D.1.1 Ciências da Saúde: Enfermagem Tricotomia Pré-Operatória: Aspectos Relacionados à Segurança do Paciente 1 2 3 1 Neyuska M. Amaral , Regiane, dos S. S. Barreto , Cyanea, F. L. Gebrim , Lorena, M. R. Melchior , Marinésia A. 2 P. Palos 1.Acadêmicas da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN-UFG) e Bolsistas do Programa Institucional de Iniciação Científica – CNPq *[email protected] 2. Enfermeiras Doutoras. Professoras Adjuntas da FEN - UFG. 3. Enfermeira Mestre pela FEN - UFG. Palavras chave: Tricotomia, Segurança do Paciente, Enfermagem Perioperatória Introdução Os procedimentos cirúrgicos têm por finalidade aliviar incapacidades que agravam a saúde, porém pode levar a riscos. No mundo ocorrem 234 milhões cirurgias que são realizadas a cada ano, e as complicações no pós-operatório são de aproximadamente sete milhões. Dessas, cerca de um milhão pode provocar a morte de pacientes no intra ou pós-operatório. Diante disso, o paciente pode apresentar infecção de sítio cirúrgico (ISC), uma importante complicação pela alta prevalência, cerca de 9 a 11% dos casos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), publicou uma lista com nove indicadores de processo para prevenção de infecção, dentro desses há a Tricotomia, sendo um elemento que pode interferir na qualidade da assistência do paciente no perioperatório. Uma vez que a tricotomia interfere na segurança do paciente é fundamental a realização de estudos que avaliem este fator de risco de ISC com vistas à melhoria da qualidade e segurança da assistência cirúrgica. Este estudo tem como objetivo analisar o indicador de processo Tricotomia, em cirurgias limpas de um hospital de ensino da região Centro-Oeste do Brasil. Resultados e Discussão Estudo transversal analítico, retrospectivo, referente ao período de janeiro de 2008 a dezembro de 2010, em uma instituição de ensino de Goiânia, Goiás. Coleta de dados realizada por meio de busca ativa em registros dos procedimentos cirúrgicos. Das 700 cirurgias, em 189 (27%) realizou-se tricotomia. Desses, 80% eram do sexo masculino, submetidos à cirurgia ortopédica (43%) e vascular (34,3%). Houve predominância de pacientes com ASA ≤ II (68,8%), e faixa etária de 18 aos 60 anos (67,7%). Os portadores de doenças crônicas representaram 37,6%, como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, insuficiência renal e obesidade. Esses agravos potencializam a chance de desenvolver ISC. A presença prévia de infecção à distância ocorreu em 16,9%. O tempo de internação pré-operatória foi entre 2 e 7 dias, representando 45,0% da amostra. Isso mostra que esses pacientes levaram mais de 48 horas para serem operados, fato preocupante, uma vez que estudos mostram que a estadia pré-operatória está frequentemente associada ao aumento de ISC e períodos prolongados de internação favorecem a colonização da pele pela microbiota do ambiente de saúde. Caracterização da tricotomia em cirurgias limpas, numa instituição de ensino, no período de 2008 a 2010. Goiânia, 2013. Em relação ao indicador de processo tricotomia (Figura 1), a maior parte, 156 (82,5%) foi realizada até 2 horas antes da incisão. É discutida entre vários pesquisadores que a remoção dos pelos da região a ser operada, em tempo superior a 2 horas, potencializa a chance de desenvolver ISC, ou seja, quanto menor o tempo entre a tricotomia e a cirurgia, menor o risco de infecção. O uso de lâmina de barbear ocorreu em 32 casos (16,9%), mas constatou-se falta de registro do método em 157 (83,1%). Entretanto, no local do estudo, a lâmina de barbear é padronizada para esta técnica. A literatura recomenda que a tricotomia seja realizada com aparelhos elétricos, menos lesivos à pele. Se for real a necessidade da tricotomia, o tricotomizador elétrico, a tesoura e o creme depilatório têm taxas de ISC inferiores aos realizados com lâmina de barbear. Dentre os 189 pacientes que realizaram tricotomia, 30 (15,9%) desenvolveram ISC, valor superior ao encontrado na literatura. Em cirurgias limpas, esse índice corresponde de 1 a 5%. Conclusões A tricotomia potencializa as chances de se desenvolver infecção, pois 15% dos pacientes que a realizaram desenvolveram este evento adverso. Com relação aos indicadores previstos pela ANVISA, a maioria das tricotomias ocorreu em conformidade com o tempo preconizado, ou seja, ≤ 2 horas antes da cirurgia. Entretanto, o indicador de método utilizado para a realização deste procedimento, este estudo evidenciou expressiva inadequação quanto o material utilizado para tricotomia, sendo a lâmina de barbear de uso padrão no local da pesquisa. Ressalta-se que o preconizado pela literatura é o tricotomizador elétrico ou a tesoura. Cabe aos profissionais de saúde conhecer esses resultados e aplicar as mudanças na prática profissional cumprindo o preconizado, visando um atendimento seguro e qualificado.