Sem título-5

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Práticas culturais
CAPÍTULO XII
PRÁTICAS CULTURAIS
Élio José Alves
Manoel de Almeida Oliveira
INTRODUÇÃO
As práticas culturais que se executam em um cultivo de banana ou de “plátano”
são dirigidas tanto para a planta quanto para o meio no qual ela se desenvolve,
sendo as mais importantes: capina, controle cultural, desbaste, desfolha,
escoramento, ensacamento do cacho e corte do pseudocaule após a colheita.
Segundo Belalcázar Carvajal (1991), da ação direta ou indireta de uma
combinação possível de seus efeitos dependerá, em essência, não somente a
produção e a rentabilidade do cultivo, mas também a vida útil das plantações.
Em outras palavras, o êxito da exploração agrícola depende fundamentalmente
da tecnologia empregada na fase de seu estabelecimento e da eficiência e da
época em que se realizam as práticas culturais.
Contudo, observa-se uma freqüente negligência dos produtores quanto à
realização adequada das práticas culturais, mesmo as mais simples, como capina,
desbaste e desfolha.
Vale ressaltar que, juntamente com as condições edafoclimáticas favoráveis,
as práticas culturais constituem os fatores básicos para que uma cultivar
manifeste o seu potencial de produtividade, resultando em maior produção e
em produto de melhor qualidade.
A cultura da banana
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Práticas culturais
CAPINA
As plantas daninhas afetam direta e indiretamente o desenvolvimento das
culturas pela competição por água, luz, espaço, nutrientes e pelos efeitos
alelopáticos, devido à liberação de substâncias tóxicas que dificultam ou
impedem o crescimento normal da cultura.
A capina deve ser uma prática de rotina, já que as bananas e os “plátanos”,
por possuírem um sistema radicular superficial e frágil, são severamente
prejudicados pela concorrência das plantas daninhas em água e nutrientes.
Portanto, estas plantas devem ser eliminadas por métodos apropriados, que
não danifiquem as raízes do cultivo.
Em cultivos tradicionais não mecanizáveis, os métodos mais utilizados são:
a) eliminação das plantas daninhas com enxada; b) corte das mesmas com
estrovenga ou roçadeira manual, nas ruas ou em toda a área. Estas práticas
devem ser realizadas sistematicamente, até que a sombra do cultivo seja
suficiente para retardar a germinação ou rebrota das plantas daninhas.
Segundo ITAL (1990), o baixo rendimento operacional é a grande
desvantagem da capina manual, já que são necessários 15-20 homens-dia para
capinar um hectare do cultivo com densidade de 1.300 touceiras, ao passo
que a roçada manual demanda praticamente metade desta mão-de-obra.
Devido ao baixo rendimento e ao alto custo, a capina manual é impraticável
em grandes cultivos de banana e “plátano”. Neste caso, o seu uso só é justificado
para limpar áreas isoladas, onde acidentalmente o mato se desenvolveu
(Moreira, 1987; ITAL, 1990).
Sabe-se que durante os cinco primeiros meses de sua fase de instalação, o
cultivo é bastante sensível à competição das plantas daninhas, requerendo cinco
ou seis capinas, com a utilização de aproximadamente 15 homens por hectare.
Se durante esta etapa inicial, as práticas de controle das plantas daninhas não
forem adequadas, o crescimento da bananeira será afetado e a sua recuperação
será demasiado lenta. Passada esta etapa, o cultivo cresce vigorosamente e é
menos sensível à competição das plantas daninhas, já que a sombra que produz
impede ou atrasa o desenvolvimento destas plantas (Belalcázar Carvajal, 1991).
A necessidade de capinas freqüentes, nesta cultura, já foi evidenciada por
Seeyave & Phillips (1970), citados por Durigan (1984), constatando-se que
o tratamento com capinas mensais ao longo do ano proporcionou resultados
de crescimento e desenvolvimento semelhantes aos da testemunha mantida
sempre no limpo, mas com produção inferior (Tabela 1).
