ENS009 - RELATO DE CASO DE ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL INFANTIL: A ÓTICA DO ASSISTIR EM ENFERMAGEM JOSIVANI MAIA FERREIRA1; SHEILA BARBOSA PARANHOS2; GILMAIRA PIRES FILGUEIRA1; MARCELA BARBOSA JAQUES1; SINTIA PATRÍCIA SILVA SOARES1 [email protected] 1 Graduação, 2Mestrado Universidade Federal do Pará (UFPA) Introdução: Introdução: A atrofia muscular espinhal (AME) tipo I é uma doença crônica de origem genética autossômica recessiva que atinge os neurônios motores, causando debilidade e degeneração precoce e generalizada dos músculos, cuja manifestação ocorre de maneira precoce, antes dos seis meses de idade, podendo sinalizar até antes dos 3 meses. Apesar do grande comprometimento da musculatura levando a paralisia, determinadas funções são preservadas como a inteligência e a memória (1). Durante a gestação é possível identificar a diminuição dos movimentos fetais no pré-natal. O diafragma, bem como os músculos oculares, são os últimos a serem afetados, o tórax em forma de sino também consiste em outra característica comum à doença (2). Uma complicação frequente apresentada pela criança com a patologia é a bexiga neurogênica, a qual consiste na perda da função normal da bexiga decorrente de alguma doença, lesão ou defeito congênito que afeta o cérebro, medula espinhal ou nervos que se dirigem a bexiga. Esse problema pode tornar a bexiga hipoativa, onde ela é incapaz de contrair e esvaziar adequadamente. A terapêutica mais aplicada é a manutenção de uma sonda de demora e em alguns casos recomenda-se a cirurgia de desvio da urina até uma abertura externa (ostomia) criada na parede abdominal ou da cirurgia para aumentar a bexiga (cistoplastia) (1-2). O diagnóstico precoce da AME tipo I é difícil, mas como a mesma tem uma evolução rápida, os sinais clínicos são imprescindíveis à investigação do problema. A confirmação diagnóstica é feita através da investigação genética onde será constatado que a criança apresenta uma deleção ou mutação homozigótica do gene SMN1 (2). O tratamento é centrado principalmente nos cuidados respiratórios e nutricionais fornecidos por uma equipe multiprofissional, visando melhorar a qualidade de vida da criança com a síndrome. Dessa forma, as aspirações de secreções comumente produzidas nas vias aéreas superiores e inferior devido a ventilação mecânica invasiva é essencial e deve estar associada a fisioterapia pulmonar e drenagem, bem como a uma série de imunizações contra agentes etiológicos causadores de infecções pulmonares graves. Nesse contexto, a antibioticoterapia pode ser necessária, porém deve ser utilizada com cautela para não agravar ainda mais o quadro de saúde da criança (1-2). Geralmente, a causa do óbito é a insuficiência respiratória, porém atualmente se observa um aumento da sobrevida da criança. Diante desse fato, pode-se afirmar que o prognóstico está mais ligado a função respiratória do que as habilidades motoras, propriamente ditas. Nesse sentido, a indicação da gastrostomia cada vez mais precoce é um fator que contribui para um bom prognóstico (3). A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) se destaca nesse caso como uma ferramenta de fundamental importância para proporcionar a essa paciente melhora no seu quadro clínico, pois é através da SAE que é possível identificar as repostas aos tratamentos e atender as necessidades afetadas e prevenir futuros agravos que possam vim a surgir. Objetivos: Objetivo: Elaborar um plano de cuidados a uma paciente pediátrica acometida por AME tipo I baseado na sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Métodos: Métodos: O estudo foi realizado no Anais do IV Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015. ISSN 2359-084X. período de outubro a novembro de 2014. O sujeito da pesquisa é uma criança de quatro anos internada no referido hospital desde os três meses de vida. Na coleta de dados, realizou-se o levantamento dos dados por meio do exame físico e consulta ao prontuário. A anamnese foi obtida através dos relatos da genitora. Após identificados as necessidades humanas básicas afetadas e os principais diagnósticos de enfermagem, foram traçados os planos de cuidados para minimizar os agravos referentes a patologia e o quadro clínico da paciente. Utilizou-se para o desenvolvimento de uma SAE o manual de diagnóstico de enfermagem carpenito, que foi a base, para seleção de intervenções e resultados esperados. A