwestern University, boa parte no grupo de William Klein. A pesquisadora citou alguns dados numéricos relevantes. Nos EUA, 13% das pessoas acima de 65 anos e em torno de 50% das pessoas abaixo dos 85 anos tem doença de Alzheimer. A cada 72 segundos um americano desenvolve a doença. A previsão é que até o meio deste século este índice passe para 33 segundos. No Brasil, a população idosa é a que mais cresce. Atualmente, uma pessoa que nasceu em 2006 possui uma expectativa média de vida de 72,3 anos. Até 2025 serão cerca de 34 milhões brasileiros na faixa acima dos 60 anos, o que corresponde a 15% da população. Isso indica uma probabilidade de grande crescimento do número de alzheimerianos. Fernanda esclareceu que a doença de Alzheimer é uma doença progressiva e neurodegenerativa que provoca dificuldades de comunicação, de aprendizagem, de raciocínio e de pensamento. Causa também mudanças de personalidade, sintomas comportamentais e, principalmente, uma devastadora perda de memória. No início das pesquisas sobre o tema, foram identificados emaranhados neurofibrilares, grandes agregados chamados de placas amilóides ou placas senis. Durante 20 anos, os estudos de Alzheimer foram focados na probabilidade de morte neuronal causada pelo depósito de fibras amilóides (AD). No desenvolvimento das pesquisas viu-se, porém, que era possível reverter a perda de memória sem reduzir a presença de placas amilóides em camundongos, através de imunização. A possível explicação é que haveria toxinas sub-letais escondidas, chamadas de oligômeros, que levavam não a morte, mas a disfunções neuronais. A pesquisa de Fernanda no laboratório de William Klein começou com os oligômeros, verificando se estes causavam efeitos deletérios nos neurônios, efeitos estes reconhecidamente presentes em portadores de Alzheimer, o que ela comprovou. Outra questão importante envolvendo a doença, segundo a pesquisadora, é a existência de uma deficiência do metabolismo de glicose no cérebro de portadores. Têm sido feitas correlações que indicam um aumento do risco de portadores de Alzheimer desenvolverem diabetes tipo 2 e vice-versa. Fernanda conta que foi comprovada uma resistência à insulina nos cérebros de pacientes com Alzheimer, sendo que a insulina e seus receptores desempenham um papel fundamental na aprendizagem e nas funções normais do cérebro. Alguns grupos estão propondo que a doença de Alzheimer pode ser um novo tipo de diabete, já chamado de diabetes tipo 3.