Avaliando o efeito das plantas daninhas no peso do cacho da cultivar Prata,
em áreas declivosas do Estado do Espírito Santo, Gomes (1983) observou, na
planta-mãe, que o peso do cacho foi prejudicado quando não se capinou a
intervalos de 30 dias, admitindo que a competição pelos nutrientes do solo
tenha sido o principal responsável pela redução do peso do cacho.
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A cultura da banana
Práticas culturais
Tabela 1. Comparação (%) dos efeitos de capinas efetuadas em diferentes
épocas do ano no crescimento e na produção da bananeira.
10 meses após o plantio
Tratamento
Sempre no limpo1
Diâmetro do Altura da planta
pseudocaule
18 meses após o
plantio
Produção
100,0
100,0
100,0
83,5
75,1
65,7
89,6
84,1
66,1
81,7
76,3
57,1
86,1
79,7
67,4
estação seca (dezembro a maio)
83,5
78,9
53,5
Capinas mensais ao longo do ano
93,9
98,6
74,0
Capina em julho (uma vez/ano)
Capinas mensais durante a
estação das chuvas (junho a
dezembro)
Capinas em junho, setembro,
dezembro e março(quatro
vezes/ano)
Capina em dezembro (uma
vez/ano)
Capinas mensais durante a
1
Resultados máximos conseguidos.
` Fonte: Durigan (1984).
Vale ressaltar que o controle das plantas daninhas por meio de enxada tem
duração muito curta, pois estas se restabelecem rapidamente. Como vantagem
sobre outros métodos de controle, deve-se considerar que é o único realmente
seletivo, pois com ele se eliminam fisicamente as plantas indesejáveis e com o
menor risco de prejudicar o cultivo.
Nas áreas mecanizáveis, em plantios estabelecidos em baixas e médias
densidades e com disposição em linhas paralelas, as ruas podem ser capinadas
com grade até o segundo mês após o plantio, já que após este período as
raízes do cultivo ocupam boa parte da área que lhe foi destinada, e são, então,
danificadas pela grade. Outra alternativa tem sido a enxada rotativa acoplada
a um microtrator, o que permite manter o cultivo no limpo durante a fase de
formação, ou seja, até os cinco meses após o plantio. Sua regulagem permite
variações na profundidade de corte e, por isso, os danos no sistema radicular
ficam reduzidos ao mínimo (Moreira, 1987). Segundo o ITAL (1990), a capina
com roçadeira mecanizada proporciona elevado rendimento e trabalho eficiente.
A cultura da banana
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Práticas culturais
Outro método de controle de plantas daninhas baseia-se no uso de herbicidas
seletivos, que eliminam, retardam o crescimento ou causam toxidez nas plantas
daninhas e não num cultivo determinado.
O controle químico pode superar com vantagens as capinas manuais e
mecanizadas, desde que as condições na área de cultivo sejam apropriadas à
sua aplicação e os herbicidas sejam adequadamente escolhidos de acordo com
o tipo de planta daninha a ser controlada: de folha estreita, larga ou ambas.
A seleção do herbicida ou a mistura de herbicidas a ser utilizada no cultivo
depende do complexo de plantas daninhas presentes no campo, exigindo que
se conheça não apenas se o herbicida é seletivo para o cultivo, mas também o
tipo de planta daninha que controla (Belalcázar Carvajal, 1991).
O controle químico das plantas daninhas consiste na aplicação de herbicidas
antes da emergência (pré-emergência), pela ação de produtos com efeito
residual, no solo, ou então por herbicidas que controlam as plantas daninhas
já desenvolvidas (pós-emergência). Em alguns casos, existe a necessidade de
misturar ambos os tipos de herbicida para conseguir bom controle das plantas
daninhas e manter o solo por certo período sem a emergência de novas plantas.
Os herbicidas residuais ou pré-emergentes são os mais importantes porque
podem atuar antes que as plantas daninhas causem danos ao cultivo. A este
grupo pertence o Karmex (diuron), de ação residual de três a seis meses, que
também tem efeito de contato quando aplicado sobre a folhagem e adicionado
do surfatante WK (ITAL, 1990). Segundo Moreira (1987), o Karmex
apresentou excelentes resultados quando aplicado em pré-emergência na
formação de bananais, na dosagem de 3 kg/ha em 400 litros de água, após
uma chuva que molhou bem o solo. Verificou que durante os seis meses
seguintes não houve desenvolvimento de nenhuma planta daninha.