busca por suporte referencial foi realizado através de material eletrônico em bases de dados como Scielo, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). Resultados e Discussão: Resultados e discussão: Pré-escolar, com quatro anos, do sexo feminino, internada na unidade pediátrica desde 15/10/2010, é portadora de AME tipo I e apresenta bexiga neurogênica em virtude da patologia base. Durante esse período de internação a menor mantinha-se restrita ao leito, com boas condições de hidratação, pele íntegra e rosada, nível de consciência e orientação auto e alopsicamente preservada, alimentação por gastrostomia, traquiostomizada, respiração mecânica do tipo assistida/controlada, monitorizada em multiparâmetros, comunica-se por leves movimentos da cabeça e das pálpebras. Estudos relatam que não há retardo mental, os músculos dos olhos não são afetados e seus movimentos são preservados até os estágios mais avançados, por isso a característica de “falar com os olhos” (4). No objeto do estudo é bem evidente esse tipo de comunicação com a mãe e a equipe. Ela percebe o ambiente ao seu redor e utiliza-se de expressões faciais e olhares para se comunicar, respondendo através do movimento de “piscar dos olhos” todas as perguntas. A progressão das complicações respiratórias para a insuficiência respiratória crônica surge, em geral, como consequência direta da fraqueza e da fadiga dos músculos respiratórios (inspiratórios, expiratórios e de vias aéreas superiores) e pela incapacidade de se manter as vias aéreas livres de secreções (3-4). O fato de não haver tratamento capaz de curar essa doença faz-nos refletir sobre a importância de se instituir cuidados visando, ao menos, retardar a sua progressão, proporcionando qualidade de vida ao paciente. Foram detectados vários problemas que vinham trazendo prejuízos à vida da paciente, tais problemas influenciaram na identificação de alguns diagnósticos de enfermagem, destacaram-se os seguintes: Mobilidade física prejudicada relacionada à diminuição da força e da resistência muscular, secundária a doenças do sistema nervoso, evidenciada por capacidade comprometida de mover-se intencionalmente no ambiente; Risco de desobstrução ineficaz de vias aéreas, relacionada à presença aumentada de secreções, secundária à traqueostomia; Comunicação verbal prejudicada relacionada à capacidade prejudicada de produzir a fala, secundária a traqueostomia, evidenciada pela capacidade de falar; Padrão respiratório ineficaz relacionado a musculatura deficiente, secundária a infecção, evidenciada por perda real ou potencial da ventilação adequada (5). Frente aos diagnósticos, foi elaborado o planejamento da assistência de enfermagem, utilizando as intervenções que pudessem levar a resultados satisfatórios para a paciente de modo atingir as metas. Esses resultados demonstraram que a mesmo apresentou melhoras satisfatórias no seu estado físico e mental. Conclusão: Conclusão: Contudo, nesse estudo foi possível identificar a gravidade da AME tipo I, insuficiência respiratória crônica e bexiga neurogênica, bem como as complicações acarretadas pela progressão da fraqueza muscular, levando a criança acometida a uma dependência de ventilação mecânica invasiva para manter-se viva. A aplicabilidade de uma boa SAE proporciona a essa paciente melhora significativas as limitações geradas pela patologia, resultando em uma melhor qualidade de vida. Anais do IV Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015. ISSN 2359-084X. Referências Bibliográficas: 1. Feitosa WFF, Silva MGP, Cunha KJB. Perfil de crianças com atrofia muscular espinhal em uma unidade de terapia intensiva pediátrica. Revista Interdisciplinar. 2014. v. 7, n. 1, p. 173-182. 2. Silva MCV, Przysiezny A, Capellani OJ. Síndrome de Werdnig-Hoffman (amiotrofia espinal do tipo 1): relato de caso. Arq. Catarin. 2013; 42(1): 96-99. 3. Oliveira CM. Estudo da qualidade de vida em crianças e adolescentes com atrofia muscular espinhal. 2010. 146 f. Tese (doutorado de medicina) – Programa de PósGraduação em Clínica Médica, Rio de Janeiro, 2010. 4. Soares JA. Fisioterapia e qualidade de vida de paciente com amiotrofia espinal progressiva tipo I – Relato de Caso.ArqCiênc Saúde.2006;13(1):44-7 5. Carpenito LJM. Manual de diagnósticos de enfermagem. 13° ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. Anais do IV Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015. ISSN 2359-084X.