De modo geral, quando as plantas daninhas são pequenas, uma aplicação
do herbicida residual, com auxílio de espalhante adesivo, é suficiente. Porém,
quando estão mais desenvolvidas (± 30-40cm de altura), já se faz necessária a
mistura com herbicidas de pós-emergência e, finalmente, em estádios mais
avançados (mais de 50 cm de altura), não se recomenda a presença do herbicida
residual na mistura, já que a espessa massa vegetal prejudica o seu contato
com o solo, tão necessário na atuação eficiente deste grupo de produtos
(Durigan, 1984).
Os herbicidas de contato são Gramoxone (paraquat) e Reglone (diquat).
Para plantas daninhas menores de 10 cm, recomenda-se utilizar 3 litros do
produto por hectare. É importante fazer uma aplicação antes que as plantas
daninhas tenham sementeado. Pode-se misturar 1 litro de Gramoxone com
4-5 kg de Karmex (diuron), acrescido de 5 cm3 de surfatante por litro, em
aplicações pós-emergentes, para obter rápido secamento das plantas daninhas
(ITAL, 1990). Moreira (1987) relata que os herbicidas deste grupo devem
ser aplicados usando-se, no mínimo, 400 a 500 litros de água por hectare.
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A cultura da banana
Práticas culturais
Os herbicidas sistêmicos são aplicados geralmente no controle das gramíneas
e, em especial, das ciperáceas. Para uma perfeita limpeza do terreno, em geral,
é necessário fazer mais de uma aplicação. O resultado, só conclusivo após 20
a 30 dias, está intimamente ligado à altura da planta daninha. Se ela estiver
com 15 a 20 cm de altura, quase sempre uma só aplicação é suficiente, porém,
se mais desenvolvida, haverá necessidade de fazer uma nova aplicação (Moreira,
1987). Segundo o mesmo autor, o Dawpon S (dalapon) atua bem nas
gramíneas e não afeta as bananeiras. Ele pode ser aplicado na dosagem de 10
kg/ha dissolvidos em 500 litros de água, acrescentando-se espalhante adesivo
e detergente nas proporções e dosagens recomendadas.
Um resumo dos principais herbicidas utilizados no controle de plantas
daninhas em cultivos de banana e de “plátano” (Belalcázar Carvajal, 1991) é
mostrado na Tabela 2.
A integração de métodos de controle torna-se muitas vezes mais eficaz e
econômica, principalmente na fase de formação do cultivo.
No Brasil, os métodos mais utilizados ainda são os de capina e ceifa manuais,
devido ao pequeno porte da maioria das áreas cultivadas com banana e
“plátano” e ao baixo nível cultural dos produtores.
CONTROLE CULTURAL
O estabelecimento uniforme e o crescimento rápido do cultivo também podem
ser assegurados manejando-se, eficientemente, determinadas práticas culturais,
como por exemplo, aplicar fertilizantes de acordo com a análise de solo e
proporcionar umidade adequada ao desenvolvimento do cultivo. Assim, põese o cultivo em condições iniciais de vantagem sobre as plantas daninhas.
Referindo-se ao controle cultural, Belalcázar Carvajal (1991) salientou que
as distâncias de plantio têm permitido reduzir a concorrência de plantas
daninhas, já que a tendência de plantios mais densos faz com que a sombra
produzida evite o crescimento de espécies muito agressivas e proliferem espécies
de pouco crescimento e menores requerimentos. Segundo o mesmo autor, o
uso de espécies de cobertura pode ser outra prática muito útil neste propósito,
sempre e quando se tenha em conta as condições mínimas necessárias para
que uma espécie possa ser considerada como benéfica em uma associação
cultivo-cobertura.
A alternativa de emprego da cobertura morta no controle das plantas
daninhas, em cultivo de banana e “plátano”, apresenta certas particularidades
em relação à nutrição mineral e à conservação da umidade do solo, que precisam
ser consideradas. A aplicação de cobertura morta evita em bom grau os
problemas de compactação e de endurecimento da camada superficial do
solo, contribuindo, também, para o fornecimento de alguns nutrientes para a
planta, principalmente de K (no caso de utilização dos restos da cultura).
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340
Fonte: Belalcázar Carvajal (1991).
Tabela 2. Herbicidas recomendados no controle de plantas daninhas em cultivos de banana e “plátano.”
Práticas culturais
A cultura da banana
Práticas culturais
Contudo, a utilização de cobertura morta é uma prática de custo elevado,
tanto para produzir como para transportar e distribuir o material, que, para
surtir efeito positivo, deve ser incorporado em grandes volumes por hectare.
Em cultivos de banana e “plátano” de pequena extensão, do tipo cultura familiar,
esta técnica é recomendável, pois permite uma economia valiosa em água e
adubos minerais (Champion, 1975; Alves et al., 1986; ITAL, 1990).
Segundo trabalhos realizados pela Embrapa com a cultivar Terra (Cintra,
1988), em todas as variáveis avaliadas foi observada grande superioridade da
cobertura morta (restos orgânicos da cultura), em relação aos tratamentos
feijão-de-porco e capina manual (Tabela 3). Vale ressaltar que a quase totalidade
dos cachos produzidos nestes dois tratamentos não tinha um bom valor
comercial, ao passo que os cachos obtidos a partir do tratamento da cobertura
morta apresentaram excelente qualidade.
No Equador, alguns produtores de banana e “plátano” colocam, em faixas
alternadas, os restos orgânicos provenientes da limpeza das folhas velhas, do
desbaste e da poda do pseudocaule após a colheita. De acordo com um
programa de aplicação do herbicida Gramoxone, fazem a pulverização nas
faixas que não receberam os restos culturais (Chambers, 1970). Segundo
Alcântara (1980), este sistema pode contribuir para uma prática efetiva e
econômica de controle de plantas daninhas.
DESBASTE
O desbaste consiste na eliminação do excesso de rebentos, já que a bananeira
tem a capacidade de produzir um número variável de filhos, cuja função é
conservar a espécie.
Quando submetida ao processo de exploração comercial, essa função
consiste em gerar uma produção de forma seqüencial, cuja qualidade depende,
dentre outros aspectos, do número de filhos que se desenvolve em cada touceira.
Portanto, o desbaste desempenha papel de suma importância no que concerne
à produção e a vida útil do bananal, estando condicionado, fundamentalmente,
pela época de sua realização e pelo método utilizado na eliminação do excesso
de filhos. A uma época apropriada deve corresponder um método apropriado
(Belalcázar Carvajal, 1991). Em relação à época de desbaste, existe uma grande
diversidade de critérios entre os diferentes autores, já que tal situação pode
está fixada por condições climáticas, por condições de mercado ou por
condições de oportunidade. Recentemente, a Standart Fruit Co. desenvolveu
um sistema de desbaste periódico total que permite obter a colheita em
determinado período do ano, de acordo com o melhor preço no mercado.
A cultura da banana
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342
A cultura da banana
Fonte: Cintra (1988).
Tabela 3. Variáveis avaliadas por ocasião da colheita de banana ‘Terra’ (média do primeiro e segundo ciclos) em
Nazaré, BA, no período 1982/86.
Práticas culturais
Práticas culturais
Este sistema é conhecido como “colheita programada”. O sistema seleciona
filhos de idades similares e elimina plantas de diferentes idades, de maneira
que a colheita seja obtida em um período máximo de 12 semanas após o
florescimento. O método realiza-se a cada nove meses ou quando as condições
de mercado o requerem. Alguns agricultores consideram conveniente, ao
selecionar os filhos, não eliminar a planta-mãe e sim o seu cacho, com o
propósito de manter as formas de nutrição e de dependência da touceira e,
conseqüentemente, obter frutos de maior tamanho e melhor qualidade. Outros
preferem eliminar todas as plantas que consideram desnecessárias e deixam
apenas os filhos selecionados (Alves, 1982; Soto Ballestero, 1992).
Conduz-se o bananal, em cada ciclo, deixando-se apenas a “mãe”, um “filho”
e um “neto” ou a “mãe” e um ou dois seguidores (“filhos”), eliminando-se os
demais. Esta eliminação deve ser feita quando os rebentos atingem 20 a 30
cm de altura, aproximadamente, tomando-se o cuidado para que a gema apical
de crescimento seja totalmente eliminada e não haja possibilidade de rebrotação
(Moreira, 1987).
Diversas alternativas de condução de um bananal com a realização de
desbaste são mostradas na Figura 1 (United Brands Company, 1979).
Efetua-se o desbaste cortando-se a parte aérea do filho rente ao solo, com
penado ou facão. Em seguida, extrai-se a gema apical com o aparelho “lurdinha”
(Figuras 2 e 3), que proporciona 100% de eficiência e rendimento de serviço
75% superior ao dos métodos tradicionais (Alves & Macedo, 1986; Moreira,
1987).
O desbaste será precoce ou tardio, segundo o tipo de muda, a cultivar e o
sistema de cultivo utilizados. A altitude e a época de plantio também exercem
influência. Nas cultivares de banana e “plátano” que apresentam uma boa
perfilhação (Nanica, Nanicão, Prata, Maçã), as brotações laterais (“filhos”)
começam a surgir aos 30 a 45 dias após o plantio. Em cultivares do subgrupo
Plantain (Terra, Terrinha), as brotações ocorrem, geralmente, na época de
emissão do cacho (Alves, 1987).
De modo geral, os desbastes são realizados aos quatro, seis e dez meses do
plantio, na fase de formação do cultivo. Em cultivos adultos seguirão o
programa de eliminação de folhas secas. O esquema de desbaste depende,
sobretudo, de fatores econômicos, ou seja, da importância relativa que se deve
conceder ao rendimento e à variação estacional dos preços (Moreira, 1987).
O deslocamento da época de colheita é, provavelmente, a alternativa
tecnológica mais viável no sentido do escalonamento da produção. Pode
consistir no desbaste de “filhos” ou da touceira, quando se objetiva que a
produção de novos “filhos” seja deslocada para a época de melhor cotação do
produto no mercado ou de melhores condições para o seu desenvolvimento e
maturação (Alves, 1987).
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Figura 1. Unidades de produção em um bananal comercial.
Fonte: United Brands Company (1979).
Práticas culturais
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A cultura da banana
Práticas culturais
Figura 2. Introdução da “lurdinha” no
filho cortado.
Figura 3. Saque da gema apical com a
“lurdinha”.
DESFOLHA
A eliminação de folhas secas, mortas, ou aquelas que mesmo ainda verdes, ou
parcialmente verdes, estejam com o pecíolo quebrado, deve ser regularmente
realizada, a fim de: 1) liberar a planta daquelas folhas cuja atividade
fotossintética não corresponda aos seus requerimentos fisiológicos; 2) permitir
melhor arejamento e luminosidade; 3) acelerar o desenvolvimento dos filhos;
4) controlar certas pragas e doenças que utilizam ou requerem as folhas como
refúgio ou fontes potenciais de inóculo; e 5) acelerar o processo de
melhoramento das propriedades físicas e químicas do solo, mediante a
incorporação de maior quantidade de matéria orgânica (Stover & Simmonds,
1987; Moreira, 1987; Belalcázar Carvajal, 1991). Em cultivos para exportação,
elimina-se, inclusive, até a folha totalmente verde que esteja sobre o cacho
provocando alguma injúria nos frutos. As folhas são eliminadas com cortes
nos pecíolos, de baixo para cima, bem rente ao pseudocaule, tomando-se o
cuidado de não romper as bainhas que ainda estejam a ele aderidas. Em
cultivares de porte baixo, pode ser feita com faca ou facão, e nas cultivares de
porte médio a alto, com penado ou foice bifurcada, acoplado a uma haste.
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Práticas culturais
Segundo Moreira (1987), a eliminação de folhas aos quatro, seis e dez meses
é suficiente para cobrir o período do plantio à colheita. Nos cultivos já
formados, a desfolha deve ser feita sistematicamente, precedendo o desbaste,
e após as adubações.
Quando não há controle de sigatoka e a cultivar é suscetível ou pouco
tolerante ao seu ataque, a desfolha necessariamente tem de ser realizada com
mais freqüência.
Às vezes, faz-se necessária a realização de desfolha devido à ocorrência de
algum fenômeno que tenha provocado quebra de pecíolos, estragos severos
no limbo ou morte prematura de folhas.
A deficiência de alguns elementos essenciais geralmente provoca lesões nas
folhas, reduzindo bastante a sua capacidade fotossintética, sendo às vezes
recomendado eliminá-las antes que sequem e morram.
ESCORAMENTO
O escoramento consiste fundamentalmente em evitar a perda de cachos por
quebra ou tombamento da planta, devido à ocorrência de ventos fortes, ao
peso do cacho, à altura da planta ou à má sustentação da mesma, causada pelo
ataque de nematóides ou broca-do-rizoma, e à aplicação de práticas
inapropriadas de manejo, como arranquio desordenado de mudas. Segundo
Belalcázar Carvajal (1991), é uma prática que objetiva minimizar as perdas
mediante o emprego de um sistema de escoramento oportuno, eficaz e
permanente.
O escoramento pode ser feito com uma vara de bambu, que se prende ao
pseudocaule, próximo à roseta foliar (Figura 4). Outra forma de escoramento
consiste no uso de fios de polipropileno (Figura 5). O “amarrio” é feito na
parte superior da planta, na base dos pecíolos, entre a terceira e a quarta folhas,
sendo os extremos livres amarrados em outras plantas, que por seu ângulo e
sua localização constituam os pontos de suporte mais convenientes. Pode-se
usar, também, “troncos” de plantas recém-colhidas (Soto Ballestero, 1992).
O escoramento deve ser feito de forma preventiva, ou seja, quando a
inflorescência torna-se pêndula (Champion, 1975; Alves, 1982; Belalcázar
Carvajal, 1991). Segundo Soto Ballestero (1992), o polipropileno, com uma
resistência à tensão de 9,14 a 11,25 kg/cm2, é, sem dúvida, o material mais
recomendável até o momento, não só por sua durabilidade, mas também pelo
custo e fácil manejo.
ENSACAMENTO DO CACHO
O ensacamento do cacho é utilizado apenas nos cultivos para exportação e
apresenta como vantagens: 1) aumentar a velocidade de crescimento dos frutos,
346
A cultura da banana
Práticas culturais
ao manter ao seu redor uma temperatura mais alta e com certo grau de
constância; 2) evitar o ataque de pragas como abelha-arapuã, tripes; e 3)
melhorar substancialmente a qualidade geral da fruta, ao reduzir os danos
relacionados com raspões, queimaduras no pericarpo, pela fricção de folhas
dobradas e de escoras e pelo processo de corte do cacho e seu manuseio
(Belalcázar Carvajal, 1991). Os sacos utilizados são de três tipos: a)
transparentes, comuns, de coloração gelo, para zonas produtoras onde não há
ataque severo de pragas; b) transparentes, tratados com produtos químicos,
de coloração azul-celeste, para zonas onde ocorre o ataque severo de pragas; e
c) leitosos, que dão maior proteção ao cacho contra as intempéries (poeira,
insolação intensa). Os três tipos de saco apresentam pequenas perfurações
que permitem as trocas gasosas do cacho com o meio exterior (Alves, 1982).
O saco tradicional apresenta uma espessura de 0,08 milímetros, com furos de
12,7 milímetros de diâmetro distribuídos em quadrado a cada 76 milímetros.
Tem a forma de um cilindro de 81 cm de diâmetro por 155 a 160 cm de
comprimento (Soto Ballestero, 1992)
Figura 4. Escoramento com vara de
bambu.
Figura 5. Escoramento com fio de
polipropileno.
A cultura da banana
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Práticas culturais
Segundo este mesmo autor, o ensacamento do cacho como operação
agrícola de proteção da fruta contra baixas temperaturas e pragas e contra o
efeito abrasivo de folhas e produtos químicos, proporcionou resultados muito
satisfatórios. Contudo, foram os resultados secundários os que causaram maior
impacto e fizeram com que esta prática se universalizasse no mundo bananeiro.
A redução do intervalo florescimento–colheita, o aumento do tamanho e do
diâmetro dos dedos e do peso do cacho foram fatores determinantes sobre o
futuro da produção bananeira.
O ensacamento consiste em colocar o saco de polietileno no cacho, tão
cedo quanto possível, a fim de contar com os benefícios da prática por mais
tempo. A operação mais generalizada consiste em ensacar o cacho quando
este já emitiu a última bráctea feminina, ou seja, quando a última mão
verdadeira apresenta os dedos voltados para cima. Neste momento, o cacho
tem duas semanas ou 14 dias desde a sua emissão. Para que não sofra rasgaduras,
o saco é enrolado em pequenas dobras (ambos os lados, simultaneamente) e
colocado no cacho. Em seguida, é baixado com cuidado. Finalmente, é
amarrado ao engaço na parte imediatamente superior da primeira cicatriz
bracteal (Figuras 6 e 7), juntamente com uma fita de plástico de determinada
coloração que caracterize a idade de corte do cacho (Soto Ballestero, 1992).
CORTE DO PSEUDOCAULE APÓS A COLHEITA
O corte do pseudocaule após a colheita é uma prática que varia de região para
região. Há produtores que não cortam as folhas da bananeira colhida; outros
cortam as folhas e parte ou todo o pseudocaule. Por isso, esta prática tem
sustentado grandes controvérsias sobre seu efeito e a época mais apropriada
para sua execução. Segundo Belalcázar Carvajal (1991), uma das razões para
que esta prática se realize de forma gradual é a de que os troncos de pseudocaule
que ficam após a colheita do cacho podem servir como reservas ou fontes de
água e minerais para os filhos em processo de desenvolvimento. Contudo,
apesar de existirem evidências da translocação de água e minerais desses
pseudocaules até os filhos, os resultados de pesquisas têm mostrado que a
eliminação gradual do pseudocaule, ou imediatamente após a colheita, não
exerce influência significativa nas variáveis de crescimento e de rendimento do
ciclo seguinte. Portanto, a época e a forma para a execução dessa prática seriam
indiferentes, já que não têm nenhum efeito no incremento da produtividade.
Do ponto de vista prático e econômico, o mais aconselhável seria o corte do
pseudocaule próximo ao solo, imediatamente após a colheita do cacho. Além
de evitar que o pseudocaule sirva como fonte ou reservatório de inóculo de
problemas fitossanitários prejudiciais, a sua eliminação total está relacionada
com a aceleração do melhoramento das propriedades físicas e químicas do
solo, mediante rápida incorporação e melhor distribuição dos resíduos da
colheita.
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A cultura da banana
Práticas culturais
Figura 6. Ensacamento do cacho.
Fonte: Soto Ballestero (1992).
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Práticas culturais
O aspecto econômico está relacionado com os grandes custos que são
demandados pelo corte gradual. Em
ambos os casos, devem-se usar
ferramentas desinfectadas e, em
seguida, fracionar o pseudocaule para
proporcionar seu rápido secamento,
decomposição e incorporação de
matéria orgânica.
Em trabalhos de Manica & Gomes
(1984), os resultados não mostraram
nenhuma influência da altura de corte
do pseudocaule da planta-mãe na
produção da planta-filha (segundo
ciclo). Em Pariquera-Açu, São Paulo,
ao estudar o corte do pseudocaule na
sua base, na metade, conservando-o
totalmente e deixando a bananeira
com todas as suas folhas, o melhor
resultado quanto a peso do cacho e
desenvolvimento e produção da
planta-filha (primeiro rebento) foi o
corte do pseudocaule na roseta foliar
e o pior foi quando se manteve a
planta-mãe com todas as folhas após
a colheita do cacho (Moreira, 1987).
Figura 7. Cacho ensacado e com fita de
plástico que determina, pela
sua coloração, a época da
colheita.
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Práticas culturais
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A cultura da banana
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Práticas culturais
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